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Dias Perfeitos - Raphael Montes

20 de abril de 2014

Lido em: Abril de 2014
Título: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Literatura nacional/Ficção/Suspense
Ano: 2014
Páginas: 274
Nota: ★★★★☆
Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional.
Resenha: Téo é um estudante de medicina que mora no Rio de Janeiro e cuida da mãe paraplégica. Ao conhecer Clarice num churrasco o rapaz se encanta por sua beleza, seu jeito descolado e sua personalidade. Mas esse encantamento logo se torna um amor (?) obsessivo que leva Téo a raptar a garota e levá-la para um chalé em Teresópolis. Com um clima perturbador e intenso, Dias Perfeitos mostra o quão perversa a mente humana pode ser.

Para ser sincero, eu nem mesmo li a sinopse com atenção antes de começar Dias Perfeitos. Só iniciei a leitura e fui desvendando a história pouco a pouco. Quando entrei no clima pude entender a quê o livro veio e que o autor é realmente bom.

A história de Clarice e Téo é bem intensa. Ele a conhece, tem um amor à primeira vista, sequestra a moça e leva ela para um chalé. Mas não é só isso, claro. A mente doentia dele cria várias teorias sem nexo nenhum para essa relação e a obsessão por ela é bem característica de alguém com problemas psicológicos. O cara acha que ela o ama, quando na verdade o ódio dela só cresce por ele. Téo cria planos para o futuro, quando esse futuro não chegará. Essas nuances do personagem me apavoraram e causaram uma espécie de revolta. Em certos trechos me arrepiei, pois as atitudes dele em relação a Clarice foram sórdidas, doentias e macabras. Só lendo para ter noção exata disso.

A narrativa de Raphael é bem madura e concisa. As frases são bem colocadas, lê-las foi como ouvir uma música com uma harmonia perfeita. Em algumas cenas de tortura (não é spoiler) o autor criava um ritmo diferente para narrar os fatos, o que foi sensacional. Parecia que eu estava acompanhando um filme macabro com uma trilha sonora que se encaixava perfeitamente ali. Em momentos mais brandos as frases soavam com a mesma harmonia. Uma que me agradou foi "Clarice lia Lispector", uma referência ao livro que Téo deu de presente a garota.

Dias Perfeitos é um bom livro, sem dúvidas. Raphael tem talento e isso é inquestionável, mas há furos, infelizmente. O final do livro é meio fantasioso, sai um pouco do roteiro de todo o conteúdo apresentado. Senti que o autor quis dar um final diferente para a história e acabou deixando tudo surreal demais. Nós conhecemos nosso país e sabemos como as coisas funcionam aqui, e isso deixa claro que o fim de Dias Perfeitos foi meio irreal, com fatos mal explicados e buracos na trama.

Da Companhia das Letras tive o prazer de ler três titulos nacionais: O Matador, Patrícia Melo, Fim, Fernanda Torres (já resenhado aqui) e Dias Perfeitos. É notável a preocupação da editora em lançar bons livros e valorizar nossos autores. Então, se você está a fim de uma história tensa e capaz de provocar diversas reações ao decorrer da leitura, Dias Perfeitos é uma boa pedida.

A Invenção das Asas - Sue Monk Kidd

7 de abril de 2014

Lido em: Março de 2014
Título: A Invenção das Asas
Autora: Sue Monk Kidd
Editora: Paralela
Gênero: Ficção americana/Drama
Ano: 2014
Páginas: 320
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem.

Resenha: Sarah é uma garota branca que sonha em acabar com a escravidão. Encrenca é uma escrava de oito anos que é dada a Sarah no seu décimo primeiro aniversário. Entre sonhos impossíveis e desejo de liberdade no início do século XIX, Sue Monk Kidd leva o leitor a refletir sobre questões morais e, acima de tudo, se emocionar com a trajetória de duas mulheres tão diferentes.

Não tem como ler A Invenção das Asas e não ter vários sentimentos dentro de si ao mesmo tempo. A história de Sarah e Encrenca é incrível e o tema escravidão foi abordado com suas verdades nuas e cruas na medida certa.

De um lado temos Sarah, uma personagem cheia de personalidade. A garota desde os seus 11 anos já tinha convicção do que queria ser: advogada. Com tantas restrições feitas pela família ela acabou murchando pouco a pouco até se tornar uma pessoa reclusa e fechada. Encrenca, a criança escrava, cria um elo inusitado com Sarah. A situação das duas era muito semelhante: ambas buscavam a liberdade. Uma queria ter voz, ser dona de si mesma; a outra queria liberdade e não ser propriedade de ninguém. Esse sentimento de independência que Sue colocou nas duas garotas, que logo se tornaram mulheres ao decorrer da história, foi muito bonito e gratificante. Infelizmente, o que já se pode presumir antes mesmo de ler A Invenção das Asas é que essa liberdade será quase impossível de alcançar.

A narrativa veio cheia de expressões que deram certo humor. Em um trecho a mãe de Encrenca diz que ia dar um tapa tão forte nela que a mandaria para o dia anterior. A própria Encrenca tinha pensamentos e dizia coisas otimistas e divertidas nas piores situações possíveis.
O universo feminino e seu papel pouco relevante na sociedade foi bem explorado pela autora. Em toda a história, Sue Monk Kidd mostrou como a figura da mulher é inferiorizada e menosprezada pelo homem. Sarah queria ser advogada, dar fim a escravidão, se casar com o homem que desejasse, mas nada disso pôde ocorrer. A personagem passa por provações do começo ao fim de sua, nunca tendo o poder de tomar alguma decisões próprias.

A Invenção das Asas é um drama que retrata a trajetória de duas mulheres fortes e que correram atrás de sua independência. A mensagem por trás da história é interessante e traz questionamentos interessantes sobre a sociedade atual. A autora deixou uma nota no final do livro falando um pouco sobre sua pesquisa incansável para compor a história. O resultado, claro, foi excelente. Leiam A Invenção das Asas e lembrem-se que a liberdade é o maior bem o que o ser humano pode ter.

Almanova - Jodi Meadows

25 de fevereiro de 2014

Lido em: Fevereiro de 2014
Título: Almanova - Incarnate #1
Autora: Jodi Meadows
Editora: Valentina
Gênero: Romance/Ficção/Reencarnação/Jovem adulto
Ano: 2013
Páginas: 288
Nota: ★☆☆☆☆
Sinopse: Ana é nova. Por milhares de anos, no Range, milhões de almas vêm reencarnando, num ciclo infinito, para preservar memórias e experiências de vidas passadas. Entretanto, quando Ana nasceu, outra alma simplesmente desapareceu... e ninguém sabe por quê.
A própria mãe de Ana pensa que a filha é uma sem-alma, um aviso de que o pior está a caminho, por isso decidiu afastá-la da sociedade. Para fugir deste terrível isolamento e descobrir se ela mesma reencarnará, Ana viaja para a cidade de Heart, mas os cidadãos de lá temem sua presença. Então, quando dragões e sílfides resolvem atacar a cidade, a culpa deverá recair sobre...
Sam acredita que a alma nova de Ana é boa e valiosa. Ele, então, decide defendê-la, e um sentimento parece que vai explodir. Mas será que poderá amar alguém que viverá apenas uma vez? E será também que os inimigos – humanos ou nem tanto - de Ana os deixarão viver essa paixão em paz? Ana precisa desvendar grandes segredos: O que provocou tal erro? Por que ela recebeu a alma de outra pessoa? Poderá essa busca abalar a paz em Heart e acabar por destruir a certeza da reencarnação para todos?

Resenha: Almanova é o primeiro livro da trilogia Incarnate, escrita por Jodi Meadows e lançada no Brasil pela Editora Valentina.

Num mundo onde através do ciclo da reencarnação, com propósito de preservarem memórias, sentimentos, experiências e tudo mais o que fosse vivido - independente do tempo que isso levasse -, a alma sempre volta em outro corpo de forma que todos esperam aquele retorno, todos se conhecem e vários tem ligações uns com os outros. Porém, numa certa noite, algo misterioso acontece no Templo e depois uma "alma" chamada Ciana morre. Cinco anos se passaram desde então, e quando todos acreditavam que Ciana estava voltando através do nascimento de uma garotinha, não é isso o que acontece. Quem nasce é Ana, que substitui Ciana, cujo paradeiro é um mistério. Ana, então, se torna a primeira Almanova. Acreditando que isso não poderia ser um bom sinal e até por vergonha, Li, a mãe de Ana, resolve ir embora de Heart, a cidade onde vivem, e por dezoito anos mantém a garota longe do convívio social, a submetendo a diversos abusos como castigo por ter nascido "diferente" do restante das almas. Então, em seu 18º aniversário, Ana resolve voltar a Heart para descobrir o motivo de ter nascido, e nessa volta, depois de passar por apuros envolvendo criaturas perigosas como dragões e sílfides soltando fogo, conhece Sam, um garoto cuja alma já tem uns mil anos, mas a paixão que parece nascer entre os dois poderá ser mais significativa do que a busca de Ana por respostas...

Como não se interessar por um livro com uma capa tão linda e cheia de efeitos cuja premissa da história é uma sociedade de indivíduos que vivem na base da reencarnação, indo e vindo num ciclo sem fim? Porém, minhas expectativas não foram superadas como imaginei no decorrer da leitura... Ana passa a impressão de alguém que se acostumou a viver sendo odiada pela mãe, e que devido a isso, será odiada pelo resto do povo, e mesmo que os outros tentem explicar que ela está enganada, que ela só é diferente e que deve haver um motivo para ter nascido assim, ela insiste que é odiada mas que deveria ser amada de um jeito que irrita a todos, inclusive a mim. E juntando isso com a narrativa que, pra mim, foi completamente arrastada e muitas vezes confusa, me vi num enorme dilema entre terminar de ler na marra, talvez esperando que algo incrível acontecesse e me fizesse mudar de ideia, ou abandonar a leitura logo de vez e desistir. Optei por continuar a leitura, claro. Não digo que me arrependi, mas afirmo que não me surpreendi e me entediei várias vezes pois a história parece ter fugido do foco. Não parei de pensar na frase "nunca julgue um livro pela capa".

Uma coisa que me incomodou foi a ideia de almas morrerem e depois nascerem sem critérios ou leis no sentido de que numa vida podem ser um homem, na vida seguinte uma mulher, e caso se encontrem como almas gêmeas, terem que engolir o fato da diferença de idade, de serem do mesmo sexo, ou até mesmo de serem parentes, a ponto de cansados de esperar até morrerem pra poderem ficar juntos novamente, resolverem se matar pra acabar com tal condição desfavorável e voltarem até que tudo esteja nos conformes. Oi?

Mas pra mim, pior do que isso, foi o romance. Isso porque Sam meio que se torna um "guardião" de Ana, mas vive deixando perguntas no ar que nunca são respondidas (o que me deixou boiando em vários momentos), vive saindo a noite sem dar satisfações, vive fugindo quando o clima esquenta, mas ao mesmo tempo vive salvando Ana de perigos para dar aquele clima de tensão e expectativa no leitor de forma proposital, mas pra mim, super falha, ainda mais quando dragões começam a atacar a cidade de repente. Eles também vivem conversando sem parar, mas não dizem nada com nada, o que torna todos os diálogos desses dois algo que não dá pra engolir nem entender... E levando esse "romance" sem sal e sem sentido por toda a história, senti que o motivo de Ana ter saído de casa pra descobrir por que ela existe e porque Ciana não voltou foi esquecido! Uma sociedade que parece levar uma vida mais espiritual do que tudo, tirando elementos fantásticos, não poderia ser mais parecida do que a nossa. Achei que vários elementos não se encaixaram na história, vários personagens se contradizem e no final das contas a história, que achei que seria profunda e cheia de significado, foi enrolada, vaga e rasa.

Acho que Almanova, considerando a ideia principal, poderia ter sido um livro muito bom. Talvez tenha sido uma introdução para algo maior que está por vir, quem sabe... Talvez se a ideia da reencarnação fosse trabalhada de outra forma que não desse brecha para relacionamentos doentios e tivesse uma outra natureza mais "pura", talvez se a missão de Ana não tivesse caído no esquecimento pra dar lugar a um romance sem sentido, e talvez se houvesse uma mensagem sensata e crível sobre o que podemos aprender através de tantas idas e vindas por milênios e milênios, o livro teria dado certo pra mim, mas não foi assim...

Fim - Fernanda Torres

12 de fevereiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Fim
Autora: Fernanda Torres
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Literatura Nacional/Ficção
Ano: 2013
Páginas: 200
Nota: ★★★★★
O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão .Com 'Fim', seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas - festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos - mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão - ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de 'Fim'. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia.

Resenha: Fim conta a trajetória de cinco amigos ao longo da vida, chegando ao seu inevitável "fim". De festas, orgias e amores, Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro fazem um balanço sobre suas vidas. Em cinco partes, Fernanda Torres presenteou os leitores com um livro que é, sem dúvidas, uma estreia memorável na literatura.

A história dos cinco amigos cariocas que Fernanda escreveu é ótima em todos os sentidos. Criar uma trama que envolve mostrar cinco pontos de vistas diferentes é meio arriscado, uma vez que o leitor pode acabar se identificando mais com um e menos com outro. Porém é nisso que a autora acertou. Cada homem retratado ali tem sua personalidade própria, suas manias, seus méritos e erros. Álvaro era o mais santinho do grupo. Neto, o esposo fiel. Ciro, o pegador. Sílvio, o adúltero. Ribeiro, um romântico as avessas. Todos têm seus traços próprios e isso mostra a maestria de Torres em criar suas personalidades.

A narrativa é um show a parte. Quem conhece o trabalho de Fernanda na televisão e teatro sabe o quão talentosa ela é. Esse talento com certeza está na escrita também. Fim traz frases cômicas com um quê de crítica a esse Brasil sem eira nem beira que vivemos, em outros a autora explora o comportamento masculino de uma forma que é impossível não achar que ela conhece mais os homens do que eles mesmos. Gírias, palavrões e expressões usadas normalmente no dia a dia foram empregadas também dando um quê de humor bem ácido na história. Adorei isso e não sei por quê, mas já esperava essa narrativa cética vindo dela.

Fim é uma comédia dramática da vida. Fernanda Torres entrou  com o pé direito na literatura. A carioca que mantém uma carreira artística na televisão, teatro e cinema há 35 anos, parece já ter técnica e características próprias para escrever. O livro contém um leque de diversos temas interessantes e ao mesmo tempo críticos se olharmos com uma visão bem analítica. Você, leitor, que pretende ler o debute de Fernanda como escritora, irá se deliciar ao conferir esta obra, que pode ser resumida em uma reflexão carregada de humor sobre a vida e seus diversos momentos, que cedo ou tarde chegará ao seu inevitável fim.

Todo Dia - David Levithan

6 de janeiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Todo Dia
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Gênero: Ficção Juvenil
Ano: 2013
Páginas: 280
Nota: ★★★★★
Sinopse: "A" acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, "A" precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, "A" e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.
Resenha: A história começa no 5.994º dia da vida de "A". A tem 16 anos e sua única certeza é que todos os dias são únicos pois sempre acorda no corpo de alguém cuja idade é sempre igual a sua. Não importa quem, não importa onde, não importa o que faça... Todo dia A é alguém diferente, com uma vida diferente, com desejos, sonhos ou medos diferentes, e sua tarefa é seguir com a vida da pessoa que se torna por um dia, sem interferências ou envolvimentos para evitar sequelas no dia seguinte.
Até que um dia, A acorda no corpo de Justin, um garoto prepotente e egoísta que só enxerga o próprio umbigo. Enquanto A vive a vida de Justin, ele conhece Rhiannon, sua namorada, e percebe que o garoto não se importa nem demonstra o menor carinho por ela. Pensando no quanto Rhiannon é especial, A decide dar a ela um dia inesquecível, mesmo sabendo que no dia seguinte a garota poderia se decepcionar quando o verdadeiro Justin retornasse ao seu corpo, mas o que A não esperava era exatamente fazer aquilo que jamais poderia: Se deixar levar pelos encantos de Rhiannon a ponto de se apaixonar por ela... Mas como A iria lidar com isso se no dia seguinte seria outra pessoa?
A não desiste e em nome desse sentimento decide procurar e se aproximar de Rhiannon outra vez, e a forma que encontra para fazer isso é indo numa festa que ela estaria, porém dessa vez, A é um garoto chamado Nathan. Num novo corpo, A consegue se aproximar de Rhiannon e seus planos estavam dando certo, até que A se dá conta do horário... Nathan deveria estar em casa antes que A deixasse seu corpo, do contrário poderia haver consequências... Mas A, sem tempo e sem outra escolha, deixa o corpo de Nathan dentro de seu carro a beira da estrada e quando o garoto acorda sem saber como foi parar alí e o que tinha acontecido no dia anterior, passa a acreditar ter sido possuído pelo demônio e seu relato vira uma notícia que se espalha loucamente pela internet.
Ao mesmo tempo que A sente a necessidade de se aproximar e explicar para Rhiannon sua situação, e claro, ficar junto dela, ainda precisa lidar com a ideia de alguém que acredita ter tido o diabo em seu corpo e que ainda está espalhando essa notícia com a intenção de encontrar A, seja quem ou o que for...

Escrito por David Levithan e lançado no Brasil pela Galera RecordTodo Dia traz uma história simplesmente inesquecível com personagens encantadores. Narrado em primeira pessoa e recheada de frases de impacto, A é protagonista dessa viagem através de vários corpos onde consegue enxergar e sentir o lado mais profundo e íntimo de cada um que se torna por um dia ao mesmo tempo em que tenta se encontrar e demonstrar ser quem é como alguém que encontrou o amor e precisa dele de forma urgente, mas impossível.
Não sei se posso apontar a falta de descrição física dos personagens como um ponto negativo, pois se A não ganhou explicações no que diz respeito ao que é exatamente, como os tantos outros, que por mais que a passagem tenha sido curta, poderiam ser? Cabe a nós mesmos imaginarmos de onde veio e o que ou quem é A, além de supor através da própria personalidade descrita com tanta perfeição e maestria de todos os outros como poderiam vir a ser, como se a intenção fosse por o leitor para refletir se a descrição de quem somos por fora seria a mesma coisa que somos por dentro... A aparência realmente importa a ponto de ser descrita e/ou considerada ou o que vale é o interior?
A é alguém que vê, absorve e sente o mundo por milhares de ângulos diferentes desde quando tem ciência de sua existência, como se quisesse mostrar que quem vive uma vida só está, a princípio, limitado às escolhas que fez, porém, ao mesmo tempo em que A pode ter esse gosto e liberdade de experimentar de tudo, justamente esse "tudo" pode não ser tão agradável assim, visto que haverá experiências com sentimentos ruins devido a escolhas erradas que o "hospedeiro" da vez fez, como uma má índole, o vício pelo uso de drogas ou até o ganho excessivo de peso por acomodação e desistência de acreditar em finais felizes... É como se nos fosse aberto um leque enorme para mostrar que a vida de cada um, além de distinta das nossas, vai muito além do que podemos imaginar pois nunca sabemos de fato o que se passa com cada um a não ser com nós mesmos... Como seria se pudéssemos viver a vida de alguém por um dia? E como seria se vivêssemos a vida de alguém diferente todos os dias sem termos uma vida para cuidar e chamar de nossa? Essa é a realidade de A... Não se sabe se é menino ou menina, se é negro ou branco, gordo ou magro, feio ou bonito... E isso não importa pois se trata de alguém que apenas vê e sente o que vive naquele momento...

Todo Dia foi um livro que confesso não ter dado muito crédito no início pois não fazia ideia de sua grandeza. Talvez a ideia de alguém acordando num corpo distinto a cada dia não tenha me chamado muita atenção, mas a forma como a história foi desenvolvida de uma forma tão delicada partindo de uma ideia que, a princípio, nem é lá tão original foi perfeita e genial.
Acompanhar cada dia da vida de A sendo quem é dentro de tantas pessoas foi uma experiência de leitura única pra mim. A constantemente se torna alguém feliz e despreocupado, mas da mesma forma se torna alguém destrutivo, depressivo, suicida, com problemas de autoaceitação e afins, e conhecer tantas personalidades diferentes trabalhadas de uma forma tão sutil para A lidar com todas elas a sua maneira foi surpreendente. É o tipo de livro que a gente fecha, suspira e reflete por muito tempo na mensagem tão profunda e bonita que nos é passada, afinal, o amor é algo para ser sentido, e não visto...

Uma história sobre um amor que quebra todas as barreiras, para refletir sobre quem somos, cada qual com suas particularidades e preferências, e qual nosso real valor.
"Brilhante, delicado e emocionante" são as palavras que descrevem Todo Dia pra mim.
Apaixonar-se por alguém não significa que você saiba como a pessoa se sente. Significa apenas que você sabe como você se sente. - pág. 84
E, mais uma vez, penso em como as pessoas usam o diabo para dar nome às coisas que temem. A causa e o efeito estão invertidos. O diabo não obriga ninguém a fazer as coisas. As pessoas é que fazem as coisas e culpam o diabo por isso. - pág. 123
Algumas vezes, quando você aperta "enviar", consegue imaginar a mensagem indo diretamente para o coração de outra pessoa. Mas outras vezes, como agora, parece que as palavras estão meramente caindo num poço. pág. 143
Quando você quer viver segundo a própria realidade, deve escolher passar pelo inicialmente doloroso porém finalmente reconfortante processo de descoberta. - pág. 219

Cade Você, Bernadette? - Maria Semple

16 de dezembro de 2013

Lido em: Dezembro de 2013
Título: Cade Você, Bernadette?
Autora: Maria Semple
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção
Ano: 2013
Páginas: 372
Nota: ★★★★★
Sinopse: Bee concluiu os estudos na Galer Street, uma escola liberal de Seattle, com as melhores notas, e tudo o que ela quer como presente de formatura é uma viagem à Antártida na companhia dos pais.
Elgin é um pai ausente, mas genial: programador da Microsoft, tornou-se um rock star no mundo nerd por ter dado a quarta palestra mais vista do TED, e está prestes a lançar o Samantha 2, o projeto de sua vida. O momento não poderia ser pior para se isolar no extremo sul do planeta.
A mãe, Bernadette, já não aguenta a vida em Seattle e está a beira de um ataque de nervos. Poucos dias antes da viagem, ela desaparece, com medo do convívio social e de sentir enjoo durante a travessia da passagem de Drake.
Agora Bee fará tudo para encontrar a mãe. Mas antes ela terá de descobrir quem é essa mulher que ela acredita conhecer tão bem.
Resenha: Escrito pela autora Maria Semple e lançado no Brasil pela Companhia das LetrasCadê Você, Bernadette? é um livro de ficção que inicialmente nos apresenta a personagem adolescente Bee, que após receber seu boletim recheado de notas "S" (de "Supera a excelência") resolve reclamar seu prêmio que lhe foi prometido caso tirasse boas notas e ser aceita num importante internato: uma viagem com os pais para a Antártida!

Sua mãe, Bernadette, foi uma renomada arquiteta que fez muito sucesso nos anos 80, mas depois de ter casado, se mudado para Seattle para uma casa que parecia querer "voltar à natureza", e tido Bee, se transforma em outra pessoa. Vive reclusa, não é bem vista pelas outras mães dos alunos de Galer Street, é dependente de um mundaréu de remédios e tem pavor do convívio social, principalmente com sua vizinha, Audrey, que é uma das mães mais influentes da escola e através de vários emails tenta infernizar a vida de Bernadette (imagino Audrey como uma daquelas vizinhas bisbilhoteiras e intragáveis do seriado Desperate Housewives).

Já Elgin, o pai de Bee, é um gênio da Microsoft, mas talvez por ter sido excluído pela própria esposa quando Bee nasceu com problemas cardíacos, se tornou bastante ausente, pois só tinha como meta bancar a família financeiramente enquanto obedecia Bernadette dar as ordens sem questionar, não importando quais. O casamento acabou por cair numa rotina sem graça mas Elgie vive preocupado com as paranoias da esposa e acha que devia intervir para que ela se tratasse, e Bee, visando melhorar o relacionamento familiar, pede a viagem de presente.
Bernadette contrata uma assistente indiana com quem se comunica e passa ordens sobre o que planeja por email, Manjula, dando a entender que estaria se preparando para a viagem, mas só de pensar que ficaria presa num navio, se misturando com pessoas estranhas e desconhecidas e sem a menor chance de fugir, a quarentona estilosa simplesmente desaparece! E Bee está determinada a encontrar a mãe.

A história faz um misto de narrativas bem dinâmicas, que, apesar de ser um pouco confusa no inicio até nos acostumarmos, flui muito bem e quando percebemos já passamos muitas e muitas páginas, curiosos pelo próximo acontecimento ou pista sobre o paradeiro da peculiar Bernadette. A narrativa varia do ponto de vista de Bee - que é feito em primeira pessoa - , da troca de emails ou bilhetes entre alguns personagens, artigos de revistas, documentos secretos do FBI, arquivos em .pdf, conversas transcritas e etc, dá a entender que são um conjunto de pistas que podem ajudar na busca por Bernadette e talvez tentar entender o que a levou a sumir sem dar satisfações.

Bernadette é super complexa, mas ao mesmo tempo adorável: Ela detesta a cidade onde mora, tem um estilo super espalhafatoso e fashion de se vestir, detesta as "moscas" (nome que dá às mães da escola), não curte a companhia do marido, odeia gente, mas ama a filha acima de tudo e quer fazer de tudo para que ela seja feliz.

O livro é dividido em 7 partes e achei demasiadamente grandes visto que não há divisão de capítulos. Os diálogos são identificados por aspas em vez de travessão e até hoje não me acostumei com essa forma de conversa entre personagens e nem com a narrativa epistolar, que por mais que sirvam como pistas, dá acesso aos emails com conversas entre vários personagens em vez de somente ao que o protagonista envia ou recebe. O começo parece ser chato, confuso e arrastado, mas é só persistir um pouco para se acostumar com a narrativa diferente e se deparar com uma história super divertida e gostosa de se ler.
A capa é linda e ilustra bem o estilo de Bernadette, e até mesmo a aflição que ela tem ao morder o lábio.

Cadê Você Bernadette? tem um enredo maluco, mas é hilário, super descontraído, cativante e muito inteligente. Uma história que dá enfoque ao relacionamento abalado de uma família, ao amor incondicional de uma filha pela mãe, e vice versa. E também, é uma história sobre auto-aceitação, que nos faz refletir e buscar o equilíbrio entre a descoberta do que nos faz feliz ao mesmo tempo em que aprendemos a equilibrar relacionamentos com pessoas que fazem parte das nossas vidas, sejam elas boas ou simplesmente intragáveis.

Cidades de Papel - John Green

14 de dezembro de 2013

Lido em: Dezembro de 2013
Título: Cidades de Papel
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção/YA
Ano: 2013
Páginas: 368
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Em Cidades de papel, Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.
Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.
Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia.

Resenha: Cidades de Papel foi o 3º livro escrito por John Green. Foi publicado em 2008 lá fora, mas só agora em 2013 foi publicado no Brasil pela Editora Intrínseca.
O livro conta a história de Quentin Jacobsen (ou Q), um garoto nerd que está no ensino médio e que durante a infância foi amigo de Margo Roth Spiegelman, uma garota por quem ele mantinha uma paixão platônica por achá-la divertida e irreverente. O tempo passou e os dois se distanciaram, mas Q nunca esqueceu Margo por mais que ela tivesse o ignorado. Na escola, Margo faz aquele estilo super popular, e Q é aquele menino nerd e "invisível" que segue uma rotina chata junto com seus amigos, Ben e Radar.

Até que de repente, numa noite qualquer, Margo invade o quarto de Q e o arrasta para uma aventura maluca para por em prática um plano de vingança seguindo um roteiro maluco e após algumas invasões, Q acredita que enfim terá sua grande chance de ser feliz com Margo em seus braços, mas no dia seguinte, a menina desaparece, e no outro, e no outro... Então Q, preocupado, resolve seguir pistas que acreditou terem sido deixadas por Margo e vai procurar a garota, mesmo que pra isso tivesse que cair na estrada por centenas e centenas de quilômetros junto com seus amigos.

O livro é narrado em primeira pessoa e é dividido em três partes. A aventura inesquecível de Q e Margo, a busca por pistas e a viagem atrás da garota com as últimas horas restantes até chegar ao destino.
Os capítulos são curtos, a narrativa é fácil e com sacadas bem bacanas, então é possível tirar várias frases de impacto dele e, de quebra dar algumas risadas em algumas partes, principalmente quando Ben com seu "problema urinário" aparece. Não vou mentir, John Green não é meu autor favorito pois seus livros parecem seguir uma fórmula: protagonista nerd + problema amoroso. E aqui o que encontramos é basicamente isso.

Q sofre de um amor obsessivo por uma garota que é totalmente seu oposto, e em nome disso, renuncia de coisas que são consideradas importantes pra adolescentes da idade dele, como a própria formatura para ir procurar por ela! É uma aventura adolescente completamente fictícia e surreal, pois por mais que existam mensagens nas entrelinhas para que possamos refletir sobre o comportamento de Q e Margo, não consigo imaginar uma situação dessas como sendo algo verdadeiro, principalmente se for pra levar em consideração os diálogos de todos eles que, apesar de muitas vezes serem engraçados e descontraídos, sempre são maduros demais pra idade dos personagens.

E Margo? Para Q ela é a garota ideal, ele enxerga nela alguém perfeita, engraçada, inteligente, bonita, mas no fundo não passa de uma mimada, egoísta e completamente maluca que não se importa com ninguém a sua volta, e talvez nem com ela própria, mas ele não consegue ver esse lado "negro" porque está completamente cego. É algo a se considerar, pois adolescentes (e até alguns adultos) geralmente acham que o 1º amor é o último e único da vida, mas é um comportamento muito mais típico de mulheres, principalmente aquelas que não tem lá muito amor próprio nem atenção dos pais e veem um tipo de deus em quem amam. E Q é homem, adolescente, nerd e a obsessão amorosa simplesmente não combina com ele, e ainda chegar ao ponto de arrastar os amigos nessa furada de ir em busca da desaparecida foi um completo exagero.

Já o conceito "cidades de papel" é o que realmente faz com que a gente reflita e é a única mensagem válida que consegui ver na história apesar de não ter certeza absoluta de que se trata realmente da impressão que tive sobre ela. John Green explica o termo numa nota ao final do livro e se trata de cidades que não existem inseridas em mapas para que os criadores pudessem comprovar que esses mapas estivessem sendo plagiados por outros, cidades estas que posteriormente acabaram sendo procuradas por aventureiros. Porém, a cidade sendo falsa, acaba por ilustrar o comportamento que algumas pessoas têm, como se elas quisessem mostrar aquilo que não são, ou que não existe, talvez com a intenção de atrair coisas ou pessoas pra si mesmas, quem sabe... Margo seria uma garota de papel? E quanto a Q? Então leia e chegue as suas próprias conclusões...

No mais, achei que o livro, apesar de ter uma leitura bem fácil e agradável, foi enrolado pois é uma história simples que poderia ser contada em muito menos páginas. Vale como passatempo, mas nada que tenha me marcado.

O Lírio Dourado - Richelle Mead

11 de dezembro de 2013

Lido em: Novembro de 2013
Título: O Lírio Dourado - Bloodlines #2
Autora: Richelle Mead
Editora: Seguinte
Gênero: Ficção/Literatura Juvenil
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★★
Sinopse: Em sua última missão, a alquimista Sydney Sage foi enviada a um colégio interno na Califórnia para proteger a princesa Moroi Jill Dragomir, e assim evitar uma guerra civil entre os vampiros que certamente afetaria a humanidade. Porém, a convivência com Jill, Eddie e principalmente Adrian leva Sydney a perceber que talvez os Moroi não sejam criaturas tão terríveis assim - e ela passa a questionar os dogmas que lhe foram ensinados desde a infância. Tudo se torna ainda mais complicado quando Sydney descobre que talvez tenha a chave para evitar a transformação em Strigoi, vampiros malignos e imortais, mas esse poder mágico a assusta. Igualmente difícil é seu novo romance com Brayden, um cara bonito e inteligente que parece combinar com Sydney em todos os sentidos. Porém, por mais perfeito que ele seja, Sydney se sente atraída por outra pessoa - alguém proibido para ela. E quando um segredo chocante ameaça deixar o mundo dos vampiros em pedaços, a lealdade de Sydney será colocada mais uma vez à prova. Ela confiará nos alquimistas ou em seu coração?

Resenha: Depois de descobrir quem estava por trás das tatuagens que davam algumas habilidades para humanos, Sidney está de volta para continuar sua aventura no mundo dos vampiros. A garota alquimista parece ter finalmente a chave para evitar a transformação dos Moroi em Strigoi e isso vai despertar a ambição de muita gente. Enquanto várias coisas acontecem na vida de Sidney, Brayden, um garoto muito interessante aos olhos dela, aparece para fazer um pouco de amor brotar em seu coração, sentimento ainda não experimentado pela jovem. O Lírio Dourado dá continuidade a série Bloodlines com muito mistério e divide o coração da protagonista entre fazer o que é preciso ou colocar seus sentimentos em primeiro lugar.

Quando li Laços de Sangue fiquei surpreso, pois não achava que seria fisgado por Richelle Mead. A narrativa fluiu muito, a história foi envolvente e me senti apaixonado pelo mundo dos alquimistas e vampiros. Ao ler O Lírio Dourado percebi que Bloodlines se tornou uma das minhas séries queridinhas.

A narrativa continua fluida e passando pelos meus olhos quase como se eu nem notasse. É meio clichê dizer isso, mas Richelle Mead escreve muito bem e sabe como fazer cada página do livro valer a pena. Toda a história passa tão rápido da primeira até a última página que ao chegar no fim fiquei triste por saber que terei que esperar até abril de 2014 para ler a continuação.

Sidney foi uma personagem que não me cativou em Laços de Sangue e ainda não conseguiu mudar sua imagem. A garota está longe de ser odiável, pelo contrário, é muito sensata e toma decisões bem coerentes o tempo todo. O problema é que as atitudes de Sidney visam sempre o bem alheio antes do próprio, o que acabou deixando a personagem muito mecânica. Nessa sequência a alquimista está mais sentimental (sem mimimi,claro) e pude acompanhar um lado um pouco mais pessoal dela. E o melhor disso é que os sentimentos da garota nunca ultrapassam a barreira da coerência.

Adrian Ivashkov, o Moroi que todos amam, também mudou meu conceito. O cara continua sendo egocêntrico na medida certa, fazendo com que eu goste ainda mais dele. A personalidade dele evoluiu e agora é notável que Adrian é um ser pensante por trás de todo aquele cigarro e cachaça, o que contribuiu para meu apreço crescer. Ok, a personalidade, falas e atitudes do vampiro beiram o clichê, mas e daí? Quem não gosta de algumas coisas clichês de vez em quando? (risos)

Diferente do primeiro livro, O Lírio Dourado tem um ritmo mais acelerado. Quem leu Laços de Sangue pôde notar que a história demora pra engrenar, mas quando isso acontece, não para. Foi muito bom ter nessa sequência um ritmo melhor com a adição de um novo mistério envolvendo o mundo dos Moroi, Strigoi, Dampiros e humanos. Sim, leitores, Richelle trouxe ainda mais questões para deixar a série Bloodlines melhor. A única ressalva é o ressurgimento de Dimitri. Sinto que o dono de um sex appeal incrível não vai deixar a série até seu fim, mas e se cansarem dele por ele ser um conhecido de longa data? Vou arrastar essa dúvida comigo até o final.

Quem ainda não leu Academia de Vampiros e não quer ler essa série com medo de spoilers tem que ficar ciente que em Laços de Sangue não dá pra notar se algum fato foi revelado, mas em O Lírio Dourado alguns spoilers básicos sobre a série anterior foram dados. Eu sou teimoso, comecei Bloodlines e só agora, depois do segundo livro, vou começar Academia de Vampiros e creio que irei amar igualmente.

A Lista do Nunca - Koethi Zan

3 de novembro de 2013

Lido em: Outubro de 2013
Título: A Lista do Nunca
Autora: Koethi Zan
Editora: Paralela
Ano: 2013
Páginas: 272
Nota: ★★★★☆
Depois de um acidente de carro que sofreram quando ainda tinham dez anos, Sarah e Jennifer, amigas inseparáveis, passaram anos escrevendo o que chamaram de Lista do Nunca: uma lista de ações e atitudes que deveriam ser evitadas, a qualquer custo, para que se mantivessem sãs e salvas. Numa noite, no entanto, ao entrarem em um táxi, o destino das duas garotas as levou a um lugar que certamente não considerariam nem um pouco seguro. Sequestradas por um homem frio e adepto do sadismo, elas ficam acorrentadas em um porão com mais duas garotas por três anos. Dez anos depois de conseguir fugir, Sarah ainda tenta levar uma vida normal. Seu contato com pessoas se limita ao porteiro que diariamente entrega o que ela precisa para sobreviver e à sua psicóloga, que tenta ajudá-la a enfrentar cada novo dia. Seu sequestrador, porém, está prestes a conseguir uma condicional e, mais do que preparar um belo discurso de vítima, Sarah sente que este é o momento de agir. Para isso, vai enfrentar seus terríveis traumas em busca de uma história que nunca fora revelada.

Resenha: Depois de ser sequestrada e mantida em cativeiro durante anos, Sarah teve sua vida de volta após conseguir escapar das mãos do sequestrador. Mas nem tudo está tão normal quanto ela queria. Os fantasmas do seu passado estão voltando, pois Jack, o homem que a manteve prisioneira no porão de sua casa por anos na companhia de mais algumas garotas, pode conseguir uma saída condicional da prisão. Sarah, Tracy e Christine vão reviver seu terrível passado em busca de respostas para os enigmas ainda não desvendados sobre a triste história delas.

Vocês se lembram do caso Josef Fritzl? O engenheiro austríaco, hoje com 78 anos, manteve sua filha em cativeiro por 24 anos num porão. Dessa relação incestuosa, Elizabete teve sete filhos com ele, sendo que o último morreu e os três primeiros foram colocados pelo próprio Josef na porta de sua casa, para simular um abandono. Após a descoberta do caso, que seu deu pela necessidade de levar um dos filhos-netos para o hospital, Josef foi preso e condenado a prisão perpétua. Elizabete vive hoje com seus seis filhos em um local secreto sob nova identidade.

Esse caso ficou muito famoso em 2008 e deixou o mundo todo estarrecido pela crueldade do raptor. A Lista do Nunca tem exatamente o mesmo teor de maldade e incredulidade dessa história real. Em todo o percurso da leitura senti uma pontada de medo e terror, porque o slogan da capa faz jus ao conteúdo: essa ficção é tão assustadora quanto a realidade.

A história traz a intercalação entre o passado e o presente de Sarah. No passado acompanhamos o terror dos momentos que ela passou com outras meninas no porão do sequestrador. Cada linha que descrevia o que Sarah sofreu foi, ao mesmo tempo, uma tortura para ela e para mim. É muito impressionante e amedrontador ver a que ponto chega a crueldade humana. No presente da personagem acompanhamos todas inseguranças e traumas que a marcaram. Pequenos detalhes da vida dela vão sendo apresentados e fui ficando cada vez mais receoso com as situações apresentadas. Senti um certo medo de poder ser vítima de algo do tipo pelas mãos de um louco qualquer. Com certeza Koethi me fez questionar que tipos de pessoas estão a minha volta e quão cuidadoso tenho que ser com o mundo em si.

O mais interessante da história é, sem dúvida, que o sequestro e as torturas feitas por Jack foram muito bem explicadas. Às vezes não sabemos o motivo de um sequestrador fazer o que faz, como matar alguém ou manter em cativeiro. Só pensamos: Ah, esse ai é louco. Existem muitos motivos totalmente obscuros por trás de tais ações, o que prova que somos apenas reles mortais que desconhecem muita coisa.

Senti uma falta enorme de uma atenção maior justamente n'A Lista do Nunca. Na capa existe todos os itens da tal lista, mas na história não há uma citação deles. Creio que o ritmo do livro, rápido e direto, não abriu espaço para isso. E também senti a ausência de uma explicação para um ponto crucial da história toda, o que acabou tirando uma estrela na classificação. Mas leiam, pois esse livro é daqueles que tiram o fôlego do começo ao fim. Recomendadíssimo!

Guerra Mundial Z - Max Brooks

20 de agosto de 2013

Lido em: Agosto de 2013
Título: Guerra Mundial Z: Uma História Oral da Guerra dos Zumbis
Autor: Max Brooks
Editora: Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Ficção de terror/Documentário
Ano: 2013
Páginas: 368
Nota: ★★★★☆
Sinopse: A Guerra Mundial Z quase extingiu a humanidade.
Ignoradas para uso em relatório oficial, as entrevistas aqui reunidas trazem os testemunhos valiosos dos sobreviventes. Dos veteranos de batalhas em castelos, passando por refugiados instalados em ambientes completamente inóspitos, os depoimentos eletrizantes deste livro documentam a captam, de forma assustadora, o terrível custo humano do surto que espalhou zumbis por todo o planeta. E como alguns lucraram com isso.

Resenha: Guerra Mundial Z, de autoria de Max Brooks lançado no Brasil pela Editora Rocco e que há pouco tempo originou o filme (nada a ver com o livro) de mesmo nome estrelado por Brad Pitt, é um registro coletado por um pesquisador que reúne relatos de pessoas de vários países que presenciaram a infestação e viram o mundo sendo tomado por criaturas monstruosas que quase causaram a extinção da humanidade: os zumbis. E o melhor é que a mera ficção é tratada como se fosse algo real, o que deixa o leitor bem envolvido e empolgado com a leitura.

Os capítulos principais são divididos de forma que possamos acompanhar a evolução dos acontecimentos, desde o estado de alerta, passando pelo pânico da população desesperada, até como foi feita a organização de combate contra os Z's, com subcapítulos iniciados com uma breve descrição e em seguida os depoimentos do sobrevivente entrevistado da vez... E todos tiveram uma importância considerável antes e durante a guerra, desde os simples civis, soldados a grandes figuras, como políticos ou diretores de grandes corporações.

Pelos relatos serem feitos do ponto de vista de pessoas diferentes, que testemunharam e participaram dos acontecimentos, apesar de fragmentada e, às vezes, um pouco confusa (já que é contada em partes limitadas e vai forçar o leitor a imaginar os pedaços que preenchem essas lacunas), toda a história se torna muito crível, como se a "Guerra Mundial Z" realmente tivesse feito parte da História do mundo. Não é nem possível se apegar a nenhum personagem por mais que sua história seja comovente, visto que ele aparece uma única vez pra contar o que presenciou e o que fez, por mais horrível ou heroico que tenha sido. Às vezes eles se referem a outros entrevistados mas todos estão ligados por um único evento: a Guerra.

O autor usou e abusou de termos técnicos referentes a técnicas militares e políticas, mas poupou maiores detalhes de funcionamento delas. É um pouco confuso e chato, mas ao mesmo tempo é um ponto positivo levando em consideração que um soldado ao ser entrevistado, por exemplo, vai relatar o que viu, e não dar aulas explicando em detalhes o funcionamento de armamentos utilizados e afins.
É possível ainda refletir acerca não só do que seria uma Guerra desse tipo, mas também sobre questões políticas, ideológicas, morais, religiosas e etc...

As primeiras infecções são detalhadas com maestria, desde o paciente zero, os primeiros infectados que tentaram fugir e até o tráfico de órgãos contaminados onde um dos transplantes é feito no Brasil e posteriormente o médico presencia seu paciente se reanimar como um monstro...
"'O medo', ele costumava dizer, 'o medo é a mercadoria mais valiosa o universo.' Isso me afetou. 'Ligue a TV!', dizia ele. 'O que está vendo? Gente vendendo seus produtos? Não. Gente vendendo o medo de ter de viver sem os produtos deles.' Mas que merda, ele tinha razão. O medo de envelhecer, o medo da solidão, o medo da pobreza, do fracasso. O medo é a emoção mais fundamental que temos. O medo é primitivo. O medo vende. Este era meu mantra. 'O medo vende.'"
- pág. 66
Chegou a ser frustrante (não no sentido crítico) encontrar num livro que traz o apocalipse zumbi, o fato de como o mundo funciona, pois a verdade incomoda, e ainda mais quando apontada de forma ficcional. Líderes com algum poder só se movem pra fazer alguma coisa quando são atingidos, pessoas que resolvem aproveitar a vida só quando sentem que ela está chegando ao fim, empresários oportunistas que se aproveitaram do desespero alheio para poderem lucrar vendendo remédios e coisas do tipo... Mas ao mesmo tempo, foi bom saber que a união dos povos foi feita em escala global para que a humanidade conseguisse se salvar, mesmo que pra isso o sacrifício fosse necessário. É o mundo de hoje e, pelo visto, o mundo de sempre...

Os zumbis fazem parte, mas mais evidente do que eles nessa história, é a motivação das pessoas e o que elas são capazes de fazer em situações extremas, como podem ver o mundo com outros olhos e mudarem sua formas de ser e agir, como podem abrir mão de sua zona de conforto (ou não) em prol da salvação (própria ou em massa, que seja), e mais: é uma excelente crítica à sociedade e aos diversos sistemas que beneficiam aos que podem pagar ou lucrar com ele.

Como Dizer Adeus em Robô - Natalie Standiford

18 de agosto de 2013

Lido em: Agosto de 2013
Título: Como Dizer Adeus em Robô
Autora: Natalie Standiford
Editora: Galera Record
Gênero: Ficção/Romance/Drama
Ano: 2013
Páginas: 344
Nota: ★★★★★
Sinopse: Bea não tem coração. Ela é feita de lata. Pelo menos é o que sua mãe pensa. Na verdade, ela é muito, muito sensível. Uma Garota Robô que protege um coração de ouro. Prestes a ser flechado por Cupido. Mas esqueça as asinhas e o arco e flecha. Nada de anjinhos rechonchudos... para Bea, o Cupido é o alfabeto. É ele que conspira para sentá-la ao lado de Jonah, também conhecido como Garoto Fantasma.
Observador silencioso, ele não faz um amigo novo desde a terceira série. Não é um grande fã das pessoas em geral... Mas está disposto a abrir uma exceção para Bea. Talvez. Aos poucos, eles criam uma ligação singular. Nada de amizade comum para esses dois, em que tudo se baseia em fofocas e festas e o que todos acham. Não. Bea e Jonah não são como os outros... muito animados, muito simpáticos. Muito medíocres.
Em vez disso, sua amizade vem de conversas comprometidas com a verdade, segredos partilhados, jogadas ousadas e telefonemas furtivos para o mesmo programa noturno de rádio, fértil em teorias de conspiração. Eles ajudam um ao outro. E magoam um ao outro. Se rejeitam e se aproximam. Não é romance, exatamente - mas é definitivamente amor. E significa mais para eles do que qualquer um dos dois consegue compreender...

Resenha: Beatrice Szabo, ou Bea, é uma jovem de 17 anos, filha única, e acredita que as cabeleireiras da Islândias são as pessoas mais felizes do mundo. Ela é bem solitária pois vive se mudando de cidade e de escola devido às ambições de seu pai, com quem ela se dá bem melhor do que com sua mãe, então ela não se apega a nada nem ninguém já que logo vai se afastar e deixar tudo pra trás, como sempre. Baltimore é seu novo lar após ter deixado Ithaca e desde essa última mudança, Bea notou que sua mãe estava se comportando de forma muito estranha, principalmente após um episódio em que as duas encontraram um gerbil (um tipo de esquilo) e o pobre logo morreu. A mãe de Bea aprontou um escândalo de tão sentida que ficou (o que nos leva a suspeitar sobre sua sanidade já que ela não era apegada nem nunca tinha visto o bicho na vida), mas a menina se mostrou super fria e indiferente com o ocorrido. Por isso, Bea além de ser tratada com muito descaso por ela, foi considerada como sendo alguém insensível, sem coração, uma robô feita de lata...

Na nova escola, Bea faz algumas amizades. Ela conhece ASUE (Anne), Tom, Tiza, Walt e especialmente Jonah Tate, de quem tem uma aproximação maior.
Jonah também é muito frio e solitário... além de viver sendo alvo de risadas na escola desde a 3ª série devido a sua aparência que lembra um fantasma, leva a vida com a filosofia de que deve ser invisível. Sua história de vida não é muito feliz já que perdeu a mãe e o irmão gêmeo deficiente. Ele vive com seu pai, que é muito rico e lhe dá tudo que ele precisa, exceto o mais importante: o amor fraterno...

Bea e Jonah são bem parecidos... são solitários, tímidos, insatisfeitos com tudo que estão em torno deles, e passam a ficar ainda mais curiosos um com o outro devido ao The Night Lights, um programa de rádio que adentra a madrugada e funciona como uma terapia em grupo, cujos ouvintes participam e embarcam num "Tapete Voador", usando codinomes para se abrirem e desabafarem sobre o que os afligem, compartilharem seus medos, preocupações, sonhos, desejos e o que mais quiserem falar. Bea participa como Garota Robô, e Jonah, o Garoto Fantasma, apelidos que, de certa forma, os definem. O relacionamento dos dois ultrapassa as barreiras da amizade e vai além do que poderiam imaginar... e sentir... Bea acredita que Jonah sofre em silêncio, principalmente quanto revelações sobre o irmão dele começam a vir a tona, e ela está disposta a ajudá-lo, só resta saber se o garoto vai permitir...

Narrado em primeira pessoa, Como dizer adeus em robô é um livro que traz uma história super original e carregada de emoção em que temas fortes como bullying, solidão, depressão, problemas familiares e psicológicos são abordados de uma forma crua, melancólica mas ao mesmo tempo com muita doçura. A leitura é fácil e fluída, delicada mas muito ácida.
O amor aparece como algo diferente do que estamos acostumados, mostrando que por mais que aparente ser algo forte, é muito frágil. É algo inexplicável e surpreendente...
Bea é uma personagem que apesar de ter problemas e ser insensível, consegue ser muito humana e me senti muito próxima a ela. Jonah, ao contrário dela, é uma incógnita. Ele é imprevisível, misterioso e bastante complexo. Não tente entendê-lo, nem duvide de sua capacidade... Os demais personagens, por mais que sejam secundários, são muito bem construídos, desde os pais de Bea, os alunos da escola e até o locutor e os ouvintes peculiares do The Night Lights. Com certeza alguém irá se identificar com algum deles.

A parte física do livro é admirável. O telefone (meio de comunicação com o programa de rádio) da capa é em alto relevo e os capítulos tem divisões onde as páginas são cor-de-rosa trazendo o mês em que os acontecimentos se iniciam. As páginas são brancas e a fonte tem um tamanho perfeito. A diagramação é de encher os olhos, de tão caprichada. Durante as conversas no programa, os nomes dos personagens também são destacados em rosa.

Com um final imprevisível e que com certeza vai arrancar lágrimas dos mais sensíveis, Como dizer adeus em robô é o tipo de história que carrega uma beleza extrema, que não deve ser lida de forma superficial jamais. Deve ser apreciada e sentida aos poucos, pois fica na memória e deixa saudade ao acabar...

O Teorema Katherine - John Green

17 de julho de 2013

Lido em: Julho de 2013
Título: O Teorema Katherine
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção/Literatura Estrangeira
Ano: 2013
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Colin conhece Katherine. Katherine gosta de Colin. Colin e Katherine namoram. Katherine termina com Colin. É sempre assim.
Após seu mais recente e traumático pé na bunda, o Colin que só namora Katherines resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-garoto prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, com pura matemática, o desfecho de qualquer relacionamento.
Uma descoberta que vai entrar para a história, elevando Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. E também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.

Resenha: O Teorema Katherine foi o segundo livro escrito pelo autor John Green no ano de 2006, e lançado esse ano no Brasil pela Editora Intrínseca. É o segundo livro que leio do autor (o primeiro foi A Culpa é das Estrelas) e como gostei bastante, criei expectativas para continuar lendo seus livros.
Ele conta a história de Colin Singleton, um prodígio, super nerd e viciado em anagramas que já começa na pior. Sua namorada, Katherine, acabou de terminar o namoro com ele, e o pobrezinho ficou arrasado. Términos de namoro são situações chatas, mas comuns na vida das pessoas, porém, na vida de Colin, isso é um pouco "diferente". Esta Katherine em especial foi a namorada de quem ele mais gostou e ficou apegado, de todas as outras 18 Katherines que ele já namorou na vida! Sim! Colin já teve a experiência impossível de ter namorado 19 garotas, e todas elas se chamam Katherine, e o pior: todas elas lhe deram um pé na bunda!

Colin fica inconformado com a situação, e é aí que entra Hassan, seu melhor amigo. Os dois então caem na estrada, dirigindo o Rabecão de Satã, e chegam em Gutshot, e lá conhecem uma caipirona com quem eles fazem amizade, Lindsey. Então, Colin resolve aproveitar toda sua genialidade para criar gráficos e elaborar uma equação matemática a fim de comprovar que, através dos números, é possível prever o fim de todos os relacionamentos. Dessa forma, além de, quem sabe, conseguir ganhar um prêmio importante, ainda poderia reconquistar sua tão amada 19ª Katherine. Mas será que realmente é possível realizar esse feito?

Feita em terceira pessoa, o que abrange o ponto de vista do leitor para as mais diversas situações, a narrativa é bem leve e o texto muito bem escrito. John Green consegue mesclar diálogos simples, inteligentes e engraçados, e ao mesmo tempo inserir uma linguagem mais culta junto com gírias adolescentes e locais, e com várias referências histórias relacionadas à Ciência e algumas descobertas que complementam a história. O livro ainda é cheio de notas de rodapé hilárias que explicam brincadeiras e diálogos entre os dois amigos, entre outras maluquices que acontecem, e a própria capa já demonstra essa característica com o nº 1 acima do nome dele, o que dá um toque na diagramação. Tradução e revisão também foram ótimas, e a capa me agradou bastante, pois adoro capas "limpas".

Os personagens são típicos do autor... Todos muito inteligentes, que, através de atitudes e comentários, sempre colocam humor até onde não se deve, e com alguma "mania" estranha que os tornam diferentes e/ou "especiais". Collin se formou no colégio e sempre foi muito sozinho. Por ser o nerd da turma, sempre era sacaneado pelos outros. Hassan é muçulmano, tem suas próprias crenças, mas pra mim foi o melhor personagem da história. Lindsey também não fica atrás, pois, com todo seu jeitão e sotaque caipira, consegue despertar a simpatia do leitor.

Porém, o livro não me surpreendeu, nem me prendeu como achei que fosse acontecer. Muitas vezes senti que houve enrolação e a história não saia do lugar, como se perdesse um pouco do foco, e a medida que vai avançando, se torna um pouco entediante, principalmente com as explicações e fórmulas matemáticas, que sinceramente, não perdi tempo tentando decifrar, talvez até porque eu tenha uma certa antipatia de matemática (viva o Português e a História). Cheguei num ponto em que passei a considerar o humor forçado, e todas as notas de rodapé prejudiciais, pois acabam interrompendo o texto... Sério, são mais de 80 notas de rodapé!

No final das contas, é possível captar a mensagem sobre nossos valores, aceitação e busca pela felicidade, o que acho válido, mas pra mim, houve muito floreio desnecessário. Acho que quem realmente gosta da utilização da matemática dessa forma, deva se interessar, aproveitar e gostar bem mais. No geral, é um bom livro para passar o tempo, mas totalmente esquecível...

O Futuro de Nós Dois - Jay Asher e Carolyn Mackler

15 de julho de 2013

Lido em: Junho de 2013
Título: O Futuro de Nós Dois
Autores: Jay Asher e Carolyn Mackler
Editora: Galera Record
Gênero: Ficção Juvenil
Ano: 2013
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Sinopse: É 1996, e menos da metade dos alunos das escolas de ensino médio nos Estados Unidos já tinham usado a internet. Emma acaba de ganhar o primeiro computador e um CD-ROM da America Online de Josh, seu melhor amigo. E ao instalar o programa, logo no primeiro acesso, descobrem que acabam de entrar no Facebook, dali a quinze anos. Todos se perguntam como será o futuro. Josh e Emma estão prestes a descobrir...

Resenha: Nostalgia foi o sentimento que tive enquanto lia O Futuro de Nós Dois, livro escrito por Jay Asher (Os 13 Porquês) e Carolyn Mackler, lançado aqui no Brasil pela Galera Record. Ele nos traz a história de Emma e Josh, dois adolescentes que vivem nos anos 90, que foram melhores amigos há uns meses atrás mas se afastaram um pouco, e aproveitam toda a tecnologia disponível da época, que muita gente desconhece ou não tem acesso, inclusive a internet... Josh ganha um CD da AOL mas dá de presente pra Emma, que logo instala em seu computador "de última geração" que acabou de ganhar do pai, que fica tentando compensar sua ausência dando presentes pra ela. O que ela não esperava era conseguir acessar o Facebook, e menos ainda, ver que nele existe um perfil com centenas de amigos, dela mesma e de seu amigo Josh, dali 15 anos... Conhecendo um pouco de suas vidas no futuro, Emma começa a se questionar se atitudes que eles possam vir ter no presente pode, de alguma forma, mudar seus destinos... Josh não quer se envolver nessa história pois pode ser perigoso, mas Emma, depois de perceber que o futuro do amigo é ser feliz com outra pessoa, começa a se sentir incomodada e com ciúmes, mesmo que não admita, principalmente porque o havia rejeitado há uns meses atrás, motivo pra eles terem até se afastado...

Pode não parecer, mas eu também já ganhei um CD da AOL há uns 15 anos atrás e já comecei a ficar toda sorridente com a história quando comecei a ler. Me senti voltando ao passado, lá na minha infância/adolescência, descobrindo o computador com acesso a internet, ou arrasando com um discman por aí hehehe.
A narrativa é alternada entre Emma e Josh, contando esses acontecimentos na semana que se passa, e é super leve, divertidíssima, de fácil compreensão e flui muito bem.

O único porém, é que às vezes a história parece não sair do lugar, pois Emma fica fissurada em querer saber tudo do futuro quando descobre que além dela, muitas pessoas que ela conhece estão na mesma rede social, compartilhando suas vidas felizes, enquanto ela assiste tudo de camarote e acha que é infeliz pelas coisas que publica, e algumas vezes simplesmente não aceita determinada situação e quer fazer alguma coisa pra mudar tudo, o que soou um tanto egoísta, como se tudo girasse em torno de seu próprio umbigo.

A impressão que dá é aquela velha história... que só damos valor quando perdemos... O tema é muito interessante e bacana, só acho que poderia ser explorado de outra forma devido ao comportamento irritante de Emma. Mas ainda assim, é o tipo de livro que até faz com que a gente reflita... Temos que dar valor ao que importa. Se pudéssemos fazer alguma coisa hoje, sabendo que isso iria interferir no futuro, mudando assim nossos destinos, o que seria? Acho que se pudéssemos nos ver daqui 15 anos, talvez a gente se preocupasse em mudar algo que não agradasse, mas e se isso fosse interferir na vida de alguém também?

Quem nasceu nos anos 80 deve aproveitar bem mais, pois com certeza vai se identificar com muitas coisas nessa história, assim como eu me identifiquei. E uma atenção especial para o descanso de tela de labirinto com paredes de tijolinhos vermelhos no computador da Emma: clássico!

Na Companhia das Estrelas - Peter Heller

14 de julho de 2013

Lido em: Julho de 2013
Título: Na Companhia das Estrelas
Autor: Peter Heller
Editora: Novo Conceito
Páginas: 406
Ano: 2013
Nota: ★★★☆☆
Em um mundo devastado pela doença, Hig conseguiu escapar à gripe que matou todo mundo que ele conhecia. Sua esposa e seus amigos estão mortos, e ele sobrevive no hangar de um pequeno aeroporto abandonado com seu cachorro, Jasper, e um único vizinho, que odeia a humanidade, ou o que restou dela.
Mas Hig não perde as esperanças. Enquanto sobrevoa a cidade em um avião dos anos 1950, ele sonha com a vida que poderia ter vivido não fosse pela fatalidade que dizimou todos que amava. Hig é um guerreiro sonhador. E tem uma imensa vontade de gente, apesar da desilusão que se abateu sobre ele. Por isso é capaz de arriscar todo seu futuro quando, um dia, o rádio de seu avião capta uma mensagem...

Resenha: Na Companhia das Estrelas conta a triste jornada de Hig e seu cachorro, Jasper. Depois de uma gripe, toda a população da terra se dizimou, e ele, na companhia do seu fiel amigo, vive voando à bordo de um avião 1950. Hig traz em uma narrativa intimista todos os seus medos, suas inseguranças e desejos do passado, que não podem mais se concretizar, já que as pessoas que ele tanto amava se foram.

Se você já leu a sinopse e pensou que Na Companhia das Estrelas é semelhante demais com Eu Sou a Lenda, fez muito bem. Não tive a oportunidade de ler o livro que originou o filme estrelado por Will Smith, mas digo, com toda certeza, que se for parecido com a obra de Peter Heller, quero passar muito longe.

Começarei por uma breve analise sobre a narrativa. Não existe travessão, muito menos itálico, é tudo "adivinhe se puder". Isso é totalmente incômodo, não saber onde é uma fala ou uma narração é bem complicado. Outro ponto é que a preposição "mas" sempre aparecia jogada de qualquer jeito em alguma frase, isolada por pontos finais. É uma simples questão gramatical que, porém, incomodou muito. E tiveram ainda as frases que terminavam sem mais nem menos, eram interrompidas sem pontuação, dando continuidade na linha de baixo num outro parágrafo. Com certeza isso foi questão de revisão.

O personagem principal é bem construído, traz filosofias inteligentes sobre a vida e tudo o que nos rodeia, mas chegou uma hora que eu não aguentava mais tanta filosia e falta de ação, de objetivo e conclusão. A trama parece ser sobre uma devastação da raça humana, só que tudo gira em torno mesmo da alma humana. Existe também outro personagem, que é o vizinho de Hig num aeroporto abandonado. Ele é engraçado e sarcástico, e os diálogos (tão mal pontuados e de difícil identificação) entre os dois são muito bons.

Muitas classificações foram de 5 estrelas para o livro. Eu, sinceramente, não vejo motivos para dar mais que três. O fim do mundo é um tema tão abrangente, pode ser trabalhado de tantas maneiras eficientes, mas o autor optou por um livro totalmente cheio de filosofias, e isso não me agradou. Felizmente, a leitura é rápida, apesar das 400 páginas, devido ao tamanho da fonte e espaçamento. Se você está com vontade de um livro que te tire o fôlego, esse não é uma boa opção, caso contrário, vá fundo e tente se emocionar com a triste história de Hig.

O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman

1 de julho de 2013

Lido em: Junho de 2013
Título: O Oceano no Fim do Caminho
Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção/Literatura Estrangeira
Ano: 2013
Páginas: 208
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.
Ele sabia que os adultos não conseguiriam - e não deveriam - compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano. 

Resenha: O Oceano no Fim do Caminho é o mais recente livro do autor Neil Gaiman, e foi lançado no Brasil pela Intrínseca, simultaneamente com o lançamento da edição estrangeira. O protagonista, que atualmente está na casa dos 40 anos, revive o passado ao voltar para o lugar onde morou aos 7 anos, e a história, então, é contada a partir do seu ponto de vista quando criança. Esse retorno despertou nele lembranças, emoções, medo, sofrimento, e o que estava guardado lá no fundo, vem a tona...

Há 40 anos ele "perdeu" seu quarto pois sua família passava por necessidades e a mãe resolveu alugá-lo já que o dinheiro iria ajudar bastante, e muitas pessoas foram inquilinas até que um deles, um homem misterioso, roubou o carro da família mas num momento de desespero acabou cometendo suicídio. O ato foi tão atroz, que forças malignas foram despertadas e libertadas, e a vida da família começou a mudar sutilmente quando a nova inquilina chegou... Só o menino conseguia perceber o mal e os perigos que havia alí, tentava avisar, mas por ser criança, não era levado a sério, até que ele resolve fugir e buscar a salvação nas 3 mulheres que viviam no fim do caminho, a família Hempstock. E Lettie, a menina de 11 anos, se torna seu refúgio, sua fonte de fé, sua salvação...

É difícil falar sobre mais trechos ou detalhes desse livro sem deixar as pessoas confusas, pois a historia em si, apesar de estar carregada de verdade, é cheia de obscuridade, fantasia, metáforas e muitas vezes, de forma proposital, não faz muito sentido. É necessário ler para viver todas as emoções, às vezes, sem a necessidade de entender, pois são situações que podem ser melhores compreendidas ou absorvidas de acordo com o estado de espírito do leitor ou até mesmo sua própria experiência de vida.

A narrativa é espetacular, cheia de sentimento, fluída, e é possível perceber a inocência e a pureza do menino, e sentir, literalmente, todas as suas emoções, seus medos e desejos. E acredito que essa foi a intenção do autor em não nomeá-lo, pois dessa forma, qualquer um pode se colocar em seu lugar, nas situações que mais se encaixam e pode ser que alguém veja a si próprio em diversas situações vivenciadas pelo menino...

É um livro extremamente bem escrito e bonito, a capa tem tudo a ver com a história, a diagramação é simples, há algumas citações/referências literárias, como As Crônicas de Nárnia e Alice no País das Maravilhas, mas encontrei alguns erros de revisão bobos e na tradução que me chatearam um pouco. Um deles foi o trecho onde o menino fala que eles estavam da sala assistindo ao "filme" Missão Impossível sendo que esse filme não existia há 40 anos atrás! Existia uma série com o mesmo nome e estilo de ação nos anos 60, por isso fiz questão de dar uma espiada no livro em inglês para constatar que o autor em momento algum se refere ao filme. Tom Cruise mal tinha nascido, quem dirá viver um agente secreto... Acho que livros desse nível, principalmente com a preocupação de serem lançados de forma simultânea, devem ser tratados com carinho e atenção mais do que especial, pois tem gente que repara e morre de desgosto por isso... tipo eu.

Alguns detalhes de outros personagens são pouco explorados, pois como a narrativa é feita em primeira pessoa e pelo ponto de vista do menino, é como se entrássemos na mente dele, vendo tudo pelo seu ponto de vista, com muita inocência e nenhuma maldade. Ah, e os agradecimentos do autor ao final do livro também são super bacanas e dá um quê autobiográfico à história, e isso faz com que fiquemos ainda mais ligados ao "menino".

Enfim, pra finalizar, é uma história mágica cheia de esperança mas ao mesmo tempo sombria e cheia de tristeza, e pude absorver que somos quem somos pelo que vivemos e aprendemos no passado, por isso ele faz toda a diferença nas nossas vidas, e coisas mínimas podem fazer com que as lembranças mais esquecidas venham à tona para que, como num passe de mágica, possamos, de certa forma, reviver tudo outra vez.
Temos medo, segredos, esperança, decepções, muitas vezes somos incompreendidos, nos sentimos sozinhos e deprimidos, e estamos sempre em busca do nosso oceano particular... e ele está ali, no fim do caminho, é só ter coragem para seguir em frente até chegar lá...

Uma leitura obrigatória para todos aqueles que acreditam que, no fim, tudo dá certo... E um recado aos mais sensíveis: preparem os lencinhos. ;)

Cinder - Marissa Meyer

28 de junho de 2013

Lido em: Junho de 2013
Título: Cinder - As Crônicas Lunares #1
Autora: Marissa Meyer
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/Ficção/Releitura
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★★
Sinopse: Num mundo dividido entre humanos e ciborgues, Cinder é uma cidadã de segunda classe. Com um passado misterioso, esta princesa criada como gata borralheira vive humilhada pela sua madrasta e é considerada culpada pela doença de sua meia-irmã. Mas quando seu caminho se cruza com o do charmoso príncipe Kai, ela acaba se vendo no meio de uma batalha intergaláctica, e de um romance proibido, neste misto de conto de fadas com ficção distópica. Primeiro volume da série As Crônicas Lunares, Cinder une elementos clássicos e ação eletrizante, num universo futurístico primorosamente construído.

Resenha: Cinder é o primeiro volume da série "Crônicas Lunares", escrita por Marissa Meyer e lançado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Há 126 anos, toda a catástrofe gerada pela Quarta Guerra Mundial chegou ao fim, dando início a Terceira Era, e desde então, a Comunidade Oriental nasceu, unindo povos, cultura e ideais com propósito de fortalecer os cidadãos, que optaram pela paz em vez da guerra, e Pequim se reergueu como Nova Pequim. Apesar de a guerra ter terminado, um problema que assola e devasta campos e cidades inteiras há muitos anos persiste: a letumose, uma doença letal. E é contra essa doença que o império travou uma batalha que, até então, não foi bem sucedida...

E é nesse cenário que conhecemos Lihn Cinder, uma garota de 16 anos que, devido há um grave acidente que sofreu no passado, foi "reparada" de forma que 36,48% de seu corpo passou a ser sintético. Ela se tornou uma ciborgue, com direito a fiação, aço, bioeletricidade, visor óptico, um software conectado em rede que lhe dá acesso a um completo banco de dados, uma perna biônica e um dom para lidar com todos os tipos de peças e mecanismos a tornando a melhor mecânica de toda Nova Pequim. Mas por trás de toda essa habilidade, poucos sabem de sua história, já que vive excluída. Depois de ter sobrevivido ao acidente, que aconteceu aos seus 11 anos, ela foi adotada. Adria, sua "madrasta" e guardiã, além de nem considerá-la como humana, encontra nesse dom uma fonte de renda fácil, explorando e maltratando Cinder. Pearl e Peony são suas meio-irmãs, que estavam sendo preparadas por Adria para o grande baile imperial. Pearl trata Cinder com muito descaso, o que faz com que a ciborgue só tenha a companhia de Peony e de Iko, a androide ajudante.

Justamente por saber consertar tudo, foi procurada pelo próprio príncipe Kaito, herdeiro do Império, para que ela consertasse sua andróide, Nainsi, que parou de funcionar, e o que deveria ser um simples trabalho de reparo, acaba indo além... Ao sair com Iko e a irmã em busca de peças, Peony acaba sendo contaminada pela letumose e levada para quarentena. Como castigo por ter exposto a irmã, Adria envia Cinder como "voluntária" para que os cientistas façam testes, a usando como cobaia para mais um experimento que tem como objetivo encontrar a cura, e é a partir dos resultados dos exames e das descobertas feitas pelo Dr. Erland que o destino de Cinder mudará para sempre, principalmente quando ela descobre os segredos que acercam o defeito de Nainsi... Conspirações e ameaças de invasão dos Lunares (uma raça misteriosa que vive na lua) são alguns dos problemas que o império começa a enfrentar, e em meio a toda a confusão, o baile imperial está se aproximando...

Dividida em quatro partes, a fim de separar os acontecimentos importantes, e narrada em terceira pessoa, a história mescla elementos de um dos mais famosos contos de fadas que conhecemos, ficção científica, questões políticas e sociais e preconceito para que uma distopia fantástica pudesse nos ser apresentada. E isso tudo ambientado no oriente, então imaginei toda a tecnologia e modernidade manipuladas por personagens de olhos puxadinhos. A história é tão bem escrita, tão envolvente e flui tão bem, que suas quase 450 páginas podem ser lidas de uma vez. Somos poupados de muitos detalhes das características físicas, mas isso não impede de imaginarmos personagens bem construídos, cada qual com sua importância na história.

Cinder se conformou que está a margem da sociedade por estar em uma das classes mais baixas que existem, o que a coloca como uma monstruosidade, uma aberração, mas isso não tira sua força, sua inteligência nem seus propósitos. Um ponto interessante é que devido a cirurgia cibernética, seus dutos lacrimais foram removidos e Cinder não chora e nem fica corada, mas isso não a impede de sentir emoções apesar de sempre demonstrar frieza, e considerei isso como um ponto super original e positivo, pois isso a torna uma personagem que não aflora hormônios melosos para todos os cantos nem demonstra vergonha caso se encontre em alguma situação embaraçosa.
Não era sua culpa ele ter gostado dela.
Não era culpa dela ser ciborgue.
Ela não pediria desculpas.
- pág. 387
Outro ponto muito bacana é a inserção dessa sociedade que vive na Lua, pra ser mais exata em Luna, os chamados lunares, que vivem sob o comando da rainha Levana, inescrupulosa, vingativa, dissimulada e calculista que ainda tem um exército a seu dispor. É um povo mutante e misterioso e alguns deles possuem dons de manipulação sobre os outros e achei isso super adequado, visto que a própria lua é conhecida em muitas histórias e lendas pelo seu poder de "hipnotizar", cheia de misticismo e magia, e devido a isso, são uma incógnita para os terráqueos, que não sabem das suas reais intenções.

Algumas coisas são um pouco previsíveis, já que temos como base um conto de fadas conhecido, mas a criatividade da autora em unir tudo isso faz de Cinder uma agradável e original surpresa a cada capítulo, cheia de ação, mistérios e um toque de romance bem sutil.
Com relação a parte física do livro, a capa é espetacular, a diagramação muito bem feita e a revisão foi ótima. As páginas são amareladas e a fonte, apesar de diferente dos demais livros, tem um tamanho perfeito.

Enfim, como não amar uma versão futurística de Cinderela, com perna e pé biônicos em vez de um sapatinho de cristal, suja de graxa em vez de coberta por andrajos, com uma ajudante androide munida com um chip de inteligência em vez de ratinhos e passarinhos, com um carro velho tirado do meio das sucatas em vez de uma abóbora transformada em carruagem e sua própria força de vontade em vez de uma fada madrinha?
Simplesmente irresistível e imperdível! Esperando a continuação, Scarlet, mais ansiosa do que nunca!

O Eterno Barnes - Salustiano L. Souza

28 de maio de 2013

Lido em: Maio de 2013
Título: O Eterno Barnes - Viver para sempre pode custar caro
Autor: Salustiano Luiz de Souza
Editora: Novo Século - Novos Talentos
Gênero: Literatura Nacional/Ficção
Ano: 2013
Páginas: 248
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Doutor Barnes, um famoso neurocirurgião, começa a desenvolver na Universidade onde trabalha uma pesquisa científica tentando transformar os dados do cérebro em arquivos de dados, codificando-os de modo que possam ser copiados. Com o avanço da pesquisa, acaba conseguindo copiar para o computador todos os dados de memória que formam o ser humano, como suas experiências, suas emoções, suas recordações, enfim, sua vida. Deslumbrado com a descoberta, começa a perceber que estes arquivos possuem uma estrutura totalmente diferente e uma sinfonia divina, e começa a ficar obcecado pela ideia de que seja possível copiar cérebros de um paciente para outro. Ao contrário do que deveria ocorrer, Barnes, cada vez mais, esconde suas pesquisas, pois seu objetivo passa a ser implantar seu próprio cérebro em outro paciente, mais jovem e sadio, pois está acometido de uma séria doença. Busca, desta forma, alcançar a tão almejada eternidade. Para isto, não mede as consequências de seus atos, que passam a ser justificados pela ambição que lhe domina. Conseguirá Barnes o seu intento?
Resenha:  Barnes é um neurocirurgião de renome e muito ambicioso que sofre de uma doença terrível e dedica o tempo que tem à sua mais importante pesquisa: A imortalidade. Através dessa pesquisa, ele busca uma forma de transferir a própria mente, incluindo lembranças e sentimentos, como se fossem dados ou arquivos de computador, para o cérebro de alguém mais novo e saudável e, assim, viver eternamente. Uma pesquisa audaciosa, imoral e muito perigosa...

Ele dispõe de um corpo em coma e das ferramentas do hospital/universidade que trabalha para prosseguir com sua pesquisa, e conta com a ajuda de Lourdes e de James. Lourdes é a companheira de Barnes, e por mais que não concorde e resista ao projeto, acaba o ajudando por amor. James, é um professor da área de engenharia que descobre como salvar e gravar esses "arquivos" mas que posteriormente acaba sendo excluído do projeto pois Barnes não tem intenção de dividir sua descoberta com ninguém. Porém, James havia feito uma cópia dos arquivos pensando nos benefícios que tal descoberta poderia causar, mas se caírem em mãos erradas, seria um grande problema...
Cego pela pesquisa e buscando o sucesso, Barnes segue em frente incessantemente, sem poupar esforços, sem pensar nas reais consequências que tudo isso poderia causar às pessoas ao seu redor e, principalmente, a ele mesmo.

"O Eterno Barnes" é um livro que traz uma história em que os personagens colocam a moral e a ética a prova, mostrando o que o ser humano é capaz de fazer para ir em busca da vida eterna.
O autor não poupou detalhes para falar sobre informática, medicina, religião, cultura, filosofia e etc para poder explicar a pesquisa de Barnes e torná-la crível e convincente, principalmente ao usar termos técnicos e muito antipáticos, e a impressão que tive é que ele quis mostrar que conhece de tudo ao citar tantas referências e termos que não combinam entre si, e nem acrescentaram nada de útil na história. E justamente por causa de tantos assuntos distintos estarem juntos, achei que tudo ficou muito confuso, prolixo, cansativo e arrastado, pois pela sinopse esperei ler uma história que fosse direto ao ponto, mas me deparei com muitos floreios na narrativa que poderiam ser descartados evitando que o leitor perdesse tempo lendo o que não faz diferença... Algumas frases mais filosóficas podem ser absorvidas e aproveitadas para reflexão, mas não acho que tenham alguma importância na história, pois parecem não fazer parte do contexto em si, principalmente no que diz respeito às citações, que vieram em demasia e tornaram a leitura maçante, chegando a desviar o foco da ideia principal do livro pra outra coisa totalmente diferente. Talvez se entrassem em forma de diálogo, que a propósito, são bem poucos, ficariam mais aceitáveis pra mim, mas como sendo o pensamento do narrador, que conta a história em terceira pessoa, não me agradou nada.

A ideia da história é muito boa, mas poderia ser desenvolvida e contada de uma forma mais direta, sem enfeites e sem desvios pra outros assuntos ou outros personagens. Por mais que Barnes tenha se sentido Deus, o modo como a religião x ciência entra na história, não me convenceu.
A capa me agradou muito pois as mãos ilustradas fazem uma referência genial a obra artística "A Criação de Adão", de Michelangelo, que representa um trecho do livro de "Gênesis" em que Deus cria o primeiro homem, com algo que lembra uma cadeia de moléculas, e que ainda é destacada com verniz, ao fundo.

Encontrei alguns erros na revisão, como falta ou excesso de vírgulas, pleonasmo e palavras repetidas no mesmo parágrafo, e isso é algo que me incomoda. Eu iria preferir que os capítulos não tivessem títulos pois fiquei com a impressão que eles tiraram a seriedade da história.
O final é perturbador e achei bem justo levando em consideração o velho ditado: "colhemos o que plantamos".

Enfim, pela sinopse, fiquei bastante interessada, mas no decorrer na leitura, devido a todos os fatores que apontei, não consegui gostar nem me prender a história, nem senti afinidade por nenhum dos personagens. Talvez, quem goste de ler histórias não muito originais, que tragam termos técnicos carregada de filosofia e informações, a caráter de conhecimento ou curiosidade, aproveite bem mais.