Esquisitona - Sarah Andersen

15 de março de 2024

Título: 
Esquisitona
Autora: Sarah Andersen
Editora: Seguinte
Gênero: Juvenil/Tirinhas
Ano: 2024
Páginas: 120
Nota:★★★★☆
Sinopse: No quarto volume da sua coletânea de tirinhas, Sarah Andersen explora ― com muito humor e fofura ― as esquisitices do início da vida adulta.
Você faz piadas ruins nas horas mais inconvenientes? Tem medo de se mostrar como realmente é ― e assustar as pessoas? Relaxa, todo mundo tem alguma esquisitice… Ou várias! Isso é o que demonstram as tirinhas de Sarah Andersen, cartunista que já conquistou mais de 4 milhões de seguidores na internet com um traço encantador e sacadas geniais.
Esta nova antologia fala sobre o sentimento de inadequação num mundo pra lá de convencional. Acima de tudo, nos traz a tranquilidade de que está tudo bem ser diferente, e que sempre vai ter alguém que compartilha das nossas esquisitices ― basta olhar para o lado, ou folhear as páginas.

Resenha: Depois de quase 4 anos de espera, a Seguinte traz o quarto volume da coletânea de tirinhas da autora e ilustradora Sarah Andersen, que dessa vez fala sobre o início da vida adulta e todas as esquisitices que as pessoas da geração millenial trazem consigo.

Cada página traz um conjunto de tirinhas com piadinhas ou situações individuais que não tem ligação com as das outras páginas, e a autora explora as "vantagens" de ser diferente em meio a multidão. Algumas tirinhas são engraçadas, outras são bem inteligentes, e outras são meio bobinhas, mas quem é mais tímido, sofre de ansiedade e depressão, tem dificuldade na socialização, se enxerga diferente da maioria das pessoas, ama gatos e não vive sem procrastinar, vai se identificar com a maioria delas.




As ilustrações são simples, mas bem expressivas, intensas e engraçadas, e já é marca registrada da autora. A edição em capa dura é uma gracinha, e em conjunto com os volumes anteriores fica uma fofura na estante. O trabalho gráfico e o cuidado da editora nessas edições é incrível.

Vou ser sincera e dizer que algumas das piadinhas com referências às gerações Y ou Z me fizeram sentir que ando por fora de muita coisa, talvez por não terem uma ligação direta com meu cotidiano, e acabei não me identificando, mas a maioria das outras é bem engraçadinha e fazem muito sentido.



Sarah também esboça sobre a vida de autores e as decisões que eles tomam ao escreverem suas histórias, e todo leitor vai conseguir pegar as referências hilárias desse "modus operandi" literário.

Acho que esse volume é mais específico e voltado para os dilemas de pessoas entre 30 e 40 anos (o que não é bem o início da vida adulta como a sinopse dá a entender) justamente por focar em questões, comportamento e modo de pensar que geralmente fazem parte dessa geração, então talvez não terá muito apelo ou não fará muito sentido para quem é mais jovem.

No mais, Esquisitona é uma leitura que traz reflexões bem interessantes e com muito bom humor. É aquele tipo de livro perfeito para relaxar, intercalar entre leituras mais densas e dar aquele sorrizinho de canto.

Pessoas Normais - Sally Rooney

11 de março de 2024

Título:
 Pessoas Normais
Autora: Sally Rooney
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance
Ano: 2019
Páginas: 264
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Na escola, no interior da Irlanda, Connell e Marianne fingem não se conhecer. Ele é a estrela do time de futebol, ela é solitária e preza por sua privacidade. Mas a mãe de Connell trabalha como empregada na casa dos pais de Marianne, e quando o garoto vai buscar a mãe depois do expediente, uma conexão estranha e indelével cresce entre os dois adolescentes ― contudo, um deles está determinado a esconder a relação.
Um ano depois, ambos estão na universidade, em Dublin. Marianne encontrou seu lugar em um novo mundo enquanto Connell fica à margem, tímido e inseguro. Ao longo dos anos da graduação, os dois permanecem próximos, como linhas que se encontram e separam conforme as oportunidades da vida. Porém, enquanto Marianne se embrenha em um espiral de autodestruição e Connell começa a duvidar do sentido de suas escolhas, eles precisam entender até que ponto estão dispostos a ir para salvar um ao outro. Uma história de amor entre duas pessoas que tentam ficar separadas, mas descobrem que isso pode ser mais difícil do que tinham imaginado.

Resenha: Pessoas Normais, da autora Sally Rooney, conta a história do relacionamento de Marianne e Connell. Eles estão no ensino médio e nunca trocaram uma palavra, até que acabam se aproximando mais quando Connell vai buscar a mãe, que trabalha como empregada na mansão onde Mariane mora, e começam a se relacionar secretamente. Mas, Connell tem muito receio de que seus migos descubram sobre sua proximidade com Marianne, e tudo parece ir ladeira abaixo. E é essa premissa que vai impulsionando a trama até eles irem pra faculdade e iniciarem a vida adulta cheia de encontros e desencontros, enquanto alguns conflitos que envolvem questões de classes sociais e outros fatores vão surgindo. A dinâmica entre eles é moldada de acordo com o círculo social e com o ambiente que estão inseridos, mas quando Marianne começa a afundar e Connell passa a questionar suas escolhas, eles precisam definir até onde serão capazes de ir para ajudar um ao outro mesmo que façam de tudo pra ficarem separados...

A escrita da autora não é a melhor com a qual já me deparei e tive que recorrer ao audiobook pra terminar porque a sensação é que a história não desenvolve. Não é o tipo de narrativa que prendeu minha atenção, e a falta da travessão pra identificar os diálogos dos personagens foi um tanto estranho pra mim. Ela mescla situações do cotidiano com momentos sensíveis mas, talvez por se tratar de adolescentes muito "especiais", que lêem Marx por diversão, discutem política e estão intelectualmente acima dos outros porque sim, achei as coisas meio genéricas e artificiais demais. Mesmo que a autora sempre evidencie que Marianne e Connell são diferentes dos outros jovens, senti falta de mais camadas, mais profundidade e, acima de tudo, menos romantização das dificuldades e problemas que eles enfrentam.

Marianne é a adolescente rica e mais inteligente da escola que não se mistura com os outros e não liga pro que pensam dela (pelo menos até o término de um relacionamento falido). Ela vem de uma família abusiva que, obviamente, desencadeia vários traumas nela.
Connell foi criado pela mãe e, apesar de ser popular na escola, ele sofre de depressão e crises de ansiedade. São problemas delicados e bastante realistas, incluindo as diferenças gritantes de classes dos dois, que ambos tem dificuldade em lidar, mas a autora parece tentar levar isso pro lado do "inevitável", como se tudo se justificasse e tivesse que ser compreensível, principalmente quando os personagens começam a demonstrar o quanto são egoístas e de caráter duvidoso. Eles se relacionam sexualmente e vivem experiências memoráveis, mas ninguém pode saber, logo se afastam e não sabem porquê. Depois se envolvem com outras pessoas sem a menor relevância cujos relacionamentos são totalmente descartáveis e esquecíveis, mas não se libertam e não esquecem um do outro. Eles nunca oficializam o que construíram, mas sempre surgem na vida um do outro trazendo momentos significativos e, relativamente, importantes.

Uma coisa que percebi é que a maioria dos problemas que os protagonistas enfrentam são causados devido à pressão que sofrem pelas pessoas que os cercam, pela necessidade de impressionar os outros, pela importância que dão para o que os outros pensam deles, e pelas expectativas sociais, ou seja, tudo gira em torno de terceiros. A autora traz essa ideia de que, por mais que duas pessoas tenham uma ligação forte, se entendam e se gostem, elas podem ter uma dificuldade de comunicação gigantesca que pode desencadear vários desencontros, e ainda desistir da outra por não conseguirem lidar com essa pressão e com a forma como isso pode parecer pra quem vê de fora.

Os personagens secundários parecem estar alí só pra movimentar o drama dos protagonistas e não tem oputros propósitos. A família de Marianne é um nojo, com uma mãe esnobe que trata tudo e todos com indiferença, e um irmão malicioso que não tenho nem adjetivos pra descrever, como se todo mundo que fosse rico fosse obrigado a tratar os outros com desdém e crueldade.

Talvez a ideia da autora fosse mostrar essa parte realista e humana de personagens com mais falhas do que virtudes, que preferem se autosabotar e se comportarem como se fossem incapazes de aprender alguma coisa com a vida. Talvez isso justifique que nada do que aconteceu serviu como fator de amadurecimento e crescimento pra nenhum deles, mas não nego que é frustrante acompanhar a história toda pra, no final, a recompensa ser nada.

Pessoas Normais, no final das contas, se mostrou um romance bem deprimente que conta uma história de amor triste e de muita solidão. É uma história sobre duas pessoas muito diferentes e com uma enorme conexão que, entre altos e baixos, se encontram uma na outra.

Salem - Thomas Gilbert

6 de março de 2024

Título:
 Salem
Autor: Thomas Gilbert
Editora: Darkside
Gênero: Graphic Novel/Terror/Ficção Histórica
Ano: 2023
Páginas: 200
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Século XVII. Abigail Hobbs tem catorze anos e mora com os pais na vila de Salem. Ela teve uma infância feliz, livre de preocupações, até que em um dia fatídico, aos treze anos, um evento inocente desencadeia uma série de desgraças para as jovens garotas da vila. Em Salem, novo lançamento da DarkSide® Graphic Novel, o autor francês Thomas Gilbert apresenta uma narrativa histórica sobre a caça às bruxas de Salem, evento que ressoa de várias formas na sociedade atual. 

Resenha: A caça às bruxas e o Julgamento de Salem são eventos que fazem parte da história e, até hoje, servem de inspiração pra diversas obras fictícias e documentários a fim de trazerem à tona todo o horror, perseguição e opressão que as mulheres viveram nas mãos dos homens em nome da "fé".
Em Salem, publicado no Brasil pela editora Darkside, o autor francês Thomas Gilbert mescla ficção com história para evidenciar uma sociedade que se encontra numa crise de medo e desinformação que, numa tentativa de justificar suas falhas de caráter, se aproveitam de mulheres frágeis e indefesas para transferir a elas a culpa de todo o mal.

Na Salem do século XVII, conhecemos Abigail Hobbs, uma jovem espirituosa de quatorze anos que vive com o pai e a madrasta numa época em que as mulheres deviam obediência aos homens e perdiam valor caso não cumprissem seu papel de esposa e mãe. Abigail vinha tendo uma infância tranquila, até que um pequeno incidente desencadeia uma série de eventos apavorantes naquele vilarejo, já que sua visão de mundo é contrária à visão de quem dita as regras. E é através de Abigail que o leitor conhece mais desse vilarejo escasso e controlado por um reverendo que angaria e incita os fiéis pelo terror, pois tudo o que foge dos ideais considerados por ele como "puros" é porque está tomado pelo diabo, mesmo que ele mesmo faça aquilo que ele tanto condena.

Com uma narrativa bastante direta e diálogos certeiros, o autor ilustra a iminência da tragédia, a tensão entre os moradores e o horror que se alastrou sobre o vilarejo e, principalmente, sobre as mulheres, que se tornaram vítimas de uma caçada que se originou em meio a corrupção religiosa, a hipocrisia, a misoginia, ao preconceito e a transformação gradual dos habitantes pacíficos em maníacos fanáticos que se utilizam de violência para fazer justiça com as próprias mãos, e qualquer relação com a realidade atual da natureza humana da atualidade não é mera coincidência...


Eu costumo gostar muito de HQ's, pois além de acompanharmos a história de uma forma mais direta sem todo aquele floreio, ainda dá pra admirar as expressões dos personagens. As ilustrações de Salem tem um traço forte e marcante em meio a paletas de cores que combinam bem com a atmosfera sombria do local, mas justamente por ser tão sombria e evidenciar a violência e a bizarrice daquela sociedade, acho que o autor pecou pelo excesso. Todos os personagens são estranhos, feios, e aparentam ser muito mais velhos do que realmente são, com feições grotescas e tenebrosas como se estivessem derretendo e, às vezes, é possível até confundi-los, pois são todos muito parecidos. Outra coisa é que o ódio e a violência fazem parte da história do início ao fim, então é preciso estar preparado para algumas cenas bem pesadas envolvendo mutilação, assassinatos, pancadas violentas e entranhas esparramadas de um jeito tão explícito que o estômago revira.

Salem é uma história tão pesada quanto sombria, que se passa numa época caótica de extremos, mas é possível perceber que a mensagem é atemporal e ressoa nos dias de hoje: seja por questões de origem, gênero ou crenças, a minoria continua enfrentando desafios diante de uma intolerância constante, principalmente porque grande parte da população ainda é passível de manipulação e se deixa influenciar por religião e política a ponto de levarem toda essa opressão e esse ódio por quem é diferente adiante.

Novidades de Março - Seguinte

4 de março de 2024

Chuvas Esparsas - Rainbow Rowell (12/03/2024)
Nesta coletânea de contos, Rainbow Rowell nos presenteia com nove histórias de amor cheias de personagens confusos, encantadores e, acima de tudo, profundamente humanos.
O primeiro Natal na casa dos pais do namorado é sempre inesquecível. Uma garota conhece um garoto acampando na porta de um cinema. Dois melhores amigos debatem os méritos dos bailes do ensino médio. Um príncipe se apaixona por uma troll. Até o próprio Simon Snow retorna para uma aventura natalina.
Rainbow Rowell, com sua já conhecida maestria narrativa, oferece aos leitores contos onde o acaso, o amor e os bons encontros têm lugar garantido -- assim como o sorriso ao fim de cada leitura.

A Rainha Sol - A Rainha Sol #1 - Nisha J. Tuli (26/03/2024)
Lor e seus irmãos estão há onze anos em Nostraza, a prisão do Reino de Aurora, e o último lugar em que qualquer um gostaria de estar. Até que, depois de uma libertação inesperada, Lor descobre que foi convocada para participar das Provas da Rainha Sol, uma competição de vida ou morte entre dez mulheres cuja vencedora se tornará a nova esposa do rei.
A jovem não está nem um pouco interessada em casamento ou amor -- mas sim na liberdade (e na possibilidade de vingança) que a vitória significa. Porém, Lor definitivamente não pertence àquele lugar, e precisará confiar nas pessoas certas e dar tudo de si para sobreviver às Provas -- e qualquer passo em falso pode pôr tudo a perder.


Novidade de Março - Suma

3 de março de 2024

Dolores Claiborne - #Biblioteca Stephen King - Stephen King (26/03/2024)
Faz décadas que Dolores Claiborne trabalha para Vera Donovan, milionária dona de uma mansão na ilha Little Tall, no Maine. Determinada, com três filhos para criar, Dolores enfrentou desde o início a personalidade tempestuosa da patroa e, diferente de incontáveis antecessoras, conquistou a confiança da mulher e a estabilidade no emprego.
Quando Vera morre em um acidente, porém, todas as suspeitas caem sobre a funcionária. Questionada pelas autoridades, Dolores faz uma confissão e revela, durante seu testemunho, algo inesperado pela polícia: uma história sobre um relacionamento abusivo e a misteriosa morte de seu marido, que ocorreu trinta anos antes, em Little Tall.
Publicado no Brasil com o título Eclipse total e adaptado para o cinema em 1995, com atuação de Kathy Bates, Dolores Claiborne é um suspense psicológico de tirar o fôlego. O relato comovente e inquietante da protagonista faz deste um dos romances mais originais de Stephen King.

Novidades de Março - Paralela

2 de março de 2024

Está Tudo Bem - Cecilia Rabess (12/03/2024)
Quando Jess conhece Josh na faculdade, ela o detesta imediatamente: ele é o típico cara que se acha, pronto para dominar o mundo, incapaz de reconhecer que ser branco facilita tudo para ele -- enquanto ela quase sempre é a única mulher negra nas aulas que frequenta e tem que lutar toda vez para ser ouvida.
Depois da formatura, porém, os dois acabam indo trabalhar no mesmo banco de investimentos: competem um contra o outro, mas também almoçam juntos e se ajudam nas tarefas do dia a dia. Aos poucos, Jess começa a ver Josh de um jeito diferente. Ele é irritante e provocador, mas também prestativo, gentil e engraçado.
E então o que começou como uma amizade tempestuosa se transforma em um romance eletrizante que deixa ambos chocados: afinal, é possível se apaixonar por alguém tão diferente? Mas, se no princípio o namoro parece mágico, logo a realidade se impõe e Jess é forçada a se perguntar quem ela realmente é e o que está disposta a ceder de si mesma em nome do amor.

Modativismo - Carol Barreto (26/03/2024)
Modativismo nasceu da luta feminista e antirracista e do desejo de produzir mundos e oportunidades inéditos. A necessidade de compartilhar histórias de enfrentamento e caminhos possíveis na área da criação artística e da justiça social motivou a artista e designer de moda Carol Barreto a escrever este livro, reivindicando uma produção de conhecimento científico que evidencie mulheres negras e construa uma moda valorizada tanto por sua materialidade como por seu potencial de transformação social. Quem ler estas páginas encontrará reflexões, problematizações e análises a respeito do conceito de moda e do cenário artístico brasileiro e mundial, além de provocações quanto a quem faz moda, para quem e por quê.
Com curadoria de Ana Paula Xongani, este livro não é apenas um manifesto e um registro dos percursos construídos pelo movimento, mas também um convite para que a sociedade brasileira repense a moda, a arte e o lugar que cada pessoa ocupa nos trabalhos criativos e nas engrenagens que movem o mundo.