Lido em: Setembro de 2014
Título: Santuário - Desaparecidos #4
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Juvenil
Ano: 2014
Páginas: 256
Nota:
★★★★☆
Sinopse: Jess Mastriani pode encontrar pessoas desaparecidas, mas seus poderes não serão suficientes dessa vez. Quando atos de vandalismo começam a ocorrer e o vizinho de Jess é encontrado morto em circunstâncias muito violentas em um milharal, a Garota Relâmpago descobrirá que o racismo que rodeia sua cidade é capaz de atos muito mais cruéis do que entravar seu relacionamento com o namorado. Ela se vê, então, no meio de um plano muito perigoso, onde terá que engolir o orgulho e unir forças com o próprio FBI para entrar no santuário dos arruaceiros capazes de cometer esses crimes terríveis em nome de seus preconceitos.
Resenha: Santuário é o 4º livro da série
Desaparecidos, escrita pela autora
Meg Cabot e publicada no Brasil pela
Galera Record. Mesmo que eu recomende que a leitura seja feita da ordem, por serem livros bastante independentes, podem ficar despreocupados, pois esta
não tem spoilers dos livros anteriores. ;)
Jessica Mastriani ficou conhecida como a
"Garota do Raio" após ter sido atingida por um raio em
Quando cai o Raio. Após esse evento, a garota simplesmente sabe onde pessoas desaparecidas estão só de olhar uma foto delas numa caixinha de leite ou onde for. Porém, esse dom lhe causou tantos problemas que ela começou a tentar fugir de tal responsabilidade para ter um pouco de paz. O problema é que, por mais que Jessica queira ficar longe de tudo isso e não ter o menor interesse em se tornar "propriedade do governo", ela é boa pessoa demais pra simplesmente negar ajuda a quem precisa... Então ela continua sempre se envolvendo nas mais diversas roubadas que se possa imaginar.
Dessa vez, uma gangue intitulada "Verdadeiros Americanos" começaram a vandalizar a cidade do interior de onde Rob, o
bad boy - e caipira - namorado de Jessica, veio. O problema maior é que Dr. Thompkins, um médico afro-americano que acabara de se mudar com a família, estava preocupado devido ao sumiço de seu filho, Nate, e ao perguntar a Jessica se ela havia visto o menino, ela alegou não possuir mais seus poderes... Dr. Thompkins ficou sem entender nada, pois ele não sabia dessa história de poderes, só queria saber se ela viu o garoto por aí...
Jessica não queria saber de pessoas desaparecidas no momento, pois sua preocupação maior era passar o Dia de Ação de Graças com Rob. E, enquanto voltava pra casa dirigindo feito uma louca, se deparou com um bloqueio na estrada e ficou apavorada com o que descobriu ali: o pobre coitado do Nate havia sido encontrado morto num milharal com um símbolo
mui estranho gravado no peito.
Logo a polícia ligou todas as pistas e relacionaram os crimes que estavam acontecendo à gangue, e obviamente, os federais que não saem da cola de Jessica já estavam envolvidos por mais que ela já tenha se cansado de afirmar que não tem mais poderes que lhe permitem encontrar alguém desaparecido.
Quando Jessica sonha com o paradeiro de Seth Blumenthal, um garoto judeu desaparecido, ela começa a se sentir culpada e que poderia ajudar, e, como mágica, ela então sabe exatamente onde o garoto está... O problema é que uma milícia de supremacistas brancos, machistas e perigosos estão escondendo Seth, e ninguém, até então, sabe o que está acontecendo.
Com a ajuda de Rob, Jessica tenta resgatar o garoto e acaba se deparando com o pior dos problemas que já se envolveu desde que se tornou a Garota Relâmpago, e ainda terá que ceder ao FBI para adentrar o santuário dos vândalos que não se importam em cometer crimes hediondos em nome do que acreditam e/ou não aceitam.
Narrado em primeira pessoa, Jessica está de volta com mais uma aventura, e por mais que a história seja carregada com o humor contagiante da personagem, sempre muito sincera e divertida, traz o racismo e o preconceito como temas, o que acabou me fazendo considerar a história um pouco pesada se comparada às anteriores. Por mais que a história seja fictícia, é difícil engolir essa ideia de que existem pessoas que tem a mente atrasada e limitada o bastante para considerar negros e judeus como a escória, e que devem ser todos exterminados. É, no mínimo, chocante, inaceitável. A história é de uma garota adolescente, que tem seus problemas e preocupações de adolescente, como o relacionamento confuso com Rob por ele se negar a contar o motivo de ele estar em liberdade condicional; como ele acreditar que, por Jessica ter 16 anos e ele 18, eles não podem se relacionar e por isso se recusar a falar verdadeiramente sobre o que sente; como a vontade de ir para a escola em paz, e outras maluquices digna de Jess, então fiquei sentindo aquela pontada bem incômoda por, no meio desses dilemas, me deparar com algo tão atroz. É um tema difícil e perigoso demais pra ser inserido numa história descontraída e "feliz". Mesmo sendo bastante fã dessa série, e mesmo achando que a autora abordou o tema com bastante sensatez, ao meu ver, é algo que destoou do padrão dos livros anteriores, porque não faz muito sentido pra mim um tema tão pesado se misturar com esses assuntos adolescentes.
Outro ponto que não me agradou muito foram alguns erros de revisão espalhados pelo livro, pois é algo que me desconcentra muito.
Quero sim continuar lendo a série, gosto da ideia das histórias serem independentes e não necessariamente ser obrigatório acompanhar as anteriores para entender o que se passa, continuo amando a escrita engraçada juntamente com as ideias malucas que
Meg Cabot tem, mas apesar de não ser ruim, não foi o melhor livro da série até então. Confesso ter ficado bastante feliz com o rumo que o casal está tomando, e ri horrores de Jessica quando ela está atrás do volante.
Vale a pena investir na leitura, a conclusão foi satisfatória e gostei muito da forma como Jessica, enfim, chegou num equilíbrio no que diz respeito a sua preocupação e necessidade de manter sua vida o mais normal possível com a vontade do governo em torná-la sua funcionária.
E que venha o quinto, e último, livro da série, Missing You.