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Última Parada - Casey McQuiston

22 de junho de 2022

Título:
 Última Parada
Autora: Casey McQuiston
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Sci-fi/Jovem adulto
Ano: 2022
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Aos vinte e três anos, August Landry tem uma visão bastante cética sobre a vida. Quando se muda para Nova York e passa a dividir apartamento com as pessoas mais excêntricas — e encantadoras — que já conheceu, tudo o que quer é construir um futuro sólido e sem surpresas, diferente da vida que teve ao lado da mãe.
Até que Jane aparece. No vagão do metrô, em um dia que tinha tudo para ser um fracasso, August dá de cara com uma garota de jaqueta de couro e jeans rasgado sorrindo para ela. As duas passam a se encontrar o tempo todo e logo se envolvem, mas há um pequeno detalhe: Jane pertence, na verdade, aos anos 1970 e está perdida no tempo — mais especificamente naquela linha de metrô, de onde nunca consegue sair.
August fará de tudo para ajudá-la, mas para isso terá que confrontar o próprio passado — e, de uma vez por todas, começar a acreditar que o impossível às vezes pode se tornar realidade.

Resenha: August é uma garota de vinte e três anos que ainda não se encontrou e nem encontrou um lugar que ela considere como um verdadeiro lar. Enquanto viveu com a mãe, que sempre pareceu um tanto obcecada em desvendar o caso do desaparecimento do seu irmão nos anos 70, August ficou em segundo plano e passou por várias atribulações. Ela nunca teve amigos, sempre viveu beirando a pobreza, e praticamente não tinha rumo.
Agora ela está decidida a mudar, e quando August chega em Nova York para terminar sua graduação, e se muda para um apartamento depois de ter visto um anúncio um tanto duvidoso, ela sente que aquele poderia ser o lugar pra ela chamar de lar. E os responsáveis por isso serão seus novos e despirocados colegas de quarto: Niko, trans, latino e aquele jovem místico irritantemente perceptivo; Myla, engenheira elétrica, negra, queer, filha adotiva e artista; Wes, judeu, tatuador e queer; e seu vizinho e drag queen, Isaiah.

No primeiro dia de aula, August está tendo um dia de merda. Ela pega a linha Q do metrô, alguém derruba café em sua roupa, e quem a salva da vergonha, sem hesitar, é Jane Su, uma garota asiática que lhe oferece um lenço vermelho pra esconder o estrago. Depois de ter o dia salvo, August não consegue parar de pensar em Jane, em como ela é linda, popular, super animada e prestativa, e como seu estilão dos anos 70 é bacana. Ninguém que tenha conhecido Jane se esquece dela.

Quando August começa a encontrar com Jane todos os dias, na mesma linha Q e no mesmo vagão, sua atração e seu interesse aumentam, mas a desconfiança de que há algo de errado com Jane também, afinal, ela sempre aparece do nada, do mesmo jeito, e simplesmente não pode sair do metrô. Teorias de que ela estaria presa numa espécie de lapso temporal há mais de 40 anos começam a surgir enquanto August debate o caso com os amigos, e, se aproveitando dos conhecimentos sobre desaparecimentos que aprendeu observando a mãe, e com a ajuda de Myla, Niko, Wes e Isaias, ela decide investigar e ajudar Jane.
Agora cabe a August descobrir quem é Jane, por que ela não se lembra do seu passado, e por que ela está presa no tempo. E pela investigação, vale tudo...

Narrado em terceira pessoa, o livro tem uma pegada super atual e despojada, o que combina perfeitamente com os personagens e seus estilos de vida, descrições e detalhes muito bem construídos, além de ter várias figuras de linguagem nos diálogos. Os capítulos são bem longos e se iniciam com alguma notícia, com algum bilhete e afins.

Apesar da história trazer personagens caóticos, excêntricos, incríveis e com a melhor representatividade não só LGBTQIA+, mas também sobre raça, espiritualidade e aparência que foge dos padrões sociais que já vi num livro até o momento, e apesar do mistério August quer desvendar ter aquela pegada de ficção científica meio sobrenatural, achei que a leitura demorou um pouco pra engatar e acabou sendo cansativa em alguns pontos (e os capítulos enormes contribuem muito pra isso), e só melhorou e me emocionou quando foi terminando. A investigação parecia não ter fim, e as explicações para o fenômeno não pareciam fazer muito sentido, e por mais que a química entre August e Jane fosse uma coisa absurda de intensa (tudo pela investigação), eu fiquei com aquela sensação de que Jane, mesmo sendo do passado, estava há anos luz de distância pela sua personalidade cativante e por todas as experiências de vida que ela teve até ficar presa no metrô.

É aquele tipo de história onde as envolvidas são o total oposto uma da outra, mas uma acaba sendo responsável por salvar a outra de qual seja a situação que enfrentem: August é cética, descrente, insegura e fechada para sentimentos no início, é a pessoa inexperiente que parece não ter muito a oferecer. Jane, que é a sapatão sonho de consumo de todas as sáficas da face da Terra, é divertida, se joga, vive a vida como se não houvesse amanhã, mas carrega um passado triste e complicado que acabou sendo esquecido quando ela ficou presa no tempo e no metrô sabe-se lá por qual motivo. E por mais que elas sejam conduzidas de uma forma que evidencie descobertas e experiências que surpreendem e aquecem o coração, a história não me convenceu pelo romance em si (pode ser impressão minha, mas durante uma parte considerável da história ele me soa um tanto unilateral e August parece ser muito dependente de Jane), mas sim pelos personagens secundários e como eles tiveram um papel super relevante para August, para ajudar a encaminhar as coisas até onde chegaram, e principalmente para August perceber que ela não só encontrou um lar, mas também uma verdadeira - e maluca - família. August, que passou a vida inteira com aquele sentimento de solidão e não pertencimento, se pegou rodeada de pessoas incríveis que, em meio a brunches com panquecas no meio da noite, um cachorro super fofo, sessões espíritas fracassadas e falidas, e espetáculos com as drags mais fabulosas de Nova York, lhe ofereceram algo que ela jamais teve: amizade, acolhimento e cumplicidade, e isso pra mim supera qualquer história de amor, por mais que ela quebre barreiras e transforme os corações mais vazios ou perdidos.

A autora incluiu várias referências musicais ilustres que rendem uma excelente trilha sonora à história, e ainda presta uma verdadeira homenagem à luta por igualdade que a comunidade LGBTQIA+ e seus ativistas tiveram desde décadas atrás, e o quanto as perdas trágicas pelo caminho foram dolorosas.

Enfim, pra fechar o mês do orgulho, super indico a leitura.

A Incendiária - Stephen King

14 de outubro de 2019

Título: A Incendiária
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural/Sci-fi
Ano: 2018
Páginas: 450
Nota:★★★★☆
Sinopse: Uma criança com o poder mais extraordinário e incontrolável de todos os tempos. Um poder capaz de destruir o mundo.
Andy e Vicky eram apenas universitários precisando de uma grana extra quando se voluntariaram para um experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como “a Oficina”. As consequências foram o surgimento de estranhos poderes psíquicos — que tomaram efeitos ainda mais perigosos quando os dois se apaixonaram e tiveram uma filha. Desde pequena, Charlie demonstra ter herdado um poder absoluto e incontrolável. Pirocinética, a garota é capaz de criar fogo com a mente.
Agora o governo está à caça da garotinha, tentando capturá-la e utilizar seu poder como arma militar.
Impotentes e cada vez mais acuados, pai e filha percorrem o país em uma fuga desesperada, e percebem que o poder de Charlie pode ser sua única chance de escapar.

Resenha: Quando um grupo de universitários se voluntariam para um misterioso experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como A Oficina, eles não imaginavam quais seriam as consequências ao terem contato com o composto químico "lote 06"... Andy e Vicky foram cobaias sobreviventes ao experimento. Poderes psíquicos se manifestaram e alteraram seus DNA's. Eles passaram a ser capazes de mover objetos com a mente, se comunicarem através de pensamentos e até influenciar o pensamento alheio. Mas algo não previsto pela Oficina foi a união desses dois, e tudo mudaria quando o casal teve uma filha, Charlie. Ela tem sete anos, mas desde muito pequena já estava bem claro que ela havia herdado um poder grandioso e sobrenatural, o dom da pirocinese, o poder de criar fogo com a força da sua mente. Ela tenta controlar essa habilidade, mas quando o governo passa a persegui-la com intenção de usar os poderes dela como arma militar, Charlie e o pai, Andy, decidem fugir para contarem para o mundo a história real do que aconteceu, mas será que vão conseguir quando o mundo estiver em chamas?

O livro é narrado através da perspectiva de vários personagens, o que torna a trama bem mais interessante e dinâmica já que há um ponto de vista diferente para uma mesma situação de acordo com o personagem da vez.
A medida que o passado de Andy e da filha vem à tona, assim como o interesse real da Oficina em seu objetivo de capturar os dois, é possível estar na cabeça dos personagens, acompanhar suas angústias, seus medos e suas virtudes. E da mesma forma temos acesso a personalidade complexa de Rainbird, o agente que está os perseguindo. Sua frieza e crueldade na forma de agir chegam a ser assustadoras, e com certeza ele entra pro time de personagens icônicos e psicóticos do autor, com características peculiares que os tornam tão obsessores quanto maquiavélicos em seus terríveis objetivos.

Por ter sido inicialmente lançado nos anos oitenta, há diversas referências da época e é impossível não sentir aquela nostalgia devido ao estilo, pois como tudo é muito bem detalhado, é perfeitamente possível imaginar e visualizar todo o cenário que foi palco para grandes acontecimentos marcantes.

A Incendiária é uma leitura cheia de suspense cuja trama é movimentada de acordo com o desenvolvimento das relações entre os personagens e do constante perigo enfrentado por Charlie e seu pai enquanto fogem e tentam ficar um passo a frente dos vilões. No início, assim como a maioria dos livros de King, há muitos detalhes e descrições minuciosas acerca de acontecimentos e situações que ocorreram antes da fuga de pai e filha. Essas cenas se alternam, passado e presente, para uma melhor compreensão do que está acontecendo, e o que aconteceu antes que interferiu diretamente no destino dos dois. Porém, o excesso tornou algumas partes um tanto longas, com informações repetidas e até desnecessárias.
Sei que faz parte do estilo do autor, mas chega a ser um pouco cansativo acompanhar uma história que deveria ser frenética, mas que acaba sendo "quebrada" por tantas interrupções feitas pelo próprio autor.

O projeto gráfico do livro, assim como os demais da Coleção Biblioteca Stephen King, está divino. A capa com textura meio emborrachada e com detalhes em alto relevo enriquecem a obra, assim como a diagramação e os detalhes internos que simulam páginas "queimadas".

No mais, o livro talvez esteja mais pra um thriller com toques de ficção científica e muito suspense do que pro terror propriamente dito, mas é leitura muito indicada, principalmente para os fãs do autor.

Nightflyers - George R.R. Martin

12 de agosto de 2019

Título: Nightflyers
Autor: George R.R. Martin
Editora: Suma de letras
Gênero: Sci-fi/Terror/Contos
Ano: 2019
Páginas: 144
Nota:★★★★
Sinopse: Nas fronteiras do universo, uma expedição científica composta de nove acadêmicos dá início à missão de estudar os volcryn, uma misteriosa raça alienígena. Existem, no entanto, mistérios mais perigosos a bordo da própria nave. A Nightflyer, única embarcação que se dispôs à missão, é uma maravilha tecnológica: completamente automatizada e pilotada por uma única pessoa. O capitão Royd Eris, porém, não se mistura com a tripulação – conversando apenas através de comunicadores e se apresentando somente por holograma, ele mais parece um fantasma do que um líder. Quando Thale Lassamer, o telepata do grupo, começa a detectar uma presença desconhecida e ameaçadora por perto, a tripulação se agita e as desconfianças aumentam. E a garantia de Royd sobre a segurança de todos é posta à prova quando uma entidade malévola começa uma sangrenta onda de assassinatos.

Resenha:  Uma equipe composta por nove cientistas embarca na nave Nighflyer para iniciar uma missão que envolve estudar uma raça alienígena misteriosa e super avançada que viaja pelo espaço, os volcryn. Pilotada pelo excêntrico capitão Royd Eris, a Nightflyer é totalmente automatizada e autossustentável, mas Royd não se envolve com a tripulação, os vigia através das câmeras de segurança e se apresenta somente por holograma.
Porém, vários problemas começam a surgir, e a equipe se dá conta de que está numa situação totalmente inesperada e fora de controle. Thale Lassamer, o telepata do grupo, detecta uma presença desconhecida e ameaçadora. A forma de contato do capitão levanta suspeitas, e o individualismo dos tripulantes acabam tirando a missão do foco, principalmente quando uma onda sangrenta de assassinatos cometidos por uma misteriosa entidade começa a se desencadear...

Narrado em terceira pessoa, o conto traz os acontecimentos na nave regados a muito suspense e em meio a um clima bastante sombrio. Para um livro com tão poucas páginas, talvez ele pudesse ser mais direto e menos arrastado no começo, e embora a história seja boa e tenha potencial, a sensação de que faltou alguma coisa é inevitável, principalmente porque as coisas realmente interessantes ficam guardadas para o final. Logo no início somos apresentados a muitos personagens (característica clássica nas obras do autor), e isso acaba dificultando um pouco a identificação sobre quem é quem. Pra mim é um pouco difícil gravar quem é ou o que fazem quando são todos jogados de uma vez sem que uma apresentação mais detalhada não seja feita de forma gradual, e a impressão que tive no final é de que não houve um desenvolvimento suficiente para que houvesse apego ou desprezo, mas que os personagens só estavam ali para mover a trama de ponto A para B. Não vou ser exigente ou implicante a ponto de considerar esses pontos totalmente negativos, afinal, se trata de um conto e realmente não há tanto espaço para um desenvolvimento maior, então posso dizer que a combinação de suspense, terror e ficção científica funcionou bem em Nightflyers e que dentro do que se propôs, a história, mesmo que pudesse ter ido além, foi bem satisfatória.

Preciso destacar o projeto gráfico do livro que é totalmente maravilhoso. Embora tenha um formato pequeno e poucas páginas, o livro tem a capa dura e várias ilustrações em cores dos personagens, locais da nave ou cenas impactantes.

No mais, a história é cheia de mistérios, traz várias perguntas e desperta a curiosidade do leitor sobre a real existência dos Volcryns, quem é o capitão Royd e por que ele se comporta assim, quem (ou o que) está assassinando todo mundo, e será que alguém vai sobreviver?
Pra quem gostou de obras dos anos 80 como Alien, o oitavo passageiro, vai aproveitar a leitura.

Na Telinha - Love, Death + Robots

12 de abril de 2019

Título:  Amor, Morte e Robôs (Love, Death + Robots)
Temporada: 1 | Episódios: 18
Gênero: Sci-fi/Fantasia/Terror
Ano: 2019
Duração: 6~17min
Classificação: +18
Nota:★★★★★
Sinopse: Uma coleção de contos animados que mistura ficção científica, fantasia e terror. Histórias sobre as aventuras de lobisomens soldados, caçadores de recompensas de cyborg e até mesmo de aranhas alienígenas (Sinopse do Adoro Cinema).

Love, Death + Robots é uma série antológica com vários contos independentes com temática pós-apocalíptica e futurista voltada para o público adulto e, a maioria, baseados em algum material já publicado que serviram de inspiração. A quantidade de sangue, violência, teor sexual e mortes, mesmo se tratando de animação, não é pra qualquer um, principalmente quando nos deparamos com tanta nudez gratuita, seja feminina ou masculina, mas a ideia de acompanhar alguns episódios curtos nesse estilo surpreende quem gosta do gênero, não só pela variedade gráfica, mas também por levantar questões relevantes. Pelos episódios serem independentes, não é nem necessário assistir na ordem (mesmo que exista uma teoria de que eles tem uma ligação), e embora alguns tenham alguma mensagem dignas de reflexão para passar, outros não parecem ter esse propósito. Não tem muito o que dizer de cada episódio sem dar maiores spoilers, afinal, eles tem em média 10 minutos cada. Não acho justo separar alguns episódios aleatórios sendo que todos eles tem seus méritos também, mesmo que sejam mais fraquinhos do que outros, então, mesmo que o post fique enorme, vou tentar fazer um apanhado geral, resumindo e dando minhas principais impressões.

Na Telinha - Origin (1ª temporada)

2 de março de 2019

Título: Origin (Origin)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Elenco: Natalia Tena, Tom Felton, Sen Mitsuji, Nora Arnezeder, Fraser James, Philipp Christopher, Madalyn Horcher, Siobhán Cullen, Adelayo Adedayo, Nina Wadia, Johannes Johannesson
Gênero: Suspense/Sci-Fi
Ano: 2018
Duração: 60min
Classificação: +14
Nota★★
Sinopse: Um grupo de estranhos descobre que se encontra abandonado em uma espaçonave a caminho de um planeta distante. Agora eles precisam trabalhar juntos para sobreviver, mas percebem que um deles não é quem diz ser.

O YouTube entrou na onda dos serviços de streaming e, para os usuários pagantes, como Youtube Originals, passou a oferecer algumas produções bem chamativas, principalmente devido ao elenco escolhido na primeira série que disponibilizaram, Origin.

A série conta a história de um grupo de estranhos que estão em busca de uma segunda chance para recomeçarem suas vidas. Eles participam de um programa da Siren Corporation e, assim, embarcam na nave Origin rumo ao planeta Thea. Porém, algo dá errado no caminho, alguma coisa invadiu a nave, os passageiros não estão mais sozinhos e agora precisam lidar com uma presença alienígena e perigosa que pode matar quem estiver em seu caminho. Agora, como sobreviventes dessa tragédia em pleno espaço, eles devem se unir para não só descobrir o que está acontecendo, mas como sair dessa enrascada, e identificar - e eliminar - quem se tornou o hospedeiro do alienígena.


Assim, os passageiros de uma das alas da nave "acordam" antes do tempo pré-determinado e se encontram sozinhos numa situação desconhecida e perigosa onde todos são suspeitos e nada confiáveis. Desde o início também podemos acompanhar os vários flashbacks da vida de cada um deles para mostrar o que eles faziam antes do embarque, e como foram parar naquela nave, e isso ajudou no aprofundamento dos personagens para que possamos conhecê-los melhor. Todos eles tinham algum problema ou trauma que não conseguiram superar e, na intenção de apagarem o passado, só queriam uma chance de recomeçar num lugar novo e bem longe.
E sim, é impossível não associar a premissa de Origin ao seriado Lost, porém a diferença é que os personagens, em vez de estarem numa ilha com direito a mistérios e fumaça preta, estão perdidos no espaço com um alienígena a solta que pode ser qualquer um dos passageiros.


Alguns personagens tem uma história bem trabalhada e complexa, com uma carga dramática intensa e bem construída, e isso os torna pessoas bem interessantes, mas outros nem tanto. Alguns nem chegam a viver muito para que suas histórias sejam contadas.
Logan, interpretado por Tom Felton, é um personagem que, inicialmente, parece ser um imbecil, mas quando acompanhamos sua história, entendemos que ele é um ótimo personagem. E isso também se aplica em Lana (Natalia Tena), que também tem uma história de vida interessante mas ao mesmo tempo triste, e a todos os outros que tem suas histórias contadas. Todos tem um passado doloroso e traumático em comum, porém, eles não compartilham isso entre si pois querem esconder e apagar o que viveram, e a qualquer sinal de que alguma informação possa vir à tona, eles ficam desesperados tentando impedir que algo sobre eles seja descoberto pelos outros. Cada um deles tem personalidade própria e características físicas ou psicológicas singulares, dando não só uma diversidade étnica aos personagens, como também levanta seus conflitos pessoais, envolvendo suas crenças, sexualidade, moralidade, problemas de comportamento, sentimentos inesperados e afins. Apresentar os personagens através de flashbacks foi uma maneira muito inteligente de mudar ou reforçar as primeiras impressões que eles passaram, pois se não vamos com a cara de alguém do começo, lá na frente sabemos o que ele passou na vida, e isso acaba despertando nossa simpatia (ou não).


O cenário escuro, com tons envelhecidos de verde e azul, dá um ar sombrio e misterioso à série, rendendo alguns bons momentos de tensão. As luzes e os efeitos especiais que remetem à tecnologia avançada reforçam o gênero sci-fi. Logo no primeiro episódio isso fica bem evidente, principalmente por mostrar cenas com muito sangue, feridas abertas, e outras bizarrices repulsivas e cheias de violentas. O começo tem um ritmo muito bom, mas a tentativa de manter isso até o final não foi tão bem sucedida como eu imaginei. Alguns episódios se arrastaram demais focando em personagens em busca de algo que nunca aparece, e na maioria das vezes há uma tentativa de criar uma expectativa pra nada, porque ficamos esperando algo acontecer e não acontece. A todo momento vem um "BAM", um barulhão alto e repentino pra intensificar uma situação onde nada está acontecendo, ou só pra tentar assustar o espectador a toa. Esse tipo de recurso sonoro, quando utilizado nos momentos certos, causam o efeito esperado, mas se utilizado da forma gratuita como foi feito aqui, só me fez revirar os olhos. Somado isso a atitudes exageradas, comportamentos e escolhas previsíveis, e repetição de erros toscos, o resultado não foi algo muito agradável de se acompanhar. Chegou num ponto que eu não esperava pelo próximo movimento ou ataque de alguém, eu esperava pelo "BAM". Tem muito mais ação nos flashbacks do que na corrida pela sobrevivência dentro da nave. Fazendo um contraste com o momento presente, as cenas dos flashbacks são bem coloridas e com tons mais vibrantes do que na nave.


Outro ponto problemático é que muita coisa acontece fora de cena, e isso foi um problema pois quando algumas coisas começam a se encaixar na tentativa de dar algumas poucas explicações, a sensação é de que tudo foi forçado a seguir por um caminho inesperado, porém desconexo, cujo único objetivo era surpreender o espectador. No final você pensa "WTF??". Muita coisa fica em aberto, inclusive o próprio final, então pra quem quiser saber o que diabos vai acontecer, vai mofar um pouquinho na espera da segunda temporada.


No mais, apesar de não ter sido uma série que tenha me surpreendido no quesito ação e suspense, valeu ter assistido só pelas mensagens passadas nas entrelinhas através dos dramas dos personagens, pois elas, sim, me fizeram refletir sobre algumas questões da própria humanidade e seus conflitos pessoais: Como podemos usar a tecnologia e a inteligência artificial a nosso favor, mantendo a moral e a ética? Como seria se tivéssemos uma segunda chance para recomeçar a vida? Até onde somos capazes de ir para reparar nossos piores erros?

Eu não curti a ponto de indicar. Achei que a série teve mais pontos negativos do que positivos, mesmo que tenha alguns méritos. O Youtube disponibilizou os primeiros episódios de graça para "degustação", e acho que dá pra ter noção do que esperar assistindo a esses, e tirando as próprias conclusões.

Uma Coisa Absolutamente Fantástica - Hank Green

5 de novembro de 2018

Título: Uma Coisa Absolutamente Fantástica
Autor: Hank Green
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Sci-fi
Ano: 2018
Páginas: 344
Nota:★★★★★
Sinopse: Enquanto volta para casa depois de trabalhar até de madrugada, a jovem April May esbarra numa escultura gigante. Impressionada com sua aparência — uma espécie de robô de três metros de altura —, April chama seu amigo Andy para gravar um vídeo sobre a aparição e postar no YouTube. No dia seguinte, a garota acorda e descobre que há esculturas idênticas em dezenas de cidades pelo mundo, sem que ninguém saiba como foram parar lá. Por ter sido o primeiro registro, o vídeo de April viraliza e ela se vê sob os holofotes da mídia mundial.
Agora, April terá de lidar com os impactos da fama em seus relacionamentos, em sua segurança, e em sua própria identidade. Tudo isso enquanto tenta descobrir o que são essas esculturas — e o que querem de nós.
Divertida e envolvente, essa história trata de temas muito relevantes nos dias atuais: como lidamos com o medo e o desconhecido e, principalmente, como as redes sociais estão mudando conceitos como fama, retórica e radicalização.

Resenha: April é uma jovem de vinte e poucos anos que mora em Nova York. Ela divide o apartamento com Maya, cujo relacionamento amoroso ela não assume de jeito nenhum, trabalha numa start-up que prefere manter anônima depois de ter assinado um contrato absurdo, se endividou fazendo faculdade de design, e assim vai levando sua vida.

Um dia, ao sair do trabalho de madrugada pra ir pra casa, ela se depara com uma estátua de três metros de altura que parece ter surgido do nada, bem no meio da rua. A escultura gigante, que é bem parecida com um Transformer, a deixou impressionada. Pra ela, que sempre gostou de belas-artes, se tratava de alguma obra de arte digna de admiração e amor, e, mesmo que fosse três horas da manhã, ela não hesitou em ligar para Andy, seu amigo da época da faculdade, para levar sua parafernália de audio visual ao local e gravarem uma "entrevista" para postarem no Youtube. Esta poderia ser a tão almejada oportunidade de Andy aparecer na internet, mas por ser mais carismática, April é quem conduz a entrevista enquanto ele fica responsável pela gravação e edição do vídeo.

No dia seguinte, April, que havia chamado o robô de Carl, descobre que várias outras esculturas apareceram em diversos lugares do mundo, e descobre também que, por ter feito o primeiro registro de um contato direto com o robô misterioso, o vídeo viralizou de tal forma que ela ficou famosa, e agora está sob holofotes da mídia e no mundo inteiro, ganhando dinheiro fácil, reunindo fãs - e, claro, haters também.

Assim, além de precisar lidar com a fama repentina e as consequências disso em sua vida e na vida das pessoas ao seu redor, April também se vê envolvida no mistério das aparições desses "Carls". E quando toda a humanidade começou a ter o mesmo sonho em que tudo parece ter a ver com essas figuras, April irá buscar respostas para o que elas são, e o que querem.

A história é narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista de April, e logo no início ela já deixa uma observação um tanto petulante, deixando claro para o leitor o quanto ela não é lá muito confiável e muito menos humilde.
Embora a premissa soe familiar, a história é conduzida de forma bastante satisfatória, principalmente quando começam a surgir questões que remetem a atualidade. Dessa forma, Carl, e todos os outros Carls, acaba sendo um elemento que aparece para desencadear os demais acontecimentos, fazendo com que alguns comportamentos e atitudes venham à tona, e mostrando as pessoas da forma como elas são de verdade e do que são capazes. O que ficou evidente pra mim foi a questão da reação das pessoas ao desconhecido, o quanto o medo desencadeado por aquilo que não se conhece pode afetar suas vidas, e como tais elementos combinados podem ser o estopim para unir a humanidade de uma forma bastante peculiar...

O autor também trabalha no polêmico tema envolvendo a fama de youtubers, o desespero de alguns para se tornarem famosos, terem milhões de visualizações, e, assim, ganharem dinheiro "fácil" somente para aparecer nessa plataforma, independente do que o vídeo trate, e como isso se torna um vício. A fama acaba subindo pra cabeça, a necessidade de atenção aumenta, a sensação de estar acima dos meros mortais também, e a presença de haters é um verdadeiro tormento, pois nem todos entendem que é impossível agradar todo mundo e que as pessoas podem - e devem - discordar das outras. Um ponto bem interessante sobre isso é que as pessoas começaram a ficar divididas entre April e um outro youtuber, Peter, que pensa diferente dela. Isso desencadeia uma enorme polarização entre o povo. Peter é intolerante, ele ataca com discursos de ódio, espalha mentiras, faz as pessoas sentirem medo criando pânico, acusa April de traidora, e, ainda assim, muitos o idolatram e estão ao seu lado lutando a seu favor em prol da destruição dos Carls que April tanto defende... Do lado de April temos os Sonhadores, pessoas que acreditam que os Carls estão alí para unir a humanidade e fazer o bem, e do lado de Peter, os Defensores, que acham que os Carls são verdadeiras ameaças que devem ser combatidas. Não é um mero acaso que isso tenha uma ligação nada sutil com a a Esquerda e a Direita na política, e como as pessoas escolhem seu lado com base no que se identificam, no acreditam e o que querem para o futuro.

Ainda dentro desse tema, o autor trabalha a inclusão das minorias, orientação sexual, raça, credo e afins, e como muitos são perseguidos, sofrendo com intolerância e preconceito com base no que são levados a acreditar. As pessoas são iguais, merecem respeito e devem ter os mesmos direitos e deveres que qualquer um, mas sempre existem aqueles que acreditam que são melhores e que suas causas estão acima de tudo e de todos, e quando são estimulados por determinados discursos, acabam se sentindo invencíveis e intocáveis, como se pudessem sair por aí fazendo o que querem, como querem...

April é uma protagonista bem difícil, e desde o início o revirar de olhos é inevitável. Acompanhamos seu processo de se tornar famosa, de precisar ter mais seguidores, da necessidade de ter mais visualizações e mais fãs clamando por ela, de lidar com opiniões contrárias e rejeição, e mesmo que ela fique obcecada em desvendar o mistério de Carl, ela acaba mostrando o quanto ela se torna irresponsável, egoísta, o quanto se distancia dos amigos e o quanto coloca o que pode ganhar em cima dos outros em primeiro lugar. E há um caminho razoavelmente longo até que ela caia em si.
Ela se acha "única", e seu "autoendeusamento" e carência extrema acerca da fama repentina que consegue é de matar qualquer um de preguiça, e pelo fato da narrativa partir do ponto de vista dela, não temos outra escolha a não ser engolir sua chatice e ver o mundo da forma como ela vê.

Enfim, o livro superou minhas expectativas e teve questões mais profundas e relevantes do que pensei. Não nego que existem, sim, algumas pequenas inconsistências e situações meio WTF na trama, mas a ideia de trazer reflexões acerca de um tema tão importante e atual, de forma leve e muito inteligente, é algo absolutamente fantástico.

Dentes de Dragão - Michael Crichton

25 de julho de 2018

Título: Dentes de Dragão
Autor: Michael Crichton
Editora: Arqueiro
Gênero: Sci-fi/Aventura
Ano: 2018
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em 1876, no inóspito cenário do Oeste americano, os famosos paleontólogos e arquirrivais Othniel Marsh e Edwin Cope saqueiam o território à caça de fósseis de dinossauros. Ao mesmo tempo, vigiam, enganam e sabotam um ao outro numa batalha que entrará para a história como a Guerra dos Ossos.
Para vencer uma aposta, o arrogante estudante de Yale William Johnson se junta à expedição de Marsh. A viagem corre bem, até que o paranoico paleontólogo se convence de que o jovem é um espião a serviço do inimigo e o abandona numa perigosa cidade.
William, então, é forçado a se unir ao grupo de Cope e eles logo deparam com uma descoberta de proporções históricas. Mas junto com ela vêm grandes perigos, e a recém-adquirida resiliência de William será testada na luta para proteger seu esconderijo de alguns dos mais ardilosos indivíduos do Oeste.

Resenha: Em Dentes de Dragão, do falecido autor Michael Crichton (o mesmo autor de Jurassic Park), temos uma história que se passa em 1876, no velho oeste selvagem, onde duas equipes partem em busca de fósseis de dinossauro. Marsh e Cope são famosos - e arquirrivais - paleontólogos que fazem o que for preciso para conseguir o que querem, mesmo que isso signifique sabotagem e guerra entre eles.
William Johson é um estudante de Yale, muito arrogante e dono de si, que se une a Marsh, mesmo acreditando que ele seja um completo lunático, nessa expedição a fim de vencer mais uma aposta, mas o que ele não esperava era que o paleontólogo ficasse convencido de que ele é um espião a serviço de Cope. William acaba sendo abandonado numa cidade perigosa até encontrar com a equipe de Cope e ser forçado a se unir a ela. Não demora muito até que eles façam uma grandiosa descoberta que entraria para a história, mas que desencadearia a própria Guerra dos Ossos.

Fiz uma pesquisa rápida e descobri que os dois paleontólogos que fazem parte da trama existiram, e a rixa entre eles serviu de inspiração para que a história fosse construída. Eis que o autor criou William Johson para protagonizar essa história, que envolve descobertas incríveis e está recheada de ação e aventura, mas acima disso, mostra seu amadurecimento e transformação pessoal. William é um jovem delinquente que sempre teve regalias e nunca precisou passar por perrengues na vida. Tudo pra ele era fácil ou levado sem a menor seriedade. Mas tudo muda quando William se encontra em meio ao velho oeste, longe da "civilização" a qual ele estava acostumado. Num mundo perigoso e sem leis, as experiências e os perigos que ele vive, a forma como ele protege os ossos descobertos, com lealdade a Cope e pensando na importância que aquilo teria para a ciência, acabam sendo responsáveis por fazer com que o rapaz tenha uma nova percepção do mundo, e que esse mesmo mundo não gira ao redor de seu umbigo.

Embora o autor tenha uma escrita ótima e muito fluída, senti que faltou um pouco de aprofundamento em algumas questões, mas nada que atrapalhe a compreensão ou a empolgação com a história. O livro é bem divertido e, mesmo que se passe num cenário do qual não sou muito fã, conseguiu me prender como nenhum outro me prendia há tempos. A sensação é de ser transportada para o século XIX em meio a muita terra, tiros, perseguições e bolas de feno rolando pelo caminho.

Um ponto super bacana acerca do livro é a ideia de como esse tipo de trabalho era feito pelos paleontólogos naquela época. Se hoje existem aparatos modernos e abuso da tecnologia para tais descobertas, antigamente ninguém podia contar com isso, o que torna a caçada um verdadeiro martírio.

A diagramação do livro também é ótima. Ele é dividido em três partes que separam bem a aventura vivida por William e a equipe. No início há o mapa dos EUA com todo o itinerário, da Filadélfia até Deadwood, percorrido pelo protagonista. A capa se manteve fiel a original e embora simples, é perfeita e condiz com a proposta da trama.

No mais, pra quem espera por algo próximo ao sucesso Jurassic Park, posso afirmar que esta aventura, embora brilhante, frenética e cheia de ação, é bem diferente. Não espere por velociraptores perseguindo ninguém, mas se prepare para grandes intrigas, tiroteios a se perder de vista, reviravoltas e várias confusões numa história fascinante à lá velho oeste.


Interferências - Connie Willis

19 de junho de 2018

Título: Interferências
Autora: Connie Willis
Editora: Suma de Letras
Gênero: Sci-Fi/Romance
Ano: 2018
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em um futuro não muito distante, um simples procedimento cirúrgico é capaz de aumentar a empatia entre os casais, e ele está cada vez mais na moda. Por isso, Briddey Flannigan fica contente quando seu namorado, Trent, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem — a ideia é que eles desfrutem de uma conexão emocional ainda maior, e que o relacionamento fique ainda mais completo. Bem, essa é a ideia. Mas as coisas acabam não acontecendo como o planejado: Briddey acaba se conectando com outra pessoa, totalmente inesperada. Conforme a situação vai saindo do controle, Briddey percebe que nem sempre muita informação é o melhor, e que o amor — e a comunicação — são bem mais complicados do que ela esperava. Mais complicado do que ela esperava.

Resenha: No embalo dos temas que envolvem o avanço tecnológico nas formas de interação e comunicação com os outros, a autora construiu uma história que aborda uma evolução a nível hard: num futuro não tão distante, a sociedade chegou num ponto onde é possível conectar casais através de uma cirurgia cerebral não invasiva para aumentar a empatia e para que se sintam mais próximos um do outro, podendo compartilhar seus sentimentos. Eles, literalmente, são capazes de sentir o que o outro está sentindo. E como toda novidade vira moda, todos os casais agora querem entrar na onda e se conectarem com seus parceiros para mostrarem como o amor é lindo e suas ligações são intensas.
Assim, Briddey acaba cedendo quando Trent, seu namorado, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem para potencializarem ainda mais a conexão emocional que possuem. O que ninguém esperava era que ela, sem querer, se conectasse a outra pessoa e, a partir daí, começasse a perceber que nem sempre o excesso do uso dessas modernidades é algo simples de lidar ou até mesmo benéfico para a vida, principalmente quando fica evidente que é impossível abrir mão desses recursos... A situação, claro, vai sair do controle e resta acompanhá-la para descobrir o que vai acontecer...

Narrado em terceira pessoa, o livro tem aquela pegada bem envolvente e descontraída ao mostrar um relacionamento comum, porém com o diferencial da tecnologia como fator chave para o desenvolvimento tanto da história como dos próprios personagens, ao mesmo tempo que acaba fazendo uma crítica social e inteligente sobre os malefícios da exposição e excesso do uso dos meios de comunicação. É impossível não nos colocarmos do lugar da protagonista, ou pelo menos não se lembrar de alguém que conhecemos, que passa pelos mesmos mau bocados absurdos e exagerados que ela. A cobrança e a impaciência pela espera de uma resposta que não chega, a dependência e a necessidade de se trocar mensagens com outra pessoa como se a vida dependesse daquilo.

A família de Briddey é um completo Deus nos acuda. Por prezarem pelo tradicionalismo, ai da filha que não seguir os passos que a mãe acha ser o melhor pra ela, inclusive se casar com um bom partido para garantir uma vida confortável, mesmo que aquilo não seja o que a fará feliz ou o que ela quer. Pior que sabemos que famílias tão intrometidas e invasivas como a de Briddey, que acham que podem tomar decisões pelos outros ou que suas opiniões são a verdade absoluta, existem a solta por aí em todo lugar do mundo. Eles não respeitam o espaço nem a privacidade da coitada/ e precisam saber de cada passo dado por todos. Isso, somado aos estilos engraçados e cativantes dos diversos personagens, rende alguns momentos de bom humor na trama, mas não deixa de ser incômodo, principalmente por ser algo que foge da ficção. O que acaba agravando a situação toda é que a protagonista não parece ter voz e aceita tudo o que lhe é imposto de forma muito fácil, ignorando o que ela mesma quer, e até o romance se torna algo surreal, forçado, clichê, e acaba não convencendo.

De forma geral, a premissa é interessante e aborda um tema relevante nos dias de hoje que é digno de reflexão, mas o desenvolvimento da história em si, as soluções que a autora encontra para resolver as coisas, as várias situações repetitivas, as reviravoltas que deixam várias pontas soltas, e o excesso de descrições e informações que parecem só estarem ali para aumentar a quantidade de páginas do livro e estendendo a história além do necessário, acabaram não me fazendo gostar tanto dele como eu imaginei que fosse. Não é um livro ruim, longe disso, mas uma enxugada no que estava sobrando seria algo bem-vindo.

Interferências é uma comédia romântica com toques de ficção científica que mostra como a era digital acaba por interferir - e substituir - o contato pessoal. A experiência com a leitura é válida e mesmo tendo seus pontos negativos é recomendada.


Ônix - Jennifer L. Armentrout

15 de janeiro de 2018

Título: Ônix - Lux #2
Autora: Jennifer L. Armentrout
Editora: Valentina
Gênero: Romance/Fantasia/Sci-Fi
Ano: 2016
Páginas: 416
Nota:★★★★★
Sinopse: Estar conectada a ele é uma droga!
Graças ao seu abracadabra alienígena, Daemon está determinado a provar que o que sente por mim é mais do que um efeito colateral da nossa bizarra conexão. Em vista disso, fui obrigada a dar um “chega pra lá” nele, ainda que ultimamente nossa relação esteja... esquentando.
Algo pior do que os Arum ronda a cidade.
O Departamento de Defesa está aqui. Se eles descobrirem o que o Daemon pode fazer e que nós estamos conectados, vou me ferrar. Ele também. Além disso, tem um garoto novo na escola que, tal como a gente, guarda um segredo. Ele sabe o que aconteceu comigo e pode ajudar, mas, para fazer isso, preciso mentir para o Daemon e ficar longe dele. Como se isso fosse possível!
Até que, de repente, tudo muda.
Vi alguém que não deveria estar vivo. E tenho que contar ao Daemon, mesmo sabendo que ele não vai parar de investigar até descobrir toda a verdade.
Ninguém é o que parece ser. E nem todo mundo irá sobreviver às mentiras.
Quer dizer, isso se eu não matar o cara primeiro.

Resenha: Ônix é o segundo livro da Saga Lux, escrito por Jennifer L. Armentrout e publicado pela Editora Valentina.

No final de Obsidiana, uma luta épica entre Daemon e os Arum acabou por ferir mortalmente Katy. Daemon, não vendo outra saída, não hesita em curá-la. Claro que ele faria isso de qualquer forma, acontece que dessa vez, ele a trouxe praticamente do mundo dos mortos. Seus ferimentos foram extensos, mas Katy lutou, e salvou e amiga Dee e seu irmão, e como consequência, sua vida acaba de mudar para sempre.

Ao curar Katy, Daemon modifica seu DNA, fazendo com que ela agora se torne uma Híbrida, em função disso ela começa a desenvolver poderes. De início ela nem percebe, coisas sutis como mover uma porta ou derrubar uma jarra de chá se parecem muito com acidentes normais, então ela segue a vida, achando que está normal.

Ela teve uma febre muito alta e foi internada no hospital onde sua mãe trabalha, lá ela conhece Will que a trata, a cura e acaba se envolvendo com a mãe da menina. Um envolvimento estranho, que incomoda Katy, mas ela coloca a culpa em seus ciúmes, por não querer que sua mãe substitua o pai, que o câncer havia levado.

O tempo passa e Blake, um aluno novo se encanta por Katy, e ela por ele já que ao que tudo indica, ao lado no novo amigo ela poderá ter momentos normais. Ledo engano. logo Blake se revela um Híbrido também, e um bem poderoso, que está disposto a ajudar Katy, a treiná-la e deixá-la preparada para enfrentar os Arum. Daemon é contra e bate pé que tem algo muito errado com Blake, mas essa menina ouve??? Não, claro que não né! Então muita confusão começa a se desenrolar.

Há a suspeita de que Dawson, irmão gêmeo de Daemon esteja vivo então ele e Katy em meio às rusgas, investigam alguns agentes do DOD a fim de descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Dawson e a namorada dele, que foram dados como mortos a quase dois anos. Katy está realmente aprendendo a usar seus novos poderes e está ficando mais poderosa do que o esperado! Dee está tão envolvida com seu romance do Adam que nem se dá conta de todos os perigos que a cercam.

Enfim, tem muita coisa acontecendo e se eu for começar a contar, vou longe falando aqui. Temos traições, mortes, intrigas, brigas, romance, superpoderes, descobertas e um monte de diálogos super divertidos, em especial entre o casal mais fofo da trama, Daemon e Katy. O romance entre eles ainda vai devagar, mas vai...vai chegar em algum lugar, se um lugar bom ou não, só lendo os próximos volumes pra saber, porque aqui a coisa ainda está morninha, morninha.

É uma leitura leve, agradável, que se desenvolve com grande fluidez, conhecemos personagens divertidos e cativantes. Somos apresentados a romances convincentes e amizades encantadoras. A narrativa nos envolve de uma maneira que quando percebemos, já fomos totalmente absorvidos pela leitura e sem notar, a terminamos. É uma leitura realmente recomendada para todos que gostam de romance, e uma pitada de Sci-fi.


Obsidiana - Jennifer L. Armentrout

3 de janeiro de 2018

Título: Obsidiana - Lux #1
Autora: Jennifer L. Armentrout
Editora: Valentina
Gênero: Romance/Fantasia/Sci-Fi
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota:★★★★★
Sinopse: Começar de novo é um saco.
Quando a gente se mudou para o interior, bem no início do último ano do colégio, eu já vinha me preparando para o sotaque caipira, o tédio, a internet lenta e um monte de chatices…Até dar de cara com o meu vizinho lindo, alto de dar tontura e com intimidantes olhos verdes. Hummm…os prognósticos estavam melhorando.
Até que…ele abriu a boca.
Daemon é irritante. Arrogante. Dá vontade de matar. A gente não se dá bem. Não mesmo. Mas, quando um caminhão quase me transforma em panqueca, o garoto literalmente congela o tempo com um aceno de mão e aí, bom, algo inesperado acontece.
O alien gato (meu vizinho) tem poderes!!!
Você me ouviu bem. ALIEN! A verdade é que ele e a irmã têm uma galáxia de inimigos que querem roubar seus poderes. O rastro que deixou em mim brilha como árvore de natal e isso não é nada bom. O único jeito de sair viva dessa é ficar colada em Daemon até a magia alienígena desaparecer.
Quer dizer, isso se eu não matar o cara primeiro.

Resenha: Obsidiana é o primeiro volume da Saga Lux, escrito por J. Lynn e publicado pela Editora Valentina. No Brasil já foram publicados quatro livros e o quinto e último, segundo informação da Editora, será publicado esse ano, mas ainda sem mês definido.

Quando Katy se mudou para West Virginia (ou West "Deus me livre" Virginia, segundo ela) sua única preocupação era arrumar a bagunça de sua casa, desencaixotar tudo e atualizar o blog literário: Katy's Krazy Obsession. Já gostei dela, uma aficionada por livros e blogueira assumida. Sua mãe resolveu recomeçar, mudando para bem longe da Flórida, onde viviam as duas com o pai da menina. Ele porém, havia falecido, vítima do câncer três anos antes, deixando as duas sozinhas. Então, recomeçar em um lugar completamente diferente, onde não havia sequer um Shopping era uma boa, certo? Até que Katy resolveu, incentivada por sua mãe, bater na porta dos seus vizinhos que pelo que sabia, deveriam ter a mesma idade dela.

Qual não foi a surpresa da garota quando um rapaz lindo, aliás o mais lindo que ela já havia visto na vida abriu a porta, sem camisa, com olhos verdes que não poderiam ser humanos, uma atitude arrogante e...já falei que o cara é lindo??? Pois é, mas aí ele abriu a boca e ela decidiu que não tinha outra coisa a fazer a não ser odiar o garoto com todas as suas forças. A atitude arrogante se mostrou maior do que antes, ele é grosseiro com ela, sem motivo aparente e não faz questão de esconder isso.

Daemon, o cara lindo porém insuportável tem uma irmã gêmea, Dee, que faz amizade imediatamente com Katy, as duas se identificam de cara, só que o irmão da menina não vai aceitar tal amizade e vai fazer de tudo para afastar as meninas, sem sucesso, contudo consegue incomodar e não é pouco.

O tempo passa, as meninas se tornam melhores amigas, Katy e Daemon brigam cada vez mais, alternando momentos mais amenos, porém, sempre que pode, o cara é insuportável, Katy o odeia, o acha lindo com sua boca totalmente beijável (palavras dela), o odeia mais um pouco....

Paralelo à isso, coisas estranhas acontecem, Daemon e Dee parecem fazer coisas impossíveis, até que enfim Katy descobre que seus vizinhos são alienígenas. São feitos de luz e tem poderes e quando eles fazem alguma coisa grande, liberam um rastro que permanece nos humanos que estão com eles, coisas como parar um caminhão que quase atropela Katy por exemplo, então agora a menina tem o tal rastro e o único jeito de ficar segura é ficando sempre junto do Daemon, porque os Arum, que são inimigos naturais dos Luxen vão encontrar, e matar qualquer um que tenha o tal rastro. Além disso, ela tem que manter segredo sobre o que sabe dos amigos, pois existe uma espécie de agência do governo, conhecida por DOD que cuida e controla os Luxen e os Arum e eles não admitem que humanos saibam da existência dos ET's. Os que sabem, somem.

Enfim, em meio às brigas do Daemon e da Katy, que pra mim é sempre o ponto alto da leitura, eles têm que fugir dos Arum, se esconder do DOD, administrar esse caso de amor e ódio entre os dois, viver normalmente frequentando a escola, ter uma vida social, sem morrer e sem se deixar descobrir e nossa...facilmente se tornou a minha leitura favorita! Não vou negar que estou relendo esse livro, pela terceira vez e obviamente, já estou indo para o segundo.

É uma leitura fácil, que flui maravilhosamente bem, traz diálogos super divertidos, leves e descontraídos. Os personagens são bem construídos e apaixonantes, os cenários bem desenvolvidos e o romance que se desenvolve cresce devagar, como tem que ser e realmente convence. É uma leitura daquelas que começamos meio que por começar e quando vemos terminou, de tão prazerosa que é.

Inesquecível - Jessica Brody

15 de junho de 2017

Título: Inesquecível - Unremembered #1
Autora: Jessica Brody
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: YA/Sci-Fi
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Após um acidente aéreo, uma garota é encontrada ilesa e sem memória em meio aos destroços em pleno oceano Pacífico. Ela não estava na lista de passageiros da aeronave e seu DNA e suas impressões digitais não são reconhecidos em nenhum lugar do mundo. Sua única esperança é um garoto estranho e sedutor que afirma conhecê-la. E que eles eram apaixonados um pelo outro. Mas será que ela pode confiar nele para recuperar seu passado e descobrir quem ela realmente é?

Resenha: Uma jovem é encontrada ilesa em meio aos destroços após a queda de um avião cheio de passageiros. Ao acordar, a única sobrevivente do trágico acidente não se lembrava de nada. A garota, que aparentava ter dezesseis anos, não sabia seu nome, pra onde ia ou o que estava fazendo alí. A única coisa que ela queria era que alguém a reconhecesse e fosse ao seu encontro, mas isso não aconteceu. Sem registros no sistema e sem informações sobre ela em lugar nenhum, ela passou a ser chamada de Violet e foi encaminhada a um lar adotivo e temporário onde foi acolhida pelo casal Heather e Scott, e seu filho de treze anos, Cody. Violet só quer seguir em frente, sem muitas esperanças de que sua memória volte, ou até que um parente a procure. Porém, coisas estranhas começam a acontecer com ela, que se vê capaz de fazer coisas que uma pessoa comum não faria, além de começar a acreditar que está sendo perseguida. Quando Zen vai ao seu encontro e alega não só conhecê-la, mas que eram apaixonados antes do acidente acontecer, os mistérios que a cercam parecem só aumentar. Descobrir que seu nome na verdade é Seraphina, e que a verdade sobre seu passado e sobre quem ela é talvez não seja algo muito bom, vai virar sua vida de cabeça pra baixo.

Narrado em primeira pessoa e dividido em três partes, a escrita da autora é bastante fluída e instiga o leitor a querer desvendar o mistério que cerca a protagonista, mesmo que sua forma de detalhar e interpretar os acontecimentos seja um tanto dramática e literal, o que já se torna um ponto um pouco suspeito.
Porém, embora a história tenha uma premissa interessante, não fui convencida pela forma como foi desenvolvida. Aquele velho clichê de "garota desmemoriada em busca por respostas" já foi explorado a ponto de beirar a exaustão e alguns "furos" com relação às coisas que ela sabe ou não sabe me incomodaram. Basicamente ela só se lembra das necessidades básicas que todo ser humano tem, então pra mim não fez muito sentido ela saber o que são coisas como mar, céu e estrelas, quando não se lembra e não sabe o que é um avião.
O que acabei encontrando foi um romance sci-fi sem maiores aprofundamentos na parte científica da coisa, pois o romance que é bem artificial, ao meu ver, deveria ficar em segundo plano e servir como mero complemento, acaba funcionando como impulso para as coisas caminharem. Eu gosto de romances desde que se encaixem com a proposta, e não vejo como numa história que, teoricamente, deveria abordar a tecnologia, a ciência e afins possa dar mais espaço ao desenvolvimento de um relacionamento esquisito quando há coisas mais sérias e urgentes pra se tratar. Chegou a um ponto onde eu já saquei qual era o lance sem que houvesse necessidade de me prender a teorias relacionadas à protagonista ou ao papel de Zen em sua vida.
O que posso afirmar que realmente gostei muito na história foi o papel de Cody, o irmão adotivo e muito nerd de Violet/Seraphina que foi o responsável pelos toques de bom humor e sarcasmo

Reconheço que a história não é ruim. Há todo aquele ritmo intenso, com algumas cenas cujas situações são realmente surpreendentes e envolventes à sua própria maneira. Embora não seja complexa e nem carregada de profundidade, algumas questões reflexivas sobre os reais fatores que tornam alguém humano são levantadas, mas não chega a ser um livro super memorável, principalmente quando há opções melhores do gênero para se investir.

O Ceifador - Neal Shusterman

13 de junho de 2017

Título: O Ceifador - Scythe #1
Autor: Neal Shusterman
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia/Sci-fi/YA
Ano: 2017
Páginas: 448
Nota:★★★★★
Sinopse: Primeiro mandamento: matarás.
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

Resenha: 2042 foi um marco na história e desde então as pessoas pararam de contar os anos por não haver mais necessidade... Os continentes foram renomeados, a capacidade computacional se tornou infinita e humanidade descobriu tudo o que havia para ser descoberto. Fome, miséria, desigualdade social, criminalidade, guerras, doenças e até mesmo a morte foram superadas. As pessoas não aparentam mais a idade que têm já que podem rejuvenescer, há nanitos no sangue de todos para que feridas possam ser curadas quase que instantanamente, e aquelas que morrem acidentalmente passam por um processo para reviverem, logo as taxas de suicídios e assassinatos foram reduzidas a zero. Não existe mais um governo que dita regras ou que possa ser ineficiente ou corruptível, e todo o controle é feito pela Nimbo-Cúmulo, a antiga rede digital de inteligência artificial chamada "nuvem", um sistema que ganhou consciência e além de ter uma memória com todas as informações que existem com acesso livre para quem quiser pesquisar, igualou a sociedade no que diz respeito as classes, soluciona qualquer problema independente do que seja para melhorar a vida das pessoas e preservar o planeta, e transformou em realidade a tão sonhada utopia. A única interferência que a Nimbo-Cúmulo não faz é na morte das pessoas por envolver questões morais, coisas que um computador, por mais evoluído que seja, não poderia ter. Por esse motivo existe a Ceifa, onde os ceifadores seguem dez mandamentos e são os únicos responsáveis por "coletar" a vida das pessoas que se encaixam em determinados perfis de acordo com alguma estatística de morte que existia na Era da Mortalidade como forma de limitar a população para que não haja um crescimento descontrolado e desproporcional ao que a Terra comporta. A sociedade vive na Era da Imortalidade pois se não fosse o trabalho dos ceifadores, todos seriam imortais.
As pessoas entendem que as coletas são uma necessidade e aprenderam a aceitá-las, respeitando - e também temendo - os ceifadores, já que a aparição de algum deles indicava que alguém alí do local iria morrer, sem chance de escapatória. Algumas pessoas ainda não aceitam e lutam contra o ceifador quando precisa ser coletadas (e sofrem as consequências disso), outras os ignoram acreditando que seriam igualmente ignoradas, e outras pessoas lhes dão benefícios ou fazem várias doações acreditando que assim conseguirão alguma imunidade, mas os únicos que realmente estão livres de serem coletados são os próprios ceifadores.
Neste cenário conhecemos Citra e Rowan. Citra é uma garota de dezesseis anos que vive na cidade e leva uma vida confortável com sua família sempre unida. Rowan tem a mesma idade, mora no subúrbio e é bastante solitário ao conviver com a família grande mas sempre indiferente aos que ele faz ou sente.
Nenhum dos dois nunca tiveram interesse em serem ceifadores, essa é a única coisa que eles tinham em comum, mas esse é o primeiro requisito para serem escolhidos como aprendizes de um... E é isso o que acontece quando o honorável Ceifador Faraday aparece em suas vidas de forma inusitada. A família de cada um recebeu imunidade por um ano e eles foram levados de suas casas para começarem a aprender a arte da coleta, mesmo que, inicialmente, fosse contra as suas vontades. Eles seriam adversários e ao final do treinamento, somente um deles seria escolhido para receber o título de Ceifador.
Tudo parecia funcionar bem, até que um grupo de ceifadores extravagantes começa a fazer coletas em massa, de forma autoritária, sádica e sem piedade alguma, deixando claro que eles estão manipulando os dez mandamentos...

Narrado em terceira pessoa, a história instiga a curiosidade do leitor sendo impossível pausar a leitura. O enredo é bastante original, com detalhes e explicações que tornam o cenário de forma geral bastante plausível e a escrita do autor é ótima e muito empolgante, com detalhes e acontecimentos na medida certa para tornar tudo muito fluído e dinâmico.

A construção dos personagens é incrível e o contraste entre eles, os tornando tão diferentes entre si, é o que os faz combinar tão bem como um time. Citra é uma jovem bastante competitiva, de humor ácido e acaba querendo ser escolhida por acredtar que deve vencer, e Rowan já não se importa muito com o que os outros pensam e tanto faz pra ele se for ou não escolhido. Ele é altruísta e muitas vezes fala o que os outros querem ouvir para evitar problemas. A experiência com Faraday muda suas formas de pensar, fazem com que eles amadureçam e vejam as coisas através de um novo olhar. Há um romance beeem sutil acontecendo mas, apesar de fofo, não é o elemento principal.
O ponto alto com relação aos dois é que o treinamento evidencia o caráter deles, colocando suas dignidades à prova, mostrando quem eles são na realidade quando eles precisam encarar a morte de forma tão íntima e pessoal. E isso não se aplica somente aos protagonistas, mas aos demais ceifadores, muitos deles assustadores, que estão "acima da lei". Aquele ditado que diz mais ou menos assim "Se quer conhecer bem uma pessoa, dê poder a ela" faz todo o sentido do mundo aqui...

Outro ponto muito interessante que pude perceber foi a forma que o autor usa pra abordar o ofício de ceifador, como eles reconhecem a importância do que fazem e como lidam com o fato de serem os responsáveis pela morte alheia, e não apenas isso, mas também sobre como o comportamento das pessoas muda evidenciando o interesse e até o oportunismo quando elas querem ter vantagens e ganharem algo só por estarem próximas de alguém com alguma influência e poder.

Os mandamentos do ceifador
1. Matarás
2. Matarás sem discriminação, fanatismo ou pensamento premeditado.
3. Concederás um ano de imunidade aos entes queridos daqueles que o receberem e a todos que considerar dignos.
4. Matará os entes queridos daqueles que resistirem.
5. Servirás a humanidade durante todos os dias de tua vida, e tua família receberá imunidade como recompensa enquanto viveres.
6. Levarás uma vida exemplar em palavras e atoa, e registrarás todos os teus dias em um diário.
7. Não matarás nenhum ceifador além de ti.
8. Não reclamarás nenhuma posse material além de teus mantos, teu anel e teu diário.
9. Não terás cônjuge nem filhos.
10. Não seguirás nenhuma lei além destas.

Ao final de cada capítulo podemos ler os relatórios feitos por alguns ceifadores, e através deles é que encontramos explicações - e até questionamentos - para entendermos como e porquê o mundo chegou no estado em que está. Eu gostei bastante desse artifício usado para situar o leitor ao cenário pois dessa forma os personagens ficam isentos de "perderem tempo" explicando detalhes e o foco recái sobre suas personalidades e suas atitudes frente a nova jornada de aprendiz em que estão.

O Ceifador foi um livro que entrou pra lista de melhores leituras que já tive até então. Ele é capaz de fazer com que as pessoas possam refletir sobre a morte de forma única e sem nenhuma complexidade, pois consegue mostrar um outro lado que muitos jamais poderiam imaginar, mas também levantando perguntas sobre as motivações da humanidade, agora estagnada, para se levar uma vida longa quando não há mais nada pra se ver, aprender ou pra onde evoluir. Há uma grande diferença entre viver e somente existir...
A morte foi vencida e se tornou uma opção, mas ainda é necessária em nome da sobrevivência da humanidade. Logo, ter a vida de alguém nas mãos é uma questão de poder ou de moralidade?


Crave a Marca - Veronica Roth

23 de fevereiro de 2017

Título: Crave a Marca - Crave a Marca #1
Autora: Veronica Roth
Editora: Jovens Leirores/Rocco
Gênero: Fantasia/YA/Sci-Fi
Ano: 2017
Páginas: 480
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Num planeta em guerra, numa galáxia em que quase todos os seres estão conectados por uma energia misteriosa chamada "a corrente" e cada pessoa possui um dom que lhe confere poderes e limitações, Cyra Noavek e Akos Kereseth são dois jovens de origens distintas cujos destinos se cruzam de forma decisiva. Obrigados a lidar com o ódio entre suas nações, seus preconceitos e visões de mundo, eles podem ser a salvação ou a ruína não só um do outro, mas de toda uma galáxia. Primeiro de uma série de fantasia e ficção científica, Crave a marca é aguardado novo livro da autora da série Divergente, Veronica Roth, que terá lançamento simultâneo em mais de 30 países em 17 de janeiro, e surpreenderá não só os fãs da escritora, mas também de clássicos sci-fi como Star Wars.

Resenha: Crave a Marca é o primeiro volume da série homônima escrita pela autora Veronica Roth (da trilogia Divergente), publicado no Brasil pela Editora Rocco.

O enredo se passa no espaço, em meio a uma galáxia cercada pelo fluxo da Corrente. A corrente é uma energia que interliga todos os seres existentes, dando inclusive dons especiais às pessoas de acordo com suas personalidades e originando profecias inevitáveis, chamadas de Fortunas. O planeta principal é Thuve, o planeta do gelo, e ele é dividido em duas nações que estão em guerra: os Shotet e os Thuvesitas.
Os thuvesitas residem em Thuve desde os primórdios e são habitantes pacíficos, mas agora enfrentam os shotet que são hostis e decidiram fazer do planeta sua moradia depois de várias explorações e querem ser reconhecidos como uma nação.

Akos Kereseth é um thuvesita, filho de um oráculo que prevê o futuro, e devido a uma profecia, ele e o irmão, Eijeh, acabam sendo sequestrados e obrigados viverem entre seus rivais a mando de Rizek, governante de Shotet e irmão de Cyra, e isso já é motivo suficiente para que o ódio sempre esteja entre eles.

Cyra Noavek é uma shotet. Ela descende de uma família rica e poderosa e seu pai é o imperador. A corrente se manifestou nela dando-lhe o dom de sentir e causar dor em quem tocar, e ela é temida pelo povo já que seu irmão tirano não hesita em usá-la como arma de tortura quando lhe convém.

Embora a sociedade esteja dividida em todos os sentidos, o destino se encarregou de cruzar os caminhos dos dois jovens quando Akos é obrigado a servir os Noavek. Mesmo em lados opostos, eles começam a se conhecer melhor e descobrem que têm muito em comum. Assim, ambos irão formar uma aliança improvável a fim de não só superarem suas diferenças, mas lutarem pela liberdade da nação, mesmo que suas escolhas possam ser interpretadas como traição contra seus povos.
E essa união pode ser a salvação ou a ruína da galáxia...

O resumo que fiz do enredo parece simplificar bastante o conteúdo, mas pra chegar nesse entendimento foi bastante difícil... E já explico o motivo...
Enquanto alguns conseguiram enxergar semelhanças com Star Wars, talvez devido à corrente (que seria algo próximo da Força que rege o universo), eu só conseguia lembrar do filme Avatar e a forte ligação que os Na'vi, aquele povo azul de três metros de altura, tem com a mãe natureza, porém com o diferencial de que, em Crave a Marca, além de ter outros elementos presentes na trama, os nomes dos personagens e os demais termos são muito mais estrambólicos e difíceis de serem pronunciados. Mesmo que ao final do livro exista um guia de pronúncia e um glossário muito úteis, é um suplício interromper a leitura a cada palavra estranha que encontramos para ir consultá-la a fim de saber do que se trata ou como se fala. Isso dificultou um pouco a fluidez da leitura pois a impressão que tive é que não soaram naturais a ponto de eu não conseguir associar a quem ou o quê o tal nome pertencia, e isso foi um problema pra eu conseguir absorver a história da forma como eu esperava, por mais que ela seja muito boa no geral. E unindo isso a complexidade da sociedade a qual somos jogados a sensação é de que estamos perdidos e sem rumo. Também penso que a mesma história poderia ter sido contada utilizando de uma outra ambientação, talvez até outra época, sem que isso fizesse alguma diferença, principalmente no que diz respeito a alguns detalhes que parecem estar alí só pra enfiar mais informações no leitor e deixá-lo ainda mais saturado e confuso.
Levando esses pontos em consideração, posso dizer que o começo da história é tedioso e arrastado devido a essa enorme quantidade de informações complexas que nos são dadas sem a menor preocupação em explicar direito o que são ou o real motivo de estarem alí, e talvez isso tenha sido um fator que tenha feito alguns leitores perderem a paciência e abandonarem o livro, e até não terem curtido, mas, pelo menos no meu caso, percebi que a leitura foi ganhando uma guinada e realmente tive curiosidade para insistir e descobrir o que viria a seguir pois as coisas foram, sim, ficando um pouco mais interessantes.

Os capítulos se alternam entre os protagonistas e isso acaba tornando o enredo bem mais dinâmico do que parece. Enquanto a narrativa é feita em primeira pessoa nos capítulos destinados a Cyra, os de Akos são em terceira pessoa, mas, ainda assim, a visão que o leitor tem acerca dos acontecimentos e sobre o que se passa com ambos é bastante ampla.

Eu gostei da construção dos protagonistas. Cyra é uma personagem complexa e até dificil de ser decifrada e pode não conquistar logo de cara apesar de se tornar um grande modelo de empoderamento feminino ao longo de sua jornada. Seu poder, muito perigoso por sinal, é algo que já deixa o leitor com a pulga atrás da orelha por imaginar que dalí nada de bom poderia sair, mas de forma geral, ela não deixa totalmente a desejar. Imagine o quão difícil deve ser possuir o dom da dor? Tanto de sentí-la constantemente quanto proporcionar isso aos outros, mesmo que eles pudessem morrer, com um simples toque?
Akos é um jovem bondoso, altruísta e procura enxergar o melhor nas pessoas, por mais que sofra com a guerra. O poder dele é essencial, pois seu dom é capaz de anular os outros poderes, e consequentemente sua presença na vida de Cyra se tornou um alívio pra ela.
Ambos são autênticos, dinâmicos e precisavam lidar com os próprios conflitos pessoais para que pudessem crescer. O ódio que eles tinham um pelo outro no início se transforma em amizade devido a situaçao em que se encontram, e com o passar do tempo eles começam a enxegar além do que inicialmente julgavam. Há um equilíbrio no relacionamento que eles passam a cultivar de forma que eles se completam e se beneficiam de forma recíproca, o que foi bastante compreensível e até importante para o desenrolar dos fatos.
Os personagens secudários também são muito bem explorados e a história é impulsionada devido a relação de todos eles.

A simplicidade da capa, que ao mesmo tempo é bastante sugestiva com a questão da marca, me agradou bastante. A diagramação é simples, os capítulos são numerados seguidos do nome do personagem, as páginas amarelas e não encontrei erros na revisão. No início podemos conferir um mapa a fim de ficarmos por dentro da localização de cada planeta que pertence a galáxia criada pela autora.

Enfim, senti que faltaram explicações pra vários pontos, informações sobre outros, mas assim como qualquer outro livro de série cuja história seja complexa e tenha elementos de peso, o primeiro volume serve mais como uma introdução do que está por vir, então o que me resta é aguardar ansiosa pela continuação e torcer para que o que vem a seguir seja mais claro e completo para fluir melhor. De qualquer forma, eu gostei da história e recomendo.


O Gene - A.G. Riddle

6 de fevereiro de 2017

Título: O Gene - Atlântida #1
Autor: A.G. Riddle
Editora: Globo Alt
Gênero: Sci-Fi/Ação
Ano: 2016
Páginas: 568
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em uma expedição na costa da Antártida, pesquisadores encontram uma misteriosa estrutura enterrada em um iceberg. A milhares de quilômetros dali, na Indonésia, a Dra. Kate Warner pesquisa a cura para o autismo em crianças através de experiências genéticas. Quando essas crianças são sequestradas, um agente de segurança altamente habilitado acredita ter encontrado uma ligação entre esses dois fatos e busca desvendar uma conspiração global que ameaça toda a humanidade.

Resenha: O Gene é o primeiro volume da trilogia Atlândida escrita pelo autor A.G. Riddle e publicado pelo selo Globo Alt.

A história começa com uma expedição na costa da Antárdida onde uma misteriosa estrutura é encontrada sob um iceberg por alguns pesquisadores.
A milhares de quilômetros dalí, em Jacarta, na Indonésia, a geneticista Kate Warner está trabalhando incansavelmente num projeto envolvendo experiências genéticas em busca da cura para o autismo, mas ela acaba descobrindo algo tão grande que seria perigoso caso fosse revelado. Por mais que sua descoberta fosse um grande passo para o próximo estágio da evoluçao genética, ela também pode ser o motivo da extinção da maior parte da humanidade. Devido a isso, Kate é levada à organização Imari International e lá conhece David Vale, um agente da Clocktower que combate o terrorismo mas que é suspeita de ter ligações com aqueles a quem ele deve combater, principalmente quando duas crianças são sequestradas e tudo leva a crer que a Imari está envolvida. Assim, os dois se unem e partem numa jornada frenética em busca de respostas.

A história se inicia de forma um pouco confusa, apresentando alguns fatos desconexos e aparentemente sem muito sentido, o que é comum para o gênero. A narrativa é feita em terceira pessoa e a trama vai se desenrolando gradualmente e de forma bem fluida, abordando fatos - a maioria relacionados a História e a Ciência -, e apresentando personagens que, inicialmente, parecem não possuir conexão, mas que acabam fazendo parte de uma enorme e complexa teia de conspirações globais que possuem um ar de realismo tão grande que parece ir além da ficção. Inclusive a escrita do autor faz com que as cenas sejam visualizadas como se estivéssemos assistindo um filme.
Embora a história seja complexa e com um alto nível de informações que requerem bastante atenção, não há dificuldade no entendimento, e o ritmo constante dos acontecimentos colaboram para uma leitura rápida, fazendo com que suas quase 600 páginas, que podem assustar de início, passem voando.
Há muitos momentos de tensão que nos tiram o fôlego, os diálogos são inteligentes, os personagens para se amar e odiar estão alí e são bem construídos, e o dinamismo da trama fazem da história algo impossível de se largar.
Como todo bom enredo que envolve ação, aqui o leitor se depara com protagonistas que, embora ainda não tenham plena ciência da gravidade do que está acontecendo e pareçam estar perdidos até certo ponto, eles estão em busca de respostas e acabam se metendo em situações muito perigosas dignas de produções de Hollywood (e sim, os direitos do livro já foram adquiridos para uma adaptação cinematográfica).

Pra quem é fã de Dan Brown (Ponto de Impacto é a obra mais parecida) ou curte livros de ficção científica com aquela pegada de ação, mistério e suspense, e que convidam o leitor a descobrir as respostas para as questões levantadas junto com os personagens, O Gene é leitura que surpreende e é mais do que recomendada.
Ansiosa pelo próximo volume, A Praga.

A Passagem - Justin Cronin

5 de fevereiro de 2017

Título: A Passagem - A Passagem #1
Autor: Justin Cronin
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção científica
Ano: 2010
Páginas: 816
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Primeiro, o imprevisível: a quebra de segurança em uma instalação secreta do governo norte-americano põe à solta um grupo de condenados à morte usados em um experimento militar. Infectados com um vírus modificado em laboratório que lhes dá incrível força, extraordinária capacidade de regeneração e hipersensibilidade à luz, tiveram os últimos traços de humanidade substituídos por um comportamento animalesco e uma insaciável sede de sangue. Depois, o inimaginável: ao escurecer, o caos e a carnificina se instalam, e o nascer do dia seguinte revela um país – talvez um planeta – que nunca mais será o mesmo. A cada noite, a população humana se reduz e cresce o número de pessoas contaminadas pelo vírus assustador. Tudo o que resta aos poucos sobreviventes é uma longa luta em uma paisagem marcada pelo medo da escuridão, da morte e de algo ainda pior. Enquanto a humanidade se torna presa do predador criado por ela mesma, o agente Brad Wolgast, do FBI, tenta proteger Amy, uma órfã de 6 anos e a única criança usada no malfadado experimento que deu início ao apocalipse. Mas, para Amy, esse é apenas o começo de uma longa jornada – através de décadas e milhares de quilômetros – até o lugar e o tempo em que deverá pôr fim ao que jamais deveria ter começado. A passagem é um suspense implacável, uma alegoria da luta humana diante de uma catástrofe sem precedentes. Da destruição da sociedade que conhecemos aos esforços de reconstruí-la na nova ordem que se instaura, do confronto entre o bem e o mal ao questionamento interno de cada personagem, pessoas comuns são levadas a feitos extraordinários, enfrentando seus maiores medos em um mundo que recende a morte. .
Resenha: A Passagem é um livro que surgiu como um pedido de uma filha, que desejava ver uma personagem feminina salvando o mundo. Atendendo a esse pedido, Justin Cronin deu início a esssa trilogia.

Testes laboratoriais com um vírus foram feitos em prisioneiros sentenciados a morte, e quando tudo saiu de controle, uma dizimação da raça humana começou. A partir disso, as pessoas infectadas começaram a se tornar criaturas com dentes pontiagudos, mãos e pés em formas de garras, aversão à luz e sede por sangue. A realidade que conhecemos acabou ali, dando lugar a quase extinção da humanidade. É dado início ao Ano 0, o que marca uma nova Era no mundo.

Cerca de sete décadas depois a história retrata um grupo de sobreviventes que residem numa Colônia. Lá eles vivem com a proteção de muros altos, vigilância vinte e quatro horas e refletores que são ligados toda noite, para espantar os virais. Só que sem comunicação com o mundo externo, os moradores dali vivem com a incerteza do que há lá fora. As baterias que sustentam o lugar não durarão para sempre, e em algum momento as luzes podem se apagar, banhando tudo em escuridão e morte. A chegada de uma andarilha até eles se torna a peça chave para que Peter, Alicia, Maus, Michael, Hollis, Sara e Caleb saiam dali em busca de respostas e esperança de sobrevivência.

A Passagem, que foi lançado em 2010, é o livro de estreia de Justin Cronin. A história conta com mais de oitocentas páginas e é uma viagem surpreendente por um mundo apocalíptico. De uma maneira gradativa e com uma escrita bem detalhada, que por vezes soa poética de tão bom o modo que as palavras são colocadas, o autor conseguiu criar uma trama capaz de submergir o leitor naquilo até o final. De acordo com Stephen King, a leitura dessa história faz com que você esqueça completamente o mundo que conhece. Ele não está errado.

O começo é bem lento, mas levando em conta o tema do livro, essa lentidão se faz necessária para que nenhum detalhe seja perdido. A personagem Amy é uma criança inocente que não vive em condições sócio econômicas muito boas e com uma sucessão de fatos ela acaba se tornando uma cobaia para testes do vírus, juntamente com outros doze prisioneiros. Cronin mostrou grande preocupação quanto à construção de cada um deles, mas uma atenção especial foi dada à Amy e Carter, que têm suas vidas contadas e desempenham papéis importantes na trama.

Dividido em partes, a história conta com uma grande passagem de tempo. A Colônia é onde boa parte do enredo se passa e os personagens que fazem parte daquela comunidade são louváveis e inesquecíveis. Soa clichê, mas boa parte dos pontos positivos são por causa deles, que foram bem construídos e são muito críveis. Em maio a paisagens desérticas, cidades arruinadas e virais sedentos por sangues, a história se torna mais interessante porque os protagonistas são, sem exceção, dignos de toda honra.

O que diferencia A Passagem dos outros livros de ficção é a forma com que Cronin leva o leitor para conhecer um mundo novo  e desconhecido. Apesar de não ser tão "novo" um enredo sobre seres que matam por sede de sangue, a história que está por trás de tudo isso é bem elaborada. O suspense é dado na medida certa e a trama passa por vários estágios e lugares, sendo uma verdadeira viagem com muita ação e aventura. Com personagens reais e um enredo de tirar o fôlego, A Passagem é o tipo de leitura que, de tão boa, te faz fechar os olhos e sentir que faz parte daquilo tudo.

Órfão X - Gregg Hurwitz

20 de janeiro de 2017

Título: Órfão X
Autor: Gregg Hurwitz
Editora: Planeta de Livros
Gênero: Sci-Fi/Ação
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando garoto, Evan Smoak foi recrutado no orfanato onde vivia para fazer parte de um programa americano ultrassecreto. Rebatizado de Órfão X, ele foi treinado para ser um exímio assassino e enviado aos piores lugares do mundo para missões que ninguém mais conseguia executar. Depois de longos anos de atividade, Evan deixa o programa e usa as habilidades de agente secreto para “desaparecer” e viver para um único propósito, agora sob o codinome de “Homem de lugar nenhum”: salvar e proteger pessoas pobres e indefesas como ele havia sido. No entanto, seu passado de matador sangrento passará a assombrá-lo e também a seus protegidos. Alguém tão bem treinado quanto ele – talvez um ex-colega de programa?– está na sua cola, para tentar eliminá-lo.

Resenha: Órfão X conta a história de Evan, um homem que foi treinado para ser um espião. Ele, que está acostumado a muitas identidades e metamorfoses, vive uma vida clandestina, mas com muitos luxos. Depois de decidir pelo anonimato para ajudar pessoas comuns, ele descobre estar sendo perseguido e um inimigo poderoso tentará eliminá-lo a todo custo.

O enredo criado por Gregg Hurwitz é muito semelhante a um filme de ação: cenas dinâmicas, diretas e uma narrativa recheada de descrições de lutas e tensão. O personagem principal, o assassino de aluguel, tem sua história contada em capítulos alternados entre o passado, quando se tornou um membro do programa Órfão, e o presente, onde abandonou isso para ajudar aos outros. Após salvar Morena, uma jovem latina que estava enrascada num problema, o homem passa seu número de telefone a ela e a instrui a passar o contato a alguém que necessite de algum tipo de socorro. Deste modo, Evan passa a ajudar uma outra pessoa, e essa nova missão faz com que, além de proteger, ele precise fugir também.

Há uma breve explicação sobre as origens de Evan, mas não é tão aprofundado, já que o foco está na ação e nas situações vividas pelo protagonista em busca de justiça. Um romance pequeno surge como uma pequena chama que se acende e apaga rapidamente. É notável que o enlace de Evan com uma personagem feminina foi necessário para dar um toque diferente ao conjunto, já que o envolvimento cativa e serve como gancho para mais ação.

Órfão X é o que podemos considerar um bom roteiro para um filme. Diferente de alguns livros, que usam a ação misturada ao romance, aqui temos em pouco mais de trezentas páginas muito mais ação e menos amor. Em alguns aspectos a história se mostra meio rasa, pois o protagonista teve seu passado mostrado de forma nebulosa, e no presente ele ainda é um enigma. O conteúdo do livro tem um foco maior na ação do que descrever minimamente a personalidade do espião. Vale lembrar que este livro é o primeiro volume de uma trilogia que tem previsão de lançamento ainda para o primeiro trimestre de 2017 no exterior.