Título: A Rainha Sol - Artefatos de Ouranos #1
Autora: Nisha J. Tuli
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/New Adult
Ano: 2024
Páginas: 368
Nota:★★☆☆☆Sinopse: Lor e seus irmãos estão há onze anos em Nostraza, a prisão do Reino de Aurora, e o último lugar em que qualquer um gostaria de estar. Até que, depois de uma libertação inesperada, Lor descobre que foi convocada para participar das Provas da Rainha Sol, uma competição de vida ou morte entre dez mulheres cuja vencedora se tornará a nova esposa do rei.
A jovem não está nem um pouco interessada em casamento ou amor ― mas sim na liberdade (e na possibilidade de vingança) que a vitória significa. Porém, Lor definitivamente não pertence àquele lugar, e precisará confiar nas pessoas certas e dar tudo de si para sobreviver às Provas ― e qualquer passo em falso pode pôr tudo a perder.
Resenha: A Rainha Sol é o primeiro volume da série (que parece ser de 4 livros) Artefatos de Ouranos, escrito pela autora Nisha J. Tuli e publicado no Brasil pela Seguinte.
Num mundo fantástico onde humanos e féericos coabitam em reinos, Lor é uma jovem que passou os últimos 12 anos na terrível prisão de Nostraza, no Reino de Aurora, junto com seus irmãos Tristan e Willow. Lá ela passa fome, vive na miséria e na imundície, é abusada de todas as formas (às vezes, utilizando isso como moeda de troca pra conseguir o mínimo), mas sempre enfrenta sem medo quem cruze seu caminho. Por ter crescido e passado mais da metade da vida num ambiente tão hostil, é essa a sua dura realidade que fez com que ela deixasse de confiar nos outros e se tornasse uma garota bem perspicaz e casca grossa. Até que depois de alguns acontecimentos, Lor acaba sendo sequestrada e levada para Ouranos, o reino vizinho, onde vai participar das Provas da Rainha do Sol. Nesse evento, ela vai se ver obrigada a competir com outras nove Tributos enfrentando uma série de provações muito perigosas, onde a vencedora irá ocupar o trono e governar o reino ao lado de Atlas, o Rei Sol.
A princípio, quando ela começa a ter noção do que está acontecendo alí, Lor não ter o menor interesse romântico em quem quer que seja. A vítoria só lhe importa pelo fato de que, com o poder que teria como rainha, ela poderia ser livre, salvar os irmãos e ainda se vingar do Rei Aurora, que a manteve presa por todos esses anos.
Porém, todo o luxo e requinte do palácio, assim como a presença das demais Tributos, só serve pra fazer Lor se sentir inferior e mostrar que ela não pertence aquele lugar. Ela vai precisar usar sua inteligência para não somente lidar com as adversárias, mas para identificar em quem pode confiar e de quem pode se aproximar para não cometer erros e se tornar rainha.
O livro é narrado com capítulos alternados entre Lor (em primeira pessoa), e Nadir (em terceira pessoa). Nadir é o príncipe herdeiro do Reino de Aurora, e seu ponto de vista aparece para que o leitor possa acompanhar o que está acontecendo por aquelas bandas enquanto eles tentam descobrir como Lor foi sequestrada e como trazê-la de volta, mostrando que ela é bem mais importante do que parece já que tem dois reis de olho nela. Os capítulos são curtos, a história tem um ritmo acelerado e a leitura pode ser feita bem rápida porque - ainda bem - não tem enrolação.
Mas, mesmo que a autora seja direta ao descrever os acontecimentos, percebi algumas coisas, além do excesso de "inspiração" em outros livros, que me incomodaram durante a leitura, como mudanças de personalidade da protagonista sem o menor motivo, atitudes questionáveis de todo mundo, rumo da trama previsível, e cenas hot gratuitas que parecem estar alí só pra forçar uma química entre Lor e Atlas que, simplesmente, não existe.
Desde o início dá pra perceber quem é confiável ou não, mas Lor, que é quem deveria ser a primeira a enxergar isso (já que foi apresentada como alguém inteligente, observadora, fria e sagaz), vive chorando pelos cantos, imaginando como será seu próximo encontro secreto e cheio de fuego com Atlas (que está tão cercado por ouro e a cor dourada que mais parece o rei Midas), e morrendo de ciúme por pensar que ele pode estar se encontrando com outras Tributos e fazendo as mesmas coisas que faz com ela. Lor é retratada como alguém forte, corajosa e determinada, mas ela perde toda essa firmeza, e até a credibilidade, quando está junto de Atlas e se deixa levar pela sua fala mansa e nada convincente. Tudo bem que ela pode estar deslumbrada com a vida no palácio, mas imagino que uma pessoa com ela, que carrega traumas horrorosos acumulados por mais de uma década, não seria convencida tão fácil por um único sujeito, tanto que ela vive enfrentando e brigando com Gabriel, o chefe da guarda real, bonitão e dono de asas enormes, que deveria protegê-la mas que, além de um completo ogro (será mesmo?), aparentemente prefere se enfiar em todo tipo de orgias que vê pela frente.
A fantasia em si é subaproveitada pois só é relevante em, no máximo, três cenas. Os personagens fantásticos que vivem centenas de anos, ou outros que tem asas gigantescas e podem sair voando por aí, poderiam desempenhar o mesmíssimo papel caso fossem humanos comuns sem que fizesse diferença. Ou eu perdi alguma coisa ou simplesmente não entendi o propósito de encaixar a história nesse gênero.
A competição em si só está alí pra promover cenas de ação e violência, onde as participantes se machucam feio ou morrem numa tentativa de deixar o leitor abismado, o que é tão cruel quanto sem sentido. Desde o início da história fica claro que Atlas sabe de algo e tem planos, e que esses planos envolvem a protagonista. E por decidir as coisas sem que ninguém o questione, ele poderia simplesmente escolher quem ele quisesse no meio do povo sem necessidade de fazer as garotas passarem por prova alguma...
Enfim, o livro não é nada original e tráz aquela fórmula batida da mocinha
badass e com passado misterioso que precisa enfrentar mil e um desafios pra conseguir alguma coisa importante, topa com alguém insuportável que depois se torna sua aliada, conhece um cara ignorante com quem tem conflitos mas que acaba despertando sua simpatia, e aquele que parece ser bonzinho é um completo embuste que mostra quem é de verdade no final das contas. Acho que vale sugerir a leitura pra quem ainda não leu livros de séries como
A Seleção, Jogos Vorazes,
Trono de Vidro e afins, pois a autora parece ter combinado todos os elementos e situações de livros com essa fórmula pra escrever esse aqui. Caso tenha lido, sinto informar que vai ser impossível passar pelas páginas e não ficar com aquela sensação incômoda de já ter lido essa mesma história em outro lugar.
O Rei Aurora, continuação desse primeiro volume, já tem data de lançamento: 18 de Junho de 2024.