Caixa de Correio #137 - Agosto

31 de agosto de 2023

Esse mês não comprei nada do que já tenho costume porque já gastei o que não podia. Depois de ficar enrolando por séculos, enfim comprei uma cadeira nova porque a minha tava sem o encosto há anos e eu não aguentava mais de tanta dor nas costas por causa de péssima postura. Então o que teve na caixinha desse mês foram os livros da parceria e um joguito que ganhei. Minha vó tinha viajado pra Londres em Abril pra passar uns meses na casa da minha tia que mora lá, e voltou agora no final do mês trazendo duas malas com um monte de coisas que ela não queria, não tinha onde guardar e ia jogar fora mesmo estando tudo novo. E no meio de um monte de coisas, tipo roupas, lençois, vasos de vidro, raquetes e bolinhas de ping pong, uma mini mesinha de sinuca e até um skate pras crianças, veio o jogo. Ainda não jogamos pra ver as diferenças dele pro Monopoly tradicional e não sei se as crianças vão ter dificuldade pelo jogo estar em inglês, mas em breve vamos testar.
No mais, foi pouquinha coisa na Caixa, mas eu adorei.

Nevasca - Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon

27 de agosto de 2023

Título:
Nevasca
Autoras: Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem Adulto
Ano: 2023
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: A quatro dias do Natal, a cidade de Atlanta se vê coberta de neve. E Stevie se vê prestes a perder a namorada para sempre. Afinal, Sola deu um ultimato: se Stevie não compensar o grande erro que cometeu até a meia-noite, o relacionamento das duas terminará de vez.
Stevie nunca foi de fazer grandes gestos românticos, mas dessa vez terá que caprichar. Para isso, ela vai contar com a ajuda de seus amigos, cada um responsável por uma pecinha do grande plano para reconquistar Sola. O que eles não esperavam era ter que lidar com seus próprios sentimentos, romances mal resolvidos, e com a neve que não para de cair.

Resenha: Nevasca reúne contos escritos pelas mesmas autoras de Blackout, que narram histórias de amores mal resolvidos mantendo a mesma abordagem LGBTQIA+ e representatividade negra que caracterizam a antologia anterior. Apesar de terem uma estrutura diferente, Blackout se passa num verão escaldante e tráz histórias que vão se interligar em meio a um apagão em Nova York, Nevasca narra as histórias no inverno, durante uma grande nevasca que ocorre em Atlanta e provoca um enorme caos faltando quatro dias para o Natal.

O livro traz um enredo principal onde Stephanie, ou Stevie, uma adolescente de dezesseis anos e aspirante a cientista, acabou estragando seu namoro com Adesola, ou Sola, quando decidiu fazer um experimento científico com o próprio relacionamento antes de ir para um jantar bastante especial com a família da namorada, e tudo deu errado. Depois do evento fatídico, ela volta pra casa, fica de castigo e sem celular ou qualquer outro meio de comunicação, não consegue responder as mensagens de Sola que, então, resolve lhe dar um ultimato: Stevie tem até a meia-noite para fazer uma reparação significativa para merecer ser desculpada, caso contrário será tarde demais. Então, ela bola um plano e pede ajuda para seu grupo de amigos, Kaz, Porsha, E.R, Jimi e Ava numa tentativa deles ajudarem a consertar as coisas. O problema é que Atlanta foi tomada pela nevasca atípica e pelo caos que veio junto com ela, atrapalhando todo mundo.

A narrativa é feita em primeira pessoa com onze capítulos que trazem o nome da personagem que está contando a situação, onde ela está, a hora e quanto tempo falta para a famigerada meia-noite, como se fosse uma contagem regressiva pra mostrar que o tempo que Stevie tem pra dar jeito no problema está se esgotando. Cada um desses amigos de Stevie também têm suas questões e dilemas relacionados aos seus relacionamentos, que trazem diversidade e representatividade, que são apresentados em seus respectivos capítulos e se alternam com os de Stevie. Os desafios que eles enfrentam devido a nevasca acabam contribuindo pro ar de tensão nas histórias, que vai além dos amores mal resolvidos.

Stevie - ★★☆☆
Sobre os personagens, acho que ou a gente ama ou odeia, e a protagonista Stevie foi a que mais despertou meu revirar de olhos, o que chega a ser até absurdo considerando que a história dela é a principal. Os capítulos destinados à ela (1, 3, 7, 9 e 11) são mais curtos por acrescentar algumas outras informações e lembranças marcantes que vão formando a história, mas é difícil acompanhar uma personagem que lembra um Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, especialmente quando ela mesma diz que tem o "gênio difícil". Ela parece não ser capaz de entender o que é estar apaixonada a ponto de querer fazer experimentos científicos pra ter uma resposta, e não sabe bem como demonstrar afeto, mesmo que se esforce, mas a verdade é que só reparei na forma que ela se acha superior, acha que os outros devem ficar a sua disposição pra resolver problemas que ela mesma causou, e tem pouca sensibilidade quando o assunto diz respeito aos sentimentos de Sola, talvez por ela ter muita dificuldade em demonstrar os seus próprios. Nem a forma bonita como ela descreve os detalhes das experiências legais e de tudo o que ela observa na namorada salvou, e nem a conversa com Ern, o irmão de E.R., onde ela expõe tudo o que está entalado e a fazendo sofrer. Eu criei uma imagem super negativa dela como pessoa que inteligência nenhuma supera . A história dela só é razoavelmente aceitável por causa do desfecho, a forma que ela encontra pra se desculpar com Sola é realmente uma gigantesca prova de amor (cafona, não nego, mas o que vale é a intenção), mas os amigos ficaram encarregados de grande parte do serviço.

Kaz - ★★☆☆
A segunda história é narrada por Kaz e eu tive um misto de sensações enquanto lia que só não foi pior do que minha impressão sobre Stevie. Mas não por causa de Kaz, que é super legal, mas por causa de Porsha que faz parte desse círculo de amigos e é a pessoa - e melhor amiga - que Kaz ama em segredo desde sabe-se lá quando, e faz qualquer coisa por ela. Quando Kaz, depois de muita coragem, finalmente decide que chegou a hora de revelar seus sentimentos, Porsha mostra o quanto é fútil. Ela é convidada pra uma grande festa de supostas subcelebridades e, num surto de emoção, arrasta Kaz pro shopping para que ele a ajude a comprar roupas e faz o coitado ficar a sua disposição, até que eles ficam presos por causa da nevasca. Eu juro que fiquei com dó de Kaz por ele gostar dessa menina porque, enquanto ele sempre está alí pra ela e por ela, Porsha não o trata muito bem, não demonstra nenhuma consideração ou interesse pela cultura e pelas tradições que ele segue, e não move um dedo pra acompanhar Kaz em nada que ele precise fazer. Não tenho dúvidas de que ele merecia alguém melhor.

E.R.  - ★★☆☆
Em seguida temos a história de E.R., Savana e Eric, que se passa no Aeroporto Internacional de Atlanta e explora um ciúme meio descabido que Savana sente da parceira (?). Evan-Rose é bissexual e aqui ela está se reencontrando com Savana, ou Van, a namorada/ex/namorada/sei lá exagerada e ciumenta, cujo relacionamento é meio estranho: elas só são namoradas enquanto Van vai pra Atlanta pra estudar, e nas férias de verão, quando ela volta pra casa em Maryland, elas ficam solteiras de novo, e como esse namoro (se é que podemos chamar assim) vai ficar bastante abalado quando E.R. recebe uma ligação de Eric, que ela conheceu durante o verão enquanto as duas estavam ~solteiras~, e que está preso no mesmo aeroporto que elas, e mesmo que o envolvimento deles tenha sido somente emocional e nada demais tenha rolado, alí estava a receita perfeita para o desastre, ou será que não?
Evan-Rose tem muita dificuldade em falar sobre o que sente e nem teve coragem de assumir sua sexualidade para sua família. A fixação dela por Savana é meio doentia, tanto que ela parece aceitar algumas situações nada a ver só pra não contrarir a dondoca, e ela parece não conseguir se impor quando precisa ser sincera ou dizer um simples não. Achei ela chata, achei a namorada dela mais chata ainda, e Eric é o único personagem que gostei no meio desse bolo. Não consegui enxergar nada de romântico nessa história, só vi uma pessoa mais desapegada que gosta de curtir (mas que parece estar em conflito com si mesma) e outra possessiva e aparecida que tornou a história tão bagunçada quanto estranha, até mesmo porque no meio dessa confusão existe a tarefa que deve ser feita pra ajudar Stevie mas que parece não se encaixar direito. Obs.: Tenho certeza que essa foi escrita por Nic Stone.

Sola - ★★☆☆
O capítulo 5 é narrado por Sola e, nele, o leitor vai conhecer como é a dinâmica familiar dela assim como os detalhes do que aconteceu quando Stevie foi até a sua casa e ocasionou o rompimento ente as duas. Esse capítulo mostra como a briga que levou ao término do namoro com Stevie começou e um pouco da personalidade de Sola, que apesar de ser mais romântica, é bastante exigente (o que leva o leitor a compeender o motivo do ultimato).

Jordyn - ★★
Depois conhecemos a história de Jordyn (ou Jordan) e Omari que, por um mal entendido ocorrido há um ano, mantém uma amizade meio estranha e cheia de alfinetadas. Omari está acompanhando Jordyn para uma apresentação de sua irmã - e melhor amiga de Sola - Jimi. Jimi pede para Jordyn aproveitar a viagem e levar alguns itens para ajudar Stevie nesse plano mirabolante, mas por causa da nevasca, o trânsito não move 1 centímetro e eles ficam presos dentro do carro. Alí, eles aproveitam pra resolver não só o mal entendido que houve entre eles mas, numa conversa mais profunda, tentam entender um pouco mais sobre as emoções de Jordyn com relação à sua mãe biológica que abandonou ela, as irmãs e o pai das meninas há quase 10 anos. Essa história, apesar de não se aprofundar tanto na vida dos personagens por ser curta, abordou de uma forma bastante satisfatória a química do casal e os conflitos emocionais de Jordyn com relação à mãe, e sua resistência às tentativas de aproximação dela (que remetem bastante a problemas de ansiedade). Ela tenta esconder seus sentimentos pra parecer forte, mas é inegável que ela fica abalada e tem uma necessidade enorme de resolver isso pra poder seguir em paz sem esse "peso". Penso que é a personagem com a carga dramática mais forte das histórias.
"... Não consigo imaginar como você se sente. Mas de uma coisa eu sei: às vezes as pessoas machucam quem amam, e isso diz mais sobre elas mesmas do que sobre o outro. Elas que são o problema. Dizem coisas que no fundo não querem dizer ou não dizem o suficiente. Elas podem não ter a intenção de machucar, mas só isso não basta quando os sentimentos de alguém estão em jogo. Ainda assim é preciso encontrar uma forma de consertar as coisas."

Jimi
 - ★★
O capítulo 8 tráz a história de Jimi (Jamila), melhor amiga de Sola e irmã do meio de Jordyn. Jimi é vocalista e guitarrista de uma banda chamada Rescuing Midnight, mas a banda está carregada de tensão e conflitos de interesses, pois Jimi odeia músicas românticas e os garotos que compõe o trio, Kennedy e Rakeem, acham isso uma completo absurdo e começam a evitá-la. Jimi está no Fox Theatre sozinha, sem saber se os garotos vão aparecer pra gravarem a música que poderia ajudar Stevie e Sola a voltarem, esperando Jordyn aparecer, e se sentindo culpada por ter causado esse climão, até que encontra Téo, um garoto com quem ela estudou no ensino fundamental e que agora é conhecido por seu nome artístico "Lil Kinsey". Depois que ele sumiu da escola sem dar notícias, ele se tornou um rapper bem famoso. E ele é o motivo de Jimi odiar músicas românticas...
Eu gostei bastante desse conto em particular pois ele fala muito sobre o sentimento de abandono, o que isso pode causar e como as pessoas lidam com isso, mesmo que rejeitem a afeição alheia como meio de defesa (se você não se envolve, então não se decepciona), pra tentarem seguir em frente. Embora o tema possa ser um gatilho pra várias pessoas, a forma como a autora aborda e desenvolve a história é bastante sensível pois Jimi e Téo acabam compartilhando memórias e se reconcetam através da música, o que é super legal.

Ava e Mason - ★★★ 
Esse conto em particular tráz os pontos de vista de Ava e Mason de forma alternada, onde, após se encontrarem no Aquário onde Ava tem um trabalho voluntário, relembram os motivos que os levaram a terminar o namoro. E em meio a essas lembranças, a maioria com desentendimentos bobos, eles começam a refletir sobre a "validade" dos relacionamentos quando precisam ir pra faculdade e eles vão se "separar". Acho que o conflito central dessa história é bastante realista pois trata de um dilema muito comum nos jovens que estão dando esse passo na vida (principalmente nos EUA onde eles saem de casa pra estudar e ficam longe por vários meses). Além disso, a história também aborda a ideia dos filhos seguirem por um caminho que não querem ou não gostam para superar as expectativas dos pais, e a forma como isso é exposto é tão sensível, ainda mais quando se tem apoio de quem se ama, que é impossível segurar as lágrimas.
Outro ponto bem bacana é o pano de fundo da história que remete a ciência e à vida marinha. A descrição da água azul, dos peixes nadando através do acrílico enquanto eles conversam e vão se entendendo é a coisa mais linda e perfeita de se acompanhar.
Tenho quase certeza que esse foi escrito pela Nicola Yoon e foi o único, assim como o conto dela em Blackout, que levou 5 estrelas e, de quebra, ainda me fez chorar, emocionada.

Uma coisa que não curti muito durante a leitura foram os nomes ou apelidos das personagens. A maioria deles é difícil de pronunciar pra quem não está acostumado, principalmente os nomes nigerianos que aparecem no capítulo de Sola, e acabaram travando a leitura a ponto de eu começar a pular os nomes ou só ler a primeira letra porque não tive paciência pra ir pesquisar a pronúncia de todos eles.
Acho que pelo livro ser das mesmas autoras que tem uma conexão muito boa pra escreverem juntas e, apesar de não ser uma série nem nada, ter o mesmo padrão de histórias curtas, a editora poderia ter mantido o título original em inglês. Acho que ficaria muito mais legal a combinação dos títulos "Blackout" e "Whiteout" do que "Blackout" e "Nevasca". Pelo menos com os nomes originais dá pra associar um com o outro fazendo esse contraste entre preto e branco relacionados ao escuro do apagão e ao branco da neve.
Um ponto curioso é que, embora no final do livro haja dicas, as autoras não informam nos capítulos quem escreveu o que alí.

Nevasca é um livro bastante agradável e vai, sim, dar aquele quentinho no coração, mesmo que algumas histórias sejam bem melhores que outras. Apesar de eu achar que as atitudes e pensamentos não condizem muito com as idades dos personagens, as histórias retratam as questões do amor juvenil, as descobertas, a amizade e os dilemas adolescentes, principalmente aqueles relacionados à orientação sexual e à ideia das histórias apresentarem personagens jovens, negros e com aspirações de vida bem bacanas de uma forma bem sensível e bonita.

Wishlist #28 - Board Games - La Granja (Ed. Master Deluxe)

26 de agosto de 2023

Acho que a maioria das pessoas que gostam de jogos não deixam escapar aqueles com a temática de fazendinha. Seja no celular, no pc ou em jogos de tabuleiro, uma das coisas mais divertidas é botar o chapéu de palha na cabeça e ir pra roça por a mão na massa e ver as coisas progredirem. Durante a partida os jogadores/fazendeiros terão que desenvolver a fazenda criando gado, cuidando da plantação e competir com os advesários para entregarem as mercadorias produzidas ao mercado da cidade quando necessário.

La Granja era um jogo que já estava na minha lista há um tempo, junto com Agrícola e Reykholt, mas eu estava na moita esperando o anúncio da Edição Master Deluxe pra poder colocar a bendita aqui na wishlist do blog. Essa edição tem um design muito mais caprichado, componentes diferenciados, cartas de expansão, cartas promocionais e todo o perequetê que essas edições de luxo trazem pra nos levar a falência. A única tristeza é que essa edição lançada pela Galápagos aqui no Brasil parece não vir com as moedas de metal, como é lá na gringa. Mas, apesar da caixona gigante com detalhes dourados que é a cara da riqueza, não se pode ter tudo, não é mesmo?

La Granja
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Michael Keller e Andreas "ode" Odendahl
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-4
Descrição: La Granja Master Deluxe é uma versão atualizada e expandida do jogo La Granja de 2014 em que 1 a 4 jogadores gerenciam pequenas fazendas no lago Alpich perto da vila de Esporles em Maiorca.
Os jogadores devem considerar cuidadosamente as decisões de quais dados escolher, quais cartas jogar, quando e onde entregar mercadorias aos vários mercados e como melhor utilizar os poderes flexíveis proporcionados por várias ações "a qualquer hora".
As cartas multiuso oferecem quatro opções diferentes para os jogadores escolherem. Decida se deseja usar a carta como uma extensão de seus campos (aumentando sua capacidade de cultivar azeitonas, grãos ou uvas), como uma extensão de sua fazenda (aumentando o número de porcos que você pode abrigar, as entregas que você pode fazer, ou as moedas que você ganhará a cada rodada), como um carrinho de mão de mercado (fornecendo um contrato pessoal que você pode cumprir por recompensas valiosas) ou como um ajudante contratado (cada um fornecendo uma capacidade única e poderosa para melhorar suas ações).

Créditos da imagem: Kira Peavley

O Demônio na Floresta - Leigh Bardugo

Título:
O Demônio na Floresta: Uma graphic novel de Sombra e Ossos
Autora: Leigh Bardugo
Ilustrações: Dani Pendergast
Editora: Planeta/Minotauro
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto/Graphic novel
Ano: 2023
Páginas: 208
Nota:★★★★★
Sinopse: Antes de Ravka ser liderada pelo Segundo Exército, antes da criação da Dobra das Sombras, e muito antes de ele se tornar o Darkling, havia um garotinho solitário oprimido pelo seu próprio poder extraordinário.
Eryk e sua mãe, Lena, passaram suas vidas inteiras fugindo. Mas eles nunca encontrarão o refúgio que tanto buscam. Eles não são somente Grishas – eles são os mais raros e perigosos desse grupo.
Temidos pelos que querem destruí-los e perseguidos pelos que desejam explorar seus dons, Eryk e Lena precisam mascarar suas habilidades a todo momento. Mas os segredos mais perigosos são os mais difíceis de esconder...

Resenha: O Demônio na Floresta é uma graphic novel que faz parte do GrishaVerso criado pela autora Leigh Bardugo. Ele antecede em muitos e muitos anos todos os acontecimentos que se passam na trilogia principal.

Nele vamos conhecer uma pequena passagem da vida de Aleksander Morozova, numa época em que ele era um jovem subestimado e oprimido pelo próprio poder, que só tinha Baghra, sua mãe, como companhia e a única em quem podia confiar. A história se passa antes de Ravka ser liderada pelo Segundo Exército, antes da criação da Dobra das Sombras, num período em que o mundo não era um lugar seguro para os Grishas, e antes dele se tornar o Darkling - o temido Conjurador das Sombras desse universo cheio de fantasia e muita ação.

Aleksander e sua mãe, que também é uma Conjuradora das Sombras, vivem fugindo de um lugar pra outro e mudando seus nomes para não serem encontrados por caçadores de bruxas, também chamados de drüskelle, que os perseguiam. Desta vez eles vão se passar por "Eryk" e "Lena" e, cansados de fugir, só queriam um lugar pra poderem permanecer por mais tempo sem levantar suspeitas. A próxima parada é um pequeno acampamento de Grishas que os acolhem e que, aparentemente, é seguro. O problema é que quanto mais tempo eles passam num local, mais vulneráveis ficam, consequentemente, mais perigoso é. O poder de Eryk precisa ser escondido até mesmo dos próprios Grishas, pois eles também poderiam se aproveitar desse poder para benefício próprio.











Não há muitos personagens e o formato da história limita um maior aprofundamento sobre eles, mas o pouco que há é suficiente pra conhecermos quem são, o que fazem e como suas personalidades e poderes os afetam. No acampamento, Eryk conhece as irmãs Annika e Sylvi. Annika é a irmã mais velha, uma jovem Hidro cujo poder não é forte o bastante, o que a deixa bastante frustada já que vive sendo diminuída pelo filho irritante do Ulle, o líder o acampamento. Sylvi é uma criança bastante curiosa, impulsiva e um tanto teimosa (e irritante), e seus poderes não se manifestaram, o que a deixa bastante inquieta e ansiosa. Logo ela se mete em situações perigosas e precisa da proteção da irmã a todo momento.
Lena é uma mulher forte e que se impõe para não ser subjugada por ninguém, mas ela se preocupa tanto com o filho que não mede esforços para fazer qualquer coisa que for preciso para protegê-lo. Qualquer coisa. Desde seus ensinamentos brutais até suas medidas extremas.

Quando os Grishas decidem que precisam caçar um Amplificador, um enorme Urso que andava pela floresta, as coisas começam a sair do controle e Eryk percebe que aqueles Grishas não são exatamente quem ele pensava que fossem. Essas situações vividas por ele acabam por moldá-lo para que, no futuro, ele se torne o Darkling que conhecemos. O pouco que acontece na história mostra que Eryk, até então, tem boas intenções mas, ao que parece, a maldade e a ganância daqueles que cruzaram seu caminho acabaram por fazer com que ele deixasse de acreditar que poderia confiar em alguém. Assim, sem ter mais recortes de sua vida, fica difícil afirmar se ele é mesmo esse vilão tão terrível, ou se era um herói incompreendido que se permitiu ser corrompido a medida que se decepcionava cada vez mais.


As ilustrações feitas por Dani Pendergast são maravilhosas e trazem uma paleta de cores que misturam cores frias e quentes de uma forma super agradável e bonita de se ver. Os personagens são expressivos e as cenas são retratatas com a devida intensidade para que as imagens possam valer mais do que as palavras. Os balões de pensamento de Eric em forma de sombras foram uma sacada genial e que representam bem seu interior.

O único ponto negativo do livro é que a história é curtinha e ele acaba rápido demais. É impossível não ficarmos curiosos com mais detalhes da vida de Aleksander e como ele passou a lidar com seu poder até se tornar o Darkling.
Pra quem gosta da saga e quer ter mais detalhes sobre esse vilão que amamos odiar (ou talvez odiamos amar), é leitura super indicada e espero que a autora continue investindo nesse formato de graphic novel para se aprofundar e trazer mais detalhes do que aconteceu até o auge do Darkling.

Wishlist #27 - Card Games - Radlands

23 de agosto de 2023

Já faz uns meses que Radlands foi lançado mas a temática pós apocalíptica e cyberpunk que lembra bastante Mad Max, onde o recurso mais precioso é a água, é um estilo super interessante e é jogo que não poderia ficar de fora da minha listona de desejos sem fim. Aqui o jogador vai precisar defender suas bases e destruir as bases do oponente enquanto usa a pouca água que tem para poder gerenciar as cartas de pessoas e eventos, além de poder usar habilidades, que vão dar vantagens e mais força a ele.

Radlands
Editora/Fabricante:
Galápagos
Criador: Daniel Piechnick
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 2
Descrição: Em um mundo pós-apocalíptico cyberpunk, a luta pela sobrevivência é intensa - você está pronto para liderar sua tribo em Radlands?
Em Radlands, jogadores receberão três bases únicas para proteger. Você vence quando destrói todas as três bases do seu oponente. O principal recurso no jogo é água. Você irá gastá-la para jogar pessoas e eventos, e para usar as habilidades de cartas que já possuir na mesa. Pessoas protegem suas bases e possuem habilidades úteis, enquanto eventos são efeitos poderosos que levam um certo tempo para acontecerem.
Ambos os jogadores compram cartas do mesmo baralho. Todas as cartas na sua mão podem ser jogadas na mesa ou utilizadas para efeitos rápidos de “sucatear”. Para vencer, você deve gerenciar suas cartas e água sabiamente.


Créditos da imagem: Board Game Quest

Este Inverno: Uma novela de Heartstopper - Alice Oseman

21 de agosto de 2023

Título:
Este Inverno: Uma novela de Heartstopper
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Romance
Ano: 2023
Páginas: 112
Nota:★★★★★
Sinopse: Tori, Charlie e Oliver Spring sabem que o Natal deste ano vai ser diferente. Depois de passar um período internado para tratar seu transtorno alimentar, tudo o que Charlie quer é não ser o centro das atenções ― o que parece impossível.
Quando as coisas saem do controle, cada um dos irmãos vai ter que encontrar um jeito de lidar com este inverno difícil ― e buscar conforto um no outro.

Resenha: Este Inverno é uma novela do universo Hearstopper que se passa durante os acontecimentos do vol. 4, De Mãos Dadas, quando Charlie volta pra casa depois de precisar ficar internado para tratar de seu transtorno alimentar. Mas, por ser véspera de Natal, a família inteira se reúne na casa dos Springs e nada poderia ser pior do que aquela torta de climão, seja pelos parentes (que só aparecem uma vez na vida e outra na morte) querendo saber detalhes da orientação sexual de Charlie, ou por acharem que ele é algum maluco por ter passado algumas semanas num "hospício" sem sequer se preocuparem de fato com o que aconteceu com ele e como ele chegou a esse ponto. Charlie só queria poder ficar em paz, e por mais que ele tente ser discreto e passar despercebido no meio desse povo, é impossível manter o controle quando ele vira o centro das atenções.

O livro é dividido em três capítulos, todos narrados em primeira pessoa, cada um dedicado ao ponto de vista dos irmãos Spring. O primeiro capítulo é narrado por Tori, como ela enxerga a situação e como é a única dessa família desajustada que não trata Charlie como se ele fosse uma aberração.
Apesar dela ser um tanto fechada e não fale muito, dá pra perceber o quanto ela ama os irmãos, se preocupa e é compreensiva, desde a paciência infinita com as peripécias de Oliver, até como ela tenta ajudar Charlie a se sentir acolhido o tratando como igual, embora ele não lhe dê muito espaço pra isso e às vezes até desconta nela suas frustrações. Vemos o quanto é desconfortável e difícil pra Charlie aturar parentes intrometidos e sem noção nenhuma, e até com seus pais que não demonstram nenhuma empatia ao lidar com os problemas do filho. Tori, além de entender como deve ser doloroso pro irmão comemorar um feriado cheio de comida quando o problema dele é com comida, percebe o quanto Charlie sofre com tudo isso, se sente tão incomodada quanto ele, mas não pode fazer muita coisa por achar que não tem direito de ultrapassar os limites e invadir seu espaço. Mas ela percebe como ninguém que o que seus pais fazem para ajudar Charlie está longe de ser suficiente.


"Odeio como as pessoas reagem quando descobrem que Charlie passou algumas semanas internado. Como se fosse a cposa mais horrível que já ouviram. É porque elas associam automaticamente a manicômio e gente louca em vez de tratamento e recuperação e aprender a lidar com um transtorno alimentar."
O segundo capítulo é narrado por Charlie e acompanhar como ele se sente é bastante complicado e talvez cause vários gatilhos relacionados a saúde mental. Ele sabe que, diferente dos seus pais, Tori se importa, mas reconhece que às vezes é duro com ela quando não deveria ser. Através dessa narrativa de Charlie e seus diálogos com Nick, o leitor entende melhor seus conflitos psicológicos, os problemas em família que ele enfrenta, a dificuldade em ter uma conversa mais aberta com os pais e o quanto ele se sente culpado por não corresponder às expectativas deles, como se fosse um fardo. Da mesma forma ele também sabe o quanto as semanas que ele passou internado foram importantes para que ele pudesse receber a ajuda necessária para entender melhor seu transtorno e poder lidar com eles agora que sabe a origem desses problemas. Mas claro, não é fácil, é um processo a longo prazo, e Charlie sente que Nick é o único disposto a passar por tudo isso junto com ele. Quando Charlie larga a família e o bando de parentes imprestáveis em pleno Natal pra evitar brigas e vai pra casa de Nick, a gente percebe a discrepância gigantesca do tratamento de uma família em relação a outra (com exceção de David, irmão de Nick, que é uma criatura ridícula, ignorante e desprovida de bom senso e inteligência). Charlie encontra na família de Nick todo o acolhimento e respeito que sua própria família nunca lhe deu. E isso dói e até causa revolta, pois os pais dele não são capazes de perceber sua parcela de responsabilidade nesse problema e preferem focar na ideia de que eles "fazem o que podem pra esse filho ingrato" como se isso tivesse a ver com eles, e não com Charlie.



Pra finalizar, o terceiro capítulo é narrado por Oliver, o irmãozinho mais novo de sete anos. Ele mostra, pelo seu ponto de vista, o que está acontecendo naquele Natal falido de uma forma bastante infantil e engraçadinha. Mas apesar de ser bem bonitinho a preocupação que ele demonstra ter com o sumiço do irmão, e depois da irmã, ou como fica triste por estar jogando video game sem companhia no meio daqueles parentes chatos, não fiquei convencida de que era uma criança falando devido a forma como ele percebe e expõe as coisas. Mas talvez isso seja só um detalhe que eu tenha percebido por ser mãe e saber como meus filhos costumam se expressar.

Assim como os outros volumes, as ilustrações seguem o mesmo padrão bonitinho de traço (mesmo que nas novelas os desenhos sejam em preto e branco), os personagens são bastante expressivos e a diagramação, que combina a narrativa com ilustrações e simulação de troca de mensagens no celular, é super caprichada.

Apesar de achar que uma série acaba ficando muito saturada quando tem vários livros extras que poderiam ser inseridos nos livros principais, confesso que Este Inverno, apesar de triste, é uma história bem especial e que foi um bom acréscimo que aborda o tema da dinâmica familiar problemática e da saúde mental de um jeito bem leve e respeitoso. Pra quem gosta do universo Hearstopper e quer matar um pouco da saudade dos personagens enquanto o vol.5 não vem, recomendo.

Nimona - N.D. Stevenson

17 de agosto de 2023

Título:
Nimona
Autor: N.D. Stevenson
Editora: Intrínseca
Gênero: HQ/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Sinopse: A graphic novel protagonizada pela anti-heroína mais surpreendente, kick-ass e fora dos padrões que você vai conhecer.
Nimona é uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas ela não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão.
Até conhecer Nimona, Ballister fazia planos que jamais davam certo. Felizmente, a garota tem muitas sugestões para reverter esse quadro. Infelizmente, a maioria envolve explosões, sangue e mortes. Agora, Coração-Negro não só tem que enfrentar seu arqui-inimigo e ex-amigo, o célebre e heroico Sir Ambrosius Ouropelvis, mas também impedir que a fiel comparsa destrua todo o reino ao tentar ajudá-lo.
Uma história subversiva e irreverente que mistura magia, ciência, ação e muito humor sobre camadas e mais camadas de reflexão; entre uma batalha e outra, é claro.

Resenha: Publicada em 2016 pela editora Intrínseca e criado por N.D. Stevenson, Nimona voltou a ganhar holofotes depois que a Netflix produziu sua adaptação para as telinhas.
Na graphic novel, conhecemos Nimona, uma metamorfa e anti-heroínma que se torna comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro que, amargurado, se tornou o maior vilão que já existiu depois de ser sido descartado pela "Instituição de Heroísmo & Manutenção da Ordem" por ter perdido um braço durante uma justa (nada justa) com Sir Ambrosius Ouropelvis. O que Nimona não sabia era que Ballister tinha seus motivos nobres pra deixar que o povo acreditasse que ele era mesmo um vilão, mas na verdade ele tem um bom caráter, um enorme coração e só quer fazer justiça. E entre confrontos e discussões com seu agora arqui-inimigo e ex-amigo Ambrosius, Ballister precisa impedir que Nimona exploda e destrua o reino na intenção de ajudá-lo a se vingar e a desmascarar as tramas obscuras da Instituição, comandada pela Diretora, e livrá-lo de várias perseguições.

Confesso que meu interesse na HQ de Nimona se deu após eu ter assistido a animação na Netflix e gostado muito, e imaginei que a obra que deu origem a ela seria ainda melhor, mas já vou avisando desde já que, embora muito boa, não é melhor. Esse é um dos poucos casos em que a adaptação conseguiu superar o original, criando arcos bem mais interessantes, oferecendo uma maior fluidez à história devido a forma como foi contada, e dando camadas bem mais profundas aos personagens.

A história se inicia com Nimona abordando Ballister e se oferecendo para ser sua comparsa. Embora ele inicialmente relute, acaba por "contratar" Nimona. A partir daí, uma relação fraterna, divertida e repleta de cumplicidade surge entre os dois.


Quando o assunto é história em quadrinhos, as imagens muitas vezes acabam falando mais do que as palavras, principalmente quando os personagens conseguem demonstrar seus sentimentos ou aflições através de suas expressões, e com Nimona não é diferente. Os traços são simples e caricatos, mas conseguem demonstrar todos esses pontos dando a devida intensidade em cada situação, seja ela mais engraçada ou mais dramática. As cores são bastante agradáveis, principalmente quando combinadas em paletas que tem tudo a ver com o ambiente ou com a situação personagens se encontram.


Mesmo que não tenha tanto aprofundamento ou muitas explicações de origens e afins (como na animação), e da pegada LGBTQIA+ ser tratada de forma quase imperceptível, eu gostei bastante da construção dos personagens, suas motivações, seus conflitos, como seus traumas e mágoas os afetam, e o que eles fazem pra tentar reparar essas coisas.
Os diálogos são engraçados e remetem bastante à época medieval, com frases do tipo "alto lá, vilão!", mas outros conseguem ser bastante profundos e intensos, mesmo que curtos, e causam impacto e algumas reflexões não só nos personagens envolvidos, mas no próprio leitor.

Ballister tem toda aquela pose estereotipada de vilão, se parece e se veste como um vilão, bola planos malignos, sai por aí na companhia de Nimona fazendo coisas de vilão (como roubar um banco, por exemplo), gosta de ciências e até se comporta como um cientista maluco fazendo algumas descobertas e experimentos suspeitos, mas ele está longe de ser um vilão como fazem parecer. O lance dele é fazer justiça, é provar o quão problemática é a Instituição e como ela faz mal não só aos Heróis, mas ao povo do reino. Mesmo que seja seu chefe, ele se apega a Nimona e se preocupa bastante com a segurança dela, e quando percebe que a Instituição quer matá-la por ela representar um suposto risco, ele não hesita em tentar protegê-la ainda mais e faz de tudo pra revelar como aqueles que se dizem Heróis, incluindo a Instituição, são na verdade uns farsantes.

Ambrosius, seguindo ordens da diretora, é o famoso Herói imponente e amado pelo povo que não sai da cola de Ballister e Nimona, mas justamente por seguir as ordens da Diretora, seu título de Herói é totalmente questionável. Ele sempre se pega num enorme dilema pois, apesar de não assumir o motivo, não consegue fazer nada de mal a Ballister. Eles discutem e brigam sempre que se encontram, independente da situação que esteja acontecendo, mas demora um pouco até que apareça a explicação do motivo de toda aquela tensão que existe entre eles e do enorme ressentimento que Ballister carrega por Ambrosius ter explodido seu braço.

Nimona é a estrela da história, claro. Ela é umas das anti-heroínas mais divertidas e engraçadas que já tive a oportunidade de acompanhar, e por mais que ela saia por aí explodindo as coisas, quebrando estruturas, tacando fogo em tudo e matando inimigos, ainda consegue achar espaço pra fazer uma piada e demonstrar seu afeto por Ballister. Ela tem uma aparência que foge bastante dos padrões e isso só mostra o quanto ela é única. Alguns detalhes sobre as coisas que ela é capaz que fazer e que vão além de se transformar em animais e outras pessoas são omitidos de Ballister, mas ela faz isso justamente pra tentar evitar que ele se preocupe. Foi uma pena que o passado dela não foi tão abordado a ponto de nem sabermos direito sobre seu dom, mas a medida que a história se desenrola, percebemos a necessidade que ela tem em ser aceita como é, e que isso tem tudo a ver com a relação dela com seu chefe, pois ele não só a aceita, mas a acolhe.

Acho que vale falar um pouco da Diretora que, pra mim, representa toda a sujeira, preconceito e corrupção que existem quando se tem algum poder. Ela é manipuladora, impõe sua opinião e suas crenças goela abaixo dos outros, manipula todo mundo e ainda distorce a verdade sempre que pode pra obter vantagem e fazer com que os outros acreditem no que ela quer. Odiosa é um adjetivo até educado que pode ser usado definir essa criatura.




O que achei mais interessante nessa graphic novel foi a crítica super certeira sobre como o maniqueísmo é prejudicial para a formação de conceitos e opiniões na sociedade, dando uma visão bastante ampla sobre o significado de bem e mal, ou herói e vilão. A midia também é retratada com maestria quando, submetidos ao governo, podem servir como um meio de desinformação para influenciar e manter a população na ignorância, ou serem censurados quando tentam se opor e mostrar a realidade. Através de uma história simples e bastante rápida de ser lida, é possível compreender como a maioria fica em desvantagem perante uma minoria que faz qualquer coisa pra se manter no poder, e aqueles que poderiam se opor e lutar contra o sistema acabam levando o rótulo de vilões, sendo perseguidos numa tentativa de serem silenciados. Isso soa bem familiar nessa época em que vivemos, né?

Infelizmente, o livro se encontra esgotado em todas as lojas online e livrarias, pelo menos até momento dessa postagem, e não sei se a Intrínseca vai liberar uma nova tiragem depois da animação ter feito tanto sucesso. Eu espero que sim, pois uma obra dessas, além de ser bastante divertida, aborda assuntos importantes de forma leve, envolvente e descontraída, e super vale a pena tê-la na estante.
Nimona é uma história sobre aceitação, superação, amor e amizade que, por mais que faça piadas com vários elementos e situações dando a impressão de ser "bobinha", consegue passar uma mensagem bonita, importante e muito necessária. Meu único arrependimento aqui é não ter lido e dado a atenção que ela merecia quando foi lançada lá em 2016.

Mil Batidas do Coração - Kiera Cass

15 de agosto de 2023

Título:
Mil Batidas do Coração
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Romance
Ano: 2023
Páginas: 496
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Annika sempre viveu rodeada pelos confortos da realeza, mas nenhum luxo é capaz de mudar o fato de que ela não pode tomar decisões sobre a própria vida. Afinal, depois que o rei, seu pai, perdeu a esposa, ele se tornou um homem calculista, insistindo para que Annika aceite um casamento arranjado. O amor, para ela, virou uma questão política.
Enquanto isso, longe dali, qualquer mínimo conforto é um milagre na vida de Lennox. O jovem dedica sua vida ao exército de seu povo na esperança de um dia retomar o trono que foi roubado deles e vingar a morte do pai. Para Lennox, o amor não passa de uma indesejada distração na sua luta por justiça.
Mas quando o destino desses jovens inimigos se cruza de maneira inesperada, despertando um amor imprevisível, será que eles serão capazes de resistir a esse sentimento em nome de seus reinos? Ou vão se entregar ao som de mil batidas do coração?

Resenha: Annika é a princesa do reino de Kadier, um lugar governado por um rei que, após a perda de sua esposa, se tornou frio e calculista. Annika é cercada por todo o luxo que a realeza pode proporcionar, mas ela não é livre nem para escolher a roupa que vai usar e, agora, precisa se casar com o primo, na intenção de fortalecer o reino e manter o poder. Para Annika, o amor se tornou algo arranjado e que não passa de uma questão política.

Longe dali, numa terra esquecida e inóspita, Lennox é um soldado que dedica sua vida ao exército e à resistência e é bastante temido por sempre fazer o serviço sujo que ninguém mais tem coragem de fazer. Seu objetivo é recuperar o trono que ele acredita pertencer ao seu povo e vingar a morte de seu pai, e para isso ele não medirá esforços e irá se empenhar ao máximo possível. Para Lennox, relacionamentos e apegos emocionais são meras distrações quando o assunto é lutar por justiça.

Até que Annika é sequestrada por soldados liderados por Lennox, pois o reino roubado em questão é Kadier. O que ninguém esperava era que a princesa e o soldado iriam se encontrar diante de um enorme dilema devido a esse sentimento imprevisível e perceberiam que o que está em jogo vai além desse relacionamento proibido. Os dois entenderão que a verdade pode ser distorcida e que nem tudo o que eles foram levados a acreditar durante muitos anos condiz com a realidade.

O livro é narrado em primeira pessoa, com capítulos que se alternam entre os pontos de vista de Annika e Lennox. Eu costumo gostar de livros que trazem esse tipo de narrativa, desde que seja possível diferenciar os personagens por terem "vozes" diferentes, o que não acontece aqui. Se não fosse pelo nome do personagem iniciando o capítulo, eu nem saberia quem estava narrando, pois parecem a mesma pessoa. Senti que faltou algo para diferenciar o ponto de vista dos dois.

Confesso que a primeira metade do livro é arrastada e levou uma eternidade para prender minha atenção; levei meses para terminar a leitura e li e reli os primeiros capítulos várias vezes. O ritmo melhora na segunda metade e as coisas se tornam mais fluídas e menos confusas, mas não nego que muita coisa acontece de forma bastante conveniente para criar situações ou justificar certas atitudes. O problema é que a história passa a ser corrida demais, e com acontecimentos bem difíceis de engolir.

Tanto Annika quanto Lennox passam por problemas familiares bem delicados, pois as figuras paternas que eles têm são as mais disfuncionais e falhas que podem existir; eles só não enxergaram isso ainda. A trama traz aquele romance "enemies to lovers" bastante clichê, mas, além de não ter química nenhuma, me incomodou bastante a ideia dos protagonistas - aparentemente rivais - se apaixonarem de forma instantânea e com profundidade zero. Eles são totalmente o oposto um do outro, mas se assemelham bastante quando o assunto é se submeterem e serem obedientes a quem representa a autoridade; no caso de Annika é seu pai, o rei, e no caso de Lennox é Kawan, o companheiro de sua mãe e líder de seu povo.

Apesar de Annika ter a personalidade forte e com aquele toque de dama rebelde, ela sempre pensa no bem-estar das pessoas do reino (que nunca aparecem em lugar nenhum); tanto que está pronta para se casar com alguém que ela nem conhece direito, por determinação do pai, acreditando que isso é o melhor para Kadier, mas toda essa benevolência não parecia ter um padrão muito realista e plausível para mim.
Lennox tem que lidar com a tirania de Kawan, mas com o objetivo de assumir o controle das terras que ele acredita terem sido roubadas, ele está pronto para qualquer coisa, mesmo que isso signifique tirar a vida de quem cruzar seu caminho. Claro que, por trás de toda essa frieza, ele esconde um cara compreensivo e gentil que vai conquistar a mocinha na primeira troca de olhares. No entanto, quando um personagem é apresentado como assassino cruel, fica meio difícil acreditar que ele tenha esse lado mais humano e sensível. A autora tenta dificultar as coisas fazendo com que eles demonstrem se odiar enquanto tentam lutar contra os próprios sentimentos à medida que vão se conhecendo cada vez mais, mas eu já estava revirando os olhos, porque nada daquilo parecia real ou aceitável para mim.

Diferente dos outros livros da autora, a construção de mundo e as questões políticas foram abordadas de forma bastante rasas, e as resoluções dos problemas foram fáceis, o que deixou a desejar. O livro tem quase 500 páginas, mas parece que nenhuma delas foi dedicada à construção do mundo; tudo parecia muito vazio e sem vida. Logo, não consegui dar a devida importância ou entender a motivação feroz de Lennox para recuperar um reino genérico que não tem nada de especial. O final acabou sendo previsível e fraco. Os personagens secundários também não salvam a história, porque as coisas entre eles também aparecem de repente e sem muitas explicações. Além disso, eles têm algumas atitudes questionáveis que parecem estar ali só para despertar nossa antipatia, enquanto outros estão ali só para criar um certo apego, até que eles morram, com a intenção de deixar o leitor triste. Mesmo que alguns deles tenham algum destaque, eles não demonstram tanta importância assim.

Apesar do romance nada realista e da demora para a história engatar e começar a se tornar um pouco menos enrolada, o livro tem alguns pontos positivos, como reviravoltas e revelações interessantes. No entanto, talvez funcione melhor para um público menos exigente com relação à construção de mundo e detalhes. Para quem foi fã de Kiera Cass e amou a trilogia A Seleção, eu esperava algo mais empolgante e que me mantivesse interessada. Infelizmente, isso não aconteceu com Mil Batidas do Coração, e acho que a história podia ser contada da mesma forma com umas 200 páginas a menos. Talvez eu já tenha deixado de ser o público-alvo dela há anos, e só agora estou me dando conta disso, o que é uma pena...

Na Telinha - Nimona

12 de agosto de 2023

Título
: Nimona
Distribuidora: Netflix
Elenco: Chloë Grace Moretz, Riz Ahmed, Eugene Lee Yang, Frances Conroy, Lorraine Toussaint, Beck Bennett, Indya Moore, RuPaul Charles, Julio Torres, Sarah Sherman
Gênero: Aventura, Fantasia, Animação
Ano: 2023
Duração: 1hr42min
Classificação: +12
Nota: ★★★★★
Sinopse: Um cavaleiro é acusado de um crime que não cometeu, e a única pessoa que pode ajudá-lo a provar sua inocência é Nimona, uma adolescente que está determinada a acabar com o mundo que a abandonou, que muda de forma e que também pode ser um monstro que ele jurou matar. Mas será que Nimona é realmente a vilã ou uma heroína disfarçada?

Nimona é uma das mais recentes animações lançadas pela Netflix baseada na HQ homônima criada por ND Stevenson (publicada em 2016 no Brasil pela Editora Intrínseca). A história começa com a lenda de Gloreth, uma guerreira jovem e muito corajosa que derrotou um monstro terrível que ameaçava destruir o reino onde vivia. A partir daí, ela se tornou rainha e determinou que um exército de Heróis deveria proteger o reino da ameaça de outros monstros, e que os descendentes desses heróis também se tornariam heróis, aumentando a linhagem para perpertuar esse legado e continuarem protegendo o reino da ameaça de outros monstros que poderiam surgir em algum momento.



Mil anos se passaram desde então, a sociedade vive sob um regime de monarquia que permanece com características medievais, porém bastante futurístico e com muita tecnologia, e a rainha atual, por mais que seguisse Gloreth, decide que não seria mais necessário ter sangue de Herói.
Ballister Coração Bravo (Ballister Boldheart no original), que desde criança já treinava pra se tornar um cavaleiro e, agora que se tornou adulto, era um forte candidato a ser nomeado como um Herói do Reino. Um cavaleiro que não herdou o título da família era algo que assustava assustava as pessoas, que tinham bastante preconceito com essa ideia, pois elas não sabiam se poderiam confiar suas vidas e a segurança do reino nas mãos de alguém que não era Herói de sangue como ele, mesmo que Ballister já tivesse demonstrado sua força, sua coragem, suas habilidades com a espada e conquistado a confiança da rainha. No dia da nomeação, algo dá muito errado e Ballister é acusado de um crime que não cometeu. Ele perde um braço na confusão e consegue fugir pra não ser capturado, mas fica conhecido como vilão do reino e se torna procurado.



Enquanto permanecia escondido, Ballister recebe a visita inesperada de Nimona, uma adolescente rebelde, com visual descolado, sem papas na língua, aspirante a vilã e metamorfa, que está se candidatando a "vaga" de ajudante de vilão para ajudar Balli a descobrir quem armou pra ele e, assim, poder se vingar. Mas, quando os dois unem forças, eles vão perceber que as aparências vilanescas enganam, e que há coisas bem mais profundas que vão descobrir um no outro.

Nimona me surpreendeu de uma forma super positiva, pois como não conhecia, fui assistir com expectativas zero e nem imaginei que fosse me emocionar tanto e chorar tanto com as diversas críticas sociais, com a representatividade e com a jornada incrível que os personagens adentram para se encontrarem.



A arte da animação é muito bonita, cheia de cores, movimentos fluídos e personagens com expressões marcantes, além de bater de frente com qualquer animação feita pela Disney/Pixar (que numa hora dessas deve estar bem arrependida por ter ignorado essa produção), principalmente pela abordagem audaciosa na questão do relacionamento de Ballister e Ambrosius Ouropelvis (o Herói que tem descendência direta com Gloreth e é super famoso), que embora seja discreto, existe. A trilha sonora incrível e, em conjunto com o roteiro, só torna o desenho mais emocionante.
Embora desde o começo da história já fique explícito a orientação sexual de Ballister e que existe o tema LGBTQIA+ na trama, todas as adversidades que ele precisa enfrentar não tem a ver com isso, mas sim com a armadilha que ele caiu por alguém não aceitá-lo como Herói já que ele não herdou isso de ninguém a ponto de fazer com que todos o enxerguem como vilão. Ele sofre, sim, um preconceito e passa a ser perseguido e odiado por ter se tornado esse "vilão", mas nada disso está relacionado à sexualidade dele. Com relação a Nimona não dá pra dizer o mesmo, pois mesmo que não esteja explícito, penso que seu dom de se transformar no que ela quiser está bastante ligado à fluidez de gênero, algo que ainda é tratado como tabu por grande parte das pessoas, e justamente por ela não estar encaixada dentro de um determinado padrão, ela é vista como um "monstro", como aberração que deve ser excluída da sociedade e tratada de forma hostil. Logo ela fica deslocada, nunca teve amigos, carrega um trauma bastante delicado relacionado a esse tipo de preconceito, e pensa que nunca será aceita nessa sociedade, por isso a rebeldia. Ela demora a revelar seu passado, mas quando ele vem à tona, preparem os lencinhos...



Nimona é uma animação é indicada para todas as idades por passar uma mensagem maravilhosa e super emocionante sobre amizade, aceitação, perdão, superação e ainda mostra que o conceito de herói e vilão é totalmente relativo. Às vezes o "monstro" não é exatamente um monstro. Ela ainda faz uma crítica super válida e importante sobre os falsos moralistas, os mesmos que querem controlar a sociedade através do pânico desencadeando um verdadeiro caos, fazem qualquer tipo de atrocidade e cometendo várias injustiças em nome da liberdade e dos "bons costumes".

Só posso dizer que Nimona já se tornou uma das minhas animações favoritas da vida.

M de Monstra - Talia Dutton

9 de agosto de 2023

Título:
 M de Monstra
Autora: Talia Dutton
Editora: Suma
Gênero: Graphic Novel/Drama
Ano: 2023
Páginas: 224
Nota:★★★★★
Sinopse: Depois de perder a irmã mais nova, Maura, em um trágico acidente de laboratório, a dra. Frances Ai promete trazê-la de volta à vida. Entretanto, quem reaparece nessa tentativa claramente não é Maura. A criatura, que decide se chamar M, não tem recordações da vida de Maura e só quer seguir seu próprio caminho.
Na esperança de retomar a rotina que tinham juntas, Frances quer que M seja como a irmã: uma cientista dedicada com quem dividia seus planos no laboratório. Buscando recuperar suas memórias, Frances cerca M de lembranças do passado de Maura ― porém, por mais que a doutora insista, M reluta em assumir uma identidade que não é a sua.

Resenha: M de Monstra, da autora e ilustradora Talia Dutton, é uma graphic novel inspirada no clássico Frankenstein, que conta a história de duas irmãs cientistas, Frances e Maura, que passaram por um enorme trauma. Depois de Maura, a irmã mais nova, sofrer um acidente fatal durante um experimento arriscado no laboratório, Frances usa todo o seu conhecimento para reconstruir o corpo e trazer a irmã de volta à vida. Porém, não é Maura quem está alí naquele corpo cheio de remendos e cicatrizes. Ela não tem nenhuma lembrança do que viveu, da ciência pela qual era apaixonada, e nem da própria irmã, e por mais que Frances acredite que é possível consertar esse problema para que a irmã volte por completo, a criatura, que se denomina M, só quer viver em paz sendo quem ela é, e não quem querem que ela seja.




Em sua obra de estreia, a autora consegue tratar de temas bem sensíveis de uma forma leve e delicada, como luto, autodescoberta, identidade e também sobre o peso de se criar expectativas no que não se pode ter controle, e tudo isso através de um projeto gráfico muito bonito, com traços que remetem ao século XX sob um tom de verde turquesa bastante agradável aos olhos e que, combinado com o preto, transita entre suspense sobrenatural e drama de uma forma bastante fluída e imersiva.

Aqui vemos Frances num enorme conflito emocional por não ter aceitado a morte da irmã além de estar presa a um sentimento de culpa pelo que aconteceu e fazendo de tudo pra tê-la de volta, inclusive montá-la e desmonstá-la quantas vezes forem necessárias, sem pensar nas consequências. As atitudes que ela tem, as escolhas que faz, as coisas que ela diz e a forma como ela quer "consertar" a irmã  demonstram seu abalo e sua resistência devido a sua forma de enfrentar o luto, e esse ponto acaba explorando a dificuldade em lidar com a perda. Além disso, por se tratar de uma releitura, é possível perceber de forma muito clara o quanto Frances fica obcecada em obter sucesso ao reviver a irmã, lapidá-la e polí-la à perfeição, mas a trata com frieza sem hesitar em reconstruí-la quantas vezes forem necessárias pra atingir seu objetivo, sem considerar que naquele corpo há uma personalidade única com sentimentos, desejos e necessidades. Essa relação antagônica entre criadora e criatura apresenta reflexões sobre a natureza humana.


Por outro lado, temos o ponto de vista de M que fala pouco, mas consegue demonstrar através de suas expressões o quanto ela está sofrendo, pois ao mesmo tempo em que ela se esforça contra a sua vontade e abre mão dos seus sonhos pra agradar Frances, ela está se tornando cada vez mais infeliz e deslocada ao se passar por alguém que ela não é, fingindo se lembrar de coisas que jamais lhe aconteceram, e as visões que ela tem do fantasma da verdadeira Maura que se manifesta num espelho e que passa a ajudá-la nessa farsa, acabam não facilitando esse processo. A dualidade entre os pontos de vista revela que não há certo ou errado; ambos estão tentando enfrentar a situação da melhor forma possível, mas M é o lado mais fraco. A divergência de perspectivas e desejos entre as irmãs reflete a dificuldade de equilibrar as próprias vontades com as dos outros, o que me fez pensar que o preço que pagamos por abrimos mão de quem somos e do que queremos para agradar o outro, principalmente quando esse outro nos trata como algo descartável, pode ser nossa felicidade e nossa própria liberdade.

A medida que a história vai se desenrolando, é possível acompanhar a jornada de autodescoberta de M e como é difícil pra ela conviver com imposições e comparações de quem ela deveria ser, de como deve se vestir e se comportar, do que deve ou não gostar e tendo que ceder a todo momento fingindo ser Maura devido ao medo constante de ser rejeitada e desmonstada para Frances "consertá-la" caso descubra que ela é outra pessoa. Então, acompanhar os acontecimentos e perceber que M está tentando se libertar dessas amarras e assumir o controle de sua vida, mesmo que pra isso seja necessário enfrentar Frances, é bastante satisfatório e até emocionante.


M de Monstra é uma leitura rápida, agradável, envolvente e sensível, que aborda de maneira inteligente temas como autodescoberta, aceitação, o dilema de agradar aos outros em detrimento de si mesmo, a renúncia aos próprios sonhos por medo de se perder algo que sequer existiu, sobre a luta pela individualidade e livre-arbítrio, e sobre deixar partir. É praticamente impossível terminar a leitura e não pensar que a obra nos lembra da importância de seguir nosso próprio caminho e aceitar que algumas mudanças são simplesmente inevitáveis.

Novidades de Agosto - Paralela

4 de agosto de 2023

Dois Erros, Um Acerto - Chloe Liese (08/08/2023)
Quando Jamie Westenberg e Bea Wilmot se conhecem, fica claro que eles não poderiam ser mais diferentes. Após uma noite desastrosa, eles estão certos de que nunca mais se verão, mas, por algum motivo, seus amigos parecem pensar que os dois seriam o casal perfeito e bolam um plano para enganá-los e fazer com que tenham um encontro. Assim, Jamie e Bea passam a conversar por mensagens sem saber que estão falando um com o outro, mas descobrem toda a farsa quando decidem se conhecer pessoalmente. Furiosos, eles resolvem se vingar.
O plano é começar um namoro de mentira insuportavelmente apaixonado, convencer todos de que são almas gêmeas e depois terminar da forma mais dramática possível, fazendo com que os amigos pensem duas vezes antes de bancar o cupido de novo. Mas, enquanto colocam o plano em ação, a lembrança das conversas virtuais não sai da mente deles, e os dois se perguntam se realmente podia haver algo entre eles. Fingir estar apaixonado, afinal, pode se parecer muito com estar apaixonado de verdade, e aos poucos Jamie e Bea começam a questionar se na realidade não estão enganando a si mesmos...

O Arqueiro - Paulo Coelho (15/08/2023)
O arco é a vida: dele vem toda energia; a flecha é o intento; o alvo é o objetivo a ser alcançado. Através de uma parábola sobre arquearia, Paulo Coelho nos ensina a persistir em nossos objetivos, buscar paz de espírito e sermos gratos pela jornada que percorremos.
Após receber uma visita inesperada, Tetsuya, o melhor arqueiro do país, transmite seus conhecimentos a um jovem da aldeia onde vive. Assim, conhecemos o caminho do arco, que nos inspira a seguir nossa intuição e a viver plenamente.

Novidades de Agosto - Seguinte

3 de agosto de 2023

Eu, Minha Crush e Minha Irmã - Bia Crespo (15/08/2023)
Antônia se meteu numa baita confusão. Ela topou um namoro de mentira com sua maior crush, Júlia. Tudo porque Júlia quer ficar mais perto de Tamires, irmã de Antônia -- e a lésbica mais disputada da faculdade. Antônia não quer enganar a irmã e tem plena consciência de que Júlia está se aproveitando da situação, mas é impossível dizer "não" quando sua crush tem os olhos grandes e expressivos, o cabelo cheiroso, um sorriso radiante...
Quanto mais dates falsos as duas têm, mais elas se aproximam, e Antônia pode jurar que aquela conexão é pra valer. Mas Júlia está irredutível em sua missão de conquistar Tamires, e talvez Antônia esteja perdendo a chance de se envolver com Camila, uma colega do curso de cinema que parece gostar de Antônia do jeitinho que ela é.
Agora caberá a Antônia decidir até onde consegue levar essa mentira sem machucar quem ama -- e o próprio coração.

Este Inverno: Uma Novela Hearstopper - Alice Oseman (22/08/2023)
Nesta novela da série best-seller Hearstopper, os irmãos Spring vão ter, cada um à sua maneira, que enfrentar um dia particularmente difícil.  
Tori, Charlie e Oliver Spring sabem que o Natal deste ano vai ser diferente. Depois de passar um período internado para tratar seu transtorno alimentar, tudo o que Charlie quer é não ser o centro das atenções -- o que parece impossível. 
Quando as coisas saem do controle, cada um dos irmãos vai ter que encontrar um jeito de lidar com este inverno difícil -- e buscar conforto um no outro.


O Mar me Levou a Você - Pedro Rhuas (30/08/2023)
Nascido em uma lendária família de surfistas, Matias Mendonza sempre esteve ligado ao mar. As ondas são sua bússola quando ele se sente perdido -- o que acontece com mais frequência do que sua fama de bad boy deixa transparecer. De volta à praia de Canoa Quebrada para mais uma temporada perfeita no Ceará, ele precisa decidir se seguirá os passos da mãe no surfe profissional ou se trabalhará no Hippie, o charmoso hostel dos pais.
Mas antes que faça sua escolha, o mar tem uma última surpresa: Júlio, o garoto misterioso com quem seu destino se entrelaça quando uma onda enorme os aproxima. Onde Matias é água e fogo, Júlio é terra e ar. Conforme o verão avança, o Universo parece querer unir esses dois opostos a qualquer custo. Só que dar uma chance ao amor é bem difícil quando se tem medo de vivê-lo. Será que esse novo romance pode ser mais que uma história de verão? Se seguirem os sinais, talvez encontrem a resposta...

Novidades de Agosto - Suma

2 de agosto de 2023

Mestre dos Djinns - P. Djèlí Clark (22/08/2023)
Cairo, 1912. Fatma el-Sha'arawi é a mais jovem mulher a trabalhar para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Mas ela certamente não é nenhuma novata, ainda mais depois de ter impedido a destruição do universo no último verão.
Após um assassinato envolvendo os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz, irmandade secreta dedicada ao homem mais famoso da história, a agente é convocada para investigar o caso. Quarenta anos antes, al-Jahiz abriu o véu que isolava o mundo mágico -- trazendo os djinns, ou gênios, para a realidade humana -- e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, o assassino alega ser o próprio al-Jahiz, que voltou para punir a sociedade moderna por suas injustiças sociais.
Na companhia de Hadia, sua nova assistente, e de Siti, sua namorada e devota dos antigos deuses egípcios, Fatma precisará desvendar a identidade do impostor -- se é que ele é mesmo um impostor -- para reestabelecer a paz.

Canções de um Sonhador Morto & Escriba-Sinistro - Thomas Ligotti (29/08/2023)
Influenciada pelos estranhamentos de H. P. Lovecraft e de Edgar Allan Poe, além dos absurdos brutais de Franz Kafka, a literatura de Thomas Ligotti desvia das meras imagens sangrentas, presentes nas narrativas de terror tradicionais, para chocar o leitor das formas mais profundas e existenciais com outro tipo de monstruosidade. Em uma prosa detalhista, objetiva e impassível, Ligotti narra histórias sobre cidades decadentes e paisagens oníricas e lúgubres para revelar a insignificância do mundo e da condição humana.
Os dois volumes aqui reunidos evidenciam o caráter sombrio, perturbador e filosófico da obra de Ligotti, que usou suas histórias para mostrar, como nunca se fez antes, a concepção de que a própria vida é um pesadelo.

Resumo do Mês - Julho

1 de agosto de 2023

Esse mês de Julho não teve nada no blog por motivo de FÉRIAS ESCOLARES. Crianças a solta dentro de casa me pondo no hospício, trabalho triplicado que não acaba nunca, sofrência pra castrar e cuidar dos gatos aqui de casa, e zero tempo livre pra eu ter um minuto de paz. Só teve Caixinha de Correio por já estar programada, e o resto foi com Deus. É isso. Sorry! Agora em Agosto espero poder voltar com a programação normal.