Fazia um bom tempo que eu não comprava livros que estavam na minha wishlist literária, coisa de mais de ano. Mês passado eu só comprei dois livritchos em promoção porque saíram praticamente de graça pra mim pelo site do Submarino, e esse mês agora eu resolvi que, mesmo eu me desapegando de vários livros meus, alguns eu ainda faço questão de manter, e outros quero ter na estante, e é o caso desses abençoados da Darkside Books que comprei e espero não me decepcionar com a leitura.
Os próximos da lista que vou comprar, só não sei quando exatamente, vão ser as edições em capa dura da saga The Witcher (aquelas capas são lindas, meudeusdocéu) e a edição ilustrada de Harry Potter e o Cálice de Fogo, e espero achar num preço bom porque estão custando os olhos da própria cara ultimamente, socorro, Jesus...
Enfim... eis caixinha:
Na Telinha - Abominável
25 de fevereiro de 2020
Título: Abominável (Abominable)
Elenco: Chloe Bennet, Albert Tsai, Tenzing Norgay Trainor, Eddie Izzard, Sarah Paulson
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2019
Duração: 1h 37min
Classificação: Livre
Nota: ★★★☆☆
Em parceria com a produtora chinesa Pearl, a DreamWorks trouxe para o público mais uma aventura envolvendo uma jornada mágica e com vários perigos que se passa na China.
Yi é uma adolescente que perdeu o pai há um tempo e mora com a mãe e a vó. O sonho dela é realizar o que o pai não pode fazer ainda em vida, que seria viajar numa grande aventura pela China, e por isso vive ocupada fora de casa, fazendo diversos trabalhos para juntar dinheiro.
Num laboratório longe dalí, uma criatura enjaulada consegue escapar e acaba indo parar no telhado do prédio onde Yi mora, e quando a garota o encontra, percebe que ele é um yeti muito dorminhoco com algumas habilidades especiais e que só quer voltar pra casa, no monte Everest. Yi passa a chama-lo de "Everest", e parte com ele e mais dois amigos numa viagem cheia de aventuras pela China enquanto são seguidos pelo dono megalomaníaco do laboratório, Sr. Burnish, e pela zoóloga responsável, Dra. Zara, que querem capturar o yeti a qualquer custo.
Partindo dessa premissa, temos aquela trama bem clichê e previsível de um grupinho de amigos que precisam salvar alguém recém conhecido, e no meio do caminho passam por maus bocados até chegar ao destino. Talvez pela produtora ser a mesma, é impossível não notar uma enorme similaridade com o dragão Banguela, de Como Treinar seu Dragão. Everest é o dito "pé-grande", o "abominável-homem-das-neves", mas de assustador ele não tem nada, muito pelo contrário. Sua boca gigante faz com que ele pareça mais um cachorro feliz que adora enfiar a cabeça pra fora da janela do carro enquanto a língua voa, e ser muito peludo e fofinho reforça ainda mais essa característica. Só faltava o pobre latir.
Everest consegue controlar a natureza para que ela se mova a seu favor. Ele pode fazer as plantas florescerem e dar frutos gigantes, pode criar um verdadeiro tsunami e destruir tudo, e pode inclusive invocar nuvens e vento, logo, não entendi a real necessidade dele ter companhia de crianças que correm risco de vida ao entrarem nessa e serem perseguidas pelos agentes do Sr. Burnish e da Dra. Zara, sendo que pra voltar pra casa bastava que Everest fosse voando e pronto. A impressão que fica é que os momentos reservados ao uso desse dom são utilizados somente nas horas convenientes pra dar aquele clímax e impressionar, mas o efeito acaba sendo o contrário por ser óbvio.
Ainda assim, não nego que há algumas cenas fofas e encantadoras que podem divertir, inclusive aquelas envolvendo Yi tocando o violino que ela herdou do pai, e o que a motiva fazer tudo o que ela faz, é justamente por causa da morte e do luto por ele, e da homenagem que ela deseja prestar ao tornar esse sonho de viajar pela China que ele tinha em algo real, mas da forma que foi colocado, a ligação propriamente dita entre essa questão e o yeti, eu não acho que as crianças podem captar essa ideia de uma forma muito clara, mas, sim, fiquem ligadas à fofura de Everest e aos poderes dele que promovem os melhores efeitos visuais do filme.
Os amigos de Yi não tem muitos atrativos, visto que um deles não dava muita bola pra Yi por ela não ser popular, é viciado em redes sociais e selfies e só se preocupa com isso na vida, e o outro mais novo que adora basquete acaba sendo mais engraçadinho, mas, claro, a partir da aventura, eles acabam tendo uma visão de mundo diferente. Apesar de fracos, eles movimentam a trama dando toques de bom humor e trazendo alguma pouca tensão, já que algumas coisas dão errado, e mostrando que uma amizade improvável pode surgir e se fortalecer nessa dinâmica, onde a união em prol de algo maior é a única coisa que lhes resta.
Já não posso falar a mesma coisa dos "vilões", que não tem motivações convincentes pra seguir com seus planos "malignos", ou que causam "reviravoltas" inexplicáveis pra mudarem de lado numa tentativa bem xulé de causar qualquer emoção no público. Sei que em animações infantis é comum que as coisas se resolvam - e elas sempre se resolvem - de uma forma feliz, mas quando isso é feito de forma preguiçosa eu morro de dó.
Abominável traz uma aventura até divertida abordando temas como amizade, família, luto e autodescoberta num visual bem bacana e utilizando uma trilha sonora tocante e muito legal, mas a animação em si não traz nada de inesquecível, pra ser sincera.
Elenco: Chloe Bennet, Albert Tsai, Tenzing Norgay Trainor, Eddie Izzard, Sarah Paulson
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2019
Duração: 1h 37min
Classificação: Livre
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Shanghai, China. Yi (Chloe Bennet) é uma adolescente que, certo dia, descobre que um yeti está no telhado do prédio em que ela mora. A partir disso, ela e seus colegas passam a chamar a criatura mística de "Everest" e, ao criarem laços com o animal, decidem levá-lo até sua família, que está no topo do planeta. Porém, os três amigos terão que conseguir despistar o ganancioso Burnish (Eddie Izzard) e a zoóloga Dra. Zara (Sarah Paulson), que querem pegar o yeti a qualquer custo.
Em parceria com a produtora chinesa Pearl, a DreamWorks trouxe para o público mais uma aventura envolvendo uma jornada mágica e com vários perigos que se passa na China.
Yi é uma adolescente que perdeu o pai há um tempo e mora com a mãe e a vó. O sonho dela é realizar o que o pai não pode fazer ainda em vida, que seria viajar numa grande aventura pela China, e por isso vive ocupada fora de casa, fazendo diversos trabalhos para juntar dinheiro.
Num laboratório longe dalí, uma criatura enjaulada consegue escapar e acaba indo parar no telhado do prédio onde Yi mora, e quando a garota o encontra, percebe que ele é um yeti muito dorminhoco com algumas habilidades especiais e que só quer voltar pra casa, no monte Everest. Yi passa a chama-lo de "Everest", e parte com ele e mais dois amigos numa viagem cheia de aventuras pela China enquanto são seguidos pelo dono megalomaníaco do laboratório, Sr. Burnish, e pela zoóloga responsável, Dra. Zara, que querem capturar o yeti a qualquer custo.
Partindo dessa premissa, temos aquela trama bem clichê e previsível de um grupinho de amigos que precisam salvar alguém recém conhecido, e no meio do caminho passam por maus bocados até chegar ao destino. Talvez pela produtora ser a mesma, é impossível não notar uma enorme similaridade com o dragão Banguela, de Como Treinar seu Dragão. Everest é o dito "pé-grande", o "abominável-homem-das-neves", mas de assustador ele não tem nada, muito pelo contrário. Sua boca gigante faz com que ele pareça mais um cachorro feliz que adora enfiar a cabeça pra fora da janela do carro enquanto a língua voa, e ser muito peludo e fofinho reforça ainda mais essa característica. Só faltava o pobre latir.
Everest consegue controlar a natureza para que ela se mova a seu favor. Ele pode fazer as plantas florescerem e dar frutos gigantes, pode criar um verdadeiro tsunami e destruir tudo, e pode inclusive invocar nuvens e vento, logo, não entendi a real necessidade dele ter companhia de crianças que correm risco de vida ao entrarem nessa e serem perseguidas pelos agentes do Sr. Burnish e da Dra. Zara, sendo que pra voltar pra casa bastava que Everest fosse voando e pronto. A impressão que fica é que os momentos reservados ao uso desse dom são utilizados somente nas horas convenientes pra dar aquele clímax e impressionar, mas o efeito acaba sendo o contrário por ser óbvio.
Ainda assim, não nego que há algumas cenas fofas e encantadoras que podem divertir, inclusive aquelas envolvendo Yi tocando o violino que ela herdou do pai, e o que a motiva fazer tudo o que ela faz, é justamente por causa da morte e do luto por ele, e da homenagem que ela deseja prestar ao tornar esse sonho de viajar pela China que ele tinha em algo real, mas da forma que foi colocado, a ligação propriamente dita entre essa questão e o yeti, eu não acho que as crianças podem captar essa ideia de uma forma muito clara, mas, sim, fiquem ligadas à fofura de Everest e aos poderes dele que promovem os melhores efeitos visuais do filme.
Os amigos de Yi não tem muitos atrativos, visto que um deles não dava muita bola pra Yi por ela não ser popular, é viciado em redes sociais e selfies e só se preocupa com isso na vida, e o outro mais novo que adora basquete acaba sendo mais engraçadinho, mas, claro, a partir da aventura, eles acabam tendo uma visão de mundo diferente. Apesar de fracos, eles movimentam a trama dando toques de bom humor e trazendo alguma pouca tensão, já que algumas coisas dão errado, e mostrando que uma amizade improvável pode surgir e se fortalecer nessa dinâmica, onde a união em prol de algo maior é a única coisa que lhes resta.
Já não posso falar a mesma coisa dos "vilões", que não tem motivações convincentes pra seguir com seus planos "malignos", ou que causam "reviravoltas" inexplicáveis pra mudarem de lado numa tentativa bem xulé de causar qualquer emoção no público. Sei que em animações infantis é comum que as coisas se resolvam - e elas sempre se resolvem - de uma forma feliz, mas quando isso é feito de forma preguiçosa eu morro de dó.
Abominável traz uma aventura até divertida abordando temas como amizade, família, luto e autodescoberta num visual bem bacana e utilizando uma trilha sonora tocante e muito legal, mas a animação em si não traz nada de inesquecível, pra ser sincera.
Tags:
Abominável,
Animação,
Aventura,
Crítica,
Dream Works,
Fantasia,
Na Telinha
Games - Não Seja Demitido!
24 de fevereiro de 2020
Título: Não Seja Demitido! (Don't Get Fired!)
Desenvolvedora: QuickTurtle
Plataforma: Android e iOS
Categoria: Simulação/Sobrevivência
Ano: 2015(?)
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★☆
Não Seja Demitido é um game indie de sobrevivência que simula a jornada sofrida e um tanto injusta de trabalho de um pobreescravo funcionário sem amigos e sem dinheiro, que passa por várias empresas coreanas com "objetivo" de não ser demitido e subir de cargo. O problema é que não ser demitido é simplesmente impossível, e talvez a "graça" do jogo esteja justamente nessa dificuldade, mostrando o quanto é complicado começar do zero e crescer dentro de uma grande corporação cheia de hierarquias e nenhuma mãozinha pra ajudar.
O jogo começa com o personagem, um rapazinho entusiasmado de cabelinho azul, animado pra entrevista em busca do seu primeiro emprego. Depois de muita rejeição (que conta como demissão), ele ingressa na empresa como estagiário, sem ganhar um tostão furado, e trabalhando feito um louco recolhendo dezenas de arquivos e documentos de seus superiores para dar conta. O pouco dinheiro que ele ganha é uma mísera moedinha por cada arquivo finalizado, e, no início, a pilha de arquivos que se acumulam é assustadora, já que o pobrezinho é iniciante e não tem qualificações.
Cada período de experiência, aparentemente, corresponde a um ano de trabalho, e, a cada promoção, a pontuação exigida para subir de nível dobra para dificultar ainda mais a vida do personagem, já exausto. Porém a pensão/salário prometido para o dito cargo só é recebida quando o pobre coitado é demitido, logo é bastante difícil juntar dinheiro para aprimorar o personagem para que ele se qualifique e consiga ser promovido com menos dificuldade. As qualificações são caras e vão desde a aumentar a saúde, até melhorar a capacidade e a velocidade no trabalho e da equipe, assim como melhorias no discurso ou na liderança (quando ele consegue atingir um cargo de chefia e tem subordinados a quem pode dar ordens). É possível desbloquear alguns desafios que podem render algum benefício ou a demissão imediata, e assistir anúncios como forma de ganhar um dinheirinho extra fazendo esse trabalho "por fora" (desde que você não seja pego, claro).
Com vários pop ups de chefes dando ordens e exigindo coisas absurdas, ou subordinados implorando por descanso onde é preciso escolher uma opção entre as duas oferecidas, é possível ganhar e perder dinheiro, saúde, uma porcentagem sobre as chances de uma provável promoção ao final da experiência, comprar bens materiais para subir de posição social, casar, comprar uma casa, e até ser demitido por fazer uma escolha errada.
O jogo em si é bem intuitivo, simples e coloridinho (e dá pra configurar o idioma em português também). Os gráficos são em 8 bits e o gênero chiptune é o que dá som ao game, dando uma boa de uma nostalgia dos videogames dos anos 80/90, o que é bastante atrativo. Há um painel onde é possível conferir a "coleção" dos motivos que levaram o coitado a ser demitido, assim como as posições que ele já ocupou na empresa (algumas são secretas e só são desbloqueadas dependendo da forma como ele age na empresa, como "demônio", "anjo", "parasita"...).
Desenvolvedora: QuickTurtle
Plataforma: Android e iOS
Categoria: Simulação/Sobrevivência
Ano: 2015(?)
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Desempregados destruirão seus celulares e trabalhadores contratados chorarão como garotinhas depois que jogarem este jogo!
Sobreviva no emprego do jeito extremo...
'Não seja demitido!' chegou!!!
Para todos aqueles que estão procurando um emprego:
'Não seja demitido!' é um jogo de sobrevivência onde você interpreta um personagem sem dinheiro e amigos importantes. Você precisa fazê-lo subir na empresa desde um simples 'estagiário' ao praticamente inalcançável 'presidente'.
Experimente as condições de trabalho extremamente duras da Coréia com controles simples!
Por quantas empresas você terá que passar para se tornar o presidente?
Para todos os trabalhadores e desempregados cansados e frustrados:
Faça seus sonhos se realizarem nesse jogo!
Até que você chegue no topo da escada ...
Não. Seja. Demitido!
[Não importa o que você espera, você verá que tem muito mais XD]
Não Seja Demitido é um game indie de sobrevivência que simula a jornada sofrida e um tanto injusta de trabalho de um pobre
O jogo começa com o personagem, um rapazinho entusiasmado de cabelinho azul, animado pra entrevista em busca do seu primeiro emprego. Depois de muita rejeição (que conta como demissão), ele ingressa na empresa como estagiário, sem ganhar um tostão furado, e trabalhando feito um louco recolhendo dezenas de arquivos e documentos de seus superiores para dar conta. O pouco dinheiro que ele ganha é uma mísera moedinha por cada arquivo finalizado, e, no início, a pilha de arquivos que se acumulam é assustadora, já que o pobrezinho é iniciante e não tem qualificações.
Cada período de experiência, aparentemente, corresponde a um ano de trabalho, e, a cada promoção, a pontuação exigida para subir de nível dobra para dificultar ainda mais a vida do personagem, já exausto. Porém a pensão/salário prometido para o dito cargo só é recebida quando o pobre coitado é demitido, logo é bastante difícil juntar dinheiro para aprimorar o personagem para que ele se qualifique e consiga ser promovido com menos dificuldade. As qualificações são caras e vão desde a aumentar a saúde, até melhorar a capacidade e a velocidade no trabalho e da equipe, assim como melhorias no discurso ou na liderança (quando ele consegue atingir um cargo de chefia e tem subordinados a quem pode dar ordens). É possível desbloquear alguns desafios que podem render algum benefício ou a demissão imediata, e assistir anúncios como forma de ganhar um dinheirinho extra fazendo esse trabalho "por fora" (desde que você não seja pego, claro).
Com vários pop ups de chefes dando ordens e exigindo coisas absurdas, ou subordinados implorando por descanso onde é preciso escolher uma opção entre as duas oferecidas, é possível ganhar e perder dinheiro, saúde, uma porcentagem sobre as chances de uma provável promoção ao final da experiência, comprar bens materiais para subir de posição social, casar, comprar uma casa, e até ser demitido por fazer uma escolha errada.
O jogo em si é bem intuitivo, simples e coloridinho (e dá pra configurar o idioma em português também). Os gráficos são em 8 bits e o gênero chiptune é o que dá som ao game, dando uma boa de uma nostalgia dos videogames dos anos 80/90, o que é bastante atrativo. Há um painel onde é possível conferir a "coleção" dos motivos que levaram o coitado a ser demitido, assim como as posições que ele já ocupou na empresa (algumas são secretas e só são desbloqueadas dependendo da forma como ele age na empresa, como "demônio", "anjo", "parasita"...).
Talvez, pra mim, o único ponto negativo do jogo seja a ideia do salário só ser recebido de forma integral no ato da demissão, e toda demissão faz com que o personagem volte dois cargos na hierarquia da empresa, assim, só dá pra realmente juntar dinheiro pra fazer as melhorias que queremos sendo demitido. Isso é um fator que acaba desanimando e dificultando ainda mais o progresso do personagem já que, sem dinheiro, ele não tem meios pra poder investir em melhorias e capacitação.
É interessante acompanhar o coitado nessa jornada, pois a cada vez que ele é promovido, ele passa a trabalhar sempre o dobro, e consequentemente isso interfere na aparência que ele tem. Ao entrar como estagiário ele é animado, sorridente e bem feliz, mas a medida que vai subindo de cargo e tendo novas responsabilidades atribuídas, ele começa a perder os cabelos, ficar com olheiras fundas, olhos vermelhos, e chorando de desespero. É notável o quanto ele vai virando um caco com o passar do tempo, de tão acabado. Achei um pouco injusto não ter opção de escolhermos uma personagem feminina, o que dá a entender que só homens podem conquistar cargos altos de chefia, como diretoria ou presidência da empresa, mas enfim...
As telas de carregamento do jogo também trazem dicas e várias frases "motivacionais" (ou não), e, num geral, o jogo em si deixa qualquer um indignado pelo esforço que, na maioria das vezes e sem a menor explicação, nunca é reconhecido. Por essas e outras Não Seja Demitido!, mesmo que viciante, acaba sendo um pouquinho cansativo, porque é realmente muito difícil sair do lugar e é brochante sempre voltar no início pra começar praticamente tudo de novo. Mas não nego que seja um game muito bom pra se passar o tempo e ver o quão dura, muitas vezes injusta, cheia de desafios, e digna de piedade, é a vida de um trabalhador que, literalmente, dá o sangue pela empresa em troca dequase nada.
É interessante acompanhar o coitado nessa jornada, pois a cada vez que ele é promovido, ele passa a trabalhar sempre o dobro, e consequentemente isso interfere na aparência que ele tem. Ao entrar como estagiário ele é animado, sorridente e bem feliz, mas a medida que vai subindo de cargo e tendo novas responsabilidades atribuídas, ele começa a perder os cabelos, ficar com olheiras fundas, olhos vermelhos, e chorando de desespero. É notável o quanto ele vai virando um caco com o passar do tempo, de tão acabado. Achei um pouco injusto não ter opção de escolhermos uma personagem feminina, o que dá a entender que só homens podem conquistar cargos altos de chefia, como diretoria ou presidência da empresa, mas enfim...
As telas de carregamento do jogo também trazem dicas e várias frases "motivacionais" (ou não), e, num geral, o jogo em si deixa qualquer um indignado pelo esforço que, na maioria das vezes e sem a menor explicação, nunca é reconhecido. Por essas e outras Não Seja Demitido!, mesmo que viciante, acaba sendo um pouquinho cansativo, porque é realmente muito difícil sair do lugar e é brochante sempre voltar no início pra começar praticamente tudo de novo. Mas não nego que seja um game muito bom pra se passar o tempo e ver o quão dura, muitas vezes injusta, cheia de desafios, e digna de piedade, é a vida de um trabalhador que, literalmente, dá o sangue pela empresa em troca de
Tags:
Android,
Games,
Indie,
iOS,
Não Seja Demitido!,
QuickTurtle,
Simulação,
Sobrevivência
Harry Potter e a Câmara Secreta - J.K. Rowling
20 de fevereiro de 2020
Título: Harry Potter e a Câmara Secreta - Harry Potter #2
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★★★♥
Resenha: Depois de enfrentar o Lorde das Trevas e sobreviver mais uma vez pra contar a história, Harry volta para a casa dos tios para passar as férias enquanto aguarda o início das aulas em Hogwarts mais uma vez. Porém, enquanto seus tios o mantém preso e escondido em seu quarto numa tentativa de evitar que ele se comunique com seus amigos "anormais", Harry recebe a visita inesperada de uma criatura curiosa, Dobby, um elfo doméstico que vive se autocastigando, mas que está alí para tentar impedir que Harry volte para Hogwarts. Segundo Dobby, há algo muito perigoso sendo tramado por lá, e um grande desastre irá acontecer caso Harry volte. É claro que Harry não pode deixar de voltar pra escola, pois lá é seu lugar de verdade. Resgatado por Rony, Fred e Jorge num carro enfeitiçado, Harry consegue fugir da casa dos Dursley e vai para A Toca, a casa da família Weasley, onde aguarda o início das aulas ansioso.
Gilderoy Lockhart é o novo - e convencido - professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e agora, no segundo ano, as crianças começam a praticar alguns feitiços de ataque e defesa para aprender a desarmar oponentes, mas quando um feitiço não dá muito certo e Harry demonstra ter uma habilidade incomum entre os bruxos e ouvir vozes ameaçadoras que mais ninguém escuta, o menino começa a ser visto com muita desconfiança pelos alunos. E isso piora quando o real perigo começa a surgir e alguns alunos nascidos trouxas começam a ser encontrados petrificados. Harry é o principal suspeito pois sempre está no lugar errado, na hora errada, mas ele precisa provar para todos que ele não só é inocente, como descobrir quem está por trás dos ataques, e é quando o professor (e fantasma) Binns, de que leciona História da Magia, conta aos alunos sobre a lendária câmara secreta, e que lá existe um monstro que só pode ser controlado pelo herdeiro de Salazar Slytherin, o fundador de Sonserina. Mas quem será essa pessoa? E será que a Câmara realmente existe ou não passa de lenda para assustar crianças?
Narrado em terceira pessoa, a história se mantém fluída, com detalhes maravilhosos, toques de muito bom humor e é impossível de largar. No segundo ano de Harry Potter em Hogwarts, já temos uma noção muito boa sobre o funcionamento da sociedade bruxa e da escola em si, mas sempre aparece alguma informação nova para incrementar a história e nos surpreender. Outra coisa super legal nos livros é que J.K. sempre insere alguma situação ou informação que, aparentemente, parece não ser tão importante ou que acaba sendo um obstáculo a ser enfrentado, mas acaba tendo uma ligação com algo que acontece lá na frente e tudo de encaixa, como mágica.
Harry já está mais familiarizado com o universo bruxo, com o quadribol, com os professores, e com os perigos que sempre estão a espreita, e dessa vez não seria diferente. O Lorde das Trevas ainda representa uma ameaça e sempre está buscando meios de retornar, e Harry não vai hesitar em estar alí para tentar impedir.
Rony, por mais que seja o amigo bobalhão de Harry, mostra que apesar de ter pavor de aranhas, ele é corajoso e também enfrenta o perigo quando necessário, mesmo com uma varinha quebrada que causa destruição se utilizada. E a ideia de Gina, sua irmã mais nova, ter ido pro seu primeiro ano em Hogwarts e estar correndo perigo, o deixa ainda mais preocupado em fazer alguma coisa para ajudar a resolver o mistério acerca do monstro da câmara secreta.
E mais uma vez, Hermione, com sua astúcia e inteligência, consegue resolver problemas aparentemente impossíveis, desvendando mistérios que ninguém, em décadas, soube resolver. Hermione sempre deixa se guiar pela razão, mesmo que isso signifique contrariar as ideias de Harry, e é incrível como a menina, de uma forma até irritante, sempre está certa.
Snape está mais odioso do que nunca, perseguindo os garotos e destilando toda a sua antipatia pela vida contra as crianças. Gilderoy é aquele tipo de embuste que se acha o centro das atenções, que gosta de espalhar seus grandes feitos por aí como se ele fosse alguém famoso e muito importante. Desde o início fica claro o quanto ele é ridículo e narcisista - o que chega a ser inacreditável e muito engraçado - mas a reviravolta que ele sofre no final é perfeita, pois mostra que as pessoas não são o que fazem questão de aparentar ser.
Através das memórias em um diário mágico, sabemos um pouco mais sobre Tom Riddle, um estudante de Hogwarts de décadas atrás, que mostra algumas passagens ocorridas na escola a fim de trazer algumas respostas para Harry, e que acaba se tornando alguém bastante conhecido no mundo bruxo futuramente...
Não posso deixar de falar sobre a estadia de Harry n'A Toca e é uma pena enorme que as cenas que se passam lá ficaram de fora do filme. A Toca é uma casa torta e mágica, com direito a vampiro que mora no sótão e um jardim enorme que precisa ser desgnomizado com frequência, pois os gnomos - criaturas muito diferentes daquelas parecidas com um mini papai noel que os trouxas insistem em usar para enfeitar seus jardins - são pragas que infestam o terreno e destroem as plantas. O processo de dar fim nos bichos é hilário e muito criativo. Outra passagem super interessante é o aniversário de morte do fantasma Nick-quase-sem-Cabeça, do qual o trio de amigos foi convidado a participar e ficam totalmente abismados, e a ideia de que o zelador da escola, Argo Filch, é um aborto (que nasce em uma família bruxa mas não tem poderes, o que seria o oposto da Hermione, que nasceu bruxa numa família de trouxas).
Enfim, eu poderia ficar aqui falando sobre os detalhes do livro, da saga em si, de como a autora começou a introduzir a questão do preconceito e das diferenças entre bruxos e trouxas, e do quanto eu amo esse universo mágico e fantástico criado pela genial J.K. Rowling eternamente, mas vou me conter e só dizer que é livro cuja leitura - e releitura - é mais do que recomendada.
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★★★♥
Sinopse: Os Dursley estavam tão anti-sociais naquele verão, que tudo o que Harry queria era voltar às aulas da Escola de Bruxarias de Hogwarts. No entanto, quando já terminava de fazer suas malas, Harry recebe um aviso de um estranho chamado Dobby, que diz que um desastre acontecerá caso Potter decida voltar à Hogwarts. Harry não liga para aquela mensagem e o desastre realmente acontece. Naquele segundo ano estudando em Hogwarts, novos horrores surgem para atormentar Harry, incluindo o novo professor Gilderoy Lockhart e um espírito chamado Murta-que-Geme, que assombra o banheiro feminino, além de olhares indesejados da irmã mais nova de Ron Weasley, Gina. Todos esses problemas, no entanto, parecem menores quando o verdadeiro problema começa e algo transforma os alunos de Hogwarts em pedra. Dentre os suspeitos: o próprio Harry.
Resenha: Depois de enfrentar o Lorde das Trevas e sobreviver mais uma vez pra contar a história, Harry volta para a casa dos tios para passar as férias enquanto aguarda o início das aulas em Hogwarts mais uma vez. Porém, enquanto seus tios o mantém preso e escondido em seu quarto numa tentativa de evitar que ele se comunique com seus amigos "anormais", Harry recebe a visita inesperada de uma criatura curiosa, Dobby, um elfo doméstico que vive se autocastigando, mas que está alí para tentar impedir que Harry volte para Hogwarts. Segundo Dobby, há algo muito perigoso sendo tramado por lá, e um grande desastre irá acontecer caso Harry volte. É claro que Harry não pode deixar de voltar pra escola, pois lá é seu lugar de verdade. Resgatado por Rony, Fred e Jorge num carro enfeitiçado, Harry consegue fugir da casa dos Dursley e vai para A Toca, a casa da família Weasley, onde aguarda o início das aulas ansioso.
Gilderoy Lockhart é o novo - e convencido - professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e agora, no segundo ano, as crianças começam a praticar alguns feitiços de ataque e defesa para aprender a desarmar oponentes, mas quando um feitiço não dá muito certo e Harry demonstra ter uma habilidade incomum entre os bruxos e ouvir vozes ameaçadoras que mais ninguém escuta, o menino começa a ser visto com muita desconfiança pelos alunos. E isso piora quando o real perigo começa a surgir e alguns alunos nascidos trouxas começam a ser encontrados petrificados. Harry é o principal suspeito pois sempre está no lugar errado, na hora errada, mas ele precisa provar para todos que ele não só é inocente, como descobrir quem está por trás dos ataques, e é quando o professor (e fantasma) Binns, de que leciona História da Magia, conta aos alunos sobre a lendária câmara secreta, e que lá existe um monstro que só pode ser controlado pelo herdeiro de Salazar Slytherin, o fundador de Sonserina. Mas quem será essa pessoa? E será que a Câmara realmente existe ou não passa de lenda para assustar crianças?
Narrado em terceira pessoa, a história se mantém fluída, com detalhes maravilhosos, toques de muito bom humor e é impossível de largar. No segundo ano de Harry Potter em Hogwarts, já temos uma noção muito boa sobre o funcionamento da sociedade bruxa e da escola em si, mas sempre aparece alguma informação nova para incrementar a história e nos surpreender. Outra coisa super legal nos livros é que J.K. sempre insere alguma situação ou informação que, aparentemente, parece não ser tão importante ou que acaba sendo um obstáculo a ser enfrentado, mas acaba tendo uma ligação com algo que acontece lá na frente e tudo de encaixa, como mágica.
Harry já está mais familiarizado com o universo bruxo, com o quadribol, com os professores, e com os perigos que sempre estão a espreita, e dessa vez não seria diferente. O Lorde das Trevas ainda representa uma ameaça e sempre está buscando meios de retornar, e Harry não vai hesitar em estar alí para tentar impedir.
Rony, por mais que seja o amigo bobalhão de Harry, mostra que apesar de ter pavor de aranhas, ele é corajoso e também enfrenta o perigo quando necessário, mesmo com uma varinha quebrada que causa destruição se utilizada. E a ideia de Gina, sua irmã mais nova, ter ido pro seu primeiro ano em Hogwarts e estar correndo perigo, o deixa ainda mais preocupado em fazer alguma coisa para ajudar a resolver o mistério acerca do monstro da câmara secreta.
E mais uma vez, Hermione, com sua astúcia e inteligência, consegue resolver problemas aparentemente impossíveis, desvendando mistérios que ninguém, em décadas, soube resolver. Hermione sempre deixa se guiar pela razão, mesmo que isso signifique contrariar as ideias de Harry, e é incrível como a menina, de uma forma até irritante, sempre está certa.
Snape está mais odioso do que nunca, perseguindo os garotos e destilando toda a sua antipatia pela vida contra as crianças. Gilderoy é aquele tipo de embuste que se acha o centro das atenções, que gosta de espalhar seus grandes feitos por aí como se ele fosse alguém famoso e muito importante. Desde o início fica claro o quanto ele é ridículo e narcisista - o que chega a ser inacreditável e muito engraçado - mas a reviravolta que ele sofre no final é perfeita, pois mostra que as pessoas não são o que fazem questão de aparentar ser.
Através das memórias em um diário mágico, sabemos um pouco mais sobre Tom Riddle, um estudante de Hogwarts de décadas atrás, que mostra algumas passagens ocorridas na escola a fim de trazer algumas respostas para Harry, e que acaba se tornando alguém bastante conhecido no mundo bruxo futuramente...
Não posso deixar de falar sobre a estadia de Harry n'A Toca e é uma pena enorme que as cenas que se passam lá ficaram de fora do filme. A Toca é uma casa torta e mágica, com direito a vampiro que mora no sótão e um jardim enorme que precisa ser desgnomizado com frequência, pois os gnomos - criaturas muito diferentes daquelas parecidas com um mini papai noel que os trouxas insistem em usar para enfeitar seus jardins - são pragas que infestam o terreno e destroem as plantas. O processo de dar fim nos bichos é hilário e muito criativo. Outra passagem super interessante é o aniversário de morte do fantasma Nick-quase-sem-Cabeça, do qual o trio de amigos foi convidado a participar e ficam totalmente abismados, e a ideia de que o zelador da escola, Argo Filch, é um aborto (que nasce em uma família bruxa mas não tem poderes, o que seria o oposto da Hermione, que nasceu bruxa numa família de trouxas).
Enfim, eu poderia ficar aqui falando sobre os detalhes do livro, da saga em si, de como a autora começou a introduzir a questão do preconceito e das diferenças entre bruxos e trouxas, e do quanto eu amo esse universo mágico e fantástico criado pela genial J.K. Rowling eternamente, mas vou me conter e só dizer que é livro cuja leitura - e releitura - é mais do que recomendada.
Tags:
Aventura,
Fantasia,
Harry Potter,
Infanto Juvenil,
J.K. Rowling,
Resenha,
Rocco
Harry Potter e a Pedra Filosofal - J.K. Rowling
19 de fevereiro de 2020
Título: Harry Potter e a Pedra Filosofal - Harry Potter #1
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota:★★★★★♥
Resenha: Harry Potter é um garoto de dez anos, magricela, com olhos verdes, uma cabeleira desgrenhada e uma cicatriz em forma de raio na testa. Ele foi criado pelos tios preconceituosos e intragáveis, os Dursleys, num armário debaixo da escada, depois de ter ficado órfão quando ainda era apenas um bebê. Desde que foi deixado na porta dos Dursleys, Harry sempre foi rejeitado e tratado com desprezo, sempre apanhava de Duda, seu primo mimado, sempre era castigado por nada, e, para os tios, sempre foi um grande estorvo. Ainda assim, ele aceitava sua vidinha miserável pois os Dursleys era a única família que lhe restou, infelizmente. Ao completar onze anos, Harry descobre ser um bruxo quando, depois de muitas mentiras e sabotagens por parte dos tios e do primo, ele recebe uma carta entregue por Hagrid, o guardião das chaves da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde ele iria pra estudar e aprender tudo sobre esse universo mágico, e se tornar o grande bruxo que ele está destinado a ser. Seus tios abominam qualquer coisa relacionada a mágica e esconderam tudo o que podiam do garoto. Sendo trouxas (nome dado a quem não é bruxo) os Dursleys, mesmo que façam de tudo pra fingir que não existe, são um dos poucos que sabem do mundo mágico, pois Lilian, a falecida mãe de Harry e irmã de tia Petúnia, também era bruxa, o que causava asco na irmã.
O que Harry ainda não sabia, é que no mundo bruxo, desconhecido pelo garoto até então, ele é muito famoso, conhecido como "o menino que sobreviveu". Seus pais não morreram num acidente de carro como ele fora levado a acreditar, mas sim foram assassinados por um bruxo terrível que, ao tentar matar Harry também, foi atingido de alguma forma misteriosa e desapareceu. Porém, por mais que o Lorde das Trevas, também conhecido como "aquele-que-não-deve-ser-nomeado" ou "você-sabe-quem", seja somente uma lembrança que ainda assusta e é evitada a todo custo por muitos bruxos, ele não morreu definitivamente, e planeja voltar para terminar o serviço.
Agora, depois de passar pelo Beco Diagonal para comprar todo o material que precisa, e ainda ganhar uma coruja de estimação, ele embarcará na plataforma 9 ½, na estação de Kings Cross, rumo ao seu primeiro ano em Hogwarts, Harry finalmente está feliz, fez novos amigos e se sente em casa pela primeira vez, mas o perigo está mais próximo do que todos imaginam, principalmente quando ele e seus amigos começam a perceber que há algo de estranho e misterioso acontecendo na escola envolvendo a lendária pedra filosofal.
Narrado em terceira pessoa, a história é muito bem humorada e tão fluída e envolvente que pode ser lida em questão de poucas horas. Cada detalhe, cada cenário, cada frase de efeito dita por Dumbledore só mostra o quanto J.K. é genial. Não importa se você tem 8 ou 80 anos, a leitura é simplesmente maravilhosa. Mesmo que o primeiro livro seja mais introdutório, é perfeitamente possível imaginar e imergir nesse universo fantástico e mágico como se fosse algo real.
Lugares mágicos que só podem ser vistos por bruxos, correspondência através de corujas, a ideia que os bruxos passam 7 anos na escola aprendendo e aprimorando suas habilidades para, quando adultos, executarem os mais diversos feitiços, criarem poções, terem conhecimento da história da magia em geral e ainda seguir alguma carreira no mundo bruxo. A sociedade bruxa mantém um sistema que funciona plenamente, mantendo sua existência em segredo dos trouxas para que eles não achem que todos os problemas que arrumam possam ser resolvidos com mágica, e tem suas próprias regras criadas pelos responsáveis pelo Ministério da Magia e vária outras peculiaridades.
A ideia da autora em incluir a vassoura como elemento da bruxaria também foi super bacana, pois aqui ela é um item principalmente esportivo, que os bruxos usam pra voar enquanto jogam o famoso - e perigoso - Quadribol, que tem regras rígidas, campeonatos e equipes profissionais por todo o mundo. Harry inclusive demonstra ser bastante habilidoso com a vassoura e logo entra no time na posição de Apanhador.
Não acho que seja lá muito justo escolher só alguns personagens para falar quando existem dezenas deles e todos são ótimos e relevantes na trama.
O universo criado por J.K. Rowling é simplesmente fantástico, cheio de bom humor e encantador, mesmo que a vida de Harry até seu ingresso em Hogwarts tenha sido de dar dó. Todos os personagens são interessantes e possuem várias camadas e pontos de personalidades marcantes, sendo possível identificá-los facilmente pela forma como falam ou agem, e sentir empatia (ou não) por cada um deles.
Harry está numa fase de aprendizado, é seu primeiro ano na escola, e por mais que a ideia de ser um bruxo tenha feito com que ele ficasse surpreso e até um tanto incrédulo, ele logo consegue se familiarizar com muita facilidade em sua nova realidade. Mesmo que tenha crescido num lar onde sempre foi tratado da pior maneira possível, o que muitas vezes é revoltante, ele ainda tem seus valores, é um bom menino, tem coragem pra enfrentar o que for preciso, mas não nega que sempre precisa de ajuda. Ele nunca faz nada totalmente sozinho e muitas vezes depende de auxílio e conselhos dos amigos, de Hagrid ou de Dumbledore, o diretor da escola, um dos bruxos mais poderosos, respeitados - e mais engraçado - desse universo mágico.
Rony vem de uma família de bruxos, todos ruivos, bastante simples. Eles são pobres e passam por algumas dificuldades, mas são muitos amorosos e companheiros. A mãe de Rony, Molly, toma Harry praticamente como filho, tanto por sua história trágica, quanto por ter feito amizade com Rony. Seu pai, Arthur, trabalha no Ministério da Magia, na seção de Mau Uso dos Artefatos de Trouxas. Rony é meio sem noção, esfomeado e engraçado, e se torna o melhor amigo e confidente que Harry jamais sonhou que teria um dia. Rony é o sexto filho, de sete, e esse é seu primeiro ano em Hogwarts, assim como Harry.
Hermione é filha de trouxas e foi uma surpresa quando ela recebeu sua carta. Sim, é possível que nasça um bruxo numa família de trouxas (como a própria Lilian, mãe de Harry). Ela é super inteligente, aluna dedicada, devoradora de livros e nada supera sua capacidade de lógica. Se não fosse pela ajuda dela, Harry mal sairia do lugar pra resolver seus problemas.
Draco Malfoy, um menino pálido de cabelo platinado, veio de uma família importante e muito rica no mundo bruxo, e ele adora se aparecer ou tirar alguma vantagem por causa disso. Ele também é aluno do primeiro ano, foi escolhido pra Sonserina, é se tornou arqui inimigo de Harry. Desde o início os dois não se bicaram e vivem pra implicar um com o outro.
Os professores também são ótimos e desde o início demonstram o quanto são fundamentais no desenvolvimento de Harry e na trama em si. Alvo Dumbledore, o diretor de Hogwarts, é um velho sábio e bem humorado, que adora sorvete de limão, mas muito misterioso e um tanto reservado. Minerva McGonagall, professora de Transfiguração, é uma bruxa com poder de se transformar num gato e é tão rígida quanto justa. Ela também adora Quadribol e se empolga muito com Harry no time da Grifinória. Severo Snape, o professor de Poções, é mal encarado, mau humorado, e parece odiar Harry com todas as suas forças. Ele não pensa duas vezes quando o assunto é implicar com Harry ou perder a paciência com Hermione, e tira o máximo de pontos de Grifinória que ele pode. O professor Quirrell, de Defesa Contra as Artes das Trevas, parece ser muito medroso, ainda mais por viver gaguejando e se assustar com muita facilidade. Hagrid é um homem gigante com uma barba e uma cabeleira indomável que trabalha em Hogwarts e mora numa cabana dentro dos limites da propriedade. Ele tem uma sombrinha cor-de-rosa e foi proibido de usar magia por algum motivo. Hagrid tem a total confiança de Dumbledore, adora todo tipo de criatura mágica e desenvolve uma relação de amizade com as crianças que é tão adorável quanto engraçada.
A escola em si já é cheia de curiosidades na forma como funciona e é um lugar que devia existir de verdade, de tão incrível. Cheia de passagens secretas, lugares proibidos, quadros com fotografias que se mexem, fantasmas ilustres e escadas que mudam de lugar. Ela é dividida em casas, e o Chapéu Seletor, um chapéu pontudo mágico e inteligente que fala e canta muito, separa e encaminha todos os alunos recém chegados pra cada uma de acordo com suas personalidades e ambições (ou falta delas). Grifinória (a casa pra onde Harry, Rony e Hermione vão), Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa são as quatro casas de Hogwarts, que ganharam esses nomes devido aos seus fundadores. Cada casa tem suas cores, um animal como símbolo e seu próprio lema. Grifinória é a casa dos bruxos corajosos e companheiros. Corvinal é destinada aos bruxos mais sábios e criativos (Hermione poderia estar nela). Sonserina é uma casa onde os bruxos são astutos e não medem esforços para conseguirem o que querem, e ficou conhecida de uma forma negativa, pois todos os bruxos que seguiram o caminho das trevas foram de Sonserina. E por último, a Lufa-Lufa, onde seus moradores são leais, amigos e pacientes. Lufa-lufa é a casa mais inclusiva e flexível de Hogwarts, e muitos acham que nela só vão os bruxos mais fracos, mas na verdade são os mais sinceros, bondosos, persistentes e justos. No final do ano letivo, a casa que faz mais pontos ganha a Taça das Casas e é reconhecida como a casa vencedora até o próximo ano.
Não que isso tenha me feito desgostar da saga, mas talvez o único ponto negativo do livro seja a bendita tradução. E não digo isso pela tradução de muitos termos e nomes próprios pra aproximá-los do equivalente em português (James Potter, o pai de Harry, virou Tiago Potter; Charlie Weasley, irmão do Rony, virou Carlinhos; Vernon Dursley, o tio odioso de Harry, virou Válter; Fang, o cachorro de Hagrid, virou Canino; "muggle" virou "trouxa"; e por aí vai...), coisa que em alguns pontos não faz muito sentido pois alguns dos nomes, mesmo sendo em inglês, também podem ser bem familiares em português. A própria plataforma mágica e secreta, onde os bruxos embarcam no Expresso que os levam a Hogwarts, foi alterada na tradução, sendo que a original (que se pode ver nos filmes também) é a plataforma 9 ¾. Num contexto geral, a tradução de Lia Wyler (RIP) é muito boa, facilita a leitura pra crianças, e fica bem evidente que foi feita uma pesquisa minuciosa a fim de trazer as origens e o melhor sentido dos nomes pro correspondente em português, mas ainda assim, a tradução dos nomes das casas, pra mim, é um pouco problemática por questões "mitológicas". Como os nomes das casas são os sobrenomes dos seus respectivos bruxos criadores, não faz sentido manter o nome da casa traduzido e o sobrenome não, pois a referência acaba se perdendo nesse sentido. Um leitor mais desatento ou que não conhece a saga mais a fundo pode não fazer essa associação, e talvez fosse melhor que os sobrenomes deles também fossem traduzidos juntamente com os nomes das casas, ou que os das casas fossem mantidos nos originais.
Levando tudo isso em consideração, além de ficar aquela sensação de que teve muita coisa perdida (por mais que a história seja super rica em muitos sentidos), em vários momentos a gente se depara com erros na revisão da tradução também, como personagens com nomes trocados, ou ora traduzidos, ora não, como é o caso da Professora Minerva que uma hora aparece como "Morague MacGonagall", ou a artilheira de Quadribol (Quidditch no original), Cátia Bell, que às vezes não tem o nome traduzido e aparece como "Kate". E pra uma série de livros que teve incontáveis edições depois de tantos anos, qualquer fã (#iludido #xatiado) esperava que tais erros fossem corrigidos, mas não foram (nem a versão do audiolivro, que fiz questão de acompanhar e ouvir, foi).
Essa edição com capa dura em particular é maravilhosa, com ilustrações lindas feitas por Jim Kay, com uma disposição de texto que se encaixa bem com os desenhos, e é edição obrigatória pra se ter na estante quando se é um fã e colecionador. É meio incômodo ler essa edição pelo seu tamanho e peso, mas a história é tão boa, cheia de reviravoltas e detalhes geniais que o esforço - e o preço - sempre vai valer a pena.
Enfim, Harry Potter e a Pedra Filosofal deu início a uma saga épica, clássica, viciante e inesquecível que reuniu uma legião de fãs pelo mundo inteiro - inclusive essa pessoa que vos fala - e que, ainda bem, não vai acabar tão cedo. Se ainda não leu, ou só conhece a saga pelos filmes, volte pra Terra e faça esse favor a você mesmo: LEIA, é sério!
É livro pra ser lido, relido e guardado no coração, pra sempre!
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota:★★★★★♥
Sinopse: Conheça Harry, filho de Tiago e Lilian Potter, feiticeiros que foram assassinados por um poderosíssimo bruxo, quando ele ainda era um bebê. Com isso, o menino acaba sendo levado para a casa dos tios que nada tinham a ver com o sobrenatural pelo contrário. Até os 10 anos, Harry foi uma espécie de gata borralheira: maltratado pelos tios, herdava roupas velhas do primo gorducho, tinha óculos remendados e era tratado como um estorvo. No dia de seu aniversário de 11 anos, entretanto, ele parece deslizar por um buraco sem fundo, como o de Alice no país das maravilhas, que o conduz a um mundo mágico. Descobre sua verdadeira história e seu destino: ser um aprendiz de feiticeiro até o dia em que terá que enfrentar a pior força do mal, o homem que assassinou seus pais, o terrível Lorde das Trevas.
O menino de olhos verdes, magricela e desengonçado, tão habituado à rejeição, descobre, também, que é um herói no universo dos magos. Potter fica sabendo que é a única pessoa a ter sobrevivido a um ataque do tal bruxo do mal e essa é a causa da marca em forma de raio que ele carrega na testa. Ele não é um garoto qualquer, ele sequer é um feiticeiro qualquer; ele é Harry Potter, símbolo de poder, resistência e um líder natural entre os sobrenaturais.
Resenha: Harry Potter é um garoto de dez anos, magricela, com olhos verdes, uma cabeleira desgrenhada e uma cicatriz em forma de raio na testa. Ele foi criado pelos tios preconceituosos e intragáveis, os Dursleys, num armário debaixo da escada, depois de ter ficado órfão quando ainda era apenas um bebê. Desde que foi deixado na porta dos Dursleys, Harry sempre foi rejeitado e tratado com desprezo, sempre apanhava de Duda, seu primo mimado, sempre era castigado por nada, e, para os tios, sempre foi um grande estorvo. Ainda assim, ele aceitava sua vidinha miserável pois os Dursleys era a única família que lhe restou, infelizmente. Ao completar onze anos, Harry descobre ser um bruxo quando, depois de muitas mentiras e sabotagens por parte dos tios e do primo, ele recebe uma carta entregue por Hagrid, o guardião das chaves da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde ele iria pra estudar e aprender tudo sobre esse universo mágico, e se tornar o grande bruxo que ele está destinado a ser. Seus tios abominam qualquer coisa relacionada a mágica e esconderam tudo o que podiam do garoto. Sendo trouxas (nome dado a quem não é bruxo) os Dursleys, mesmo que façam de tudo pra fingir que não existe, são um dos poucos que sabem do mundo mágico, pois Lilian, a falecida mãe de Harry e irmã de tia Petúnia, também era bruxa, o que causava asco na irmã.
O que Harry ainda não sabia, é que no mundo bruxo, desconhecido pelo garoto até então, ele é muito famoso, conhecido como "o menino que sobreviveu". Seus pais não morreram num acidente de carro como ele fora levado a acreditar, mas sim foram assassinados por um bruxo terrível que, ao tentar matar Harry também, foi atingido de alguma forma misteriosa e desapareceu. Porém, por mais que o Lorde das Trevas, também conhecido como "aquele-que-não-deve-ser-nomeado" ou "você-sabe-quem", seja somente uma lembrança que ainda assusta e é evitada a todo custo por muitos bruxos, ele não morreu definitivamente, e planeja voltar para terminar o serviço.
Agora, depois de passar pelo Beco Diagonal para comprar todo o material que precisa, e ainda ganhar uma coruja de estimação, ele embarcará na plataforma 9 ½, na estação de Kings Cross, rumo ao seu primeiro ano em Hogwarts, Harry finalmente está feliz, fez novos amigos e se sente em casa pela primeira vez, mas o perigo está mais próximo do que todos imaginam, principalmente quando ele e seus amigos começam a perceber que há algo de estranho e misterioso acontecendo na escola envolvendo a lendária pedra filosofal.
Narrado em terceira pessoa, a história é muito bem humorada e tão fluída e envolvente que pode ser lida em questão de poucas horas. Cada detalhe, cada cenário, cada frase de efeito dita por Dumbledore só mostra o quanto J.K. é genial. Não importa se você tem 8 ou 80 anos, a leitura é simplesmente maravilhosa. Mesmo que o primeiro livro seja mais introdutório, é perfeitamente possível imaginar e imergir nesse universo fantástico e mágico como se fosse algo real.
Lugares mágicos que só podem ser vistos por bruxos, correspondência através de corujas, a ideia que os bruxos passam 7 anos na escola aprendendo e aprimorando suas habilidades para, quando adultos, executarem os mais diversos feitiços, criarem poções, terem conhecimento da história da magia em geral e ainda seguir alguma carreira no mundo bruxo. A sociedade bruxa mantém um sistema que funciona plenamente, mantendo sua existência em segredo dos trouxas para que eles não achem que todos os problemas que arrumam possam ser resolvidos com mágica, e tem suas próprias regras criadas pelos responsáveis pelo Ministério da Magia e vária outras peculiaridades.
A ideia da autora em incluir a vassoura como elemento da bruxaria também foi super bacana, pois aqui ela é um item principalmente esportivo, que os bruxos usam pra voar enquanto jogam o famoso - e perigoso - Quadribol, que tem regras rígidas, campeonatos e equipes profissionais por todo o mundo. Harry inclusive demonstra ser bastante habilidoso com a vassoura e logo entra no time na posição de Apanhador.
Não acho que seja lá muito justo escolher só alguns personagens para falar quando existem dezenas deles e todos são ótimos e relevantes na trama.
O universo criado por J.K. Rowling é simplesmente fantástico, cheio de bom humor e encantador, mesmo que a vida de Harry até seu ingresso em Hogwarts tenha sido de dar dó. Todos os personagens são interessantes e possuem várias camadas e pontos de personalidades marcantes, sendo possível identificá-los facilmente pela forma como falam ou agem, e sentir empatia (ou não) por cada um deles.
Harry está numa fase de aprendizado, é seu primeiro ano na escola, e por mais que a ideia de ser um bruxo tenha feito com que ele ficasse surpreso e até um tanto incrédulo, ele logo consegue se familiarizar com muita facilidade em sua nova realidade. Mesmo que tenha crescido num lar onde sempre foi tratado da pior maneira possível, o que muitas vezes é revoltante, ele ainda tem seus valores, é um bom menino, tem coragem pra enfrentar o que for preciso, mas não nega que sempre precisa de ajuda. Ele nunca faz nada totalmente sozinho e muitas vezes depende de auxílio e conselhos dos amigos, de Hagrid ou de Dumbledore, o diretor da escola, um dos bruxos mais poderosos, respeitados - e mais engraçado - desse universo mágico.
Rony vem de uma família de bruxos, todos ruivos, bastante simples. Eles são pobres e passam por algumas dificuldades, mas são muitos amorosos e companheiros. A mãe de Rony, Molly, toma Harry praticamente como filho, tanto por sua história trágica, quanto por ter feito amizade com Rony. Seu pai, Arthur, trabalha no Ministério da Magia, na seção de Mau Uso dos Artefatos de Trouxas. Rony é meio sem noção, esfomeado e engraçado, e se torna o melhor amigo e confidente que Harry jamais sonhou que teria um dia. Rony é o sexto filho, de sete, e esse é seu primeiro ano em Hogwarts, assim como Harry.
Hermione é filha de trouxas e foi uma surpresa quando ela recebeu sua carta. Sim, é possível que nasça um bruxo numa família de trouxas (como a própria Lilian, mãe de Harry). Ela é super inteligente, aluna dedicada, devoradora de livros e nada supera sua capacidade de lógica. Se não fosse pela ajuda dela, Harry mal sairia do lugar pra resolver seus problemas.
Draco Malfoy, um menino pálido de cabelo platinado, veio de uma família importante e muito rica no mundo bruxo, e ele adora se aparecer ou tirar alguma vantagem por causa disso. Ele também é aluno do primeiro ano, foi escolhido pra Sonserina, é se tornou arqui inimigo de Harry. Desde o início os dois não se bicaram e vivem pra implicar um com o outro.
Os professores também são ótimos e desde o início demonstram o quanto são fundamentais no desenvolvimento de Harry e na trama em si. Alvo Dumbledore, o diretor de Hogwarts, é um velho sábio e bem humorado, que adora sorvete de limão, mas muito misterioso e um tanto reservado. Minerva McGonagall, professora de Transfiguração, é uma bruxa com poder de se transformar num gato e é tão rígida quanto justa. Ela também adora Quadribol e se empolga muito com Harry no time da Grifinória. Severo Snape, o professor de Poções, é mal encarado, mau humorado, e parece odiar Harry com todas as suas forças. Ele não pensa duas vezes quando o assunto é implicar com Harry ou perder a paciência com Hermione, e tira o máximo de pontos de Grifinória que ele pode. O professor Quirrell, de Defesa Contra as Artes das Trevas, parece ser muito medroso, ainda mais por viver gaguejando e se assustar com muita facilidade. Hagrid é um homem gigante com uma barba e uma cabeleira indomável que trabalha em Hogwarts e mora numa cabana dentro dos limites da propriedade. Ele tem uma sombrinha cor-de-rosa e foi proibido de usar magia por algum motivo. Hagrid tem a total confiança de Dumbledore, adora todo tipo de criatura mágica e desenvolve uma relação de amizade com as crianças que é tão adorável quanto engraçada.
A escola em si já é cheia de curiosidades na forma como funciona e é um lugar que devia existir de verdade, de tão incrível. Cheia de passagens secretas, lugares proibidos, quadros com fotografias que se mexem, fantasmas ilustres e escadas que mudam de lugar. Ela é dividida em casas, e o Chapéu Seletor, um chapéu pontudo mágico e inteligente que fala e canta muito, separa e encaminha todos os alunos recém chegados pra cada uma de acordo com suas personalidades e ambições (ou falta delas). Grifinória (a casa pra onde Harry, Rony e Hermione vão), Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa são as quatro casas de Hogwarts, que ganharam esses nomes devido aos seus fundadores. Cada casa tem suas cores, um animal como símbolo e seu próprio lema. Grifinória é a casa dos bruxos corajosos e companheiros. Corvinal é destinada aos bruxos mais sábios e criativos (Hermione poderia estar nela). Sonserina é uma casa onde os bruxos são astutos e não medem esforços para conseguirem o que querem, e ficou conhecida de uma forma negativa, pois todos os bruxos que seguiram o caminho das trevas foram de Sonserina. E por último, a Lufa-Lufa, onde seus moradores são leais, amigos e pacientes. Lufa-lufa é a casa mais inclusiva e flexível de Hogwarts, e muitos acham que nela só vão os bruxos mais fracos, mas na verdade são os mais sinceros, bondosos, persistentes e justos. No final do ano letivo, a casa que faz mais pontos ganha a Taça das Casas e é reconhecida como a casa vencedora até o próximo ano.
Não que isso tenha me feito desgostar da saga, mas talvez o único ponto negativo do livro seja a bendita tradução. E não digo isso pela tradução de muitos termos e nomes próprios pra aproximá-los do equivalente em português (James Potter, o pai de Harry, virou Tiago Potter; Charlie Weasley, irmão do Rony, virou Carlinhos; Vernon Dursley, o tio odioso de Harry, virou Válter; Fang, o cachorro de Hagrid, virou Canino; "muggle" virou "trouxa"; e por aí vai...), coisa que em alguns pontos não faz muito sentido pois alguns dos nomes, mesmo sendo em inglês, também podem ser bem familiares em português. A própria plataforma mágica e secreta, onde os bruxos embarcam no Expresso que os levam a Hogwarts, foi alterada na tradução, sendo que a original (que se pode ver nos filmes também) é a plataforma 9 ¾. Num contexto geral, a tradução de Lia Wyler (RIP) é muito boa, facilita a leitura pra crianças, e fica bem evidente que foi feita uma pesquisa minuciosa a fim de trazer as origens e o melhor sentido dos nomes pro correspondente em português, mas ainda assim, a tradução dos nomes das casas, pra mim, é um pouco problemática por questões "mitológicas". Como os nomes das casas são os sobrenomes dos seus respectivos bruxos criadores, não faz sentido manter o nome da casa traduzido e o sobrenome não, pois a referência acaba se perdendo nesse sentido. Um leitor mais desatento ou que não conhece a saga mais a fundo pode não fazer essa associação, e talvez fosse melhor que os sobrenomes deles também fossem traduzidos juntamente com os nomes das casas, ou que os das casas fossem mantidos nos originais.
Levando tudo isso em consideração, além de ficar aquela sensação de que teve muita coisa perdida (por mais que a história seja super rica em muitos sentidos), em vários momentos a gente se depara com erros na revisão da tradução também, como personagens com nomes trocados, ou ora traduzidos, ora não, como é o caso da Professora Minerva que uma hora aparece como "Morague MacGonagall", ou a artilheira de Quadribol (Quidditch no original), Cátia Bell, que às vezes não tem o nome traduzido e aparece como "Kate". E pra uma série de livros que teve incontáveis edições depois de tantos anos, qualquer fã (#iludido #xatiado) esperava que tais erros fossem corrigidos, mas não foram (nem a versão do audiolivro, que fiz questão de acompanhar e ouvir, foi).
Essa edição com capa dura em particular é maravilhosa, com ilustrações lindas feitas por Jim Kay, com uma disposição de texto que se encaixa bem com os desenhos, e é edição obrigatória pra se ter na estante quando se é um fã e colecionador. É meio incômodo ler essa edição pelo seu tamanho e peso, mas a história é tão boa, cheia de reviravoltas e detalhes geniais que o esforço - e o preço - sempre vai valer a pena.
Enfim, Harry Potter e a Pedra Filosofal deu início a uma saga épica, clássica, viciante e inesquecível que reuniu uma legião de fãs pelo mundo inteiro - inclusive essa pessoa que vos fala - e que, ainda bem, não vai acabar tão cedo. Se ainda não leu, ou só conhece a saga pelos filmes, volte pra Terra e faça esse favor a você mesmo: LEIA, é sério!
É livro pra ser lido, relido e guardado no coração, pra sempre!
♥
Tags:
Aventura,
Fantasia,
Harry Potter,
Infanto Juvenil,
J.K. Rowling,
Resenha,
Rocco
Netflix e Studio Ghibli - 21 clássicos da cultura japonesa pra gente assistir!
13 de fevereiro de 2020
Em 20 de Janeiro de 2020 a Netflix anunciou que, a partir de fevereiro, irá disponibilizar 21 animações do Studio Ghibli (reconhecido mundialmente após A Viagem de Chihiro ter ganhado o Oscar de melhor animação em 2002) em seu catálogo!
Considerados clássicos pelos fãs de cultura japonesa e animes, com exceção de O Túmulo dos Vagalumes (1988), a plataforma adquiriu os direitos de exibição dos longas para alegria dos espectadores de plantão.
Serão 7 títulos por mês até abril.
📅 01/02/2020
📅 01/03/2020
📅 01/04/2020
Considerados clássicos pelos fãs de cultura japonesa e animes, com exceção de O Túmulo dos Vagalumes (1988), a plataforma adquiriu os direitos de exibição dos longas para alegria dos espectadores de plantão.
Serão 7 títulos por mês até abril.
TODOS OS 21 FILMES DO ESTÚDIO GHIBLI VÃO ESTAR DISPONÍVEIS A PARTIR DE FEVEREIRO. EU TÔ GRITANDO SIM!! pic.twitter.com/0hNfN1o6s6— Netflix Brasil (@NetflixBrasil) January 20, 2020
Confira o cronograma:
📅 01/02/2020
- O Castelo no Céu (1986)
- Meu Amigo Totoro (1988)
- O Serviço de Entregas da Kiki (1989)
- Memórias de Ontem (1991)
- Porco Rosso: O Último Herói Romântico (1992)
- Eu Posso Ouvir o Oceano (1993)
- Contos de Terramar (2006)
📅 01/03/2020
- Nausicaä do Vale do Vento (1984)
- Princesa Mononoke (1997)
- Meus Vizinhos, Os Yamadas (1999)
- A Viagem de Chihiro (2001)
- O Reino dos Gatos (2002)
- O Mundo dos Pequeninos (2010)
- O Conto da Princesa Kaguya (2013)
📅 01/04/2020
- Pom Poko: A Grande Batalha dos Guaxinins (1994)
- Sussurros do Coração (1995)
- O Castelo Animado (2004)
- Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar (2008)
- Da Colina Kokuriko (2011)
- Vidas ao Vento (2013)
- As Memórias de Marnie (2014)
Novidade de Fevereiro/20 - Suma de Letras
12 de fevereiro de 2020
Terror a Bordo - 17 histórias turbulentas - Stephen King (Org.) e Bev Vincent (Org.)
Stephen King odeia voar.
E agora, junto com seu coeditor Bev Vincent, ele está pronto para compartilhar esse medo com você.
Bem-vindos a Terror a bordo, uma antologia sobre tudo que pode dar terrivelmente errado quando se está a 20 mil pés de altura, cortando os céus a 800 km/h, preso em uma caixa de metal com centenas de desconhecidos.
Aqui você vai encontrar todas as maneiras como sua agradável viagem pelos ares pode se transformar em um pesadelo, incluindo algumas formas que você nunca imaginou... mas que vai imaginar da próxima vez em que estiver atravessando a ponte de embarque e entregando sua vida nas mãos de um estranho.
Incluindo histórias inéditas de Joe Hill e Stephen King, além de catorze contos clássicos e um poema de mestres como Richard Matheson, Ray Bradbury, Roald Dahl, Dan Simmons e muitos outros, Terror a bordo é, nas palavras de Stephen King, "perfeito para ler em aviões, principalmente durante aterrisagens turbulentas".
Novidades de Fevereiro/20 - Companhia das Letras
O Inominável Atual - Roberto Calasso
Contra a Interpretação e outros ensaios - Susan Sontag
Turistas, terroristas, secularistas, fundamentalistas, hackers. Todos esses personagens habitam e movimentam o inominável atual – um mundo ilusório, que parece ignorar seu passado, mas cuja forma já fora prenunciada entre 1933 e 1945, quando tudo parecia se voltar para a autoaniquilação.
Nesse livro iluminador, o italiano Roberto Calasso – chamado de "instituição literária" pela The Paris Review – oferece uma elegante reflexão sobre as transformações que ocorrem nas sociedades de hoje, em que a era da ansiedade de W. H. Auden dá lugar a algo muito mais perturbador: a era da inconsistência.
Contra a Interpretação e outros ensaios - Susan Sontag
Uma série de discussões provocativas sobre os temas culturais mais prementes da década de 1960, este livro é a coletânea definitiva dos trabalhos mais conhecidos e importantes de Susan Sontag e foi a obra que a consagrou como uma das pensadoras mais incisivas do nosso tempo.
Publicada pela primeira vez em 1966, esta coletânea de ensaios nunca saiu de catálogo e influenciou profundamente muitas gerações de leitores, assim como o campo da crítica cultural no mundo todo. Inclui os textos revolucionários "Notas sobre o camp" e "Contra a interpretação", e também o debate acalorado de Sontag sobre autores como Sartre, Camus, Weil, Godard, Beckett, Lévi-Strauss, a psicanálise, filmes de ficção científica e o pensamento religioso contemporâneo.
Além da nova tradução, esta edição traz o posfácio "Trinta anos depois", no qual Sontag reafirmou os termos de sua batalha contra os filisteus, contra uma ética frágil e contra a indiferença.
Wishlist #86 - Funko Pop - Cinderella
11 de fevereiro de 2020
Essa Funko não cansa mesmo de surpreender e deixar as pessoas falidas, né non? Eu que já coleciono - e sofro - por colecionar Disney, quase morri quando vi esse lançamento de um mini set de Cinderella. Já posso surtar?
A Espada do Destino - Andrzej Sapkowski
10 de fevereiro de 2020
Título: A Espada do Destino - The Witcher/A Saga do Bruxo Geralt de Rívia #2
Autor: Andrzej Sapkowski
Editora: Martins Fontes
Gênero: Fantasia
Ano: 2012
Páginas: 380
Nota:★★★★★♥
Resenha: A Espada do Destino, segundo livro da Saga do Bruxo Geralt de Rívia, continua apresentando alguns contos de algumas das aventuras tão hilárias quanto perigosas de Geralt em companhia de Jaskier, da feiticeira Yennefer, e alguns outros que ele encontra pelo caminho.
Assim como no primeiro volume, continuamos a acompanhar Geralt em seu trabalho de caçar e matar monstros para se sustentar através de seis contos não que possuem uma ligação direta entre si e nem ocorrem numa sequência cronológica exata, mas ao perceber as sutis referências que os próprios personagens fazem ao observarem algo ou comentarem alguma coisa, é possível começar a se situar na linha do tempo desordenada criada pelo autor de forma proposital.
Os contos vão desde a caça pelo lendário dragão dourado, a aproximação com sereias e dríades e a confusão que isso desencadeia, até o conto que traça o destino do bruxão quando ele, enfim, encontra a princesa Cirilla. E em meio a tudo isso, acompanhamos os dilemas morais de Geralt com relação ao seu trabalho e aos seus sentimentos por Yen, que ele ainda não sabe lidar muito bem (principalmente quando ele se depara com um outro personagem que também gosta dela e quer disputar seu amor num duelo contra Geralt), sabemos um pouco mais da personalidade de Yennefer e como ela é um mulherão que não tem paciência com idiotices e como ela é o total oposto de Geralt (o que talvez explique bem a química e a atração quase explosiva entre eles), assim como as patifarias e as inconveniências hilárias de Jaskier, que é o maior alívio cômico dessa história.
É muito interessante ver que Geralt, embora seja conhecido por ser um bruxo cuja característica principal é ser desprovido de sentimentos, se porta como humano de bom coração, mesmo que às vezes ele faça escolhas um tanto questionáveis devido a situação em que ele se encontra (que nem sempre é favorável a ele), e se pega em conflitos internos sobre o que sente e porquê.
Alguns personagens aparecem de forma aleatória, mas depois percebemos que eles não apareceram por acaso e que lá na frente têm (ou terão) grande importância nessa saga. E como sempre, são bem construídos e conseguem ser cativantes ou odiosos na medida certa dentro do contexto.
O autor manteve o mesmo estilo de narrativa, com várias descrições detalhadas, alguns floreios exagerados, algumas referências a contos de fadas clássicos (apresentados de uma forma bem mais sombria), mas sempre deixando tudo em sintonia, dando seu toque de muito bom humor, tornando a leitura fluída, instigante e impossível de largar.
Os dois primeiros livros da série terem sido escritos em forma de contos fizeram com que o autor pudesse mostrar, de forma criativa, algumas das aventuras pontuais de Geralt a fim de contextualizar a trama e ampliar o universo maravilhoso e intrigante que ele criou. A partir do próximo volume a história segue de forma linear e mal posso esperar.
Autor: Andrzej Sapkowski
Editora: Martins Fontes
Gênero: Fantasia
Ano: 2012
Páginas: 380
Nota:★★★★★♥
Sinopse: Geralt de Rívia é um bruxo. Um feiticeiro cheio de astúcia. Um matador impiedoso. Um assassino de sangue-frio, treinado desde a infância para caçar e eliminar monstros. Seu único objetivo: destruir as criaturas do mal que assolam o mundo. Um mundo fantástico criado por Sapkowski com claras influências da mitologia eslava. Um mundo em que nem todos os que parecem monstros são maus e nem todos os que parecem anjos são bons.
Resenha: A Espada do Destino, segundo livro da Saga do Bruxo Geralt de Rívia, continua apresentando alguns contos de algumas das aventuras tão hilárias quanto perigosas de Geralt em companhia de Jaskier, da feiticeira Yennefer, e alguns outros que ele encontra pelo caminho.
Assim como no primeiro volume, continuamos a acompanhar Geralt em seu trabalho de caçar e matar monstros para se sustentar através de seis contos não que possuem uma ligação direta entre si e nem ocorrem numa sequência cronológica exata, mas ao perceber as sutis referências que os próprios personagens fazem ao observarem algo ou comentarem alguma coisa, é possível começar a se situar na linha do tempo desordenada criada pelo autor de forma proposital.
Os contos vão desde a caça pelo lendário dragão dourado, a aproximação com sereias e dríades e a confusão que isso desencadeia, até o conto que traça o destino do bruxão quando ele, enfim, encontra a princesa Cirilla. E em meio a tudo isso, acompanhamos os dilemas morais de Geralt com relação ao seu trabalho e aos seus sentimentos por Yen, que ele ainda não sabe lidar muito bem (principalmente quando ele se depara com um outro personagem que também gosta dela e quer disputar seu amor num duelo contra Geralt), sabemos um pouco mais da personalidade de Yennefer e como ela é um mulherão que não tem paciência com idiotices e como ela é o total oposto de Geralt (o que talvez explique bem a química e a atração quase explosiva entre eles), assim como as patifarias e as inconveniências hilárias de Jaskier, que é o maior alívio cômico dessa história.
É muito interessante ver que Geralt, embora seja conhecido por ser um bruxo cuja característica principal é ser desprovido de sentimentos, se porta como humano de bom coração, mesmo que às vezes ele faça escolhas um tanto questionáveis devido a situação em que ele se encontra (que nem sempre é favorável a ele), e se pega em conflitos internos sobre o que sente e porquê.
Alguns personagens aparecem de forma aleatória, mas depois percebemos que eles não apareceram por acaso e que lá na frente têm (ou terão) grande importância nessa saga. E como sempre, são bem construídos e conseguem ser cativantes ou odiosos na medida certa dentro do contexto.
O autor manteve o mesmo estilo de narrativa, com várias descrições detalhadas, alguns floreios exagerados, algumas referências a contos de fadas clássicos (apresentados de uma forma bem mais sombria), mas sempre deixando tudo em sintonia, dando seu toque de muito bom humor, tornando a leitura fluída, instigante e impossível de largar.
Os dois primeiros livros da série terem sido escritos em forma de contos fizeram com que o autor pudesse mostrar, de forma criativa, algumas das aventuras pontuais de Geralt a fim de contextualizar a trama e ampliar o universo maravilhoso e intrigante que ele criou. A partir do próximo volume a história segue de forma linear e mal posso esperar.
Enfim, Capivaras - Luisa Geisler
8 de fevereiro de 2020
Título: Enfim, Capivaras
Autora: Luisa Geisler
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Literatura nacional
Ano: 2019
Páginas: 176
Nota:★★★★☆
Resenha: Depois do divórcio dos pais, Vanessa se mudou com a mãe de Porto Alegre para a Chapada do Pytuna, uma cidadezinha ensolarada no cerrado mineiro com 30 mil habitantes, dessas que todo mundo conhece e sabe da vida de todo mundo. Na escola, Vanessa fez amizade com Léo, Nick, Zé Luis e Dênis, vulgo Binho, mas não era uma relação de melhores amigos ever. Como a cidade é pequena, não tem nada de muito novo pra se ver ou se fazer, mas isso muda quando a turma se une contra Binho, que nunca perdeu a oportunidade de contar várias mentiras pra se aparecer e fingir ser melhor que os outros. A nova do menino foi ter dito que tem uma capivara de estimação, mas quando os outros colegas foram até a casa dele pra ver a tal capivara com os próprios olhos, Binho disse que ela fugiu, foi roubada! Mas eles não iriam desistir tão fácil, pois estavam determinados a desmascarar o farsante nem que tivessem que ir até o fim do mundo, e partem numa viagem de carro, sem carteira de habilitação nem nada, munidos de salgadinhos, balas de goma, energético e álcool, em busca da bendita capivara mato adentro.
Narrado em primeira pessoa e com capítulos que se alternam entre os pontos de vista dos personagens (com exceção de Binho), a autora conduziu a história de uma forma bem leve e divertida nesse período de doze horas de busca, criando uma ambientação interiorana cheia de detalhes, além de captar a essência da adolescência com vários dos seus dilemas de um jeito muito bacana, o que fez eu me identificar com cada personagem, por mais que eles sejam diferentes entre si, levantando questões importantes de serem abordadas sobre família, amizade, segredos, sexualidade, status social, confiança, lealdade, repressão, romances mal resolvidos, autoaceitação, mentira, trabalho, oportunismo e afins.
A forma da narrativa, e até da diagramação do livro em si, é legal, pois cada capítulo se inicia com uma lista de coisas que vão ser abordadas por algum dos personagens, e funciona como uma contagem regressiva das 12 horas até o final. O primeiro capítulo Vanessa lista 12 coisas que levaram a turma à casa de Dênis, o segundo capítulo lista 11 coisas que fizeram Zé Luis a entrar nessa confusão, e por aí vai...
Confesso que algumas coisinhas me incomodaram um pouco, como a falta de um desfecho para alguns personagens, ou um trecho específico - e infeliz - num dos capítulos de Nick onde a autora usa o autismo como forma de ofensa gratuita, o que foi bem desnecessário, já que o contexto não justifica tal "adjetivo" como abuso verbal dos pais: "uns comentários da mãe sobre 'ficar socada no quarto que nem uma autista imbecil'" - pág. 35. Enfim, achei pesado...
Vanessa está passou por maus bocados em sua vida depois da separação dos pais e da mudança de cidade, que nunca é uma coisa fácil, mas se esforçou para se adaptar e se enturmar com o pessoal para não ser a estranha da turma. Não acho que eu deva contar mais detalhes sobre ela pra evitar spoilers.
Léo se aproveita do status de sua família endinheirada na cidade para fazer o que quer usando o nome do pai pra tudo, até pra escapar de enrascadas. Um exemplo é que com dezesseis anos ele dirige por aí como se fosse "intocável". Embora seja o garoto riquinho da turma, no fundo ele tem seus problemas que, de certa forma, justificam parte do seu comportamento e mostram que as aparências podem enganar muito.
Nick é uma garota que, apesar de ter nascido na cidade, não sente que pertence aquele lugar. Ela é diferente das garotas (e de qualquer um) da sua idade, é agressiva como forma de defesa, gosta de escrever fanfics, gosta de animes, mas também enfrenta alguns problemas dessa fase.
Zé Luis vem de uma família mais humilde e aprendeu desde cedo a ser justo com todos. Sua mãe é uma das empregadas na casa da família de Léo. Ele é um garoto bondoso e gentil, mas que também enfrenta alguns dilemas, inclusive sobre sua amizade com Léo já que o amigo é o "patrão".
Binho é um caso perdido, e sua mania de inventar tudo quanto há e o comportamento que ele tem quando parece estar encurralado é irritante de um tanto que não dá nem pra medir, mas também rende alguns momentos engraçados. São situações impossíveis que fazem com que a gente torça pra que tudo fique bem, pra que o mentiroso pare de ser ridículo e fale a verdade pra acabar com essa história logo.
Dessa forma, a história não se trata só da busca louca e engraçada por uma suposta capivara, mas sim de uma busca pelo autoconhecimento onde cada um pode encontrar a si mesmo, e que vai mexer com nossas emoções.
Autora: Luisa Geisler
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Literatura nacional
Ano: 2019
Páginas: 176
Nota:★★★★☆
Sinopse: A cidade no interior de Minas Gerais para onde Vanessa se mudou é o tipo de lugar onde anunciam os horários do cinema e os obituários com o mesmo carro de som. Nada de muito interessante acontece por lá, a não ser para Binho, que, segundo ele mesmo, tem várias namoradas e conhece um monte de cantores sertanejos famosos.
A verdade é que Binho é um mentiroso contumaz e agora passou dos limites: inventou que tem uma capivara de estimação. Cansados das histórias cada vez mais mirabolantes do garoto, Vanessa se junta aos amigos – Léo, Nick e Zé Luís – para desmascará-lo. E eles estão decididos a ir até as últimas consequências.
Narrado durante as doze horas de uma noite regada a álcool, salgadinhos, segredos e romances mal resolvidos, Enfim, capivaras explora, através de diferentes pontos de vista, os relacionamentos entre um grupo de adolescentes em busca de uma capivara – ou muito mais do que isso.
Resenha: Depois do divórcio dos pais, Vanessa se mudou com a mãe de Porto Alegre para a Chapada do Pytuna, uma cidadezinha ensolarada no cerrado mineiro com 30 mil habitantes, dessas que todo mundo conhece e sabe da vida de todo mundo. Na escola, Vanessa fez amizade com Léo, Nick, Zé Luis e Dênis, vulgo Binho, mas não era uma relação de melhores amigos ever. Como a cidade é pequena, não tem nada de muito novo pra se ver ou se fazer, mas isso muda quando a turma se une contra Binho, que nunca perdeu a oportunidade de contar várias mentiras pra se aparecer e fingir ser melhor que os outros. A nova do menino foi ter dito que tem uma capivara de estimação, mas quando os outros colegas foram até a casa dele pra ver a tal capivara com os próprios olhos, Binho disse que ela fugiu, foi roubada! Mas eles não iriam desistir tão fácil, pois estavam determinados a desmascarar o farsante nem que tivessem que ir até o fim do mundo, e partem numa viagem de carro, sem carteira de habilitação nem nada, munidos de salgadinhos, balas de goma, energético e álcool, em busca da bendita capivara mato adentro.
Narrado em primeira pessoa e com capítulos que se alternam entre os pontos de vista dos personagens (com exceção de Binho), a autora conduziu a história de uma forma bem leve e divertida nesse período de doze horas de busca, criando uma ambientação interiorana cheia de detalhes, além de captar a essência da adolescência com vários dos seus dilemas de um jeito muito bacana, o que fez eu me identificar com cada personagem, por mais que eles sejam diferentes entre si, levantando questões importantes de serem abordadas sobre família, amizade, segredos, sexualidade, status social, confiança, lealdade, repressão, romances mal resolvidos, autoaceitação, mentira, trabalho, oportunismo e afins.
A forma da narrativa, e até da diagramação do livro em si, é legal, pois cada capítulo se inicia com uma lista de coisas que vão ser abordadas por algum dos personagens, e funciona como uma contagem regressiva das 12 horas até o final. O primeiro capítulo Vanessa lista 12 coisas que levaram a turma à casa de Dênis, o segundo capítulo lista 11 coisas que fizeram Zé Luis a entrar nessa confusão, e por aí vai...
Confesso que algumas coisinhas me incomodaram um pouco, como a falta de um desfecho para alguns personagens, ou um trecho específico - e infeliz - num dos capítulos de Nick onde a autora usa o autismo como forma de ofensa gratuita, o que foi bem desnecessário, já que o contexto não justifica tal "adjetivo" como abuso verbal dos pais: "uns comentários da mãe sobre 'ficar socada no quarto que nem uma autista imbecil'" - pág. 35. Enfim, achei pesado...
Vanessa está passou por maus bocados em sua vida depois da separação dos pais e da mudança de cidade, que nunca é uma coisa fácil, mas se esforçou para se adaptar e se enturmar com o pessoal para não ser a estranha da turma. Não acho que eu deva contar mais detalhes sobre ela pra evitar spoilers.
Léo se aproveita do status de sua família endinheirada na cidade para fazer o que quer usando o nome do pai pra tudo, até pra escapar de enrascadas. Um exemplo é que com dezesseis anos ele dirige por aí como se fosse "intocável". Embora seja o garoto riquinho da turma, no fundo ele tem seus problemas que, de certa forma, justificam parte do seu comportamento e mostram que as aparências podem enganar muito.
Nick é uma garota que, apesar de ter nascido na cidade, não sente que pertence aquele lugar. Ela é diferente das garotas (e de qualquer um) da sua idade, é agressiva como forma de defesa, gosta de escrever fanfics, gosta de animes, mas também enfrenta alguns problemas dessa fase.
Zé Luis vem de uma família mais humilde e aprendeu desde cedo a ser justo com todos. Sua mãe é uma das empregadas na casa da família de Léo. Ele é um garoto bondoso e gentil, mas que também enfrenta alguns dilemas, inclusive sobre sua amizade com Léo já que o amigo é o "patrão".
Binho é um caso perdido, e sua mania de inventar tudo quanto há e o comportamento que ele tem quando parece estar encurralado é irritante de um tanto que não dá nem pra medir, mas também rende alguns momentos engraçados. São situações impossíveis que fazem com que a gente torça pra que tudo fique bem, pra que o mentiroso pare de ser ridículo e fale a verdade pra acabar com essa história logo.
Dessa forma, a história não se trata só da busca louca e engraçada por uma suposta capivara, mas sim de uma busca pelo autoconhecimento onde cada um pode encontrar a si mesmo, e que vai mexer com nossas emoções.
Tags:
Literatura Nacional,
Luisa Geisler,
Resenha,
Seguinte,
YA
Na Telinha - Anne with an "E" (1ª Temporada)
7 de fevereiro de 2020
Título: Anne with an "E"
Temporada: 1 | Episódios: 7
Baseada no romance Anne of Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, a série se passa na vila fictícia de Avonlea, situada na Ilha de Príncipe Eduardo, uma província no Canadá, no final do século XIX, e acompanha a vida da orfã Anne Shirley, uma garotinha sonhadora, muito falante, e dona de um vocabulário invejável pra idade que tem.
No século XIX, era comum as crianças trabalharem desde bem pequenas, e muitas delas, principalmente as de famílias mais pobres, eram vistas pelos pais como um verdadeiro fardo do qual tinham que se livrar o quanto antes, e para quem era órfão, a situação era ainda pior. Numa sociedade onde homens e mulheres têm papéis definidos desde o nascimento, qualquer tentativa de fugir desses padrões é vista com preconceito e desdém.
Nesse cenário, várias famílias já adotaram a pobre Anne, mas em vez dela ser recebida com amor e tratada com carinho, tinha que trabalhar duro para "agradecer" o favor de ter sido adotada, e por ser órfã, o desprezo com que sempre foi tratada acabou lhe causando alguns traumas, e fazendo com que ela aprendesse e tivesse contato com algumas coisas que uma criança jamais deveria saber. Diante disso, Anne escolheu usar a imaginação como válvula de escape para lidar com essa dura realidade, então ela sempre se imagina sendo uma mulher forte e corajosa que, embora passe por vários obstáculos, consegue vencer as adversidades para se tornar uma grande heroína. Ela inclusive adora ler, e seu livro favorito de onde tira várias citações memoráveis é Jane Eyre, de Charlotte Brontë.
Tudo começa quando os irmãos Marilla e Matthew Cuthbert, já idosos, decidem adotar um menino para ajudar com os afazeres da fazenda, mas quando Matthew vai buscar a criança, se depara com Anne na estação de trem e a leva para Green Gable. Porém, por estar esperando um menino, Marilla, decepcionada, não tem outra reação a não ser querer resolver esse equívoco devolvendo a menina para o orfanato. Tendo sido rejeitada outra vez, Anne desaba e perde as esperanças de ter um família acolhedora onde ela pudesse ser feliz, mas Marilla não tem intenção de deixá-la na mesma situação de antes e acaba lhe dando uma chance, mas ela teria que provar ser merecedora de ficar.
Embora Matthew já tivesse a aceitado e ficado encantado com seu jeito peculiar de ser, não seria uma tarefa fácil pra Anne conquistar Marilla, que sempre demonstra ser uma fortaleza de gelo. Anne não é perfeita. Ela é irritante, não para de falar um minuto, suas falas e atitudes são exageradas e floreadas a ponto de serem cafonas, e ela parece ser incapaz de cativar as pessoas, mas tudo é proposital e compreensível.
Os episódios trazem algumas cenas com flashbacks do passado de Anne, mostrando o quanto sua vida foi difícil ao trabalhar para algumas famílias, ou o que acontecia em sua estadia no orfanato, contextualizando, assim, algumas de suas reações frente a atitudes preconceituosas, humilhantes, lamentáveis e revoltantes com que adultos e crianças a tratam com frequência. Apesar de tristes e impactantes, esses flashbacks não destoam da série e nem tiram sua leveza, só colaboram ainda mais pra nos deixar emocionados.
Quando Anne começa a ir pra escola, ela percebe que seu comportamento não é aceito pelos colegas e pelo professor, um homem odioso que parece existir somente pra descontar suas frustrações nas crianças. Ela sofre bullying por ser órfã, por ser ruiva e ter sardas, e constantemente ela fala que se sente feia e seu maior sonho é ser bonita. Mesmo que ela consiga fazer amizade com Diana, que mora na fazenda vizinha e vive tentando amenizar as ofensas das outras meninas contra Anne, ela se sente excluída, deslocada, e não sabe o que fazer pra se aproximar das outras crianças que vivem rindo ou debochando dela. Quando ela conhece Gilbert, um garoto da escola que a defende de várias humilhações, ela começa a se afastar dele porque uma das meninas da escola sonha em se casar com ele um dia (???). Anne passa a evitar o garoto para não ter problemas com as outras meninas, mas por aí a gente já sabe que eles vão se aproximar mais cedo ou mais tarde... Gilbert é fofo, não trata ninguém mal e nem gosta de injustiças. Onde os outros enxergam uma garota feia e sem modos, ele enxerga uma menina inteligente e adorável.
Seu apoio seria os Cuthbert, sua família, mas Marilla, sempre tão dura, não tem paciência para as "ladainhas" da garota. E medida que Marilla vai conhecendo Anne mais a fundo, ela vai amolecendo e o amor pela garota fica evidente a ponto de ela passar a questionar seu papel como mulher na sociedade. Se antes ela era conhecida como a solteirona que dedica a vida a casa e ao irmão, agora ela é mãe e tem alguém a quem proteger e servir de exemplo.
Matthew é mais paciente e tolerante com os dilemas de Anne, o problema com ele é a questão dele já estar velho, aparentando ter alguma doença grave, e sua preocupação é não dar conta de ajudar a manter a família.
Talvez o único ponto estranho da série é a forma como ela acaba. Por passar de uma forma tão sensível e lúdica temas tão pesados, o esperado para o final é uma cena bonita em família ou coisa do tipo, mas o gancho negativo representando alguma ameaça e causando a "necessidade" de uma continuação, não combinou muito bem.
Apesar da vida de Anne não ter sido fácil e ela ainda passar por várias provações com uma sociedade cujo preconceito é enraizado e a visão de mundo é tão limitada, a série tem um clima mágico e consegue abordar com sensibilidade temas como identidade, aceitação e esperança de uma forma leve, emocionante e gostosa de assistir. Anne with an E é uma série sensível, com um cenário inspirador e com uma linguagem bastante rica. Se você gosta de histórias de época que abordam os desafios que uma garotinha tem que enfrentar na vida para encontrar seu lugar no mundo, recomendo muito.
Temporada: 1 | Episódios: 7
Elenco: Amybeth McNulty, R.H. Thomson, Geraldine James, Dalila Bela, Lucas Jade Zumann, Aymeric Jett Montaz
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2017
Duração: 50min
Classificação: +12
Nota:★★★★★Sinopse: Depois de treze anos sofrendo no sistema de assistência social, a orfã Anne é mandada para morar com uma solteirona e seu irmão. Munida de sua imaginação e de seu intelecto, a pequena Anne vai transformar a vida de sua família adotiva e da cidade que lhe abrigou, lutando pela sua aceitação e pelo seu lugar no mundo.
Baseada no romance Anne of Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, a série se passa na vila fictícia de Avonlea, situada na Ilha de Príncipe Eduardo, uma província no Canadá, no final do século XIX, e acompanha a vida da orfã Anne Shirley, uma garotinha sonhadora, muito falante, e dona de um vocabulário invejável pra idade que tem.
No século XIX, era comum as crianças trabalharem desde bem pequenas, e muitas delas, principalmente as de famílias mais pobres, eram vistas pelos pais como um verdadeiro fardo do qual tinham que se livrar o quanto antes, e para quem era órfão, a situação era ainda pior. Numa sociedade onde homens e mulheres têm papéis definidos desde o nascimento, qualquer tentativa de fugir desses padrões é vista com preconceito e desdém.
Nesse cenário, várias famílias já adotaram a pobre Anne, mas em vez dela ser recebida com amor e tratada com carinho, tinha que trabalhar duro para "agradecer" o favor de ter sido adotada, e por ser órfã, o desprezo com que sempre foi tratada acabou lhe causando alguns traumas, e fazendo com que ela aprendesse e tivesse contato com algumas coisas que uma criança jamais deveria saber. Diante disso, Anne escolheu usar a imaginação como válvula de escape para lidar com essa dura realidade, então ela sempre se imagina sendo uma mulher forte e corajosa que, embora passe por vários obstáculos, consegue vencer as adversidades para se tornar uma grande heroína. Ela inclusive adora ler, e seu livro favorito de onde tira várias citações memoráveis é Jane Eyre, de Charlotte Brontë.
Tudo começa quando os irmãos Marilla e Matthew Cuthbert, já idosos, decidem adotar um menino para ajudar com os afazeres da fazenda, mas quando Matthew vai buscar a criança, se depara com Anne na estação de trem e a leva para Green Gable. Porém, por estar esperando um menino, Marilla, decepcionada, não tem outra reação a não ser querer resolver esse equívoco devolvendo a menina para o orfanato. Tendo sido rejeitada outra vez, Anne desaba e perde as esperanças de ter um família acolhedora onde ela pudesse ser feliz, mas Marilla não tem intenção de deixá-la na mesma situação de antes e acaba lhe dando uma chance, mas ela teria que provar ser merecedora de ficar.
Embora Matthew já tivesse a aceitado e ficado encantado com seu jeito peculiar de ser, não seria uma tarefa fácil pra Anne conquistar Marilla, que sempre demonstra ser uma fortaleza de gelo. Anne não é perfeita. Ela é irritante, não para de falar um minuto, suas falas e atitudes são exageradas e floreadas a ponto de serem cafonas, e ela parece ser incapaz de cativar as pessoas, mas tudo é proposital e compreensível.
Os episódios trazem algumas cenas com flashbacks do passado de Anne, mostrando o quanto sua vida foi difícil ao trabalhar para algumas famílias, ou o que acontecia em sua estadia no orfanato, contextualizando, assim, algumas de suas reações frente a atitudes preconceituosas, humilhantes, lamentáveis e revoltantes com que adultos e crianças a tratam com frequência. Apesar de tristes e impactantes, esses flashbacks não destoam da série e nem tiram sua leveza, só colaboram ainda mais pra nos deixar emocionados.
Quando Anne começa a ir pra escola, ela percebe que seu comportamento não é aceito pelos colegas e pelo professor, um homem odioso que parece existir somente pra descontar suas frustrações nas crianças. Ela sofre bullying por ser órfã, por ser ruiva e ter sardas, e constantemente ela fala que se sente feia e seu maior sonho é ser bonita. Mesmo que ela consiga fazer amizade com Diana, que mora na fazenda vizinha e vive tentando amenizar as ofensas das outras meninas contra Anne, ela se sente excluída, deslocada, e não sabe o que fazer pra se aproximar das outras crianças que vivem rindo ou debochando dela. Quando ela conhece Gilbert, um garoto da escola que a defende de várias humilhações, ela começa a se afastar dele porque uma das meninas da escola sonha em se casar com ele um dia (???). Anne passa a evitar o garoto para não ter problemas com as outras meninas, mas por aí a gente já sabe que eles vão se aproximar mais cedo ou mais tarde... Gilbert é fofo, não trata ninguém mal e nem gosta de injustiças. Onde os outros enxergam uma garota feia e sem modos, ele enxerga uma menina inteligente e adorável.
Seu apoio seria os Cuthbert, sua família, mas Marilla, sempre tão dura, não tem paciência para as "ladainhas" da garota. E medida que Marilla vai conhecendo Anne mais a fundo, ela vai amolecendo e o amor pela garota fica evidente a ponto de ela passar a questionar seu papel como mulher na sociedade. Se antes ela era conhecida como a solteirona que dedica a vida a casa e ao irmão, agora ela é mãe e tem alguém a quem proteger e servir de exemplo.
Matthew é mais paciente e tolerante com os dilemas de Anne, o problema com ele é a questão dele já estar velho, aparentando ter alguma doença grave, e sua preocupação é não dar conta de ajudar a manter a família.
Talvez o único ponto estranho da série é a forma como ela acaba. Por passar de uma forma tão sensível e lúdica temas tão pesados, o esperado para o final é uma cena bonita em família ou coisa do tipo, mas o gancho negativo representando alguma ameaça e causando a "necessidade" de uma continuação, não combinou muito bem.
Wishlist #85 - Funko Pop - Ralph Breaks the Internet
6 de fevereiro de 2020
Já faz um tempinho que estão no mercado, mas com o lançamento no início de 2019 da animação WiFi Ralph: Quebrando a Internet, a sequência do nostálgico Detona Ralph, é claro que a Funko não ia deixar de reproduzir novos modelos. Os pops da primeira wave já estão na minha lista, principalmente dos vilões, mas confesso que nunca achei o trio principal bonito. Mas depois que a dona Funko fez personagens a altura, eu vou ter que ser sincera em dizer que, embora eu ainda queira ter os pops do Rei Doce (que custa os olhos da própria cara) e do Turbo, os outros já ficaram de fora da lista pra serem substituídos por esses fofildos mais recentes, que convenhamos, são muito mais bonitos. Personagens secundários não vão fazer parte dos pops que quero ter na coleção, nem os exclusivos, mas vou deixar na foto pra mostrar quais são os pops desse set. Quem me interessa mesmo é a Vanellope, o Ralph e o Conserta Félix (e a Taffyta, que também é uma gracinha).
Crepúsculo - Meg Cabot
5 de fevereiro de 2020
Título: Crepúsculo - A Mediadora #6
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2006
Páginas: 240
Nota:★★★☆☆
Resenha: Nesse sexto volume da série A Mediadora, Suzannah Simon descobriu que seu dom vai além de somente ser capaz de ver fantasmas e ajuda-los a irem para a luz, e a ideia de que os mediadores, de forma limitada, podem se deslocar pelo espaço e tempo para controlarem alguns acontecimentos passados a fim de alterarem o futuro é assustadora. E não só pelo fato de que essa viagem pode ser prejudicial para o destino das pessoas, mas para os próprios mediadores que ficam com a saúde em risco. No caso de Suze, isso é um poder que a deixa apavorada, não por ela, pois ela jamais faria nada pra prejudicar ninguém, mas por Paul que, obcecado por Suze e inflado de ciúmes de Jesse, não desistiu e continua disposto a fazer qualquer coisa pra ter Suzannah ao seu lado (mesmo contra a vontade dela???), incluindo mudar os fatos do passado para impedir o assassinato de Jesse, evitando assim que ele vire fantasma e deixe de existir na realidade atual, trazendo consequências desastrosas. Se Jesse tivesse vivido sua vida tranquila, ele não teria morrido daquela forma e nem ficado preso alí, logo não iria conhecer Suze...
Suze fica num embate bastante dificil: ela ama Jesse de todo o coração, mas diante da possibilidade dele ter de volta sua vida plena e feliz, ela perderia seu amor... E agora? Manter Jesse como fantasma ao seu lado, ou deixá-lo voltar 150 anos atrás e perdê-lo de vez?
Narrado em primeira pessoa, o livro mantém o padrão de bom humor de sempre mas, dessa vez, ele traz uma Suzannah mais madura por conta de tudo o que viveu e aprendeu, mas principalmente pelo problema que ela tem em mãos. É impossível não sentir empatia por ela e pelo sofrimento pelo qual ela está passando por conta do seu amor por Jesse. Dessa forma, o foco fica sobre sua escolha, de deixar Jesse partir ou de impedir Paul de seguir com seu plano maquiavélico. Paul é o típico mauricinho mimado que sempre teve tudo o que quis, e por não saber lidar com a rejeição de Suze, ele começa a fazer de tudo pra atrapalhar esse amor sem considerar que ele é a última pessoa que ela escolheria pra ficar. A gente sabe que Paul é um enorme obstáculo como o "vilão" da série, e sabe que nesse tipo de história gente que nem ele tem exatamente o que merece guardado pro final (não exatamente como eu imaginei, mas valeu a pena), mas chega a ser meio assustador saber que caras como Paul vão além da fantasia e da ficção e são um verdadeiro perigo para as garotas. Nunca se sabe do que são capazes e até onde vão para conseguirem o que querem, e azar o que a outra pessoa quer.
Enfim, eu gostei muito de ter acompanhado a série num geral, ri horrores das maluquices de Suze e da forma "carinhosa" como ela trata os fantasmas, os amigos de Suze e o padre Dom são ótimos, a família de Suze é impagável e única, me emocionei muito com o relacionamento impossível com Jesse e o quanto ele é um sonho de rapaz, mas justamente por ser impossível, eu esperava outro final, qualquer um que não fosse tão previsível e descarado. Não me entra na cabeça a autora ter feito o que fez e eu juro que esperava por um desfecho digno, mesmo que fosse algo a la Titanic, triste e trágico. E justamente por ter acontecido o óbvio, tão emocionante, bonitinho e fofo, com direito a participação especial do pai de Suze, eu vou contrariar todas as expectativas e dizer que não curti.
Sei que a maioria das fãs da série torciam pela união de Suze e Jesse, sei que quem lê os livros da Meg Cabot espera por finais tipicamente felizes que aquecem o coração, mas sabe quando a gente tem certeza como vai acabar mas espera que aconteça o contrário pra surpresa ser real? Pois é... Era o que eu esperava aqui. Continuo sendo fã da série, é uma das melhores da autora, sem dúvidas, e tenho certeza que a maioria das apaixonadas por Jesse vai adorar o destino super conveniente dado aos dois.
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2006
Páginas: 240
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Desta vez é vida ou morte. Suzannah já se acostumou com os fantasmas em sua vida e é muito aterrorizante ter o destino dos fantasmas em mãos, podendo alterar o curso da história. E tudo ficou pior depois que ela descobriu que Paul também sabe como fazer isso. E ele adoraria evitar o assassinato de Jesse, impedindo-o de virar fantasma e lhe garantindo uma vida tranquila, finalmente... Isso significaria que Jesse e Suzannah jamais se conheceriam. A mediadora está diante da decisão mais importante da sua vida: deixar o único cara que já amou voltar para seu próprio tempo, impedindo assim sua morte... ou ser egoísta e mantê-lo a seu lado como um fantasma. O que Jesse escolheria: viver sem Suzannah ou morrer para amá-la?
Resenha: Nesse sexto volume da série A Mediadora, Suzannah Simon descobriu que seu dom vai além de somente ser capaz de ver fantasmas e ajuda-los a irem para a luz, e a ideia de que os mediadores, de forma limitada, podem se deslocar pelo espaço e tempo para controlarem alguns acontecimentos passados a fim de alterarem o futuro é assustadora. E não só pelo fato de que essa viagem pode ser prejudicial para o destino das pessoas, mas para os próprios mediadores que ficam com a saúde em risco. No caso de Suze, isso é um poder que a deixa apavorada, não por ela, pois ela jamais faria nada pra prejudicar ninguém, mas por Paul que, obcecado por Suze e inflado de ciúmes de Jesse, não desistiu e continua disposto a fazer qualquer coisa pra ter Suzannah ao seu lado (mesmo contra a vontade dela???), incluindo mudar os fatos do passado para impedir o assassinato de Jesse, evitando assim que ele vire fantasma e deixe de existir na realidade atual, trazendo consequências desastrosas. Se Jesse tivesse vivido sua vida tranquila, ele não teria morrido daquela forma e nem ficado preso alí, logo não iria conhecer Suze...
Suze fica num embate bastante dificil: ela ama Jesse de todo o coração, mas diante da possibilidade dele ter de volta sua vida plena e feliz, ela perderia seu amor... E agora? Manter Jesse como fantasma ao seu lado, ou deixá-lo voltar 150 anos atrás e perdê-lo de vez?
Narrado em primeira pessoa, o livro mantém o padrão de bom humor de sempre mas, dessa vez, ele traz uma Suzannah mais madura por conta de tudo o que viveu e aprendeu, mas principalmente pelo problema que ela tem em mãos. É impossível não sentir empatia por ela e pelo sofrimento pelo qual ela está passando por conta do seu amor por Jesse. Dessa forma, o foco fica sobre sua escolha, de deixar Jesse partir ou de impedir Paul de seguir com seu plano maquiavélico. Paul é o típico mauricinho mimado que sempre teve tudo o que quis, e por não saber lidar com a rejeição de Suze, ele começa a fazer de tudo pra atrapalhar esse amor sem considerar que ele é a última pessoa que ela escolheria pra ficar. A gente sabe que Paul é um enorme obstáculo como o "vilão" da série, e sabe que nesse tipo de história gente que nem ele tem exatamente o que merece guardado pro final (não exatamente como eu imaginei, mas valeu a pena), mas chega a ser meio assustador saber que caras como Paul vão além da fantasia e da ficção e são um verdadeiro perigo para as garotas. Nunca se sabe do que são capazes e até onde vão para conseguirem o que querem, e azar o que a outra pessoa quer.
Enfim, eu gostei muito de ter acompanhado a série num geral, ri horrores das maluquices de Suze e da forma "carinhosa" como ela trata os fantasmas, os amigos de Suze e o padre Dom são ótimos, a família de Suze é impagável e única, me emocionei muito com o relacionamento impossível com Jesse e o quanto ele é um sonho de rapaz, mas justamente por ser impossível, eu esperava outro final, qualquer um que não fosse tão previsível e descarado. Não me entra na cabeça a autora ter feito o que fez e eu juro que esperava por um desfecho digno, mesmo que fosse algo a la Titanic, triste e trágico. E justamente por ter acontecido o óbvio, tão emocionante, bonitinho e fofo, com direito a participação especial do pai de Suze, eu vou contrariar todas as expectativas e dizer que não curti.
Sei que a maioria das fãs da série torciam pela união de Suze e Jesse, sei que quem lê os livros da Meg Cabot espera por finais tipicamente felizes que aquecem o coração, mas sabe quando a gente tem certeza como vai acabar mas espera que aconteça o contrário pra surpresa ser real? Pois é... Era o que eu esperava aqui. Continuo sendo fã da série, é uma das melhores da autora, sem dúvidas, e tenho certeza que a maioria das apaixonadas por Jesse vai adorar o destino super conveniente dado aos dois.
Tags:
A Mediadora,
Fantasia,
Galera Record,
Meg Cabot,
Resenha,
Sobrenatural,
YA
Serotonina - Michel Houellebecq
4 de fevereiro de 2020
Título: Serotonina
Autor: Michel Houellebecq
Editora: Alfaguara
Gênero: Romance
Ano: 2019
Páginas: 240
Nota:★★★★★
Resenha: A Serotonina é um o hormônio que atua no cérebro regulando o humor, apetite, sono, frequência cardíaca, temperatura corporal, libido, sensibilidade, funções intelectuais, e também tem papel na coagulação sanguínea e na saúde óssea. O baixo nível desse hormônio no organismo pode desencadear não só irritabilidade, insônia e algumas compulsões alimentares e emocionais, mas também ansiedade e depressão de forma que, de acordo com a gravidade do caso, é necessário a introdução de medicamentos para que o corpo volte a funcionar em equilíbrio.
Dito isto, Serotonina foi o título do mais recente livro escrito pelo autor francês Michel Houellebecq, publicado pelo selo Alfaguara da Editora Cia das Letras, que conta a história de Florent-Claude Labrouste, um homem que odeia seu nome de quarenta e seis anos que após descobrir estar sendo traído pela namorada, embora não tenha ficado totalmente surpreso, talvez por saber que seu relacionamento falido beirava o fracasso, decide sumir sem dar satisfações pra ninguém. Sem amigos e sem família, ele pede demissão no trabalho inventando que recebeu alguma proposta de emprego melhor, e vai embora levando consigo apenas uma única mala, mas, mesmo que ele pudesse viver confortavelmente com a herança deixada pelos falecidos pais, as coisas não acontecem da forma como deveria ser, pois Florent está num abismo de depressão pela falta da bendita serotonina, que fez com que ele tenha perdido o interesse pela vida.
Narrado em primeira pessoa, cheio de ironia, acidez e sem pudor algum, Serotonina faz uma análise sobre a existência do ser e da sociedade, mas não uma existência repleta de alegria e plenitude, mas uma existência a beira de um colapso. Florent não é um exemplo de cidadão politicamente correto. Ele se preocupa com status social, gosta de aparecer com coisas caras, faz julgamentos alheios como se fosse o dono da razão e não sabe lidar com relacionamentos amorosos. Seus pensamentos subversivos não causam somente a reflexão nos leitores sobre quem ele é ou como se sente, mas sobre a própria ruína da sociedade moderna que cada vez mais parece estar se afundando e dependendo de comprimidos a perder de vista para ajudá-los a empurrarem suas vidas quando a desgraça parece cercar a todos. Desemprego, caos econômico, a qualidade de vida despencando, e outros inúmeros fatores que desestabilizam o ser humano, que busca sobreviver antes de desistir, enquanto a vida está em ruínas.
A medida que a leitura avança, as vidas cheias de frustrações de outros personagens, e a própria vida de Florent, começam a ser mais aprofundadas, o que agrava a situação do personagem que está cercado de desgraças. Depender de antidepressivos que aumentam os níveis de serotonina no organismo, o "Captorix" (acredito que o verdadeiro protagonista da história), o deixa prisioneiro. A ideia de esperança, de luz no fim do túnel pra tirá-lo dessa situação parece muito distante, e é impossível não sentir aquela angústia pela trama ser desprovida de alegria, por saber que a depressão levou Florent a desistir, e que ter partido era só um meio dele reconhecer e constatar que a vida já não reservava mais nada pra ele. Carregado de arrependimentos, colecionando fracassos, frustrado amorosa e sexualmente, e totalmente deprimido, Florent é um retrato ácido, caótico e real do homem contemporâneo numa sociedade à deriva, que com certeza vai fazer com que vários leitores se identifiquem.
Serotonina é uma leitura insana, mas tão desconfortável quanto necessária sobre as consequências desencadeadas pela falta desse hormônio, e sobre a dependência da "pílula da felicidade".
Autor: Michel Houellebecq
Editora: Alfaguara
Gênero: Romance
Ano: 2019
Páginas: 240
Nota:★★★★★
Sinopse: Florent-Claude Labrouste tem 46 anos, detesta seu nome e toma antidepressivos que liberam serotonina e causam três efeitos colaterais: náusea, falta de libido e impotência.
Seu périplo começa em Almeria (Espanha), segue por Paris e depois pela Normandia, onde os agricultores estão em luta. A França está afundando, a União Europeia está afundando, a vida de Florent-Claude está afundando. O sexo é uma catástrofe. A cultura não é mais uma tabua de salvação – nem mesmo Proust ou Thomas Mann são capazes de salvá-lo.
Nesse contexto, Florent-Claude descobre vídeos pornográficos assombrosos em que sua atual companheira aparece, e isso é a gota d'água para que ele deixe o trabalho e passe a viver em um hotel. Perambula pela cidade, visita bares, restaurantes e supermercados. Repassa suas relações amorosas, marcadas sempre pelo desastre, que transitam entre o cômico e o patético. Ao se reencontrar com um velho amigo aristocrata, que parecia ter uma vida perfeita, mas que foi abandonado pela esposa e se vê falido, Florent-Claude aprende a manejar uma arma de fogo – que vai mudar sua vida para sempre.
Em um espiral de problemas, Florent-Claude se torna um hábil analista da contemporaneidade, de seus anseios, inseguranças e problemas. Sua vida, um reflexo do desinteresse pelo mundo, será o espelho das mais cruéis agruras da vida.
Resenha: A Serotonina é um o hormônio que atua no cérebro regulando o humor, apetite, sono, frequência cardíaca, temperatura corporal, libido, sensibilidade, funções intelectuais, e também tem papel na coagulação sanguínea e na saúde óssea. O baixo nível desse hormônio no organismo pode desencadear não só irritabilidade, insônia e algumas compulsões alimentares e emocionais, mas também ansiedade e depressão de forma que, de acordo com a gravidade do caso, é necessário a introdução de medicamentos para que o corpo volte a funcionar em equilíbrio.
Dito isto, Serotonina foi o título do mais recente livro escrito pelo autor francês Michel Houellebecq, publicado pelo selo Alfaguara da Editora Cia das Letras, que conta a história de Florent-Claude Labrouste, um homem que odeia seu nome de quarenta e seis anos que após descobrir estar sendo traído pela namorada, embora não tenha ficado totalmente surpreso, talvez por saber que seu relacionamento falido beirava o fracasso, decide sumir sem dar satisfações pra ninguém. Sem amigos e sem família, ele pede demissão no trabalho inventando que recebeu alguma proposta de emprego melhor, e vai embora levando consigo apenas uma única mala, mas, mesmo que ele pudesse viver confortavelmente com a herança deixada pelos falecidos pais, as coisas não acontecem da forma como deveria ser, pois Florent está num abismo de depressão pela falta da bendita serotonina, que fez com que ele tenha perdido o interesse pela vida.
Narrado em primeira pessoa, cheio de ironia, acidez e sem pudor algum, Serotonina faz uma análise sobre a existência do ser e da sociedade, mas não uma existência repleta de alegria e plenitude, mas uma existência a beira de um colapso. Florent não é um exemplo de cidadão politicamente correto. Ele se preocupa com status social, gosta de aparecer com coisas caras, faz julgamentos alheios como se fosse o dono da razão e não sabe lidar com relacionamentos amorosos. Seus pensamentos subversivos não causam somente a reflexão nos leitores sobre quem ele é ou como se sente, mas sobre a própria ruína da sociedade moderna que cada vez mais parece estar se afundando e dependendo de comprimidos a perder de vista para ajudá-los a empurrarem suas vidas quando a desgraça parece cercar a todos. Desemprego, caos econômico, a qualidade de vida despencando, e outros inúmeros fatores que desestabilizam o ser humano, que busca sobreviver antes de desistir, enquanto a vida está em ruínas.
A medida que a leitura avança, as vidas cheias de frustrações de outros personagens, e a própria vida de Florent, começam a ser mais aprofundadas, o que agrava a situação do personagem que está cercado de desgraças. Depender de antidepressivos que aumentam os níveis de serotonina no organismo, o "Captorix" (acredito que o verdadeiro protagonista da história), o deixa prisioneiro. A ideia de esperança, de luz no fim do túnel pra tirá-lo dessa situação parece muito distante, e é impossível não sentir aquela angústia pela trama ser desprovida de alegria, por saber que a depressão levou Florent a desistir, e que ter partido era só um meio dele reconhecer e constatar que a vida já não reservava mais nada pra ele. Carregado de arrependimentos, colecionando fracassos, frustrado amorosa e sexualmente, e totalmente deprimido, Florent é um retrato ácido, caótico e real do homem contemporâneo numa sociedade à deriva, que com certeza vai fazer com que vários leitores se identifiquem.
Serotonina é uma leitura insana, mas tão desconfortável quanto necessária sobre as consequências desencadeadas pela falta desse hormônio, e sobre a dependência da "pílula da felicidade".
Assombrado - Meg Cabot
3 de fevereiro de 2020
Título: Assombrado - A Mediadora #5
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Resenha: Depois dos acontecimentos do quarto volume, A Hora Mais Sombria, vai ficar meio difícil falar deste sem soltar uns spoilers... Dito isto, leia a resenha por sua conta e risco.
Em Assombrado, quinto livro da sériemirabolante hilária A Mediadora, finalmente parece que Suzannah e Jesse se entenderam depois que ele a beijou. Tudo era flores e amores, se não fosse por Paul Slater, o irmão mais velho e arrogante de Jack, o garotinho de quem Suze foi babá quando trabalhou no hotel no último verão. Paul é como uma pedra pontuda do sapato. Ele sabe disso, mas não se importa, desde que consiga o que quer. Ter tentado mandar Jesse pro além pra se livrar dele foi um exemplo do que o canalha é capaz, assim como bolar outros planos maquiavélicos que só deixam Suze desvairada. A gota foi ter aparecido na escola onde ela estuda como se nada tivesse acontecido, com um sorriso maníaco na boca, demonstrando estar com alguma carta na manga pra seja lá o que for. Porém, Suzannah não pode simplesmente meter-lhe a bicuda e enxotá-lo de sua vida como faz com os fantasmas irritantes e teimosos que se recusam a ir pra luz, pois, de tantas pessoas no mundo, Paul é o mais próximo que tem conhecimentos úteis sobre viagens no tempo a partir de teorias criadas pelo avô dele, assim como sabe sobre se deslocar para a entrada do purgatório, pra onde os fantasmas vão, e isso é algo de muito interesse da garota.
E como não podia faltar, Craig, um fantasma cheio de raiva, começa a causar em busca de vingança achando que outro garoto devia ter morrido em seu lugar, e Suze tem problemas com isso porque o irmão do defunto estudava com Soneca, o meio-irmão dela.
Mantendo o padrão narrativo em primeira pessoa, a história continua hilária e bastante divertida, e com vários toques de mistério. Diferente dos anteriores, este tem um ritmo mais lento por não ter tantas questões a serem resolvidas, mas sim coisas novas desse universo sobrenatural a serem exploradas. O foco maior fica sobre Suze aprendendo a conhecer mais sobre si mesma e seu dom de mediadora, mas Paul, por mais embuste que seja, acaba sendo uma peça fundamental para esse desenvolvimento. Jesse não teve tanto espaço nesse volume, mas por causa das ações de Paul, percebemos que o relacionamentoimpossível que ele tem com Suzannah acabou ganhando forças por causa da interferência de Paul. Se antes Suze não entendia muito bem ou tinha dúvidas sobre os sentimentos de Jesse por ela, agora ela vai ver que esse sentimento vai além do que qualquer um pode imaginar...
Suze continua firme em suas convicções, contando com o apoio dos seus amigos queridos e do padre Dom, mas sem querer dar o braço a torcer quando tenta resolver tudo sozinha.
Acho que o que não me agradou neste volume, foi a falta dos problemas que os fantasmas causam pra Suze e como ela lida com eles. Embora a autora tenha inserido o fantasma de Craig na história, a sensação que dá é a de encheção de linguiça, e que a mesma história poderia ter sido contada se ele não existisse, afinal, o drama aqui fica sobre o relacionamento com Jesse e os mistérios acerca das informações em posse de Paul, e isso vai sendo desenrolado de uma forma gradual, sutil, e até um pouco cansativa devido ao ritmo. Em vez de Suze precisar enfrentar ameaças fantasmas, o perigo está alí na frente dela, bonito, em carne, osso e insolência.
No mais, embora tenha fugido um pouco daquela coisa toda de fantasmas sendo chutados na bunda, Assombrado é um bom acréscimo a série pelas informações que abriram novas possibilidades pra um futuro questionável, mas um tanto promissor.
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Suzannah passou o último verão no Pebble Beach Hotel and Golf Resort. Não, ela não estava hospedada com os ricaços. Em vez disso, tomava conta dos filhos deles. Foi assim que ela conheceu Paul Slater. Suzannah era a babá do irmãozinho dele, Jack, e Paul se encantou por ela. Mas é claro que quando um garoto bonitão se interessa por ela as coisas não podem simplesmente dar certo.
Resenha: Depois dos acontecimentos do quarto volume, A Hora Mais Sombria, vai ficar meio difícil falar deste sem soltar uns spoilers... Dito isto, leia a resenha por sua conta e risco.
Em Assombrado, quinto livro da série
E como não podia faltar, Craig, um fantasma cheio de raiva, começa a causar em busca de vingança achando que outro garoto devia ter morrido em seu lugar, e Suze tem problemas com isso porque o irmão do defunto estudava com Soneca, o meio-irmão dela.
Mantendo o padrão narrativo em primeira pessoa, a história continua hilária e bastante divertida, e com vários toques de mistério. Diferente dos anteriores, este tem um ritmo mais lento por não ter tantas questões a serem resolvidas, mas sim coisas novas desse universo sobrenatural a serem exploradas. O foco maior fica sobre Suze aprendendo a conhecer mais sobre si mesma e seu dom de mediadora, mas Paul, por mais embuste que seja, acaba sendo uma peça fundamental para esse desenvolvimento. Jesse não teve tanto espaço nesse volume, mas por causa das ações de Paul, percebemos que o relacionamento
Suze continua firme em suas convicções, contando com o apoio dos seus amigos queridos e do padre Dom, mas sem querer dar o braço a torcer quando tenta resolver tudo sozinha.
Acho que o que não me agradou neste volume, foi a falta dos problemas que os fantasmas causam pra Suze e como ela lida com eles. Embora a autora tenha inserido o fantasma de Craig na história, a sensação que dá é a de encheção de linguiça, e que a mesma história poderia ter sido contada se ele não existisse, afinal, o drama aqui fica sobre o relacionamento com Jesse e os mistérios acerca das informações em posse de Paul, e isso vai sendo desenrolado de uma forma gradual, sutil, e até um pouco cansativa devido ao ritmo. Em vez de Suze precisar enfrentar ameaças fantasmas, o perigo está alí na frente dela, bonito, em carne, osso e insolência.
No mais, embora tenha fugido um pouco daquela coisa toda de fantasmas sendo chutados na bunda, Assombrado é um bom acréscimo a série pelas informações que abriram novas possibilidades pra um futuro questionável, mas um tanto promissor.
Tags:
A Mediadora,
Fantasia,
Galera Record,
Meg Cabot,
Resenha,
Sobrenatural,
YA
Assinar:
Postagens (Atom)