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Na Telinha - Anne with an "E" (3ª Temporada)

3 de abril de 2020

Título: Anne with an "E"
Temporada: 3 | Episódios: 10
Elenco: Amybeth McNulty, R.H. Thomson, Geraldine James, Dalila Bela, Lucas Jade Zumann, Aymeric Jett Montaz
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2019
Duração: 50min
Classificação: +12
Nota:★★★★☆
Sinopse: Ao completar dezesseis anos de idade, Anne (Amybeth McNulty) decide buscar a verdade sobre sua família biológica, para o desespero de Marilla (Geraldine James). Enquanto isso, o relacionamento da menina com Gilbert (Lucas Jade Zumann) sofre uma evolução.

Agora que tem dezesseis anos, Anne já está numa fase da adolescência onde ela tem muito mais consciência dos seus sentimentos, do poder da sua voz e dos seus objetivos para o futuro, e se sente preparada e madura o bastante pra buscar a verdade sobre suas origens e sobre sua família biológica, na intenção de preencher o vazio sobre saber se já havia sido amada e como foi parar num orfanato, o que, de início, não agrada Marilla, que tem medo de "perder" a garota de alguma forma, dependendo do que ela descobrisse. Além de escrever para o jornal da escola e ainda conseguir causar algumas confusões com as verdades duras que a sociedade ainda não está preparada para ouvir, ela, enfim, assume seus sentimentos por Gilbert, mas ao que tudo indica, uma mocinha inesperada aparece para despertar a atenção do rapaz e deixar o coração de Anne apertado por causa de tantos desencontros.


Em paralelo a isso, Ka’kwet, uma garota que vive numa tribo indígena e bastante pacífica, se torna amiga de Anne quando a protagonista quer escrever um artigo sobre seus costumes, mas, além das pessoas não entenderem bem o ponto de vista de Anne, Ka'kwet acaba decidindo ir estudar numa escola católica depois de ter sido levada a acreditar que isso seria melhor para seu futuro, mas sabendo que a série também trata de temas delicados como a intolerância e o preconceito, já sabemos que a garota, que é índia, teria um destino um tanto incerto e até preocupante. Se já tratavam os negros como seres inferiores e desprezíveis, quem dirá os índios que mal eram considerados pessoas...


Nesse cenário de mudanças de ares e propósitos, a série acaba proporcionando a ideia não só de despedidas, mas do grande senso de justiça que Anne sempre teve, mas que agora é crescida o bastante pra não passar despercebida como uma criancinha sonhadora frente aos adultos, e que se para a sociedade ela é um "incômodo", fica bem evidente que foi por causa de "incômodos" como ela é que ideias retrógradas começaram a evoluir, ou pelo menos um pouco.

Anne continua sendo bastante carismática, sendo sensível ao lidar com questões mais difíceis, mas também mantendo a personalidade forte para conseguir seguir adiante. Claro que ela tem apoio dos Cuthbert's e das suas amigas que já aceitam ele como uma igual, principalmente de Diana e Cole, e isso também colabora para impulsionar a história e mostrar que qualquer um precisa de um ombro amigo nos momentos mais difíceis da vida.


Diana também ganha um pouco mais de espaço quando a série sugere um complicado relacionamento entre ela e um jovenzinho já conhecido que jamais seria aceito por sua família, e que por isso acaba sendo mantido em segredo causando algumas situações complicadas que afetam a amizade dela com Anne, e isso também levanta outras questões que envolvem o amor verdadeiro e os casamentos arranjados pelas famílias.
A ideia de mostrar de uma forma bem lúdica como as mulheres eram criadas para obedecer os homens é bastante interessante, principalmente pela desconstrução desses estereótipos. Por ter nascido mulher, ninguém é obrigada a viver exclusivamente pra marido e filhos como se essa fosse sua única função no mundo, e esquecer de si própria e dos seus sonhos e objetivos, e quando as mulheres começam a confrontar esse tipo de coisa, ao mesmo tempo que ficamos indignados de ver como tudo isso era absurdo, também ficamos orgulhosos de saber que existiram mulheres que enfrentavam esse "sistema", que corriam atrás de seus sonhos e objetivos, e não se deixavam calar por causa de um embuste qualquer.


Porém, essa terceira e última temporada deixou um pouco a desejar devido à algumas situações vivenciadas por personagens secundários, mas que acrescentavam relevância á trama, que ficaram sem desfecho, ou personagens completamente diabólicos não tiveram um castigo a altura por seus atos horrendos, deixando a gente com a cara na poeira, sem explicações. Não posso me basear nos livros pra fazer a crítica por ainda não ter lido, mas, pelo que pesquisei e conversei com quem leu, muita coisa fugiu bastante da história original, o que leva qualquer fã a pensar que material de sobra pra dar continuidade e um final digno a tudo aquilo, não era o problema. Assim, por mais que Anne with an "E" tenha se tornado uma série que gostei muitíssimo de acompanhar, seja pelo envolvimento que tive ou pelas questões tão importantes que ela levanta sob uma perspectiva super atual, no final, fiquei com aquele gostinho amargo de que faltou algo mais. Mas, como a esperança é a última que morre, não custa sonhar que algum estúdio ainda acredite no potencial que ela tem, e dê sequência ao que não acabou.

Na Telinha - Anne with an "E" (2ª Temporada)

6 de março de 2020

Título: Anne with an "E"
Temporada: 2 | Episódios: 10
Elenco: Amybeth McNulty, R.H. Thomson, Geraldine James, Dalila Bela, Lucas Jade Zumann, Aymeric Jett Montaz, Kyla Matthews, Cory Gruter-Andrew, Dalmar Abuzeid
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2018
Duração: 50min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Diante de uma falência iminente dos Cuthbert, a residência de Green Gables recebe dois novos misteriosos pensionistas: Nathaniel (Taras Lavren) e Sr. Dunlop (Shane Carty). Enquanto isso, Anne (Amybeth McNulty) estreita laços com Diana (Dalila Bela), Ruby (Kyla Matthews) e Gilbert (Lucas Jade Zumann), que faz um novo amigo estrangeiro.

Nessa segunda temporada, Anne já está melhor adaptada à vida em Avolea, assim como já conseguiu cultivar a simpatia e a amizade de algumas meninas da escola, e de Cole, que já se acostumaram com o jeitinho peculiar dela. Dessa vez, depois da perderem a colheita inteira num naufrágio, os Cuthbert estavam a beira da falência e, além de terem começado a vender seus pertences para conseguirem algum dinheiro, criaram um anúncio no jornal local oferecendo quartos em Green Glabes. Não demorou para que dois pensionistas misteriosos aparecem interessados no aluguel, mas ninguém sabe quais são as reais intenções deles alí, principalmente quando eles afirmam que existe ouro naquelas terras. Longe da cidade, Gilbert arranjou um emprego num barco, o que pra ele é uma aventura, e acaba fazendo amizade com Bash, um homem negro, pobre, e que tem uma experiência de vida bem diferente do garoto.


Com um roteiro mais maduro, se compararmos com a primeira temporada, Anne with an "E" traz uma trama que, mesmo se passando no século 18, aborda temas que resultam em reviravoltas interessantes e promove reflexões relevantes no espectador, que não remetem somente ao feminismo típico da série e a maneira como Anne tenta se encaixar quando ela é claramente diferente das outras meninas da sua idade, mas também ao machismo, ao racismo e a homofobia. Numa época onde a escravidão era permitida, a ideia de um homem negro ser livre e conviver entre brancos era absurda em meio a sociedade, assim como a homossexualidade era mau vista e tratada como uma doença, uma aberração, criando barreiras sociais e psicológicas, e impossibilitando a própria pessoa nessa condição a se assumir. Outra coisa bem interessante é a inserção de uma nova professora que tem métodos nada convencionais de ensino, e somando isso ao fato de ela ser mulher, também tem que aturar poucas e boas da população, pois o machismo também está entranhado no pensamento das próprias mulheres. E a série aborda isso de uma forma única, mostrando tanto os ataques, a forma de combate a esses preconceitos, e a reação de quem sofre com eles, o que emociona e surpreende bastante.


Anne, apesar de não ser perfeita, continua muito carismática, seja por ser sonhadora ou muito inteligente, o que a deixava a frente de sua época. A distância de Gilbert e a forma como ela se preocupa em manter contato com ele através de cartas, só reforça a ideia de que mais cedo ou mais tarde esses dois vão acabar juntos.

Além disso, também podemos voltar ao passado de Marilla e Matthew, o que nos permite entender porque ela se tornou uma mulher tão dura e que não demonstra seus sentimentos. Ter perdido um irmão e a mãe pouco tempo depois, fez com que ela assumisse o papel de responsável pela casa e por criar Matthew, logo ela se viu presa aquela condição e não pôde viver a própria vida da forma como ela gostaria por não ter outra escolha. Receber os pensionistas também é algo que lhe dá um choque de realidade, pois as pessoas nem sempre são aquilo que aparentam ser, e criar expectativas ou confiar demais pode gerar muitas decepções, infelizmente. A vida não é um mar de rosas.


Diante desses pontos e de novas experiências, é interessante ver como essa temporada consegue transitar entre a infância e a perda da inocência diante de alguma situação delicada mas que faz parte da realidade e do início de um amadurecimento necessário. Muita coisa que aprendemos vem com a dor, seja a nossa ou daqueles com quem nos importamos, e é preciso saber lidar com tudo isso pra seguir com a vida.
Há um episódio bem legal onde Anne, Diana e Cole vão a uma festa na casa de Tia Jô e se deparam com um pessoal bem diferente daqueles que vivem em Avonlea, e isso acaba expandindo a visão deles de que a vida é muito mais do que o que aprenderam naquela cidadezinha conservadora e que não evolui em nada, e que eles tem uma infinidade de opções a seguir além das tradições familiares ou sociais de se casar, ter filhos e viver nesse ciclo que parece reger a vida nessa sociedade.


Tirando alguns efeitos especiais bem mal feitos e nada a ver, o cenário e o visual no geral é muito bonito e inspirador, e é impossível não sentir vontade de visitar uma fazenda, fazer um passeio por um campo ou experimentar algumas das delícias feitas na cozinha de Green Gable.

Pra quem procura por uma série inspiradora, que emociona e trata de temas importantes com bastante delicadeza através de uma garotinha que está descobrindo o mundo à sua maneira, é série mais do que recomendada!

Na Telinha - Anne with an "E" (1ª Temporada)

7 de fevereiro de 2020

Título: Anne with an "E"
Temporada: 1 | Episódios: 7
Elenco: Amybeth McNulty, R.H. Thomson, Geraldine James, Dalila Bela, Lucas Jade Zumann, Aymeric Jett Montaz
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2017
Duração: 50min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Depois de treze anos sofrendo no sistema de assistência social, a orfã Anne é mandada para morar com uma solteirona e seu irmão. Munida de sua imaginação e de seu intelecto, a pequena Anne vai transformar a vida de sua família adotiva e da cidade que lhe abrigou, lutando pela sua aceitação e pelo seu lugar no mundo.

Baseada no romance Anne of Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, a série se passa na vila fictícia de Avonlea, situada na Ilha de Príncipe Eduardo, uma província no Canadá, no final do século XIX, e acompanha a vida da orfã Anne Shirley, uma garotinha sonhadora, muito falante, e dona de um vocabulário invejável pra idade que tem.


No século XIX, era comum as crianças trabalharem desde bem pequenas, e muitas delas, principalmente as de famílias mais pobres, eram vistas pelos pais como um verdadeiro fardo do qual tinham que se livrar o quanto antes, e para quem era órfão, a situação era ainda pior. Numa sociedade onde homens e mulheres têm papéis definidos desde o nascimento, qualquer tentativa de fugir desses padrões é vista com preconceito e desdém.

Nesse cenário, várias famílias já adotaram a pobre Anne, mas em vez dela ser recebida com amor e tratada com carinho, tinha que trabalhar duro para "agradecer" o favor de ter sido adotada, e por ser órfã, o desprezo com que sempre foi tratada acabou lhe causando alguns traumas, e fazendo com que ela aprendesse e tivesse contato com algumas coisas que uma criança jamais deveria saber. Diante disso, Anne escolheu usar a imaginação como válvula de escape para lidar com essa dura realidade, então ela sempre se imagina sendo uma mulher forte e corajosa que, embora passe por vários obstáculos, consegue vencer as adversidades para se tornar uma grande heroína. Ela inclusive adora ler, e seu livro favorito de onde tira várias citações memoráveis é Jane Eyre, de Charlotte Brontë.


Tudo começa quando os irmãos Marilla e Matthew Cuthbert, já idosos, decidem adotar um menino para ajudar com os afazeres da fazenda, mas quando Matthew vai buscar a criança, se depara com Anne na estação de trem e a leva para Green Gable. Porém, por estar esperando um menino, Marilla, decepcionada, não tem outra reação a não ser querer resolver esse equívoco devolvendo a menina para o orfanato. Tendo sido rejeitada outra vez, Anne desaba e perde as esperanças de ter um família acolhedora onde ela pudesse ser feliz, mas Marilla não tem intenção de deixá-la na mesma situação de antes e acaba lhe dando uma chance, mas ela teria que provar ser merecedora de ficar.
Embora Matthew já tivesse a aceitado e ficado encantado com seu jeito peculiar de ser, não seria uma tarefa fácil pra Anne conquistar Marilla, que sempre demonstra ser uma fortaleza de gelo. Anne não é perfeita. Ela é irritante, não para de falar um minuto, suas falas e atitudes são exageradas e floreadas a ponto de serem cafonas, e ela parece ser incapaz de cativar as pessoas, mas tudo é proposital e compreensível.


Os episódios trazem algumas cenas com flashbacks do passado de Anne, mostrando o quanto sua vida foi difícil ao trabalhar para algumas famílias, ou o que acontecia em sua estadia no orfanato, contextualizando, assim, algumas de suas reações frente a atitudes preconceituosas, humilhantes, lamentáveis e revoltantes com que adultos e crianças a tratam com frequência. Apesar de tristes e impactantes, esses flashbacks não destoam da série e nem tiram sua leveza, só colaboram ainda mais pra nos deixar emocionados.


Quando Anne começa a ir pra escola, ela percebe que seu comportamento não é aceito pelos colegas e pelo professor, um homem odioso que parece existir somente pra descontar suas frustrações nas crianças. Ela sofre bullying por ser órfã, por ser ruiva e ter sardas, e constantemente ela fala que se sente feia e seu maior sonho é ser bonita. Mesmo que ela consiga fazer amizade com Diana, que mora na fazenda vizinha e vive tentando amenizar as ofensas das outras meninas contra Anne, ela se sente excluída, deslocada, e não sabe o que fazer pra se aproximar das outras crianças que vivem rindo ou debochando dela. Quando ela conhece Gilbert, um garoto da escola que a defende de várias humilhações, ela começa a se afastar dele porque uma das meninas da escola sonha em se casar com ele um dia (???). Anne passa a evitar o garoto para não ter problemas com as outras meninas, mas por aí a gente já sabe que eles vão se aproximar mais cedo ou mais tarde... Gilbert é fofo, não trata ninguém mal e nem gosta de injustiças. Onde os outros enxergam uma garota feia e sem modos, ele enxerga uma menina inteligente e adorável.


Seu apoio seria os Cuthbert, sua família, mas Marilla, sempre tão dura, não tem paciência para as "ladainhas" da garota. E medida que Marilla vai conhecendo Anne mais a fundo, ela vai amolecendo e o amor pela garota fica evidente a ponto de ela passar a questionar seu papel como mulher na sociedade. Se antes ela era conhecida como a solteirona que dedica a vida a casa e ao irmão, agora ela é mãe e tem alguém a quem proteger e servir de exemplo.
Matthew é mais paciente e tolerante com os dilemas de Anne, o problema com ele é a questão dele já estar velho, aparentando ter alguma doença grave, e sua preocupação é não dar conta de ajudar a manter a família.

Talvez o único ponto estranho da série é a forma como ela acaba. Por passar de uma forma tão sensível e lúdica temas tão pesados, o esperado para o final é uma cena bonita em família ou coisa do tipo, mas o gancho negativo representando alguma ameaça e causando a "necessidade" de uma continuação, não combinou muito bem.


Apesar da vida de Anne não ter sido fácil e ela ainda passar por várias provações com uma sociedade cujo preconceito é enraizado e a visão de mundo é tão limitada, a série tem um clima mágico e consegue abordar com sensibilidade temas como identidade, aceitação e esperança de uma forma leve, emocionante e gostosa de assistir. Anne with an E é uma série sensível, com um cenário inspirador e com uma linguagem bastante rica. Se você gosta de histórias de época que abordam os desafios que uma garotinha tem que enfrentar na vida para encontrar seu lugar no mundo, recomendo muito.