Caixa de Correio #139 - Outubro

31 de outubro de 2023

Esse mês eu enfiei o pé na jaca e resolvi dar aquele up na minha estante de livros bruxescos. Aproveitei uma penca de promoções e agora tô aqui bem felicinha com minhas aquisições.
Outra coisa que aproveitei foi o precinho irresistível do primeiro Ticket to Ride que estava em promoção na Amazon. Sei que na wishlist de Ticket to Ride e expansões eu tinha dito que não ia incluir ele na lista pela edição Europa ser melhor e eu já ter a bendita, mas a promoção tava muito boa, memo. E, depois disso, foi só ladeira abaixo, porque já dei um jeito de comprar as cartas de expansão desses dois e mais o Países Nórdicos, que é independente e tem toda uma temática que lembra o Natal, e a expansão da Ásia. Agora é eperar um pouco pra eu dar aquela desafogada pra poder ir incluindo as outras expansões que formam a coleção de mapas dessa linha, que pelo visto não tem fim (principalmente por várias ainda não terem sido lançadas aqui no Brasil)...
Outra coisa que aproveitei na promoção da Amazon, foram dois oráculos, um deles eu até tinha indicado numa resenha que fiz já faz um tempinho do livro Bruxas Literárias. Nem acreditei que ele estava num preço baratinho, isso levando em consideração que naquela época só dava pra encontrar se importasse dos EUA com um preço estratosférico.

Enfim, a caixa desse mês deve ter sido a mais recheada do ano, até agora. Espiem:

Perfeita (na teoria) - Sophie Gonzales

17 de outubro de 2023

Título:
 Perfeita (na teoria)
Autora: Sophie Gonzales
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Romance
Ano: 2023
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: Darcy Phillips tem a solução ideal para qualquer problema de relacionamento. Pelo armário 89 do colégio, ela recebe cartas desesperadas de alunos pedindo conselhos e depois responde tudo por um e-mail anônimo ― mediante pagamento. É o negócio perfeito.
Ironicamente, sua vida amorosa é um desastre: há anos, ela é apaixonada por sua melhor amiga e não tem coragem de se declarar. Mas Darcy convive bem com todos esses segredos, até que Alexander Brougham, o atleta da escola, a flagra pegando as cartas do armário e coloca tudo a perder.
Em troca de manter seu anonimato, ela concorda em ajudar Brougham a voltar com a ex-namorada. Parece uma tarefa simples: dar umas dicas para um cara gato (mas muito arrogante) a reconquistar uma garota que já foi completamente apaixonada por ele. Mas Darcy logo vai descobrir que nada é tão simples quanto parece.

Resenha: Darcy Philips é o tipo de garota que não só ajuda os amigos dando dicas objetivas para resolver seus problemas amorosos, ela também os ajuda a enfrentar suas questões emocionais e é a consultora de relacionamentos da escola. Darcy faz tudo isso mantendo sua identidade em segredo: ela recebe cartas com pedidos de socorro que os alunos colocam num armário sem dono da escola, pega tudo secretamente e depois responde o povo por um email anônimo sob o pseudônimo de "Armário 89", dando a solução pro problema que for, e ainda ganha uns trocados com esse "serviço". A hipocrisia nessa história é que Darcy, que é bissexual, é apaixonada por sua melhor amiga, Brooke, mas não tem coragem de se declarar, e fica nesse impasse.
Até então ela convive bem com a forma como está levando sua vida e seu negócio secreto, mas isso foi até Alexander Brougham, o atleta babaca da escola, ver Darcy pegando as cartas no famigerado armário e descobrindo a identidade secreta da famosa consultora. O espertinho poderia colocar tudo a perder mas, em troca de manter o bico calado, ele chantageia pede ajuda a Darcy para voltar com a ex namorada. A princípio, a tarefa era algo simples e nada que fugisse do que Darcy já tem costume de lidar, mas não dessa vez... Brougham, o cara que ela considera o maior idiota da escola, começa a atrair sua atenção. E o dilema não pára por aí, pois ainda existe o risco de Brooke descobrir tudo e Darcy perder a amizade dela. E agora?

Narrado em primeira pessoa, Perfeita (na teoria) é um romance leve, envolvente e muito bem escrito, com toques de um humor autodepreciativo que aborda a vida e o cotidiano de adolescentes que são imperfeitos, assim como qualquer pessoa, que cometem erros, que guardam segredos, que magoam os outros, mas aprendem com eles e ainda amadurecem. Os personagens tem uma dinâmica muito boa, independente do grau de proximidade ou parentesco que tenham, o que deixa a história movimentada e bastante fluída e, além disso, o elenco tráz uma representação LGBTQIA+ incrível.
Além da protagonista bissexual, Brooke é lésbica, a irmã de Darcy está em transição, e elas ainda fazem parte do grupo Queer da escola.

É interessante acompanhar Darcy e seus dilemas, pois ela é a especialista, tem respostas pra tudo, sabe resolver os problemas amorosos dos outros caso contrário devolve o dinheiro deles, mas por mais que seus conselhos e orientações sejam totalmente eficazes, eles não servem pra ela mesma pois é muito mais fácil ver a situação de fora e não estar emocionalmente envolvido no caso. E geralmente é isso que acontece com as pessoas comuns, que vivem dando palpites nos relacionamentos alheios quando vêem as coisas erradas, mas não conseguem enxergar o que elas mesmas vivem para seguir o conselho mais óbvio e que talvez ela mesma daria pra outra pessoa vivendo a mesma situação.

A questão da bissexualidade de Darcy foi explorada de uma forma super inteligente, mostrando inclusive o lado da bifobia, mas achei legal a história se passar em meio a adolescentes, pois geralmente é a época da descoberta, onde os envolvidos passam pelos maiores conflitos pessoais e as autodescobertas. É um drama de ensino médio aparentemente "bobo"? Talvez, mas eu achei super válido e é aquele tipo de leitura que faz o leitor refletir, que esclarece muito sobre sexualidade e ainda dá aquele quentinho gostoso no coração pelas coisas que vão acontecendo, principalmente quando Darcy e Brougham vão se aproximando mais e ele se revela alguém super fofo e respeitoso, e não aquele imbecil que ele parecia ser no início. É muito satisfatório acompanhar um personagem masculino que respeita limites, as vontades e a opinião das outras pessoas, ainda mais quando são mulheres. Parece uma coisa boba, ainda mais vindo de adolescentes, mas é algo muito bacana de se acompanhar quando a gente pensa que aqui na vida real tem um bando de neandertais a solta por aí que estão pouco se lixando pro que as mulheres são, pensam e querem de verdade.

No mais, é aquele tipo de livro pra sair de uma ressaca literária, pra ler sem compromisso e se divertir, pra rir, pra chorar e pra morrer de amores.

A Invasão do Povo do Espírito - Juan Pablo Villalobos

15 de outubro de 2023

Título:
 A Invasão do Povo do Espírito
Autor: Juan Pablo Villalobos
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance
Ano: 2023
Páginas: 224
Nota:★★★★☆
Sinopse: No novo romance de uma das vozes mais vibrantes e engraçadas da literatura contemporânea, dois imigrantes precisam lidar com uma dura crise existencial em meio a burocracias, teorias da conspiração e uma doença terminal.



Resenha: A Invasão do Povo do Espírito, romance do autor mexicano Juan Pablo Villalobos, traz a história de Gastón, um homem na faixa dos cinquenta anos de idade que administra uma horta; seu melhor amigo e dono de um restaurante falido, Max; Pol, um cientista filho de Max; e Gato, o cachorro moribundo e fiel de Gastón que está com o pé na cova, coitado. Enquanto lida com a doença do cachorro e tenta ajudar o amigo deprimido a salvar seu restaurante depois de trinta anos de dedicação, Gastón quer descobrir por que Pol, a quem ele considera como um filho, abandonou seu trabalho onde se investigava o surgimento de vida extraterrestre, de repente.

A história se passa numa cidade que lembra uma Barcelona, que vivencia a imigração e suas diferentes etinias, enquanto lida com a ascensão do neofascismo e com a xenofobia e o racismo.
Gastón e Max são imigrantes que, devido à sua longa permanência, estão bem integrados e adaptados ao bairro onde vivem. Apesar de serem filhos de vítimas, os dois não compartilham com seus vizinho e os demais moradores os sentimentos de racismo e xenofobia que ressurgem na comunidade devido à chegada de uma nova onda de imigrantes. A agitação causada por essa "invasão estrangeira" começa a mobilizar os moradores, que convidam Gastón e Max a participar do movimento, esquecendo que eles também são estrangeiros e que, assim como os recém chegados, já foram vítimas de preconceito em algum momento de suas vidas. Enquanto lidam com a chegada desses imigrantes, eles enfrentam suas próprias experiências além de serem apresentados à possibilidade de vida extraterreste entre eles.

Esse é o primeiro livro do autor que fiquei curiosa pra ler e já adianto que não me lembro de já ter lido um livro como esse. A leitura é rápida pelo livro ser curtinho, a narrativa é habilidosa, e tão estranha quanto interessante, pois é uma mistura de temas delicados e relevantes contados com muita detreza pelo autor, que quebra a quarta parede e faz descrições curiosas sobre os lugares mencionados. Villalobos nunca dá nome aos locais, ele sempre usa algumas referências e dá coordenadas que fazem com que o leitor apenas suponha onde fica, e isso torna a leitura bem divertida, instigando até mesmo algumas pesquisas.

A Invasão do Povo do Espírito é um livro politicamente engajado, curioso e atemporal, que explora a amizade e os laços humanos com o diferente e o desconhecido, que aborda temas importantes para a sociedade e desafia tudo aquilo que fundamenta o fascismo. Pra quem curte leituras mais "clássicas" que promovem reflexões sobre amizade, preconceito, corrupção, gentrificação, territorialidade e imigração, é leitura mais do que indicada.

Para o Lobo - Hannah Whitten

13 de outubro de 2023

Título:
 Para o Lobo - Wilderwood #1
Autora: Hannah Whitten
Editora: Suma
Gênero: Dark Fantasy
Ano: 2022
Páginas: 392
Nota:★★★☆☆
Sinopse: O reino de Valleyda não via o nascimento de uma Segunda Filha há cem anos – até a Rainha dar à luz Redarys, ou Red, irmã mais nova de Neverah. Seu propósito de vida é um só: o sacrifício.
Ao completar vinte anos, Red se entregará ao temido Lobo em Wilderwood – a floresta que faz fronteira com seu lar –, para cumprir o pacto selado há quatro séculos e garantir a segurança não só de Valleyda, mas também de todos os demais reinos.
Carregando o fardo de um poder que não consegue controlar, Red sempre soube de seu destino e está quase aliviada por cumpri-lo: na floresta, ela não pode machucar aqueles que ama.
No entanto, apesar do que dizem as lendas, o Lobo é apenas um homem, não um monstro. E os poderes de Red são um chamado, não uma maldição. Enquanto descobre a verdade por trás dos mitos, a Segunda Filha precisará aprender a controlar sua magia antes que as sombras tomem conta de seu mundo.

Resenha: Para o Lobo é o primeiro volume da duologia Wilderwood, uma Dark Fantasy escrita pela autora Hannah Whitten publicada no Brasil pela Suma.

Valleyda é um reino próximo a Wilderwood, uma floresta que, de acordo com as lendas, protege os reinos de criaturas malignas que vivem na Terra das Sombras. Há algumas centenas de anos, cinco reis adentraram a floresta para impedir que essas criaturas atacassem o reino mas nunca mais foram vistos. Desde então, segundo as lendas, um Lobo protege a floresta e caça essas criaturas mas, em troca, ele pede o sacrifício da Segunda Filha da governante de Valleyda.

Depois de algumas segundas filhas já terem sido enviadas à floresta como oferenda ao Lobo numa tentativa (em vão) dos reis aprisionados serem libertados, alguns séculos se passaram e a rainha atual teve duas filhas gêmeas. Neverah, que por ter nascido primeiro herdaria o trono, e Red, que como segunda filha seria oferecida para o Lobo quando chegasse a hora. Desde criança Red aceitou seu destino de sacrifício enquanto Neve tentava convencê-la do contrário. Agora que elas completaram vinte anos, às vésperas do ritual, Nevenão quer perder a irmã e tenta fazer com que Red fuja para não precisar enfrentar esse destino trágico mas Red, atormentada por um poder desconhecido e determinada a nunca mais machucar as pessoas ao seu redor, não dá ouvidos e permanece determinada a cumprir seu objetivo. Mas, ao entrar em Wilderwood, Red vai descobrir a verdade sobre o Lobo, que na verdade é apenas um homem, e também vai se deparar com um mistério um tanto sombrio que paira sobre a floresta.
"A Primeira Filha é para o Trono.
A Segunda Filha é para o Lobo.
E os Lobos são para Wilderwood."
- Pág. 8
Narrado em terceira pessoa com foco principal em Red, a autora mescla vários contos de fadas na intenção de construir uma fantasia sombria com toque de drama, romance, conspirações e magia regada a muito sangue. Também há alguns interlúdios com foco em Neve para que o leitor saiba o que anda acontecendo do lado de lá enquanto Red está na floresta, e isso dá um contraste bem interessante à história e seu desenvolvimento. 
O início da história já apresenta uma quantidade enorme de lendas e acontecimentos sem que haja uma introdução, como se o leitor já soubesse do que se trata quando na verdade não sabe nada e só fica perdido até que as informações venham picadas e de forma até misteriosa.
Talvez a questão do sangue na história possa inclusive ser gatilho pra algumas pessoas, pois há várias cenas onde os personagens se cortam para "ativarem" a magia. Não foi algo que me incomodou, mas acho que poderia haver um jeito menos sangrento e menos pesado na dependência do drama, e fiquei com aquela impressão de sangue e automutilação tão explorados quanto gratuitos. O problema é que, mesmo que a autora tenha sido realmente criativa ao misturar releituras, a história dá muitas voltas e tráz muitos detalhes desnecessários que deixam a escrita arrastada e pesada, e as coisas parecem não sair do lugar já que as informações e as explicações não são muito claras e vêm em migalhas, logo o leitor vai passando páginas e mais páginas mas não sabe muito bem o que está, de fato, acontecendo. E isso acabou me desgastando e prolongando a leitura além do que eu gostaria por pura falta de interesse de continuar lendo, por mais que a história seja diferente, tenha muitas referências e chamado minha atenção pelo que se propôs. Qualquer distração mínima já é o suficiente pra ter que voltar algumas páginas pra reler e não perder nada e isso acaba se tornando um tanto cansativo.

Antes de Red ir para Wilderwood ela era bastante obstinada, mas na companhia do Lobo, ou Eammon, ela se torna meio boba. Embora Red descubra que ele não tem nada a ver com os tais reis antigos e que ele é um reles descendente do antio "Lobo", Eammon ainda não faz muita questão de explicar as coisas para que tanto ela quanto o próprio leitor saibam o que está acontecendo. E Red, que não pode voltar pra casa, fica zanzando pelo castelo sem ter o que fazer, dando uma ajuda aqui e alí quando necessário e completamente limitada em suas ações. Como consequência disso, essa estadia praticamente se resume as descrições do que Red vê, que no caso são as feições do Eammon, as manias de Eammon, os olhos de Eammon, as mãos de Eammon, o cabelão desgrenhado de Eammon, o cheiro de "biblioteca" de Eammon, e por aí vai... Em alguns momentos ela entra na floresta, corre alguns perigos e realmente é bastante tenso - e sanguinolento - mas pouco depois lá está ela de novo fazendo o que lhe restou fazer: contemplar as coisas... E convenhamos, essas descrições cansam. Fora a ideia que a autora quis passar de que Eammon estava alí disposto a proteger Red, custe o que custar, como se ela fosse a pessoa mais ingênua e incapaz da face da Terra, quando ela sempre foi independente e corajosa a ponto de se dispor ao sacrifício por ter acreditado que faria um bem maior ao povo de Valleyda. Ela não precisa de ninguém pra salvá-la, só precisava de alguém que lhe contasse a verdade depois de sair de um lugar cheio de bitolados que acreditam num monte de bobagens e saem por aí falando mais bobagens ainda.

A relação entre as irmãs é muito explorada, evidenciando o quanto são ligadas e como o amor delas é forte, e não nego que essa parte familiar é super interessante e inclusive motivo de algumas reviravoltas e problemas. Não curti muito os demais personagens além das irmãs pois todos parecem genéricos, estereotipados e alguns até descartáveis.
O conceito de Wilderwood é super interessante e a floresta em si funciona como um personagem  interagindo e apresentando riscos a quem se aproxima, mas a carência de maiores explicaçoes acaba criando mais perguntas do que respostas na história, o que é um tanto frustrante. Não sei se eu deixei escapar tais informações, não sei se autora deixou isso pro próximo volume, ou se ela simplesmente queria inserir uma floresta mágica e sombria na trama pra dar esse toque dark e não soube como desenvolver bem e explicar esse sistema mágico/amaldiçoado em torno dessa floresta. Não sei por que o Lobo tem esse vínculo com Wilderwood, não entendi o lance com os cinco reis e porque cargas d'água o povo de Valleyda espera que eles voltem inteiros depois de séculos como se nada tivesse acontecido, enfim... não há explicação e fiquei boiando sem saber pra onde isso tudo estava indo. Ao chegar próximo do desfecho a autora ainda estava inserindo elementos mágicos desconhecidos na história, e pra mim isso me soou um tanto conveniente pra resolver alguns problemas que surgiram sem maiores explicações.

Para o Lobo, além de uma fantasia sombria, é um romance envolto por conflitos políticos e fanatismo com referências clássicas de contos de fadas, principalmente A Bela e a Fera. A história não é ruim, só acho que a autora foi por um caminho onde preferiu fazer mais mistério do que ser direta causando um pouco de confusão (o que torna a leitura mais demorada e arrastada do que devia ser), e talvez não seja pra pessoas que tenham problemas com as questões dos cortes e do sangue.

Wishlist #31 - Board Games - Hegemony

11 de outubro de 2023

Hegemony é um jogo assimétrico que tem a ver com política e que aborda a temática das classes sociais num Estado fictício (mas que poderia muito bem representar a realidade). Na primeira vez que vi o anúncio nem me liguei do que se tratava mas depois que dei uma pesquisada mais aprofundada, achei super interessante. O jogo parece ser complexo devido às mecânicas, manual enorme e é um euro pesado, mas ainda assim fiquei super curiosa e já entrou pra lista.

Hegemony: Conduza sua clase à vitória
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Vangelis Bagiartakis e Varnavas Timotheou
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 2-4
Descrição: Hegemony é um jogo de tabuleiro político-econômico assimétrico para 2-4 jogadores que o coloca no papel de um dos grupos socioeconômicos em um estado fictício: a classe trabalhadora, a classe média, a classe capitalista e o estado em si.
Embora os jogadores tenham seus próprios objetivos separados, todos eles são limitados por uma série de políticas que afetam a maioria de suas ações, como Tributação, Mercado de Trabalho, Comércio Exterior, etc. Votar nessas políticas e usar sua influência para alterá-las também é muito importante.
Por meio de um planejamento cuidadoso, ações estratégicas e manobras políticas, você fará o melhor para aumentar o poder de sua classe e cumprir sua agenda. Você será o único a liderar sua classe à vitória?
Existem muitas maneiras de alcançar a hegemonia - qual você escolherá?


Créditos da imagem: Unfiltered Gamer
Expansão

Incidentes Históricos
Mergulhe profundamente na história do mundo em Hegemony! Esteja na vanguarda da Revolução Francesa, Americana ou Russa, experimente os efeitos político-econômicos da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, navegue em sua nação através da Crise Financeira Global e muito mais com o Modo de Eventos Históricos!
O baralho de Eventos Históricos consiste em 50 novas cartas exclusivas que darão sabor histórico aos seus jogos!

A Rainha Traidora - Danielle L. Jensen

9 de outubro de 2023

Título:
A Rainha Traidora - 
A Ponte Entre Reinos #2
Autora: Danielle L. Jensen
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Fantasia/New Adult
Ano: 2023
Páginas: 392
Nota:★★★★☆
Sinopse: Lara é uma rainha traidora. Ao compartilhar informações secretas sobre a defesa de Ithicana, a jovem não só quebrou a confiança de seu povo como possibilitou que a ponte fosse dominada pelo rei de Maridrina, seu pai. Em exílio, Lara se sente impotente diante de tanta morte e destruição, mas quando descobre que seu marido, Aren, foi capturado em batalha, ela decide fazer de tudo para se redimir -- e salvar o homem por quem se apaixonou perdidamente.
Arriscando a vida em mares revoltos, Lara volta para Ithicana com planos não só para libertar Aren, mas todo o Reino da Ponte. Para isso, ela pretende usar as armas mais letais que seu pai já criou: suas irmãs. Contudo, o palácio de Maridrina é praticamente impossível de invadir, e há peças demais nesse jogo em que inimigos e aliados trocam de lugar a todo momento. Para piorar, talvez seu maior adversário seja justamente o homem que ela está tentando libertar.

Resenha: A Rainha Traidora é o segundo volume de uma duologia (que pertence a série The Bridge Kingdom - que já conta com uma segunda duologia em andamento que conta a história de outros personagens, e um conto extra sobre Lara e Aren chamado The Calm Before the Storm) iniciada em A Ponte Entre Reinos, da autora Danielle L. Jensen, que conta a história de Lara Veliant, uma das filhas do rei de Maridrina, que passou a vida sendo treinada como uma assassina para se infiltrar em Ithicana, o reino inimigo, e matar o rei devido aos conflitos políticos relacionados ao controle de uma enorme ponte que existem entre os reinos. Lara se torna rainha de Ithicana quando se casa com o rei Aren mas, apesar de não conseguir matá-lo por perceber que ele não é nada daquilo que foi levada a acreditar a vida toda e ter se apaixonado por ele, ela segue as ordens de Silas, seu pai, e compartilha informações secretas sobre a defesa do reino. Silas, então, consegue dominar a ponte e Lara não só quebra a confiança do povo de Ithicana, como passa a ser conhecida como a rainha traidora. Lara é exilada e começa a se sentir impotente e culpada por ter iniciado essa guerra onde várias pessoas estão sofrendo e morrendo. E no meio do caos, Lara descobre que Aren foi capturado em batalha.
Agora, como forma de se redimir, Lara vai arriscar a vida para voltar para Ithicana numa tentativa desesperada de libertar seu marido e o próprio Reino da Ponte num jogo político onde ela nunca sabe realmente quem é seu inimigo ou seu aliado.

Mantendo o mesmo padrão do livro anterior, a história é narrada em terceira pessoa com capítulos que se alternam entre os pontos de vista de Lara e Aren, e dá pra perceber uma diferença bem considerável na qualidade da escrita quando comparada ao primeiro volume. A narrativa parece estar bem mais fluída e completa, mantendo um ritmo frenético envolvendo batalhas ferozes, tramas políticas, surpresas e muitas emoções.

Lara e Aren estão melhores desenvolvidos e mais maduros, numa posição onde precisam tomar decisões importantes que vão mudar não só os seus destinos, mas de todo um reino. Vamos acompanhando Lara mostrando suas habilidades letais seja em batalhas ou em brigas corpo a corpo, e em fugas e perseguições tão alucinantes quanto exaustivas em meio ao deserto (com direito a um camelo e tudo). Enquanto luta e tenta sobreviver, fica bem evidente que devido aos erros que cometeu anteriormente, a jornada de Lara está ligada com a ideia dela encontrar uma maneira de se redimir enquanto se culpa e se odeia pelo que fez. Por outro lado, Aren está alí determinado e lutando com todas as suas forças para defender seu reino, mas também fica o tempo inteiro tentando odiar Lara e falhando miseravelmente.

Os personagens secundários, embora tenham sua importância na trama, não são muito aprofundados e deixam aquela impressão de potencial perdido, principalmente com relação às irmãs de Lara.
Gostei da inserção dos personagens Keris e Zarrah. Aqui eles já demonstram terem camadas interessantes, funções importantes, e acho que os livros 3 e 4 da série, que são protagonizados por eles, prometem bastante.

A construção de mundo é cheia de detalhes e é possível nos imaginarmos naqueles cenários de deserto escaldante ou dos mares revoltos. A complexidade do Reino da Ponte, assim como todas as questões políticas que estão envolvidas, é super interessante e torna a leitura bastante imersiva. Por causa das longas viagens que os personagens fazem, eles não se prendem num único lugar, e isso acaba expandindo ainda mais esse universo mostrando detalhes que vão além dos apresentados no primeiro livro. Senti falta da parte do alívio cômico que estava presente no livro anterior, aqui a história está focada na ação e nos conflitos emocionais de Lara e Aren então acaba sendo mais "pesada" e até mais sangrenta. A autora investiu bastante nos detalhes, mas em alguns pontos senti que fiquei perdida com os saltos temporais e não sabia se o tempo decorrido entre uma cena e outra tinham sido dias, semanas ou até meses. Na questão dos detalhes, há uma cena bastante "caliente" que mostra o quanto o casal, apesar de suas diferenças, tem química, mas pra mim foi totalmente dispensável e desnecessária visto que tinha uma guerra acontecendo lá fora.

Enfim, eu gostei do desfecho, achei que as coisas ficaram bem resolvidas e bem amarradas levando todo o contexto em consideração, e apesar dos pequenos infartos que tive a cada tragédia que acontecia, achei que A Rainha Traidora fechou bem o arcos dos personagens e a trama principal. Fiquei curiosa pra ler o conto dos dois e espero que a Seguinte publique nem que seja em formato digital só pra termos um gostinho do que aconteceu depois do final.

Novidades de Outubro - Suma

8 de outubro de 2023

Nós fazemos o Mundo - N. K. Jemisin (05/10/2023)
Na cidade que nunca dorme, as aparências enganam: à primeira vista, é até possível acreditar que tudo vai bem, mas essa não é a verdade.
Já faz três meses que Nova York ganhou vida, e os avatares conseguiram impedir que a Mulher de Branco destruísse seu território. Só que, agora, o inimigo tem poderes mais sutis à disposição: a retórica populista da gentrificação, da xenofobia e das medidas para "manter a lei e a ordem" pode destruir a cidade de dentro para fora. Para impedi-la, os avatares terão de se unir a outras Grandes Cidades para salvar o mundo da destruição iminente.
Em Nós somos a cidade, N. K. Jemisin apresentou uma narrativa original e dinâmica, mostrando como seus personagens se relacionam com as regiões que representam e interagem com os demais. Em Nós fazemos o mundo, volume que encerra a saga, as histórias de cada avatar são desenvolvidas e articuladas com maestria para que, juntos, eles possam lutar por um bem maior.

O Labirinto da Morte (18/10/2023)
Como parte de um projeto de colonização, catorze desconhecidos chegam ao planeta Delmak-O em uma viagem só de ida.
Vasto e amplamente inexplorado, Delmak-O é um território perigoso, ocupado por seres gelatinosos em formato de cubo que dão conselhos enigmáticos por meio de anagramas. É possível contatar divindades por uma série de amplificadores e transmissores de oração -- mas é provável que elas não fiquem felizes com o contato. À distância, os colonos são atraídos por um misterioso edifício, mas, ao se aproximar dele, cada pessoa enxerga na fachada um lema diferente.
Confinados em um planeta cuja própria atmosfera parece induzir a paranoia, os recém-chegados descobrirão que, em Delmak-O, Deus é um ser que está ausente ou disposto a destruir suas próprias criações.



Novidades de Outubro - Seguinte

7 de outubro de 2023

Desenhos de Guerra e de Amor - Flavio de Souza (10/10/2023)
No trajeto entre a escola e sua casa, Gabriel reclama sobre muitas coisas em seu diário, a chatice das aulas, a incompreensão da família, os colegas do ônibus... A lista é longa. Quando volta das férias, o garoto se surpreende ao descobrir que a nova passageira do ônibus, Isabel, também tem um caderno secreto. Ela, no entanto, é sensível e cheia de sonhos. Entre os mistérios e reviravoltas que permeiam a narrativa, os dois acabam desenvolvendo uma amizade improvável.
Desenhos de guerra e de amor alterna passagens dos diários: o dela é lírico e doce; o dele, feroz e amargo. Assim, os mesmos acontecimentos são narrados de maneiras completamente opostas. A grande aventura desse romance é descobrir onde está a verdade -- e se ela existe mesmo.

Heartstopper para Colorir - Alice Oseman (17/10/2023)
Um livro de colorir com as cenas mais memoráveis da série de quadrinhos que conquistou leitores do mundo inteiro.
O universo de Heartstopper é cheio de momentos que nos emocionam e deixam com o coração quentinho, e não à toa tem conquistado leitores do mundo inteiro. Agora, os fãs da série criada por Alice Oseman vão encontrar Nick, Charlie e toda a turma em quarenta ilustrações de cenas icônicas dos livros (além de algumas inéditas!), prontas para ganhar novas cores e estilos -- e nos aproximar ainda mais dos nossos personagens favoritos.

Eu Nasci Pra Isso - Alice Oseman (17/10/2023)
Angel Rahimi está prestes a realizar o sonho de qualquer garota: ir para Londres com a melhor amiga para assistir ao show do Ark, sua boyband favorita. Angel faz parte do fandom da banda há anos, e foi ali -- em meio a fóruns, fanfics e postagens nas redes sociais -- que encontrou amizades verdadeiras e um lugar no mundo.
Jimmy Kaga-Ricci é o vocalista do Ark, e deve tudo o que tem ao grupo. Shows lotados, fãs apaixonados e festas com celebridades são comuns em sua rotina, mas o sucesso cobra um preço caro, e ele sofre cada vez mais com crises de ansiedade e paranoia.
Os caminhos de Jimmy e Angel se cruzam justo quando ele começa a questionar se a fama é algo que realmente deseja, e ela a se perguntar se o amor que sente pelo Ark só é tão grande porque a ajuda a fugir de seus problemas. Entre conversas sobre música e surpresas inesperadas, esta é uma história sobre o poder de acreditar em alguma coisa -- especialmente em si mesmo.

Novidades de Outubro - Paralela

6 de outubro de 2023

Uma Rua no Brooklyn - Jenny Jackson (03/10/2023)
Morar na Pineapple Street, no Brooklyn, é um sonho para muitos residentes de Nova York, mas uma realidade apenas para poucos -- como é o caso da glamorosa e bem relacionada família Stockton.
Darley, a filha mais velha, nunca precisou se preocupar com dinheiro. Ela seguiu seu coração, trocando o emprego e a herança pela maternidade -- mas acabou sacrificando mais de si mesma do que pretendia. Cord, o único filho homem, acaba de se casar com Sasha, que encontra entre os Stockton uma realidade totalmente diferente daquela vivida por sua família de classe média. Ela se sente excluída em meio a tantas tradições impenetráveis e é vista como interesseira. Georgiana, a mais nova dos Stockton, se apaixona por quem não poderia (e nem deveria) e é forçada a se perguntar que tipo de pessoa quer ser.
Espirituoso, divertido e cheio de personagens cativantes -- embora falhos --, Uma rua no Brooklyn é um romance escapista sobre dinâmicas familiares complexas, o cotidiano fascinante dos super-ricos e a insanidade do primeiro amor, e faz uma das perguntas mais antigas do mundo: será que dinheiro traz mesmo felicidade?

Evidências de uma Traição - Taylor Jenkins Reid (17/10/2023)
Querido estranho...
Uma jovem desesperada no sul da Califórnia se senta para escrever uma carta para um homem que ela nunca conheceu -- uma escolha que mudará sua vida para sempre.
Meu coração está com você, David. Apesar de não nos conhecermos.
Pouco a pouco, a correspondência entre Carrie Allsop e David Mayer revela os detalhes de um caso devastador entre seus cônjuges. Ao longo das cartas, eles confessam seus medos e compartilham sentimentos escondidos no fundo de suas almas, tentando decidir como seguir em frente.
Contada inteiramente por meio de cartas, Evidências de uma traição é uma história de decepções, mágoas e segredos, mas também de perdão e recomeços, e de como, no caso de algumas pessoas, a dor pode libertar.

Parem os Relógios - Kristan Higgins (17/10/2023)
Joshua e Lauren são um casal perfeito. Jovens, recém-casados e loucamente apaixonados, eles acreditam que não poderiam ser mais felizes. Mas então Lauren é diagnosticada com fibrose pulmonar idiopática, uma doença incurável e terminal.
Conforme o quadro dela progride, Joshua tenta aproveitar ao máximo o tempo que lhes resta e aceitar seu futuro. Com um trabalho solitário, poucos amigos, quase nenhum familiar e uma boa dose de ansiedade social, ele não tem ideia de como encarar essa nova e indesejada fase de sua vida. Mas Lauren bolou um plano para ajudá-lo a seguir em frente e atravessar o luto, a raiva e a negação no primeiro ano sem ela: doze cartas que vão guiá-lo em uma intensa e comovente jornada para reencontrar a alegria de viver.
Nessa trajetória, Joshua vai passar por situações banais, como ir ao mercado pela primeira vez desde o velório; e não tão banais assim, como fazer um novo melhor amigo enquanto tem um colapso no provador de uma loja. Conforme sua dor cede espaço para as risadas e as novas relações, Joshua aprende a mais valiosa lição de Lauren: o caminho para a felicidade não é uma linha reta.

Review - Everdell

5 de outubro de 2023

Título: Everdell
Editora/Fabricante: Starling/Galápagos
Criador: James A. Wilson
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-4
Nota:★★★★★
Descrição: Um vale encantador, assim como nos contos de fadas, está escondido sob os ramos de árvores imponentes e entre riachos serpenteantes, uma vez nele seu coração se encherá de uma vontade perene de nunca mais ir embora.
Em Everdell, você lidera animaizinhos carismáticos na construção de vilas. Para construí-las é necessário alocar seus trabalhadores para obter recursos, com eles você pode baixar cartas de sua mão e utilizar as habilidades da criatura ou construção. A vila mais encantadora e próspera será a vencedora!

Everdell é um eurogame leve com a proposta de levar os jogadores a uma jornada encantadora onde irão se dedicar a missão de erguer construções imponentes, reunir animais simpáticos e formar uma vila em meio a uma floresta mágica e abundante. O jogador vai alocar uma quantidade limitada de trabalhadores em determinados espaços do tabuleiro a fim de coletar recursos especiais com objetivo de construir uma vila próspera ao longo de 4 rodadas, ou 4 estações. O jogo começa no inverno, passa pela primavera, depois pelo verão e termina no outono onde os pontos dos jogadores serão somados, e vence quem fizer mais pontos.



Em cada turno o jogador realiza uma ação dentre as três disponíveis que são: alocar um trabalhador para conseguir o recurso ou benefício daquele local; jogar uma carta pagando seus custos para formar a vila e, quando não há mais ações possíveis ou trabalhadores para serem alocados, preparar-se para a estação. Quando o jogador se prepara para a estação, ele recolhe todos os seus trabalhadores alocados no tabuleiro além dos que estão na estação seguinte indicada na Árvore Perene, o que faz com que ele ganhe um novo trabalhador na próxima rodada. No outono o jogador coleta 2 novos trabalhadores.

Os jogadores não precisam estar na mesma estação enquanto jogam, o que pode fazer com que alguns terminem o jogo primeiro e tenham que ficar esperando os outros. Como o objetivo do jogo é formar a vila que some a maior quantidade de pontos, o jogador vai ficar focado na construção da própria vila e as rodadas vão se desenrolando de forma isolada, pois a interação entre jogadores é praticamente zero. Os trabalhadores do jogador adversário que estão alocados podem bloquear o espaço impedindo que o jogador consiga o benefício que estaria disponível alí, de forma que o outro precise recorrer a outras formas de conseguir os recursos necessários para continuar baixando suas cartas e formando sua vila, ou que acabe tendo que desistir de alguma construção.



A vila comporta até 15 cartas, que correspondem às construções e às criaturas, e cada uma delas tem seu custo que dão algum benefício ou valem uma quantidade de pontos ao final da partida. Algumas cartas inclusive podem valer mais se estiverem combinadas com outras, logo, baixar cartas aleatórias sem considerar que elas funcionam melhor em conjunto com outras cartas, pode acabar fazendo com que o jogador deixe de ganhar pontos. As construções ainda tem cores e símbolos indicando seu tipo (bronze/viajante, verde/produção, vermelha/destino, azul/regulamentação e roxa/prosperidade), que além de darem benefícios ao jogador, ainda servem para a pontuação através de eventos, onde é necessário uma quantidade mínima de cartas de um determinado tipo. Um ponto legal é que os benefícios das cartas vão desde a dar descontos na construção de outras, ativar cartas já baixadas rendendo mais recursos, e até baixar criaturas gratuitamente que também dão alguma vantagem.
Talvez a maior dificuldade na formação da vila, o que pode ser motivo de frustração para alguns, é a enorme dependência de sorte pra sair a carta que precisamos para formar os combos que valem mais pontos. Às vezes também é preciso sacrificar algumas cartas para fazer combos melhores ou conseguir algum recurso necessário pra continuar desenvolvendo a vila, então se apegar muito a construções ou criaturas pode deixar o jogador em desvantagem diante daquele que vai desembolando seu jogo sem dó.



Embora a quantidade de cartas seja bem considerável (construções e criaturas somam 128 cartas), elas são repetidas, seja para que os outros jogadores também tenham a oportunidade de incluí-las nas suas vilas, ou para que haja outras chances de se conseguir aquela carta caso outra pessoa a pegue primeiro ou descarte mas, ainda assim, é possível que uma carta desejada não apareça no momento certo fazendo com que o jogador precise rever a própria estratégia constantemente. Cada partida é um desafio, e quanto mais se joga, mais ficamos familiarizados com as cartas e suas funções, e isso acaba tornando o jogo mais fluído e com possibilidade de ser cada vez mais estratégico caso os jogadores assim queiram (é possível contar as cartas pra se ter ideia do que já saiu e o que está por vir).
Em questão de rejogabilidade, além da vila ser sempre diferente a cada partida (o que sempre vai pedir uma estratégia diferente), o jogo oferece um pouquinho de mudanças através das cartas de evento especial e locais de floresta, que variam a cada partida dando opções novas de pontuação e recursos que podem ser coletados.



Falar de Everdell e não mencionar toda belezura que ele tem é quase um crime. Os componentes são lindíssimos e cada um é feito de um material diferente com uma textura diferente, as cartas são de ótima qualidade, o tabuleiro tem um formato diferenciado pra poder encaixar os tabuleiros das expansões (formando um tabuleiro gigantesco e que requer kilometros de mesa pra caber tudo), as ilustrações são a coisa mais linda dessa vida, e a Árvore Perene, apesar de não ser obrigatória, dá todo aquele ar instagramável na aparência do jogo que chama atenção de qualquer um. No jogo base, os bichinhos/meeples de madeira que representam os trabalhadores de cada jogador são camundongos (brancos), esquilos (laranjas), tartarugas (verdes) e ouriços (marrons). Talvez a única coisa que eu tenha sentido falta pra deixar o jogo ainda mais rico nessa questão da beleza dos componentes, seria moedas de metal.
A indicação de idade é +14, mas jogo com meu filho que tem 9 anos e ele não vê nenhuma dificuldade, inclusive já ganhou de mim várias vezes.



Enfim, Everdell é um jogo com investimento um tanto salgado (ainda mais se for considerar as expansões) mas que, pra mim, valeu cada centavo, tanto pela qualidade e beleza dos componentes, quanto pelos bons momentos de diversão que ele proporciona. Não vou negar que a questão da sorte e da limitação com relação a interação entre os jogadores pode ser um ponto negativo pra quem gosta de bolar estratégias a longo prazo e de disputas mais diretas, e mesmo que o início do jogo seja um pouco travado devido a pouca quantidade de trabalhadores disponíveis (o que se ajusta e passa a fluir melhor com o passar das estações) acompanhar a vila crescer é super satisfatório e vale o esforço. Pra quem gosta de jogos de alocação de trabalhadores e engine building com essa temática super fofa de bichinhos e contos de fadas, com certeza vai curtir.
Um dos jogos mais lindos que há e que, com certeza, é um dos queridinhos da minha coleção.

Na Telinha - Elementos

3 de outubro de 2023

Título: Elementos (Elemental)
Distribuidora: Disney/Pixar
Elenco: Leah Lewis, Mamoudou Athie, Ronnie Del Carmen, Wendi McLendon-Covey, Mason Wertheimer
Gênero: Aventura, Fantasia, Animação
Ano: 2023
Duração: 1hr42min
Classificação: Livre
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em uma cidade onde os habitantes de fogo, água, terra e ar convivem, uma jovem mulher flamejante e um rapaz que vive seguindo o fluxo descobrem algo surpreendente, porém elementar: o quanto eles têm em comum.
Cidade Elemento é uma cidade onde os elementos Terra, Água e Ar sempre conviveram em harmonia desde que foram chegando para povoar o lugar. A cidade é cheia de vida, cheia de cores, com bastante água e todo mundo vive feliz, alegre e contente. Mas, quando um casal de imigrantes da Terra do Fogo, Brasa Luz e Fagulha (Bernie Lumen e Cinder no original), chegam na cidade em busca de uma vida melhor, eles não se sentem muito bem recepcionados e acolhidos pois o Fogo não é muito bem visto pelos outros seres já que podem queimar tudo. A cidade sequer havia sido projetada pensando nas necessidades ou na segurança deles, e ninguém liga se ter água pra todo lado poderia simplesmente apagar o Fogo e acabar com a existência deles. Brasa e Fagulha acabam indo morar mais afastados num bairro abandonado e caindo aos pedaços depois de terem sido rejeitados em todos os imóveis que visitaram. E, a medida que mais imigrantes de Fogo vão chegando na cidade, eles vão se reunindo no único local onde poderiam ser bem recebidos e terem segurança, formando assim a Vila do Fogo. Com o passar dos anos, a cidade foi crescendo, mas não se misturar com o Fogo acabou se tornando algo normal pra todo mundo e vida que segue.



Faísca (ou Ember no original) é a filha do casal Luz, que nasce tão logo eles chegam a cidade e se instalam na casa arruinada que conseguiram, e ela cresceu ouvindo do pai que ela herdaria a loja de conveniências que ele abriu pra poderem sobreviver alí. Agora que já está na faixa dos vinte e poucos anos, Faísca continua ajudando o pai na loja e vive questionando quando ela vai ser a dona do negócio da família. O problema é que, apesar de ela ser sempre muito eficiente no que diz respeito às demandas da loja e ter uma habilidade incrível para manipular o vidro, ela não sabe lidar com clientes sem razão, e fica descontrolada a ponto de, literalmente, explodir. Esse comportamento faz com que seu pai, por mais que já esteja mais velho e debilitado, fique adiando a própria aposentadoria por acreditar que ela ainda não está pronta pra tomar conta da loja e que precisa de mais tempo pra aprender a controlar seu temperamento.

Mas tudo começa quando Brasa deixa a filha no controle da loja numa espécie de teste. A loja, em dia de ofertas, cheia de clientes empolgados e malucos, deixa a coitada desorientada, e num dos seus momentos de surto ela corre pro porão da loja pra "explodir" longe do pessoal. A explosão acaba danificando o encanamento e o porão começa a se alagar. E como se o transtorno já não fosse grande o suficiente, Gota (Wade), um ser de Água, foi sugado pelos canos enquanto trabalhava em outro local e acabou indo parar alí sem querer. O que Faísca não esperava era Gota ser um fiscal municipal que estava fazendo uma inspeção no momento do acidente e, aproveitando que estava alí, acabou notificando a loja por várias irregularidades. Agora, sob risco de ter a loja fechada, Faísca precisa dar um jeito no problema não só pra manter a loja aberta, mas para provar que ela tem capacidade de gerenciar a loja que está prestes a herdar sem decepcionar o pai. E diante de um prazo super curto de uma semana, ela e Gota acabam se aproximando numa tentativa de resolverem esse problemão, caso contrário ela estaria acabando com o sonho da vida de seu pai. Apesar da aproximação, eles precisam ter muito cuidado pois não podem se tocar: Faísca poderia fazer Gota evaporar, ou Gota poderia simplesmente extinguir Faísca. Eles só não imaginaram que com essa convivência, mesmo sem poder se tocar e sendo o total oposto um do outro, eles combinariam tanto e que o amor seria capaz de superar todas as diferenças entre eles.



O diretor Peter Sohn, apesar de não ter tido intenção de fazer uma autobiografia, usou a própria experiência de vida quando teve a ideia da animação. Ele ainda era criança quando saiu da Coreia com a família rumo a Nova York, nos EUA, em busca do "sonho americano", logo ele se inspirou nessas experiências para contar uma história envolvente que, embora aborde a xenofobia e o racismo de forma nada velada, fala principalmente sobre um amor improvável entre dois seres completamente diferentes, seja com relação a cultura, aos costumes, a "raça", a influência da família e aos privilégios (ou a falta deles) em meio a sociedade formada majoritariamente por Água.

Enquanto o povo de Água já é estabelecido e ocupa as mais altas classes sociais dessa sociedade (como se fossem os brancos, talvez?), o povo do Fogo acaba representando os imigrantes que chegam num país novo em busca de melhores oportunidades de vida, dando um contraste bem visível e apelativo entre oriente médio e ocidente, e que acabam sendo tratados com preconceito a ponto de viverem segregados, principalmente por representarem algum tipo de "risco". Segundo o diretor, a cidade de Elemento foi inspirada na Ilha Ellis, na Nova York dos anos 60 e 70, numa época em que a imigração era algo bastante comum e foi responsável pela diversidade que existe lá até hoje sendo a maioria dos habitantes descendentes de imigrantes, mas não há menções de que país ou região exata serviu de base para a construção do povo de Fogo. Penso que talvez seja uma mistura de vários locais e tradições diferentes, mas que sofrem do mesmo preconceito. A paleta de cores quentes puxada pro vermelho, laranja e amarelo; as comidas típicas bem quentes e apimentadas; as crenças; as roupas; a trilha e efeitos sonoros com uma vibe meio árabe; e até barreira linguística passam a impressão de que possam, talvez, serem de origem muçulmana.



Uma das coisas que percebi e achei bem legal é a associação da personalidade dos personagens com os elementos no aspecto espiritual da coisa, onde o fogo representa a iniciativa, a impulsividade, a energia, o temperamento esquentado, a criatividade e o poder de ação, enquanto a água é totalmente ligada às emoções, aos sentimentos e ao fato do "deixar fluir". Podemos ver isso de uma forma bem evidente em Faísca, que é cheia de atitude e faz as coisas primeiro pra pensar depois, e Gota, que vive emocionado, fica aos prantos por qualquer motivo e em qualquer oportunidade, mas consegue inspirar, cativar e dar rumo a qualquer coisa. Até a mãe da Faísca é bastante ligada a esse universo espiritual/místico sendo capaz de ler a fumaça do destino dos casais e ainda sentir o cheiro do amor.

Faísca é uma personagem bem construída, que tem suas qualidades e defeitos assim como qualquer outra pessoa. Ela entende a situação e as dificuldades do seu povo, e é bastante grata por todos os sacrifícios que seus pais fizeram para serem bem sucedidos com a loja até chegar onde chegaram, logo ela acredita que precisa continuar esse legado em respeito e em gratidão a todo esse trabalho duro. Em contrapartida, Gota, por já viver e estar acostumado com os privilégios do povo da Água por vir de uma família mais rica, não faz a menor ideia do que é fazer parte de uma minoria oprimida oiu como a vida pra eles é muito mais difícil e sofrida. Gota simplesmente não sabe o que é viver num mundo que não foi feito pra ele.

Mas o que importa é que mesmo que eles sejam diferentes e pertençam a mundos diferentes, quando eles estão juntos, um consegue completar o que falta no outro, e pra mim o ponto alto da animação foi exatamente esse. Esse romance vai se construindo aos poucos a medida que Faísca passa a ver uma pessoa de Água, povo que ela sempre olhou com desconfiança, com outros olhos. Gota consegue suavizar o temperamento esquentado de Faísca fazendo com que ela fique menos ansiosa e consiga perceber os pequenos prazeres ao seu redor. E do outro lado, Faísca consegue mostrar pra Gota que ele também pode se impor quando necessário em vez de simplesmente aceitar tudo que aparece.



Além do tema principal de Elementos ser o romance entre Faísca e Gota, a animação também aborda a relação entre pais e filhos de uma forma bastante emocionante. Enquanto o povo da Água expressa suas emoções e sentimentos da forma mais gratuita e exagerada possível, chorando escandalosamente sem nenhuma vergonha, o povo de Fogo já é mais reservado, mais fechado, e não expressa as emoções através de palavras justamente por causa da cultura que eles tem, principalmente os homens. Eles demonstram amor nas pequenas atitudes, no cuidado com o outro no dia-a-dia e até na forma mais rígida de criação por acreditarem ser o melhor para seus filhos, e vão passando isso adiante. Apesar de Faísca respeitar os pais e fazer de tudo pra não desapontá-los a ponto de abrir mão das próprias vontades, a animação também aborda a ideia de pais que, seguindo os costumes, não só impõe aos filhos o que eles devem ou não fazer, ou com quem devem ou não se casar, como também projetam seus sonhos neles sem considerar que são indivíduos com personalidade, desejos e sonhos próprios, e que nem sempre eles irão corresponder a essas expectativas. Esse é um ponto que o pai de Faísca acaba tendo que aprender a lidar devido a experiência que ele teve com o próprio pai.

Não posso deixar de falar sobre o visual que é um show a parte. Os personagens, justamente por serem elementos, não tem contornos sólidos e "lisos". Eles são fluídos, estão em movimento constante, conseguem se adaptar e se enfiar em qualquer espaço, já que tomam qualquer forma (com exceção do povo de Terra que geralmente são plantas, cristais e afins mas que, infelizmente, não são muito abordados aqui, assim como o povo do Ar que também são só coadjuvantes) e não consigo imaginar o trabalho mega difícil e minucioso de se animar algo desse tipo, principalmente quando os personagens interagem e se "misturam" num cenário 3D. A composição de cores, iluminação e detalhes também é deslumbrante e a experiência visual como um todo é uma das coisas mais bonitas que a Disney/Pixar já fez.



Elementos é uma animação típica desses romances água com açúcar de sessão da tarde com uma história que todo mundo já viu em algum lugar, tipo amor proibido e enemies to lovers, a diferença é que dessa vez são elementos da natureza no lugar de pessoas, além de toda aquela magia da Disney que todo mundo se encanta, mas algumas incongruências no roteiro me incomodaram um pouco. A ideia de Faísca ficando responsável por solucionar um problema estrutural na cidade só pra forçar essa união entre ela e Gota, problema este que deveria ser de inteira responsabilidade da prefeitura, não me convenceu. Eles poderiam ter se unido devido a outra ameaça qualquer que fizesse um pouco mais de sentido, até mesmo porque o tal problema coloca a Vila do Fogo toda em risco. Quando os sentimentos de Faísca começam a interferir na solução que ela arranja pro problema, mostrando que ela tem suas fraquezas e fragilidades (por mais que aparente ser forte), e que isso se extende para além do seu próprio ser, fiquei com aquela cara de "é sério isso, meudeus?", mas ainda é um ponto positivo da personagem que foi abordado no meio de uma situação nada a ver.
Assisti em inglês, depois vi alguns trechos na versão dublada a título de comparação, e por mais que eu seja uma grande admiradora do trabalho de dublagem brasileiro, não achei que toda a carga emocional dos personagens conseguiu ser passada da mesma forma do que na versão original. Continuo insistindo na ideia de ver o original pois a experiência, pelo menos pra mim, é muito mais divertida e satisfatória.

No mais, apesar de ter alguns defeitos e não entrar na lista de animações favoritas, Elementos é um suspiro no meio dessa infinidade de lançamentos e live-actions desnecessários e sem a menor graça que a Disney/Pixar vem lançando ultimamente. Ele toca em pontos delicados da sociedade ao mesmo tempo que traz uma história de amor entre opostos que se atraem, contada de forma simplesmente adorável.

Resumo do Mês - Setembro

1 de outubro de 2023

Esse mês foi triste. Ando tomando uma penca de remédios e nunca estive tão indisposta na vida. Não sei se são efeitos colaterais ou o que, mas ando muito enjoada, avoada, com aquela sensação de estufamento horrível, sem apetite nenhum e com o pior desânimo que já senti. Como se já não bastasse minha ansiedade e a depressão que voltaram com tudo depois daquele episódio fatídico com a minha página no face, agora mais essa.
Eu até que consegui colocar algumas leituras em dia, apesar da dificuldade pra me concentrar, mas quem disse que a resenha saía quando eu tentava escrever? Meu Deus, que tragédia... Espero que o abençoado do meu médico troque esses remédios que não deram muito certo pra mim porque olha, Britto... Sinceramente. E nem é só pela questão de conseguir tirar o atraso aqui no blog (o que espero fazer agora em outubro), mas pra fazer as coisas no meu dia a dia, mesmo, pois isso tá me atrapalhando em tudo...
Enfim:

Resenha

Wishlist de Board Game