Caixa de Correio #47 - A primeira (e mais magra) do ano

31 de janeiro de 2016

 Hello, pessoas! Pra não perder o costume, último dia do mês = caixinha.
Esse mês é tranquilão, é época de seleções/renovações de parceria então acaba que os blogueiros não recebem muitas cortesias, o que por um lado é ótimo, já que assim a gente tem uma folga. Acho que aquela frase que diz que no Brasil o ano só começa depois do carnaval faz todo sentido e vem a calhar até no meio literáio, convenhamos hihihihi.
E como eu só comprei um único livro, e só porque tava na promoção de 10,00 pilas, não engordei a bendita da caixa. Também não considerei o livro "A Sereia" já que o que recebi foi a prova antecipada, logo, ele só vai entrar na caixa de fevereiro, quando chegar a versão final do bendito.
Bora ver o que recebi?

O Lago das Sanguessugas - Lemony Snicket

28 de janeiro de 2016

Título: O Lago das Sanguessugas - Desventuras em Série #3
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Gênero: Infantojuvenil
Ano: 2001
Páginas: 192
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva
Sinopse: O misterioso autor das Desventuras em Série não só alcançou a lista de best-sellers infanto-juvenis do New York Times, como conseguiu entrar em todas as outras principais referências de vendagem americanas. Com sua estranha franqueza, na contracapa deste livro ele manda um recado a seus possíveis leitores:

"Caro leitor,
Se você ainda não leu nada sobre os órfãos Baudelaire, é preciso que antes mesmo de começar a primeira frase deste livro fique sabendo o seguinte: Violet, Klaus e Sunny são legais e superinteligentes, mas a vida deles, lamento dizer, está repleta de má sorte e infelicidade. Todas as histórias sobre essas três crianças são uma tristeza e uma verdadeira desgraça, e a que você tem nas mãos talvez seja a pior de todas. Se você não tem estômago para engolir uma história que inclui um furacão, uma invenção para sinalizar pedidos de socorro, sanguessugas famintas, caldo frio de pepinos, um horrendo vilão e uma boneca chamada Perfeita Fortuna, é provável que se desespere ao ler este livro. Continuarei a registrar essas histórias trágicas, pois é o que sei fazer. Cabe a você, no entanto, decidir se verdadeiramente será capaz de suportar esta história de horrores.

Respeitosamente,
Lemony Snicket"

Resenha: Como o próprio autor já introduziu na sinopse, os irmãos Baudelaire continuam sua saga de desgraças sucessivas. Dessa vez sua guarda legal foi entregue à tia Josephine, a cunhada de uma prima em segundo grau. Uma víuva infinitamente medrosa, que teme tudo ao seu redor e por isso deixa de viver decentemente pra se proteger. A situação das crianças nem de longe se compara à alegria de estar na casa do tio Monty; aqui elas veem seus desejos sendo constantemente negados, mas o que consola é estarem longe do Conde Olaf.
Quer dizer, não por muito tempo. Logo ele se disfarça de Capitão Sham e se aproxima da família com um disfarce muito ridículo: um tapa-olho e uma perna de pau. Claro que ninguém acredita nos irmãos quando, de cara, reconhecem o vilão e o denunciam, e é aí que a coisa esquenta. Uma história que envolve mentiras, bilhetes em códigos, furacão, desabamento de casa, sanguessugas e muito mais.

A história segue o padrão das duas primeiras e pode até parecer um pouco repetitiva, mas Snicket conseguiu me prender nas páginas do livro. Não sei mais o que ele vai aprontar nos próximos nove livros, mas em se tratando de uma série tão aclamada é claro que quero ler e descobrir se no final do 12º eles se dão bem.

O sr. Poe, responsável pela herança dos órfãos, continua um pamonha. Ô agonia desse homem, gente! Não sei se fiquei com mais vontade de socar esse palerma ou a tia, chata que só ela. Além de medrosa, ela é irritantemente fascinada com gramática, corrigindo as falas erradas de todo mundo, inclusive nos momentos mais inconvenientes. Nem eu, que adoro o Português certinho, consegui gostar da mulher.

E o Conde Olaf é aquele vilão que a gente ama odiar, não esconde suas garras e sempre dá um jeito de fugir e voltar com um plano mais mirabolante. Recentemente anunciaram que a Netflix irá produzir uma série dos livros e o cogitado para viver o Conde Olaf é Neil Patrick Harris (How I Met Your Mother). Como não querer pra ontem?

Vale lembrar que o livro é gostoso de ler não apenas pela história envolvente como pelas ilustrações e por todo o humor. As explicações óbvias - ou nem tanto -, a interação do narrador com o leitor, as traduções das falas de Sunny, a ironia... tudo isso é uma característica da série que vem dando muito certo e são super indicadas pra ajudar as crianças a entenderem o significado de expressões e palavras. E pra adultos também, por que não?
"As boas pessoas que editam este livro estão preocupadas com a possibilidade de que leitores como vocês leiam a minha história dos órfãos Baudelaire e tentem imitar algumas das coisas que eles fazem. Assim, tendo chegado a esta altura da história, e a fim de tranquilizar os editores - isto é, de fazer com que parem de arrancar os cabelos de preocupação -, permitam-me, por favor, dar-lhes um conselho, mesmo sem saber nada sobre vocês. O conselho é o seguinte: se alguma vez vocês precisarem chegar com urgência à Gruta do 'P', não devem em nenhuma circunstância roubar um barco e tentar atravessar o Lago Lacrimoso durante um furacão, porque é muito perigoso e as chances de vocês sobreviverem são praticamente nulas. Não façam isso, sobretudo se vocês, como os órfãos Baudelaire, tiverem apenas uma vaga ideia de como funciona um barco a vela."



Novidades de Janeiro - Galera Record

27 de janeiro de 2016

Outro Dia - David Levithan
Um dos mais inovadores autores de livros jovem adulto e o primeiro a emplacar uma trama gay na lista do New York Times, David Levithan retoma a sua mais emblemática trama em "Outro Dia". Aqui, a já celebrada - com várias resenhas elogiosas - história de "Todo Dia" é mostrada sob o ponto de vista de Rhiannon. A jovem, presa em um relacionamento abusivo, conhece A, por quem se apaixona. Só que A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Mas embarcar nessa paixão também traz desafios para Rhiannon. Todos eles mostrados aqui.


Nunca Jamais - Never Never  #1 - Colleen Hoover e Tarryn Fisher
Charlie Wynwood e Silas Nash são melhores amigos desde pequenos. Mas, agora, são completos estranhos. O primeiro beijo, a primeira briga, o momento em que se apaixonaram... Toda recordação desapareceu. E nenhum dos dois tem ideia do que aconteceu e em quem podem confiar.
Charlie e Silas precisam trabalhar juntos para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com eles e o porquê. Mas, quanto mais eles aprendem sobre quem eram, mais questionam o motivo pelo qual se juntaram no passado.



Três Chances - Desejos #2 - Alexandra Bullen
Três chances traz mais uma aventura com vestidos mágicos, numa mistura de Cinderela e Aladdin, recheada com romance e uma protagonista singular.
Hazel sempre esteve sozinha. Abandonada pela mãe ainda bebê, ela foi mandada de lar em lar por toda a vida. Mas ao completar dezoito anos, o destino lhe preparou uma surpresa. Presenteada com vestidos mágicos, Hazel tem direito a três desejos. E tudo o que ela mais deseja é conhecer sua mãe.
É assim que a garota é transportada para o passado, numa chance única de mudar seu destino, se apaixonar perdidamente, e criar laços de amor com sua família. Mas para que possa refazer a história sem prejudicar seu futuro, Hazel precisa saber exatamente que desejos fazer.

Ídolos - Ícones #2 - Margaret Stohl
Segundo volume da série Ícones, sucesso da autora Margaret Stohl, coautora da aclamada série Beautiful Creatures. Num futuro distópico, a Terra foi invadida por alienígenas em uma onda de choque eletromagnético que tornou inoperantes a maioria da tecnologia humana. Embora os extraterrestres nunca apareçam, sua presença comanda o destino de todos. Nessa nova aventura, Dol e os amigos da resistência humana estão em fuga. Eles não podem ser mortos pelos Ícones, como são chamadas as naves-mães que controlam o mundo, mas mesmo assim estão sendo caçados.
Após descobrirem mais rebeldes escondidos nas montanhas, são surpreendidos pelas visões de Dol, que está dividida entre o amor de Lucas e a paixão superprotetora de Ro. Ela sonha com uma criança e faz nascer uma nova perspectiva na luta contra os ETs. Em busca dessa criança, o grupo irá descobrir novas informações sobre seu passado e, finalmente, terá que decidir de que lado ficar.

Zumbeatles - Paul Está Morto-Vivo - Alan Goldsher
A verdadeira invasão britânica chegou. Eles estão mais mortos-vivos do que nunca.
Nessa divertida releitura da trajetória da mais famosa banda inglesa, acompanhamos os principais acontecimentos na vida desses mitos do século XX... porém com um pequeno detalhe: os músicos são zumbis. Não os lentos e imbecilizados zumbis aos quais estamos acostumados. Mas zumbis espertos, rápidos e cheios de sex appeal. Além de alguns truques de controle mental. Entre sangue, suor, guitarras e iê-iê-iê — e a perseguição do implacável caçador de zumbis Mick Jagger —, eles são atacados por uma ninja do oitavo nível, Yoko Ono, condecorados pela rainha e consolidam uma invasão mundial.

Brilhantes - Marcus Sakey

26 de janeiro de 2016

Título: Brilhantes - Brilhantes #1
Autor: Marcus Sakey
Editora: Galera Record
Gênero: Thriller/Ação/Sci-fi/Distopia
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A partir de 1980, um por cento das crianças começou a apresentar sinais de inteligência avançada. Essa parcela da população, chamada de “brilhantes”, é vista com muita desconfiança pelo restante da humanidade, que teme a forma como esse dom será usado. Nick Cooper é um deles, um agente brilhante, treinado para identificar e capturar terroristas superdotados e levá-los para a custódia do governo. Seu último alvo está entre os mais perigosos que já enfrentou, um líder responsável pelo maior ataque terrorista dos últimos tempos e que pretende começar uma guerra civil. Mas para capturá-lo, Cooper precisa se infiltrar em seu mundo e ir contra a tudo o que acredita. Denominado pelo Chicago Sun-Times como o mestre do suspense moderno, Markus Sakey criou um universo ao mesmo tempo perturbador e incrivelmente semelhante ao nosso, onde um dom pode se tornar uma maldição.

Resenha: A partir da década de oitenta, 1% das crianças nascidas começaram a apresentar sinais de inteligência avançada que superavam a de um humano comum. Considerados como anormais, eles passaram a ser chamados de Brilhantes. Inicialmente eles causaram fascínio nas pessoas, mas com o passar do tempo eles começaram a ser tratados com desconfiança e se tornaram temidos entre a população que não sabia como ou com qual finalidade os seus dons poderiam ser usados.
A fim de manter o controle sobre essas crianças especiais, todas que apresentassem sinais de que eram portadoras desse dom deveriam ser testadas e, caso a anormalidade seja comprovada, elas seriam enviadas para uma academia.
Nick Cooper é um brilhante da primeira geração. O dom especial de Nick é o reconhecimento de padrões de comportamento e a partir da sua análise com relação a postura de alguém, na menor contração muscular ou na simples sutileza de um olhar, ele é capaz de "ler" as pessoas sendo possível que ele saiba o que elas vão fazer, prevendo até mesmo seus movimentos. Ele cresceu com a ideia de que deve servir seu país por ser filho de um soldado e se tornou um agente do serviço de segurança do governos dos Estados Unidos. Seu trabalho na DAR (Departamento de Análise e Reação) é caçar outros brilhantes que apresentam uma ameaça real, que usam seus dons para cometerem crimes e que sejam suspeitos ou propensos ao terrorismo.
Após o assassinato de várias pessoas em um restaurante e tendo a intenção de iniciar uma guerra civil, John Smith, um ativista cuja voz era muito respeitada entre os brilhantes, se tornou alvo de Cooper. Embora Nick ainda não tenha pistas sobre o paradeiro de John, ele não desiste de encontrá-lo. Em meio a esta busca Nick descobre que sua filha pode ser uma brilhante de primeiro escalão após a escola ter percebido algumas características nela que a tornava diferente das demais. A idade mínima para os testes para o ingresso a academia é oito anos, mas com quatro a garota seria testada pois seu comportamento já era muito evidente. Preocupado com os testes com que a garota seria submetida, Nick vai tentar livrá-la desse processo enquanto bola um plano arriscado e perigoso para tentar capturar John, mas a ameaça contra sua família vai fazer com que ele repense suas decisões sobre o lado que ele está.

Antes de mais nada, eu estranhei muito o fato desse um livro ter sido publicado pela Galera Record já que se trata de um thriller com toques de ficção científica e distopia voltado para o público adulto, a começar pelo próprio protagonista que está na casa dos trinta anos de idade, é separado da mulher e tem dois filhos pequenos. Com todo o clima de ação e revolução política presente no enredo, a relação que ele tem com os filhos ganha destaque pois ele é um pai presente e atencioso além de manter um bom relacionamento de amizade com a ex-esposa.
O livro é narrado em terceira pessoa e, embora possa lembrar um roteiro de filme (e o livro vai mesmo virar filme), o ritmo da leitura é frenético, viciante e impossível de largar. Apesar do foco maior estar em Cooper, há uma abrangência considerável sobre os acontecimentos gerais da trama. O leitor se vê envolvido nesse mundo de corrupção através de um protagonista que luta por uma causa que não pode ser considerada como justa, já que priva os outros da liberdade, e logo, por mais que ele tenha os próprios valores, muitos poderão discordar do que ele faz com relação ao seu trabalho e enxergá-lo como um vilão, ou até mesmo torcer contra ele, por mais que em certos pontos Cooper se questione sobre o que está fazendo e se está mesmo do lado certo deste confronto. No fim considerei a jornada dele algo mais emocional e pessoal e acabei torcendo por ele.

O autor criou um universo super criativo e inteligente cujo cenário é uma versão alternativa dos Estados Unidos de 2013 com algumas poucas diferenças no que diz respeito aos avanços tecnológicos e a fatos que entraram para a história mas que aqui nunca aconteceram, como o 11 de novembro, por exemplo. O desenvolvimento é dinâmico, recheado de ação e várias surpresas onde nada é o que parece ser na realidade. A tensão entre normais e brilhantes é sólida e visível e isso é passado ao leitor de uma forma muito transparente, e apesar de todo o conflito, é possível percebermos que Brilhantes é um livro que aborda a lutra contra o extremismo e contra preconceitos que estão cada dia mais presentes dentro da sociedade e um dos pontos que considerei bastante assustador é a ideia de que o governo implanta microchips que são praticamente impossíveis de serem removidos, marcando as pessoas e chegando a ser possível fazer uma comparação odiosa com a marcação dos judeus que eram obrigados a usarem a estrela de Davi a mando dos nazistas. Há também outras questões contemporâneas abordadas, mesmo que de forma curta, como o medo que as pessoas desenvolvem daquilo que eles desconhecem ou consideram diferente, a forma como lidam com o terrorismo e até atiçam as ideias daqueles que gostam de teorias da conspiração.

A capa é super caprichada com os detalhes do mapa em alto relevo e chama bastante atenção mesmo que a primeira vista seja simples. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. A diagramaçao é simples e não encontrei erros na revisão.

Brilhantes é um livro envolvente cuja trama é crível e que faz o leitor refletir acerca das questões sociais, principalmente se levarmos em consideração que o que encontramos no enredo poderia ser facilmente vivido nos dias de hoje se a situação fosse a mesma. Todos os detalhes foram bem pensados e por ser um thriller tão inteligente e que aborda questões atuais em meio a ficção de forma tão crua, se tornou um dos melhores livros que ja li. Só posso dizer que estou ansiosa pela continuação, e mesmo que o final dê a impressão de que a jornada de Cooper tenha sido concluída, sabemos que na verdade ela está apenas começando...


Estrelas Perdidas - Claudia Gray

25 de janeiro de 2016

Título: Estrelas Perdidas
Autora: Claudia Gray
Editora: Seguinte
Gênero: Sci-fi/YA
Ano: 2015
Páginas: 446
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ciena Ree e Thane Kyrell se conheceram na infância e cresceram com o mesmo sonho: pilotar as naves do Império, cujo poder sobre a galáxia aumentava a cada dia. Durante a adolescência, sua amizade aos poucos se transforma em algo mais, porém suas diferenças políticas afastam seus caminhos: Thane se junta à Aliança Rebelde e Ciena permanece leal ao imperador. Agora em lados opostos da guerra, será que eles vão conseguir ficar juntos?
Através dos pontos de vista de Ciena e Thane, você acompanhará os principais acontecimentos desde o surgimento da Rebelião até a queda do Império - como as Batalhas de Yavin, Hoth e Endor - de um jeito absolutamente original e envolvente. O livro relata, ainda, eventos inéditos que se passam depois do episódio VI, O retorno de Jedi, e traz pistas sobre o episódio VII, O despertar da Força!

Resenha: Estrelas Perdidas, escrito pela autora Claudia Gray, traz uma história paralela à saga Star Wars. O leitor irá acompanhar alguns acontecimentos que se passam depois de O Retorno de Jedi (episódio VI) fazendo do livro um prelúdio de O Despetar da Força (episódio VII).
"Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...

Oito anos após a queda da Velha República, o Império Galáctico agora reina sobre a galáxia conhecida. A oposição ao Impédio foi praticamente toda silenciada. Apenas uns poucos líderes corajosos como Bail Organa, de Alderaan, ainda ousam se opor abertamente ao imperador Palpatine.

Após anos de resistência, os vários mundos na fronteira da Orla Exterior se renderam. A cada planeta conquistado, o poder do Império fica ainda maior.

O último planeta a cair nas garras do imperador foi o montanhoso e isolado Jelucan, cujos cidadãos torcem por um futuro mais próspero enquanto a frota estelas do Império se aproxima..."
- Pág. 7

Ciena Ree e Thane Kyrell são habitantes do planeta Jelucan. Apesar de viverem em realidades diferentes, eles se tornam grandes amigos e compartilham do mesmo sonho: se tornarem pilotos das academias imperiais. Após vários anos de treinamento os dois ingressam à Curuscant, a academia mais renomada do Império, e o que era amizade começa a se transformar em algo mais sólido.

Ciena é designada a pilotar O Devastador, e Thane vai para uma frota que mais tarde foi chamada de Estrela da Morte, a mesma destruída pela Rebelião que atingiu Alderaan fazendo com que o planeta inteiro explodisse (quem lembra?), mas eles acabam se afastando ainda mais devido às suas diferenças políticas.

Enquanto Ciena permanece leal ao Imperador e a Darth Vader e se recusa a quebrar o juramento de lealdade que fez, Thane se une à Aliança Rebelde mas continua lutando por ela, mesmo que ela tenha se tornado sua "inimiga". Agora, em lados opostos, resta saber se o sentimento que os uniu será maior do que a guerra.

Apesar do toque de romance jovem adulto inserido na trama em que a relação entre Ciena e Thane é muito bem trabalhada, Estrelas Perdidas é um livro que aborda o universo de Star Wars com bastante fidelidade e maestria.

A escrita da autora é bem fácil e consegue introduzir qualquer leitor ao universo sem que fique perdido em meio ao enredo. O livro é narrado em terceira pessoa, então o ponto de vista engloba de forma geral os personagens e a situação em que se encontram sem que fiquemos presos a pensamentos particulares ou sensações, mas o aprofundamento na descrição das suas personalidades e dos valores que cultivam é o grande responsável por mostrar ao leitor o quanto eles foram bem construidos e cativantes, até mesmo pela ideia de que se deixarem seus sentmentos transparecerem, a amizade poderia ser prejudicada e até mesmo perdida. Existe amor entre eles, não é como negar, mas eles estão cientes de que há coisas muito mais sérias acontecendo no universo para que eles se deixem levar o que mostra que o foco principal não é o romance propriamente dito, mas o quão conturbado e difícil pode ser um relacionamento quando os envolvidos defendem causas distintas e são leais a elas a própria maneira, e como isso pode ser doloroso.

O livro levanta outras questões através da situação em que os personagens se encontram, como a honra, as boas ou más intenções alheias, a corrupção e as intrigas políticas e até mesmo o ceticismo.

Um ponto genial e super adequado foi que a autora mesclou alguns eventos de forma que os personagens tenham participações "diretas" em algumas cenas da saga e ainda dá espaço para que personagens como a própria Princesa Leia tenham suas aparições, logo o livro acaba sendo um complemento praticamente essencial para aqueles que são fãs de Star Wars e não deixam escapar detalhes, porém com um diferencial de que este parece estar ligado a acontecimentos já conhecidos, e que trazem boas recordações pois ele oferece uma nova visão sobre a guerra entre a Aliança Rebelde e o Império através de Ciena e Thane, sendo possível ver um pouco mais de sua abrangência.

Até aqueles que nunca assistiram ou leram nada sobre a saga podem começar por este livro, nem que seja a título de curiosidade.

O trabalho gráfico é ótimo, a capa é aveludada com detalhes em verniz e alto relevo no título. As páginas são amarelas, a fonte tem um tamanho e espaçamento agradáveis e não há erros na revisão. Há um marcador que pode ser recortado na contracapa do livro e para aqueles que colecionam ou gostam de marcar as páginas com o marcador combinando é um super presente!

Pra quem procura pelo livro apenas para obter pistas sobre o novo filme, pare. Encare o livro como um complemento dessa saga fantástica e viciante que faz com que o leitor se sinta na pele dos personagens e torça por cada um deles com muita paixão. Super recomendo!

Guerra Civil - Stuart Moore

24 de janeiro de 2016

Título: Guerra Civil - Marvel #2
Autor: Stuart Moore
Editora: Novo Século
Gênero: Juvenil/Ficção
Ano: 2015
Páginas: 398
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A épica história que provoca a separação do Universo Marvel! Homem de Ferro e Capitão América: dois membros essenciais para os Vingadores, a maior equipe de super-heróis do mundo. Quando uma trágica batalha deixa um buraco na cidade de Stamford, matando centenas de pessoas, o governo americano exige que todos os super-heróis revelem sua identidade e registrem seus poderes. Para Tony Stark o Homem de Ferro é um passo lamentável, porém necessário, o que o leva a apoiar a lei. Para o Capitão América, é uma intolerável agressão à liberdade cívica. Assim começa a Guerra Civil. 

Resenha: Guerra Civil, o livro, é uma adaptação escrita por Stuart Moore da HQ de Mark Millar e Steve McNiven, que traz uma das maiores e mais famosas histórias que separou os notáveis super heróis do universo Marvel através de um dos maiores confrontos já vistos até então.

Tudo começa quando os Novos Guerreiros, um grupo composto por heróis adolescentes e inexperientes, decidem estrelar um reality show onde mostravam o seu dia-a-dia de combate ao crime. A ideia era terem uma chance de transformar o time fracassado de terceiro escalão em estrelas, mas as coisas não estavam indo conforme o planejado... Até que em Stamford, em um dia aparentemente comum de gravações, eles descobrem o paradeiro de quatro vilões que fugiram da prisão estadual da Ilha Rykers três meses atras. Liderados por Speedball e seguidos pela equipe de filmagens, eles tentar capturar os vilões em plena luz do dia, no meio de um bairro típico onde os moradores e todas aquelas crianças jamais imaginariam o que estava por vir... Nitro, um dos vilões foragidos, ao se ver encurralado, se transformou numa enorme bola de fogo que espalhou terríveis ondas de choque ao seu redor, causando uma explosão cuja devastação não deixou precendentes...

"Oitocentos e cinquenta e nove moradores de Stamford, Connecticut, morreram naquele dia. Mas Robbie Baldwin, o jovem herói chamado Speedball, não chegou a saber disso. O corpo de Robbie ferveu até evaporar, e enquanto a energia cinética dentro dele explodia pela última vez no vazio, seu último pensamento foi:
Pelo menos, não terei que ficar velho."
- Pág. 17

Devido a tragédia de Stamford, as pessoas não se sentiam mais seguras diante de mascarados que usavam seus poderes mas deixavam rastros de destruição e mortes de inocentes. Há revolta e indignação após o ocorrido, e é iniciada uma grande comoção pública contra a prática irresponsável e desenfreada do "heroísmo". Logo, o senado dos Estados Unidos decide implementar a Lei do Registro de Super-Humanos, a LRS, que dita que todo super-herói deve se dirigir a um posto do governo para, além de se registrar, revelar sua identidade. A partir daí, eles seriam devidamente registrados no seguro social e passariam a trabalhar para o governo na proteção dos civis, tendo direito a benefícios e até mesmo salário.
Eis que Tony Stark, o Homem de Ferro, (que inclusive, há tempos, já revelou sua verdadeira identidade para o mundo sem a menor preocupação) apoia a estratégia do governo e acredita que o melhor a fazer é recrutar e convencer o maior número de super-humanos que conseguir a aderir ao plano, começando por todos aqueles que integram os Vingadores, mas, em contrapartida, a ideia de super-heróis revelarem suas identidades não é tolerável para o Capitão América, pois, dessa forma, além de serem privados da liberdade cívica, eles estariam expondo a si mesmos e as pessoas próximas a eles tornando todos vulneráveis ao perigo.
A partir dessa divergência de ideias e interesses, e após um grande desentendimento que causa uma baixa de alguém importante, o universo dos super-heróis é dividido entre os que apoiam e os que são contra a LRS, e os dilemas que eles irão enfrentar são colocados a prova quando a liberdade do povo e o dever para com a pátria são colocados frente a frente.

Narrado em terceira pessoa numa escrita ágil, fluída e super empolgante, Guerra Civil é um livro que traz uma história política e ideológica dentro do universo dos super-heróis tão conhecidos e queridos pelos fãs dos quadrinhos.
Não é necessário ter conhecimento prévio com relação aos quadrinhos para ler e entender o que se passa, pois o autor introduz tudo de forma gradual e sutil para que até os leigos não fiquem perdidos. Talvez o excesso de personagens possam confundir alguns leitores, pois muitos não são tão conhecidos quanto os demais, mas Wolverine e os X-Men, Homem Aranha, Homem Formiga, Demolidor, Quarteto Fantástico, Thor, Hulk, Viúva Negra, Miss Marvel, Justiceiro são alguns dos nomes citados e/ou que compõem os eventos que se desenrolam em Guerra Civil e todos são aprofundados na medida certa para os conhecermos bem e entendermos suas escolhas.
Homem Aranha/Peter Parker tem grande destaque, pois, inicialmente, ao decidir ficar do lado do Homem de Ferro e aceitar o convite para ser integrante dos Vingadores, suas escolhas lhe trazem consequências que transformam sua vida de cabeça para baixo e ele acaba ficando com a lealdade dividida entre Tony e Capitão. Por tudo que ele passa a enfrentar desde então, Peter pode ter sido um dos mais prejudicados nessa história...
Durante a leitura tentamos entender o que motiva cada um dos líderes dos dois grupos que se formam pois os personagens ganham bastante profundidade ao terem as intenções reveladas, assim como as consequências de suas escolhas, então não é possível acreditar que nem Homem de Ferro e nem Capitão América fiquem com o papel de "vilão", pois eles estão tentando defender o que acreditam ser o melhor no momento para preservar o bem estar de todos, mas até onde é possível ir para garantir a integridade das pessoas que só querem levar suas vidas de forma normal?

"Sue se deu conta do que aquilo se tornara: uma batalha irreconciliável entre Homem de Ferro e Capitão América, cada um deles absolutamente convencido de que sua causa era justa. Nada podia detê-los, nem deuses, nem vilões, nem mesmo seus amigos heróis. Essa batalha continuaria até que um dos dois estivesse morto."
- Pág. 170

O projeto gráfico do livro é ótimo. A ilustração da capa é característica e a diagramação é bastante caprichada. A parte interna da capa também tem ilustrações de conflitos e destruições que já dão uma prévia ao leitor do que será encontrado. As páginas são amarelas, as destinadas a numerar os capítulos são pretas para diferenciar das demais e sempre nos deparamos com os símbolos dos personagens principais. Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que tenha prejudicado minha empolgação com a leitura.

Mesmo sendo fã, não vou considerar os quadrinhos. Não costumo fazer resenhas comparativas já que prefiro me limitar somente a opinião da leitura em questão. O livro é uma ótima adaptação que contém partes fiéis e outras com alterações, algumas inclusive foram bem superiores ao original ao meu ver, mas posso dizer que a Guerra Civil, de forma geral, é um livro empolgante, que coloca o leitor a par da situação fazendo com que ele tenha um lado para o qual torcer (sempre fui #TeamTonyStark, obrigada XD), e foi responsável por mudanças relevantes e consequências irreversíveis na vida dos super-heróis, levantando questões que nos fazem refletir sobre opressão, direitos e liberdade, além de tocar no ponto crucial da amizade entre dois grandes amigos que, por divergência de opiniões, pode ter as estruturas abaladas para sempre.
Para aqueles que gostam do gênero e querem entender o quê, de fato, aconteceu com mais profundidade, é leitura obrigatória.



Schulz & Peanuts - David Michaelis

23 de janeiro de 2016

Título: Schulz & Peanuts - A biografia do criador do Snoopy
Autor: David Michaelis
Editora: Seoman
Gênero: Biografia
Ano: 2015
Páginas: 592
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino
Sinopse: Charles M. Schulz, o cartunista mais publicado e amado de todos os tempos, é também uma das figuras menos compreendidas da cultura americana. Agora, o aclamado biógrafo David Michaelis nos dá a primeira biografia completa desse artista complexo, generoso, humilde, mas fervorosamente sério, apresentando um homem tão digno de admiração quanto francamente humano. Baseado em anos de pesquisas, incluindo entrevistas exclusivas com os familiares, amigos e colegas de Schulz, acesso aos arquivos do estúdio do cartunista e cartas pessoais e desenhos até então desconhecidos, 'Schulz & Peanuts' é a biografia épica definitiva de um ícone americano e dos inesquecíveis personagens que criou.

Resenha: Schulz & Peanuts começou a ser escrito por David Michaelis alguns meses depois da morte de Charles M. Schulz, em 2000. A biografia foi originalmente publicada em 2007 nos Estados Unidos mas somente em 2015 foi lançada no Brasil pelo selo Seoman, do Grupo Editorial Pensamento.
Charlie Brown, Snoopy, Woodstock e todo o resto da turma dos Peanuts (ou A Turma do Charlie Brown, como ficou conhecido no Brasil), falam uma língua universal sendo um dos quadrinhos mais populares e notáveis do mundo. Todo mundo gosta, e se alguém ainda não conhece, basta um único contato para passar a admirar, é fato. Esta biografia de Charles M. Schulz, o criador desses personagens únicos e tão amados no mundo todo, revela suas influências pessoais desde sua infância, a época utilizada para servir de inspiração ao criar suas tirinhas, até quando perdeu a luta contra o câncer e morreu pouco antes de sua última tirinha ser publicada.


Schulz (ou Sparky, como era chamado), era um jovem tímido, reservado e bastante humilde. Ele carregava em torno de si um ar de mistério quando se tratava das outras pessoas, mas colocou no papel suas inseguranças, suas alegrias e seus sonhos, e todos os acontecimentos marcantes de sua vida, assim como pessoas que fizeram parte dela, serviram de exemplo para criar suas histórias.
Além do livro ser biográfico, o autor, após tanta pesquisa sobre a vida de Schulz, também faz sua próprias críticas sobre a vida desse homem que se tornou um verdadeiro ícone. A ideia de usar algumas tirinhas para evidenciar e realçar os acontecimentos da vida do cartunista, onde ele expressava sentimentos e pensamentos próprios a fim de canalizá-los nos quadrinhos, faz do livro uma obra bastante intrigante e até mesmo revolucionária.
O livro é dividido em seis partes com momentos que se iniciam na infância do artista, bem como o ambiente social no qual ele cresceu, a morte da mãe, a ausência do pai devido ao trabalho, o cachorro que era o mascote da família e afins, e talvez devido aos vários anos de pesquisa para que esta biografia fosse escrita e finalizada, é possível perceber que, por tantos detalhes, a leitura se torna bastante carregada e exaustiva em algumas partes, mas ainda assim muito rica em detalhes e bastante reveladora.


Acredito que a análise do autor acerca de cada personagem foi um dos melhores pontos da obra pois é possível perceber que o desenho, apesar de gracioso e cômico, tem uma enorme carga de melancolia embutida em expressões e diálogos, e tal aspecto pessimista, e até bastante depressivo, ilustra fatores que podem ser compreendidos ao sabermos sobre a vida de seu criador. Depois de tudo o que viu e viveu, é possível enxergarmos que Schulz era um homem complexo, com feridas profundas o bastante para não serem totalmente apagadas e nem omitidas de suas criações.
Embora Schulz tenha sido um pouco apagado como sujeito biográfico, Michaelis fez um trabalho respeitoso e de excelência ao capturar as fases da vida dele, assim como as motivações que o impulsionaram em sua trajetória.
"Minha aparência comum foi um disfarce perfeito." - Charles M. Schulz
- Pag. 65



O projeto gráfico do livro é muito caprichado. A casinha do próprio Snoopy, que na capa ainda tem detalhes em alto relevo, dá todo um significado à obra. As páginas são amarelas e a diagramação é super caprichada pois, além de tirinhas e ilustrações de Peanuts, há também fotografias pessoais de Schulz num papel diferenciado com uma textura mais lisa que lembra aqueles encontrados em revistas.

Talvez não seja incorreto afirmar que a biografia escrita por David Michaelis não tenha sido a primeira sobre a vida de Schulz, pois ele próprio afirmava que para conhecê-lo bem, bastava que suas tirinhas fossem lidas... E ao analisar o comportamento de seus personagens tão peculiares, é possível enxergar um pouco do cartunista em cada um deles, sem sombra de dúvidas...




Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie

22 de janeiro de 2016

Título: Americanah
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance/Ficção
Ano: 2015
Páginas: 516
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela se depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero.

Resenha: A autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie é bem conhecida por suas publicações que abordam o feminismo de uma forma bastante direta, e Americanah, um romance político publicado no Brasil pela Companhia das Letras, não é exceção.

A Nigéria de 1990 enfrentava tempos difíceis sob um regime militar bastante rígido que fazia inclusive com que as universidades ficassem em greve por períodos indeterminados, prejudicando estudantes e impedindo que realizassem seus sonhos. Ifemelu, em busca de melhores oportunidades, resolve deixar sua família e seu primeiro amor pra trás, e parte para os Estados Unidos. Mas anos depois, formada em comunicação e blogueira de sucesso, ela decide voltar às raízes, e, secretamente, para Obinze.

O livro é narrado em terceira pessoa através das memórias da protagonista que se desenrolam de forma não linear além de capítulos intercalados que se referem a Obinze, que namorava Ifemelu no ensino médio antes dela deixar seu país. A escrita da autora é bastante fácil e fluída e através das ironias e dos toques de humor podemos perceber as diversas formas de preconceito, mesmo as mais sutis. O que move a trama é a ideia de Ifemelu voltar a Nigéria e os motivos que a leveram a tomar tal decisão.
Em suma, a vida de Ifemelu, desde a infância até a fase adulta, é descrita com perfeição no que diz respeito a detalhes e situações que ela viveu, pois a personagem é aprofundada de tal forma que não nos limitamos a conhecer somente ela, mas também seus pais, sua cultura e estilo de vida que levava no cotidiano até ter decidido deixar tudo pra traz, desfazendo laços e abrindo mão do amor em nome de um sonho que pra ela era maior, mas ao ir embora, Ifemelu se depara com uma realidade totalmente diferente da qual estava acostumada, pois enquanto na Nigéria ela era uma jovem comum que não era tratada com nenhuma distinção em meio as demais pessoas, nos Estados Unidos ela acaba se "descobrindo" negra, e que diante dos outros, isso a tornava diferente, inferior ou pior já que a cor de sua pele ou o aspecto de seu cabelo são fatores determinantes para definí-la. Como ela mesma diz, ela nunca havia pensado nela como uma pessoa negra por nunca ter levado a raça em consideração. Ela "se tornou" negra quando pós os pés na América e percebeu que lá as pessoas tem outros conceitos que até então ela desconhecia.

Um ponto a ser destacado é sobre o blog mantido por ela, o Racenteeth. Lá ela escrevia crônicas irônicas e bem humoradas sobre situações que envolviam o racismo e como tais casos causam impacto. Alguns posts do blog podem ser lidos ao longos dos capítulos para que o leitor fique por dentro do que exatamente Ifem trata, e tais posts são ótimos já que acabam até tornando a escrita mais dinâmica ao ter esse diferencial.

Devido à narrativa que se alterna entre passado e presente, conhecemos diferentes versões dos personagens, ora mais jovens e ora mais velhos, o que possibilita ainda mais conhecê-los a ponto de entendermos suas motivações.
Ifemelu é uma personagem complexa, mas demonstra ser forte, daquele tipo que corre atrás do que quer sem medo de arriscar, e passei a admirá-la bastante. Nos EUA ela não tem estabilidade, e além de imigrante e negra, ainda é mulher, o que colabora ainda mais para julgamentos alheios.
Os personagens secundários também são ótimos e bem construídos, têm profundidade e realmente fazem diferença na representação dos menores detalhes.

Posso afirmar que Americanah é um livro notável, reflexivo e cheio de verdades. Ele aborda questões que envolvem a desigualdade social e o preconceito, a imigração e o racismo, a autoaceitação, a mudança e até mesmo a identidade cultural. É aquele tipo de livro que abala estruturas, quebra conceitos e fica na memória mesmo que tenha chegado ao fim, e permanece com a gente, nos fazendo refletir sobre o mundo em que vivemos.

O livro é muito realista e apesar de abordar um assunto sério e polêmico, ainda tem toques de muito bom humor. Os diálogos são ótimos e remetem à pessoas comuns tornando tudo muito próximo à realidade. Podemos acompanhar Ifem se adequando às condições que lhe são impostas, sendo obrigada, por exemplo, a abrir mão de seu penteado afro e alisar o cabelo para conseguir emprego. E tais cenas nos fazem refletir, nos colocam na pele dos personagens de forma que tenhamos a oportunidade de enxergar a situação pelo olhar de quem é negro e vive (e atura) tudo aquilo.
A autora também faz descrições perfeitas acerca das cidades onde Ifemelu vai sendo possível até mesmo visualizar tais lugares.

A capa é simples, mas já dá ideia do que se trata ao trazer uma silhueta (e branca) de uma mulher com uma enorme cabeleira crespa. As cores dos EUA na capa também tem significado, e o próprio título representa a adequação aos padrões americanos. A parte intrna da capa traz figuras geométricas na cor laranja que lembram a cultura africana completando e dando um toque super especial à obra.
As páginas são amarelas e a diagramação é simples. Os diálogos são apresentados com aspas e não encontrei erros de revisão.

Americanah explora a estrutura das classes americanas, trata das questões raciais e das críticas sociais com maestria e é um verdadeiro tapa na cara que nos abre os olhos para o funcionamento do mundo, principalmente aqueles que ainda se recusam a enxergar ou a entender, mas também traz uma história de amor que, apesar de não ser o fator principal, serve como um verdadeiro fio condutor, aquele verdadeiro e bonito que apesar de todos os obstáculos, perdura e se fortalece.


Sorteio - A Sereia

21 de janeiro de 2016


Ei, pessoal!
Aproveitando a véspera do lançamento de um dos livros mais aguardados do ano, em parceria com a Editora Seguinte, o blog vai sortear um exemplar de A Sereia pra vocês!!
Todos comemoram!
E pra participar é mega fácil, confira as regrinhas abaixo:
Termos e condições:
- Ter endereço de entrega em território nacional;
- Perfis fakes ou exclusivos pra promoções não serão aceitos. Caso constatado, o ganhador será desclassificado sem aviso prévio;
- Não nos responsabilizamos por danos ou extravios por parte dos correios, nem por um segundo envio em caso de devolução por erro nos dados informados ou entrega sem sucesso;
- Após o resultado o ganhador será comunicado por email (o mesmo do formulário). O prazo para responder com os dados é de até 48 horas, caso contrário um novo sorteio será realizado. Em caso de falta de resposta por parte do ganhador, o sorteio será refeito por no máximo 3 vezes. Caso ninguém responda em tempo hábil, o sorteio será cancelado;
- Caso o ganhador seja sorteado com uma entrada extra que não tenha sido cumprida, estes serão desclassificados e será feito novo sorteio;
- O envio do livro será feito em até 30 dias úteis pela Editora Seuinte após o recebimento dos dados do ganhador;

a Rafflecopter giveaway
Boa sorte!!!

A Sereia - Kiera cass

20 de janeiro de 2016

Título: A Sereia
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/YA
Ano: 2016
Páginas: 328
Nota: ★★★★☆
Onde comprar (pré venda): Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar - pois a voz da sereia é fatal -, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.

Resenha: Kahlen, uma jovem de dezenove anos, estava com a família a bordo de um navio até ter ouvido algo diferente no ar... Uma canção entorpecente atraiu a tripulação até o convés e todos ficaram em transe, sentindo uma enorme necessidade de se jogarem na água. Em meio ao naufrágio, Kahlen recobrou a consciência e lutou para voltar a superfície. Ela não queria morrer, não estava pronta, e desesperada ela ouviu uma voz... Kahlen foi puxada pra longe, foi salva pela própria Água, mas sair ilesa teria um preço a se pagar: Ela se tornaria uma sereia pelos próximos cem anos, e usaria a voz apenas para cantar e atrair as pessoas para o mar, assim como ela havia sido atraída. Somente após os término dos cem anos ela poderia usar a voz e teria a liberdade outra vez, e dentro desse tempo permaneceria sempre jovem, saudável e bonita. Oitenta anos se passaram desde então e, junto com Aisling, Elizabeth e Miaka, suas irmãs sereias, Kahlen cumpria sua sentença à risca, servindo à Água a cada chamado.
Até conhecer Akinli e tudo ficar diferente...
"Eu queria ser capaz de explicar como a interrupção de uma vida plena era melhor do que o prolongamento de uma vida vazia."
- Pág. 20
Kierra Cass trouxe a mitologia das sereias com uma construção inteiramente nova e original no que diz respeito aos costumes e até mesmo à aparência. A cauda deu lugar as pernas mas a voz e o canto continuam fatais. Embora elas sejam sentenciadas a passar cem anos servindo à Água, elas vivem como pessoas comuns, fazem planos e se ocupam com atividades rotineiras, mas carregar o fardo de serem as responsáveis por tantas mortes é algo que não é nada fácil e Kahlen é a que mais sofre com isso. Sua sentença está chegando ao fim, mas após oitenta anos de devoção e obediência ela sente que vive uma vida que não lhe pertence, se culpa pelo que faz e não consegue ser feliz.

A narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista de Kahlen, então ficamos a par de seus pensamentos e seus dilemas, sendo possível perceber claramente o quanto sua história é difícil e carregada de melancolia. O relacionamento com suas irmãs é algo muito bonito de se acompanhar pois elas são amigas, confidentes, cúmplices uma da outra e sempre estão alí quando necessário, mas embora tenham essa afinidade, Kahlen se sente deslocada por ter outros sonhos.

Ao conhecer Akinli, ela se apaixona e tudo o que passa a sentir ao compartilhar pequenos momentos junto a ele é forte o bastante para mudar tudo o que ela acreditava até então. Com relação a essa questão fiquei me questionando sobre a vida dela, pois tudo o que ela mais queria era encontrar alguém, se casar e ser feliz com o que pra ela era mais do que suficiente: o amor. Pode parecer estranho ela ser tão diferente das irmãs, que apesar de fazerem parte dessa irmandade carregada de segredos, vão pra balada e querem curtir a vida como podem, tirando proveito das brechas dessa prisão, mas embora ela pudesse ter usado toda a sua experiência de vida para atualizar sua concepção e fazer o mesmo, ela preferiu se recolher e acreditar que o que ela precisava era alguém a quem ela pudesse amar, da mesma forma como pudesse ser amada.
Uma entidade pode amá-la e cuidar dela e de suas irmãs como filhas, mas não é a mesma coisa que ter alguém de carne e osso que possa lhe completar. Se a Água a ama, porque não a manteve livre? Por que era necessário evidenciar a superioridade e o poder para impor regras e obediência daquelas que lhe deviam a vida a troco de ferir suas almas com o que eram obrigadas a fazer? Quando as coisas são feitas por obrigação, logo se cria resistência, e com Kahlen não foi diferente... Por amor ela resistiria, mas quem em seu lugar não faria o mesmo?

Talvez algumas pessoas possam achar que a mensagem passada remete ao machismo, que seja errada, ou ainda que ensine jovens a se prenderem aos estereótipos ditados pela sociedade de que o casamento ainda é algo necessário quando não é, mas quem somos nós para julgar atos, desejos ou pensamentos que não interferem em nada no direito de ir e vir alheio? Kahlen é uma personagem, mas e se fosse alguém real? Ela seria condenada por querer se casar em vez de se dedicar aos estudos ou a uma carreira que ela simplesmente não se identifica só pelo fato de que hoje em dia o pensamento é diferente do que era oitenta anos atrás?
Talvez seja possível perceber um certo exagero na questão da necessidade de Kahlen e Akinli ficarem juntos, como se fossem morrer se houver a menor distância entre eles, mas acho que podemos levar em consideração de que se trata da primeira experiência de ambos nesse quesito. Só a experiência dentro do relacionamento pode servir como exemplo para futuras escolhas caso a primeira não dê certo. Só é possível saber, de fato, se algo vale ou não a pena se tivermos a oportunidade de vivermos a situação, e se Kahlen nunca viveu, que viva e tire as próprias conclusões.
A preocupação maior seria se os valores de Kahlen fossem distorcidos o suficiente a ponto de prejudicar alguém, mas não é esse o caso. Sua ligação com Akinli foi forte e intensa o bastante para despertar nela o amor desinsteressado, puro e verdadeiro, um sentimento que qualquer um está sujeito a viver, desde que também encontre isso em outra pessoa.
"Talvez o segredo para eu poder seguir em frente não fosse eliminar tudo o que eu sentia. Talvez só precisasse me concentrar no único sentimento que fazia todos os outros parecerem menores."
- Pág. 62 
Um ponto que achei muito válido para se destacar é a questão dos personagens e como todos tem um papel importante para o desenrolar da trama. Suas histórias de vida são tristes e muitas das escolhas que fazem são baseadas no que viveram. Juro que ficaria muito agradecida se Kiera retornasse à história para escrever um livro destinado a cada uma das irmãs. Aisling é admirável por ter conseguido suportar tanta carga dramática e emocional em sua vida, e a personalidade de Elisabeth é marcante o bastante para despertar a curiosidade por uma história contada a partir de sua visão.

A autora soube trabalhar a fragilidade de uma alma antiga e delicada, que, mesmo devastada pelo que era obrigada a fazer, tirou forças de onde menos esperava para lutar por aquilo que queria e pelo que acreditava, e tudo isso foi feito de forma leve, com abordagens sutis, com cenas memoráveis e emocionantes que só ela é capaz de descrever. Onde há tragédia é possível encontrar a esperança, e quando tudo parece estar perdido basta acreditar que as coisas vão se revolver, mesmo que seja necessário paciência.



Novidades de Janeiro - Única

19 de janeiro de 2016

Horas Decisivas - Michael J. Tougias e Casey Sherman
O lema não oficial da Guarda Costeira martelava na cabeça de Bernie Webber depois de ter sido convocado para resgatar os tripulantes de um petroleiro que se rompera ao meio, numa das mais aterrorizantes tempestades de inverno da costa norte-americana. As chances de sobrevivência dele e dos três outros jovens que o acompanhariam na missão eram mínimas. Nessa mesma noite, um segundo petroleiro também se partira ao meio a poucos quilômetros do primeiro, e outra equipe de resgate estava em busca dos sobreviventes da outra embarcação. Aquele 18 de fevereiro de 1952 ficaria para sempre na memória de todos os envolvidos.
Horas decisivas é o resultado da extensa pesquisa de dois autores que uniram forças para escrever sobre um dos resgates marítimos mais extraordinários da história. Quase sessenta anos depois daquela noite fatídica, o relato ainda tira o fôlego dos leitores, além de ter inspirado uma superprodução da Disney estrelada por Chris Pine.

Novidade de Janeiro - Agir Now

18 de janeiro de 2016

Vivian Contra a América - Vivian Apple #2 - Katie Coyle
Vivian Apple tem um currículo surpreendentemente variado. Aos 17 anos, passou de boa moça estudiosa a revolucionária procurada, atravessou os Estados Unidos de carro com os amigos, lutou contra um bando de adolescentes doutrinados, encontrou uma irmã que nem sabia que existia e descobriu segredos sombrios sobre um culto que dominou a América. O próximo passo? Tentar determinar o paradeiro de Peter, seu meio-que-namorado, antes que o mundo acabe (de novo), em três meses.
Perdidas em São Francisco, perseguidas por grupos religiosos e caçadores de recompensa e enfrentando uma sociedade cada vez mais próxima do colapso, Vivian e Harp estão em perigo e nem sabem por onde começar a busca por Peter. Até que uma pista as leva a Los Angeles, para o hotel Chateu Marmont, o improvável quartel-general da Igreja Americana, onde supostamente grandes nomes esperam pelo fim do mundo. Parece que Vivian precisa salvar o país, seus amigos e a si mesma, ou arriscar perder tudo que ama mais uma vez.
Vivian, Harp, Peter e seus amigos são retratos de uma geração que tenta encontrar seu lugar num mundo que parece enlouquecer. Idealistas e ao mesmo tempo pé no chão, não vão parar por nada até descobrir a verdade nesta continuação de Vivian contra o apocalipse. Com personagens bem-construídos, diversos e apaixonantes, e uma trama cheia de ação e reviravoltas, Vivian contra a América é uma maravilhosa adição a qualquer biblioteca, que vai fazer você questionar tudo, até suas próprias crenças e convicções.


Novidades de Janeiro - Intrínseca

17 de janeiro de 2016

P.S.: Ainda Amo Você - Para Todos os Garotos que Já Amei #2 - Jenny Han
Lara Jean sempre teve uma vida amorosa muito movimentada, pelo menos na cabeça dela. Para cada garoto por quem se apaixonou e desapaixonou platonicamente, ela escreveu uma bela carta de despedida. Cartas muito dela, muito pessoais, que de repente e sem explicação foram parar nas mãos dos destinatários.
Em "Para todos os garotos que já amei", Lara Jean não fazia ideia de como sair dessa enrascada, muito menos sabia que o namoro de mentirinha com Peter Kavinsky, inventado apenas para fugir do total constrangimento, se transformaria em algo mais. Agora, em "P.S.: Ainda amo você", Lara Jean tem que aprender como é estar em um relacionamento que, pela primeira vez, não é de faz de conta. E quando ela parece estar conseguindo, um garoto do passado cai de paraquedas bem no meio de tudo, e os sentimentos de Lara por ele também retornam.
Uma história delicada e comovente que vai mostrar que se apaixonar é a parte fácil: emocionante mesmo é o que vem depois.

Sr. Tigre Solto na Selva - Peter Brown
Para tudo tem hora e lugar… até para se soltar!
Ninguém esperava isso do sr. Tigre. Sempre tão comportado, tão polido, tão educado. De terno e cartola, lá estava ele, totalmente acostumado à vida na cidade, aos cumprimentos distantes, ao refinado chá da tarde – a um mundo em que todos os animais mal parecem... animais. No fundo, o sr. Tigre sabia que tinha alguma coisa faltando. Ele queria se soltar, queria ser selvagem. E um dia, foi isso o que ele fez. Só que, num mundo tão civilizado, a mudança não pegou muito bem.
Ao viver o conflito entre o que esperavam dele e o que ele realmente queria ser, o sr. Tigre mostra as dificuldades que qualquer criança (ou adulto) já enfrentou e vai enfrentar tantas e tantas vezes enquanto descobre seu verdadeiro lugar no mundo. Até onde vale a pena ir para encontrar a si mesmo? O que é ser igual e o que é ser diferente, afinal?
Em defesa da liberdade de ser você mesmo, Sr. Tigre solto na selva traduz com simplicidade uma lição importante e extremamente positiva, daquelas que o pequeno leitor, que ainda vai crescer e mudar tantas vezes na vida, merece ter na lembrança.

O Nadador - Joakim Zander
Em uma acelerada perseguição pela Europa, um ex-agente secreto tenta salvar a única pessoa capaz de exorcizar os fantasmas de seu passado.
Damasco, Síria, início dos anos 1980. Um agente secreto norte-americano abandona a filha recém-nascida em meio a um bombardeio, entregando-a a um destino incerto. A incapacidade de se perdoar o faz fugir do passado, levando-o ao Líbano, ao Afeganistão, ao Iraque – a qualquer lugar onde o perigo e a tensão o permitam esquecer seu erro.
Klara Walldéen foi criada pelos avós em uma ilha remota na Suécia. Assessora em início de carreira no Parlamento Europeu, em Bruxelas, ainda está aprendendo a navegar pelo ardiloso mundo da política quando acessa informações que não deveria, e se torna alvo de uma perigosa perseguição pela Europa. Apenas o ex-agente secreto poderá salvá-la. Mas, para isso, os dois precisarão revelar quem são. E o tempo está se esgotando.
Alternando habilmente entre passado e presente, entre Suécia, Síria e Estados Unidos, Joakim Zander tece uma rede de intrigas e suspense em um estilo sofisticado e descritivo que transformou O nadador em um estrondoso sucesso.

Vale-tudo da Notícia - Nick Davies
A notícia isolada de que um editor do jornal britânico News of the World invadia caixas postais de telefones atrás de recados que lhe rendessem furos sobre a realeza não seria tão aterradora se parasse por aí. O problema surgiu quando o repórter Nick Davies decidiu investigar a história mais a fundo e descobriu um lamaçal de crimes e corrupção que afetava boa parte da imprensa britânica, com ramificações no gabinete do primeiro-ministro e no alto escalão da Scotland Yard.
Jornalistas usando prostitutas para colher segredos dos clientes, detetives grampeando linhas telefônicas nos postes e revirando o lixo de celebridades, funcionários de hospitais vazando prontuários médicos e editores chantageando políticos com intrigas sexuais. Cenas que mais parecem saídas de um filme, mas que, na verdade, eram práticas não só aceitas, como também estimuladas e premiadas, e que alimentavam uma poderosa rede de corruptores e corrompidos que chegou a influenciar até mesmo as leis britânicas.
Exemplo inegável do bom jornalismo, Vale-tudo da notícia evidencia como o poder de manipular o acesso à informação é hoje — e talvez o seja desde que o mundo é mundo — uma das mais perigosas moedas da sociedade.

O Regresso - Michael Punke
Em 1823, os caçadores da Companhia de Peles Montanhas Rochosas desbravavam as terras inexploradas dos Estados Unidos, enfrentando diariamente o clima implacável, as feras selvagens e a ameaça constante de confronto com os índios, que defendiam suas terras da invasão dos homens brancos.
Em uma das missões da companhia, Hugh Glass, um dos melhores e mais experientes caçadores do grupo, fica frente a frente com um urso-cinzento, é atacado e termina gravemente ferido, claramente sem chances de sobreviver. Os homens que deveriam esperar sua morte e lhe oferecer um funeral apropriado o abandonam, levando consigo as armas e os suprimentos. Entre delírios, Glass os observa fugindo e é tomado por um único desejo: vingança. Uma determinação cega que o torna capaz de atravessar quase cinco mil quilômetros de terras intocadas e selvagens, fugindo de predadores, sobrevivendo à fome e à agonia dos ferimentos mais terríveis, a fim de concluir seu objetivo.
Inspirado em fatos reais e escrito em uma prosa arrebatadora, O Regresso é uma notável história de obsessão, um romance sobre um homem cuja vida foi ao mesmo tempo salva e condenada pela sede de vingança.

Trumbo - Bruce Cook
A Vida do Roteirista Ganhador do Oscar Que Derrubou a Lista Negra de Hollywood
Em 1947, o jornal The Hollywood Reporter divulgou uma série de nomes de vários profissionais do cinema americano supostamente envolvidos com o comunismo. Todos os olhares do Congresso dos Estados Unidos se voltaram para a possibilidade de comunistas e simpatizantes estarem sutilmente instilando sua propaganda nos filmes de Hollywood. Dez pessoas foram intimadas a depor no Comitê de Atividades Antiamericanas – um grupo depois conhecido como os “Dez de Hollywood” –, e o roteirista Dalton Trumbo era seu principal nome.
Radical à própria maneira, franco e irônico, membro do Partido Comunista, Trumbo recusou-se a entregar qualquer informação. Foi julgado, declarado culpado por desacato ao Congresso e preso, em 1950. Começara a caça às bruxas da era McCarthy, e depois de cumprir pena Trumbo estava na lista negra de centenas de profissionais banidos de trabalhar para os grandes estúdios. Atuando por trás das câmeras, por quase uma década viveu de produzir roteiros clandestinamente, a preços medíocres, até que dois Oscars depois, e com o esvaziamento do macarthismo, Trumbo se tornou o primeiro integrante da lista a ser novamente creditado em uma produção, abrindo caminho para o fim definitivo da caça às bruxas em Hollywood.
Trumbo é uma biografia franca de uma figura exuberante, que esteve no epicentro de um dos períodos mais tumultuados da história americana recente. Apesar da notoriedade como escritor e do apogeu como o mais bem pago roteirista de sua época, criador de épicos como A princesa e o plebeu, Exodus, Spartacus e Papillon, nenhuma das criações de Dalton Trumbo é capaz de rivalizar com sua própria história.

A Arte do Descaso - Cristina Tardáguila
Em pleno Carnaval, quatro homens invadiram o Museu da Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, e roubaram cinco obras de arte: um Dalí, um Matisse, um Monet e dois Picassos, cujo valor estimado, na época, ultrapassava 10 milhões de dólares. Naquela tarde de 24 de fevereiro de 2006, os ladrões, de posse de uma granada, renderam os três seguranças, desligaram o sistema de câmeras de vigilância e fizeram nove reféns. Um dos invasores subiu em um móvel histórico para, com uma faca, cortar os fios de náilon que seguravam um dos quadros. Meia hora depois, saíram pela mata para nunca mais serem vistos. Até hoje se trata do maior roubo de arte do Brasil e do oitavo do mundo.
Decidida a desvendar o mistério, a jornalista Cristina Tardáguila chegou a se colocar em situações de risco a fim de encontrar respostas. Em sua jornada, ela viajou para a Europa e mergulhou no mundo obscuro dos crimes de arte. A partir de meticulosa apuração dos eventos, muito maior do que a da própria polícia conseguiu levantar, a autora produziu uma narrativa vibrante, cheia de reviravoltas dignas de um thriller, construída apenas com fatos.



Novidade de Janeiro - Paralela

16 de janeiro de 2016

58 Listas (33 úteis e 25 nem tão úteis assim) - Manu Barem
“A gente nasce, cresce, lava louça a vida inteira e morre.” É por essas e outras que Manuela Barem se tornou não exatamente a voz, mas o conjunto de caracteres que definiu uma geração na internet.
Mais que as 33 listas úteis e as 25 não tão úteis assim do título, temos em mãos um registro de como se vive nestes anos 2010: do saudosismo analítico dos pagodes do início da adolescência à constatação irrefutável de que ficou ainda mais difícil terminar relacionamentos na era das redes sociais.
Este é um livro para a geração Y e para quem quer entender o que se passa na cabeça dessa gente que se aventura — mesmo que titubeante — nesta etapa da vida adulta absoluta, cheia de trabalho, amor, festas infantis, fakes no Twitter e chatices no Facebook.
Entre uma louça suja e outra, porém, dá para apreciar uma ciranda da música brasileira que prova aquilo que todos desconfiávamos, mas achávamos que pudesse ser só reflexo do excesso de Faustão na nossa cabeça: todos os artistas da MPB estão interligados. (Duvida? Veja na página 98.)
É a chance também de conhecer as leis mais absurdas do Brasil, 31 cidades brasileiras com nomes terminados em “lândia” e os motivos pelos quais os verões dos anos 1990, os últimos verões da história da humanidade totalmente desconectados, deixaram saudade.
E, honestamente, também dá para se reconhecer nas pequenas mentiras do WhatsApp, nas incontáveis dúvidas amorosas e, quem sabe, até no caça-palavras do Charlie Brown Jr.

Novidades de Janeiro - Seguinte

15 de janeiro de 2016

Steve Jobs: Insanamente Genial - Jessie Hartland
Com uma narrativa ágil e divertida, esta biografia em quadrinhos apresenta a figura rebelde e carismática de Steve Jobs para uma nova geração de leitores, além de cativar os fãs que vivem e respiram toda a tecnologia criada por ele: a Apple, a Pixar, os Macs, os iPods, os iPhones e muito mais.
 Jessie Hartland mostra como Jobs foi um visionário, sem deixar de lado os demônios que o acompanhavam. Destaca os sucessos meteóricos, os retrocessos devastadores e as inúmeras contradições que resultaram numa vida extraordinária e no legado de um homem insanamente genial.


A Sereia - Kiera Cass
Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar - pois a voz da sereia é fatal -, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.

Coroa Cruel: Um conto da série A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard
Duas mulheres - uma vermelha e uma prateada - contam sua história e revelam seus segredos. Em “Canção da rainha”, você terá acesso ao diário da nobre prateada Coriane Jacos, que se torna a primeira esposa do rei Tiberias VI e dá à luz o príncipe herdeiro, Cal - tudo isso enquanto luta para sobreviver em meio às intrigas da corte. Já em “Cicatrizes de aço”, você terá uma visão de dentro da Guarda Escarlate a partir da perspectiva de Diana Farley, uma das líderes da rebelião vermelha, que tenta expandir o movimento para Norta - e acaba encontrando Mare Barrow pelo caminho.
O livro traz, ainda, um mapa de Norta e um trecho exclusivo de Espada de vidro, o segundo volume da série A Rainha Vermelha.


Novidades de Janeiro - Companhia das Letras

14 de janeiro de 2016

Uma História de Solidão - John Boyne
Odran Yates era um garoto tímido nascido na Irlanda dos anos 1950. O país tinha uma longa tradição católica, e as leis da Igreja moldavam a sociedade com rigor claustrofóbico. Filho de um pai alcoólatra, que morreu com a certeza de que era um grande ator, e de uma mãe que abandonara a carreira de aeromoça para cuidar da família, Odran abraçou o caminho eclesiástico como único destino possível.
Primogênito de um lar disfuncional, que se tornou sufocante após uma tragédia familiar, Odran obedece à mãe e vai estudar em um seminário, onde conhece Tom Cardle, de quem se torna amigo. Ao contrário de Odran, tímido, inocente e reservado, Tom era irritadiço e rebelde. Não fossem os maus-tratos constantes do pai, ele nunca teria nem sequer passado em frente a uma igreja. Já Odran concluiria mais tarde que o sacerdócio era realmente adequado à sua personalidade.
Antes de se formar e ainda muito jovem, Odran fora designado para uma missão no Vaticano: caberia a ele servir pontualmente o café da manhã e o leite noturno do sumo pontífice - durante um ano, sete dias por semana -, incumbência que cumpriu com o rigor e o silêncio de “um fantasma”, como descreveria.
Da ingenuidade dos primeiros anos de colégio à descoberta dos segredos mais bem guardados da Igreja, o padre Odran Yates descreve uma Irlanda repleta de contradições e ódio por trás de um projeto social baseado nos bons costumes. Vive a decadência de seu ofício, que, diante de tantas denúncias de abuso sexual, passa a ser visto com desconfiança.
Mais do que lidar com a vida sofrida daqueles que ama e as implicações políticas de seu trabalho, o padre Yates tenta fazer um acerto de contas com a própria consciência, depois de ter sido convencido de que era inocente demais para entender o que ocorria ao seu redor.

Kaos Total - Jorge Mautner
Para celebrar os 75 anos de Jorge Mautner, João Paulo Reys e Maria Borba selecionaram uma amostra de seu acervo inédito e uniram ao material à totalidade de suas letras, parte mais cultuada de sua obra. O volume abre com um explosivo caderno de imagens: as pinturas de Mautner, nunca publicadas em livro, de estética aparentemente naïf, mas que quando apreciadas com cuidado comprovam rigor na combinação das cores e formas. Em seguida, a compilação de letras. Pérolas como “Maracatu atômico”, “Lágrimas negras” e “Vampiro”, dispostas em ordem cronológica e por álbum, revelam a fecundidade do cancioneiro de Mautner, que desde os anos 1960 enriquece nossa cultura com sua inventividade. Algumas músicas, como “O rouxinol”, flertam com o universo infantil, enquanto outras exigem alto grau de abstração, como "Tempo sem tempo". Encerram o bloco canções inéditas. Os poemas trazem mais uma face pouco familiar do artista múltiplo. O que vemos é um jorro aparentemente incontido de sentimentos e palavras, orientado por rimas e ritmo. Ou então a concisão de um poema de um só verso: “E agora sobrou o nada”. Na seção de prosa poética, deparamos com alguma ficção, poemas narrativos e em verso livre, reflexões que passeiam com naturalidade por objetos tão variados quanto Freud, Bob Dylan e Schöenberg, além do programa do Partido Revolucionário do Kaos.
Os fragmentos finais trazem a radicalidade da criação mautneriana, mesclando ícones próprios como flechas de Oxóssi e claves de sol com os símbolos de nosso alfabeto. As múltiplas exclamações, que aparecem ao longo do livro, são ainda mais frequentes nos fragmentos: marcas da hipérbole que caracteriza o pensamento de Jorge.
O rastro do “filho do Holocausto” está em versos que tematizam a barbárie das guerras, da fome, da bomba atômica. Por outro lado, o amor singelo e o humor brincalhão trazem leveza a estas páginas. A riqueza não tem fim.
Como diriam os curadores, “sua obra é sua vida. O Kaos total, Jorge Mautner, nunca se encerra, está sempre vivo e em movimento”.

Como Curar Um Fanático - Amós Oz
O romancista Amós Oz cresceu na Jerusalém dividida pela guerra, testemunhando em primeira mão as consequências perniciosas do fanatismo. Em dois ensaios concisos e poderosos, o autor oferece uma visão única sobre a natureza do extremismo e propõe uma aproximação respeitosa e ponderada para solucionar o conflito entre Israel e Palestina. Ao final do livro há ainda uma contextualização ampla envolvendo a retirada de Israel da Faixa de Gaza, a morte de Yasser Arafat e a Guerra do Iraque.
A brilhante clareza desses ensaios, ao lado do senso de humor único do autor para iluminar questões graves, confere novo fôlego a esse antigo debate. Oz argumenta que o conflito entre Israel e Palestina não é uma guerra entre religiões, culturas ou mesmo tradições, mas, acima de tudo, uma disputa por território - e ela não será resolvida com maior compreensão, apenas com um doloroso compromisso.
Não se trata, argumenta Oz, de uma luta maniqueísta entre certo e errado, mas de uma tragédia no sentido mais antigo e preciso do termo: uma batalha entre o certo e o certo.
Sem temer a polêmica, o livro apresenta argumentos precisos favoráveis a uma solução que acomoda dois estados nacionais diferentes e também realiza um diagnóstico sutil sobre a natureza do fanatismo, calcada na predominância dos sentimentos sobre a reflexão.
Esclarecedor e inspirado, Como curar um fanático é uma voz de sanidade em meio à cacofonia das relações entre Israel e Palestina - voz que ninguém pode se dar ao luxo de ignorar.

Ponto de Fuga - Ana Maria Machado
Ponto de fuga, fruto da participação de Ana Maria Machado em eventos literários, reúne treze ensaios que mostram por que a escritora se tornou uma referência na literatura brasileira. Com mais de cem livros publicados nos últimos quarenta anos, ela não se limitou apenas ao ofício de escrever, mas dedicou boa parte de sua carreira a uma reflexão profunda e generosa a respeito dos leitores e da literatura, muitas vezes rompendo paradigmas sobre temas que pareciam consolidados. Sua obra já vendeu mais de 20 milhões de exemplares, ajudando a reposicionar o status da literatura infantil no país, e seus ensaios apontam um olhar para questões mais amplas, como as nuances do mercado editorial, o papel dos professores nas escolas, a literatura infantojuvenil e o despreparo dos professores nas redes de ensino. Engana-se, porém, quem acredita que sua crítica é desesperançosa ou pessimista. Como leitora apaixonada, Ana Maria prova, entre erros e acertos, que houve avanços importantes e que, mais do que abundância de recursos, o que está em jogo é a dificuldade de extinguir o espírito burocrático na formação do leitor.