Caixa de Correio #57 - Novembro

30 de novembro de 2016

Ainda no ritmo de atualizar o blog programando postagens e tampando buracos por causa da minha completa falta de ânimo, tempo e saco, bora ver os livritchos que chegaram pra mim no mês de Novembro. Dessa vez o mês foi bem magrinho se comparado com os outros, mas confesso que me senti aliviada... Final de ano chegando, as editoras começam a se enrolar com a trabalheira sem fim e os livros não chegam nunca, eu também não fico atrás com as pendências que acumulei, e seja o que Deus quiser... Pelo menos não comprei nada porque não tô podendo, né... Dinheiro é raridade aqui ultimamente.

Novidades de Novembro - Leya

29 de novembro de 2016

O Herói das Eras - Mistborn: Nascidos da Bruma #3 - Brandon Sanderson

O capítulo final da trilogia Mistborn, de Brandon Sanderson Após subverter a lógica dos livros de fantasia tradicional e arrebatar uma quantidade incrível de admiradores, entre eles George R. R. Martin em pessoa, Brandon Sanderson encerra a trilogia fantástica Mistborn de forma no mínimo surpreendente. Para acabar com o Império Final e restaurar a liberdade, Vin matou Lord Ruler. Mas, em consequência, poderosos terremotos causaram o retorno das trevas, e a humanidade parece estar definitivamente condenada. Resta saber como Vin poderá se livrar da culpa e reverter este cenário. A conclusão da série promete não decepcionar os leitores dos dois primeiros volumes, já que está repleta de revelações e reviravoltas, dignas dos leitores mais exigentes.

Assombro - Chuck Palahniuk

Chuck Palahniuk em estado puro. Você não será mais o mesmo após ler este livro.
Assombro é um romance de histórias construído a partir de 23 contos horripilantes, divertidos e de virar o estômago. Eles foram contadas por pessoas que responderam a um anúncio para escritores que propunha uma experiência semelhante ao do programa “Survivor”, em que o anfitrião controla as fontes de aquecimento, energia e comida. Na medida em que os contadores de histórias ficavam mais desesperados, seus contos se tornavam mais extremos, já que eles fariam de tudo para desenvolver a trama mais chocante e ganharem reality show. Com certeza, um dos livros mais perturbadores de todos os tempos, que só poderia ter saído de uma mente como a de Chuck Palahniuk.

Alien: Mar de Angústia - Alien #2 - James A. Moore

A esperada – e ainda mais horripilante – continuação da trilogia Alien
Prepare-se para mergulhar ainda mais fundo no mundo tenebroso de Alien com o segundo e esperado volume da trilogia de horror que permanece como uma das mais populares entre os fãs de ficção científica. Resgatando o clima de suspense dos filmes, Alien – mar de angústia promete trazer de volta monstros terríveis, naves espaciais, androides e uma das maiores heroínas que conquistou toda uma geração: Ellen Ripley.
Conheça Alan Decker, cujo trabalho é fazer com que os assentamentos em LV178 cumpram todas as regras, mantendo os colonos a salvo. Mas o planeta conhecido como New Galveston guarda segredos. A empresa que o explora também tem os seus, e Decker descobre que será forçado a integrar uma equipe de mercenários que deve investigar uma antiga escavação. Em algum lugar no buraco há muito esquecido, está o que a companhia mais quer no universo: um xenomorfo vivo. O que Decker não entende é porque eles precisam justamente dele, até que seu próprio passado retorna para assombrá-lo. Tempos atrás, seu pai combateu os Aliens, despertando uma vingança sangrenta que nunca chegou a ser concluída. Até que as criaturas juraram vingança contra o Destruidor.

Histórias da Gente Brasileira - Império #2 - Mary Del Priore

Quantos heróis, líderes e grandes figuras fazem a história de um país? Cem, duzentos, ou até menos. Contada de forma tradicional, ela privilegia um seleto grupo de personagens ilustres. Mas não são eles que definem a nação da forma como a conhecemos. A história de um país é traçada por milhares de anônimos, homens e mulheres que constroem caminhos e jeitos de viver e se relacionar. A história do Brasil é escrita no dia a dia, pela totalidade das suas gentes. Após o sucesso do primeiro volume da coleção, chega às lojas Histórias da gente brasileira vol. 2 – Império, de Mary Del Priore. Neste livro, a escritora e historiadora premiada aborda um dos momentos mais interessantes de nossa trajetória, a partir de um ângulo que vai além do convencional ao focar nos detalhes da vida cotidiana. Hábitos, costumes, modos de vestir, de falar, moradias, divertimentos, o papel da mulher... Nada passa despercebido pelo olhar sensível e acurado de Priore. Ricamente ilustrado, o livro traz ainda reflexões sobre a formação das grandes cidades - ajudando a explicar as diferenças regionais que até hoje marcam o país, além de questionar o mito do “homem cordial” ao contar com minúcias como se deram as diversas revoltas que explodiram neste período. Portanto, que tal olhar pelo buraco da fechadura e descobrir o que há por trás das cortinas do Brasil Império? Este é o segundo volume da coleção “Histórias da gente brasileira”, que contará ainda com outros dois livros sobre a República.

Gestapo: Mito e realidade da polícia secreta de Hitler - Frank McDonough

A máquina de investigação secreta de Hitler, finalmente desvendada. A “Gestapo” foi a polícia secreta de Adolf Hitler. Parte de um todo poderoso sistema tipo “Big Brother” dentro do estado totalitário nazista, seu objetivo principal era caçar e exterminar os “inimigos do povo”. Desenvolvido a partir de uma detalhada pesquisa em arquivos nunca tornados públicos, este livro retrata de forma viva e fascinante as histórias perturbadoras de pessoas – ordinárias e extraordinárias – que caíram na rede de intrigas da Gestapo, seja como informantes ou equipe. Revela, também, os métodos eficientes e o sangue-frio dos oficiais que trabalharam para a organização.

Born to Run - Bruce Springsteen

Bruce Springsteen por ele mesmo: a autobiografia que está sacudindo o mundo.
Um dos artistas mais admirados e influentes da história do rock and roll mundial, Bruce Springsteen passou os últimos sete anos escrevendo secretamente a história de sua vida. O resultado é Born to run, esta autobiografia extraordinária, que a LeYa publica quase que simultaneamente ao lançamento mundial.
O livro, que se tornou um best seller instantâneo e atualmente ocupa a quinta posição entre os mais vendidos da Amazon americana, carrega a mesma honestidade, humor e originalidade que Bruce imprime a suas canções. Nele, o músico descreve sua criação católica, a obsessão pela carreira musical, o início em bares ao apogeu da E. Street Band e, com muita sinceridade, fala pela primeira vez das batalhas pessoas que inspiraram seus melhores trabalhos.
Born to Run será reveladora para qualquer um que goste de Bruce Springsteen, mas vai muito além das memórias de um legendário astro do rock. Este é um livro para trabalhadores e sonhadores, pais e filhos, apaixonados e solitários, artistas, loucos, e qualquer um que já tenha desejado ser batizado nas águas do rio sagrado do rock and roll. E se torna indispensável por trazer a reflexão sobre o posicionamento do artista e o papel da cultura em um contexto de crise e perda de valores humanos.
Raramente uma lenda como Bruce contou sua própria história com tanta força e vigor. Como nas canções (“Thunder Road,” “Badlands,” “Darkness on the Edge of Town,” “The River,” “Born in the U.S.A,” “The Rising,” e “The Ghost of Tom Joad,” para ficar somente com algumas), sua autobiografia foi escrita com o lirismo de um poeta singular e a sabedoria de um homem que refletiu profundamente sobre suas experiências.

Perguntem a Sarah Gross - João Pinto Coelho

"Um mistério que remonta ao mais terrível dos locais: Auschwitz."
Em 1968, a jovem professora Kimberly Parker atravessa os Estados Unidos para ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por Sarah Gross, uma mulher carismática e misteriosa. Ela foge de um segredo terrível e procura paz em St. Oswald’s. Mas uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas de um passado avassalador. Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; nos campos de Auschwitz (quando ali ainda existia uma cidade), Kimberly mergulha numa historia brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou. Rigoroso, imaginativo e cinematográfico, Perguntem a Sarah Gross é um romance que nos leva ao local que se tornou o mais famoso campo de extermínio da história. Obra finalista do premio LeYa, em 2014.

À sombra do poder: Os bastidores da crise que derrubou Dilma Rousseff - Rodrigo de Almeida

Os bastidores da queda de Dilma Rousseff, de dentro do Palácio da Alvorada.
No dia 12 de maio de 2016, a presidente Dilma Rousseff foi afastada provisoriamente do cargo com a instalação do processo de impeachment que, três meses depois, culminaria com a posse de seu vice, Michel Temer. A agonia do governo foi acompanhada de perto pelos brasileiros que, contra ou a favor da permanência de Dilma no poder, grudaram seus olhos nas telas de TV e páginas de jornal em busca de mais detalhes dos acontecimentos.
Agora, o público terá a chance de conhecer os bastidores de sua queda vistos de dentro do Palácio da Alvorada. Secretário de imprensa da presidente nos últimos nove meses de mandato, o cientista político e jornalista Rodrigo de Almeida acompanhou e trabalhou na administração das crises mais agudas que construíram o calvário presidencial.
À sombra do poder une a força de um relato jornalístico preciso à análise arguta da sequência de problemas externos e internos enfrentados pelo governo para manter-se em pé. Os problemas com o Congresso, a Lava-Jato, o vice-presidente conspirador, o abandono dos partidos da base aliada, a polêmica nomeação de Lula para a Casa Civil, Eduardo Cunha, o distanciamento em relação ao PT e o estado de espírito de Dilma até as últimas horas antes de ser afastada temporariamente fazem parte deste livro imprescindível para quem busca conhecer os detalhes de um episódio fundamental da história política do país.

Novidades de Novembro - Novo Conceito

28 de novembro de 2016

Sete Minutos Depois da Meia-Noite - Patrick Ness

Conor é um garoto de 13 anos e está com muitos problemas na vida.
A mãe dele está muito doente, passando por tratamentos rigorosos. Os colegas da escola agem como se ele fosse invisível, exceto por Harry e seus amigos que o provocam diariamente. A avó de Conor, que não é como as outras avós, está chegando para uma longa estadia. E, além do pesadelo terrível que o faz acordar em desespero todas as noites, às 00h07 ele recebe a visita de um monstro que conta histórias sem sentido.
O monstro vive na Terra há muito tempo, é grandioso e selvagem, mas Conor não teme a aparência dele. Na verdade, ele teme o que o monstro quer, uma coisa muito frágil e perigosa. O monstro quer a verdade.
Baseado na ideia de Siobhan Dowd, Sete minutos depois da meia-noite é um livro em que fantasia e realidade se misturam. Ele nos fala dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para ultrapassá-los.

O Amor em Primeiro Lugar - Emily Giffin

Uma tragédia familiar muda tudo na vida das irmãs Josie e Meredith. A tristeza torna-se algo recorrente, mas elas fazem de tudo para seguir em frente. E seguem... Quinze anos mais tarde, Josie e Meredith não têm um relacionamento harmonioso. As diferenças de personalidade delas, que já existiam antes da tragédia, estão ainda mais acentuadas. Elas se veem com frequência, mas não se entendem. Uma vida marcada pela tristeza velada e por segredos que as afastam cada vez mais. Será que Josie e Meredith vão conseguir se libertar de seus medos e se abrir para o novo? Será que, finalmente, elas conseguirão seguir em frente de verdade? “O Amor em Primeiro Lugar” é uma fascinante história sobre família, amizade e a coragem de seguir o próprio coração.

Um Gato de Rua Chamado Bob - James Bowen

James é um músico de rua lutando para reerguer-se. Bob É Um Gato de Rua à procura de um lugar quente para dormir. Quando James encontra Bob no corredor de seu prédio, não tem ideia do quanto sua vida está prestes a mudar. Ele, despretensiosamente, cuida de Bob e, depois, permite que o gato siga seu caminho, imaginando que nunca o verá novamente. Mas Bob jamais o abandonaria... “Um Gato de Rua Chamado Bob” é uma sensação internacional, permaneceu na lista dos mais vendidos na Inglaterra por 52 semanas consecutivas e foi publicado em 26 países ao redor do mundo. Uma história comovente de superação sobre uma improvável amizade entre um homem e o gato que o adotou e transformou sua vida completamente.

Sanctum - Madeleine Roux

27 de novembro de 2016

Título: Sanctum - Asylum #2
Autora: Madeleine Roux
Editora: V&R
Gênero: Juvenil/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 384
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Visões. Vozes. As lembranças do verão passado, vividas no alojamento Brookline do New Hampshire College, são as mais aterrorizantes da vida de Dan, Abby e Jordan. Uma experiência traumática que eles querem esquecer. Porém, seguir em frente não será uma opção. Alguém quer manter vivo aquele terror. Os três jovens estão recebendo cartas anônimas com palavras enigmáticas e fotos de um antigo parque de diversões. Para dar fim nesse pesadelo, eles irão se disfarçar de candidatos e voltar por um fim de semana ao campus do NHC. E, ao chegar lá, eles vão descobrir que aquele parque das fotos não só é real como também voltou a funcionar. Agora, a cada pista que tentam desvendar, Dan e seus amigos descobrirão segredos ainda mais sombrios do que haviam imaginado. Além de correrem muito mais perigo. Para se salvar, eles não poderão perder o controle.

Resenha: Sanctum é o segundo volume da série Asylum escrita pela autora Madeleine Roux.
Em Asylum, primeiro livro, a autora introduz o leitor num universo sombrio e cheio de suspense ambientado num antigo manicômio transformado em colégio e os jovens Dan, Abby e Jordan, começam a investigar sobre os mistérios do lugar. Mas Dan começa a ter pesadelos e ser atormentado com o progresso das investigações e com base nessa premissa o enredo vai se desenrolando.

Desta vez, algum tempo já se passou desde os acontecimentos iniciais da série, mas Dan não deixou de ter pesadelos e ainda pensa em tentar desvendar todos os mistérios que cercam o alojamento Brookline do New Hampshire College, mesmo que eles o tenham aterrorizado.
Dan, Abby e Jordan querem esquecer os maus bocados que passaram mas quando eles começam a receber cartas com textos e fotos misteriosas percebem que o que foi iniciado não chegou ao fim.
Eles bolam um plano e decidem se disfarçarem de alunos a fim de conseguirem uma vaga na Universidade New Hampshire College, mas, obviamente, as coisas não são tão simples como eles gostariam... Conhecer um pouco da história do lugar não é garantia de segurança, e ter pistas do que está por vir não é indício de que vão resolver coisa alguma.
Momentos aterrorizantes repletos de perigos os aguardam, e numa trama onde o que é real se mistura com o imaginário, o trio não pode perder o controle, caso contrário serão tomados pela loucura...

Eu havia considerado o primeiro livro mediano devido a construção infantil e rasa dos personagens, mas neste volume houve um pouco mais de amadurecimento. O rumo que a história toma também é mais surpreendente e envolve questões que o leitor se vê ansiando por respostas, mas além de várias coisas serem apresentadas de forma super conveniente e quase inacreditável, e o romance entre Dan e Abby ter ido parar no limbo sem motivo aparente, senti falta de maiores detalhes sobre os acontecimentos e sobre o próprio cenário. Acredito que em outros gêneros seja possível manter um ritmo linear sem muito aprofundamento e indo direto ao ponto, mas numa história que envolve tantas questões e elementos ligados ao psicológico e seus mistérios, principalmente quando esperando por coisas aterrorizantes, eu sinto falta de maiores descrições e explicações, e a escrita ser fluída, leve e divertida nem sempre compensa quando há esse contraste.

Talvez ter lido os livros extras, que acrescentam pontos importantes à história e foram realmente interessantes de se acompanhar, tenha me deixado mais animada pra continuar a leitura da série e digo que valeu a pena mesmo que tenha sido previsível e ter um desfecho feito às pressas, só não me surpreendi como pensei. Scarlets, o livro 1.5, foi um conto que cumpriu seu papel ao anteceder e preparar o leitor para Sanctum e, mesmo que não seja obrigatório, ao final da leitura penso que se eu não tivesse lido talvez ficasse com a sensaçao de que perdi alguma coisa relevante.

O ritmo inicial é lento até que as coisas comecem a acontecer de verdade, mas apesar dos pontos que mencionei acima, num contexto geral, a história é interessante e me prendeu mais do que o primeiro livro. A introdução de novos personagens, alguns deles já apresentado no livro extra, e a participação dos Scarlets, dão um tom ainda mais sombrio à trama e elevaram o nível da história, mas ela não é de terror, mas sim um suspense mais leve.

O trabalho gráfico, como sempre, é de se admirar. A V&R arrasa em capas e diagramações e com Sanctum não foi diferente. O livro tem detalhes coloridos, imagens estranhas com intuito de causar desconforto e combina bem com os demais da série.

Pra quem procura por uma leitura de suspense juvenil que apresenta uma trama interessante com elementos místicos e sobrenaturais, pode apostar na série.

Trama - Michael Jensen e David Powers King

26 de novembro de 2016

Título: Trama
Autores: Michael Jensen e David Powers King
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/YA
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O sonho de Nels era ser cavaleiro do reino de Avërand. Filho obediente, ajudava como podia os moradores de sua pequena e tranquila aldeia. Querido por todos e tratado como herói, acreditava que logo seria selecionado como escudeiro da cavalaria.
Mas isso foi antes de ser assassinado por uma figura misteriosa.
Nels virou um fantasma, e agora só uma pessoa consegue vê-lo: a princesa Tyra, herdeira do reino e sua única esperança de entender o motivo do crime. A princípio, a jovem mimada não dá a menor confiança para o rapaz, mas, à medida que o mistério da morte dele vai se desenrolando, os dois percebem que têm em comum um segredo e um inimigo terrível, que pode se disfarçar de qualquer pessoa.
Nels e Tyra não têm escolha. Precisam fugir do castelo, desbravar um mundo oculto repleto de magia e espectros sombrios e encontrar uma agulha, a relíquia capaz de remendar o que foi descosturado na Grande Tapeçaria. E o tempo corre contra eles, pois o fio de Nels está prestes a desaparecer para sempre.
Resenha: Trama é uma fantasia medieval voltada para o público jovem adulto e escrita pelos autores Michael Jensen e David Powers King. O livro foi publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Entre castelos e vilarejos, num cenário onde nobreza e camponeses da aldeia se dividem no reino de Avërand, existem três clãs que utilizam de magia: os urdidores (que usam a mágia através da costura), as profetizas (capazes de ver o futuro) e os conjuradores (os magos do reino).
Os urdidores são aqueles que mantém a Grande Tapeçaria (a trama) e nela ficam os registros de tudo o que se passa na Terra.

Neste pano de fundo, somos apresentados a Nels, um menino que mora na Vila das Pedras e sonha em ser escudeiro, e mais tarde quer se tornar um grande cavaleiro, mesmo que sua mãe, superprotetora, não o apoie nisso. Mas Nels decide não dar ouvidos à ela e parte para o festival desafiando o melhor cavaleiro do reino numa competição onde o vencedor ganharia um beijo da princesa Tyra. Mas as coisas não saem muito bem como planejado e o resultado desse evento acaba ligando o destino dos dois e mudando o curso do próprio reino...
Nels acaba sendo assassinado e se torna um fantasma, e a única pessoa capaz de vê-lo é Tyra. A morte de Nels está cercada de mistério e, de acordo com a Trama, não deveria ter acontecido. Mesmo que a princípio Tyra não tenha dado muita importância ao ocorrido, com o desenrolar dos fatos os jovens percebem que possuem mais coisas em comum - e muito importantes - do que imaginaram, além de um inimigo muito perigoso em seus encalços: Rasmus. Nels e Tyra se unem e fogem do castelo para adentrarem num mundo oculto e misterioso a fim de tentarem consertar o que foi feito. E numa aventura repleta de magia, eles vão tentar derrotar o assassino de Nels além de irem em busca de uma relíquia capaz de reparar fatos do destino: uma agulha para remendar o que fora descosturado na Grande Tapeçaria.

Narrado em terceira pessoa, os capítulos se intercalam entre os pontos de vista de Nels, Tyra e Rasmus. E mesmo que a narrativa seja feita em terceira pessoa, o que permite ao leitor ter uma perspectiva mais ampla acerca dos acontecimentos, é perfeitamente possível distinguir os personagens de acordo com suas personalidades e atitudes.
As descrições são detalhadas mas nunca são feitas em excesso, sendo possível imaginar toda a ambientação da história e entender o que se passa sem que haja confusão diante dos elementos apresentados, que mesmo sendo muitos são bem simples, e dos detalhes do enredo. Há elementos sobrenaturais/paranormais e subtramas envolvendo os personagens que não estão alí por acaso, e elas tem ligações importantes com o enredo principal e que fazem alguma diferença na história.

Os protagonistas são bem construídos, com personalidade forte e se ajudam de forma mútua mesmo que haja dificuldades e nenhum deles nunca se sobrepõe ao outro.
Nels é um garoto de ouro e tem um coração enorme. Seu passado é um mistério para ele próprio mas seu futuro já havia sido traçado desde quando ele nasceu e a princesa Tyra tem papel fundamental em seu destino. Inicialmente ela demonstra ser muito mimada e cheia de ressentimentos por ter que assumir um reino que seu pai parece não dar a devida importância, e ter que se submeter às vontades do pai das quais ela não entende fez com que ela ficasse muito amarga. Claro que quando ela e Nels se juntam as coisas mudam e ela passa a enxergar o mundo com outros olhos...
Mesmo que Rasmus seja um vilão diabólico, eu gostei do papel que ele teve na história pois além de ter sido muito bem desenvolvido, ele é o exemplo cru do que uma pessoa se dispõe a fazer para ter poder e alcançar seus objetivos, por mais sombrios que sejam.

A capa é simples e tem tudo a ver com o enredo, desde o anel até a agulha que passa pelo título da obra. A diagramação é simples, os capítulos possuem títulos e têm detalhes de agulha e linha no início de cada um deles. As páginas são amarelas e não percebi erros de revisão.

Pra quem gosta de uma história envolvente e original, repleta de fantasia e recheada de bom humor, aventura, muita ação, magia e toques sobrenaturais, é livro mais do que indicado.

Uma História Incomum Sobre Livros e Magia - Lisa Papademetriou

25 de novembro de 2016

Título: Uma História Incomum Sobre Livros e Magia
Autora: Lisa Papademetriou
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 192
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Duas meninas encontram um livro mágico e cada uma se vê envolvida numa história que parece ser contada sozinha.
Kai chega ao Texas para visitar sua tia-avó Lavinia – uma senhora extravagante, durona e fã de hip-hop. Do outro lado do mundo, no Paquistão, Leila deseja ser tratada como uma princesa pela família de seu pai e viver fortes emoções. Elas só não fazem ideia de que seus mundos completamente diferentes estão prestes a se chocar graças a um enigmático livro em branco.
Quando Kai escreve no livro, suas palavras magicamente aparecem no exemplar de Leila. As meninas então percebem que "O Cadáver Excêntrico" reage a cada frase acrescentada – não importa se foi inspirada pelo ataque de um chihuahua ou por um mal-entendido com uma cabra – com um trecho da história de amor vivida por Ralph Flabbergast e Edwina Pickle mais de cinquenta anos antes.
Uma História Incomum Sobre Livros e Magia entrelaça essas três perspectivas – de Kai, Leila e Ralph – de uma forma divertida e emocionante. É uma narrativa mágica sobre o destino e os laços invisíveis que nos ligam uns aos outros. 
Resenha: Uma História Incomum Sobre Livros e Magia é uma fantasia juvenil escrita pela autora americana Lisa Papademetriou e publicada no Brasil pela Editora Arqueiro.

Kai e Leila são garotinhas que vivem em locais opostos do mundo e, aparentemente, não têm nada em comum. Kai acabou de chegar no Texas para visitar sua tia-avó e, ao explorar a casa, descobriu um exemplar do livro "O Cadáver Excêntrico" que, de cara, chamou sua atenção.
Leila vive no Paquistão e seu maior sonho é ser tratada como uma verdadeira princesa, vivendo um conto de fadas repleto de aventuras e emoções. Na casa dos tios, assim como Kai, ela também encontra um exemplar do mesmo livro.
O que ninguém esperava é que esse livro composto por páginas em branco reage a cada frase inserida, tornando possível a construção de uma história de amor inesperada e mágica. As meninas vão preenchendo as páginas com frases simples, e a partir delas o livro começa a contar a história de Ralph e Edwina de modo que uma nova parte do romance deles, que aconteceu ha várias décadas, é revelado a cada frase escrita por uma delas.
Gradualmente, o mistério por trás do livro que se escreve sozinho vai se revelando, assim como mais detalhes acerca do casal do qual a história está sendo contada. E a partir daí, o conteúdo do livro começa a se entrelaçar com a vida de Kai e Leila.

Narrado em terceira pessoa com capítulos que se intercalam entre as protagonistas, Uma História Incomum Sobre Livros e Magia traz uma escrita fluída, leve e bastante rápida. A linguagem fácil e acessível, assim como o mistério que se sustenta de forma simples, também colaboram para um maior envolvimento com a história. Em alguns pontos o leitor se depara com alguns comentários pelo narrador da história, o que dá a impressão de que o livro está interagindo conosco, e isso acaba sendo um ponto positivo não apenas por fazer da leitura algo divertido e descontraído, mas por fazer com que o leitor participe da história.

Eu gostei das meninas de forma geral, mas a forma como Kai foi retradada soou mais interessante por ela estar mais próxima dos personagens do livro. Kai é mais reservada mas é muito decidida quando quer alguma coisa, enquanto Leila faz o estilo romântica, sonhadora, que acredita em finais felizes. Ambas são carismáticas à sua maneira e com características próprias que as tornam únicas.

Tudo que parece ficar em aberto durante a leitura é resolvido ao final, talvez de uma forma mais corrida do que eu imaginei, A autora também não parece ter se preocupado em se aprofundar nos mínimos detalhes dos personagens, mas no caso desse livro em particular, não foi um ponto negativo pra mim já que o que deve ser aproveitado é a questão da fantasia em si e a ingenuidade das jovens, e isso, ao meu ver, foi feito de forma criativa com um toque de esperança no final.

A edição da Arqueiro é bem caprichada. A capa é linda e tem tudo a ver com a história, a diagramação é bem feita com ilustrações do local onde a história se passa para que o leitor possa se situar e não percebi erros na revisão.

Pra quem gosta de uma leitura leve e descompromissada que evidencia a fantasia de uma forma bastante cativante e original, com certeza vai gostar.


Duff - Kody Keplinger

24 de novembro de 2016

Título: Duff
Autora: Kody Keplinger
Editora: Globo Alt
Gênero: YA
Ano: 2016
Páginas: 328
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Bianca Piper não é a garota mais bonita da escola, mas tem um grupo leal de amigas, é inteligente e não se importa com o que os outros pensam dela (ou ela acha). Ela também é muito esperta para cair na conversa mole de Wesley Rush - o cara bonito, rico e popular da escola - que a apelida de DUFF, sigla em inglês para Designated Ugly Fat Friend, a menos atraente do seu grupo de amigas. Porém a vida de Bianca fora da escola não vai bem e, desesperada por uma distração, ela acaba beijando Wesley. Pior de tudo: ela gosta. Como válvula de escape, Bianca se envolve em uma relação de inimizade colorida com ele. Enquanto o mundo ao seu redor começa a desmoronar, Bianca descobre, aterrorizada, que está se apaixonando pelo garoto que ela odiava mais do que tudo.

Resenha: Bianca Piper é uma adolescente inteligente que parece ser uma das poucas que usufruem do bom senso. Ela sempre está acompanhada de Jess e Casey, as duas melhores amigas lindas e que vivem chamando atenção por onde passam, e Bianca não se importa muito por ser diferente. Ela não liga pro que pensam sobre quem ela é ou o que faz ou deixa de fazer, até que Wesley Rush, o garoto mais lindo e popular da escola, a quem Bianca não gosta nem um pouco, decide ser legal com ela e bater um papo descontraído enquanto ela faz companhia - a contra gosto - pras amigas numa festinha. Mas Bianca acaba descobrindo que essa aproximação aconteceu por ela ser uma DUFF (Designated Ugly Fat Friend), ou seja, a amiga do grupinho que sempre sobra por ser feia e gorda.
Mesmo que Bianca nunca tenha se importado com a opinião alheia, essa descoberta começa a mexer com seus sentimentos pois ela sempre soube que as amigas eram mais bonitas e descoladas, mas ouvir isso da boca de alguém como Wesley foi um choque de realidade pra ela. Ela começa a entrar em conflito com os próprios ideais além de precisar lidar com um problema familiar bastante delicado.
Tudo fica um pouco mais complicado quando ela precisa fazer um trabalho da escola e Wesley é seu par, e numa situação inusitada, diante de um impulso totalmente maluco, os dois se beijam e, a partir dalí, começam a levar um relacionamento escondido. Mas ela é uma DUFF, quem garante que esse namorinho secreto vai durar ou que seja de verdade? E se Wesley estiver se aproveitando dela? E o que Bianca vai fazer quando descobre que esse rolo todo com ele está despertando sentimentos mais fortes nela?

Narrado em primeira pessoa através de uma escrita leve e bem humorada, vamos acompanhando os dilemas de Bianca com relação ao que ela passa em casa, na escola, com as amigas e com Wesley e tudo muito criativo e envolvente. A primeira impressão é que a história vai trazer um drama adolescente em que o casal que se odeia e não tem nada a ver um com o outro começa a se conhecer melhor e se apaixona como se não houvesse amanhã, mas a forma como o enredo é desenvolvido e os pontos que são levantados dão ao livro um tom mais do que especial. A autora aborda temas delicados e pertinentes acerca do universo adolescente, que não envolve somente as desventuras amorosas de dois jovens que não têm nada em comum, mas também o medo de arriscar investir no desconhecido por falta de experiências, a fuga da realidade e os artifícios usados pra isso, a sexualidade e suas consequências retratada de uma forma bem leve e natural, e, o mais importante ao meu ver, os rótulos e estereótipos impostos pela sociedade e a forma que as pessoas taxadas de alguma forma lidam com eles.

Eu gostei de Bianca e do seu jeitão "dane-se todo mundo", e mesmo quando ela começa a se sentir um pouco insegura com sua definição de DUFF dada por Wesley, seu progresso e as mudanças pelas quais ela passa foram importantes para seu amadurecimento, mesmo que às vezes ela ainda se comporte de maneira infantil. O comportamento dela pode fazer com que várias pessoas se identifiquem. Talvez uma pessoa que já saiu da adolescência faz tempo considere que essa fase é uma grande besteira, que os problemas são inúteis, que as escolhas são vazias e as atitudes desinteressantes e sem o menor nexo, mas através de Bianca e seus dilemas é possível perceber que os problemas que surgem na adolescência podem interferir no futuro e trazer consequências que podem ser, muitas vezes, irreversíveis, se não puderem ser tratados com a devida atenção.

Mesmo que a leitura traga reflexões nesse sentido, o livro não é pesado, muito pelo contrário. O bom humor, o sarcasmo, o toque de romance e os personagens bem construídos e que cativam o leitor com suas personalidades distintas tornam a história única, retratando pessoas próximas da nossa realidade, e que faz com que a gente pense sobre nossas transformações ao longo da vida enquanto descobrimos quem, de fato, somos.


O Erro - Elle Kennedy

23 de novembro de 2016

Título: O Erro - Amores Improváveis #2
Autora: Elle Kennedy
Editora: Paralela
Gênero: Romance/NA
Ano: 2016
Páginas: 280
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Logan parece viver uma vida de sonhos. Com um talento incrível para jogar hóquei e um charme inato para conquistar mulheres, ele é uma das maiores estrelas da universidade de Briar. Mas por trás do característico sorriso maroto, ele esconde duas grandes angústias – a primeira, estar apaixonado pela namorada de seu melhor amigo. A segunda, saber que sua vida, após a formatura, se tornará um beco sem saída.
Um dia, por acaso, ele conhece Grace, uma garota tão encantadora quanto intrigante. Tudo nela parece ser original e deliciosamente contraditório – tímida, mas ao mesmo tempo vibrante. Doce, mas ao mesmo tempo forte e confiante. A cada encontro, Logan se vê mais e mais envolvido. Mas um grande erro colocará o relacionamento desses dois jovens em risco.
Agora, Logan terá que se esforçar para reconquistar Grace – nem que para isso ele precise amadurecer e encarar de frente as suas questões mais profundas e doloridas.

Resenha: O Erro é o segundo volume da série Amores Improváveis (Off-Campus) escrita pela autora Elle Kennedy. O livro foi publicado no Brasil pelo selo Paralela, da Companhia das Letras.

John Logan faz o tipo irresistível. Lindo, charmoso, engraçado e cheio de piadinhas sarcásticas, ele é um cara cheio de atitude e parece ter a vida perfeita... Mas por tráz de tudo isso, além de enfrentar uma situação difícil e delicada que envolve sua família, ele ainda é apaixonado por Hannah, namorada de Garret, seu companheiro do time de hóquei e melhor amigo. Pra não estragar a amizade, Logan decide sair pra espairecer e parar de pensar em Hannah, mesmo sabendo que poderia ter qualquer garota aos seus pés, e, de forma inusitada, ele conhece Grace, uma garota doce e inteligente que está no primeiro ano da faculdade e, a princípio, planejava continar sendo a garota certinha que sempre foi, seguindo regras e sendo orgulho dos pais. Mas Grace parece estar cansada de não aproveitar sua juventude. Enquanto Ramona, sua melhor amiga, se diverte saindo com os caras e aproveitando as festas da faculdade, Grace foca nos estudos e sente que está perdendo alguma coisa. E por esse motivo ela decide que também vai curtir a vida, e isso acontece quando Logan aparece em seu quarto por engano. Este pequeno engano acabou rendendo aos dois um momento íntimo mas que não terminou como ela pensou... Então, Logan reconhece que deixou a pobre na mão, resolve se redimir e procurá-la outra vez, mas ele comete um erro nada agradável e essa pisada de bola acabou fazendo com que eles se afastassem.
O problema é que depois Logan cai na real e percebe que tem sentimentos por Grace, e ele fará o possível e o impossível pra reconquistá-la e ter uma segunda chance.

Quem leu O Acordo sabe que a simpatia que Logan desperta em qualquer um já é um caso antigo, e embora ele tenha algumas atitudes egoístas e seja inconveniente e arrogantes às vezes, é perfeitamente possível associar isso ao que ele sente, aos problemas que enfrente e esconde dos outros. É difícil ter uma queda pela namorada do melhor amigo, afinal, não escolhemos de quem gostamos, mas lutar contra isso é uma prova de que ele sabe o quão errado isso soa mesmo que isso o deixe destruído. Ele sente vergonha e o desconforto é evidente, mas se entregar à bebida e ficar com todas as garotas que aparecem em sua frente não é o remédio para isso, ele só não se tocou ainda, e nem encontrou alguém que fizesse seu coração balançar...
Ter um pai alcoólatra que só coloca ele e o irmão pra baixo também não é uma situação fácil pra se lidar. Ele precisou aprender a ter responsabilidades muito cedo, a cuidar da oficina do pai e encarar a realidade que o aguarda depois que se formar na faculdade. Mesmo que ele se dedique ao hóquei, ele sabe que terá que abrir mão de fazer disso uma carreira, então ao conhecer sua história de forma geral, Logan é aquele tipo de personagem a ser admirado, não só por ser lindo e irresistível, mas pelo que passou e pelo que ainda passa, mesmo que cometa erros. Isso só prova o quanto ele é real e humano.

Por outro lado, temos Grace. Ela tem um coração de ouro, mesmo que seja meio antissocial e fale pelos cotovelos quando fica nervosa, o que acaba fazendo dela um tipo de alívio cômico na história. Por mais que ela seja dedicada e sua vida seja mais fácil do que a de Logan, ela nunca menospresa os outros ou se sente superior a ninguém. Ela é divertida e tem o pé no chão, não se preocupa em agradar os outros fingindo ser quem não é e, incrivelmente, consegue se manter firme quando as coisas parecem estar desabando sobre sua cabeça. Talvez tudo que tenha passado tenha servido de experiência para sua nova vida, e com isso ela amadurece bastante no decorrer dos acontecimentos.

Eu gostei da química que Grace e Logan passaram a ter. Eles são bons juntos, de todas as maneiras, e mesmo que Logan possa pensar que inicialmente Grace não passe de uma distração, com o passar do tempo ele começa a enxergar o que ela, de fato, representa pra ele, e claro, o leitor se surpreende com um romance que acaba fugindo de clichês.
Às vezes fico com uma impressão meio negativa com a forma que os autores retratam a vida na universidade em livros desse gênero, que sempre gira em torno de "sexo, drogas e rock'n roll". É meio cansativo, confesso, mas acaba sendo um bom pano de fundo para o desenrolar do enredo que talvez seria diferente em outro cenário...

Mantendo o padrão do primeiro livro, as capas combinam entre si e a diagramação é simples e bem feita. Os capítulos são iniciados com o nome do protagonista da vez, os diálogos são apresentados com aspas em vez de travessão, as páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

A autora nos apresentou um romance new adult recheado de toques de muito bom humor e de momentos super calorosos. Essa combinação não decepciona e é impossível não se envolver com essa história que com certeza deixou uma marquinha no meu coração.


O Código da Vinci - Dan Brown

22 de novembro de 2016

Título: O Código da Vinci (Ed. Especial para Jovens)
Autor: Dan Brow
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção/YA
Ano: 2016
Páginas: 312
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse:Um assassinato dentro do Museu do Louvre traz à tona uma sinistra conspiração para revelar um segredo protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus Cristo. Com a ajuda da criptógrafa Sophie Neveu, o professor de Simbologia Robert Langdon segue pistas ocultas nas obras de Leonardo Da Vinci e se debruça sobre alguns dos maiores mistérios da cultura ocidental – do sorriso da Mona Lisa ao significado do Santo Graal. Mesclando os ingredientes de um envolvente suspense com informações sobre obras de arte, documentos e rituais secretos, O Código Da Vinci consagrou Dan Brown como um dos autores mais brilhantes da atualidade e agora chega em nova versão, especialmente preparada para o público jovem, com fotos coloridas que enriquecem ainda mais o livro.

Resenha: O famoso livro de Dan Brown, O Código da Vinci, agora chega em uma versão para jovens. Nessa aventura, Robert Langdon embarca com Shopie Neveu para desvendar diversos códigos e um segredo sobre o Santo Graal. Se Brown se consagrou como um escritor e vendeu milhares de cópias ao redor do mundo com suas obras mais adultas, essa releitura veio para angariar novos leitores e "simplificar" a trama que envolve segredos milenares que podem mudar o curso da sociedade para sempre.

O Código da Vinci, assim como outros títulos do autor, Robert Langdon é o protagonista e em todas suas aventuras é garantido que haverá muitos mistérios, códigos e segredos a serem desvendados pelo personagem e por quem lê. As histórias, que têm um teor bem adulto, trazem muitos traços de violência e até tortura. Nessa versão revisada, que contém cerca de cento e vinte páginas a menos, muito do que se era "pesado" demais foi retirado, deixando apenas o que era necessário para a compreensão do enredo.

O livro, que tem capítulos bem curtos e diretos, começa com um assassinato e acusações recaindo sobre Langdom. Todos os acontecimentos são detalhados, e a dinâmica dada a narrativa é atraente para o público que está iniciando seus passos na literatura e quer ter contato com uma história escrita por Dan Brown. Os personagens, que são devidamente aprofundados sem tomar o foco da trama para si mesmos, são parte fundamental para o enriquecimento da obra. Robert, um historiador e simbologista que já protagonizou mais aventuras, é, com certeza, merecedor dos fãs que conquistou ao redor do mundo.

Apesar da edição ser voltada ao público jovem e ter sofrido uma "enxugada" em relação à original, o texto não perdeu a essência. Muito dos mistérios e códigos estão presentes na narrativa, que é dinâmica e não abre espaço para que a história se torne entediante. O conteúdo brinca muito bem com hipóteses e "e se isso fosse verdade?". O enredo fala muito sobre Jesus Cristo, Maria Madalena e todos os acontecimentos retratados na Bíblia. Porém, com uma roupagem diferente, Dan Brown colocou dois protagonistas em busca de descobrir segredos que a igreja escondia e isso torna tudo muito empolgante. É possível que, no transcorrer da leitura, qualquer leitor possa se questionar sobre o que sabe de verdade sobre a história de Jesus.

O Código da Vinci, nessa nova versão, é mais do que satisfatória e cumpre o que um leitor jovem pode esperar. Iniciar no mundo da literatura, por vezes, requer o tipo de livro certo que possa despertar em alguém a vontade de continuar se aventurando em páginas e mais páginas. Aqui, temos uma história já conhecida com um teor mais leve, muito indicado para adolescentes. A aventura de Robert Langdon e Sophie Neveu, que já fez e faz muito sucesso entre os adultos, agora pode ser vivida por um público mais seleto e com uma faixa etária mais baixa. A leitura é indicação perfeita, que pode ser o pontapé inicial ideal para o avanço por tramas mais complexas.

O Cisne e o Chacal - J.A. Redmerski

21 de novembro de 2016

Título: O Cisne e o Chacal - Na Companhia de Assassinos #3
Autora: J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Suspense/Thriller
Ano: 2016
Páginas: 248
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Fredrik Gustavsson nunca considerou a possibilidade de se apaixonar - certamente nenhuma mulher entenderia seu estilo de vida sombrio e sangrento. Até que encontra Seraphina, uma mulher tão perversa e sedenta de sangue quanto ele. Eles passam dois anos juntos, em uma relação obscura e cheia de luxúria. Então Seraphina desaparece.
Seis anos depois, Fredrik ainda tenta descobrir onde está a mulher que virou seu mundo de cabeça para baixo. Quando está próximo de descobrir seu paradeiro, ele conhece Cassia, a única pessoa capaz de lhe dar a informação que tanto deseja. Mas Cassia está ferida após escapar de um incêndio, e não se lembra de nada. Fredrik não tem escolha a não ser manter a mulher por perto, porém, depois de um ano convivendo com seu jeito delicado e piedoso, ele se descobre em uma batalha interna entre o que sente por Seraphina e o que sente por Cassia. Porque ele sabe que, para manter o amor de uma, a outra deve morrer. 

Resenha: O Cisne e o Chacal é o terceiro volume da série Na companhia de Assassinos, escrita pela autora J.A. Redmerski e publicado no Brasil pela Suma de Letras.

Pra quem acompanhou os livros anteriores, com certeza ficou intrigado com Fredrik Gustavsson, o "interrogador" que torturava e matava suas vítimas a sangue frio e sem remorso algum. A ideia de ele ter tido um relacionamento e um passado diferente do presente em que vive me deixou muito curiosa acerca de sua história, assim como sua esposa "desaparecida", Seraphina, que conseguia ser ainda mais perversa e sanguinária do que Fredrik.
Seis anos se passaram desde a traição e o sumiço dela, e Fredrik ainda tenta encontrá-la por acreditar que ambos ainda possuem assuntos inacabados, mas próximo de descobrir o que buscava, ele conhece Cassia, uma mulher que parece ser a única capaz de lhe dar as informações das quais precisa. Cassia parece saber sobre Seraphina mas, devido a amnésia que sofre, não se lembra qual é a conexão que tem com ela nem nada sobre seu passado. Por isso Fredrik a mantém prisioneira há um ano, na esperança de que ela, um dia, recupere a memória e lhe diga o que ele quer saber, mas o convívio os tornou muito próximos, colocando o coração do assassino em cheque quando ele passa a questionar sobre seus sentimentos por essas duas mulheres que fazem parte de sua vida...

A história segue por essa linha, com Fredrik convivendo com Cassia, que sofre da dita síndrome de Estocolmo (a vítima se apaixona pelo seu sequetrador), ao mesmo tempo em que trabalha em alguns casos da Nova Ordem da qual Victor é o líder. Izabel também marca presença e tem um papel importante a desempenhar no enredo, assim como outros personagens já conhecidos nos livros anteriores. Mas mesmo que haja esta familiaridade e o leitor pense que sabe o que está acontecendo e qual o rumo a história irá levar, a autora cria reviravoltas que nos deixam de cabelo em pé, no bom e no mau sentido da coisa.

Fredrik não é o mocinho da história. O trabalho dele já deixa isso bem claro. Ele não só tortura as pessoas em busca de informações, mas ele aprecia o sofrimento que causa. Talvez a ideia de torturar somente quem seja culpado e livrar inocentes possa amenizar um pouco seu caréter duvidoso, mas ainda assim ele não deixa de ser um anti-herói sádico e que mexe com os sentimentos do leitor das formas mais inimagináveis possíveis. Como é possível ter alguma simpatia por alguém assim? Ele não deveria ser sempre odiado por fazer as coisas que faz? Claro que Fredrik tem um passado sombrio e perturbador e isso pode servir como justificativa para tentarmos entender o monstro que habita dentro dele, mas algumas coisas relacionadas ao relacionamento que ele cultiva com Cassia me deixaram bastante perplexa. Embora seja ficção, é impossível não sentir um incômodo enorme ao acompanhar Fredrik alegando a inocência de Cassia o tempo todo, se sentindo culpado por manter a pobre coitada sob cativeiro mas usando e abusando dela como bem entende. E ela se apegar e se apaixonar a ele, por mais que haja explicações para o comportameto doentio dos dois e o final reserve algo bombástico, não foi algo que consegui aceitar com tanta naturalidade assim... É difícil sentir alguma simpatia por uma personagem tão frágil e delicada como Cassia se submetendo aos caprichos de um maníaco, e mais difícil ainda é engolir Fredrik sendo tão machista como ele é.

No final das contas preferi considerar que são personagens suscetíveis a todo tipo de erro se considerarmos o contexto da história, a vida que tiveram antes e o caminho que seguiram independente de boas ou más escolhas. Isso não os tornam perfeitos, muito pelo contrário, são fatores que influenciam (mesmo que não justifiquem) suas atitudes e por esse motivo, por mais que eu não tenha aceitado muito bem a situação de forma geral e sentido repulsa muitas vezes, eu gostei e me envolvi com a história pois, querendo ou não, ela mexe com a gente. Não digo que achei melhor do que a história de Victor e Sarai/Izabel, mas foi um ótimo acréscimo à série e com certeza vou continuar acompanhando os próximos volumes.

A edição da Suma de Letras é um capricho só. A capa manteve a textura áspera e os mesmos tons de preto e branco com detalhes em vermelho, as páginas são amarelas, não percebi erros na revisão e de forma geral o trabalho está impecável.

Pra quem procura fugir de clichês românticos e quer ler algo mais dark e violento, a série é mais do que recomendada.

Azeitona - Bruno Miranda

20 de novembro de 2016

Título: Azeitona
Autor: Bruno Miranda
Editora: Outro Planeta/Planeta de Livros
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ian e Emília não trocaram mais que duas palavras desde que começaram a estudar juntos, mas é o nome dela que vem à mente dele quando precisa de uma parceira para um plano mirabolante: participar de um reality show sobre casais adolescentes que vão ser pais. Isso em troca de um cachê capaz de resolver todos os seus problemas.
Ian tem dezesseis anos e foi criado pela irmã, Iris, que precisou abrir mão de oportunidades na vida para cuidar dele. Agora, quando ela finalmente vai conseguir se formar na faculdade, ele se sente na obrigação de retribuir de alguma maneira.
Emília, aos dezessete anos, não quer retribuir nada a ninguém – pelo contrário, seu sonho é sair de casa o quanto antes para não discutir mais com a mãe, com quem sempre teve uma relação conturbada.
O fato de que eles não são um casal nem têm planos de ter um bebê de verdade parece apenas um detalhe. Mas a vida reserva surpresas, nem sempre boas, para quem acredita que é fácil inventar a própria história.
O romance de estreia de Bruno Miranda, criador do canal Bubarim, no Youtube, é uma história divertida e tocante sobre relacionamentos familiares.

Resenha: Muitas editoras vêm apostando na literatura nacional, mais precisamente em livros de youtubers, que dão lucros e geram certo buzz. Muito das vendas dessas obras se pode não se dar pelo interesse pela literatura em si, mas pelo anseio do público por adquirir um produto que tenha o nome de algum ídolo impresso nele.

Bruno Miranda, Youtuber do canal Bubarim, teve seu primeiro livro publicado pela editora Planeta. O título, Azeitona, pode brevemente lembrar Melancia de Marian Keyes. Enquanto a obra da escritora remete ao tamanho enorme da barriga da protagonista, na história de Ian e Emília, o fruto da oliveira faz uma alusão ao tamanho do pequeno feto que se desenvolve na barriga no início de uma gravidez. No enredo, Ian convida Emília para embarcar numa aventura: participar do reality show Novos Pais. No programa, em que casais adolescentes são mostrados na árdua jornada da gravidez precoce, um bom cachê é dado a cada participante. Visando esse montante de dinheiro, os dois driblam a produção, inventam mil mentiras sobre uma falsa gestão e se metem em muita confusão. Mas mentiras têm pernas curtas.

Este enredo já parece uma bagunça por si só. A ideia de retratar como tema central a gravidez na adolescência pode ser delicado. Atualmente, muitas e muitas jovens engravidam precocemente e é claro que isso não é fácil. Em Azeitona, um livro que aborda um tema feminino escrito por um homem, tudo pareceu perdido demais. No começo da trama, no qual os personagens são "jogados" numa situação, fica evidente que é o enredo não vai caminhar para algo muito crível.

Ian e Emília são personagens que não agradam nem desagradam. Eles estão ali para cumprir um papel, como fica claro desde o início: dar vida à ideia do reality show. Esse programa, que poderia ser considerado a escória da televisão brasileira se existisse de verdade, é o centro de toda bagunça. Catarina, que é uma das produtoras, é caricata demais e parece ter sido retirada de algum filme B americano. Os outros personagens, como o casal protagonista e os demais integrantes do show, não fazem muita diferença no conteúdo. É impossível enxergar Ian e Emília de verdade, por exemplo. Ele, que perdeu os pais cedo e é criado pela irmã, não vive grandes dilemas e a motivação inicial que o leva a fazer parte de Novos Pais é vazia. Emília, que caiu de paraquedas na situação, aceita tudo de bom grado. Num todo, o grande questionamento é: por que tanta exposição numa etapa da vida que é tão delicada para uma mulher?

A narrativa de Bruno Miranda felizmente é algo positivo a respeito de Azeitona. Segundo o próprio, com a ajuda de uma boa editora, o livro saiu do que seria muitos "franzindo o cenho". O texto não traz um traço pessoal muito marcante, mas é bem escrito, apesar de algumas faltas no que diz respeito a estrutura dos diálogos, que se atropelam por vezes. A leitura se assemelhou a de outros YA's internacionais, como se ele tivesse seguido uma estrutura ou se inspirado.

Gravidez na adolescência não é fácil. Azeitona não obteve total êxito em apresentar o tema e suas nuances. Quando um autor se propõe a escrever algo, espera-se que o leitor creia naquilo que será lido e isso é o que não ocorre na estreia de Bruno. Mostrar uma mãe chamando a filha de desgraçada por causa de uma gestação não é nada legal. O tema não foi abordado da maneira mais coerente. Por vezes, a história se mostrou desconexa e sem uma estrutura bem definida. O livro começa com uma trama despretensiosa que, mesmo com falhas, consegue despertar certo interesse por ser inusitado. No desenvolvimento, e próximo do final, dramalhões desnecessários e a tentativa de passar certos ensinamentos através de frases inspiradoras não funcionaram. O desfecho, que tem uma carga de emoção forte, é a evidência de que estava ali somente para seguir algum padrão de lições através de sofrimento. No mais, seria interessante ter mais humor na aventura de Ian e Emília, já que o enredo era um prato cheio para isso.

Placebo Junkies - J.C. Carleson

19 de novembro de 2016

Título: Placebo Junkies
Autor: J.C. Carleson
Editora: Fábrica 231/Rocco
Tradutor: Edmundo Barreiros
Gênero: Drama
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Audie é uma jovem como qualquer outra, mas encontrou uma forma incomum de descolar uns trocados: ela serve de cobaia para a indústria farmacêutica. Neste irreverente romance, J.C. Carleson, ex-agente da CIA, mergulha no universo pouco conhecido, mas muito impressionante, dos voluntários em série de testes farmacológicos. Na tradição de Trainspotting e Drugstore Cowboy, doses cavalares de humor negro disputam espaço na trama com o drama de jovens que vivem no limite. No caso de Audie, ela precisa juntar dinheiro para oferecer a Dylan, seu namorado que tem uma doença terminal, uma festa de aniversário de 18 anos inesquecível. “Não há ganho sem dor”, ela repete, em meio aos efeitos colaterais das substâncias e procedimentos a que está sujeita e aos esquemas para lidar com eles. Mostrando as entranhas de um mundo desconhecido da maioria das pessoas, Placebo Junkies arrancou elogios da crítica com sua narrativa original e completamente viciante.

Resenha: Audie e a amiga Charlotte levam uma vida nada convencional no que diz respeito ao "emprego" incomum que têm: elas são cobaias humanas, se voluntariam para se submeterem aos mais diversos procedimentos médicos e testes de medicamentos experimentais, e recebem por cada um deles.
Audie planeja juntar dinheiro para realizar uma viagem rumo a um paraíso tropical em comemoração ao aniversário do namorado, Dylan, que tem câncer e está em estágio terminal, e quando Charlotte propõe que elas se inscrevam em todos os testes que virem pela frente, independente do quão perigoso possam ser, Audie topa.
E a partir daí, vamos acompanhando os bastidores da jornada das meninas pelo universo farmacológico, os procedimentos médicos e seus terríveis efeitos colaterais.

A história é narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista de Audie. Eu gostei do estilo de escrita e da forma como a história foi contada, e a linguagem vulgar e cheia de palavreados, assim como o humor negro que colaboram para que o leitor fique mais próximo do estilo de vida peculiar e da personalidade dos personagens. Ficamos por dentro da sujeira que há por trás desse universo das cobaias, mas também temos aquela impressão de que vai haver uma luz no fim do túnel. Talvez não seja um livro que vá ser bem aceito por qualquer tipo de leitor justamente pelo tema delicado, pela vida dos personagens e pelo horror que é saber como tal indústria funciona e o que fazem com as pessoas, e ver isso pelos olhos de garotas adolescentes chega a ser doloroso. Mas ao mesmo tempo me peguei pensando que por mais trágico que seja, talvez sirva pra abrir os olhos das pessoas para ver o outro lado da história. Não são somente os animais que sofrem com tais testes... As pessoas também... E aquele creme mágico que serve pra tirar todas as rugas da cara de alguma dondoca pode ter acabado com a vida de algumas pessoas antes de ser reformulado e aprovado para entrar no mercado...

Enfim, Audie tem uma voz muito vívida, mesmo que, às vezes, se encontre em um estado de torpor sem igual. Às vezes ela não soa muito confiável, mas ela faz com que a história seja contada de uma forma cativante e desoladora ao mesmo tempo, o que faz do livro algo simplesmente brilhante e que vai mexer com nossos sentidos.

Não senti muita confiança no relacionamento de Audie com Dylan... A impressão que tive foi que ela faz de tudo por ele mas a coisa toda não é recíproca. Ela vive dizendo o quanto ele é fofo mas as descrições dela pra ausência e falta de interesse dele não parecem ser notadas, e me perguntei se isso é devido ao amor cego que ela sente por ele, ou se pode ser algum tipo de efeito colateral que impede que ela enxergue as coisas com a razão em vez do coração. E isso se extende pelo círculo de amizade dela, pois as coisas vão acontecendo, pois mais trágicas que possam ser, ela fala sobre, divaga, mas ao mesmo tempo não parece se importar muito. Ela é uma boa menina, mas trata tudo com uma frieza e um calculismo que chegam a assustar. A amizade entre ela e Charlotte é um exemplo disso, pois não parece que são amigas que se amam e se respeitam, mas sim que levam a amizade por interesse e conveniência.

Não digo que Placebo Junkies seja um livro totalmente único pois ele tem aquela pegada trash do livro Transpotting, que alguns já devem conhecer, mas posso dizer que a história é bastante diferente e original à sua maneira, prende e é muito empolgante, tanto por trazer uma trama devastadora e cheia de reviravoltas, quanto por ser brilhante em vários aspectos trazendo reflexões que nos fazem questionar a realidade. Até onde uma pessoa é capaz de ir para arriscar sua vida, sua integridade física e emocional por dinheiro?


Winter - Marissa Meyer

18 de novembro de 2016

Título: Winter - As Crônicas Lunares #4
Autora: Marissa Meyer
Editora: Joves Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/ Ficção
Ano: 2016
Páginas: 688
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Depois de Cinder, Scarlet e Cress, inspirados, respectivamente, nas histórias de Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, Marissa Meyer entrega a eles o último capítulo da série, em que reconta a história de Branca de Neve com tintas distópicas. Na trama, a princesa Winter vive subjugada por sua madrasta, Levana, que inveja sua beleza e não aprova os sentimentos da jovem pelo amigo de infância e belo guarda real Jacin. Mas Winter não é tão frágil quanto parece, e, junto com a ciborgue Cinder e seus aliados, a jovem princesa é capaz de iniciar uma revolução e vencer uma guerra que já está em andamento há muito tempo. Será que Cinder, Scarlet, Cress e Winter podem derrotar Levana e encontrar seus finais felizes?

Resenha: No quarto e último volume da série Crônicas Lunares, Marissa Meyer traz ao leitor uma releitura distópica baseada no conto de fadas de Branca de Neve, e, dessa vez, Winter é a personagem principal.

A história se passa pouco tempo após as reviravoltas em Cress, em que Scarlet é levada para Luna se tornando escrava, e só continuou viva por causa da proteção de Winter, e Cinder sequestra Kai para provar seus motivos para seguir com sua revolução e retomar o trono de Luna, se aproveitando do que Levana usou para controlar o povo contra ela mesma: o glamour.

Winter é a linda princesa de Luna, amada por todos os súditos do reino e a rainha Levana é sua madrasta. Levana inveja a beleza de Winter, e odeia que o povo a admire quando ela não possui sangue real. Winter reprimiu seu poder lunar. Ela fez uma promessa de que nunca usaria o glamour para manipular as pessoas e por isso é a protegida de Jacin, um dos guardas do palácio. Porém, por ela não usar seus poderes, eles começam a afetá-la mentalmente de forma negativa: Winter é louca e constantemente sofre de alucinações. Sua loucura a impede de dar uma chance ao amor que sente por Jacin, enquanto ele acredita que ele não a merece por ela ser da realeza. Eles não nutrem somente uma relação muito forte de amizade e companheirismo, mas também um amor secreto que não poderia vir à tona para que Levana não pudesse usar isso contra os dois.
Quando Winter descobre sobre os planos de Cinder, ela decide se juntar ao grupo para ajudar a tripulação da Rampion na revolução...

Narrado em terceira pessoa e trazendo vários pontos de vistas diferentes, Winter traz o desfecho perfeito para uma história revolucionária envolvendo a busca pela libertação de dois povos que se encontram nas garras de uma rainha tirana. Se trata de uma guerra travada contra a opressão, em prol da liberdade, rumo ao felizes para sempre.
A maior qualidade da série é manter a fluidez e um ritmo constante, e dessa forma a conclusão é que em momento algum a autora se perdeu na própria trama, nenhum dos livros são inúteis, tudo o que acontece é importante e todos os personagens representam papéis fundamentais para o desenrolar da história até seu final. Eles são únicos! Uma mecânica habilidosa e um imperador, uma camponesa armada e um soldado destemido, uma hacker e um contrabandista, uma princesa louca e um guarda humilde, e uma andróide hilária e inteligente. Um time de personalidades que aparentemente não tem nada em comum, mas que juntos fizeram toda a diferença.

Há romance, sim, mas este acaba ficando em segundo plano diante da grandeza da guerra iminente.
As subtramas que envolvem cada personagem, e cada casal que se formou ao longo da série, são inteligentes e funcionam como um complemento valioso dentro do enredo em geral.

A capa é linda demais, a mais bonita entre as quatro, e os detalhes também não ficam atrás. O título é prateado e a aplicação em verniz sobre a ilustração dão um toque mais do que especial ao livro. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, a fonte segue o mesmo padrão dos outros livros e não encontrei erros de revisão.

Assim como nos livros anteriores, eu pude me envolver com tudo o que a autora criou, desde a ambientação, a escrita viciante, os personagens memoráveis e a conclusão épica! É uma das melhores séries que tive o prazer de acompanhar.

Sociedade da Rosa - Marie Lu

17 de novembro de 2016

Título: Sociedade da Rosa - Jovens de Elite #2
Autora: Marie Lu
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Rachel Agavino
Gênero: YA/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Depois de ser renegada pela família, ela é traída por aqueles em quem confiou, e parte em busca de outros malfettos — sobreviventes da febre do sangue que, como ela, possuem dons fantásticos —, para formar um exército próprio e combater a Inquisição do Eixo. Mas o ódio e o medo que a alimentam podem levá-la por caminhos perigosos, e uma oferta tentadora vai testar a verdadeira natureza dos seus poderes e de sua personalidade. Uma sequência de tirar o fôlego para uma saga épica.

Resenha: Sociedade da Rosa é o segundo volume da trilogia Jovens de Elite, fantasia medieval escrita pela autora Marie Lu e dá sequência à história de Adelina Amouteru do ponto onde parou no primeiro volume.

Atenção, esta resenha tem spoilers do livro anterior!

Depois da traição que sofreu, Adelina foge de Kenettra e jura vingança aos inquisidores (aqueles que perseguem e matam os malfettos), aos Punhais, que a expulsaram, e a Teren, que foi responsável pela morte de Enzo. Mas, para isso, ela precisa formar um novo grupo para unir forças e conseguir cumprir com seu objetivo. Ela, então, se junta à sua irmã, Violetta.
Enquanto isso, a rainha de Beldain, com a ajuda dos Punhais, planeja tomar Kenettra, mas Adelina não vai permitir tal posse e os caminhos das duas vão se cruzar numa batalha épica pelo trono.
Mas em meio a tudo isso, será que Adelina vai conseguir controlar seus poderes e chegar aos seus objetivos mais sombrios?

Adelina é a protagonista, mas isso não quer dizer que ela seja a heroína, muito pelo contrário. Assim como apontei na resenha do livro anterior, Adelina é uma vilã, e neste volume a confusão de sentimentos que ela vem nutrindo, assim como a escuridão que avança sobre si cada vez mais rápido, faz com que ela não tenha piedade, destrua o que ou quem estiver em seu caminho, e na falta de controle prejudica a si mesma. Dito isso, se você é do tipo de torce por mocinhos e sente repulsa por vilões, talvez não vá querer amar alguém feito pra se odiar... Adelina é movida por todas as tragédias do seu passado e se alimenta do ódio que guarda dentro de si, e a autora não dá uma pista sequer que de ela se arrepende do que fez, que pensa duas vezes no que pretende fazer, ou que tem intenções de se transformar em boa moça. E pensando nessa situação, que tipo de final trágico ou mirabolante essa trilogia nos reserva já que vilões não tem finais felizes? Sinceramente, com todo o ódio que Adelina sente, só vejo ruínas e caos no futuro dela.

Tudo o que acontece é consequência do que foi feito, e cada estratégia bolada e executada faz com que o leitor pense que alguma coisa lá na frente vai acontecer em decorrência disso. E quando o assunto é Adelina, devido as atitudes e escolhas que ela faz, só resta que ela assuma a responsabilidade pelo que fez, ou que fará.

Sociedade da Rosa tem a mesma estrutura que Jovens de Elite, com a maioria dos capítulos destinados à Adelina e outros que se alternam entre Teren, Raffaele e Maeve. Mais uma vez esse tipo de narrativa favoreceu a trama (e os leitores) já que traz pontos de vista diferentes e acrescentam mais informações relevantes à história, principalmente pelo ritmo dos acontecimentos ser muito mais frenético. O foco maior, claro, fica em Adelina, e seu desenvolvimento ganha muito mais profundidade mostrando seu lado de vilã de uma forma mais intensa e profunda sendo possível, inclusive, levá-la muito mais a sério e até temê-la!

Enquanto o primeiro livro parece ter maiores intenções em definir fundamentos da história de Adelina, este traz uma história de ambição e vingança pura. Basicamente o enredo se concentra na tomada de poder, na ascensão, e não importa se para chegar lá as pessoas morram, se o caminho será cheio de dor e se os sentimentos que virão à tona serão indescritíveis e obscuros.

Os personagens estão mais consistentes, principlmente agora que não há mais necessidade de entrar em detalhes acerca da ambientação, e embora a trama seja simples, a complexidade dos personagens e suas motivações são os fatores que movem a história. Todos eles se encontram em situações que são verdadeiros jogos psicológicos, há várias reviravoltas, mortes inesperadas e gratuitas (ou será que não?), renascimentos milagrosos (???) e as pontas bem amarradas não deixam espaço para questionamentos ou furos, e o melhor de tudo é que é um volume que realmente faz a diferença na história, os acontecimentos são de extrema importância e é impossível não se envolver ou não ansiar pelo próximo.

Jovens de Elite já é uma das minhas trilogias favoritas, não só por se passar na era medieval com toques de fantasia e trazer uma protagonista única e original, tomada pelo rancor e que sai por aí levando caos e morte por onde passa, mas porque Marie Lu escreve maravilhosamente bem e é impossível não se viciar em suas histórias. Teminei o livro esbaforida, sem fôlego, ansiosa pelo que vem a seguir e, embora anti heróico, fiquei satisfeita com o rumo da história que, com certeza, surpreendeu e superou todas as expectativas.


Juntando os Pedaços - Jennifer Niven

16 de novembro de 2016

Título: Juntando os Pedaços
Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/YA
Ano: 2016
Páginas: 392
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

Resenha: Juntando os Pedaços é o mais recente livro jovem adulto da autora Jennifer Niven publicado no Brasil pelo selo Seguinte, da Companhia das Letras.

Jack Masselin é um garoto popular da escola e sempre chama atenção por onde passa. Bonito, estiloso, descolado, em companhia de sua linda, porém esnobe e fútil, namorada, Caroline, ou cercado por seus amigos, ele desfila pela escola cheio de admiradores. O que ninguém sabe, já que ele faz questão de esconder a sete chaves, é que Jack sofre de prosopagnosia, uma doença neurológica que impede que ele reconheça as pessoas, por mais próximas que elas sejam. Ele é cercado por várias pessoas, mas não tem a menor ideia de quem são. Então, ele tenta memorizar algumas caracteristicas físicas, marcas, sinais, ou gestos particulares e individuais que o ajudem a identificar cada uma das pessoas que está a sua volta. O que importa é que Jack deve fingir, sempre, devido a depedência dos tais amigos, então por mais que tenha que suportar brincadeiras idiotas, o melhor é ignorar e ser a pessoa que os outros esperam que ele seja.

Libby Strout não teve uma vida muito fácil também... Aos onze anos ela perdeu a mãe e o trauma a afetou de uma forma bastante negativa. Ansiosa e inconsolável, Libby encontrou consolo na comida e chegou a pesar quase 300kg, deixou de sair de casa por não conseguir levantar da própria cama e ficou conhecida como a garota mais gorda dos EUA chegando inclusive a aparecer na mídia. Agora, aos dezesseis anos, Libby está mais de 130kg mais magra e está disposta a recuperar o tempo perdido. Ela decidiu voltar pra escola e só precisa lidar com seus problemas com ansiedade a fim de evitar ataques de pânico e tentar levar a vida da forma mais normal possível.
Porém, logo no primeiro dia de aula, Libby se torna vítima de uma "brincadeira" terrível e preconceituosa e vai parar na diretoria junto com Jack. A partir daí, uma amizade extremamente improvável vai nascer.

Narrado em primeira pessoa de forma muito fácil e fluída, e com os pontos de vista de Jack e Libby se alternando, acompanhamos uma história crua que retrata problemas muito delicados, como os protagonistas levam suas vidas ao lidar com eles e como eles aprendem a se enxergar por trás do que demonstram ser para os outros.
Jack tem aquela pose de fodão mas além de fingir ser quem não é, é muito inseguro e instável. E enquanto Libby quer mostrar que é inabalável, mesmo que esteja acima do peso, por dentro ela está desmoronando.

Por um lado eu gostei de ver esses temas sendo abordados numa história pois, de certa forma, foi interessante aprender mais sobre a prosopagnosia e as limitações que ela dá ao indivíduo, assim sobre como as pessoas podem ser intolerantes e cruéis com quem está acima do peso (mesmo que isso tenha vindo de um trauma extremamente doloroso e ninguém dê a mínima). O bullying ainda é um tema delicado e que gera grandes polêmicas, e se não fosse pela enorme dificuldade e mente fechada dos outros em aceitar e respeitar as diferenças, haveria mais respeito e empatia com o próximo e as coisas não seriam tão ruins. Mas, por outro lado, fiquei me questionando sobre o quê, de fato, o livro trata. Seria as consequências dos efeitos trágicos do bullying e da gordofobia e sobre como levar a vida com uma doença neurológica que causa uma desordem cognitiva, ou sobre o amor adolescente tão necessário - ou quase obrigatório - para um tipo de autoaceitação para algumas condições socialmente nada favoráveis ou pouco aceitas por estar fora dos padrões? É como se Libby só pudesse chegar ao fim de sua jornada rumo ao amor próprio e solucionar seus problemas se no meio do caminho encontrar alguém que goste dela, e mesmo sem química nenhuma, eis que surge Jack.
Ele se encontra numa prisão interna, com receios e incertezas sobre a própria vida e sua capacidade de ser aceito como alguém normal está sendo prejudicada, como se ele estivesse perdendo a própria identidade e deixando de viver, mas ainda assim ele consegue enxergar por trás da fortaleza que Libby construiu em volta de si mesma e, dessa forma, eles vão juntando os pedaços, se reerguendo, se completando e buscando conquistar não só espaço, mas amor próprio.

A autora nos presenteia com um enredo sensível, original e cheio de ousadia, que fará o leitor refletir e se emocionar, e, quem sabe, crescer junto com os personagens, tentando enxergar sempre o interior das pessoas já que a aparência ou certos tipos de limitações não necessariamente definem quem alguém é.

Na Telinha - A Viagem de Chihiro

15 de novembro de 2016

Título: A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi)
Produção: Studio Ghibli
Elenco: Rumi Hiiragi, Miyu Irino, Mari Natsuki
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2003
Duração: 2h 02min
Classificação: Livre
Nota:★★
Sinopse: Chihiro é uma garota de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender aos seus caprichos. Ao descobrir que vai se mudar, ela fica furiosa. Na viagem, Chihiro percebe que seu pai se perdeu no caminho para a nova cidade, indo parar defronte um túnel aparentemente sem fim, guardado por uma estranha estátua. Curiosos, os pais de Chihiro decidem entrar no túnel e Chihiro vai com eles. Chegam numa cidade sem nenhum habitante e os pais de Chihiro decidem comer a comida de uma das casas, enquanto a menina passeia. Ela encontra com Haku, garoto que lhe diz para ir embora o mais rápido possível e ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver que eles se transformaram em gigantescos porcos. É o início da jornada de Chihiro por um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no qual humanos não são bem-vindos.

Chihiro Ogino é uma garotinha mimada de dez anos que está odiando a ideia de se mudar de casa. Durante a mudança, seu pai toma um atalho para economizar tempo mas faz com que fiquem perdidos. Ao se depararem com um túnel misterioso, os pais de Chihiro decidem atravessá-lo para saber o que há além, mesmo que a menina resista e não queira ir, e acabam num vilarejo aparentemente abandonada mas com restaurantes cheios de muita comida. Com fome, eles decidem comer e Chihiro, que não estava gostando nada do que estava acontecendo, rejeita a comida e vai explorar o lugar. Ela conhece o jovem Mestre Hako, que a alerta sobre os perigos do vilarejo e que ela deveria ir embora antes que anoitecesse. Então, ela descobre que o povoado da cidade é composto por vários espíritos quando, no escuro, o lugar parece ganhar vida, e muito assustada, a garota volta para procurar os pais para irem embora, mas descobre que os dois se transformaram em porcos enormes e irracionais. Chihiro foge para procurar ajuda mas não esperava que para romper o feitiço e libertar os pais, ela teria que trabalhar para uma bruxa ambiciosa, dona de uma casa de banhos, num mundo povoado por criaturas e fantasmas que não possuem a menor simpatia por humanos.


A Viagem de Chihiro, a primeira vista, pode parecer um desenho infantil mas a riqueza dos detalhes, da trilha sonora e do próprio conteúdo mostra que o que pode ser absorvido vai depender da idade de quem assiste. Enquanto as crianças irão se deparar com uma aventura incrível por um mundo sobrenatural cheio de ação e muitos perigos, os adultos acompanharão uma parábola sobre a transição entre a infância e a idade adulta na busca por seus ideais, assim como o amadurecimento de uma garotinha, antes intragável, para alguém que enxerga a vida com outros olhos, aprendendo que só através do trabalho duro é possível conquistar o que desejamos, e só com atitudes e escolhas sensatas podemos conquistar o respeito alheio e atingir nossos objetivos.


No decorrer da animação podemos perceber que todas as situações que ela se depara são responsáveis por seu crescimento e por sua evolução como pessoa. Com o passar do tempo e de acordo com o que aprende com as experiências que tem, Chihiro passa a deixar o orgulho de lado para praticar a humildade, prova sua coragem por várias vezes, demonstra sabedoria nas mais diversas e perigosas situações, se responsabiliza pelas escolhas que faz, aprende a não fazer julgamentos baseada nas aparências, e consegue resistir a momentos de muita tensão e pressão praticamente sozinha em meio ao desconhecido, mostrando que mesmo num ambiente hostil onde a maioria das pessoas são gananciosas, arrogantes, interesseiras e perversas, é possível ignorar tudo o que pode corromper a alma, desenvolvendo, assim, um caráter admirável, tornando-se um símbolo de dignidade e bondade.


Acredito que o único porém é que devido a inspiração na cultura e em outros elementos orientais dos quais não tenho tanto conhecimento quanto gostaria, fiquei com aquela sensação de que há muito mais pra ser entendido e várias mensagens ou referências que não foram totalmente absorvidas.

Diferente de um conto de fadas, Chihiro não é o tipo de garotinha que precisa ser salva por um príncipe encantado enquanto sofre nas mãos de uma madrasta má e canta músicas felizes... Esqueça a maioria das princesas da Disney que mofam esperando o amor com suas lamúrias e infortúnios eternos.


Em suma, posso finalizar dizendo que A Viagem de Chihiro é o tipo de animação que traz muitas reflexões sobre a natureza humana através de metaforas simples sob um enredo rico, mágico e complexo que vai encantar qualquer um, independente da idade.