Uma Canção de Ninar - Sarah Dessen

12 de novembro de 2016

Título: Uma Canção de Ninar
Autora: Sarah Dessen
Editora: Seguinte
Gênero: YA
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Remy não acredita no amor. Sempre que um cara com quem está saindo se aproxima demais, ela se afasta, antes que fique sério ou ela se machuque. Tanta desilusão não é para menos: ela cresceu assistindo os fracassos dos relacionamentos de sua mãe, que já vai para o quinto casamento. Então como Dexter consegue fazer a garota quebrar esse padrão, se envolvendo pra valer? Ele é tudo que ela odeia: impulsivo, desajeitado e, o pior de tudo, membro de uma banda, como o pai de Remy — que abandonou a família antes do nascimento da filha, deixando para trás apenas uma música de sucesso sobre ela. Remy queria apenas viver um último namoro de verão antes de partir para a faculdade, mas parece estar começando a entender aquele sentimento irracional de que falam as canções de amor.

Resenha: Remy é uma adolescente cujas experiências pessoais só reforçaram sua teoria de que o amor é um sentimento que não vale o investimento e nem o esforço. Acompanhar de perto todos os relacionamentos fracassados de sua mãe, que está prestes a se casar pela quinta vez, é mais um fator que faz com que a garota tenha deixado de ter fé em relacionamentos. Mas, é difícil culpá-la por pensar dessa forma já que ela cresceu sem a presença do pai e nenhuma figura paterna que sua mãe arranjasse iria substituí-lo.

Diante de regras que ela mesma bolou, Remy quer aproveitar sua vida adolescente com relacionamentos rápidos, estipulando um tempo curto e pulando fora, de forma que ela não se envolvesse e nem se apegasse a ninguém. Pra ela, esse era o jeito mais seguro de se proteger e evitar maiores sofrimentos. E agora que Remy terminou o ensino médio e pode aproveitar as férias antes de ir para a Universidade de Stanford, ela irá conciliar seu tempo organizando o casamento da mãe, uma escritora de renome, com algo que ela não planejou... Remy não esperava conhecer Dexter, um garoto inconveniente e nada perfeito, vocalista da banda Truth Squad, que acaba transformando sua vida como ela jamais imaginou.

Narrado em primeira pessoa e com um ritmo bastante suave, vamos acompanhando uma trama que, apesar de parecer previsível a princípio, é retratada com bastante realidade, e os acontecimentos graduais tornam tudo muito natural, principalmente por trazer um tema relevante com personagens cujas personalidades são tão distintas. O rumo que a história ganha surpreende de forma muito positiva, não só pela escrita fácil, bem humorada e descontraída ou pelos diálogos bem bolados e divertidos, mas por apresentar uma protagonista que, a partir das próprias experiências e das chances que ela permite dar a si mesma, muda e amadurece por si só.

Remy é inteligente, centrada, independente e bem madura para a pouca idade, e tais características não se dão apenas por suas experiências ou por seu ceticismo com relação ao amor, mas devido ao relacionamento que tem com a mãe. Aqui houve um tipo de "inversão de papéis" e é a mãe quem depende da filha pra organizar a própria vida. Diante disso, foi compreensível que Remy tenha usado de alguns artifícios para proteger a si mesma, mas isso não significa que ela tenha despertado minha simpatia já que na maioria das vezes seu comportamento é bastante egoísta. Ela é fechada e seus sentimentos não são tão aprofundados assim a ponto de explicar por A + B o motivo de ela fazer certos tipos de escolhas. Mas, pelo menos seu envolvimento com Dexter fez com que ela refletisse sobre seus sentimentos, questionando a si mesma se vale a pena dar o braço a torcer a ponto de, pela primeira vez, ter um pouco de esperança no amor.

Em contrapartida, Dexter é aquele tipo de personagem que arranca suspiros e que, mesmo tendo passado por experiências semelhantes às de Remy, fez de tudo para não se abalar. Ele é bem humorado e segue seus sonhos, fazendo o que gosta em nome da felicidade. Quando ele descobre um pouco da filosofia de Remy, ele tenta desconstruir essa visão distorcida que ela tem. Por mais que eles sejam o oposto um do outro, fica claro que a conexão que eles passam a ter e intensa e verdadeira.

A abordagem no que diz respeito a amizade é algo muito bonito de se acompanhar e as questões familiares, típicas da autora, além de interessantes, colaboram para moldar não só a personalidade dos personagens, mas tentar entendê-los como pessoas a partir da criação que tiveram e as consequências disso. A mãe de Remy, mesmo não sendo o melhor exemplo de uma mãe tradicional já que vive focada em seus livros, é romântica e acredita piamente no amor, mesmo que seus casamentos tenham chegado ao fim. É melhor arriscar, sentir e viver uma experiência, mesmo que temporária, do que não ter experimentado. A vida é feita de momentos e nada melhor do que aproveitar cada um deles. Por essa linha de raciocínio ela parece ser uma pessoa de mente aberta e feliz, mas ela falhou em vários aspectos como mãe e a impressão final é que ela tem outras prioridades à frente dos filhos. Ela amadurece, claro, mas não é algo imediato. Até lá alguns problemas, que poderiam ter sido evitados se ela agisse diferente, acontecem.

Com relação a parte física, só tenho elogios. A capa é uma graça, a diagramação é simples, a revisão e tradução estão ótimas e as páginas são amarelas.
O título do livro se refere ao nome de uma música deixada pelo pai de Remy antes que ele partisse, e ela odeia a música não só pelo sucesso que ela fez, mas pela letra da música causar nela uma enorme mágoa.

Em suma, pra quem gosta de romances jovens adultos com abordagem familiar e com a descoberta do amor, principalmente o do amor próprio, de uma forma nada convencional mas bastante realista, vai gostar bastante.

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