Lore Olympus (vol. 4) - Rachel Smythe

5 de junho de 2024

Título: Lore Olympus - Histórias do Olimpo #4
Autora: Rachel Smythe
Editora: Suma
Gênero: Graphic Novel/Fantasia/Mitologia Grega
Ano: 2023
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Hades busca apoio na vida pessoal, Zeus faz pouco-caso dos seus sentimentos e Minte volta a ter comportamentos abusivos. Por mais que tente impor seus limites, o rei do Submundo continua sozinho e perdido.
Perséfone, igualmente isolada depois que seus colegas de faculdade se afastam por causa da sua relação com Hades, sequer encontra refúgio em casa, onde Apolo insiste em aparecer sem ser convidado. Como se não bastasse, Ares, o tempestuoso deus da guerra, está de volta para desenterrar sua história com a deusa da primavera, ameaçando trazer o passado da jovem à tona e arruinar ainda mais sua reputação.
Apesar de concordarem em ir devagar, Perséfone e Hades se veem irremediavelmente atraídos um pelo outro em meio ao caos, e não há como negar a força do destino.

Resenha: Dando continuidade ao livro anterior, o quarto volume da série Lore Olympus traz os episódios 76 a 102 do webcomic e alguns esboços inéditos das ilustrações que a autora não incluiu na história e que vieram com exclusividade no livro impresso.

Seguindo com a trama, Hades ainda mantém seu relacionamento com Minte, a ninfa, mas ela não consegue se livrar do seu comportamento abusivo e destrutivo, levando a Hades a reconsiderar essa decisão. Ele e Perséfone estão indo devagar agora que decidiram ser amigos, e eles continuam mantendo o relacionamento profissional no trabalho. Essas questões levam Hades a buscar apoio emocional pra poder lidar melhor com a situação pela qual está passando, mas seu irmão, Zeus, não dá a mínima e ele acaba encontrando consolo na própria Perséfone. O problema é que ela não anda muito bem, tanto pela questão de Apolo continuar perseguindo-a por acreditar que eles devem ficar juntos, quanto pelo incidente com Hades e o papparazzi que fotografou os dois lá no início da história e fez surgir muitos boatos sensacionalistas pelo Olimpo. A "lição" que ele deu no pobre fez com que Perséfone ficasse isolada na faculdade porque todos estão evitando-a por medo de Hades, e ela se sente péssima com essa rejeição e passa a exigir que ele repare o mal que fez.
Assim, quando eles passam momentos juntos, fica claro que, devagarinho, eles estão evoluindo e estreitando o que têm enquanto levam essa amizade, além de falarem sobre algumas situações do passado que explicam algumas coisas e aprofundam melhor quem eles são de verdade.



Depois de se manter tão passiva diante dos outros e continuar lidando com as consequências do que Apolo lhe fez, gradualmente (e finalmente) Perséfone começa a retomar o controle da sua vida, mas é revoltante ver as situações pelas quais ela passa até que tome coragem para se impor e enfrentar quem ela não quer por perto.

Talvez o problema maior do livro seja o ritmo dos acontecimentos e algumas cenas que não tem muita importância, como se estivessem alí só pra preencher espaço. Por mais que a história retrate a ideia do que acontece quando alguém sofre um abuso e como ela lida e se molda a partir disso, as coisas acontecem devagar demais e parece que não avança, seja pela passividade e ingenuidade de Perséfone ou em relação a Hades que prefere reprimir seus sentimentos e seguir o oposto do que seu coração manda. Ele está tentando ser alguém melhor mas, além de ser a personificação da melancolia, parece que o caminho pra isso é mais longo do que ele imaginava.



Os toques de bom humor e algumas outras abordagens enriqueceram a história, como a relação entre Hades e Hera, a dinâmica do casamento falido entre Hera e Zeus, a fofocaiada que não tem fim no Olimpo, as histórias de fundo que falam de outros deuses, e Ares que apareceu pra causar.

A arte dispensa maiores comentários. As ilustrações são lindíssimas, a escolha das cores foi certeira, os personagens são expressivos e transmitem muito bem o que estão sentindo. É super satisfatório acompanhar uma história onde a autora consegue evidenciar a personalidade dos personagens através de gestos e expressões, além de combinar questões da atualidade e a modernidade tecnológica com a mitologia grega e a adaptação dos deuses.

O volume 4 de Lore Olympus traz uma história mais leve, e mesmo que aborde assuntos delicados, ainda consegue ser divertido e empolgante. Curiosa pelo próximo livro.

Novidades de Junho - Suma

4 de junho de 2024

Lore Olympus - Histórias do Olimpo #4 - Rachel Smythe (11/06/2024)
Hades busca apoio na vida pessoal, mas Zeus faz pouco-caso dos seus sentimentos e Minte volta a ter comportamentos abusivos. Por mais que tente impor seus limites, o rei do Submundo continua sozinho e perdido.
Perséfone, igualmente isolada depois que seus colegas de faculdade se afastam por causa da sua relação com Hades, sequer encontra refúgio em casa, onde Apolo insiste em aparecer sem ser convidado. Como se não bastasse, Ares, o tempestuoso deus da guerra, está de volta para desenterrar sua história com a deusa da primavera, ameaçando trazer o passado da jovem à tona e arruinar ainda mais sua reputação.
Apesar de concordarem em ir devagar, Perséfone e Hades se veem irremediavelmente atraídos um pelo outro em meio ao caos, e não há como negar a força do destino.
Ganhador dos prêmios Eisner e Harvey e finalista do prêmio Hugo, Lore Olympus é fenômeno absoluto na plataforma Webtoon e reúne fãs no mundo todo. O quarto volume da série reúne os episódios 76 ao 102 do webcomic, além de conteúdo exclusivo e inédito.

A Ascensão do Dragão - Uma história ilustrada da dinastia Targaryen #1 - Linda Antonsson, George R. R. Martin e Elio M. García Jr. (18/06/2024)
Durante os séculos em que os Targaryen ocuparam o Trono de Ferro, seus dragões comandaram os céus. A jornada da única família de senhores de dragões que sobreviveu à Destruição de Valíria é o retrato de uma política tortuosa forjada por atos nobres e covardes, alianças e traições. Como no épico romance Fogo & Sangue, A Ascensão do Dragão retoma o surgimento dos Targaryen e sua chegada ao poder, desde a conquista de Westeros por Aegon Targaryen até a infame Dança dos Dragões -- a sangrenta guerra civil que quase destruiu de uma vez por todas seu reinado.

Quem Vai te Ouvir Gritar - Uma Antologia de Horror Negro - Vários autores (25/06/2024)
Um policial começa a enxergar, no lugar dos faróis dos carros, olhos enormes que lhe dizem quem deve ser parado no trânsito. Dois passageiros fazem uma viagem de ônibus que os deixa presos em uma estrada no Alabama, onde grandes perturbações os aguardam. Uma jovem mergulha nas profundezas da Terra em busca do demônio que matou seus pais. Esses são apenas alguns dos mundos presentes em Quem vai te ouvir gritar, antologia de contos editada por Jordan Peele e John Joseph Adams.
Todas as histórias reunidas neste volume surpreendem pela vivacidade imaginativa de seus universos e, ao mesmo tempo, chocam e incomodam por serem profundamente baseadas na realidade brutal do racismo e da desigualdade social.
Com introdução de Peele e uma lista admirável de escritores (incluindo N. K. Jemisin, P. Djèlí Clark, Nnedi Okorafor, Nalo Hopkinson e muitos outros), a coletânea é uma aula sobre terror que reformula e ressignifica os conceitos de horror e medo. 

Com textos de: 
Jordan Peele, N. K. Jemisin, Rebecca Roanhorse, Cadwell Turnbull, Lesley Nneka Arimah, Violet Allen, Erin E. Adams, Tananarive Due, Justin C. Key, Ezra Claytan Daniels, Nnedi Okorafor, L. D. Lewis, Nalo Hopkinson, Maurice Broaddus, Rion Amilcar Scott, Nicole D. Sconiers, Chesya Burke, Terence Taylor, P. Djèlí Clark e Tochi Onyebuchi. 


Novidades de Junho - Paralela

3 de junho de 2024

Os Caçadores do Coração Perdido - Jo Segura (11/06/2024)
Corrie Mejía é uma arqueóloga famosa por sua capacidade de trabalho e seu temperamento forte, e ela tem um sonho: liderar uma expedição na selva mexicana em busca dos restos mortais do guerreiro asteca Chimalli, que ela acredita ser seu ancestral. Mas receber um convite para participar de uma escavação com esse objetivo, com todas as despesas pagas, parece bom demais para ser verdade -- e é.
Como a maior especialista do mundo em Chimalli, Corrie sabe que deveria liderar a expedição, e não se subordinar ao insuportável (e absurdamente sexy) Ford Matthews, seu ex-colega de faculdade e maior concorrente. Com a vida pessoal em frangalhos, no entanto, ele também não está nem um pouco animado em trabalhar com sua nêmesis.
Quando a escavação começa, porém, fica claro que os dois terão que trabalhar juntos: há um ladrão por ali, e Corrie e Ford precisam manter em segredo suas descobertas -- e a química inegável entre eles. Em meio a traficantes de artefatos, autoridades mexicanas e mentiras do passado, essa expedição só pode ter um final explosivo.

Maame - Jessica George (25/06/2024)
Aos 25 anos, Maddie está esperando que sua vida comece para valer. Enquanto observa colegas que moram sozinhas, namoram e tomam os primeiros passos de suas carreiras, a maior parte do seu dia a dia é dedicada ao cuidado do pai, que sofre de doença de Parkinson. Quando finalmente tem a chance de viver novas experiências, ela se aventura e encara as alegrias e desafios de amadurecer e se encontrar.

Novidade de Junho - Seguinte

2 de junho de 2024

O Rei Aurora - Artefatos de Ouranos #2 - Nisha J. Tuli (18/06/2024)
Lor se libertou do Rei Sol, mas agora está nas mãos de Nadir, o Príncipe Aurora. Convencido de que ela está escondendo alguma coisa, Nadir não vai medir esforços até ouvir cada um dos segredos de Lor, mas ela não pretende confessá-los tão facilmente. Afinal, Nadir é filho do homem que a manteve aprisionada por anos sem motivo.
Até que os dois precisam unir forças para encontrar um dos artefatos sagrados de Ouranos. Mesmo sabendo que não pode confiar no príncipe, Lor aceita trabalhar ao lado de Nadir, já que o objeto é uma peça importante para conquistar a vingança que ela tanto deseja.
Com o Rei Sol determinado a reconquistá-la, Lor se vê em uma corrida contra o tempo, e ela sabe que nenhum lugar é seguro. Pelo menos não até que ela destrua o Rei Aurora -- mas ela logo se dá conta de que há muito mais em jogo do que imagina.



Resumo do Mês - Maio

1 de junho de 2024

Esse mês eu até consegui fazer algumas coisas pro blog e adiantei algumas leituras que estavam na fila, mas ter voltado a trabalhar acabou consumindo meu tempo mais do que imaginei, pois a quantidade de cursos de aprimoramento que ando fazendo tá bem puxado, e não sobrou tempo de sentar em paz pra trazer o conteúdo pra cá. Capaz que esse mês eu consiga colocar o que preciso em dia, oremos...
Enquanto isso, o que teve:

Resenha

♥ Na Telinha

Wishlist de Board Game

Essa tá boa, viu...


Caixa de Correio #145 - Maio

31 de maio de 2024

Resistir às promoções da Amazon quando ela inventa essas campanhas de "o-que-quer-que-seja-Friday" é uma tristeza de tão difícil, né? Nem lembro mais o nome da promoção, só sei que nessa gracinha comprei uns livros (que costumam ser o olho da cara) que eu queria e estavam com um desconto absurdo de bom, uns decks que também andava namorando e estava esperando aquele precinho, e uns jogos de tabuleiro que estavam no carrinho há séculos e, enfim, estavam com um desconto que não tinha como perder. Gastei o que não tinha, mas saí feliz e saltitante.
A caixa desse mês ficou assim, oh:

Wishlist #34 - Harmonies

15 de maio de 2024

Jogo família com tema de natureza? Sim! Já fiquei interessada em Harmonies pela ideia de ser um jogo abstrato onde podemos montar paisagens com bichinhos, plantas, rios e afins, criando um ecossistema harmônico e que vale pontos.
Pelo que pesquisei é um jogo com regrinhas fáceis e ideal pra várias idades, me lembrou um pouco do Calico, logo já imagino que o pessoal aqui de casa vai amar. Já tá na lista.

Harmonies
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Johan Benvenuto e Maëva da Silva
Idade recomendada: 10+
Jogadores: 1-4
Descrição: Harmonies é um jogo abstrato com temática de natureza, com regras simples mas grande potencial estratégico. Crie um mundo em miniatura no qual os animais vivem em perfeita harmonia com a natureza! Posicione suas peças para criar paisagens no seu tabuleiro; Escolha os animais que melhor se encaixam no seu mundo; Combine suas paisagens e animais para marcar o máximo possível de pontos.

Na Telinha - Wish

13 de maio de 2024

Título:
Wish - O Poder dos Desejos (Wish)
Distribuidora: Disney
Elenco: Ariana DeBose, Chris Pine
Gênero: Aventura, Fantasia, Musical, Animação
Ano: 2024
Duração: 1hr42min
Classificação: Livre
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Essa é a história de Asha, de dezessete anos, uma jovem otimista, com uma inteligência afiada que se preocupa infinitamente com sua comunidade. Em um momento de desespero, Asha faz um apelo apaixonado às estrelas, que é respondido por uma força cósmica, uma pequena bola de energia ilimitada chamada Estrela. Juntos, elas enfrentam o mais formidável dos inimigos para salvar sua comunidade e provar que quando a vontade de um humano corajoso se conecta com a magia das estrelas, coisas maravilhosas podem acontecer.
Wish - O Poder dos Desejos, é uma animação que se passa no reino mágico de Rosas e conta a história de Asha, uma jovem de dezessete anos de mente bastante afiada, que mora com a mãe e o avô, e que carrega consigo uma enorme preocupação pela sua comunidade. Rosas é governado pelo rei Magnífico, um feiticeiro bastante poderoso que coleta os desejos mais profundos dos habitantes depois que eles completam dezoito anos, e decide qual deles vai ser realizado, logo quando acontece a celebração anual, todos ficam bastante ansiosos para que seus desejos sejam escolhidos e realizados já que tem gente esperando isso há anos e mais anos.



Às vésperas do aniversário de cem anos de seu avô, Asha tinha esperanças de que o rei Magnífico pudesse realizar o desejo dele em consideração a esse grande marco, afinal, desde os dezoito anos ele espera por isso, e a garota aproveita para fazer esse pedido ao rei, mas ela acaba descobrindo que Magnífico não era bem quem ela imaginava e que o desejo do seu avô jamais seria realizado.
Num momento de desespero e preocupação, Asha faz um pedido para as estrelas e algo acontece em todo reino a ponto dos habitantes sentirem essa energia mágica. O desejo da jovem acaba sendo respondido por uma pequena estrela que vai ao seu encontro, e juntas elas vão tentar salvar a comunidade das garras de um grande inimigo, além de provar que é possível realizar coisas grandiosas quando a força, a fé e a coragem das pessoas se conecta com a energia das estrelas.



Wish é uma mistura entre 2D e 3D que lembra o estilo das animações do Aranhaverso e de O Gato de Botas 3. Enquanto o cenário é em 2D, os personagens tem a profundidade do 3D, mas possuem contornos suaves como se estivessem em processo de transição para algo mais realista e "palpável". É bem bonito e colorido, mas algumas cenas parecem se passar num "fundo verde" devido a diferença de traços.
As músicas são estranhas, mais faladas do que cantadas, não são memoráveis e sequer parecem se encaixar muito bem no ritmo das batidas.

Os personagens, em sua maioria, lembram personagens de outras animações pois realmente são referências, seja por alguma característica física, algum traço de personalidade, ou algum acessório que usam. Os sete amigos de Asha, por exemplo, são uma referência clara aos Sete Anões, desde o garotinho que é super ranzinza e desconfiado como o Zangado, o outro que vive espirrando feito o Atchim, o dorminhoco igual o Soneca, até a confeiteira e melhor amiga de Asha, que lembra o Mestre. Ela é a "líder" do grupo e até usa um óclinhos redondo igual ao dele.
Os elementos presentes na história são bastante conhecidos, principalmente a "jornada do herói", como a mocinha que precisa enfrentar uma força maligna e poderosa para atingir seu objetivo enquanto tem ajuda de amigos e bichinhos fofos e falantes. A diferença aqui é que Asha é órfã de pai, não é e nem se torna uma princesa, e não existe nenhum personagem que possa sugerir algum romance. Ela é uma jovem comum como qualquer outra da comunidade, só que é corajosa, inteligente, questionadora e bastante justa, então quando ela percebe que o rei está em posse dos desejos que ele não pretende realizar e nem devolvê-los, ela decide fazer algo a respeito.



Assim como todos os clássicos da Disney, o rei Magnífico como vilão é super caricato e facilmente identificado logo no início pelas suas características "pontudas" e seus movimentos e expressões exageradas que lembram personagens icônicos como Scar, Malévola, Úrsula e afins. Ele é bonitão, cavanhaque e cabelinho na régua, narcisista e realmente se acha a última coca-cola do deserto. Quando suas motivações vem à tona, dá pra ficar indeciso se o que ele faz é realmente tão errado assim, pois apesar de tirar o livre arbítrio alheio, dá pra entender seus motivos. Ele veio de um reino que foi destruído pela ganância e agora que construiu seu próprio reino quer evitar que a mesma coisa aconteça em Rosas. Dessa forma ele usa seu poder pra coletar os desejos das pessoas assim que atingem a maioridade (que imediatamente se esquecem daquele desejo) e não oferecem risco, analisar se vai ser algo bom ou perigoso para a comunidade e, assim, ter controle do reino, condicionando as pessoas ao que ele quer e mantendo a comunidade pacificada e esperançosa. O problema é que o poder sobe pra cabeça dele cada vez mais, e Magnífico fica descontrolado feito um maníaco.

A estrela é um personagem bem curioso, pois se pararmos pra pensar, não é a primeira animação que envolve personagens fazendo pedidos a ela, e isso acaba sendo mais uma referência a tantos outros desenhos mais antigos, e talvez seja possível que se trate até da mesma estrela, porém tomando formas diferentes.



O alívio cômico fica por conta de Valentino, o bodezinho que faz companhia para Asha e tem uma voz bastante grossa fazendo um enorme constraste com sua fofurice. Ele faz várias piadinhas, a maioria com referências a outras animações também.

Não sei se devo entrar no mérito das insconstâncias relacionadas aos desejos das pessoas, mas fiquei me perguntando durante toda a animação por que diabos aquelas pessoas não correm atrás dos próprios desejos em vez de ficarem esperando a boa vontade do rei. Tudo bem que algumas tem desejos mirabolantes, como sair voando pelo céu com passarinhos, mas as que sonham em casar e ter filhos, terem uma família feliz, ou terem um trabalho reconhecido, por exemplo, não dependem da magia do rei pra isso...



Acredito que trazer personagens estereotipados assim seja para remeter às fórmulas das animações passadas fazendo algum tipo de homenagem, mas o problema é que isso acaba tirando toda a originalidade da história tornando ela super genérica, e quem espera por algo novo, ou pelo menos esperou por algo marcante em comemoração aos 100 anos da Disney, vai ficar a ver navios. A impressão que eu fiquei no final foi que a história, por mais que tenha uma boa intenção e tenha elementos bonitos, não tem a menor importância, desde que o amontoado de easter eggs e referências a todos os clássicos estivessem alí. Wish remete a nostalgia e é uma homenagem a esse percurso centenário, principalmente pra quem cresceu acompanhando os clássicos da Disney, mas penso que se a ideia fosse fazer esse apanhado, um documentário ou um especial do tipo funcionaria melhor.

Projeto Improbable Meet-Cute na Paralela - Ajude a escolher o título em português!

10 de maio de 2024

Já imaginou uma coleção que reúne suas autoras de romance favoritas?
Hoje pela manhã foi anunciado um projeto incrível que a Paralela vai lançar no próximo mês:
A coleção Improbable Meet Cute!
 
São seis novelas irresistíveis sobre encontrar o amor quando menos se espera. Cada história é escrita por uma autora — Christina Lauren, Abby Jimenez, Ashley Poston, Sally Thorne, Jasmine Guillory e Sariah Wilson — e retrata um casal diferente durante o Dia dos Namorados.




As novelas são independentes e serão lançadas exclusivamente em formato digital: primeiro e-book, depois audiobook. E, para tornar esse projeto ainda mais especial, queremos escolher junto com vocês, os maiores especialistas em romance, qual será o nome da coleção em português. 

Para tornar esse projeto ainda mais especial, a Paralela quer escolher, junto com seus leitores, o nome da coleção em português!

❤️ Encontros inesperados;
❤️ Amor de novela;
❤️ Primeiros encontros;
❤️ ️Encontros inesquecíveis. 

Vote no seu título favorito através do formulário disponível ou na enquete nos stories do Instagram da editora.

A votação estará disponível até 20/05, e o título da coleção vencedor será divulgado no dia seguinte, 21/05.

Participem!

A Rainha Sol - Nisha J. Tuli

9 de maio de 2024

Título: A Rainha Sol - Artefatos de Ouranos #1
Autora: Nisha J. Tuli
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/New Adult
Ano: 2024
Páginas: 368
Nota:★★☆☆☆

Sinopse: Lor e seus irmãos estão há onze anos em Nostraza, a prisão do Reino de Aurora, e o último lugar em que qualquer um gostaria de estar. Até que, depois de uma libertação inesperada, Lor descobre que foi convocada para participar das Provas da Rainha Sol, uma competição de vida ou morte entre dez mulheres cuja vencedora se tornará a nova esposa do rei.
A jovem não está nem um pouco interessada em casamento ou amor ― mas sim na liberdade (e na possibilidade de vingança) que a vitória significa. Porém, Lor definitivamente não pertence àquele lugar, e precisará confiar nas pessoas certas e dar tudo de si para sobreviver às Provas ― e qualquer passo em falso pode pôr tudo a perder.

Resenha: A Rainha Sol é o primeiro volume da série (que parece ser de 4 livros) Artefatos de Ouranos, escrito pela autora Nisha J. Tuli e publicado no Brasil pela Seguinte.

Num mundo fantástico onde humanos e féericos coabitam em reinos, Lor é uma jovem que passou os últimos 12 anos na terrível prisão de Nostraza, no Reino de Aurora, junto com seus irmãos Tristan e Willow. Lá ela passa fome, vive na miséria e na imundície, é abusada de todas as formas (às vezes, utilizando isso como moeda de troca pra conseguir o mínimo), mas sempre enfrenta sem medo quem cruze seu caminho. Por ter crescido e passado mais da metade da vida num ambiente tão hostil, é essa a sua dura realidade que fez com que ela deixasse de confiar nos outros e se tornasse uma garota bem perspicaz  e casca grossa. Até que depois de alguns acontecimentos, Lor acaba sendo sequestrada e levada para Ouranos, o reino vizinho, onde vai participar das Provas da Rainha do Sol. Nesse evento, ela vai se ver obrigada a competir com outras nove Tributos enfrentando uma série de provações muito perigosas, onde a vencedora irá ocupar o trono e governar o reino ao lado de Atlas, o Rei Sol.
A princípio, quando ela começa a ter noção do que está acontecendo alí, Lor não ter o menor interesse romântico em quem quer que seja. A vítoria só lhe importa pelo fato de que, com o poder que teria como rainha, ela poderia ser livre, salvar os irmãos e ainda se vingar do Rei Aurora, que a manteve presa por todos esses anos.
Porém, todo o luxo e requinte do palácio, assim como a presença das demais Tributos, só serve pra fazer Lor se sentir inferior e mostrar que ela não pertence aquele lugar. Ela vai precisar usar sua inteligência para não somente lidar com as adversárias, mas para identificar em quem pode confiar e de quem pode se aproximar para não cometer erros e se tornar rainha.

O livro é narrado com capítulos alternados entre Lor (em primeira pessoa), e Nadir (em terceira pessoa). Nadir é o príncipe herdeiro do Reino de Aurora, e seu ponto de vista aparece para que o leitor possa acompanhar o que está acontecendo por aquelas bandas enquanto eles tentam descobrir como Lor foi sequestrada e como trazê-la de volta, mostrando que ela é bem mais importante do que parece já que tem dois reis de olho nela. Os capítulos são curtos, a história tem um ritmo acelerado e a leitura pode ser feita bem rápida porque - ainda bem - não tem enrolação.
Mas, mesmo que a autora seja direta ao descrever os acontecimentos, percebi algumas coisas, além do excesso de "inspiração" em outros livros, que me incomodaram durante a leitura, como mudanças de personalidade da protagonista sem o menor motivo, atitudes questionáveis de todo mundo, rumo da trama previsível, e cenas hot gratuitas que parecem estar alí só pra forçar uma química entre Lor e Atlas que, simplesmente, não existe.

Desde o início dá pra perceber quem é confiável ou não, mas Lor, que é quem deveria ser a primeira a enxergar isso (já que foi apresentada como alguém inteligente, observadora, fria e sagaz), vive chorando pelos cantos, imaginando como será seu próximo encontro secreto e cheio de fuego com Atlas (que está tão cercado por ouro e a cor dourada que mais parece o rei Midas), e morrendo de ciúme por pensar que ele pode estar se encontrando com outras Tributos e fazendo as mesmas coisas que faz com ela. Lor é retratada como alguém forte, corajosa e determinada, mas ela perde toda essa firmeza, e até a credibilidade, quando está junto de Atlas e se deixa levar pela sua fala mansa e nada convincente. Tudo bem que ela pode estar deslumbrada com a vida no palácio, mas imagino que uma pessoa com ela, que carrega traumas horrorosos acumulados por mais de uma década, não seria convencida tão fácil por um único sujeito, tanto que ela vive enfrentando e brigando com Gabriel, o chefe da guarda real, bonitão e dono de asas enormes, que deveria protegê-la mas que, além de um completo ogro (será mesmo?), aparentemente prefere se enfiar em todo tipo de orgias que vê pela frente.

A fantasia em si é subaproveitada pois só é relevante em, no máximo, três cenas. Os personagens fantásticos que vivem centenas de anos, ou outros que tem asas gigantescas e podem sair voando por aí, poderiam desempenhar o mesmíssimo papel caso fossem humanos comuns sem que fizesse diferença. Ou eu perdi alguma coisa ou simplesmente não entendi o propósito de encaixar a história nesse gênero.

A competição em si só está alí pra promover cenas de ação e violência, onde as participantes se machucam feio ou morrem numa tentativa de deixar o leitor abismado, o que é tão cruel quanto sem sentido. Desde o início da história fica claro que Atlas sabe de algo e tem planos, e que esses planos envolvem a protagonista. E por decidir as coisas sem que ninguém o questione, ele poderia simplesmente escolher quem ele quisesse no meio do povo sem necessidade de fazer as garotas passarem por prova alguma...

Enfim, o livro não é nada original e tráz aquela fórmula batida da mocinha badass e com passado misterioso que precisa enfrentar mil e um desafios pra conseguir alguma coisa importante, topa com alguém insuportável que depois se torna sua aliada, conhece um cara ignorante com quem tem conflitos mas que acaba despertando sua simpatia, e aquele que parece ser bonzinho é um completo embuste que mostra quem é de verdade no final das contas. Acho que vale sugerir a leitura pra quem ainda não leu livros de séries como A Seleção, Jogos Vorazes, Trono de Vidro e afins, pois a autora parece ter combinado todos os elementos e situações de livros com essa fórmula pra escrever esse aqui. Caso tenha lido, sinto informar que vai ser impossível passar pelas páginas e não ficar com aquela sensação incômoda de já ter lido essa mesma história em outro lugar.

O Rei Aurora, continuação desse primeiro volume, já tem data de lançamento: 18 de Junho de 2024.

Novidade de Maio - Suma

4 de maio de 2024

Mais Sombrio - Stephen King (21/05/2024)
Cinquenta anos depois da publicação de seu primeiro romance, Carrie, Stephen King continua a surpreender e encantar a todos com versatilidade e talento impressionantes para contar histórias.
Cada texto desta coletânea nos oferece uma reflexão diferente acerca de temas como o destino, o luto, o sobrenatural e os limites -- frequentemente nebulosos -- entre o conhecido e o desconhecido. Em Mais sombrio, o autor mergulha nas profundezas obscuras da vida, conduzindo o leitor por doze contos inesquecíveis, cinco deles inéditos -- incluindo "Cascavéis", sequência do romance Cujo.
Repletas de reviravoltas, as histórias de Mais sombrio continuarão marcadas na memória daqueles que se aventurarem por essas páginas, ecoando até muito tempo depois de fechar o livro.


Novidade de Maio - Seguinte

3 de maio de 2024

Em Sintonia - Jéssica Anitelli (14/05/2024)
Felipe não vê a hora de reencontrar os amigos depois de longos meses trancado em casa por conta da pandemia de covid-19. O problema é que o ano letivo dele tem tudo pra ser um desastre.
Pra começar, seus pais trabalham no colégio e vão estar por perto quase o tempo todo. Além disso, a relação entre as turmas, que já não era das melhores, está ainda mais tensa -- e o 3º A, liderado por Kevin, está determinado a pregar diversas peças na sala de Felipe para fazer os rivais passarem vergonha. Em meio a tudo isso, seu grupo de amigos precisa lidar com a pressão do vestibular e com os mais diversos dramas. E a cereja de bolo: a nova aluna, Anita, não vai nem um pouco com a cara de Felipe... Mas também, que diferença isso faz?
Quando as provas começam, Felipe não vê alternativa a não ser recorrer à monitoria de química, e é lá que se aproxima de Anita. Aos poucos, a conexão entre os dois vai crescendo, e não demora para o garoto se dar conta de que está se apaixonando pela primeira vez na vida. Só que Anita tem assuntos mal resolvidos no passado, e talvez este novo sentimento não seja o bastante para eles ficarem juntos...

Novidades de Maio - Paralela

2 de maio de 2024

Conversas na Madrugada - Claire Daverley (21/05/2024)
Will e Rosie orbitam polos opostos quando se conhecem, na adolescência: ela pensa demais, ele é o amigo rebelde e imprevisível do irmão gêmeo dela; uma sonha em estudar em Oxford ou Cambridge, o outro não cogita entrar na faculdade. É quando fazem caminhadas no gelo, conversam ao redor de uma fogueira e trocam telefones que uma conexão inesperada, rumo ao que parece ser uma história de amor, começa a se estabelecer.
Mas uma tragédia interrompe de vez a ideia de um futuro conjunto.
Os anos passam e os laços que unem Will e Rosie se mostram surpreendentemente fortes. Sempre que se encontram são tomados pela dúvida do que poderia ter sido deles caso aquilo não os tivesse separado.
O que fazer quando a pessoa de quem você deve se afastar é aquela que não consegue esquecer?

Os Sussuros - Ashley Audrain (07/05/2024)
Na Harlow Street, casais de classe alta e seus filhos se reúnem para um churrasco. O verão está acabando, mas as bebidas continuam até tarde da noite.
Tudo vai bem até que Whitney, a anfitriã perfeita, assusta a todos com uma explosão furiosa com seu filho. Todos na festa ouvem os gritos e, com isso, sua máscara de perfeição se quebra em alto e bom som. Poucos dias depois, o menino cai da janela do quarto no meio da noite. Agora, a mãe está no hospital, sentada ao lado do filho, e se recusa a falar com qualquer pessoa, enquanto a vida dele está em jogo.
Ao longo de três dias tensos, quatro mulheres lidam com o que levou a essa terrível noite. O que acontece a seguir?
Explorando a inveja, as amizades femininas, o desejo e as intuições que silenciamos, Os sussurros é um romance arrepiante que marca Audrain como um grande talento da ficção psicológica.

Resumo do Mês - Abril

1 de maio de 2024

Esse mês não consegui fazer o que tinha planejado por conta dos aniversários de metade do povo aqui de casa. Foi triste, mas a correria me consumiu. Maio vem aí. Mês novo, vida nova kkkkk (ou não).

Na Telinha



Caixa de Correio #144 - Abril

30 de abril de 2024

Enfim o mês de abril acabou, mas duvido que a rotina de doido que é aqui em casa chegue ao fim. Abril é mês de aniversário triplo (eu, Marina e Theo) e a diferença de uma mísera semana não ajuda muito a ter uma folguinha. Como gastei o que não tinha com bolo, salgadinhos e coisinhas de festa, nem arrisquei passear pelas lojas online da vida, então o que chegou foi os livritchos da Cia das Letras.

Na Telinha - O Conto da Princesa Kaguya

6 de abril de 2024

Título:
O Conto da Princesa Kaguya (Kaguya-hime no monogatari)
Produção: Studio Ghibli
Elenco: Aki Asakura, Kengo Kora, Takeo Chii
Gênero: Animação/Fantasia/Drama
Ano: 2013
Duração: 2h 17min
Classificação: Livre
Nota:★★★★★
Sinopse: Esta animação é baseada no conto popular japonês "O cortador de bambu". Kaguya era um minúsculo bebê quando foi encontrada dentro de um tronco de bambu brilhante. Passado o tempo, ela se transforma em uma bela jovem que passa a ser cobiçada por 5 nobres, dentre eles, o próprio Imperador. Mas nenhum deles é o que ela realmente quer. A moça envia seus pretendentes em tarefas aparentemente impossíveis para tentar evitar o casamento com um estranho que não ama. Mas Kaguya terá que enfrentar seu destino e punição por suas escolhas.

A animação O Conto da Princesa Kaguya, produzida pelo Studio Ghibli, é baseada numa lenda popular narrada desde o século X, O Cortador de Bambu, que faz parte da cultura japonesa e é uma das mais antigas e famosas que existem.
Ela conta a história de um casal de camponeses bem pobres e idosos que não tiveram filhos, mas criam uma garotinha que nasceu de um broto de bambu. Ela cresce e se desenvolve muito rápido, o que intriga bastante as crianças do vilarejo que logo se tornam seus amigos, principalmente um garoto chamado Sutemaru, que tem um enorme carinho por ela.




Vivendo numa casinha simples, ela brinca com os amigos, corre pela floresta e pelas montanhas, e sempre apronta alguma peripécias junto com as outras crianças. Apesar de serem pobres e passarem algumas dificuldades, ela não poderia ser mais feliz.
Mas tudo muda quando seu pai, o cortador de bambu, começa a encontrar ouro e tecidos finos no bambuzal. Ele acredita que toda essa riqueza foi enviada pelos céus para que ele possa fazer de sua filha uma princesa. E assim, ele parte com a família para a cidade, onde passam a morar num grande palácio levando um estilo de vida digno da nobreza.
Na cidade, a garota começa a aprender com a Srta. Sagami sobre os modos da corte para poder se portar como uma verdadeira dama, mas todos os luxos que lhe foram proporcionados jamais trariam a mesma alegria que ela tinha quando vivia no vilarejo, e ela passou a se sentir aprisionada por ser obrigada a seguir por um caminho que ela nunca quis.


Até que depois de um grande banquete promovido pelo seu pai, cinco pretendentes na nobreza se interessam em tomá-la como esposa, até mesmo o próprio imperador. Sem intenção de se casar com um daqueles homens, Kaguya começa a dar tarefas impossíveis de serem cumpridas numa tentativa de se livrar desses pretendentes mas, a medida que o tempo passa, suas escolhas começam a definir seu inevitável destino.


O Conto da Princesa Kaguya é uma das animações mais bonitas e sensíveis que já assisti. É uma história tocante e triste que traz reflexões profundas não apenas sobre as consequências das escolhas tomadas, mas também sobre o silenciamento e a objetificação da mulher que perdura por séculos.
A animação mostra muito da antiga cultura japonesa no que diz respeito à transformação que a mulher precisava passar para se adequar aos padrões de beleza da época, à sociedade e ao seu futuro marido, como ter o corpo modificado, os dentes escurecidos e várias outras características dolorosas que tornavam a mulher submissa. Desde o início Kaguya já demonstrava uma enorme relutância em aceitar essas imposições, ela questiona a Srta. Sagami e trata seus ensinamentos como brincadeira, ela se recusa a "ter modos", e no fundo o que ela queria era brincar com os amigos na floresta e ser livre para escolher o que quisesse. Porém, essa "rebeldia" é repreendida por todos à sua volta e Kaguya passa a acreditar que seu comportamento inadequado traz infelicidade e desgosto para seus pais, e unindo isso a obsessão do seu pai em fazer dela uma nobre princesa a qualquer custo, o que resta à garota é ceder as vontades do pai e mergulhar cada vez mais fundo num sentimento de vazio e não pertencimento...
Sua mãe entende o quanto Kaguya está sofrendo, mas não tem o que fazer a não ser consolá-la pois, por ser mulher, ela não pode confrontar o marido e faz o papel de esposa submissa e obediente.




Frustrada, deprimida, silenciada e presa na própria solidão, ela se agarra às suas lembranças mais felizes do passado, e aqui eu tenho que destacar como os traços e as cores da animação mudam conforme os sentimentos de Kaguya. O que antes parecia uma pintura em aquarela e tons pastéis, se torna rabiscos agressivos e escuros que demonstram toda a agonia, raiva e angústia sentidas pela protagonista, o que a leva a implorar para os céus que a tirem daquela situação terrível já que ninguém que seja próximo dela dá importância para o que ela realmente quer.

Eu ainda me pergunto como pode essa animação ter perdido o Oscar para Operação Big Hero, da Disney. Não que esse segundo seja ruim, mas em comparação com a obra de arte que é O Conto da Princesa Kaguya, pelamordedeus... É um pecado, quase um crime.

É uma animação com poucos diálogos, o que faz com que quem esteja assistindo acabe apreciando não só os desenhos feitos à mão com a maior delicadeza desse mundo, mas também os momentos de silêncio e contemplação dos personagens em meio a simplicidade da vida no campo em meio a natureza ou aos luxos de um palácio repleto de requinte. As coisas acontecem devagar, vão sendo digeridas aos poucos, o que acaba dando um toque tão agridoce quanto amargo diante dos acontecimentos.










Penso que por mais que o conto exista há mais de mil anos, é impossível não se surpreender com uma adaptação tão atemporal e que traz questionamentos tão relevantes sobre o papel da mulher na sociedade (que muitas vezes é impedida de ser quem ela é), sobre a felicidade poder ser encontrada nas pequenas e mais simples coisas da vida, e sobre as pessoas só darem valor ao que elas têm quando perdem...

Novidades de Abril - Paralela

5 de abril de 2024

A Lista de Coisas Suspeitas - Jennie Godfrey (09/04/2024)
É 1979 em Yorkshire, na Inglaterra, e o pai de Miv está pensando seriamente em mudar de cidade. Ela sabe que é por causa dos assassinatos que assombram a região já há alguns anos, mas deixar o lugar onde cresceu e ficar longe de sua melhor amiga, Sharon, não é uma opção, não importa que perigos rondem por ali -- nem como as coisas estão estranhas em casa desde o dia em que sua mãe parou de falar.
Talvez, se ela conseguir encontrar o assassino dessas mulheres, ela e a família possam ficar onde estão, afinal. Com isso em mente, Miv e Sharon começam a fazer uma lista de todas as pessoas e coisas suspeitas na vizinhança onde moram.
Mas a busca das garotas pela verdade acaba revelando a existência de segredos inesperados no bairro, em suas famílias e entre elas. E se o verdadeiro mistério que Miv precisa resolver estiver mais perto do que ela imagina?

O Efeito Graham - Elle Kennedy (16/04/2024)
Será que uma brilhante jogadora de hóquei consegue sair da sombra do pai famoso, ganhar uma medalha e ser escalada para a seleção, mantendo o foco e sem perder seu coração no processo? Acompanhe a história viciante e cheia de surpresas de Gigi, filha do casal protagonista de O acordo.
Gigi Graham tem três objetivos na vida: se classificar para a seleção nacional de hóquei feminino, ganhar uma medalha olímpica e, finalmente, sair da sombra do pai. Para isso, ela precisa de ajuda -- alguém que a treine, que a faça ultrapassar seus limites... Alguém como Luke Ryder, o novo capitão do time de hóquei da Universidade Briar. Só tem um problema: Luke é antipático, cabeça-dura, presunçoso e insuportavelmente sexy.
Assim como Gigi, ele é um esportista brilhante. Mas, ao contrário dela, ele é conhecido por ter um mau comportamento e um passado nebuloso, cheio de boatos não esclarecidos. Gigi sabe que deve se concentrar em seus treinos, e tenta ignorar a conexão arrebatadora que sente sempre que está perto dele.
Será que negar o amor é um jogo possível?
Aparentemente, nem a mais obstinada jogadora de hóquei está preparada para ganhar essa.

Novidades de Abril - Seguinte

4 de abril de 2024

Manual do Amor: Um guia sobre emoções e relacionamentos para todas as pessoas - Alex Norris (02/04/2024)
Não é incrível quando o amor acontece? Nos conectamos com alguém atraente e interessante e sentimos um monte de coisas. Mas o que fazer quando a paixão acaba? E se tudo der certo? Ou quando o amor simplesmente... dói
Voltado tanto para quem está começando a vida amorosa como para quem procura uma nova perspectiva, Manual do amor é um guia divertido e inclusivo para o mundo dos relacionamentos -- de todos os tipos.



A Ladra Amaldiçoada - Little Thieves #1 - Margaret Owen (16/04/2024)
Vanja é uma criada, e desde cedo aprendeu que nenhum presente é de graça. Quando suas madrinhas, as deusas Morte e Fortuna, exigem um preço alto por sua ajuda, a garota decide tomar as rédeas do seu futuro... e roubar a identidade de Gisele, a princesa que deveria servir. Agora, ela tem um álibi para frequentar as festas da nobreza e roubar as joias que vão financiar sua grande fuga. Até que, perto de conquistar sua liberdade, a jovem cruza o caminho da deusa errada e sofre uma maldição: seu corpo vai, aos poucos, se transformar nas pedras preciosas que ela tanto ama.
Vanja tem duas semanas para descobrir como quebrar a maldição e escapar. O que já seria bem difícil sem um jovem detetive no seu encalço. Será que Vanja finalmente encontrou alguém páreo para sua inteligência -- e capaz de mexer com seu coraçãob
Com ilustrações da própria autora, este é o primeiro volume de uma série de fantasia sobre identidades roubadas, romances inesperados e garotas que estão longe de serem mocinhas.


Novidade de Abril - Suma

3 de abril de 2024

Mesmo Sabendo Como Tudo Acaba (30/04/2024)
Helen Brandt perdeu tudo: o trabalho, a família e, em uma atitude desesperada para salvar o irmão, a própria alma. Graças a um pacto demoníaco, Teddy sobreviveu e, em troca, ela foi condenada a padecer no inferno por toda a eternidade.
Expulsa da ordem mágica à qual pertencia, a jovem passou a última década investigando mistérios sobrenaturais ao lado de Edith, seu grande amor. Agora, prestes a dar adeus à vida que dividia com a amada e cumprir sua sentença, ela recebe uma última oferta de trabalho: capturar o assassino em série mais temido da cidade.
Ao ter a proposta recusada, sua cliente lança mão da única recompensa que a detetive não pode negar: reverter o pacto e envelhecer ao lado da mulher que ama. Agora, ela terá três dias para descobrir quem está fazendo vítimas pela cidade ou perder para sempre a chance de ser feliz com Edith.

Novidade de Abril - Quadrinhos na Cia

2 de abril de 2024

Pigmento - Aline Zouvi (09/04/2024)
Clarice é uma jovem tatuadora que não consegue se tatuar. Há algo de misterioso no fato de a tinta não se fixar em sua pele. Um dia, conhece Lívia, uma restauradora de livros, e desse encontro vai nascer uma relação que mudará a vida de ambas.
Num universo feito de tinta e símbolos, e repleto de referências (de Emil Ferris a Virginia Woolf, de René Magritte a Ana Cristina César, de Carl G. Jung a Paul B. Preciado), Aline Zouvi arma uma teia fascinante em que desejo, sexualidade e autodescoberta se conectam aos mistérios (e possibilidades) do corpo e do inconsciente. Uma história de amor contada com frescor e vitalidade. Afinal, mesmo que não saibamos exatamente qual o caminho, guiados pelo traço destemido e cheio de ternura de Zouvi, estaremos protegidos.

Resumo do Mês - Março

1 de abril de 2024

Esse mês passou tão rápido que nem vi. Comecei a fazer fisioterapia de novo, mas dessa vez por causa da minha coluna acabada que anda me matando. Consegui liberar algumas resenhas de livros mais rápidos de serem lidos, mas outros que comecei a ler há séculos não terminei até hoje, então pretendo terminar esse mês porque não aguento mais deixar o pobre do livro encostado.

Assisti O Problema dos Três Corpos e agora to super curiosa pra ler o livro que recebi da Cia das Letras, e ele já tá aqui na fila. Voltei a assistir A Descoberta das Bruxas (tem até resenha dos livros aqui no blog, mas juro que não lembro da história mais e tô tentando relembrar assistindo a série) e, agora que cheguei na terceira temporada, a Globoplay simplesmente tirou a bendita do catálogo sabe-se lá por que motivo, e eu que lute. Grazadeus que o torrent existe pra me salvar uma hora dessas...

Enfim, foi pouca coisa que dei conta de fazer, mas já foi um progresso levando em consideração toda essa peleja que minha vida está e o quanto ando cansada física e mentalmente:

Resenhas



Caixa de Correio #143 - Março

31 de março de 2024

Enfim uma caixa gorda pra me deixar feliz, alegre e saltitante. Aproveitei a semana do consumidor da Amazon e comprei uns livritchos pra eu continuar estudando tarô, uns decks temáticos e jogos que estavam na minha lista de desejos há um tempão mas que nunca entravam na promoção, livros da Darkside que comprei na pré-venda e chegaram super rápido, e os livros da parceria com a Cia das Letras, que eu tô super animada pra ler.

A caixa de março:

Lendas Japonesas - Loputyn

19 de março de 2024

Título:
 Lendas Japonesas
Autora: Loputyn
Editora: Darkside
Gênero: Contos
Ano: 2024
Páginas: 64
Nota:★★★★☆
Sinopse: No universo rico e cativante das lendas japonesas, criaturas misteriosas e seres encantados surgem entre as sombras e entram em cena, desencadeando eventos surpreendentes e interações inusitadas entre os personagens. Nesse cenário fascinante que entrelaça o mundano e o sobrenatural, a quadrinista italiana Jessica Cioffi, que adota o pseudônimo Loputyn, dá nova vida e perspectiva a 25 contos tradicionais japoneses, ilustrando-os com seu toque delicado e singular.
Selecionados cuidadosamente pela artista, que já encantou os darksiders com Francis , os contos que compõem Lendas Japonesas abrangem temas como amores não correspondidos, vingança, feitiços e acontecimentos sobrenaturais. São histórias que atravessaram épocas e gerações, transmitidas pela tradição oral e registradas na literatura clássica ou adaptadas para o teatro.

Resenha: Loputyn, pseudônimo da quadrinista italiana Jessica Cioffi, traz uma coletânea de 25 contos narrados de forma bem simples e direta para abordar o universo tão rico quanto singular das tradicionais lendas japonesas, que chega ao Brasil publicado pelo selo Darklove, da editora Darkside.

São contos que falam de amor e esperança, mas também de abandono, rancor e vingança onde a maioria deles tem algum espírito rancoroso e vingativo como protagonista dando um toque sobrenatural e um tanto assustador à lenda, incluindo aqueles que aparecem em forma de animais demoníacos.

A primeira lenda, chamada A Princesa Reluzente, vai ser bem familiar pra quem já assistiu O Conto da Princesa Kaguya, do Studio Ghibli.
A lenda de Oiwa também é mencionada, pois se trata da história de fantasma mais famosa do Japão e até hoje serve de inspiração para filmes, mangás, animes e afins.

Dentre os contos, acho que os que mais gostei foram A Princesa Reluzente, Urashima, O Espelho de Matsuyama (muito sensível e comovente), Uma Promessa não Cumprida, Yuki-Onna e a própria Oiwa. Talvez por serem contos curtos, alguns não despertaram tanto a minha curiosidade ou não tiveram o mesmo impacto que os outros, e por questão de gosto eu achei os contos de terror mais interessantes.

Como os contos são curtos e narrados de forma mais sucinta, não há espaço para mais detalhes ou um maior aprofundamento mas, mesmo assim, ainda é possível perceber a riqueza e a beleza da cultura japonesa quando essas lendas trazem protagonistas tão peculiares, interessantes, misteriosos e, alguns deles, até muito sombrios que fazem parte do folclore do Japão. Vários locais e eventos mencionados realmente existiram, como Edo que posteriormente se tornou Tóquio, ou o incêndio de Edo em 1655 que aqui está associado com uma das lendas japonesas, Furisodê. Terminei a leitura e já fiquei com vontade de ir pesquisar.

Alguns contos trazem termos que podem não ser muito conhecidos por aqui e não há maiores explicações, como "hora do rato" (das 23hrs da noite a 1hr da manhã) ou "hora do boi" (da 1hr as 3hrs da manhã) que indicam um período de um determinado acontecimento, então senti falta de um tipo de glossário para situar melhor o leitor, mesmo que a título de curiosidade.

A diagramação do livro é muito bonita e organizada, com a ilustração numa página e o respectivo conto na seguinte. As páginas são coloridas, cada uma de uma cor, e a paleta de cores em tons pasteis é super agradável aos olhos. As ilustrações são belíssimas, trazem a essência do conto à tona, com traços delicados mas sempre muito expressivos e marcantes.

Para quem gosta das singularidades da cultura japonesa, com lendas antigas ou urbanas, que fazem um equilíbrio entre o tangível e o sobrenatural, mostrando que pode haver muito mais coisas nessa existência das quais jamais poderemos supor, é leitura mais do que indicada.

 

Esquisitona - Sarah Andersen

15 de março de 2024

Título: 
Esquisitona
Autora: Sarah Andersen
Editora: Seguinte
Gênero: Juvenil/Tirinhas
Ano: 2024
Páginas: 120
Nota:★★★★☆
Sinopse: No quarto volume da sua coletânea de tirinhas, Sarah Andersen explora ― com muito humor e fofura ― as esquisitices do início da vida adulta.
Você faz piadas ruins nas horas mais inconvenientes? Tem medo de se mostrar como realmente é ― e assustar as pessoas? Relaxa, todo mundo tem alguma esquisitice… Ou várias! Isso é o que demonstram as tirinhas de Sarah Andersen, cartunista que já conquistou mais de 4 milhões de seguidores na internet com um traço encantador e sacadas geniais.
Esta nova antologia fala sobre o sentimento de inadequação num mundo pra lá de convencional. Acima de tudo, nos traz a tranquilidade de que está tudo bem ser diferente, e que sempre vai ter alguém que compartilha das nossas esquisitices ― basta olhar para o lado, ou folhear as páginas.

Resenha: Depois de quase 4 anos de espera, a Seguinte traz o quarto volume da coletânea de tirinhas da autora e ilustradora Sarah Andersen, que dessa vez fala sobre o início da vida adulta e todas as esquisitices que as pessoas da geração millenial trazem consigo.

Cada página traz um conjunto de tirinhas com piadinhas ou situações individuais que não tem ligação com as das outras páginas, e a autora explora as "vantagens" de ser diferente em meio a multidão. Algumas tirinhas são engraçadas, outras são bem inteligentes, e outras são meio bobinhas, mas quem é mais tímido, sofre de ansiedade e depressão, tem dificuldade na socialização, se enxerga diferente da maioria das pessoas, ama gatos e não vive sem procrastinar, vai se identificar com a maioria delas.




As ilustrações são simples, mas bem expressivas, intensas e engraçadas, e já é marca registrada da autora. A edição em capa dura é uma gracinha, e em conjunto com os volumes anteriores fica uma fofura na estante. O trabalho gráfico e o cuidado da editora nessas edições é incrível.

Vou ser sincera e dizer que algumas das piadinhas com referências às gerações Y ou Z me fizeram sentir que ando por fora de muita coisa, talvez por não terem uma ligação direta com meu cotidiano, e acabei não me identificando, mas a maioria das outras é bem engraçadinha e fazem muito sentido.



Sarah também esboça sobre a vida de autores e as decisões que eles tomam ao escreverem suas histórias, e todo leitor vai conseguir pegar as referências hilárias desse "modus operandi" literário.

Acho que esse volume é mais específico e voltado para os dilemas de pessoas entre 30 e 40 anos (o que não é bem o início da vida adulta como a sinopse dá a entender) justamente por focar em questões, comportamento e modo de pensar que geralmente fazem parte dessa geração, então talvez não terá muito apelo ou não fará muito sentido para quem é mais jovem.

No mais, Esquisitona é uma leitura que traz reflexões bem interessantes e com muito bom humor. É aquele tipo de livro perfeito para relaxar, intercalar entre leituras mais densas e dar aquele sorrizinho de canto.

Pessoas Normais - Sally Rooney

11 de março de 2024

Título:
 Pessoas Normais
Autora: Sally Rooney
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance
Ano: 2019
Páginas: 264
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Na escola, no interior da Irlanda, Connell e Marianne fingem não se conhecer. Ele é a estrela do time de futebol, ela é solitária e preza por sua privacidade. Mas a mãe de Connell trabalha como empregada na casa dos pais de Marianne, e quando o garoto vai buscar a mãe depois do expediente, uma conexão estranha e indelével cresce entre os dois adolescentes ― contudo, um deles está determinado a esconder a relação.
Um ano depois, ambos estão na universidade, em Dublin. Marianne encontrou seu lugar em um novo mundo enquanto Connell fica à margem, tímido e inseguro. Ao longo dos anos da graduação, os dois permanecem próximos, como linhas que se encontram e separam conforme as oportunidades da vida. Porém, enquanto Marianne se embrenha em um espiral de autodestruição e Connell começa a duvidar do sentido de suas escolhas, eles precisam entender até que ponto estão dispostos a ir para salvar um ao outro. Uma história de amor entre duas pessoas que tentam ficar separadas, mas descobrem que isso pode ser mais difícil do que tinham imaginado.

Resenha: Pessoas Normais, da autora Sally Rooney, conta a história do relacionamento de Marianne e Connell. Eles estão no ensino médio e nunca trocaram uma palavra, até que acabam se aproximando mais quando Connell vai buscar a mãe, que trabalha como empregada na mansão onde Mariane mora, e começam a se relacionar secretamente. Mas, Connell tem muito receio de que seus migos descubram sobre sua proximidade com Marianne, e tudo parece ir ladeira abaixo. E é essa premissa que vai impulsionando a trama até eles irem pra faculdade e iniciarem a vida adulta cheia de encontros e desencontros, enquanto alguns conflitos que envolvem questões de classes sociais e outros fatores vão surgindo. A dinâmica entre eles é moldada de acordo com o círculo social e com o ambiente que estão inseridos, mas quando Marianne começa a afundar e Connell passa a questionar suas escolhas, eles precisam definir até onde serão capazes de ir para ajudar um ao outro mesmo que façam de tudo pra ficarem separados...

A escrita da autora não é a melhor com a qual já me deparei e tive que recorrer ao audiobook pra terminar porque a sensação é que a história não desenvolve. Não é o tipo de narrativa que prendeu minha atenção, e a falta da travessão pra identificar os diálogos dos personagens foi um tanto estranho pra mim. Ela mescla situações do cotidiano com momentos sensíveis mas, talvez por se tratar de adolescentes muito "especiais", que lêem Marx por diversão, discutem política e estão intelectualmente acima dos outros porque sim, achei as coisas meio genéricas e artificiais demais. Mesmo que a autora sempre evidencie que Marianne e Connell são diferentes dos outros jovens, senti falta de mais camadas, mais profundidade e, acima de tudo, menos romantização das dificuldades e problemas que eles enfrentam.

Marianne é a adolescente rica e mais inteligente da escola que não se mistura com os outros e não liga pro que pensam dela (pelo menos até o término de um relacionamento falido). Ela vem de uma família abusiva que, obviamente, desencadeia vários traumas nela.
Connell foi criado pela mãe e, apesar de ser popular na escola, ele sofre de depressão e crises de ansiedade. São problemas delicados e bastante realistas, incluindo as diferenças gritantes de classes dos dois, que ambos tem dificuldade em lidar, mas a autora parece tentar levar isso pro lado do "inevitável", como se tudo se justificasse e tivesse que ser compreensível, principalmente quando os personagens começam a demonstrar o quanto são egoístas e de caráter duvidoso. Eles se relacionam sexualmente e vivem experiências memoráveis, mas ninguém pode saber, logo se afastam e não sabem porquê. Depois se envolvem com outras pessoas sem a menor relevância cujos relacionamentos são totalmente descartáveis e esquecíveis, mas não se libertam e não esquecem um do outro. Eles nunca oficializam o que construíram, mas sempre surgem na vida um do outro trazendo momentos significativos e, relativamente, importantes.

Uma coisa que percebi é que a maioria dos problemas que os protagonistas enfrentam são causados devido à pressão que sofrem pelas pessoas que os cercam, pela necessidade de impressionar os outros, pela importância que dão para o que os outros pensam deles, e pelas expectativas sociais, ou seja, tudo gira em torno de terceiros. A autora traz essa ideia de que, por mais que duas pessoas tenham uma ligação forte, se entendam e se gostem, elas podem ter uma dificuldade de comunicação gigantesca que pode desencadear vários desencontros, e ainda desistir da outra por não conseguirem lidar com essa pressão e com a forma como isso pode parecer pra quem vê de fora.

Os personagens secundários parecem estar alí só pra movimentar o drama dos protagonistas e não tem oputros propósitos. A família de Marianne é um nojo, com uma mãe esnobe que trata tudo e todos com indiferença, e um irmão malicioso que não tenho nem adjetivos pra descrever, como se todo mundo que fosse rico fosse obrigado a tratar os outros com desdém e crueldade.

Talvez a ideia da autora fosse mostrar essa parte realista e humana de personagens com mais falhas do que virtudes, que preferem se autosabotar e se comportarem como se fossem incapazes de aprender alguma coisa com a vida. Talvez isso justifique que nada do que aconteceu serviu como fator de amadurecimento e crescimento pra nenhum deles, mas não nego que é frustrante acompanhar a história toda pra, no final, a recompensa ser nada.

Pessoas Normais, no final das contas, se mostrou um romance bem deprimente que conta uma história de amor triste e de muita solidão. É uma história sobre duas pessoas muito diferentes e com uma enorme conexão que, entre altos e baixos, se encontram uma na outra.