Caixa de Correio #89 - Julho

31 de julho de 2019

Esse mês não foi tão proveitoso na questão literária... mas na questão dos popineos, meus amigos, não posso dizer o mesmo. Consegui aproveitar uma promoção insana de pops por R$45,00, preço mais barato do que se eu mesma importasse dos EUA, então aproveitei. Tudo bem que uma das compras foi apreendida (perdi os pops do set de Kubo nessa #cry), e estou tendo problemas com o Mercado Livre pra cancelarem a cobrança, mesmo com a compra já tendo sido cancelada, e um dos pops veio com defeito e precisei devolver (Edward Elric sem sua trança dourada e esvoaçante é inaceitável), mas os que recebi já me fizeram feliz.

E não posso deixar de falar sobre os novos moradores aqui de casa, que chegaram bem tímidos mas já estão se acostumando com a rotina e perdendo a vergonha aos pouquinhos. Foto de bônus no fim do post desses dois bolotinhos peludineos.

Espiem:

Wishlist #73 - Funko Pop - Sailor Moon

10 de julho de 2019

Sailor Moon fez bastante sucesso nos anos 90, principalmente entre as meninas. O anime conta a história de Usagi Tsukino (ou Serena, na versão dublada), uma garota de 14 anos, que estuda na oitava série, bem inocente, bastante chorona, e aparentemente normal (ou pelo menos, é isso o que ela pensa). Um dia, ela encontra uma gatinha falante que revela a identidade de Usagi como "Sailor Moon", uma renascida guerreira mágica cujo destino é salvar a Terra das forças do mal. A gatinha, Luna, vai lhe dando tarefas e auxiliando Usagi a usar seus novos objetos mágicos contra vários vilões horripilantes.

Acho que, analisando hoje, talvez por ser direcionado ao público infantil, quem é mais velho pode achar o anime bem besta, com altas poses e movimentos estilo Power Rangers, mas que na época era um auge. A nostalgia que ele causa hoje é o que importa, tanto que recentemente voltei a assistir os episódios depois de décadas.
E os pops? São lindos, coloridos, com detalhes incríveis e quero todos!



Na Telinha - Big Little Lies (1ª Temporada)

9 de julho de 2019

Título: Big Little Lies
Temporada: 1 | Episódios: 7
Distribuidora: HBO
Elenco: Reese Whiterspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Laura Dern, Zoë Kravitz, Alexander Skarsgård, Adam Scott
Gênero: Drama/Suspense
Ano: 2017
Duração: 52min
Classificação: +16
Nota: ★★★★★
Sinopse: Na cidade litorânea de Monterey, estado da Califórnia, nada é o que parece. Madeline (Reese Witherspoon), Celeste (Nicole Kidman) e Jane (Shailene Woodley) são três mulheres, com vidas aparentemente perfeitas, que se unem depois que seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Mas alguns acontecimentos as envolvem numa trama de assassinato.

Em 2015, o terceiro livro escolhido para o finado Clube do Livro da Liga foi o Pequenas Grandes Mentiras, da autora Liane Moriarty, e lembro de ter sido uma das melhores e mais empolgantes leituras que fiz naquele ano. Pouco tempo depois, a HBO anunciou que havia adquirido os direitos para produzir uma minissérie baseada na obra, ficamos todos na expectativa, e em 2017 ela foi ao ar. Eu cheguei a esboçar uma postagem para fazer a crítica, mas o tempo foi passando, eu fui adiando e, no final das contas, já não lembrava dos detalhes com tanta clareza para falar sobre a série com a devida propriedade, e acabei desistindo da crítica. Agora, com o recente lançamento da segunda temporada (que na época não havia sido mencionada e eu nem imaginava que iriam produzir), eu aproveitei o gancho para rever e relembrar do que havia esquecido, assim, eu poderia acompanhar os episódios da temporada nova estando por dentro do assunto.



Resumindo, a história se passa na cidade litorânea - e maravilhosa - de Monterey, norte da Califórnia. Inicialmente sabemos que houve um assassinato, o que nos leva a uma narrativa que se alterna entre presente e passado, com os potenciais suspeitos sendo interrogados e dando seus depoimentos sobre o incidente para os investigadores. O espectador não sabe quem matou, quem morreu, e o quê, de fato, aconteceu. Assim, em paralelo a esses relatos, acompanhamos os momentos que antecedem a dita morte naquela comunidade onde tudo parece tão perfeito, principalmente através da vida de três mulheres, Madeline, Celeste e Jane, nos levando à uma jornada de completa desconstrução de conceitos. Há também a questão das crianças e da confusão que um enorme mal entendido causa no relacionamento entre essas mulheres, como mães, e o que ele desencadeia em toda a comunidade. As camadas das personagens são relevadas gradualmente nos menores detalhes, e são responsáveis por nos mostrar que nem sempre as coisas são o que aparentam ser. Os traumas causados pela violência vem em diferentes nuances, pois cada uma lida com os problemas à própria maneira, assim como o impacto que isso tem em suas vidas. Cada uma é afetada de forma diferente e requer um tipo de atenção diferente.



Por se tratar de uma adaptação, algumas diferenças entre série e livro são notáveis, mas nada que prejudique o enredo ou fuja do tema. O início é um pouco lento e o suspense, mesmo que desperte muito nossa curiosidade, é construído devagar. Alguns personagens inclusive ganham destaque e profundidade a mais ao terem os próprios arcos desenvolvidos e explorados. É o caso de Renata (Laura Dern), por exemplo, que acaba representando o papel da mulher competitiva que batalhou duro para ser bem sucedida na vida, ao mesmo tempo que é mãe e super protetora.



Obviamente a realidade dessas mulheres na questão social é bem diferente da maioria das pessoas comuns, de gente como a gente. O estilo de vida que levam, as mansões que moram e afins estão longe da realidade da maioria, principalmente aqui no Brasil, mas a questão que envolve o emocional e a moral é o que ganha o maior destaque, e é o que realmente importa. A questão do mistério acerca do assassinato acaba sendo mero pano de fundo para destacar uma temática profunda e relevante sobre traumas, abusos, sororidade, relacionamentos, maternidade e superação, e também para deixar evidente que sustentar pequenas mentiras pode resultar em algo não só indesejado, mas que pode vir a se tornar grande o bastante para sair do controle.



Madeline (Reese Whiterspoon) é teimosa, controladora, invasiva e curiosa sobre tudo o que se passa com a vida alheia a ponto de ser inconveniente. Mesmo no segundo casamento, ela não lida bem com o entrosamento da filha mais velha com o ex-marido e sua atual esposa, Bonnie (Zoë Kravitz). Muito da sua personalidade e escolhas acaba interferindo no seu atual o casamento. Celeste (Nicole Kidman) abriu mão de tudo para se dedicar aos filhos e ao marido, mas por trás da vida perfeita e do casamento feliz, ela esconde segredos terríveis sobre o que vive dentro de casa. Jane (Shailenne Woodley) é a mãe solteira recém chegada à cidade. Ela já carrega um trauma do passado que ainda não conseguiu superar, e em Monterey ainda precisa lidar com julgamentos alheios por não se encaixar totalmente ao "padrão perfeito" dos moradores dalí. Jane constantemente se sente deslocada, mas em busca de um novo começo e uma vida melhor para seu filho, ela está decidida a enfrentar o que vier pela frente.



Os personagens masculinos, que geralmente representam papéis dos maridos ou alguma figura masculina familiar, mesmo que tenham certa importância para o desenrolar da história, ainda são coadjuvantes perto das mulheres. Elas são complexas, trazem um pouco de representatividade com seus defeitos e virtudes, e são elas quem movimentam a trama em meio aos temas delicados e polêmicos que se conectam com todo tipo de público.

A primeira temporada acaba tendo o mesmo desfecho do livro e o final é bem fechado, mas não deixa de atiçar nossa curiosidade acerca do que o futuro reservaria para essas mulheres peculiares e únicas. Talvez por isso, e pelo enorme sucesso que a série fez, tenham decidido fazer a segunda temporada trazendo as respostas para as perguntas que ficaram sobre o que viria depois.



No mais, com uma boa dose de drama, suspense e toques de bom humor, Big Little Lies é uma excelente pedida pra quem quer acompanhar uma história relevante sobre mulheres que, aos poucos, vão aprendendo que ser feliz e dar valor as pequenas coisas é mais importante do que viver de aparências.

Top 10 #7 - Mortes Mais Tristes em Animações

6 de julho de 2019


Quem nunca se emocionou ou chorou litros assistindo um desenho animado? Até eu, que sou uma pedra, já me escangalhei de tanto chorar em algumas cenas carregadas de emoção e tristeza.
Claro que existem animações com situações e cenas que não envolvem mortes mas são tão impactantes quanto, mas essas ficam pra um próximo Top 10. Aqui vou tratar só das mortes que me fizeram ficar com a cara na poeira.

De antemão, e a menos que você seja de outro mundo, já deixo o alerta de spoilers caso alguém não tenha assistido.

Eis aqui a lista das mortes que mais me deixaram "perplecta". E daqui a 100 anos, nesse mesmo horário, continuarei "perplecta".

A Rainha Aprisionada - Kristen Ciccarelli

5 de julho de 2019

Título: A Rainha Aprisionada - Iskari #2
Autora: Kristen Ciccarelli
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2019
Páginas: 376
Nota:★★★★
Sinopse: Firgaard foi governada durante décadas por um rei tirano e manipulador, capaz de condenar povos inteiros apenas para aumentar seu poder. Depois de uma grande batalha, Asha, sua filha, conseguiu derrotá-lo. E, assim, Dax, o primogênito, assumiu o poder ao lado de Roa, sua esposa.
Roa é uma forasteira vinda das savanas — um território sob o domínio de Firgaard, que há anos é oprimido e está prestes a entrar em colapso. O maior desejo da nova rainha, mesmo sabendo que não é bem-vinda em seu novo lar, é mudar a vida de seu povo. O que ela não esperava era encontrar uma chance de alterar o curso do destino e trazer de volta à vida sua irmã gêmea, Essie, morta quando criança em um terrível acidente. O único obstáculo? O novo rei.

Resenha:  Embora seja o segundo volume, A Rainha Aprisionada também funciona como um companion da trilogia Iskari, por trazer uma história focada em outra protagonista que carecia de ter a história contada, Roa. Existem personagens que já foram apresentados anteriormente que fazem parte da trama em questão, e já saber sobre eles facilita e torna a leitura muito mais satisfatória. Não é obrigatório ler o primeiro para entender este, mesmo que o desenvolvimento esteja diretamente ligado com as consequências do que aconteceu antes, mas recomendo que se leia na ordem, sim, pois as coisas se entrelaçam e fazem mais sentido.

Roa era uma forasteira cansada da tirania e do domínio de Firgaard sobre seu povo, assim, ela se alia a Dax, o filho do Rei Dragão, e irmão de Asha (a protagonista do livro anterior), para tomarem o trono e ambos pudessem reinar de forma justa para o povo, como rei e rainha. Agora, como rainha, Roa pretende usar seu poder para melhorar a vida do seu próprio povo.
Roa tinha uma irmã gêmea, Essie, e a conexão entre as duas era fortíssima, mas ela acabou morrendo em circunstâncias trágicas. Porém, o espírito de Essie não fez a passagem para o mundo dos mortos, e ela volta em forma de falcão. Roa, apegada a uma lenda antiga, vê a possibilidade de trazer a irmã de volta à vida, mas isso teria um preço...

A escrita da autora é bem fluída e não é carregada de detalhes desnecessários, o que colabora para uma leitura dinâmica. A narrativa é feita em terceira pessoa e um ponto que me agradou bastante foi a perspectiva que a autora deu a Roa, que faz com que as protagonistas da trilogia, Asha e Roa, tenham, por exemplo, uma concepção diferente sobre um mesmo personagem.
Outro ponto positivo é a forma como a autora encerra os capítulos, que geralmente terminam com alguma lenda daquele mundo ou com algum flashback da infância dos personagens.

A trama aborda a questão das crenças do povo e das lendas que passam pelas gerações, e embora esse universo já tenha se estabelecido no livro anterior, aqui ele continua sendo desenvolvido, porém de forma mais enxuta, e talvez os leitores possam sentir falta de maiores detalhes se houver comparação com o primeiro volume.
Roa é uma protagonista que a gente ama ou odeia. Sei que os protagonistas não precisam ser os maiores exemplos de força e coragem mas tem que, no mínimo, terem algum diferencial. Pra que sejam convincentes e humanos eles precisam ter falhas também, e por mais que Roa pense no bem estar do seu povo e evidencie a conexão bonita que tinha com a irmã, ela é ingênua, insegura, e toma algumas decisões frustrantes que causam algum tipo de reviravolta lá na frente. Achei que faltou alguma coisa em Roa pra me fazer comprar sua causa e torcer por ela. Talvez criar maiores expectativas sobre ela com base na personalidade de Asha não seja uma boa ideia, pois as duas são totalmente opostas.

A Rainha Aprisionada aborda questões políticas e os demais interesses e intrigas acerca do assunto, mas o foco maior é sobre a conexão entre as irmãs gêmeas Roa e Essie e o quanto essa união era bonita. Mas, por mais que Roa queira fazer de tudo pra trazer a irmã de volta, a impressão que fica é que sempre existe um obstáculo que a impede de seguir com esse propósito e a desvie do caminho, e em vez dela permanecer fiel ao seu maior desejo, ela se prende às suas crenças para aproveitar outras oportunidades em vez de manter o foco no que realmente importa pra ela.

Pra quem procura por uma história com uma construção de mundo mágica e evocativa, cuja trama seja cheia de intrigas, perdas e traições, mas também regada a muita cumplicidade e amor fraternal, é leitura mais do que recomendada.

Minha Coisa Favorita é Monstro - Emil Ferris

4 de julho de 2019

Título: Minha Coisa Favorita é Monstro - Livro 1
Autora e Ilustradora: Emil Ferris
Editora: Quadrinhos na Cia
Gênero: Fantasia/Drama/Thriller/HQ
Ano: 2019
Páginas: 416
Nota:★★★★★
Sinopse: Com o tumultuado cenário político da Chicago dos anos 1960 como pano de fundo, Minha Coisa Favorita é Monstro é narrado por Karen Reyes, uma garota de dez anos completamente alucinada por histórias de terror. No seu diário, todo feito em esferográfica, ela se desenha como uma jovem lobismoça e leva o leitor a uma incrível jornada pela iconografia dos filmes B de horror e das revistinhas de monstro.
Quando Karen tenta desvendar o assassinato de sua bela e enigmática vizinha do andar de cima — Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto — assistimos ao desenrolar de histórias fascinantes de um elenco bizarro e sombrio de personagens: seu irmão Dezê, convocado a servir nas forças armadas e assombrado por um segredo do passado; o marido de Anka, Sam Silverberg, também conhecido como o jazzman “Hotstep”; o mafioso Sr. Gronan; a drag queen Franklin; e Sr. Chugg, o ventríloquo.
Num estilo caleidoscópico e de virtuosismo estonteante, Minha Coisa Favorita é Monstro é uma obra magistral e de originalidade ímpar.

Resenha: Karen Reyes é uma garotinha de dez anos bem diferente das outras meninas da sua idade. Em vez de bonecas, Karen é alucinada por histórias de terror, com direito a todo tipo de monstro, afinal, os monstros são fortes, ferozes, e capazes de se proteger. Assim, ela mantém um diário onde faz várias ilustrações, inclui seu relatos e faz observações do que está à sua volta. Nesse diário ela reproduz a si mesma como uma "lobismoça", fazendo referências aos filmes B de terror e das HQ's de monstro que ela tanto adora. Karen acredita que ser um monstro lhe dá coragem para lidar com as crianças cruéis da escola e outros infortúnios da vida. Um dia, Anka Silverber, a bela vizinha do andar de cima - que inclusive sobreviveu ao Holocausto -, é encontrada morta em seu apartamento em circunstâncias muito misteriosas. Aparentemente, trata-se de um suicídio, mas Karen suspeita de alguns detalhes e acredita que a Anka foi assassinada. Assim, em meio a personagens bizarros e um cenário tumultuado e sombrio que se mescla às paisagens urbanas de Chicago dos anos 60, acompanhamos a tentativa da garota de investigar e desvendar esse mistério.


O projeto gráfico do livro é um dos mais bonitos que já vi numa obra literária. Ele simula o diário de Karen, um enorme caderno pautado e todo ilustrado com canetas esferográficas, cujas cores se misturam para que vários tons, camadas, sombreados e efeitos enriqueçam ainda mais a história e encham nossos olhos. Há várias anotações nos cantos das páginas junto com os relatos da protagonista, com observações, informações e afins. A riqueza dos detalhes, assim como a forma como a história é contada, é surpreendente.


Assim, a narrativa é feita pela protagonista e mostra a forma como ela precisa lidar com as coisas, geralmente do modo mais difícil, e tudo que ela desenha e escreve se refere aos seus pensamentos e as próprias experiências durante essa jornada. Acompanhamos também alguns dramas pessoais e familiares bastante comoventes, alguns abordam temáticas mais delicadas e outras mais pesadas (como preconceito, homofobia, intolerância, solidão, abusos, sexualidade e afins), com uma boa e necessária dose de crítica social, ao mesmo tempo em que a garotinha faz suas investigações, todas sempre regadas a suspense, mistério, horror e um toque impressionante de inocência em meio ao cenário político, caótico e cheio de brutalidade da época, ou das décadas passadas onde muitos sofreram com a Guerra. É de partir o coração quando a história de Anka vem á tona, pois aborda os horrores que os judeus sofreram durante a Segunda Guerra, mas Karen, que está narrando e ilustrando o que ouviu, não entende muito bem o que tudo aquilo significou.


A história é um pouco complexa e é o tipo de leitura que deve ser feita com calma até engatar e se acostumar com o estilo, apreciando os detalhes das ilustrações e sempre atenta às observações da menina e às metáforas que se fazem presentes. Como se trata de um diário, a diagramação remete ao mesmo com perfeição, logo as páginas simulam colagens, papéis presos com clipes, rabiscos aleatórios, anotações em todos os cantos, fora as ilustrações maravilhosas cujos traços são únicos, e é preciso uma interação maior com o livro. Como é um livrão enorme e pesado, pode ser um pouco desconfortável no começo girar o livro ou ficar virando a cabeça para ler as laterais, mas acho que faz parte da experiência de ter esse "diário" em mãos, e achei o máximo.


O livro foi dividido em duas partes, a segunda ainda não foi lançada, então não esperem por um desfecho que encerra essa jornada. Pra quem gosta de obras emocionantes com foco no visual, que trazem personagens sólidos e bem construídos, com toques de mistérios, sensibilidade, e com uma abordagem cirúrgica e emocionante sobre questões relevantes para a sociedade e para nós mesmos, é leitura mais do que indicada.


Na Telinha - Chernobyl

3 de julho de 2019

Título: Chernobyl (Chernobyl)
Temporada: 1 | Episódios: 5
Distribuidora: HBO
Elenco: Jared Harris, Emily Watson, Stellan Skarsgård, Paul Ritter, Jessie Buckley
Gênero: Drama/Obra de época
Ano: 2019
Duração: 60min
Classificação: +16
Nota:★★★★★
Sinopse: Ucrânia, 1986. Uma explosão seguida de um incêndio na Usina Nuclear de Chernobyl dizima dezenas de pessoas e acaba por se tornar o maior desastre nuclear da história. Enquanto o mundo lamenta o ocorrido, o cientista Valery Legasov, a física Ulana Khomyuk e o vice-presidente do Conselho de Ministros Boris Shcherbina tentam descobrir as causas do acidente.

Pripyat, Ucrânia: Em 26 de abril de 1986, um reator da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu durante um teste de segurança, causando o maior desastre nuclear da história da humanidade. A contaminação atingiu 3/4 do território europeu, e a radioatividade lançada na atmosfera era equivalente a mais de 200 bombas atômicas, iguais a que atingiu Hiroshima.
Porém, os soviéticos jamais cogitaram a hipótese de que o reator em questão pudesse explodir. Eles não tomaram as medidas de segurança necessárias antes ou depois da tragédia e catástrofe não só afetou - e matou - milhares de pessoas, como foi o estopim para a quase falência e dissolução da União Soviética.


Baseada nesse contexto histórico, a HBO não perdeu tempo em produzir Chernobyl, uma minissérie intensa, significativa e relevante, e que retrata as causas e as consequências - sociais e políticas - do acidente. E se levarmos em consideração as questões políticas da atualidade, as coisas se tornam ainda mais preocupantes do que parece.
Assim, vamos acompanhando as explicações de como funciona um reator nuclear e o porquê, na teoria, o mesmo jamais poderia explodir, mas a medida que os fatos vão sendo levantados, percebemos que ambição e negligência foi a combinação responsável pelas falhas que ocasionaram a terrível explosão, que jogou no ar incontáveis partículas radioativas, e que poderia vir a ser um desastre de nível global, caso o problema não fosse contido a tempo.


Dividida em cinco episódios com arcos distintos, a série começa com um suicídio e logo em seguida volta exatos dois anos no tempo para mostrar a explosão do reator e as circunstâncias que envolveram o acidente, desde a arrogância como os trabalhadores eram tratados, a descrença do chefe da usina de que algo deu errado, a negligência dos responsáveis em não conter o incêndio da maneira correta expondo de imediato dezenas de pessoas à radiação, a percepção tardia de que o problema era muito mais grave do que imaginaram, e a demora para tomarem providências contra o desastre até assumirem que algo deu muito errado. E enquanto isso, as informações eram omitidas ou adulteradas para que ninguém soubesse da real gravidade da situação. A União Soviética não poderia assumir que seus métodos eram passíveis de falhas. Isso significaria um atraso nas corridas tecnológicas contra os EUA e uma imagem manchada que precisaria ser evitada a todo custo, mesmo que pra isso sacrifícios tivessem que ser feitos enquanto o governo tentava acobertar o desastre.


E é exatamente esse tipo de resistência que torna a vida dos cientistas e dos demais envolvidos um verdadeiro inferno, pois eles precisam trabalhar sem descanso para resolverem o problema, ao mesmo tempo que devem cumprir ordens dos poderosos que não querem perder suas posições políticas, e isso incluía a proibição de vazar informações confidenciais e afins para que a reputação da grande potência que era a URSS, não fosse comprometida perante ao mundo. Os responsáveis não hesitavam em afirmar que o acidente estava sob controle, que não representava riscos pra população, mas mandavam seus subordinados por a vida em risco em direção ao buraco no teto aberto pelo reator, pondo a cara dentro da fumaça radioativa e sofrendo queimaduras instantâneas de sabe-se lá qual grau, enquanto eles se escondiam do perigo que eles mesmos negavam existir, os hipócritas. Se não tinha perigo, por que não iam eles mesmos?

Nos demais episódios, a série se encarrega de mostrar os efeitos causados pela radiação naqueles que ficaram mais próximos da área contaminada e com maior nível de radioatividade, como os bombeiros que chegaram lá acreditando se tratar de um incêndio comum; a forma como o governo evacuou as cidades, alegando se tratar de uma evacuação temporária; as reuniões feitas entre políticos e cientistas em busca de solucionar o problema, mas sempre relutantes em assumir a culpa; e o que começou a ser feito para amenizar os efeitos da catástrofe. Acompanhar civis que se apresentaram para ajudar, sabendo que aquela ajuda resultaria em seus sacrifícios, é tão gratificante quanto devastadora. Se não fosse por eles, sabe-se lá o que poderia ter acontecido, mas o preço foi pago com suas vidas, ou com a qualidade delas. Os liquidadores, como foram chamadas essas pessoas, literalmente, se sacrificaram para limpar os focos de contaminação para que a radiação não se espalhasse ainda mais, e por mais heroico que isso possa ter sido, é extremamente angustiante saber que as pessoas se arriscaram tanto. Eu ficava aflita de ver as pessoas tão próximas às áreas contaminadas e que isso as condenaria à própria morte. Meu coração se partia em ver animais de estimação e indefesos sendo caçados por estarem contaminados. Eles eram abatidos e enterrados em enormes valas cobertas com cimento para impedir a emissão de radiação de seus corpos e por mais triste que fosse, era um trabalho necessário para evitar que as partículas radioativas se espalhassem ainda mais. A própria usina foi coberta com um gigantesco sarcófago. A radiação emitida dos destroços não vai desaparecer por milhares e milhares de anos...
Mesmo que o desastre tenha acontecido há mais de 30 anos, as consequências existem até hoje e vão continuar existindo por centenas de gerações. A maior área afetada abrange 2600km e é inabitável. Vários objetos permanecem isolados, como as roupas usadas pelos bombeiros que foram descartadas num porão do hospital e estão intocadas até então devido ao altíssimo e mortal nível de radioatividade que elas apresentam.


Um ponto bastante positivo da série remete à forma utilizada para exposição de informações, assim como o desenvolvimento dos relacionamentos entre os envolvidos. Muitas vezes os espectadores precisam de explicações para compreenderem a história e a situação vivenciada pelos personagens, e a série consegue passar tudo com a devida maestria, sem que nada soasse forçado ou subestimando a inteligência de quem assiste. A atuação dos atores é impecável, e eles convencem se passando por profissionais qualificados que realmente entendem do assunto e sabem do que estão falando, e isso torna as coisas muito mais realistas, sólidas e críveis. É diferente quando você assiste um filme e percebe que o ator só está reproduzindo frases decoradas de um tema complexo sem ter a menor noção do que se trata, mas aqui não ficamos com essa sensação, até mesmo porque um tema aparentemente complexo é explicado de uma força acessível, e que todos conseguem entender sem dificuldades. Nós terminamos a série sabendo, por exemplo, da forma mais natural, interessante e prática possível, como um reator nuclear do modelo RBMK funciona, sem que pareça uma aula chata de física. É interessante acompanhar alguns profissionais que representam figuras de autoridade e cheios de si deixando o orgulho de lado a medida que vão compreendendo a gravidade da situação e formando amizades.

A parte técnica da minissérie também é executada com perfeição, desde a fotografia, que expõe um cenário que vai morrendo e se acinzentando a medida que o perigo se espalha, até a trilha sonora, que é composta por sons metálicos e que colaboram para gerar tensão, desconforto e termos a sensação de um ar carregado, como se fosse possível sentir na pele não só o perigo que paira no ar, mas também o gosto do metal.


A maquiagem também é incrível, tanto para mostrar as vítimas com seus corpos em processo de deterioração após as queimaduras, quanto para evidenciar o quanto a radiação afetou e diminuiu a expectativa de vida dos envolvidos. É incrível ver que em poucos meses a pessoa afetada parece ter envelhecido décadas e ter virado um caco humano.
No episódio final, temos um julgamento em busca de condenar os culpados e a reconstituição do momento em que houve a explosão, e ali podemos compreender não só o que realmente aconteceu, mas também quais as consequências e o custo das mentiras.
Assim, por mais que a minissérie não se aprofunde ou dê maiores detalhes sobre o contexto político da época, é inegável que ele está implícito em cada decisão tomada, seja antes da tragédia e depois dela. Isso acaba levando os mais curiosos a pesquisarem sobre os fatos para complementar as informações passadas e, assim, descobrimos que as mentiras e as sujeiras vinham sendo implantadas ali há vários e vários anos, e são bem piores do que a ficção mostra...


Com a Guerra Fria vivendo um dos momentos mais decisivos da História, e justamente para ficar à frente dos EUA, a União Soviética não media esforços para se expandir cada vez mais, ter mais poder, e usar toda a tecnologia disponível ao seu favor para superar seu maior concorrente e inimigo. O problema é que isso foi feito de forma inconsequente e irresponsável, o governo prezava por números e quantidade, e não por qualidade, e isso não poderia acabar bem... O desespero para não ficar atrás dos EUA era tanto que as coisas eram construídas às pressas, com materiais baratos e que não garantiam a segurança de ninguém. E como se isso não fosse surreal e absurdo o bastante, os próprios engenheiros das usinas, sejam eles chefes ou não, não eram informados pelo governo que investia naquilo sobre as reais condições das máquinas e reatores que precisavam controlar para gerar energia para as cidades, logo, eles se recusavam a acreditar ou não entendiam como algo poderia dar errado. E se algum subordinado questionasse a autoridade ou as ordens de um engenheiro-chefe, ele corria o risco de nunca mais conseguir um emprego na vida. É inevitável sermos consumidos pela indignação, pelo sentimento de impunidade e descaso por parte daqueles que deveriam priorizar a segurança e o bem estar de todo um país.


Se embates ideológicos e empreitadas políticas estão acima dos interesses do povo, o que será de nós se algo do mesmo nível acontecer e ninguém ser informado a tempo por "questões de imagem"?  A mistura de fascínio com terror segue inspirando as pessoas a conhecerem mais desse fatídico evento que marcou a história. Após assistir a série, é inevitável sair em busca de maiores informações sobre a tragédia, e é impressionante descobrir que, embora a minissérie tenha sido bastante completa e esclarecedora, ainda há muita informação sobre o ocorrido, sobre alguns sobreviventes, sobre o local hoje em dia, e sobre o governo em si, que deixa qualquer um chocado em cristo. Com exceção da personagem Ulana Khomyuk, que foi criada para representar a comunidade de cientistas que auxiliaram Valery Legasov, todos os demais representam as pessoas reais envolvidas e afetadas pelo desastre. A série acerta em todos os aspectos, drama, ambição, ganância, negligência, mentiras, desespero, sacrifício, redenção e tudo que rege a humanidade como um todo

Chernobyl confrontou o governo russo ao expor dados, até então, omitidos e adulterados acerca do desastre de forma objetiva e imparcial. A minissérie não se encarrega apenas de retratar o que a tragédia desencadeou no mundo todo com a devida maestria, como também nos fazer questionar sobre o preço que se paga pelas mentiras e até onde podemos confiar (ou não) no nosso governo...

Quotes que Inspiram #3 - A Herdeira

2 de julho de 2019


Às vezes, aqueles quotes que são verdadeiros tapas nas nossas caras vem dos livros mais inesperados, e ao ler A Herdeira, quarto livro da série A Seleção, da autora Kiera Cass, tirei vários que põe a gente pra pensar, principalmente ao considerar a mulher, e várias das coisas que elas são obrigadas a lidar/suportar em suas vidas. Confiram:

"Eu odiava quando ele falava assim do meu futuro. Como se sexo, amor e bebês não fossem coisas boas, mas deveres a ser cumpridos para manter o país nos eixos. Isso apagava qualquer traço de alegria das minhas perspectivas.
De todas as coisas da vida, essas não deveriam ser as melhores partes, os prazeres mais verdadeiros?"
- Pág. 36
"- Sei que acha que é egoísmo, mas você vai ver. Um dia o bem-estar do país vai recair sobre seus ombros, e você vai se surpreender com o que será capaz de tentar para evitar que ele desmorone."
- Pág. 56
"- Não sei ao certo se acredito em destino. Mas posso dizer que às vezes aquilo que você mais deseja vai cruzar sua porta determinado a te evitar a qualquer custo. E, ainda assim, de algum jeito, você descobre que é suficiente para fazê-lo ficar.
- Pág. 63
"...- Penso mil coisas maravilhosas sobre você. Um dia saberá o que é se preocupar com os filhos. E eu me preocupo com você mais do que com os outros. Você não é apenas uma garota, Eadlyn. Você é a garota. E eu quero tudo para você."
- Pág. 67
"- O que a senhorita procura em um marido?
O que eu procurava? Minha independência. Paz, liberdade... Uma felicidade que julgava ter até Ahren questionar se era real.
Dei de ombros.
- Não sei se alguém sabe o que procura até encontrar."
- Pág. 189

Resumo do Mês - Junho

1 de julho de 2019


Um mês e meio depois da mudança, cá estou eu, nem tão firme e muito menos tão forte, mas sobrevivi. As coisas vão caminhando, mesmo que eu ainda fique meio desnorteada com as crianças me pondo louca, mas ainda quero ajeitar e comprar algumas coisas que faltam aqui no apê pra dar uma melhorada no ambiente. Coisas pra sala e quarto que fazem falta, mas que foram ficando pra trás com tantas mudanças e com gente da família, que antes morava junto, caçando seus próprios rumos. Todo mundo vai se separando e as coisas da casa também vão sendo divididas aqui e alí.
Mas devagarinho a gente chega lá e, aos poucos, vou comprando o que preciso.
Fora isso, sinto que aqui nesse apê eu ando bem mais leve, talvez pela energia ser bem melhor, com vizinhos legais que cuidam das próprias vidas em vez de pescoçar a dos outros, e um total de zero encheção de saco. Não tem ninguém brigando e gritando dia e noite, com aquela voz de taquara rachada pra fazer todos os pelinhos do meu corpo irem parar no teto, de tanta antipatia. Foi um peso que ficou pra trás e que não quero topar nunca mais.

Claro que ainda fico na correria, ser mãe e dona de casa em tempo integral é uma tarefa difícil e super cansativa, mas daqui a pouco o Ian já vai estar maiorzinho. Deus que me ajude, mas logo logo ele larga esse peito (não aguento mais amamentar, Jeová), ano que vem ele já vai pra escolinha, e vou conseguir respirar e ter algumas horinhas do dia pra chamar de minhas, pra cuidar das minhas coisas e de mim. Eu tô precisando, viu... A única vantagem que vejo enquanto ele mama hoje, é que consigo ler e colocar minhas séries em dia, mas pra mim já deu. Tô tirando o peito aos poucos, e ele vai ter que aprender que pode viver sem. A diferença é que com os outros filhos eu tive ajuda, mas com o Ian eu fico sozinha e por conta, e não tem ninguém que leve ele numa viagem de uma ou duas semanas pra longe pra ele poder "esquecer" desse peito. Força na piruka, eu vou dar conta.

No mais, até que consegui atualizar o blog razoavelmente bem se compararmos com o mês passado que não teve nada, né?
Espiem:

♥ Resenhas
- Não Tá Fácil Pra Ninguém - Andrew Tsyaston
- Despertar - Nina Lane
- Bom Dia, Verônica - Andrea Killmore
- Sem Coração - Marissa Meyer

♥ Wishlist
- Funkos de The Big Bang Theory
- Funkos de Fullmetal Alchemist

♥ Games
- Fabulous: Angela's Wedding Disaster

♥ Na Telinha
- Aggretsuko (2ª temporada)

♥ Quotes que Inspiram
- O Oceano no Fim do Caminho

♥ Caixa de Correio de Junho