Review - Everdell

5 de outubro de 2023

Título: Everdell
Editora/Fabricante: Starling/Galápagos
Criador: James A. Wilson
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-4
Nota:★★★★★
Descrição: Um vale encantador, assim como nos contos de fadas, está escondido sob os ramos de árvores imponentes e entre riachos serpenteantes, uma vez nele seu coração se encherá de uma vontade perene de nunca mais ir embora.
Em Everdell, você lidera animaizinhos carismáticos na construção de vilas. Para construí-las é necessário alocar seus trabalhadores para obter recursos, com eles você pode baixar cartas de sua mão e utilizar as habilidades da criatura ou construção. A vila mais encantadora e próspera será a vencedora!

Everdell é um eurogame leve com a proposta de levar os jogadores a uma jornada encantadora onde irão se dedicar a missão de erguer construções imponentes, reunir animais simpáticos e formar uma vila em meio a uma floresta mágica e abundante. O jogador vai alocar uma quantidade limitada de trabalhadores em determinados espaços do tabuleiro a fim de coletar recursos especiais com objetivo de construir uma vila próspera ao longo de 4 rodadas, ou 4 estações. O jogo começa no inverno, passa pela primavera, depois pelo verão e termina no outono onde os pontos dos jogadores serão somados, e vence quem fizer mais pontos.



Em cada turno o jogador realiza uma ação dentre as três disponíveis que são: alocar um trabalhador para conseguir o recurso ou benefício daquele local; jogar uma carta pagando seus custos para formar a vila e, quando não há mais ações possíveis ou trabalhadores para serem alocados, preparar-se para a estação. Quando o jogador se prepara para a estação, ele recolhe todos os seus trabalhadores alocados no tabuleiro além dos que estão na estação seguinte indicada na Árvore Perene, o que faz com que ele ganhe um novo trabalhador na próxima rodada. No outono o jogador coleta 2 novos trabalhadores.

Os jogadores não precisam estar na mesma estação enquanto jogam, o que pode fazer com que alguns terminem o jogo primeiro e tenham que ficar esperando os outros. Como o objetivo do jogo é formar a vila que some a maior quantidade de pontos, o jogador vai ficar focado na construção da própria vila e as rodadas vão se desenrolando de forma isolada, pois a interação entre jogadores é praticamente zero. Os trabalhadores do jogador adversário que estão alocados podem bloquear o espaço impedindo que o jogador consiga o benefício que estaria disponível alí, de forma que o outro precise recorrer a outras formas de conseguir os recursos necessários para continuar baixando suas cartas e formando sua vila, ou que acabe tendo que desistir de alguma construção.



A vila comporta até 15 cartas, que correspondem às construções e às criaturas, e cada uma delas tem seu custo que dão algum benefício ou valem uma quantidade de pontos ao final da partida. Algumas cartas inclusive podem valer mais se estiverem combinadas com outras, logo, baixar cartas aleatórias sem considerar que elas funcionam melhor em conjunto com outras cartas, pode acabar fazendo com que o jogador deixe de ganhar pontos. As construções ainda tem cores e símbolos indicando seu tipo (bronze/viajante, verde/produção, vermelha/destino, azul/regulamentação e roxa/prosperidade), que além de darem benefícios ao jogador, ainda servem para a pontuação através de eventos, onde é necessário uma quantidade mínima de cartas de um determinado tipo. Um ponto legal é que os benefícios das cartas vão desde a dar descontos na construção de outras, ativar cartas já baixadas rendendo mais recursos, e até baixar criaturas gratuitamente que também dão alguma vantagem.
Talvez a maior dificuldade na formação da vila, o que pode ser motivo de frustração para alguns, é a enorme dependência de sorte pra sair a carta que precisamos para formar os combos que valem mais pontos. Às vezes também é preciso sacrificar algumas cartas para fazer combos melhores ou conseguir algum recurso necessário pra continuar desenvolvendo a vila, então se apegar muito a construções ou criaturas pode deixar o jogador em desvantagem diante daquele que vai desembolando seu jogo sem dó.



Embora a quantidade de cartas seja bem considerável (construções e criaturas somam 128 cartas), elas são repetidas, seja para que os outros jogadores também tenham a oportunidade de incluí-las nas suas vilas, ou para que haja outras chances de se conseguir aquela carta caso outra pessoa a pegue primeiro ou descarte mas, ainda assim, é possível que uma carta desejada não apareça no momento certo fazendo com que o jogador precise rever a própria estratégia constantemente. Cada partida é um desafio, e quanto mais se joga, mais ficamos familiarizados com as cartas e suas funções, e isso acaba tornando o jogo mais fluído e com possibilidade de ser cada vez mais estratégico caso os jogadores assim queiram (é possível contar as cartas pra se ter ideia do que já saiu e o que está por vir).
Em questão de rejogabilidade, além da vila ser sempre diferente a cada partida (o que sempre vai pedir uma estratégia diferente), o jogo oferece um pouquinho de mudanças através das cartas de evento especial e locais de floresta, que variam a cada partida dando opções novas de pontuação e recursos que podem ser coletados.



Falar de Everdell e não mencionar toda belezura que ele tem é quase um crime. Os componentes são lindíssimos e cada um é feito de um material diferente com uma textura diferente, as cartas são de ótima qualidade, o tabuleiro tem um formato diferenciado pra poder encaixar os tabuleiros das expansões (formando um tabuleiro gigantesco e que requer kilometros de mesa pra caber tudo), as ilustrações são a coisa mais linda dessa vida, e a Árvore Perene, apesar de não ser obrigatória, dá todo aquele ar instagramável na aparência do jogo que chama atenção de qualquer um. No jogo base, os bichinhos/meeples de madeira que representam os trabalhadores de cada jogador são camundongos (brancos), esquilos (laranjas), tartarugas (verdes) e ouriços (marrons). Talvez a única coisa que eu tenha sentido falta pra deixar o jogo ainda mais rico nessa questão da beleza dos componentes, seria moedas de metal.
A indicação de idade é +14, mas jogo com meu filho que tem 9 anos e ele não vê nenhuma dificuldade, inclusive já ganhou de mim várias vezes.



Enfim, Everdell é um jogo com investimento um tanto salgado (ainda mais se for considerar as expansões) mas que, pra mim, valeu cada centavo, tanto pela qualidade e beleza dos componentes, quanto pelos bons momentos de diversão que ele proporciona. Não vou negar que a questão da sorte e da limitação com relação a interação entre os jogadores pode ser um ponto negativo pra quem gosta de bolar estratégias a longo prazo e de disputas mais diretas, e mesmo que o início do jogo seja um pouco travado devido a pouca quantidade de trabalhadores disponíveis (o que se ajusta e passa a fluir melhor com o passar das estações) acompanhar a vila crescer é super satisfatório e vale o esforço. Pra quem gosta de jogos de alocação de trabalhadores e engine building com essa temática super fofa de bichinhos e contos de fadas, com certeza vai curtir.
Um dos jogos mais lindos que há e que, com certeza, é um dos queridinhos da minha coleção.

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