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Crave a Marca - Veronica Roth

23 de fevereiro de 2017

Título: Crave a Marca - Crave a Marca #1
Autora: Veronica Roth
Editora: Jovens Leirores/Rocco
Gênero: Fantasia/YA/Sci-Fi
Ano: 2017
Páginas: 480
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Num planeta em guerra, numa galáxia em que quase todos os seres estão conectados por uma energia misteriosa chamada "a corrente" e cada pessoa possui um dom que lhe confere poderes e limitações, Cyra Noavek e Akos Kereseth são dois jovens de origens distintas cujos destinos se cruzam de forma decisiva. Obrigados a lidar com o ódio entre suas nações, seus preconceitos e visões de mundo, eles podem ser a salvação ou a ruína não só um do outro, mas de toda uma galáxia. Primeiro de uma série de fantasia e ficção científica, Crave a marca é aguardado novo livro da autora da série Divergente, Veronica Roth, que terá lançamento simultâneo em mais de 30 países em 17 de janeiro, e surpreenderá não só os fãs da escritora, mas também de clássicos sci-fi como Star Wars.

Resenha: Crave a Marca é o primeiro volume da série homônima escrita pela autora Veronica Roth (da trilogia Divergente), publicado no Brasil pela Editora Rocco.

O enredo se passa no espaço, em meio a uma galáxia cercada pelo fluxo da Corrente. A corrente é uma energia que interliga todos os seres existentes, dando inclusive dons especiais às pessoas de acordo com suas personalidades e originando profecias inevitáveis, chamadas de Fortunas. O planeta principal é Thuve, o planeta do gelo, e ele é dividido em duas nações que estão em guerra: os Shotet e os Thuvesitas.
Os thuvesitas residem em Thuve desde os primórdios e são habitantes pacíficos, mas agora enfrentam os shotet que são hostis e decidiram fazer do planeta sua moradia depois de várias explorações e querem ser reconhecidos como uma nação.

Akos Kereseth é um thuvesita, filho de um oráculo que prevê o futuro, e devido a uma profecia, ele e o irmão, Eijeh, acabam sendo sequestrados e obrigados viverem entre seus rivais a mando de Rizek, governante de Shotet e irmão de Cyra, e isso já é motivo suficiente para que o ódio sempre esteja entre eles.

Cyra Noavek é uma shotet. Ela descende de uma família rica e poderosa e seu pai é o imperador. A corrente se manifestou nela dando-lhe o dom de sentir e causar dor em quem tocar, e ela é temida pelo povo já que seu irmão tirano não hesita em usá-la como arma de tortura quando lhe convém.

Embora a sociedade esteja dividida em todos os sentidos, o destino se encarregou de cruzar os caminhos dos dois jovens quando Akos é obrigado a servir os Noavek. Mesmo em lados opostos, eles começam a se conhecer melhor e descobrem que têm muito em comum. Assim, ambos irão formar uma aliança improvável a fim de não só superarem suas diferenças, mas lutarem pela liberdade da nação, mesmo que suas escolhas possam ser interpretadas como traição contra seus povos.
E essa união pode ser a salvação ou a ruína da galáxia...

O resumo que fiz do enredo parece simplificar bastante o conteúdo, mas pra chegar nesse entendimento foi bastante difícil... E já explico o motivo...
Enquanto alguns conseguiram enxergar semelhanças com Star Wars, talvez devido à corrente (que seria algo próximo da Força que rege o universo), eu só conseguia lembrar do filme Avatar e a forte ligação que os Na'vi, aquele povo azul de três metros de altura, tem com a mãe natureza, porém com o diferencial de que, em Crave a Marca, além de ter outros elementos presentes na trama, os nomes dos personagens e os demais termos são muito mais estrambólicos e difíceis de serem pronunciados. Mesmo que ao final do livro exista um guia de pronúncia e um glossário muito úteis, é um suplício interromper a leitura a cada palavra estranha que encontramos para ir consultá-la a fim de saber do que se trata ou como se fala. Isso dificultou um pouco a fluidez da leitura pois a impressão que tive é que não soaram naturais a ponto de eu não conseguir associar a quem ou o quê o tal nome pertencia, e isso foi um problema pra eu conseguir absorver a história da forma como eu esperava, por mais que ela seja muito boa no geral. E unindo isso a complexidade da sociedade a qual somos jogados a sensação é de que estamos perdidos e sem rumo. Também penso que a mesma história poderia ter sido contada utilizando de uma outra ambientação, talvez até outra época, sem que isso fizesse alguma diferença, principalmente no que diz respeito a alguns detalhes que parecem estar alí só pra enfiar mais informações no leitor e deixá-lo ainda mais saturado e confuso.
Levando esses pontos em consideração, posso dizer que o começo da história é tedioso e arrastado devido a essa enorme quantidade de informações complexas que nos são dadas sem a menor preocupação em explicar direito o que são ou o real motivo de estarem alí, e talvez isso tenha sido um fator que tenha feito alguns leitores perderem a paciência e abandonarem o livro, e até não terem curtido, mas, pelo menos no meu caso, percebi que a leitura foi ganhando uma guinada e realmente tive curiosidade para insistir e descobrir o que viria a seguir pois as coisas foram, sim, ficando um pouco mais interessantes.

Os capítulos se alternam entre os protagonistas e isso acaba tornando o enredo bem mais dinâmico do que parece. Enquanto a narrativa é feita em primeira pessoa nos capítulos destinados a Cyra, os de Akos são em terceira pessoa, mas, ainda assim, a visão que o leitor tem acerca dos acontecimentos e sobre o que se passa com ambos é bastante ampla.

Eu gostei da construção dos protagonistas. Cyra é uma personagem complexa e até dificil de ser decifrada e pode não conquistar logo de cara apesar de se tornar um grande modelo de empoderamento feminino ao longo de sua jornada. Seu poder, muito perigoso por sinal, é algo que já deixa o leitor com a pulga atrás da orelha por imaginar que dalí nada de bom poderia sair, mas de forma geral, ela não deixa totalmente a desejar. Imagine o quão difícil deve ser possuir o dom da dor? Tanto de sentí-la constantemente quanto proporcionar isso aos outros, mesmo que eles pudessem morrer, com um simples toque?
Akos é um jovem bondoso, altruísta e procura enxergar o melhor nas pessoas, por mais que sofra com a guerra. O poder dele é essencial, pois seu dom é capaz de anular os outros poderes, e consequentemente sua presença na vida de Cyra se tornou um alívio pra ela.
Ambos são autênticos, dinâmicos e precisavam lidar com os próprios conflitos pessoais para que pudessem crescer. O ódio que eles tinham um pelo outro no início se transforma em amizade devido a situaçao em que se encontram, e com o passar do tempo eles começam a enxegar além do que inicialmente julgavam. Há um equilíbrio no relacionamento que eles passam a cultivar de forma que eles se completam e se beneficiam de forma recíproca, o que foi bastante compreensível e até importante para o desenrolar dos fatos.
Os personagens secudários também são muito bem explorados e a história é impulsionada devido a relação de todos eles.

A simplicidade da capa, que ao mesmo tempo é bastante sugestiva com a questão da marca, me agradou bastante. A diagramação é simples, os capítulos são numerados seguidos do nome do personagem, as páginas amarelas e não encontrei erros na revisão. No início podemos conferir um mapa a fim de ficarmos por dentro da localização de cada planeta que pertence a galáxia criada pela autora.

Enfim, senti que faltaram explicações pra vários pontos, informações sobre outros, mas assim como qualquer outro livro de série cuja história seja complexa e tenha elementos de peso, o primeiro volume serve mais como uma introdução do que está por vir, então o que me resta é aguardar ansiosa pela continuação e torcer para que o que vem a seguir seja mais claro e completo para fluir melhor. De qualquer forma, eu gostei da história e recomendo.


Quatro - Veronica Roth

2 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: Quatro - Histórias da série Divergente
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco  
Tradutor: Lucas Peterson
Gênero: Juvenil/Distopia/Contos
Ano: 2014
Páginas: 272
Nota
Sinopse: Quatro se passa no mesmo mundo da série de sucesso internacional Divergente e é contado da perspectiva de Tobias Eaton. As quatro histórias incluídas aqui - "A transferência", "A iniciação", "O filho" e "O traidor", além de três cenas exclusivas - dão aos leitores um eletrizante vislumbre da vida e do coração de Tobias e compõem o cenário da saga épica da trilogia Divergente.

Resenha: Quatro - Histórias da série Divergente se trata da publicação impressa dos quatro contos narrados pelo ponto de vista de Tobias Eaton, o Quatro, acerca do universo distópico de Divergente, escrito por Veronica Roth, dando uma segunda perspectiva ao leitor sobre algumas cenas e acontecimentos, complementando a trilogia.

Em A Transferência, podemos acompanhar como foi o processo de transferência da facção da Abnegação para Audácia, pois ele, depois de 10 anos, foi o primeiro a fazer essa escolha. Escolha esta que deixou seu pai, Marcus, completamente atordoado enquanto Tobias se sentiu livre por ter deixado aquela facção da qual acreditava que cedo ou tarde seria engolida pelo sistema.
A Iniciação, conta como Quatro se adaptou a nova facção, fala das experiências que teve com relação aos desafios e treinamentos rígidos envolvendo jogos e lutas sangrentas, sua primeira tatuagem além da descoberta sobre os perigos do que é ser um Divergente em meio a sociedade.
Em O Filho, Tobias procura seu lugar na hierarquia da facção da Audácia, porém, suspeita que de algo de ruim esteja por trás dos planos dos líderes de lá. Enquanto isso, descobre algo envolvendo seu passado que poderá afetar seu futuro para sempre.
O Traidor se passa dois anos depois dos acontecimentos de O filho e acontece paralelamente com os primeiros eventos de Divergente. Desta vez, Tobias descobre mais sobre os planos da Erudição, comandada por Jeanine Matthews, que almeja tomar o controle das facções para si pois acredita que sua facção é que devia governar. Dessa forma, Tobias tenta encontrar uma forma de salvar sua facção de origem. E no desenrolar desses fatos, Tobias conhece Tris Prior, a nova inicianda da Audácia...

Em suma, Quatro não traz nada de novo a série, mas consegue dar um up e melhorar o que já era bom através desse novo ponto de vista, fazendo com que um personagem do qual eu já admirava e gostava demais, por tudo o que fez nos demais livros, despertasse ainda mais minha simpatia, como se tivesse tido a função de refrescar minha memória acerca dos acontecimentos a ponto de me lembrar dos motivos que me fizeram gostar dele. O que me mantinha interessada em Quatro era ele ser um personagem misterioso, enigmático, que guardava segredos, escondendo o que havia acontecido em sua vida até então, mas ao mesmo tempo era alguém forte e destemido, então poder saber um pouco mais de sua história e o que passou foi algo que me agradou bastante.

Então, fãs da série, a leitura dos contos pelo ponto de vista de Tobias, é mais do que obrigatória. Leiam, leiam leiam! ♥

É possível encontrar os contos separados em formato e-book a venda, confiram:

 


Convergente - Veronica Roth

18 de março de 2014

Lido em: Março de 2014
Título: Convergente - Divergente #3
Autora: Veronica Roth
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia
Ano: 2014
Páginas: 528
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: A sociedade baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou, destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela traição. Portanto, diante da chance de explorar o mundo além dos limites que ela conhecia, Tris não exita. Talvez, assim, ela e Tobias possam ter uma vida simples e nova juntos livres de mentiras complicadas, lealdades suspeitas e memórias dolorosas.
No entanto, a nova realidade de Tris torna-se ainda mais alarmante que aquela deixada para tras. Antigas descobertas rapidamente perdem o sentido. Novas verdades explosivas transformam os corações daqueles que ela ama. Então, mais uma vez, Tris é obrigada a compreender as complexidades da natureza humana - e  a si mesma -, enquanto convergem sobre ela escolhas impossíveis que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor.

Resenha: Convergente fecha a trilogia distópica escrita por Veronica Roth que foi iniciada com Divergente e em seguida Insurgente. No segundo livro, a revelação de que há um "novo mundo" fora de Chicago vem a tona, e a ideia de viver longe de toda a violência e disputa pelo poder que existe ali é muito tentadora, principalmente após Evelyn Eaton, a líder dos sem Facção (e a mãe de Tobias), se tornar a líder da cidade implantando um novo sistema que todos discordam. Com as facções derrubadas, o povo está perdido e insatisfeito com a ideia de uma nova líder que, em vez de buscar pela igualdade, prega a tirania e a ditadura, e os sem-facções, enfim, resolveram reivindicar seus lugares. Em meio a toda essa confusão, um grupo autodenominado "os Leais" são os que resolvem explorar o que há além da cerca para, quem sabe assim, terem uma chance de uma nova vida num lugar novo.

Dessa forma, Tris vai se unir a esse grupo, do qual Tobias também está incluído, para tentar descobrir sobre si mesma, sua história, suas origens e etc. Porém, ao chegarem lá, descobrem uma verdade da qual não esperavam e se quiserem realmente a paz, vão precisar lutar para isso.

Em primeiro lugar, o que é essa capa? Com certeza é a mais bonita entre as três e tem tudo a ver com a ideia de um final "explosivo".

Narrado sobre o ponto de vista de Tris e Tobias através de capítulos alternados, e confesso que se não houvesse o nome do personagem pra identificar de quem é a vez seria difícil distinguir quem é quem já que a narrativa e o pensamento dos dois são praticamente iguais, várias pontas soltas são explicadas e passam a fazer sentido, como por exemplo, por que as facções foram criadas, o que de fato é ser um Divergente dentre outras coisas, mas outras não são totalmente explicadas, não.
Diferente dos livros anteriores, Tris e Tobias mostram um relacionamento cheio de brigas mas com um pouco mais de romance e por várias vezes fiquei me perguntando se, diante da situação em que se encontravam, beijos ardentes e esfregação eram coisas realmente necessárias, principalmente porque o livro é cheio de mortes e tragédias que são seguidas por cenas desconexas e explicações científicas e políticas sem muito sentido que parecem que não vão acabar nunca tornando boa parte da leitura prolixa. Tais cenas me deixaram com a sensação de que estivessem ali para roubar o lugar da ação e coerência que estavam presentes anteriormente por má organização por parte da própria autora, que parece ter juntado tudo de qualquer jeito sem levar em consideração que leitores e fãs da trilogia poderiam imaginar soluções óbvias para resolver vários problemas que apareceram e muitas vezes aceitaram lindamente sem questionarem o desconhecido. Por mais que a narrativa seja fluída e dinâmica, senti que não saia do lugar, exceto por algumas cenas em que havia alguma explicação realmente importante sobre algo que havia ficado no ar lá no primeiro livro... Uma delas inclusive é sobre a divergência de Tris e como ela é mostrada como algum tipo de Neo, de Matrix, como se fosse alguém invencível.

Apesar de toda essa confusão, vou confessar que achei o desfecho digno. Sei que a maioria dos fãs da série que leram, ou que ainda vão ler, vão ficar em prantos, com ódio, chocados, deprimidos, carregando uma ressaca por muito tempo, mas diante de tudo o que aconteceu, desde o início, outro final seria impossível. Não que fosse previsível, pois a autora foi bem ousada em não ter nenhuma piedade dos personagens, mas original levando em consideração finais de outras distopias, afinal, entre mortos e feridos não dá pra todos sobreviverem...

Resumindo, a trilogia fala sobre a manipulação que a sociedade sofre (no caso de forma "genética"), a exclusão social, a tirania política e como o povo sofre com isso, até que alguém se rebele e queira lutar contra todo o sistema... O problema é que numa guerra, mesmo que alguns se destaquem e façam a diferença, há vitórias, mas também há perdas e nem todos podem sair ganhando.
Se eu gostei do desfecho de uma das minhas distopias favoritas até agora? Sim, gostei e fiquei bem surpresa porque evitei ler resenhas ou qualquer tipo de spoiler antes de iniciar a leitura e fui com a cara e a coragem, cheia de expectativas, sem saber o que esperar. Mas achei que o desenvolvimento até chegar onde chegou, poderia ter sido melhor elaborado e desenvolvido, e até um pouco mais enxuto (sério que não tinha a menor necessidade de mais de 500 páginas), para se tornar um pouco mais crível. O final pra mim foi satisfatório, sim, mas nada épico do tipo que me causasse arrepios e emocionasse... "Mas acabou assim? Sério? Ok... Fim."

Insurgente - Veronica Roth

20 de maio de 2013

Lido em: Maio de 2013
Título: Insurgente - Divergente #2
Autor: Veronica Roth
Editora: Rocco
Tradutor: Lucas Peterson
Gênero: Distopia
Ano: 2013
Páginas: 512
Nota: ★★★★★
Sinopse: Uma escolha pode te transformar - ou destruir. Mas toda escolha carrega consequências, e, enquanto uma sensação de inquietação assola as facções ao seu redor, Tris Prior precisa persistir em sua tentativa de salvar as pessoas que ama - e a si mesma - ao lidar com questões relacionadas à mágoa e ao perdão, à identidade e à lealdade, à política e ao amor.
Resenha: Insurgente é o segundo volume da trilogia distópica de Veronica Roth lançado pela Editora Rocco aqui no Brasil, que dá sequência a Divergente, contando a história de Tris Prior após sua iniciação na facção que escolheu, as consequências dessa escolha e o rumo que a guerra que foi travada está tomando, e isso tudo com uma Chicago bem futurística como pano de fundo, dividida em cinco facções que separam os cidadãos de acordo com suas virtudes.

Tris, Quatro e o restante dos sobreviventes do grupo estão a caminho de abrigo na sede da Amizade (facção que prega a compreensão, a paz e a felicidade, e que está de portas abertas para receber quem precisa de uma força) após o ataque da Erudição, mas ao descobrirem que estão submetidos a algumas condições em troca de refúgio, começam a bolar um plano a fim de saírem de lá e acabarem com a tirania de Jeanine, a líder da facção inimiga, que está atrás de uma informação super confidencial e importante que estava guardada na facção da Abnegação. Eles se unem aos sem facção, muitos deles divergentes, e decidem enfrentar o inimigo e quem mais estiver aliado a ele...

Depois da guerra que aconteceu no primeiro livro, em que Tris ficou completamente abalada por ter matado alguém, ela agora demonstra ser alguém fria e despreocupada com as consequências de seus atos.
Porém, mesmo com essa personalidade "nova", Tris não deixa que seu romance com Quatro escorra por água abaixo, por mais que eles se desentendam com mais frequência. E por todos estarem mais maduros, o romance resiste, mesmo que não seja o foco principal. Quatro (ou Tobias, seu verdadeiro nome), inclusive, nos surpreende com segredos que vêm a tona.
"Não posso falar que preciso dele. O fato é que não posso precisar dele. Na realidade, não podemos precisar um do outro, porque quem sabe quanto tempo vamos durar nesta guerra?"
- pág. 166
Uma coisa que achei válido comentar é que a facção da Amizade lembra o estilo de vida dos Hippies nos anos 60 e aquele movimento "Paz e Amor". Até um "soro especial" pra manter a pessoa "leve, alta e feliz" existe alí... E confesso ter dado umas risadas com isso e com as sensações que Tris experimentou com essa "felicidade" .

O ritmo da narrativa continua frenético, empolgante, viciante, e deixa claro uma evolução por parte da autora no que diz respeito a complexidade da trama e até na escrita. Todos os detalhes são importantes e fundamentais, e vários acontecimentos, principalmente por serem narrados em primeira pessoa, deixa o leitor agoniado, com os nervos a flor da pele.
"- Insurgente. Substantivo. Uma pessoa que age em oposição à autoridade estabelecida, mas que não é necessariamente considerada agressiva."
- pág. 445
Por ser um volume que se inicia de onde o primeiro parou, eu recomendo que a leitura seja feita em sequência, pois os fatos não ficam sendo repetidos para refrescar nossa memória. Por um lado, isso é ótimo, pois quanto menos enrolação, melhor, mas os esquecidos poderão ter um pouquinho de dificuldade de se situarem para pegar o ritmo da coisa.
A capa é finíssima e traz o símbolo da Amizade. A diagramação é simples e as folhas amareladas com letras grandes colaboram pra tornar a leitura mais rápida, mesmo que o livro tenha mais de 500 páginas. A revisão também é perfeita.

Muitas questões, como mágoa, perdão e coragem pra seguir em frente são abordadas de forma bem adequada, aproveitando a fragilidade das pessoas em meio a guerra, evidenciando seus sentimentos e nos deixando mais próximos aos personagens, o que os torna mais vivos e reais.
O final fica em aberto, pois pede a continuação com urgência! E por favor, necessito o quanto antes de Allegiant (Convergente)! Super recomendo e assim como Divergente, entrou pra lista das distopias favoritas!

Divergente - Veronica Roth

4 de maio de 2013

Lido em: Abril de 2013
Título: Divergente -  Divergente #1
Autor: Veronica Roth
Editora: Rocco
Tradutor: Lucas Peterson
Gênero: Distopia
Ano: 2012
Páginas: 502
Nota: ★★★★★
Sinopse: Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto.
A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é.
E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive.
Resenha: Divergente é o primeiro volume da trilogia distópica de Veronica Roth lançado pela Editora Rocco aqui no Brasil. A história traz uma Chicago futurista onde a sociedade foi dividida em cinco facções que evidenciam as virtudes dos cidadãos de forma que todos ficassem separados de acordo com a personalidade e interesse de cada um: Abnegação, facção onde as pessoas são altruístas e sempre colocam o outro em primeiro lugar, abdicando de suas próprias vontades se necessário, visando o bem do povo como um todo; Amizade, onde todos são compreensíveis e pacíficos, vivem felizes, praticam o bem e sempre encorajam os outros; Audácia, cujos cidadãos são corajosos, ousados e são treinados como soldados para defenderem o povo justamente por serem audaciosos e conhecidos por enfrentarem qualquer parada; Franqueza, que, por colocarem a verdade e sinceridade acima de tudo e treinados para nunca mentir, são os responsáveis pela criação de leis na sociedade; e por último, a Erudição, facção que representa a inteligência e a cultura, onde as pessoas passam a vida se dedicando ao conhecimento. E há ainda os sem-facção, indivíduos que não se dão bem nos testes e são excluídos e condenados a viverem às margens da sociedade, e dependem da boa vontade e da caridade da facção que se importam com eles, a Abnegação. Obviamente alguns interesses entram em conflito e algumas facções se tornam inimigas...
Ao completar 16 anos, os jovens são submetidos a testes de aptidão para descobrirem a facção que se encaixam melhor e tem o direito de escolherem se querem continuar na facção onde nasceram ou se querem partir pra uma vida nova, desde que deixem pra trás a antiga facção e tudo que existe nela, inclusive a própria família... E esse direito de escolha é o que vai definir esses jovens e seu lugar na sociedade, desde que se esforcem pra isso...
Beatrice é uma garota que nasceu na Abnegação e está prestes a realizar seus testes de aptidão para descobrir quem é e o lugar a que pertence, porém, ao finalizar os testes, o resultado é inconclusivo, o que a define como uma Divergente, pois ela tem valores e virtudes que a fazem se encaixar em mais de uma facção, e isso agora deve ser mantido em segredo, pois os Divergentes são um risco para a sociedade (por um motivo que não fica claro) e são caçados quando descobertos...
Beatrice, ao escolher sua facção, se torna Tris, e o que deveria ser um treinamento para sua nova vida, se torna uma trama envolta por um grande esquema político liderado por Jeanine, a líder da Erudição, cheio de perigos, segredos e muita ação...

Divergente é narrado em primeira pessoa por Beatrice/Tris e podemos notar a evolução da personagem, que começa tímida, desconfiada, indecisa e sem grandes pretensões, mas no decorrer da história, ela vai descobrindo aos poucos quem é na realidade e o que está fazendo, e se mostra alguém bem diferente. É possível perceber que apesar de ela lutar pra descobrir e derrubar toda aquela opressão com ajuda de seus aliados, ela não quer ser uma grande heroína, ela só quer se encontrar e ser feliz com sua escolha, sem frescura, sem chatice.
Os personagens são todos muito bem construídos e muitos próximos de pessoas comuns, pois ao mesmo tempo que são corajosos e determinados, também possuem seus defeitos e fraquezas. Pude perceber que a autora não deixa brecha para que fiquemos apegados a alguém, pois se o pobre coitado tiver que apanhar ou morrer, que assim seja. Nota especial para Quatro, que é a frieza em pessoa, mas ao se aproximar de Tris gradualmente, se revela alguém muito diferente e digno de minha admiração eterna, por mais seco que seja. ♥
O treinamento dos iniciados é um pouco arrastado, cheio de detalhes, mas só assim para conhecer a personalidade de cada um deles. Curti o fato de a sociedade ser dividida pelos interesses e personalidade dos sujeitos, e não pela classe social como sempre vemos por aí, com exceção dos pobres sem facção, claro.
O ritmo da narrativa é frenético, empolgante, viciante, do tipo que você lê desesperadamente e não quer parar. São 500 páginas que podem ser lidas num único dia (eu acho que li de uma vez em umas 5 ou 6hrs), tranquilamente. Eu lia e ficava louca pra passar pra próxima página, pro próximo capítulo e morri de saudades quando o livro chegou ao fim e não tinha mais. E quando o capítulo terminava e eu julgava pensar que nada mais iria acontecer, a autora se superava e algo inesperado e surpreendente acontecia pra me deixar mais ansiosa ainda pelo próximo capítulo. Há também um toque de romance que vai se desenvolvendo aos poucos e isso é um ponto que aprovo bastante, pois detesto sentimentos que surgem do nada sem explicação. E triangulo amoroso entre os personagens principais? Forget this shit! Isso non ecxiste aqui! #todos comemoram #eu comemoro

Por ser uma distopia, é um pouco difícil não comparar com outras histórias do gênero escritas por outros autores, afinal, o que muda são os personagens, os interesses e o rumo que a história leva. A crítica a sociedade, a luta pela liberdade e o governo controlador, que dita o que pode e o que não pode ser feito, são fatores comuns nessas histórias, então, por mais difícil que seja, são livros que devem ser lidos sem a intenção de comparar. Então, depois de pensar bastante e levar o gênero em consideração, não acho que houve falta de originalidade aqui como muitos por aí dizem... Culpem o gênero e os elementos que sempre existem nele.

Esse foi um livro que superou todas as minhas expectativas. A Rocco fez um trabalho muito bacana na edição e a diagramação também é ótima. Eu só não recomendo que vocês leiam o que está nas orelhas do livro antes de lerem a história, pois é um grande spoiler...
Recomendo muito a leitura, entrou pra lista dos favoritos e foi uma das melhores leituras do ano pra mim!