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Lendas Japonesas - Loputyn

19 de março de 2024

Título:
 Lendas Japonesas
Autora: Loputyn
Editora: Darkside
Gênero: Contos
Ano: 2024
Páginas: 64
Nota:★★★★☆
Sinopse: No universo rico e cativante das lendas japonesas, criaturas misteriosas e seres encantados surgem entre as sombras e entram em cena, desencadeando eventos surpreendentes e interações inusitadas entre os personagens. Nesse cenário fascinante que entrelaça o mundano e o sobrenatural, a quadrinista italiana Jessica Cioffi, que adota o pseudônimo Loputyn, dá nova vida e perspectiva a 25 contos tradicionais japoneses, ilustrando-os com seu toque delicado e singular.
Selecionados cuidadosamente pela artista, que já encantou os darksiders com Francis , os contos que compõem Lendas Japonesas abrangem temas como amores não correspondidos, vingança, feitiços e acontecimentos sobrenaturais. São histórias que atravessaram épocas e gerações, transmitidas pela tradição oral e registradas na literatura clássica ou adaptadas para o teatro.

Resenha: Loputyn, pseudônimo da quadrinista italiana Jessica Cioffi, traz uma coletânea de 25 contos narrados de forma bem simples e direta para abordar o universo tão rico quanto singular das tradicionais lendas japonesas, que chega ao Brasil publicado pelo selo Darklove, da editora Darkside.

São contos que falam de amor e esperança, mas também de abandono, rancor e vingança onde a maioria deles tem algum espírito rancoroso e vingativo como protagonista dando um toque sobrenatural e um tanto assustador à lenda, incluindo aqueles que aparecem em forma de animais demoníacos.

A primeira lenda, chamada A Princesa Reluzente, vai ser bem familiar pra quem já assistiu O Conto da Princesa Kaguya, do Studio Ghibli.
A lenda de Oiwa também é mencionada, pois se trata da história de fantasma mais famosa do Japão e até hoje serve de inspiração para filmes, mangás, animes e afins.

Dentre os contos, acho que os que mais gostei foram A Princesa Reluzente, Urashima, O Espelho de Matsuyama (muito sensível e comovente), Uma Promessa não Cumprida, Yuki-Onna e a própria Oiwa. Talvez por serem contos curtos, alguns não despertaram tanto a minha curiosidade ou não tiveram o mesmo impacto que os outros, e por questão de gosto eu achei os contos de terror mais interessantes.

Como os contos são curtos e narrados de forma mais sucinta, não há espaço para mais detalhes ou um maior aprofundamento mas, mesmo assim, ainda é possível perceber a riqueza e a beleza da cultura japonesa quando essas lendas trazem protagonistas tão peculiares, interessantes, misteriosos e, alguns deles, até muito sombrios que fazem parte do folclore do Japão. Vários locais e eventos mencionados realmente existiram, como Edo que posteriormente se tornou Tóquio, ou o incêndio de Edo em 1655 que aqui está associado com uma das lendas japonesas, Furisodê. Terminei a leitura e já fiquei com vontade de ir pesquisar.

Alguns contos trazem termos que podem não ser muito conhecidos por aqui e não há maiores explicações, como "hora do rato" (das 23hrs da noite a 1hr da manhã) ou "hora do boi" (da 1hr as 3hrs da manhã) que indicam um período de um determinado acontecimento, então senti falta de um tipo de glossário para situar melhor o leitor, mesmo que a título de curiosidade.

A diagramação do livro é muito bonita e organizada, com a ilustração numa página e o respectivo conto na seguinte. As páginas são coloridas, cada uma de uma cor, e a paleta de cores em tons pasteis é super agradável aos olhos. As ilustrações são belíssimas, trazem a essência do conto à tona, com traços delicados mas sempre muito expressivos e marcantes.

Para quem gosta das singularidades da cultura japonesa, com lendas antigas ou urbanas, que fazem um equilíbrio entre o tangível e o sobrenatural, mostrando que pode haver muito mais coisas nessa existência das quais jamais poderemos supor, é leitura mais do que indicada.

 

O que Dizem as Estrelas - Luly Trigo

19 de setembro de 2022

Título:
 O que Dizem as Estrelas: Contos Astrológicos
Autora: Luly Trigo
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Juvenil/Astrologia
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Todo mundo já ouviu falar que as pessoas do signo de câncer são choronas; as de touro, comilonas; as de libra, indecisas… Mas será que é apenas isso que os signos representam?
Nesta antologia, você vai encontrar doze histórias, cada uma acompanhando um protagonista de um signo solar diferente ― todos eles moradores do mesmo prédio, o edifício Cosmos. Ali, os conflitos são vários: mudança de casa, problemas na escola, desentendimentos com os amigos, romances surgindo e chegando ao fim… Enquanto mergulha nos dramas de cada personagem, você vai perceber que os signos do zodíaco são repletos de nuances, luzes e sombras, que podem nos ajudar a entender quem realmente somos.
Ao final de cada astroconto, você ainda encontra um texto explicativo sobre como a energia daquele signo pode afetar determinada área da sua vida ― afinal, todos temos um pouco de cada signo no nosso mapa.

Resenha: Publicado pela Editora Seguinte, O que Dizem as Estrelas é um complilado de doze contos, um pra cada signo do zodíaco, escrito pela autora Luly Trigo.

Aqui os personagens são moradores do edifício Cosmos. Cada um deles vai enfrentar uma situação diferente e lidar com elas de acordo com sua personalidade, cujo signo tem a devida influência. O conto em si abordar questões referentes à astrologia propriamente dita, nem dará informações estereotipadas sobre o assuntro, mas vai narrar alguma situação específica onde o personagem vai mostrar quem ele é a partir de suas atitudes, com suas qualidades e defeitos, vai se encaixando nas características do signo em questão enquanto surge alguma lição que o faça enxergar e tentar aprender com os próprios erros. Somente ao final do conto a autora inclui um texto se aprofundando um pouco mais nas características do tal signo e, aí sim, o leitor pode tirar as próprias conclusões e perceber como o comportamento e a personalidade da personagem fazem mais sentido considerando o zodíaco.

Logo no início a autora já deixa a observação sobre o livro não ser um estudo aprofundado dos signos e suas características, pois a ideia é oferecer uma história leve e divertida aos leitores, mas vou ser sincera em dizer que a pegada adolescente dos contos não me envolveu muito, principalmente pela maioria dos personagens serem um tanto imaturos e com dilemas que, pra mim, são bem fúteis. Mas isso também se dá pelo fato de eu ter nascido lá em meados da década de 80 e não fazer parte do público alvo do livro. Talvez, se eu ainda estivesse naquela fase de ler as Todateens e as Caprichos da vida, eu teria gostado muito mais.

Mas fora isso, como boa taurina que sou, paciente, zen e jovem mística que acredita nesse rolê todo, eu gostei muito da forma como a autora combinou as características dos signos com seus personagens e suas personalidades sem forçar nada, e tudo ser o mais natural possível. Fiquei imaginando a quantidade de livros que já li na minha vida e nunca pensei que um personagem se comporta de tal forma ou toma determinadas decisões por ter alguma influência astrológica. Acho que vou começar a reparar nisso agora e tentar fazer esse tipo de identificação XD

A leitura é leve e tem uma linguagem super fácil, os contos são curtos e eles trazem todo tipo de representatividade. Logo no primeiro conto, Áries, conhecemos Vivi e sua namorada Irena, que estão se desentendendo por Vivi ser muito mandona, querer controlar tudo e ficar irritada e emburrada quando um trabalho de escola feito em grupo não sai como ela gostaria.
No conto de Touro, Eloá é uma garota de quinze anos que anda chateada por ter saído do aconchego da casa onde morava no interior e ter se mudado com a mãe pra um apartamento na loucura da cidade, e agora anda sofrendo horrores por ter saído de sua zona de conforto e ainda ter que se desfazer de parte de sua coleção de livros que ela é tão apegada por falta de espaço. Eu te entendo, Eloá... Essa também sou eu.
Não vou me aprofundar em todos os contos pra resenha não ficar enorme, mas, basicamente, cada conto traz uma historinha onde a personalidade e comportamento dos protagonistas se encaixam com as características do signo em questão.

Uma observação é que no edifício há um personagem em comum que aparece nos contos, seu Gabriel, o porteiro do prédio. Esse "seu" de início me fez imaginar um senhor de uns 60 ou 70 anos, mas fiquei em choque que ele tem míseros 30.

O que Dizem as Estrelas é um livro juvenil, mas que pode muito bem ser indicado pra sair daquela ressaca literária, ou quando procuramos por algo leve e descontraído pra ler sem muitas pretensões. Independente do leitor acreditar ou não em signos, os contos são simples e esses detalhes astrológicos só vão servir como um elemento a mais pra quem gosta do tema e identifica essas características.

O Chamado de Cthulhu e outras histórias - H.P. Lovecraft

28 de dezembro de 2019

Título: O Chamado de Cthulhu e outras histórias - Biblioteca H.P. Lovecraft #1
Autor: H.P. Lovecraft
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Horror/Contos
Ano: 2019
Páginas: 448
Nota:★★★★★
Sinopse: Nascido em 1890, Howard Phillips Lovecraft revolucionou o gênero literário do horror ao inserir em suas histórias elementos típicos da fantasia e da ficção científica. Com um estilo de escrita único, por vezes de vocabulário e ortografia conservadores, Lovecraft elevou o terror a um patamar literário poucas vezes visto. Assim como Edgar Allan Poe no século XIX, Lovecraft é visto por autores como Neil Gaiman, Joyce Carol Oates e Stephen King como um dos principais autores de terror do século XX.
Neste primeiro volume da série "Biblioteca Lovecraft", traduzida e organizada por Guilherme da Silva Braga, encontramos textos clássicos como "O chamado de Cthulhu" e "A sombra de Innsmouth", e também textos menos conhecidos como "Dagon" (espécie de breve preâmbulo aos mitos de Cthulhu).

Resenha:  Nascido em 1890 e falecido em 1937, H.P. Lovecraft é considerado um dos principais autores do gênero de terror, reunindo não só admiradores de suas obras, como também inspirando autores de renome da literatura em todo o mundo. Neste primeiro volume da série "Biblioteca Lovecraft", encontramos dez textos clássicos do autor traduzidos e organizados por Guilherme da Silva Braga: Dagon, Ar frio, O modelo de Pickman, A música de Erich Zann, O assombro das trevas, O chamado de Cthullu, O horror de Dunwich, A sombra vinda do tempo, A casa temida, e A sombra de Innsmouth.

Os contos são curtos, alguns são narrados em primeira, e outros em terceira pessoa. Alguns inclusive parecem ter uma ligação com outros devido a algumas referências, e acabam se complementando ou preparando o leitor para algo que está por vir. Utilizando de uma escrita rebuscada, mas ainda assim um tanto fluída e cheia de detalhes e descrições minuciosas, é impossível desgrudar da leitura, mesmo que alguns trechos causem um enorme desconforto devido às descrições ora bizarras, ora sugestivas, ou ora assustadoras, mas que são capazes de despertar muita admiração e curiosidade em quem lê. Eu confesso que ainda não tinha tido oportunidade de ler nada do autor até então, mas posso dizer que o livro superou minhas expectativas pois foi bem além do que esperava encontrar.

Para os fãs do mestre do horror cósmico, ou pra quem gosta de contos de terror bizarros que se misturam com fantasia, é leitura mais do que indicada. Essa edição em particular, com capa dura e excelente diagramação é obra digna de se manter na coleção, pra ser lida e relida.

Abaixo um resumo do que se trata os contos do autor:

O Bazar dos Sonhos Ruins - Stephen King

19 de dezembro de 2017

Título: O Bazar dos Sonhos Ruins
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Terror/Contos
Ano: 2017
Páginas: 528
Nota:★★★★☆
Sinopse: Mestre das histórias curtas, o que Stephen King oferece neste livro é uma coleção generosa de contos – muitos deles inéditos no Brasil. E, antes de cada história, o autor faz pequenos comentários autobiográficos, revelando quando, onde, por que e como veio a escrever (ou reescrever) cada uma delas. Temas eletrizantes interligam os contos; moralidade, vida após a morte, culpa, os erros que consertaríamos se pudéssemos voltar no tempo... Muitos deles são protagonizados por personagens no fim da vida, relembrando seus crimes e pecados. Outros falam de pessoas descobrindo superpoderes – como o colunista, em “Obituários”, que consegue matar pessoas ao escrever sobre suas mortes; ou o velho juiz em “A duna”, que ainda criança descobre uma pequena ilha onde nomes surgem misteriosamente na areia – nome de pessoas que logo morrem em acidentes bizarros. Em “Moralidade”, King narra a vida de um casal que vai se despedaçando quando os dois mergulham no que, a princípio, parece um vantajoso pacto com o Diabo. Incríveis, bizarros e completamente envolventes, essas histórias formam uma das melhores obras do mestre do terror, um presente para seus Leitores Fiéis.

Resenha: O Bazar dos Sonhos Ruins é uma coletânea de vinte contos escritos por Stephen King e além de terem uma breve explicação que os antecede acerca do motivo de terem sido escritos, trazem temas relevantes e que permeiam o universo de suspense e terror dos quais o mestre faz parte, e claro, com o toque sobrenatural que faz parte de suas obras na maioria das vezes.
O autor fala sobre sua necessidade de escrever histórias curtas visando agradar seu "Leitor Fiel" e num misto de horror, drama, suspense e humor, o presenteia com esta antologia que, de fato, surpreende ao trazer tramas que abordam a morte e muitas de suas vertentes, assim como os demais sentimentos que sempre a rodeiam, evidenciando os aspectos e as consequências da perda e o sentido da própria vida.
A maioria dos contos são narrados em terceira pessoa e são bastante fluídos. Por serem independentes, sequer precisam ser lidos na ordem. Alguns são demasiados curtos ou terminam sem um final propriamente dito, o que pode ser um pouco frustrante para os leitores que se conectaram com a história e anseiam por mais.

Não acho necessário discorrer sobre cada conto em particular pois como são curtos, falar demais sobre cada um deles pode acabar estragando a surpresa. Alguns acabam ganhando mais destaque por chamarem mais a atenção devido ao teor da trama que é bem mais interessante do que os demais...
Milha 81 é a história é sobre um garotinho de dez anos, Pete, que quer viver uma grande aventura. Assim, cheio de coragem, ele adentra uma área abandonada munido de uma lupa e quando encontra um carro e duas crianças descobre que há um "monstro" alí. As referências deste conto são ótimas e por mais diferentes que sejam entre si funcionam muito bem no conjunto criado por King.
Garotinho Malvado faz o leitor imergir na história de um presidiário que fora condenado à morte, mas antes de cumprir sua pena decide fazer um relato sobre o crime que cometeu. Ele descarregou uma arma em um menino aparentemente inocente e desde então vive atormentado. Ler histórias que envolvem crianças diabólicas é uma experiência bem aterrorizante...
Como um diferencial, King deixa o leitor um passo a frente dos acontecimentos. Em Indisposta, já sabemos o que vai acontecer, mas ainda assim somos surpreendidos com o destino do protagonista, um publicitário que está enfrentando problemas no trabalho enquanto sua esposa permanece indisposta após ficar doente.
Em A Duna, sempre que um juiz aposentado vê um nome em uma duna, a pessoa morre. Ele faz o relato dos acontecimentos a um advogado e o final da história é incrível.
Obituários foi um dos meus favoritos, principalmente por me lembrar Death Note. Um jornalista começa a inventar e escrever obituários pra um site de fofocas até perceber que o que ele escreve acontece mesmo.

Enfim, com ou sem elementos sobrenaturais, em primeira ou terceira pessoa (ou combinando as duas), King constrói situações cotidianas, nostálgicas e que remetem aos clássicos, inesperadas ou previsíveis, que abordam a moralidade, perseverança, que trazem segredos obscuros, que falam sobre a sexualidade, vícios, poder e controle, preconceitos, sobre dar valor aos pequenos grandes momentos da vida, e até sobre brigas bizarras entre vizinhos que se odeiam.

O Bazar dos Sonhos Ruins é uma boa pedida pra quem ainda não conhece e quer ter um gostinho de como são as histórias de Stephen King. O livro traz contos com elementos de vários gêneros diferentes e com certeza vai agradar e surpreender os leitores ao ponto de torná-los fiéis.

Chapeuzinho Esfarrapado e Outros Contos Feministas do Folclore Mundial - Ethel Johnston Phelps

23 de novembro de 2017

Título: Chapeuzinho Esfarrapado e Outros Contos Feministas do Folclore Mundial
Autora/Org.: Ethel Johnston Phelps
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 248
Nota:★★★★★
Sinopse: Quem disse que as mulheres nos contos de fadas são sempre donzelas indefesas, esperando para ser salvas pelo príncipe encantado? Esta coletânea reúne narrativas folclóricas do mundo inteiro — do Peru à África do Sul, da Escócia ao Japão — em que as mulheres são as heroínas das histórias e vencem os desafios com esforço, coragem e muita inteligência. Este livro é para todo mundo que não se identifica com as princesas típicas dos contos de fadas. É para garotas e garotos, para que todos possam aprender que as maiores virtudes de um herói não são exclusivas a um só gênero. Enriquecida com textos de apoio e ilustrações modernas, esta edição é uma fonte inestimável de heroínas multiculturais — e indispensável para qualquer estante.

Resenha: Chapeuzinho Esfarrapado e Outros Contos Feministas do Folclore Mundial é uma coletânea de vinte e cinco contos folclóricos de vários países e que seguem o padrão de colocar uma personagem feminina como heroína ou personagem principal da história, mostrando que não é necessário que nenhum príncipe encantado as resgate do perigo para que um final feliz aconteça.

A introdução escrita por Ethel Johnston também acrescenta informações importantes para explicar a pouca quantidade de personagens mulheres na posição de heroínas nos contos folclóricos, e como a maioria delas possuem estereótipos, levando leitores a definir conceitos, muitas vezes errados, sobre alguém ao julgar pelas aparências. Por que a velha feia automaticamente é uma bruxa má? Por que a personagem com rosto angelical cercada de bichinhos é sempre a mocinha indefesa? E aqui nesses contos o que é apresentado pra gente é o contrário disso, com intenção de desconstruir essas definições impostas por homens, e trazer mulheres inteligentes e corajosas que estão prontas para enfrentar desafios, independente da idade, cor da pele, ou físico.

Os contos são cheios de elementos da fantasia, as lendas trazem temas ligados ao cotidiano, à família, amizade e afins, mas sempre com o toque de feminismo que o próprio título do livro já nos apresenta.

A capa do livro, a diagramação, as ilustrações coloridas e o projeto gráfico em geral formam um conjunto bem caprichado para tornar o livro muito bonito visualmente.

Chapeuzinho Esfarrapado é um livro muito divertido, que em alguns momentos mostra, sim, que os homens tem sua devida importância, mas quem ganha destaque são as mulheres que foram muito bem representadas por personagens tão diferentes entre si, mas tão parecidas por mostrarem que são capazes de grandes feitos quando não são diminuídas e quando estão livres para escolherem o que vão fazê-las feliz.

Over the Rainbow - Varios autores

22 de novembro de 2017

Título: Over the Rainbow - Um Livro de Contos de Fadxs
Autores: Milly Lacombe, Renato Plotegher Jr, Eduardo Bressanim, Maicon Santini e Lorelay Fox
Editora: Planeta de Livros
Gênero: Contos/Releitura/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 224
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: E se a Cinderela se apaixonasse por uma garota, e não por um príncipe encantado? Ou se os irmãos João e Maria, homossexuais assumidos, enfrentassem a ira de uma madrasta religiosa que só pensa em “curá-los”? Ou, ainda, se a Branca de Neve, abandonada numa cidade bem distante de sua terra natal, fosse acolhida por... sete travestis? Pois pare de imaginar se os contos de fadas fossem revisitados e recebessem uma roupagem LBGTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Abra este livro e confira as clássicas histórias da infância de milhões de pessoas contadas sob a ótica de cinco autores que fazem parte desse universo, representado pelas cores do arco-íris. Ou melhor, contos de fadxs, como reza a nova norma de gêneros.

Resenha: Com tanta intolerância com a comunidade LGBT nos dias de hoje, livros que trazem representatividade com objetivo de esclarecer e desconstruir preconceitos são mais do que bem-vindos e necessários. A ideia de ter como base os contos de fadas clássicos da literatura se passando nos dias atuais e com uma roupagem totalmente diferente a fim de incluir o meio LGBT num compilado é simplesmente genial. Partindo daí, a proposta de Over the Rainbow seria ótima, se os pontos negativos da obra não tivessem superado o pouco que teve de bom...

O livro é composto por cinco contos, cada um escrito por um autor, e por mais que eles tenham trazido boa parte da realidade, dos dilemas e das dificuldades enfrentadas pela comunidade LGBT, não me envolvi nem curti a escrita, as narrativas mal construídas que deixaram a trama subdesenvolvida, as cenas de sexo com detalhes dispensáveis, e muito menos o excesso de estereótipos de beleza, status e afins que acabou excluindo classes que também precisam de espaço e representatividade tão quanto qualquer outra, afinal, os LGBTs não são formados só por gente branca, linda, sarada e rica... Concentrando sempre as mesmas características nos personagens, penso que a tentativa de representá-los fica pela "metade" e o alcance acaba sendo inferior do que o esperado, pois a falta de leitores pra se identificarem com eles e com suas experiências para sentirem o mínimo de empatia será grande.

Em Mais do que manteiga com mel, Milly Lacombe traz uma Cinderela lésbica e masculinizada que vive num cubículo da mansão onde mora e ainda é apaixonada pela meia-irmã. Sua madrasta não aceita sua condição e vive pra torturá-la.
O Amargo da intolerância, de Renato Plotegher Jr., traz os irmãos João e Maria numa versão homossexual. Eles moram com o pai e a madrasta, que é uma fanática que quer curá-los dessa "doença" e arrancar a "entidade maligna" que se apossou dos seus corpos de qualquer jeito.
Eduardo Bressanim se baseou na história da Bela e a Fera e escreveu Atormentado, que apresenta um jovem isolado que navega por aplicativos de relacionamento em busca de algo a mais, e acaba conhecendo um jardineiro.
O loirinho do Joá, de Maicon Santini, é uma versão de Rapunzel onde o protagonista é confinado numa clínica quando seu pai descobre que ele é gay.
Lorelay Fox adaptou a história da Branca de Neve e os Sete Anões em A Ressurreição de Júlia, que aborda a temática dos transexuais de uma forma bem interessante e é, de longe, o que não fez da obra um completo fiasco. No conto a madrasta morre de inveja da garota cujo sonho é se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo. Porém, ela acaba sendo abandonada com a roupa do corpo e é acolhida por um grupo de sete travestis.

Enfim, com exceção do conto da Branca de Neve, que foi escrito com muito mais sensibilidade e cuidado, percebi que além da escrita amadora e da tentativa falha de florear o texto com palavras mais cultas e rebuscadas (a única pessoa que me vem à mente que conversa daquele jeito ridículo é um tal de Dudu Camargo), não houve muito cuidado com alguns termos utilizados, como "opção sexual" (sério que alguém do próprio meio LGBT não se atentou que quem é gay não escolhe ser gay?), ou com a construção de personagens e enredo para que se tornassem críveis, principalmente pelas histórias se passarem num cenário atual.

Mas mesmo com tantos pontos negativos, eu entendi que talvez a ideia tenha sido mostrar uma realidade crua, difícil e desconfortável de se encarar que muitos desconhecem ou ignoram, e mesmo não tendo sido um livro que superou minhas expectativas e que eu tenha realmente gostado, pode ser uma leitura válida para discutir o tema, levantar questionamentos e trazer uma boa reflexão sobre homofobia, preconceito, bom senso e respeito (que é bom e todo mundo gosta e devia ter).

O Papel de Parede Amarelo - Charlotte Perkins Gilman

24 de março de 2016

Título: O Papel de Parede Amarelo
Autora: Charlotte Perkins Gilman
Editora: Jose Olympio
Gênero: Drama/Conto/Clássico
Ano: 2016
Páginas: 112
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Este clássico da literatura feminista foi publicado originalmente em 1892, mas continua atual em suas questões. Escrito pela norte-americana Charlotte Perkins Gilman, ele narra, em primeira pessoa, a história de uma mulher forçada ao confinamento por seu marido e médico, que pretende curá-la de uma depressão nervosa passageira. Proibida de fazer qualquer esforço físico e mental, a protagonista fica obcecada pela estampa do papel de parede do seu quarto e acaba enlouquecendo de vez. Charlotte Perkins Gilman participou ativamente da luta pelos direitos das mulheres em sua época e é a autora do clássico tratado Women and Economics, uma das bíblias no movimento feminista. Esta edição de O papel de parede amarelo, que chega às livrarias pela José Olympio, traz prefácio da filósofa Marcia Tiburi..
Resenha: O Papel de Parede Amarelo foi escrito pela autora Charlotte Perkins Gilman e publicado pela primeira vez em 1892. Pelo conteúdo, a obra passou a ser considerada um clássico da literatura feminista.
A história começa quando um casal se muda temporariamente para uma casa antiga pois John, o marido, de acordo com seus conhecimentos médicos, acredita que a tranquilidade do campo ajudará na recuperação da esposa que sofre de alguma doença inespecífica. Ela não sabe exatamente do que está sofrendo, mas a angústia a consome dia após dia. John não permite que ela saia, que ela escreva, que ela se distráia e vive a tratando com desdém... Contrariada pelo marido, ela fica confinada num quarto cujo papel de parede possui um padrão incompreensível e abominável que acaba lhe causando muito desconforto e irritação.
Logo, a mulher passa a sofrer as consequências de um colapso nervoso e o que ocorre é exatamente o contrário do que o marido havia planejado. O diário que ela mantém em segredo é o que lhe resta, e os conflitos pessoais que passa a enfrentar poderão levá-la ao definhamento e à loucura.

A narrativa é feita em primeira pessoa de forma bastante fria e subjeiva. Embora o livro seja curto e a leitura seja rápida, a história é complexa e não é muito fácil de ser digerida e pode, inclusive, ser bastante incômoda devido a situação em que a protagonista se encontra.
A maneira desarticulada em que a história é construída, é repleta de tons assombrosos que acabam deixando o leitor com vários questionamentos sobre a loucura da personagem e até mesmo sobre a posição de seu marido. Não fica muito claro se aquele confinamento é para ajudá-la ou não pois no contexto da história que corresponde com a realidade da época (e que infelizmente ainda existe na sociedade atual), a ideia de uma mulher inválida e dependente é um fator necessário para que ela continue sendo submissa e controlada pelo homem, que é arbitrário e decide que a verdade absoluta é um conceito criado por ele mesmo e que, muitas vezes, é baseado em algo que ele desconhece completamente mas que é suficiente para mantê-lo na posição de senhor.

A ideia de que há um pouco de autobiografia no conto faz com que ele tenha uma importância ainda maior, tanto na literatura quando nas questões sociais, pois é possível que muitas mulheres se identifiquem ao refletirem sobre as limitações da vida privada e o quanto esse tipo de vivência e convívio são dolorosos.

Chega a ser preocupante ter esse vislubre do modo como as mulheres que sofriam de algum problema de saúde, principalmente os psicológicos, eram tratadas na época e como suas preocupações e dilemas não eram levados a sério, sendo reduzidos a praticamente nada. Independente das boas intenções do marido, é possível percebermos o quanto as diferenças de gênero eram gritantes e o quão prejudicial era essa falta de direitos e maiores considerações.

A verdadeira mensagem, que é a crítica sobre a desigualdade de gênero e a opressão vivida pelas mulheres, é feita de forma sutil e está nas entrelinhas. O Papel de Parede Amarelo é, sem dúvidas, um livro para se refletir. Mesmo que algumas coisas ainda tenham mudado hoje em dia e muitas mulheres tenham voz e atitude, ainda temos um longo caminho a ser percorrido... Ainda existem muitos homens por aí que acreditam piamente que entendem e sabem o que é melhor para as mulheres e, infelizmente, ainda existem mulheres que aceitam esse tipo de controle...

O Vilarejo - Raphael Montes

6 de outubro de 2015

Título: O Vilarejo
Autor: Raphael Montes
Ilustrador: Marcelo Damm
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror/Contos/Literatura Nacional
Ano: 2015
Páginas: 96
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

Resenha: A história de O Vilarejo é introduzida ao leitor de forma bastante inusitada pois o autor se apresenta como alguém que recebeu cadernos misteriosos da falecida Elfrida Pimminstoffer, ilustrados e cheio de anotações feitas à mão em uma língua antiga e morta. Tendo procurado ajuda para saber do que se tratava o conteúdo, acabou sendo o responsável por decifrar e traduzir as histórias. São sete contos que estão diretamente ligados aos sete pecados capitais, Cada um desses pecados é representado por um demônio que, supostamente, seria o responsável por despertar o que há de pior nas pessoas... Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba).
Cada conto irá mostrar como esses pecados se manifestaram nos moradores de um pequeno vilarejo isolado de forma que cada história acabe se entrelaçando de maneira ampla com as demais formando uma só ao fim, e como fatos e personagens se envolvem ao irem se degradando de forma lenta e gradual até atingirem a ruína.

Os contos são narrados em terceira pessoa e a escrita do autor é impecável. Ele tem o dom de manter o leitor preso à história e, ainda que seja curta e sem floreios, surpreende muito quando cada conto atinge o clímax. É simplesmente impossível parar a leitura pois a ansiedade pra chegar ao desfecho chega a ser inexplicável. Ao final queria saber mais dos personagens e o que mais seriam capazes de fazer, queria mais páginas sangrentas, queria um pouquinho mais dessa agonia extrema de acompanhar a rotina sem censura de personagens que tiveram seus lados mais negros e sombrios aflorarem sem o menor pudor.
As descrições e os detalhes acerca do ambiente e dos personagens não se prolongam muito e são feitas na medida certa. Inclusive acho válido ressaltar que são nos pequenos detalhes que tudo faz diferença pois só assim para fazermos a grande ligação com prefácio e posfácio da obra. E por causa dessas notas de Raphael Montes, como mero "tradutor" dos cadernos de Elfrida, é que a história ganha um ar de veracidade e causa arrepios em quem se atenta e descobre, de fato, quem essa senhora foi... É genial! São poucas páginas mas posso afirmar que o conteúdo é enorme e nada deixa a desejar.

Embora os contos sejam apresentados sem respeitar uma cronologia exata e possam ser lidos fora de ordem sem prejudicar a compreensão, preferi ler na ordem. Esse vai e vem temporal utilizado na narrativa só atiça ainda mais a curiosidade do leitor pois é bastante surpreendente iniciar a leitura sabendo que algum personagem morreu mas num conto posterior nos depararmos com sua infância.
É incrível como o próprio vilarejo parece integrar a trama como se fosse um personagem a parte. É um lugar afastado, esquecido, escondido e acompanhar, ainda que de forma desordenada, a decadência que o local passou a sofrer devido ao frio, a fome e a miséria que assolou os moradores, até que eles tenham sido tomados pelos pecados que os levaram ao extremo, é algo que faz do vilarejo algo "vivo" e que vai se definhando com o passar do tempo.

Falando da parte gráfica, só tenho elogios à obra. O visual do livro é maravilhoso. A diagramação é super caprichada: Cada início de capítulo traz o nome de um dos demônios mencionados e é apresentada numa página preta com o texto branco. As ilustrações de Marcelo Damm são em cores e os tons utilizados contrastam com o clima frio do vilarejo. Sabemos que há neve lá fora, mas, talvez pra dar a ideia do horror e decadência que os personagens vivem - além de preservar e representar o clima sombrio - as ilustrações são escuras e carregadas em marrom com detalhes em vermelho, verde ou amarelo. Essas ilustrações sempre representam alguma cena forte e intensa da história e há manchas vermelhas simulando respingos de sangue em algumas páginas.



Não havia lido nada do autor anteriormente e posso considerar essa estreia como algo que superou totalmente minhas expectativas. A inserção do povo e idioma cimério (que existiram antes de Cristo) assim como um professor conhecedor da língua oriundo de um outro livro de ficção publicado, mostrou que por mais que haja um toque de brincadeira na obra (diante de olhares mais atentos), o brilhantismo do autor é inegável.
Raphael mostrou através de O Vilarejo que seres humanos são falhos, muitas vezes fracos, e, por menor e mais inofensivo que seja, sempre carregam o mal dentro de si, resta saber se algo ou alguém pode ser o responsável por desencadear e libertar o monstro que habita as profundezas de cada um de nós...

Em suma, pra quem procura por uma história fria, crua e macabra, que mexe com nossos sentidos causando ansiedade, perturbação, pavor, repulsa e ainda nos mantém envolvidos e fascinados sem ter vontade de largar um minuto sequer, recomendo. O gostinho de quero mais que fica ao fim da leitura é inevitável.

De flores e amores - Ana Maria Patrone

6 de janeiro de 2015

Lido em: Janeiro de 2015
Título: De flores e amores
Autora: Ana Maria Patrone
Editora: Matrix
Gênero: Contos
Ano: 2014
Páginas: 144
Nota: ★★★★★
Sinopse: Dezessete contos. Dezessete relatos que têm a particularidade de ser todos absolutamente reais. Histórias verdadeiras transformadas em peças literárias.
Como dizia garcia Márquez, "a realidade supera amplamente a ficção". Por mais loucos e estranhos que possam parecer esses textos, todos nasceram de um fato real e insólito.
As flores são o leitmotiv, ora como adereço romântico, ora como elemento fúnebre.
E, juntamente com o amor, entrelaçam esta magnifica obra.

Resenha: De flores e amores, escrito pela autora uruguaia Ana Maria Patrone e publicado no Brasil pela Editora Matrix, tráz 17 contos que abordam o amor de uma forma muito profunda, poética e, principalmente, realista.
Os contos são curtos e diretos, com começo, meio e fim, e o melhor disso tudo é que fluem bem e são maravilhosamente bem escritos. Me prendi em alguns contos imaginando que eles poderiam ter um livro dedicado somente a eles devido a profundidade dos sentimentos e pela trama que envolvia os personagens.

Através dos contos, narrados em terceira pessoa, a autora mostra diversos tipos de amor, vindo dos mais diferentes tipos de pessoas... O platônico, o amor a primeira-vista, o proibido, o obsessivo, o egoísta, o puro, o dependente, o não correspondido, o tolo, o doentio e até mesmo o amor eterno... aquele que fica pra sempre, além da vida... As histórias tem algumas cidades brasileiras como pano de fundo e os cenários são detalhados de tal forma que é possível sentir como se estivéssemos lá, vendo cores e formas, sentido cheiros e as texturas de objetos ou até mesmo ouvindo o canto de um sabiá. As características físicas dos personagens também são feitas com bastante precisão e objetividade. Todos os detalhes são dados com poucas palavras mas ilustram e fazem o leitor imaginar perfeitamente todo aquele ambiente.

Alguns contos são acompanhados de trechos de músicas conhecidas, como se as músicas fizessem parte da história, se encaixando com perfeição a cada detalhe e situação vivenciada pelo personagem da vez. Pra mim, esse misto foi uma surpresa admirável visto que todos nós temos uma música pra chamar de nossa e que, de certa forma, consegue captar e resumir nossa história...
Outros servem para reflexão, principalmente aqueles que não trazem um final feliz, ou que a princípio não fazem muita lógica devido às escolhas tomadas... Mas quem disse que o amor precisa ser entendido? Seja ele delicado e lindo, ou cruel e perverso, o amor sempre é sentido...

A capa é simples e bonita e por abordar diversas histórias não poderia ser melhor, dessa forma não foca em apenas uma história em particular. É o tipo de livro que dá pra ler em poucas horas.
A revisão está ótima, as páginas são amareladas, não encontrei erros e só tenho elogios a obra. Pra quem gosta de contos narrados de forma tão peculiar, super recomendo a leitura.

Quatro - Veronica Roth

2 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: Quatro - Histórias da série Divergente
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco  
Tradutor: Lucas Peterson
Gênero: Juvenil/Distopia/Contos
Ano: 2014
Páginas: 272
Nota
Sinopse: Quatro se passa no mesmo mundo da série de sucesso internacional Divergente e é contado da perspectiva de Tobias Eaton. As quatro histórias incluídas aqui - "A transferência", "A iniciação", "O filho" e "O traidor", além de três cenas exclusivas - dão aos leitores um eletrizante vislumbre da vida e do coração de Tobias e compõem o cenário da saga épica da trilogia Divergente.

Resenha: Quatro - Histórias da série Divergente se trata da publicação impressa dos quatro contos narrados pelo ponto de vista de Tobias Eaton, o Quatro, acerca do universo distópico de Divergente, escrito por Veronica Roth, dando uma segunda perspectiva ao leitor sobre algumas cenas e acontecimentos, complementando a trilogia.

Em A Transferência, podemos acompanhar como foi o processo de transferência da facção da Abnegação para Audácia, pois ele, depois de 10 anos, foi o primeiro a fazer essa escolha. Escolha esta que deixou seu pai, Marcus, completamente atordoado enquanto Tobias se sentiu livre por ter deixado aquela facção da qual acreditava que cedo ou tarde seria engolida pelo sistema.
A Iniciação, conta como Quatro se adaptou a nova facção, fala das experiências que teve com relação aos desafios e treinamentos rígidos envolvendo jogos e lutas sangrentas, sua primeira tatuagem além da descoberta sobre os perigos do que é ser um Divergente em meio a sociedade.
Em O Filho, Tobias procura seu lugar na hierarquia da facção da Audácia, porém, suspeita que de algo de ruim esteja por trás dos planos dos líderes de lá. Enquanto isso, descobre algo envolvendo seu passado que poderá afetar seu futuro para sempre.
O Traidor se passa dois anos depois dos acontecimentos de O filho e acontece paralelamente com os primeiros eventos de Divergente. Desta vez, Tobias descobre mais sobre os planos da Erudição, comandada por Jeanine Matthews, que almeja tomar o controle das facções para si pois acredita que sua facção é que devia governar. Dessa forma, Tobias tenta encontrar uma forma de salvar sua facção de origem. E no desenrolar desses fatos, Tobias conhece Tris Prior, a nova inicianda da Audácia...

Em suma, Quatro não traz nada de novo a série, mas consegue dar um up e melhorar o que já era bom através desse novo ponto de vista, fazendo com que um personagem do qual eu já admirava e gostava demais, por tudo o que fez nos demais livros, despertasse ainda mais minha simpatia, como se tivesse tido a função de refrescar minha memória acerca dos acontecimentos a ponto de me lembrar dos motivos que me fizeram gostar dele. O que me mantinha interessada em Quatro era ele ser um personagem misterioso, enigmático, que guardava segredos, escondendo o que havia acontecido em sua vida até então, mas ao mesmo tempo era alguém forte e destemido, então poder saber um pouco mais de sua história e o que passou foi algo que me agradou bastante.

Então, fãs da série, a leitura dos contos pelo ponto de vista de Tobias, é mais do que obrigatória. Leiam, leiam leiam! ♥

É possível encontrar os contos separados em formato e-book a venda, confiram:

 


Deixe a Neve Cair - John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle

27 de janeiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Deixe a Neve Cair
Autores: John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Juvenil/Contos
Ano: 2013
Páginas: 336
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Na noite de Natal, uma inesperada tempestade de neve transforma uma pequena cidade num inusitado refúgio romântico, do tipo que se vê apenas em filmes. Bem, mais ou menos. Porque ficar presa à noite dentro de um trem retido pela nevasca no meio do nada, apostar corrida com os amigos no frio congelante até a lanchonete mais próxima ou lidar sozinha com a tristeza da perda do namorado ideal não seriam momentos considerados românticos para quem espera encontrar o verdadeiro amor.  Mas os autores bestsellers John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle revelam a surpreendente magia do Natal nestes três hilários e encantadores contos de amor, interligados, com direito a romances, aventuras e beijos de tirar o fôlego.
Resenha: Deixe a Neve Cair é um livro que reúne três contos juvenis que tem como pano de fundo uma grande e inesperada nevasca que ocorre na cidadezinha de Gracetown, contos estes que mesmo tendo sido escrito por autores diferentes, se entrelaçam de forma bem bacana.

O primeiro conto, O Expresso Jubileu, escrito por Maureen Johnson, conta a história de Jubileu, que morre de vergonha de seu nome tirado de um prédio de uma maquete de brinquedo dos seus pais. Ela acredita ter tido a sorte grande por ter um namorado inteligente, perfeito e popular, o Noah, e está contando os minutos pra ir passar o Natal na casa dele, porém, seus pais se envolvem num tumulto que aconteceu em uma loja e acabam sendo presos, o que faz Jubileu ser forçada a mudar seus planos e embarcar num trem em direção a casa dos avós, na Florida, para passar o Natal lá. O problema é que devido a nevasca, o trem fica impedido de continuar com a viagem e Jubileu, desesperada para ficar longe do grupo intragável de líderes de torcida que estavam no mesmo trem que ela, corre para uma Waffle House. Lá ela conhece Stuart e além de ficar bem próxima dele, vai percebendo que seu namorado sempre está ocupado demais para se preocupar com os problemas dela...

O segundo conto, O Milagre da Torcida de Natal, escrito por John Green, nos apresenta um grupo de adolescentes, JP, Duke e Tobin, que resolveram ficar em casa por causa da nevasca assistindo a uma maratona de filmes do James Bond, até que recebem uma ligação de Keun em que são intimados a irem até a Waffle House, onde ele trabalha, aproveitarem a noite com um grupo de líderes de torcida que se reuniram alí por terem ficados presas num trem encalhado. Agora eles terão que enfrentar toda a nevasca para chegarem ao paraíso antes que outros convidados apareçam para lotar o lugar... Mesmo Duke sendo uma garota, ela resolve participar da "aventura" em busca das líderes de torcida, pois diversão assim, no meio da neve, não aparece todos os dias...

O terceiro e último conto, O Santo Padroeiro dos Porcos, escrito por Lauren Myracle, conta a história de Addie, uma garota que anda muito depressiva por seu namoro com Jeb (que aparece no primeiro conto) ter chegado ao fim depois de ela o ter traído com Charlie. Acreditando pensar somente em si mesma, ela acha que precisa mudar para ser uma pessoa melhor, inclusive pintado o cabelo de rosa, e junto com Dorrie, resolve ajudar sua outra amiga, Tegan, que sonha em ter um porco de estimação. E por esta boa ação, que é ir buscar no pet shop o bichinho recém comprado, minúsculo e fofo, ja apelidado de "Gabriel",  tenta provar que se importa com outras pessoas e com o que querem, ao mesmo tempo em que tenta se encontrar e reatar o namoro com seu ex.

Minha opinião: Quando optei pela leitura de Deixe a Neve Cair, lançado pela Editora Rocco, acreditei se tratar de contos que fossem falar sobre o amor verdadeiro levando a sinopse em consideração. Mas o livro fala de amores e conflitos, e atitudes de adolescentes que muitas vezes são consideradas malucas, sem sentido, idiotas, absurdas e etc... Não que eu tenha algo contra livros com histórias infanto juvenis ou só juvenis, mas imaginei que fosse algo um pouco mais maduro tendo esse clima natalino que pressupõe união, paz e essas coisas típicas da época misturado com a descoberta do amor em meio a uma nevasca enorme. Talvez o livro chame atenção dos leitores por ter o nome "John Green" como um dos autores que colaboraram para a obra, mas acredito que o livro só se tornou bom pra mim pelo primeiro conto, o de Maureen Johnson. Mesmo que a narrativa seja fácil e bastante fluída, o começo é meio monótono, pois Jubileu insiste em explicar sua insatisfação com seu nome e o quanto idolatra seu namorado de forma repetitiva demais. Talvez faça parte da própria personalidade da personagem, que a medida que vai sendo trabalhada no decorrer da história, tendo outras visões sobre o que anda acontecendo, se torna bem simpática e cativante. Gostei muito da forma como a autora escreve e cria personagens cada um com sua personalidade única. Por menor que seja a participação de algum deles, são marcantes e lembrados, seja por alguma característica física ou na forma como se comporta.

Já o segundo conto, de John Green, considerei forçado, bobo demais. Ainda bem que não criei expectativas, até mesmo pelos outros livros dele que nunca me conquistaram por completo. Três amigos saindo no meio da nevasca atrás de líderes de torcida que nunca viram na vida achando que se dariam bem ao mesmo tempo que precisariam competir com outras pessoas que também estavam tentando chegar lá pelo mesmo motivo?

Se a intenção era colocar humor, numa mistura de enrascadas em meio a diálogos bobos, não funcionou pra mim, pois em vez de rir, fiquei impaciente com tanto azar e frustração que eles passaram. Não consegui perceber que a história foi escrita por John Green porque simplesmente não se parece com a escrita dele. Dos personagens, só gostei mesmo de Duke, uma garota que por ter só amigos homens, acaba por fazer parte do "time". Os garotos parecem que não a enxergam como uma menina, pois ela não se preocupa com estereótipos de beleza, como as lideres de torcida. Ela simplesmente aproveita o momento sendo quem é e o que importa é se sentir bem.
Já o terceiro conto foi o que menos me conquistou, pois apesar de ele ser a chave pra fechar os três contos e tendo a maior mensagem natalina sobre "fazer o bem", foi algo que não me prendeu devido as atitudes de sua protagonista e a própria narrativa da autora que achei um pouco arrastada demais. Por se tratar de contos, acho que se deve ir direto ao ponto em vez de ficar arrastando dando a impressão de enrolação. E Addie se propor a ir buscar um porco pra provar que não pensa em si mesma enquanto se lamenta por ter traído o namorado ao longo da história foi algo que não me agradou... Francamente...

Acho que cada conto poderá marcar o leitor de forma diferente, dependendo de como quem lê encara a situação ou se se identifica com algum dos personagens. Talvez tenha gostado mais do primeiro justamente por ter me identificado um pouco mais com Jubileu e a forma como ela vê as coisas.
No mais, é um bom livro pra passar o tempo e acredito que os mais jovens devam curtir mais.

Clube da Insônia - Tico Santa Cruz

23 de março de 2013

Lido em: Março de 2013
Título: Clube da Insônia
Autor: Tico Santa Cruz
Editora: Belas Letras
Gênero: Contos/Poesia/Crônicas/Literatura Nacional
Ano: 2012
Páginas: 104
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Na noite, a fúria e a paixão se encontram. O submundo emerge às ruas, evocando gente esquecida que não tem vez nem voz e perambula pela cidade em busca de luz. A noite também é a casa da diversão sem hipocrisia, da embriaguez, da luxúria, das angústias e das reflexões de quem não consegue adormecer antes de a loucura se recolher novamente aos seus abrigos diurnos. De olhos bem abertos, o músico Tico Santa Cruz, líder da banda Detonautas Roque Clube, leva o leitor a um mergulho na escuridão para compartilhar seus medos e seu inconformismo, em textos viscerais que pulsam do início ao fim, madrugada adentro, até o sol nascer.
Resenha: Clube da Insônia é um livro com textos escritos em noites em que o autor, cantor e compositor, não conseguia dormir, momentos em que todas as nossas ideias mais afiadas vêm a tona, e colocava no papel todos os seus pensamentos acerca de ideias, reflexões e suas críticas à sociedade hipócrita em que vivemos. O livro é dividido em duas partes: a primeira traz textos mais pessoais, em que o autor, que assim como na música é sempre muito sincero e direto, fala sobre situações e experiências próprias até se tornar quem é nos dias de hoje. Já a segunda parte, traz textos sobre a opinião dele sobre a sociedade, os problemas do mundo, a política, o poder negativo da midia e etc...

E nessa segunda parte é que realmente podemos perceber que muita coisa do que ele pensa e resolve expor, seja em forma de texto ou seja em forma de música, é a mais pura verdade e que muitos deveriam prestar atenção para refletir sobre o que está a nossa volta. Não sou fã de carteirinha da banda porque meu estilo musical é outro, mas, de vez em quando, paro pra ouvir no talo pois curto as músicas justamente pelas letras, que têm algo a falar de útil e que nos toca se pararmos pra prestar atenção. Tenho uma grande admiração pelo Tico, e enquanto lia Clube da Insônia, pude sentir uma nota de melodia em todos os textos, que inclusive dariam músicas muitos bacanas também!
Tico escreve muito bem e ele consegue expor uma ideia ou pensamento complexo, e até polêmico, em poucas palavras, e isso tornou a leitura rápida e fluída, sem enrolação.

A capa é incrível e super adequada. Uma criatura sentada, pensando, refletindo, sem se preocupar com sua aparência que é um misto de anjo e demônio. A revisão é impecável e a diagramação é fantástica, páginas brancas e pretas, se alternando a cada texto, e ilustrações cheias de significados e expressões.

Os textos carregam tanta personalidade do autor, que chega a ser possível não só ler, mas também ouvir a voz do Tico e acreditar que alguns dos textos são letras de alguma música composta por ele. É impossível ler Clube da Insônia e tentar separar o autor do cantor, pois independente do que o cara faz da vida, tem seus próprios valores e pensamentos, e conserva uma personalidade só...
Recomendo a leitura pra quem gosta de refletir sobre os problemas do mundo, pra quem tem um olhar mais crítico sobre os problemas sociais ou simplesmente pra quem quer conhecer um pouquinho mais da forma de pensar incrível de Tico.

Branca de Neve - Irmãos Grimm

20 de dezembro de 2012

Lido em: Dezembro de 2012
Título: Branca de Neve
Autor: Irmãos Grimm
Ilustrações: Camille Rose Garcia
Editora: Geração Editorial
Gênero: Fantasia/Conto/Infanto Juvenil/Clássico
Ano: 2012
Páginas: 80
Nota: ★★★★★
Sinopse: Originalmente surgida no folclore francês do século XVII, a história de Branca de Neve há muitos anos vem sendo um dos mais memoráveis contos infantis de todos os tempos, repetido durante gerações ao redor do mundo. É a história de uma rainha maligna determinada a se livrar de uma menina – com a pele tão branca como a neve, os lábios tão vermelhos quanto o sangue e os cabelos negros de ébano – que ameaça o desejo da rainha de permanecer a mulher mais bela de seu reino. Esta nova edição destinada a presentear as crianças modernas, apresenta a versão completa do conto dos Irmãos Grimm, com uma interpretação artística original da famosa ilustradora Camille Rose Garcia, que imaginativamente combina o humor com um toque tenebroso de romantismo.
Em comemoração aos 200 anos dos contos dos famosos Irmãos Grimm, hoje trago o conto original e completo da Branca de Neve pra vocês.
Todos conhecemos a história da moça branca como a neve, de lábios vermelhos como o sangue e cabelos negros como o ébano que foge para a floresta depois de uma tentativa de assassinato a mando da rainha invejosa e encontra a casinha dos sete anões, e lá vive feliz até morder a maçã envenenada que a bruxa lhe dá e o príncipe salvá-la da morte com o beijo do amor verdadeiro, né?

O que muitos não sabem é que a versão da Disney pra Branca de Neve, o desenho que todos assistiram e usam como referência pra contar a história, foi uma adaptação, com muitos floreios e enfeites para que ficasse maior, mais "feliz" e menos trágica. A versão original é um "pouco" diferente...

Como todo mundo já conhece a história, já que é clássica, vou contá-la com minhas palavras, claro, incluindo seu final sombrio e macabro, então não considerem essa postagem como uma resenha. Só leiam se tiverem curiosidade pela história e se não se importarem com o "spoiler" hehehe. Só achei bacana trazer a história pra cá, devido a comemoração, e aproveitar para falar sobre esse livro em particular, pois ele é simplesmente perfeito, lindo, de encher os olhos e genial!

No conto original, por mais que não seja muito detalhado, pegamos a história desde o princípio, em que a mãe da menina, após ter espetado o dedo que sangrou na neve, ficou com o desejo de ter uma filha com essas mesmas características, e claro, um tempo depois, nasceu Branca de Neve do jeitinho que ela sonhou. A mãe morre após o parto e o pai, sozinho, se casa com outra mulher (típico). Os anos passam, Branca de Neve vai crescendo e aos sete anos já é dona de uma beleza extraordinária, o que desperta a fúria e a inveja de sua madrasta, pois ela não aceita que ninguém seja mais bela do que ela. Diante disso, ela manda que o caçador leve Branca de Neve para a floresta e a mate, e como prova, pede que ele lhe traga seus pulmões e fígado, porém, o caçador deixa Branca de Neve fugir para a floresta depois de ela ter suplicado pela sua vida. Ele mata um javali e leva os órgãos do animal para a rainha, fingindo ser da menina. A rainha manda cozinhar e ainda devora tudo com gosto!


Branca de Neve fica perdida na floresta e com a ajuda dos animaizinhos fofos encontra a cabana dos Sete Anões, homenzinhos trabalhadores que acabam aceitando-a em troca de favores domésticos, como cuidar da casa, cozinhar, costurar e etc...


Branca de Neve vivia feliz e acreditava estar segura, mas o que ela não sabia, era que a rainha possuia um espelho mágico que lhe respondia toda a verdade sempre que ela perguntava algo. E sua pergunta sempre era "- Espelho, espelho meu, existe no mundo mulher mais bela do que eu?". E quando ela soube que Branca de Neve ainda vivia, e que estava sendo cuidada pelos Sete Anões, ficou furiosa e começou a arquitetar um plano malígno para acabar com a vida de Branca de Neve de uma vez por todas.
Ela se disfarça de uma velha vendedora ambulante, fica irreconhecível e vai atrás da menina.


Diferente do que muitos pensam, a rainha não leva a maçã logo de cara... Ela tenta matar Branca de Neve com uma fita para amarrar seu espartilho de forma que ficasse sem respirar, depois tenta matá-la com um pente envenenado e só depois ela tem a ideia da maçã. Branca de Neve sofreu QUATRO atentados contra sua vida!
Depois de morta, os anões não têm coragem de enterrá-la, e a colocam num caixão de vidro para que pudessem observá-la e lamentar sempre. O tempo vai passando, e como mágica, o corpo não se deteriora. Branca de Neve parece estar num sono gostoso e eterno...


Um dia, um príncipe passava pelas redondezas e viu o caixão onde Branca de Neve jazia. Ele negocia com os anões para levar o caixão com Branca de Neve dentro embora, alegando que não poderia viver se não pudesse vê-la, e que seu desejo era cuidar dela, como sua amada. Os anões, com pena, deixaram que ele levasse o caixão, mas enquanto seus servos o carregavam, um deles tropeçou e devido ao solavanco, o pedaço da maçã envenenada saltou da boca de Branca de Neve e ela voltou a vida!
Eles então resolvem se casar, e ainda convidam a rainha para o banquete de casamento. Sem acreditar, a rainha, movida pela inveja e curiosidade, vai ao casamento para ver a menina com os próprios olhos, mas ao ser reconhecida por Branca de Neve, acaba sendo castigada: foi obrigada a calçar sapatos de ferro e ainda teve que dançar sobre o carvão em brasa até cair morta no chão...

Ok, algumas coisas nessa história são absurdas, mas oi? É um conto e não precisa fazer muito sentido! Mas isso tudo nos leva a pensar em como Branca de Neve pode ser tão ingênua, pois mesmo com os avisos constantes dos anões de que a rainha estava tentando matá-la e que ela não deveria abrir a porta nem aceitar nada de ninguém, ela continua se deixando enganar. Mas como se trata de uma criança, podemos perceber toda essa inocência e pureza.
Mas isso, meus queridos, me fez enxergar que nem sempre alguém é tão ingênuo, puro e bobo assim a ponto de não alimentar um sentimento de vingança quando alguém tenta lhe prejudicar. O lado bom está lá, mas o sombrio e perturbador, também. E é aquela velha história: "Aqui se faz, aqui se paga". Ou melhor ainda: "Quem com ferro fere, com ferrão será ferido". Hehehe


Essa é a história original de Branca de Neve e realmente é um pouco diferente daquela que estamos acostumados, e nesse livro lançado pela Geração Editorial, as ilustrações fantásticas, góticas e super macabras só serviram para acentuar ainda mais a sua essência.

Sabe aquela sensação de pegar um livro e considerá-lo um tesouro, uma obra de arte? Pois então... O livro tem a capa dura, as páginas são grossas e brilhantes e a diagramação é simplesmente perfeita! Pra quem é fã dos contos dos Irmãos Grimm, e em especial do conto da Branca de Neve, não pode deixar de ter esse livro em sua coleção! É a história sendo contada de uma forma que muitos nunca viram, e ao lerem e apreciarem, com certeza vão adorar, assim como eu!
Adorei o cuidado e o trabalho que a editora teve com esse livro para torná-lo tão maravilhoso e encantador visualmente, e eles estão de parabéns! Fiquei morrendo de vontade de outros contos nesse mesmo estilo! Hahaha!
Recomendo muito e entrou pra minha lista de favoritos!

Vento Distante - Roseana Murray

27 de setembro de 2012

Lido em: Setembro de 2012
Título: Vento Distante
Autor: Roseana Murray
Editora: Escrita Fina
Gênero: Literatura Nacional/Contos
Ano: 2010
Páginas: 83
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Ventos - ora  gélidos, ora cálidos: por vezes em forma de brisa, outra tantas como ventania - sopram e espalham palavras intensas e delicadas, que voam até encontrar seu porto nas páginas deste livro. E, desse encontro, surgem histórias que entrelaçam o bizarro e o belo.
São doze contos envolventes, cercados de uma atmosfera de terror sutil, que trazem memórias, reencontros, mistérios... 

Resenha: "Vento Distante", de Roseana Murray, nos traz doze contos misteriosos e envolventes, com um leve toque de terror. Os contos são narrados em primeira pessoa, e na maioria das vezes se referindo a algum conhecido da narradora.

"Um Brinco de Ouro", é o primeiro conto, e nos traz a história de uma moça que via através de sonhos, um ser quase humano chamado Lumiel, de olhos amarelos como olhos de gato.
"Um Quadro na Parede", conta a história de uma mulher que alugou um casa antiga, localizada na montanha, para passar as férias com a família. Ela vai passar a noite na casa sozinha pois a família chegaria no dia seguinte, mas durante a noite, começa a ouvir vozes e sons de violino.
"No Quarto dos Irmãos", conta a história de duas irmãs curiosas pelo que os irmãos mais velhos andam fazendo escondido, e ficam ainda mais curiosas quando eles aparecem com uma caixa cheia de ossos.
"Na Chuva", conta a história de Ana, uma moça que não tem sossego devido aos pesadelos que seu pai tem com a primeira família que teve.
"Numa Aldeia Distante", é contada a história de uma mulher misteriosa que se casou com um viúvo, e ao tentar curar os aldeões infermos, os matava para se manter sempre jovem e bonita.
"Uma Árvore que Fala", conta a história de uma moça que, através de visões, via os antigos moradores da casa onde mora.
"Uma Carta", conta a história de Isa, que herdou uma cômoda antiga da tia, e após ter encontrado uma chave que abria uma das gavetas dessa cômoda, fica surpresa com o que encontra lá dentro...
"Antiquário", conta a história de uma mulher que comprou um relógio caríssimo que, em determinadas horas do dia, trazia à tona memórias esquecidas e coisas que ainda iriam acontecer.
"O Licoeiro" conta a história de uma mulher que encontrou um objeto que havia se perdido, de grande valor emocional, que acreditava pertencer à avó falecida.
"Caderno de Sentimentos" traz a história de uma moça que, quando criança, se divertia muito com a melhor amiga, mas perdeu tudo quando a família dela teve que se mudar... Anos depois ela volta ao sítio pra onde sempre viajava com essa amiga, e fica surpresa com o que encontra lá.
"Máquina de Ler Pensamentos" nos mostra os desejos de uma moça de voltar no tempo quando soube de uma notícia que tal máquina estaria sendo inventada.
"À Luz de Velas" nos mostra uma menina que perde o sono e começa a escrever uma história fantástica sobre universos paralelos.

Sabem quando nossos avós nos contavam aquelas lendas assustadoras da roça? É bem nesse estilo... Confesso que não sou a maior fã de livros em forma de contos, mas esse me conquistou de maneira surpreendente. A escrita flui muito bem e realmente prende a atenção dando aquela nostalgia.
O livro é bem fininho e os contos bem curtinhos, e isso dá aquela sensação de querer saber mais detalhes sobre o que nos foi contado. Alguns inclusive dariam uma história ótima pra um livro inteiro!
A capa é linda. É fosca com o detalhe em verniz imitando o vento. A diagramação é muito boa e a cada começo de um novo conto há a ilustração de uma árvore. Ao final, há o desenho de folhinhas levadas pelo vento. Muito caprichado!
Pra quem gosta de contos, ou gostava de ouvir as lendas de antigamente, vai curtir esse livro!