Mostrando postagens com marcador Crônicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Crônicas. Mostrar todas as postagens

Prometo Falhar - Pedro Chagas

28 de outubro de 2015

Título: Prometo Falhar
Autor: Pedro Chagas Freitas
Editora: Novo Conceito
Gênero: Crônicas/Romance
Ano: 2015
Páginas: 400
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Prometo Falhar é um livro que fala de amor. O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. Em crônicas desconcertantes, Pedro convida o leitor a revisitar suas próprias impressões sobre os relacionamentos humanos. A linguagem fluida, livre, sem amarras, faz querer ler tudo de uma vez e depois ligar para o autor para terminar a conversa. Medo, frustração, inveja, ciúme e todos os sentimentos que nos ensinaram a sufocar são expostos sem pudores. Mergulhe de cabeça numa obra que mostra que é possível sair ileso de tudo, menos do amor. Você escolhe a ordem em que vai ler as crônicas do jovem escritor que tem 21 obras publicadas e é sucesso de vendas em Portugal.

Resenha: Prometo Falhar, escrito pelo autor português Pedro Chagas e publicado no Brasil pela Novo Conceito é um livro que tem como essência o amor.
O autor não escreve sobre o amor lindo e perfeito de contos de fadas, mas sobre o amor da forma como ele realmente é, com defeitos, falhas e imperfeições, vindo de pessoas que são passíveis de erros e que também não são perfeitas. O amor entre familiares, entre amantes ou entre amigos. Aquele amor que machuca, que sufoca, que transforma ou desperta o pior. Mas também o amor que cura, que liberta, que perdoa e que dura pra sempre.
Em Prometo Falhar, nos deparamos com o amor exposto sem pudor e sem limites, de forma crua e intensa, em diversas facetas e situações únicas, mas profundas o bastante para mostrar que todos nós estamos sujeitos a ele, independente da forma como venha e por quem nutrimos este sentimento.

Em cada crônica o autor expõe formas de amar e ser amado, das mais simples as mais absurdas e inimagináveis, e acredito que pelo menos em uma delas alguém vai se identificar. As crônicas são curtas e rápidas de serem lidas e muitas delas são apresentadas em forma de poema, mas acho que o ideal é ler o livro aos poucos, abrindo uma página ao acaso e se deixar ser surpreendido como se a crônica fosse um tipo de "mensagem do dia" para refletir.

A narrativa é feita em primeira pessoa e é cheia de sentimentalismo. Os textos são cheios de significados profundos e é possível sentir o que foi passado através das palavras.  Esse é um ponto bem positivo pra mim, pois ler um livro que fala de amor mas que não nos toca não faz o menor sentido e, por isso, posso afirmar que Prometo Falhar cumpre com o propósito de mexer com nossos sentidos e emoções.
Mas, levando em consideração o tema do livro, os vários palavrões que estão presentes nos textos me soaram um tanto desnecessários. Não me importo com palavrões quando fazem parte de diálogos de personagens com uma personalidade que remete a este estilo, mas no contexto desse livro em particular não foi algo que tenha me agradado muito.
Um ponto que achei bem intrigante é que o autor parece "desconstruir" muitas crônicas alternando o estilo de escrita em cada uma delas de forma proposital, ignorando pontuações, iniciando frases com letra minúscula e dando a entender que nem o próprio texto precisa ser perfeito para que possa mexer com as pessoas, pois como todos nós, somos falhos e imperfeitos, temos nossos defeitos mas ainda temos nossas formas de nos expressarmos e lidarmos com sentimentos.

Ainda que seja um tema que eu goste e que me faça refletir e me emocionar, senti que muitas das crônicas, ainda que falem de amor, parecem dizer a mesma coisa com palavras diferentes para "diversificar". Então a leitura acabou se tornando um pouco monótona e deixou aquela sensação de repetição. Apesar de satisfatória de forma geral, a adaptação do livro para o português do Brasil não ficou 100% pois muitas palavras ou frases, por mais que seja fácil de entender, não sofreram mudanças e percebemos a diferença por não falarmos daquele jeito aqui. Muitas vezes eu lia e mentalmente fazia um sotaque português de alguma expressão, "ora pois". Algumas palavras ainda tem marcações com o significado em notas de rodapé mas acho que se há diferenças no idioma, estas devem ser adaptadas à nossa realidade e as frases deviam ter sido reformuladas para uma melhor fluidez e compreensão.
As crônicas podem ser lidas fora de ordem, mas não há marcações de capítulos/crônicas. A principio o que indica o início de uma crônica nova é a margem superior da página que é maior do que nas demais páginas.

Eu gostei do livro e da forma como o autor expôs o amor que se apresenta de várias maneiras de acordo com quem seja. Amor que emociona, amor que dói e machuca, amor que confunde, amor que abala as estruturas, que vem cedo demais ou se manifesta tarde demais, pela pessoa certa ou pela pessoa errada e por aí vai.
O próprio título do livro já é explícito o suficiente pra mostrar que falhar não é uma opção, mas que por mais que isso possa doer e trazer a sensação de fracasso, é através dos erros que adquirimos experiências para que possamos acertar no futuro, afinal, é praticamente impossível encontrarmos a perfeição. Temos que viver com intensidade, arriscar quando possível e entender que o verdadeiro fracasso é não tentar.

Put Some Farofa - Gregorio Duvivier

26 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Put Some Farofa
Autor: Gregorio Duvivier
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Crônicas/Literatura Nacional
Ano: 2014
Páginas: 206
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Dont repair the mess. The house is yours. I make question. Pardon anything. Go with god. Come back always. Publicada em Julho de 2014, a crônica que dá título a este volume, que cria uma conversa imaginária de um brasileiro com um gringo visitando o Brasil durante a copa, rapidamente se tornou um viral de internet, até ser comentada em artigo do Washington Post.
Trata-se de uma amostra da verve humorística embebida de zeitgeist, crítica ferina e muito afeto de Gregorio Duvivier, um dos autores mais promissores do Brasil na atualidade. Reunindo o melhor de sua produção ficcional, Put some farofa traz textos publicados na Folha de S.Paulo e esquetes escritos para o canal Porta dos Fundos, além de alguns inéditos.
Se Gregorio traz o raro dom da multiplicidade, tendo se destacado no cenário cultural brasileiro ao mesmo tempo como ator, roteirista, comediante, cronista e poeta, também múltiplo é este volume, que transita entre ficções, memórias de infância, ensaios sobre artistas que o influenciaram, artigos panfletários, exercícios de linguagem e outras experimentações. Os textos vão da pauta que está sendo debatida naquele dia no jornal ao completo nonsense; do amor ao ódio, do íntimo ao universal.
No conjunto, o que espanta no autor é o frescor, a coragem, a visão transformadora e, sobretudo, a capacidade inesgotável de se renovar a cada semana, contando sempre com a inteligência e a sensibilidade do leitor.

Resenha: Put Some Farofa reúne crônicas e roteiros de Gregorio Duvivier e o leitor irá se deparar com fatos que retratam o cotidiano em geral com uma boa dose de humor. Nesta obra em especial, tais fatos são bastante recentes, mas nem todos inéditos, principalmente pra quem acompanha o Porta dos Fundos.

A escrita é fluída, inteligente, memorável e, com certeza, causa impacto. A linguagem utilizada varia de acordo com o teor da crônica em questão, mas o estilo único do autor de convidar o leitor a aproveitar seus textos permanece intacto.
Gregorio é sarcástico e usa de um humor ácido em piadas muito descaradas, mas ele também tem a capacidade peculiar de deixar mensagens nas entrelinhas, e, em diversos textos, o que fica subentendido é o que dá graça à coisa.
O livro é dividido em 4 partes contendo assuntos diversos como família, amor, dinheiro, trabalho, casamento, filhos, drogas, política e etc. Alguns são completamente sem noção enquanto outros são bastante reflexivos. Cada crônica tem um tema característico, e mesmo que a maioria venha em forma de piada ou crítica, existe um toque único de sensibilidade.

Pelo fato de o autor usar o humor em qualquer tema, levando em consideração que ele é um humorista com a mente afiada e criativa e sabe usar as palavras com total maestria, o livro é politicamente incorreto, ironiza política, religião, cultura, mas é exatamente isso o que torna suas críticas tão verdadeiras. O leitor irá se ver diante das visões que ele tem acerca de diversos assuntos e é muito interessante acompanhar sua noção do que está ao seu redor, e aquele que tiver a mente mais afiada com certeza irá identificar a si próprio em alguns dos pensamentos que estão em Put Some Farofa. É perfeitamente possível usar a comédia para atingir leitores e conquistar fãs, mas o que mais me agrada em obras desse tipo é que o humor é usado para ir muito além do que apenas fazer rir...

Acho que para que o livro seja aproveitado em sua totalidade, o leitor deve lê-lo com a mente aberta e o trecho na sinopse que diz "...o que espanta no autor é o frescor, a coragem, a visão transformadora e, sobretudo, a capacidade inesgotável de se renovar a cada semana, contando sempre com a inteligência e a sensibilidade do leitor" é o que condiz com a realidade. Um leitor mais "fechado" talvez não capte a essência da leitura, ou pode se sentir incomodado ou ofendido em alguns casos em que suas crenças são alvo da ironia e do humor de Gregorio.
Leitura super indicada, que pode ser lida aos poucos como forma de aproveitar e absorver melhor, ou numa sentada só, deixando um gostinho de satisfação e quero mais ao chegar no fim.

Sete Anos - Fernanda Torres

25 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Sete Anos
Autora: Fernanda Torres
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Crônicas
Ano: 2014
Páginas: 192
Nota: ★★★★☆
Sinopse: A entrada em cena de Fernanda Torres no mundo das letras foi apoteótica. Seu primeiro romance, Fim, lançado em novembro de 2013, cativou centenas de milhares de leitores pelo Brasil, atraiu a atenção e diversas editoras ao redor do mundo e ainda foi elogiado pelos críticos mais prestigiados do país. Era de esperar que suas crônicas não demorassem a sair. Desde 2007, Fernanda tem mantido assídua relação com a imprensa. Estreou na revista piauí, assumi uma página quinzenal na Veja Rio e em seguida uma coluna mensal na Folha de S.Paulo. Sete anos reúne parte dessa contribuição. São pensamentos divertidos e reveladores sobre cinema, teatro, política, família e assuntos do cotidiano. Há ainda um texto inédito: o pungente “Despedida”, que trata da morte de seu pai. Os leitores de seu romance e de suas colunas na imprensa, seu público na TV e no teatro, todos encontram neste livro o tom confessional, o carisma a inteligência aguda e o olhar irônico que fazem de Fernanda Torres uma das artistas mais brilhantes de nosso tempo.

Resenha: Sete Anos é o segundo livro de Fernanda Torres. A atriz, famosa pelos seus papéis no teatro, na TV e no cinema interpretando a cômica Vani em Os Normais, teve seu início na literatura com o livro Fim. Agora, a carioca se aventurou publicando suas crônicas, desde as mais antigas até as mais recentes. Sete Anos mostra uma de forma crítica o olhar de duas Fernandas: a de ontem e a de hoje.

Quando li o romance de estreia de Fernanda fiquei feliz com o resultado. Além de achá-la uma ótima atriz, principalmente por causa dos seus papéis voltados para comédia, vi que dentro da carioca há também uma ótima escritora. No seu segundo livro o caminho foi outro, mais intimista. Sete Anos é um lado bem pessoal e íntimo de Torres.

A primeira crônica é sobre, nada mais nada menos, que seu começo na careira de atriz. Kuarup narra a aventura de Fernanda e alguns atores, como Taumaturgo Ferreira, que viajaram para o Parque Nacional do Xingu para as gravações do filme baseado no romance Quarup, de Antonio Callado. A prosa da crônica é gostosa, leve e me deixa a impressão que Fernanda é engraçada, mesmo quando parece não ter a intenção de ser. O contato com a natureza, a aventura e os contras dessa filmagem foram registradas na forma de crônica e deram um ótimo e atrativo pontapé para Sete Anos. 

Algo que citei na resenha de Fim foi a forma de criticas que ela faz ao Brasil. Nesse livro ela traz tabus políticos bem interessantes. Um trecho marcante, com certeza, é quando Fernanda compara o dois famosos partidos políticos: por que o PT encara o paredão enquanto as acusações sobre o PSDB correm risco de prescrever? Mais a frente, contrariando o que eu achei, Torres se mostra um pouco indecisa em mostrar uma posição partidária, enquanto diz que uma emissora de televisão não pode ser neutra numa eleição.

Fernanda, além de um olhar politico e social, traz no livro Sete Anos um pouco de sua infância e vida pessoal. Em meio a narração de fatos da vida, a atriz discute tabus, valores familiares e educação. "Se as chances de emprego para um rapaz branco, de classe média, que teve acesso à escola já são duvidosas, imagina as de um menino negro e semialfabetizado num sistema de aprovação automática?", narra a atriz numa crônica chamada Caos, publicada em 2010.

Sete Anos se mostra, portanto, um lado íntimo de Fernanda Torres. Este livro mostra uma visão geral e incisiva da carioca sobre o Brasil e sua vida. Em duas obras lançadas, a atriz, famosa no teatro e TV, se mostrou muito competente como escritora. Vale a pena conferir.

Clube da Insônia - Tico Santa Cruz

23 de março de 2013

Lido em: Março de 2013
Título: Clube da Insônia
Autor: Tico Santa Cruz
Editora: Belas Letras
Gênero: Contos/Poesia/Crônicas/Literatura Nacional
Ano: 2012
Páginas: 104
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Na noite, a fúria e a paixão se encontram. O submundo emerge às ruas, evocando gente esquecida que não tem vez nem voz e perambula pela cidade em busca de luz. A noite também é a casa da diversão sem hipocrisia, da embriaguez, da luxúria, das angústias e das reflexões de quem não consegue adormecer antes de a loucura se recolher novamente aos seus abrigos diurnos. De olhos bem abertos, o músico Tico Santa Cruz, líder da banda Detonautas Roque Clube, leva o leitor a um mergulho na escuridão para compartilhar seus medos e seu inconformismo, em textos viscerais que pulsam do início ao fim, madrugada adentro, até o sol nascer.
Resenha: Clube da Insônia é um livro com textos escritos em noites em que o autor, cantor e compositor, não conseguia dormir, momentos em que todas as nossas ideias mais afiadas vêm a tona, e colocava no papel todos os seus pensamentos acerca de ideias, reflexões e suas críticas à sociedade hipócrita em que vivemos. O livro é dividido em duas partes: a primeira traz textos mais pessoais, em que o autor, que assim como na música é sempre muito sincero e direto, fala sobre situações e experiências próprias até se tornar quem é nos dias de hoje. Já a segunda parte, traz textos sobre a opinião dele sobre a sociedade, os problemas do mundo, a política, o poder negativo da midia e etc...

E nessa segunda parte é que realmente podemos perceber que muita coisa do que ele pensa e resolve expor, seja em forma de texto ou seja em forma de música, é a mais pura verdade e que muitos deveriam prestar atenção para refletir sobre o que está a nossa volta. Não sou fã de carteirinha da banda porque meu estilo musical é outro, mas, de vez em quando, paro pra ouvir no talo pois curto as músicas justamente pelas letras, que têm algo a falar de útil e que nos toca se pararmos pra prestar atenção. Tenho uma grande admiração pelo Tico, e enquanto lia Clube da Insônia, pude sentir uma nota de melodia em todos os textos, que inclusive dariam músicas muitos bacanas também!
Tico escreve muito bem e ele consegue expor uma ideia ou pensamento complexo, e até polêmico, em poucas palavras, e isso tornou a leitura rápida e fluída, sem enrolação.

A capa é incrível e super adequada. Uma criatura sentada, pensando, refletindo, sem se preocupar com sua aparência que é um misto de anjo e demônio. A revisão é impecável e a diagramação é fantástica, páginas brancas e pretas, se alternando a cada texto, e ilustrações cheias de significados e expressões.

Os textos carregam tanta personalidade do autor, que chega a ser possível não só ler, mas também ouvir a voz do Tico e acreditar que alguns dos textos são letras de alguma música composta por ele. É impossível ler Clube da Insônia e tentar separar o autor do cantor, pois independente do que o cara faz da vida, tem seus próprios valores e pensamentos, e conserva uma personalidade só...
Recomendo a leitura pra quem gosta de refletir sobre os problemas do mundo, pra quem tem um olhar mais crítico sobre os problemas sociais ou simplesmente pra quem quer conhecer um pouquinho mais da forma de pensar incrível de Tico.