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Pó de Lua - Clarice Freire

23 de fevereiro de 2015

Lido em: Setembro de 2014
Título: Pó de Lua - Para diminuir a gravidade das coisas
Autora: Clarice Freire
Editora: Intrínseca
Gênero: Poesia/Nacional/Autoajuda
Ano: 2014
Páginas: 192
Nota: ★★★★★
Sinopse: Em 2011, discretamente, a publicitária Clarice Freire criou no Facebook uma página para reunir seus escritos e desenhos. Batizou-a como 'Pó de Lua', sua receita infalível 'para tirar a gravidade das coisas'. Desde então, ela vem conquistando uma legião de fãs fiéis e engajados, que se encantaram com a delicadeza de seus pensamentos, seu humor sutil e o traço despretensioso, que combina desenho e até fragmentos de palavras. Entre eles, estão personalidades como a atriz Grazi Massafera e a apresentadora Ticiane Pinheiro. Da internet para as páginas de um livro, foi mais um salto para a jovem autora recifense. Ela surpreende seus admiradores com uma proposta diferente. Pó de lua, o livro, tem o formato de um dos cadernos moleskine em que Clarice exercita sua criatividade. Inspirada pelas quatro fases da lua - minguante, nova, crescente e cheia - ela trata em frases concisas e certeiras de sentimentos como a saudade, o medo, a paixão e a alegria, sempre em sua caligrafia característica, ilustradas com muitos desenhos.

Resenha: Inspirada na lua, que deixa refletir a luz iluminando as noites, Pó de Lua nasceu como um blog, um cantinho que a autora usava para expor pensamentos a fim de acalmar suas inquietações, e ao ser criada sua fanpage no Facebook, um lugar para se "escrever desenhado", milhares de pessoas se identificaram com suas ideias e se tornaram seguidoras, admiradas pelo seu jeitinho poético, fofo, criativo e sensível de brincar com as palavras. Clarice Freire tem a incrível capacidade de levar aos leitores uma nova forma de encarar e enxergar a vida, e mostra como é importante valorizar o que é simples. A frase que ficou tão conhecida que diz que o livro serve para diminuir a gravidade das coisas, é totalmente verdadeira.

Dividido em quatro partes, seguindo as fases da lua e a forma como elas afetam nosso humor, os textos abordam assuntos de acordo com a influências dessas fases, como dor, saudade, amor, despedida, alegria, e sentimentos ou questionamentos comuns que atingem e fazem parte da vida de cada um de nós.
O grande diferencial é o jogo de palavras e imagens, tudo desenhado e escrito a mão com bastante delicadeza e com traços super particulares e característicos, o que faz da parte gráfica do livro uma incrível obra de arte cheia de cores e personalidade. Em formato de moleskine, a capa com adornos prateados é uma fofura só, e as bordas das páginas em azul colaboram na riqueza do visual do livro.
O livro não só diminui a gravidade das coisas, mas aumenta o efeito positivo e é simplesmente impossível não se identificar ou se sentir tocado com pelo menos uma frase que o compõe. O resultado final é, no mínimo, um sorriso no canto da boca. É um livro cheio de doçura, com verdades que, às vezes, julgamos serem somente nossas, que deve ser lido, relido e compartilhado com todos.

Então, aqui vai meu muito obrigada à Clarice, por ter aprendido a usar as palavras com essa graciosidade ímpar e de forma genial, e obrigada por colocá-las no papel, atingindo os leitores individualmente, mostrando com tanta peculiaridade que nós somos os responsáveis por complicarmos coisas simples, mas que, de alguma forma, podemos, sim, diminuir os danos e sermos mais felizes. Se você quer - e precisa - diminuir a gravidade das coisas pra tornar a vida um pouco mais leve, não deixe de conferir Pó de Lua. ♥

- Como assim uma pessoa VAZIA pode ter algo de BOM?
- BOM. Se ela for VAZIA e INTELIGENTE, ao menos vai saber escolher bem o que vai PREENCHÊ-LA.
Pense bem.
Os cheios DE SI não têm [ESPAÇO] para mais NADA.
- pág. 72

Toda Poesia - Paulo Leminski

21 de janeiro de 2015

Lido em: Janeiro de 2015
Título: Toda Poesia
Autor: Paulo Leminski
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Poesia
Ano: 2013
Páginas: 424
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes onstruções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e superinformada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”.
Ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, o autor praticou ao longo de sua vida um jogo de gato e rato com leitores e críticos. Se por um lado tinha pleno conhecimento do que se produzira de melhor na poesia - do Ocidente e do Oriente -, por outro parecia comprazer-se em mostrar um “à vontade” que não raro beirava o improviso, dando um nó na cabeça dos mais conservadores. Pura artimanha de um poeta consciente e dotado das melhores ferramentas para escrever versos.
Entre sua estreia na poesia, em 1976, e sua morte, em 1989, a poucos meses de completar 45 anos, Leminski iria ocupar uma zona fronteiriça única na poesia contemporânea brasileira, pela qual transitariam, de forma legítima ou como contrabando, o erudito e o pop, o ultraconcentrado e a matéria mais prosaica. Não à toa, um dos títulos mais felizes de sua bibliografia é Caprichos & relaxos: uma fórmula e um programa poético encapsulados com maestria. Este volume percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano, mestre do verso lapidar e da astúcia. Livros hoje clássicos como Distraídos venceremos e La vie en close, além de raridades como Quarenta clics em Curitiba e versos já fora de catálogo estão agora novamente à disposição dos leitores, com inédito apuro editorial.
O haikai, a poesia concreta, o poema-piada oswaldiano, o slogan e a canção - nada parece ter escapado ao “samurai malandro”, que demonstra, com beleza e vigor, por que tem sido um dos poetas brasileiros mais lidos e celebrados das últimas décadas. Com apresentação da poeta (e sua companheira por duas décadas) Alice Ruiz S, posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, e um apêndice que reúne textos de, entre outros, Caetano Veloso, Haroldo de Campos e Leyla Perrone-Moisés, Toda poesia é uma verdadeira aventura - para a inteligência e a sensibilidade.

Resenha: "Toda poesia é uma verdadeira aventura - para a inteligência e a sensibilidade." Assim termina a sinopse do livro. E, de fato, não sou esse tipo de aventureira. Confesso que nunca fui fã do gênero, mas achei que a vida adulta poderia ter me mudado, pensei que pudesse ter a sensibilidade necessária pra sentir as palavras, formas e rimas - ou pelo menos entender do que se trata. Definitivamente não sou cult o suficiente pra isso, e já fica o aviso: se você não costuma ler poesia, escolha outro título pra começar, porque esse não é uma boa iniciação.
um poema
que não se entende
é digno de nota

a dignidade suprema
de um navio
perdendo a rota
Acredito que me faltou base pra entender as construções dos poemas. Eu esperei encontrar aquela coisa mais tradicional, com rimas e tudo, mesmo sabendo que a poesia contemporânea não exigisse, mas o que encontrei foi algo bem diferente (ok, teve uma bem bonitinha que eu vou colocar mais embaixo). Tinha poema com 1 estrofe; às vezes o título aparecia, outras não; uns pareciam não dizer "coisa com coisa"; outros estavam desalinhados (e não consegui compreender o porquê de não ser reto); tinha poema em inglês, espanhol, francês, inglês misturado com português... Enfim, não sou o público-alvo do livro.

Toda Poesia é um livro póstumo, compilado de todas as publicações pré e pós-morte de Leminski. Por serem vários livros reunidos em um só, em alguns inícios de obras há uma nota do editor explicando quando e onde foram publicadas originalmente e, no caso de fazerem alguma alteração, o porquê de ser diferente. Assim, descobrimos que a última obra publicada em vida foi em 1987 e que praticamente a 2ª metade do livro é toda póstuma.
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro do meu centro
este poema me olha
No fim do livro há um índice de primeiros versos e também um apêndice com textos incluídos em outras edições de colegas, como se fossem opiniões e prefácios, incluindo um texto de 4ª capa escrito por Caetano Veloso.

Não consigo imaginar essa leitura em um e-reader. Tem que ler no físico mesmo, pegar o livro - que não é muito fininho - e folhear. A diagramação é fundamental, a mudança de fontes, tamanhos, alinhamento... Receio que o "desenho" do poema não irá aparecer no ebook.

A capa é bem chamativa, com esse laranjão todo. E isso que parece o cabelo do John Lennon na verdade é o bigode do autor (veja uma foto de Paulo Lemiski),
O tempo fica
cada vez
mais lento
e eu
lendo
lendo
lendo
vou acabar
virando lenda
Se vocês repararam, eu optei por não avaliar o livro com estrelas. Como fazê-lo se não tenho parâmetros pra comparar e sequer entendo do assunto? Mas, mesmo no auge da minha ignorância, consegui gostar de alguns. rs Em sol-te, Leminski brinca com as palavras, moldando-as a formatos diferenciados com fontes, espaçamentos e tamanhos, se apropriando da página para transmitir uma mensagem simples e direta. A diagramação em todo o livro deu show, mas nessa parte em especial foi muito boa.
Também achei legal que eu praticamente sabia de cor um dos poemas porque ele foi musicado. Zélia Duncan gravou Dor Elegante, e essa música inclusive fez parte da trilha sonora da novela Belíssima (ouça aqui). E eu achando que não ia ter identificação nenhuma com o livro.

Como eu disse lá no começo, só se arrisque se você já gostar de poesias. Se for um teste, não aconselho pra não ficar tão perdida quanto eu. Mas, se você gostar e entender, por favor, me explique.

Clube da Insônia - Tico Santa Cruz

23 de março de 2013

Lido em: Março de 2013
Título: Clube da Insônia
Autor: Tico Santa Cruz
Editora: Belas Letras
Gênero: Contos/Poesia/Crônicas/Literatura Nacional
Ano: 2012
Páginas: 104
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Na noite, a fúria e a paixão se encontram. O submundo emerge às ruas, evocando gente esquecida que não tem vez nem voz e perambula pela cidade em busca de luz. A noite também é a casa da diversão sem hipocrisia, da embriaguez, da luxúria, das angústias e das reflexões de quem não consegue adormecer antes de a loucura se recolher novamente aos seus abrigos diurnos. De olhos bem abertos, o músico Tico Santa Cruz, líder da banda Detonautas Roque Clube, leva o leitor a um mergulho na escuridão para compartilhar seus medos e seu inconformismo, em textos viscerais que pulsam do início ao fim, madrugada adentro, até o sol nascer.
Resenha: Clube da Insônia é um livro com textos escritos em noites em que o autor, cantor e compositor, não conseguia dormir, momentos em que todas as nossas ideias mais afiadas vêm a tona, e colocava no papel todos os seus pensamentos acerca de ideias, reflexões e suas críticas à sociedade hipócrita em que vivemos. O livro é dividido em duas partes: a primeira traz textos mais pessoais, em que o autor, que assim como na música é sempre muito sincero e direto, fala sobre situações e experiências próprias até se tornar quem é nos dias de hoje. Já a segunda parte, traz textos sobre a opinião dele sobre a sociedade, os problemas do mundo, a política, o poder negativo da midia e etc...

E nessa segunda parte é que realmente podemos perceber que muita coisa do que ele pensa e resolve expor, seja em forma de texto ou seja em forma de música, é a mais pura verdade e que muitos deveriam prestar atenção para refletir sobre o que está a nossa volta. Não sou fã de carteirinha da banda porque meu estilo musical é outro, mas, de vez em quando, paro pra ouvir no talo pois curto as músicas justamente pelas letras, que têm algo a falar de útil e que nos toca se pararmos pra prestar atenção. Tenho uma grande admiração pelo Tico, e enquanto lia Clube da Insônia, pude sentir uma nota de melodia em todos os textos, que inclusive dariam músicas muitos bacanas também!
Tico escreve muito bem e ele consegue expor uma ideia ou pensamento complexo, e até polêmico, em poucas palavras, e isso tornou a leitura rápida e fluída, sem enrolação.

A capa é incrível e super adequada. Uma criatura sentada, pensando, refletindo, sem se preocupar com sua aparência que é um misto de anjo e demônio. A revisão é impecável e a diagramação é fantástica, páginas brancas e pretas, se alternando a cada texto, e ilustrações cheias de significados e expressões.

Os textos carregam tanta personalidade do autor, que chega a ser possível não só ler, mas também ouvir a voz do Tico e acreditar que alguns dos textos são letras de alguma música composta por ele. É impossível ler Clube da Insônia e tentar separar o autor do cantor, pois independente do que o cara faz da vida, tem seus próprios valores e pensamentos, e conserva uma personalidade só...
Recomendo a leitura pra quem gosta de refletir sobre os problemas do mundo, pra quem tem um olhar mais crítico sobre os problemas sociais ou simplesmente pra quem quer conhecer um pouquinho mais da forma de pensar incrível de Tico.