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Sete Anos - Fernanda Torres

25 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Sete Anos
Autora: Fernanda Torres
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Crônicas
Ano: 2014
Páginas: 192
Nota: ★★★★☆
Sinopse: A entrada em cena de Fernanda Torres no mundo das letras foi apoteótica. Seu primeiro romance, Fim, lançado em novembro de 2013, cativou centenas de milhares de leitores pelo Brasil, atraiu a atenção e diversas editoras ao redor do mundo e ainda foi elogiado pelos críticos mais prestigiados do país. Era de esperar que suas crônicas não demorassem a sair. Desde 2007, Fernanda tem mantido assídua relação com a imprensa. Estreou na revista piauí, assumi uma página quinzenal na Veja Rio e em seguida uma coluna mensal na Folha de S.Paulo. Sete anos reúne parte dessa contribuição. São pensamentos divertidos e reveladores sobre cinema, teatro, política, família e assuntos do cotidiano. Há ainda um texto inédito: o pungente “Despedida”, que trata da morte de seu pai. Os leitores de seu romance e de suas colunas na imprensa, seu público na TV e no teatro, todos encontram neste livro o tom confessional, o carisma a inteligência aguda e o olhar irônico que fazem de Fernanda Torres uma das artistas mais brilhantes de nosso tempo.

Resenha: Sete Anos é o segundo livro de Fernanda Torres. A atriz, famosa pelos seus papéis no teatro, na TV e no cinema interpretando a cômica Vani em Os Normais, teve seu início na literatura com o livro Fim. Agora, a carioca se aventurou publicando suas crônicas, desde as mais antigas até as mais recentes. Sete Anos mostra uma de forma crítica o olhar de duas Fernandas: a de ontem e a de hoje.

Quando li o romance de estreia de Fernanda fiquei feliz com o resultado. Além de achá-la uma ótima atriz, principalmente por causa dos seus papéis voltados para comédia, vi que dentro da carioca há também uma ótima escritora. No seu segundo livro o caminho foi outro, mais intimista. Sete Anos é um lado bem pessoal e íntimo de Torres.

A primeira crônica é sobre, nada mais nada menos, que seu começo na careira de atriz. Kuarup narra a aventura de Fernanda e alguns atores, como Taumaturgo Ferreira, que viajaram para o Parque Nacional do Xingu para as gravações do filme baseado no romance Quarup, de Antonio Callado. A prosa da crônica é gostosa, leve e me deixa a impressão que Fernanda é engraçada, mesmo quando parece não ter a intenção de ser. O contato com a natureza, a aventura e os contras dessa filmagem foram registradas na forma de crônica e deram um ótimo e atrativo pontapé para Sete Anos. 

Algo que citei na resenha de Fim foi a forma de criticas que ela faz ao Brasil. Nesse livro ela traz tabus políticos bem interessantes. Um trecho marcante, com certeza, é quando Fernanda compara o dois famosos partidos políticos: por que o PT encara o paredão enquanto as acusações sobre o PSDB correm risco de prescrever? Mais a frente, contrariando o que eu achei, Torres se mostra um pouco indecisa em mostrar uma posição partidária, enquanto diz que uma emissora de televisão não pode ser neutra numa eleição.

Fernanda, além de um olhar politico e social, traz no livro Sete Anos um pouco de sua infância e vida pessoal. Em meio a narração de fatos da vida, a atriz discute tabus, valores familiares e educação. "Se as chances de emprego para um rapaz branco, de classe média, que teve acesso à escola já são duvidosas, imagina as de um menino negro e semialfabetizado num sistema de aprovação automática?", narra a atriz numa crônica chamada Caos, publicada em 2010.

Sete Anos se mostra, portanto, um lado íntimo de Fernanda Torres. Este livro mostra uma visão geral e incisiva da carioca sobre o Brasil e sua vida. Em duas obras lançadas, a atriz, famosa no teatro e TV, se mostrou muito competente como escritora. Vale a pena conferir.

Fim - Fernanda Torres

12 de fevereiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Fim
Autora: Fernanda Torres
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Literatura Nacional/Ficção
Ano: 2013
Páginas: 200
Nota: ★★★★★
O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão .Com 'Fim', seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas - festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos - mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão - ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de 'Fim'. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia.

Resenha: Fim conta a trajetória de cinco amigos ao longo da vida, chegando ao seu inevitável "fim". De festas, orgias e amores, Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro fazem um balanço sobre suas vidas. Em cinco partes, Fernanda Torres presenteou os leitores com um livro que é, sem dúvidas, uma estreia memorável na literatura.

A história dos cinco amigos cariocas que Fernanda escreveu é ótima em todos os sentidos. Criar uma trama que envolve mostrar cinco pontos de vistas diferentes é meio arriscado, uma vez que o leitor pode acabar se identificando mais com um e menos com outro. Porém é nisso que a autora acertou. Cada homem retratado ali tem sua personalidade própria, suas manias, seus méritos e erros. Álvaro era o mais santinho do grupo. Neto, o esposo fiel. Ciro, o pegador. Sílvio, o adúltero. Ribeiro, um romântico as avessas. Todos têm seus traços próprios e isso mostra a maestria de Torres em criar suas personalidades.

A narrativa é um show a parte. Quem conhece o trabalho de Fernanda na televisão e teatro sabe o quão talentosa ela é. Esse talento com certeza está na escrita também. Fim traz frases cômicas com um quê de crítica a esse Brasil sem eira nem beira que vivemos, em outros a autora explora o comportamento masculino de uma forma que é impossível não achar que ela conhece mais os homens do que eles mesmos. Gírias, palavrões e expressões usadas normalmente no dia a dia foram empregadas também dando um quê de humor bem ácido na história. Adorei isso e não sei por quê, mas já esperava essa narrativa cética vindo dela.

Fim é uma comédia dramática da vida. Fernanda Torres entrou  com o pé direito na literatura. A carioca que mantém uma carreira artística na televisão, teatro e cinema há 35 anos, parece já ter técnica e características próprias para escrever. O livro contém um leque de diversos temas interessantes e ao mesmo tempo críticos se olharmos com uma visão bem analítica. Você, leitor, que pretende ler o debute de Fernanda como escritora, irá se deliciar ao conferir esta obra, que pode ser resumida em uma reflexão carregada de humor sobre a vida e seus diversos momentos, que cedo ou tarde chegará ao seu inevitável fim.