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O Papel de Parede Amarelo - Charlotte Perkins Gilman

24 de março de 2016

Título: O Papel de Parede Amarelo
Autora: Charlotte Perkins Gilman
Editora: Jose Olympio
Gênero: Drama/Conto/Clássico
Ano: 2016
Páginas: 112
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Este clássico da literatura feminista foi publicado originalmente em 1892, mas continua atual em suas questões. Escrito pela norte-americana Charlotte Perkins Gilman, ele narra, em primeira pessoa, a história de uma mulher forçada ao confinamento por seu marido e médico, que pretende curá-la de uma depressão nervosa passageira. Proibida de fazer qualquer esforço físico e mental, a protagonista fica obcecada pela estampa do papel de parede do seu quarto e acaba enlouquecendo de vez. Charlotte Perkins Gilman participou ativamente da luta pelos direitos das mulheres em sua época e é a autora do clássico tratado Women and Economics, uma das bíblias no movimento feminista. Esta edição de O papel de parede amarelo, que chega às livrarias pela José Olympio, traz prefácio da filósofa Marcia Tiburi..
Resenha: O Papel de Parede Amarelo foi escrito pela autora Charlotte Perkins Gilman e publicado pela primeira vez em 1892. Pelo conteúdo, a obra passou a ser considerada um clássico da literatura feminista.
A história começa quando um casal se muda temporariamente para uma casa antiga pois John, o marido, de acordo com seus conhecimentos médicos, acredita que a tranquilidade do campo ajudará na recuperação da esposa que sofre de alguma doença inespecífica. Ela não sabe exatamente do que está sofrendo, mas a angústia a consome dia após dia. John não permite que ela saia, que ela escreva, que ela se distráia e vive a tratando com desdém... Contrariada pelo marido, ela fica confinada num quarto cujo papel de parede possui um padrão incompreensível e abominável que acaba lhe causando muito desconforto e irritação.
Logo, a mulher passa a sofrer as consequências de um colapso nervoso e o que ocorre é exatamente o contrário do que o marido havia planejado. O diário que ela mantém em segredo é o que lhe resta, e os conflitos pessoais que passa a enfrentar poderão levá-la ao definhamento e à loucura.

A narrativa é feita em primeira pessoa de forma bastante fria e subjeiva. Embora o livro seja curto e a leitura seja rápida, a história é complexa e não é muito fácil de ser digerida e pode, inclusive, ser bastante incômoda devido a situação em que a protagonista se encontra.
A maneira desarticulada em que a história é construída, é repleta de tons assombrosos que acabam deixando o leitor com vários questionamentos sobre a loucura da personagem e até mesmo sobre a posição de seu marido. Não fica muito claro se aquele confinamento é para ajudá-la ou não pois no contexto da história que corresponde com a realidade da época (e que infelizmente ainda existe na sociedade atual), a ideia de uma mulher inválida e dependente é um fator necessário para que ela continue sendo submissa e controlada pelo homem, que é arbitrário e decide que a verdade absoluta é um conceito criado por ele mesmo e que, muitas vezes, é baseado em algo que ele desconhece completamente mas que é suficiente para mantê-lo na posição de senhor.

A ideia de que há um pouco de autobiografia no conto faz com que ele tenha uma importância ainda maior, tanto na literatura quando nas questões sociais, pois é possível que muitas mulheres se identifiquem ao refletirem sobre as limitações da vida privada e o quanto esse tipo de vivência e convívio são dolorosos.

Chega a ser preocupante ter esse vislubre do modo como as mulheres que sofriam de algum problema de saúde, principalmente os psicológicos, eram tratadas na época e como suas preocupações e dilemas não eram levados a sério, sendo reduzidos a praticamente nada. Independente das boas intenções do marido, é possível percebermos o quanto as diferenças de gênero eram gritantes e o quão prejudicial era essa falta de direitos e maiores considerações.

A verdadeira mensagem, que é a crítica sobre a desigualdade de gênero e a opressão vivida pelas mulheres, é feita de forma sutil e está nas entrelinhas. O Papel de Parede Amarelo é, sem dúvidas, um livro para se refletir. Mesmo que algumas coisas ainda tenham mudado hoje em dia e muitas mulheres tenham voz e atitude, ainda temos um longo caminho a ser percorrido... Ainda existem muitos homens por aí que acreditam piamente que entendem e sabem o que é melhor para as mulheres e, infelizmente, ainda existem mulheres que aceitam esse tipo de controle...

Novidades de Fevereiro - Jose Olympio e Best Seller

8 de fevereiro de 2016

Jose Olympio
A cor púrpura - Alice Walker
Nova edição revisada, em novo formato e com nova capa da obra-prima de Alice Walker vencedora do Pulitzer
Um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura, inspiração para a aclamada obra cinematográfica homônima dirigida por Steven Spielberg, o romance A cor púrpura retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Pobre e praticamente analfabeta, Celie foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido. Um universo delicado, no entanto, é construído a partir das cartas que Celie escreve e das experiências de amizade e amor, sobretudo com a inesquecível Shug Avery. Apesar da dramaticidade de seu enredo, A cor púrpura se mostra extremamente atual e nos faz refletir sobre as relações de amor, ódio e poder, em uma sociedade ainda marcada pelas desigualdades de gêneros, etnias e classes sociais.

Best Seller
Manual do autismo - Dr. Gustavo Teixeira
Uma leitura essencial para pais, professores e qualquer profissional que convive com crianças autistas
O primeiro obstáculo enfrentado pelo portador do transtorno do espectro autista se dá na própria fase de diagnóstico: os indícios são sutis e variáveis entre indivíduos, o que dificulta a identificação do transtorno. Com o intuito de auxiliar os pais a reconhecer esses sinais e a iniciar o tratamento apropriado para seus filhos o quanto antes, o Dr. Gustavo Teixeira escreveu este livro esclarecedor. Referência internacional no assunto, o Dr. Gustavo aborda todas as questões relativas ao autismo, respondendo às principais dúvidas e oferecendo as ferramentas necessárias para o estabelecimento de um ambiente estimulante e acolhedor para os pacientes. Quem seguir as orientações de Manual do autismo será capaz não apenas de reagir adequadamente ao comportamento autista, como também saberá oferecer o apoio necessário a esses pacientes, amenizando as eventuais dificuldades. Esta é, portanto, uma leitura obrigatória para todos que se relacionam com algum portador desse transtorno que já afeta mais de 600.000 jovens brasileiros, sejam pais, médicos ou mediadores educacionais.

Mangiato Bene? As sete regras para reconhecer a boa cozinha - Roberta Schir
Aprenda a reconhecer as melhores experiências gastronômicas de maneira justa, eficaz e original
Em um mundo cada vez mais conectado, todos se consideram críticos gastronômicos, compartilhando a opinião sobre os pratos do dia e recomendando aos amigos seus restaurantes prediletos. Em Mangiato Bene? As sete regras para reconhecer a boa cozinha, Roberta Schira — com a autoridade de quem escreve sobre gastronomia há anos — apresenta os conceitos necessários para avaliar um restaurante e seu cardápio de maneira justa e objetiva, envolvendo características que vão muito além da mera apresentação dos alimentos.
Seguindo as sete regras estabelecidas neste livro, o leitor vai aprender a selecionar melhor os restaurantes que frequenta, além de descobrir como funciona a criação de um cardápio estrelado e entender quais são as principais qualidades de um chef de verdade.

O Sol é Para Todos - Harper Lee

25 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: O Sol é Para Todos - To Kill a Mockingbird #1
Autora: Harper Lee
Editora: José Olympio
Gênero: Romance/Clássico
Ano: 2015
Páginas: 350
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto forte, melodramático, sutil, cômico (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.

Resenha: O Sol é Para Todos é um clássico da literatura norte-americana escrito em 1960 pela renomada autora Harper Lee. Esta é a nova edição lançada pelo selo José Olympio do Grupo Editorial Record e conta com nova tradução e novo projeto gráfico.
A história se passa nos anos 30, na época da Depressão, no vilarejo de Maycomb, Alabama.
Enquanto os estados no norte do país defendiam a ideia de que todos são iguais, os estados do sul mantinham a postura firme ao apoiarem a escravidão e praticavam a discriminação racial de forma praticamente livre.

Jean Louise, ou "Scout", é uma garotinha de oito anos, órfã de mãe desde os dois. Ela e o irmão mais velho, Jem, são criados pelo pai e por Calpúrnia, uma governanta negra, desde então.
Durante as férias de verão, as crianças conheceram Dill e viviam brincando juntas, mas a casa de um vizinho em particular chamava atenção delas. Boo Radley era um garoto recluso e não era visto por ninguém da cidade por nunca sair de casa. As crianças brincavam que sua casa era assombrada e procuravam maneiras de descobrir o que Boo estava fazendo.
Mas tudo começa quando o operário Tom Robinson, um homem negro, é acusado injustamente de estuprar uma mulher branca, e Atticus Finch, o pai das crianças e advogado, é indicado para defendê-lo no tribunal. O problema é que, por serem racistas, grande parte dos habitantes ficou revoltada com a ideia de Atticus defender um negro e tal revolta acabou afetando seus filhos.
O desenrolar da história segue pelos olhos de Scout, que diferente dos adultos, ainda consegue enxergar as coisas com extrema inocência e pureza e não entende porque as pessoas que parecem ser tão boas são capazes de terem atitudes tão horríveis.

Com uma escrita simples e fluída, o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Scout e posso dizer que foi uma experiência muito agradável acompanhá-la em sua busca pela compreensão do mundo, mesmo que revoltante em vários pontos. Por ela ser criança, a história é contada da forma como ela enxerga as coisas com uma clareza sem tamanho, e por mais que os temas abordados sejam delicados, já que se trata de preconceito, o jeito doce e inocente de Scout em contar a história, mesmo que de forma limitada, só colabora para que a leitura seja admirável por sabermos que nem tudo está perdido e que existem, sim, pessoas boas em meio a escória.

Acredito que o principal tema do qual o livro trata é a moral humana, pois vemos Atticus, um homem com incrível disposição em fazer o bem sem se ver a quem, que educa os filhos para serem pessoas de bom caráter assim como ele é, permitindo que eles formem a própria opinião, mesmo que ele próprio passe a sofrer represálias por estar do lado de um negro e se torne alvo do preconceito ao ter seus valores postos a prova devido a ignorância alheia. Ele quer ensinar aos filhos que não se deve desistir mesmo que tudo pareça estar acabado e perdido. Sempre há esperança quando as intenções são boas. Ele com certeza marcou a história pois, além de dar bons exemplos para Scout e Jem, acaba dando lições para o próprio leitor.
Scout é uma das protagonistas mais incríveis que já tive o prazer de conhecer e acho que a forma como foi criada pelo pai foi o maior motivo de ela ser fiel a si mesma a partir do que entende e do que vê, pois ele a encoraja a ser quem é em vez de seguir os estereótipos femininos da época.

A história de Boo que se passa de forma paralela também é muito interessante visto que, às vezes, as pessoas preferem se esconder a fim de manterem um tipo de segurança pessoal ou ainda se juntarem a quem não podem vencer. Não que isso seja o correto, mas é a forma como muitas pessoas usam para lidarem com o que não entendem ou não aceitam, como se virar as costas fosse a solução. A autora foi genial em fazer críticas através dessas situações e personagens que ela criou (ou talvez tenha se inspirado em pessoas da própria família) sobre tudo o que há de errado.

O livro não mostra apenas os resquícios da crise econômica que afetou os EUA naquela época ou as referências as demais crueldades que o homem é capaz de cometer, mas evidencia também a crise pela qual a própria consciência humana passou, e que ainda passa em vários casos que podemos acompanhar hoje em dia. É triste saber que a sociedade foi - e ainda é - hipócrita o suficiente para culpar quem julga ser alguém "inferior" em vez de assumir a incapacidade de lidar com os próprios problemas.
O Sol é Para Todos é aquele tipo de livro que deve ser lido e relido. É uma leitura obrigatória para todos e ao ler senti que a autora quis mostrar que suas palavras podem funcionar como um tipo de luz, um guia que permite que as pessoas vejam que permanecer no caminho da bondade, sendo honestas e tratando o outro como igual é o que não só faz com que sejamos melhores como pessoas, mas que o mundo também seja um lugar melhor de se viver.