O Sol é Para Todos - Harper Lee

25 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: O Sol é Para Todos - To Kill a Mockingbird #1
Autora: Harper Lee
Editora: José Olympio
Gênero: Romance/Clássico
Ano: 2015
Páginas: 350
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto forte, melodramático, sutil, cômico (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.

Resenha: O Sol é Para Todos é um clássico da literatura norte-americana escrito em 1960 pela renomada autora Harper Lee. Esta é a nova edição lançada pelo selo José Olympio do Grupo Editorial Record e conta com nova tradução e novo projeto gráfico.
A história se passa nos anos 30, na época da Depressão, no vilarejo de Maycomb, Alabama.
Enquanto os estados no norte do país defendiam a ideia de que todos são iguais, os estados do sul mantinham a postura firme ao apoiarem a escravidão e praticavam a discriminação racial de forma praticamente livre.

Jean Louise, ou "Scout", é uma garotinha de oito anos, órfã de mãe desde os dois. Ela e o irmão mais velho, Jem, são criados pelo pai e por Calpúrnia, uma governanta negra, desde então.
Durante as férias de verão, as crianças conheceram Dill e viviam brincando juntas, mas a casa de um vizinho em particular chamava atenção delas. Boo Radley era um garoto recluso e não era visto por ninguém da cidade por nunca sair de casa. As crianças brincavam que sua casa era assombrada e procuravam maneiras de descobrir o que Boo estava fazendo.
Mas tudo começa quando o operário Tom Robinson, um homem negro, é acusado injustamente de estuprar uma mulher branca, e Atticus Finch, o pai das crianças e advogado, é indicado para defendê-lo no tribunal. O problema é que, por serem racistas, grande parte dos habitantes ficou revoltada com a ideia de Atticus defender um negro e tal revolta acabou afetando seus filhos.
O desenrolar da história segue pelos olhos de Scout, que diferente dos adultos, ainda consegue enxergar as coisas com extrema inocência e pureza e não entende porque as pessoas que parecem ser tão boas são capazes de terem atitudes tão horríveis.

Com uma escrita simples e fluída, o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Scout e posso dizer que foi uma experiência muito agradável acompanhá-la em sua busca pela compreensão do mundo, mesmo que revoltante em vários pontos. Por ela ser criança, a história é contada da forma como ela enxerga as coisas com uma clareza sem tamanho, e por mais que os temas abordados sejam delicados, já que se trata de preconceito, o jeito doce e inocente de Scout em contar a história, mesmo que de forma limitada, só colabora para que a leitura seja admirável por sabermos que nem tudo está perdido e que existem, sim, pessoas boas em meio a escória.

Acredito que o principal tema do qual o livro trata é a moral humana, pois vemos Atticus, um homem com incrível disposição em fazer o bem sem se ver a quem, que educa os filhos para serem pessoas de bom caráter assim como ele é, permitindo que eles formem a própria opinião, mesmo que ele próprio passe a sofrer represálias por estar do lado de um negro e se torne alvo do preconceito ao ter seus valores postos a prova devido a ignorância alheia. Ele quer ensinar aos filhos que não se deve desistir mesmo que tudo pareça estar acabado e perdido. Sempre há esperança quando as intenções são boas. Ele com certeza marcou a história pois, além de dar bons exemplos para Scout e Jem, acaba dando lições para o próprio leitor.
Scout é uma das protagonistas mais incríveis que já tive o prazer de conhecer e acho que a forma como foi criada pelo pai foi o maior motivo de ela ser fiel a si mesma a partir do que entende e do que vê, pois ele a encoraja a ser quem é em vez de seguir os estereótipos femininos da época.

A história de Boo que se passa de forma paralela também é muito interessante visto que, às vezes, as pessoas preferem se esconder a fim de manterem um tipo de segurança pessoal ou ainda se juntarem a quem não podem vencer. Não que isso seja o correto, mas é a forma como muitas pessoas usam para lidarem com o que não entendem ou não aceitam, como se virar as costas fosse a solução. A autora foi genial em fazer críticas através dessas situações e personagens que ela criou (ou talvez tenha se inspirado em pessoas da própria família) sobre tudo o que há de errado.

O livro não mostra apenas os resquícios da crise econômica que afetou os EUA naquela época ou as referências as demais crueldades que o homem é capaz de cometer, mas evidencia também a crise pela qual a própria consciência humana passou, e que ainda passa em vários casos que podemos acompanhar hoje em dia. É triste saber que a sociedade foi - e ainda é - hipócrita o suficiente para culpar quem julga ser alguém "inferior" em vez de assumir a incapacidade de lidar com os próprios problemas.
O Sol é Para Todos é aquele tipo de livro que deve ser lido e relido. É uma leitura obrigatória para todos e ao ler senti que a autora quis mostrar que suas palavras podem funcionar como um tipo de luz, um guia que permite que as pessoas vejam que permanecer no caminho da bondade, sendo honestas e tratando o outro como igual é o que não só faz com que sejamos melhores como pessoas, mas que o mundo também seja um lugar melhor de se viver. 

Um comentário

  1. Muito Boa sua resenha, Vc repassa tudo que é importante no livro de uma forma descontraída e simples. Parabéns...<3

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