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Cade Você, Bernadette? - Maria Semple

16 de dezembro de 2013

Lido em: Dezembro de 2013
Título: Cade Você, Bernadette?
Autora: Maria Semple
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção
Ano: 2013
Páginas: 372
Nota: ★★★★★
Sinopse: Bee concluiu os estudos na Galer Street, uma escola liberal de Seattle, com as melhores notas, e tudo o que ela quer como presente de formatura é uma viagem à Antártida na companhia dos pais.
Elgin é um pai ausente, mas genial: programador da Microsoft, tornou-se um rock star no mundo nerd por ter dado a quarta palestra mais vista do TED, e está prestes a lançar o Samantha 2, o projeto de sua vida. O momento não poderia ser pior para se isolar no extremo sul do planeta.
A mãe, Bernadette, já não aguenta a vida em Seattle e está a beira de um ataque de nervos. Poucos dias antes da viagem, ela desaparece, com medo do convívio social e de sentir enjoo durante a travessia da passagem de Drake.
Agora Bee fará tudo para encontrar a mãe. Mas antes ela terá de descobrir quem é essa mulher que ela acredita conhecer tão bem.
Resenha: Escrito pela autora Maria Semple e lançado no Brasil pela Companhia das LetrasCadê Você, Bernadette? é um livro de ficção que inicialmente nos apresenta a personagem adolescente Bee, que após receber seu boletim recheado de notas "S" (de "Supera a excelência") resolve reclamar seu prêmio que lhe foi prometido caso tirasse boas notas e ser aceita num importante internato: uma viagem com os pais para a Antártida!

Sua mãe, Bernadette, foi uma renomada arquiteta que fez muito sucesso nos anos 80, mas depois de ter casado, se mudado para Seattle para uma casa que parecia querer "voltar à natureza", e tido Bee, se transforma em outra pessoa. Vive reclusa, não é bem vista pelas outras mães dos alunos de Galer Street, é dependente de um mundaréu de remédios e tem pavor do convívio social, principalmente com sua vizinha, Audrey, que é uma das mães mais influentes da escola e através de vários emails tenta infernizar a vida de Bernadette (imagino Audrey como uma daquelas vizinhas bisbilhoteiras e intragáveis do seriado Desperate Housewives).

Já Elgin, o pai de Bee, é um gênio da Microsoft, mas talvez por ter sido excluído pela própria esposa quando Bee nasceu com problemas cardíacos, se tornou bastante ausente, pois só tinha como meta bancar a família financeiramente enquanto obedecia Bernadette dar as ordens sem questionar, não importando quais. O casamento acabou por cair numa rotina sem graça mas Elgie vive preocupado com as paranoias da esposa e acha que devia intervir para que ela se tratasse, e Bee, visando melhorar o relacionamento familiar, pede a viagem de presente.
Bernadette contrata uma assistente indiana com quem se comunica e passa ordens sobre o que planeja por email, Manjula, dando a entender que estaria se preparando para a viagem, mas só de pensar que ficaria presa num navio, se misturando com pessoas estranhas e desconhecidas e sem a menor chance de fugir, a quarentona estilosa simplesmente desaparece! E Bee está determinada a encontrar a mãe.

A história faz um misto de narrativas bem dinâmicas, que, apesar de ser um pouco confusa no inicio até nos acostumarmos, flui muito bem e quando percebemos já passamos muitas e muitas páginas, curiosos pelo próximo acontecimento ou pista sobre o paradeiro da peculiar Bernadette. A narrativa varia do ponto de vista de Bee - que é feito em primeira pessoa - , da troca de emails ou bilhetes entre alguns personagens, artigos de revistas, documentos secretos do FBI, arquivos em .pdf, conversas transcritas e etc, dá a entender que são um conjunto de pistas que podem ajudar na busca por Bernadette e talvez tentar entender o que a levou a sumir sem dar satisfações.

Bernadette é super complexa, mas ao mesmo tempo adorável: Ela detesta a cidade onde mora, tem um estilo super espalhafatoso e fashion de se vestir, detesta as "moscas" (nome que dá às mães da escola), não curte a companhia do marido, odeia gente, mas ama a filha acima de tudo e quer fazer de tudo para que ela seja feliz.

O livro é dividido em 7 partes e achei demasiadamente grandes visto que não há divisão de capítulos. Os diálogos são identificados por aspas em vez de travessão e até hoje não me acostumei com essa forma de conversa entre personagens e nem com a narrativa epistolar, que por mais que sirvam como pistas, dá acesso aos emails com conversas entre vários personagens em vez de somente ao que o protagonista envia ou recebe. O começo parece ser chato, confuso e arrastado, mas é só persistir um pouco para se acostumar com a narrativa diferente e se deparar com uma história super divertida e gostosa de se ler.
A capa é linda e ilustra bem o estilo de Bernadette, e até mesmo a aflição que ela tem ao morder o lábio.

Cadê Você Bernadette? tem um enredo maluco, mas é hilário, super descontraído, cativante e muito inteligente. Uma história que dá enfoque ao relacionamento abalado de uma família, ao amor incondicional de uma filha pela mãe, e vice versa. E também, é uma história sobre auto-aceitação, que nos faz refletir e buscar o equilíbrio entre a descoberta do que nos faz feliz ao mesmo tempo em que aprendemos a equilibrar relacionamentos com pessoas que fazem parte das nossas vidas, sejam elas boas ou simplesmente intragáveis.