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Sete Minutos Depois da Meia-Noite - Patrick Ness

21 de janeiro de 2017

Título: Sete Minutos Depois da Meia-Noite
Autor: Patrick Ness
Editora: Novo Conceito
Gênero: Fantasia/Juvenil/Drama
Ano: 2016
Páginas: 160
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Conor é um garoto de 13 anos e está com muitos problemas na vida.
A mãe dele está muito doente, passando por tratamentos rigorosos. Os colegas da escola agem como se ele fosse invisível, exceto por Harry e seus amigos que o provocam diariamente. A avó de Conor, que não é como as outras avós, está chegando para uma longa estadia. E, além do pesadelo terrível que o faz acordar em desespero todas as noites, às 00h07 ele recebe a visita de um monstro que conta histórias sem sentido.
O monstro vive na Terra há muito tempo, é grandioso e selvagem, mas Conor não teme a aparência dele. Na verdade, ele teme o que o monstro quer, uma coisa muito frágil e perigosa. O monstro quer a verdade.
Baseado na ideia de Siobhan Dowd, Sete minutos depois da meia-noite é um livro em que fantasia e realidade se misturam. Ele nos fala dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para ultrapassá-los.

Resenha: Sete Minutos Depois da Meia-Noite é um drama juvenil publicado no Brasil pela Editora Novo Conceito e recentemente teve sua adaptação cinematográfica lançada dos cinemas.

O livro conta a história de Conor O'Maley, um garotinho de treze anos que mora na Inglaterra e está passando por uma fase muito difícil e delicada em sua vida. Sua mãe está com câncer, já num estado bastante avançado, e não anda respondendo muito bem aos tratamentos e por isso a avó de Conor, uma bruaca velha e horrorosa, vai passar uns dias em sua casa, para o desgosto do garoto. Seu pai é ausente, mora nos Estados Unidos e até já tem outra família. Na escola ele nunca foi notado por ninguém, até começar a ser constantemente provocado por um dos alunos "valentões". Como se isso não fosse o bastante, ele ainda anda tendo pesadelos terríveis e começa a receber a visita de um teixo monstruoso e gigantesco que se levanta da terra e vao ai seu encontro exatamente às 00:07hs.
Mas Conor não teve medo do monstro, e inclusive o enfrentava com toda a sua coragem. O que o monstro queria era lhe contar três histórias em troca de Conor lhe contar uma quarta história verdadeira, mas, o garoto não quer aceitar uma verdade que o fará lidar com o pior problema que está enfrentando...

Narrado em terceira pessoa, o leitor acompanha o dia-a-dia de Conor, seja em casa fazendo suas tarefas e cuidando da mãe, seja na escola se metendo em problemas, ou seja no meio da noite quando ele recebe a visita do Teixo. Com o desenrolar dos acontecimentos vamos percebendo o quanto Conor é um garoto inseguro, por mais que ele demonstre ser cheio de coragem, e o quanto ele teme perder a pessoa que ele mais ama nesse mundo a ponto de se negar a encarar os dolorosos fatos.
Embora Conor seja uma criança, ele sabe se virar sozinho já que a mãe constantemente é incapaz de realizar atividades simples por estar tão debilitada, e diante de todos os problemas que o garoto enfrenta, o monstro é a única figura amigável com quem ele pode contar, e não importa que suas histórias sejam trágicas.

As histórias que o monstro conta são metáforas muito sutis e sempre trazem alguma mensagem relacionada à perda da qual ninguém está realmente preparado e que, querendo ou não, é algo que faz parte da vida de todos nós.
A primeira história tem elementos de contos de fadas com um toque de crueldade no que diz respeito à humanidade quando objetivos precisam ser alcançados, não importa que meios sejam utilizados para se chegar ao fim.
A segunda história é um contraste do que significa alguém que se diz firme na fé mas no fundo não acredita realmente no que prega, o que eleva consideravelmente o conceito da hipocrisia e até explica o motivo das coisas nem sempre darem certo pra essas pessoas.
A terceira história já retrata um homem cansado de sua condição de ser "invisível", e está diretamente relacionada com a vida de Conor.

De forma geral, é como se o monstro fosse aquele empurrão que Conor precisava para ter certos tipos de atitude das quais, normalmente, ele não teria. Eu gostei muito da construção dele, pois ele se mostra uma criatura imponente, cheio de poder e que intimida, mas ao mesmo tempo é benevolente e age muito mais com a razão do que com a emoção.
"... Sua mente vai acreditar em mentiras agradáveis e ao mesmo tempo vai reconhecer as verdades dolorosas que tornam essas mentiras necessárias. E sua mente vai puní-lo por acreditar nas duas coisas."

"- Você não escreve sua vida com palavras - explicou o monstro. - Você escreve com ações. O que você pensa não é tão importante. Só é importante o que você faz."
- Pág. 149
A capa do livro é a mesma do filme, a diagramação é simples, os capítulos são curtinhos e possuem títulos que descrevem resumidamente o que vem a seguir. As falas do monstro são apresentadas em italico mas não gostei muito da fonte utilizada alí por considerar que ela é meio floreada com algumas letras pouco legíveis.

A narrativa é muito fluída, direta e embora as poucas páginas foram mais do que suficientes para contar uma história melancólica, delicada e que emociona com uma mensagem de esperança e de amor muito bonita. Amar também significa deixar partir... Às vezes só dizer a verdade não basta, por mais que libertador que isso possa parecer... É necessário aceitá-la, mesmo que essa verdade nos machuque.

Catacomb - Madeleine Roux

15 de dezembro de 2016

Título: Catacomb - Asylum #3
Autora: Madeleine Roux
Editora: Plataforma21/V&R
Gênero: Juvenil/Suspense
Ano: 2016
Páginas: 356
Nota: ★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O último ano de colégio enfim chegou. Depois de tanto tempo juntos, Dan, Abby e Jordan resolvem fazer uma viagem e o destino escolhido é a casa do tio de Jordan em New Orleans.
Abby está muito ansiosa e entusiasmado para a aventura, pois a viagem irá ajudá-la no projeto fotográfico de locais e monumentos históricos. Mas toda essa euforia diminui quando, no caminho, os três amigos percebem que estão sendo seguidos. E ainda começam a receber mensagens misteriosas, pelo celular de Dan, de um amigo que morreu no último Halloween.
Os três amigos vasculham pistas sobre acontecimentos do passado para obter respostas sobre as tais mensagens, sobre um fotógrafo não identificado e sobre a história familiar de Dan.
Neste incrível episódio da série Asylum, a única esperança que resta é sair vivo desta viagem.

Resenha: Catacomb é o terceiro volume da série Asylum, escrita pela autora Madeleine Roux e publicado no Brasil pelo selo Plataforma21, da V&R.

Depois de escaparem do incêndio no Brookline e de viverem momentos intensos e sombrios, enfim,o último ano de estudos chegou ao fim. Dan, apesar de estar feliz com a companhia dos amigos, não parou de procurar pistas sobre seus pais, mas os documentos que ele conseguiu resgatar antes que o incêndio destruísse tudo, não estão sendo de grande ajuda.
Para comemorar a formatura, o trio aproveita que Jordan está de mudança para Nova Orleans e embarca numa viagem para curtirem juntos, acamparem, e tentarem esquecer todos os traumas passados. Porém, no caminho, Dan recebe uma mensagem estranha em seu celular vinda de um amigo que já havia morrido além de perceberem que estão sendo seguidos e fotografados...
E a medida que o mistério se desenrola, o passado de Dan se desdobra gradualmente e ele terá que lidar com isso outra vez...

Catacomb, se comparado aos livros anteriores, mantém o mesmo ritmo e não tem nada que o torne diferente dos demais. O que não achei "justo" com os leitores foi o fato de que o livro extra "Artista dos Ossos" tem grande influência nesse volume, e fiquei e perguntando porque motivos um livro EXTRA, que só deveria acrescentar informações a título de curiosidade ou pra complementar algo que não faria diferença se soubéssemos ou não, acaba se tornando obrigatório, caso contrário algumas coisas ficarão incompreensíveis, vagas e confusas para o leitor. E isso vale para a própria escrita da autora, que parece ter buracos entre os acontecimentos, tornando algumas coisas bem confusas, enquanto outras são repetitivas e tornam a leitura cansativa.

A questão da história ter Nova Orleans como pano de fundo, apesar de ter uma definição bastante impressionante, me deu a impressão de que a autora só quis aproveitar a cultura famosa e cheia de lendas assustadoras do lugar, mas a trama poderia ter se passado em qualquer outro local que pudesse ter tal atmosfera descrita de forma tão sombria quanto, logo não vi tanta utilidade nesse fato.

O romance... Oh, Lord, o romance... Dan e Abby não tem química nenhuma e o que vai além da amizade entre esses dois não vai pra lugar nenhum. É algo desnecessário, enfadonho, triste, principalmente se levarmos em consideração que um romance adolescente como o deles foge do contexto das investigações, dos mistérios, do que deveria ser assustador, e de tudo o mais.

Apesar de ter alguns pontos não muito favoráveis, o que gostei na trama foi a busca de Dan por informações que o levassem aos seus pais, e como suas descobertas durante o percurso levantaram questões que não só fizesse com que ele acreditasse que criminosos pudessem estar envolvidos no sumiço deles, mas também colaborasse para que as habilidades dele soassem como algo real em vez de alucinações. A autora parece deixar no ar a questão sobrenatural, como sendo um verdadeiro ponto de interrogação para os próprios leitores se perguntarem se é algo que existe ou não na história.

A edição, como sempre, tem um visual super caprichado e é muito bonita. Percebi alguns erros na revisão mas nada que atrapalhasse a experiência com a leitura. Algumas fotos são ótimas, mas outras parecem não fazer muito sentido pois não combinam em nada com o conteúdo do capítulo. É como se tivessem sido escolhidas aleatoriamente numa galeria de fotos esquisitas e jogadas alí para impressionar o leitor, mas acabaram causando o efeito contrário.

Apesar de algumas perguntas levantadas nos livros anteriores serem respondidas e o livro fechar bem a série, algumas situações ficam em aberto (acho que de propósito, mesmo), mas nem por isso levantam aquela curiosidade para que haja mais aprofundamento sobre elas.
A ideia dos livros extras acrescentarem pontos que podem ser considerados peças chave às tramas principais acabam destoando a história, que começa a ter linhas temporais ou outros acontecimentos que parecem não se encaixar perfeitamente (como eu disse, a escrita parece incompleta) deixando algumas coisas fora do lugar e sem sentido.
De forma geral, eu gostei do desfecho, mesmo que a autora não tenha se preocupado em informar que fim teve a vida de cada um dos amigos. O que foi informado foi suficiente (e talvez eu não tenha me interessado por não ter me efeiçoado a ninguém) e fica a critério do leitor formar a própria opinião sobre o que ele acha que aconteceu.

Asylum não é de todo ruim, é uma série até divertida, mas acredito que funcionaria melhor para o público mais jovem pois não pode ser considerada realmente assustadora. Há suspense leve, fotos sinistras que podem causar algum impacto, mas continua sendo bastante infantil, seja devido ao comportamento dos personagens ou pela forma como a história é conduzida, muitas vezes de forma muito conveniente para forçar o enredo a continuar fluindo, mesmo que na marra.


Sanctum - Madeleine Roux

27 de novembro de 2016

Título: Sanctum - Asylum #2
Autora: Madeleine Roux
Editora: V&R
Gênero: Juvenil/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 384
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Visões. Vozes. As lembranças do verão passado, vividas no alojamento Brookline do New Hampshire College, são as mais aterrorizantes da vida de Dan, Abby e Jordan. Uma experiência traumática que eles querem esquecer. Porém, seguir em frente não será uma opção. Alguém quer manter vivo aquele terror. Os três jovens estão recebendo cartas anônimas com palavras enigmáticas e fotos de um antigo parque de diversões. Para dar fim nesse pesadelo, eles irão se disfarçar de candidatos e voltar por um fim de semana ao campus do NHC. E, ao chegar lá, eles vão descobrir que aquele parque das fotos não só é real como também voltou a funcionar. Agora, a cada pista que tentam desvendar, Dan e seus amigos descobrirão segredos ainda mais sombrios do que haviam imaginado. Além de correrem muito mais perigo. Para se salvar, eles não poderão perder o controle.

Resenha: Sanctum é o segundo volume da série Asylum escrita pela autora Madeleine Roux.
Em Asylum, primeiro livro, a autora introduz o leitor num universo sombrio e cheio de suspense ambientado num antigo manicômio transformado em colégio e os jovens Dan, Abby e Jordan, começam a investigar sobre os mistérios do lugar. Mas Dan começa a ter pesadelos e ser atormentado com o progresso das investigações e com base nessa premissa o enredo vai se desenrolando.

Desta vez, algum tempo já se passou desde os acontecimentos iniciais da série, mas Dan não deixou de ter pesadelos e ainda pensa em tentar desvendar todos os mistérios que cercam o alojamento Brookline do New Hampshire College, mesmo que eles o tenham aterrorizado.
Dan, Abby e Jordan querem esquecer os maus bocados que passaram mas quando eles começam a receber cartas com textos e fotos misteriosas percebem que o que foi iniciado não chegou ao fim.
Eles bolam um plano e decidem se disfarçarem de alunos a fim de conseguirem uma vaga na Universidade New Hampshire College, mas, obviamente, as coisas não são tão simples como eles gostariam... Conhecer um pouco da história do lugar não é garantia de segurança, e ter pistas do que está por vir não é indício de que vão resolver coisa alguma.
Momentos aterrorizantes repletos de perigos os aguardam, e numa trama onde o que é real se mistura com o imaginário, o trio não pode perder o controle, caso contrário serão tomados pela loucura...

Eu havia considerado o primeiro livro mediano devido a construção infantil e rasa dos personagens, mas neste volume houve um pouco mais de amadurecimento. O rumo que a história toma também é mais surpreendente e envolve questões que o leitor se vê ansiando por respostas, mas além de várias coisas serem apresentadas de forma super conveniente e quase inacreditável, e o romance entre Dan e Abby ter ido parar no limbo sem motivo aparente, senti falta de maiores detalhes sobre os acontecimentos e sobre o próprio cenário. Acredito que em outros gêneros seja possível manter um ritmo linear sem muito aprofundamento e indo direto ao ponto, mas numa história que envolve tantas questões e elementos ligados ao psicológico e seus mistérios, principalmente quando esperando por coisas aterrorizantes, eu sinto falta de maiores descrições e explicações, e a escrita ser fluída, leve e divertida nem sempre compensa quando há esse contraste.

Talvez ter lido os livros extras, que acrescentam pontos importantes à história e foram realmente interessantes de se acompanhar, tenha me deixado mais animada pra continuar a leitura da série e digo que valeu a pena mesmo que tenha sido previsível e ter um desfecho feito às pressas, só não me surpreendi como pensei. Scarlets, o livro 1.5, foi um conto que cumpriu seu papel ao anteceder e preparar o leitor para Sanctum e, mesmo que não seja obrigatório, ao final da leitura penso que se eu não tivesse lido talvez ficasse com a sensaçao de que perdi alguma coisa relevante.

O ritmo inicial é lento até que as coisas comecem a acontecer de verdade, mas apesar dos pontos que mencionei acima, num contexto geral, a história é interessante e me prendeu mais do que o primeiro livro. A introdução de novos personagens, alguns deles já apresentado no livro extra, e a participação dos Scarlets, dão um tom ainda mais sombrio à trama e elevaram o nível da história, mas ela não é de terror, mas sim um suspense mais leve.

O trabalho gráfico, como sempre, é de se admirar. A V&R arrasa em capas e diagramações e com Sanctum não foi diferente. O livro tem detalhes coloridos, imagens estranhas com intuito de causar desconforto e combina bem com os demais da série.

Pra quem procura por uma leitura de suspense juvenil que apresenta uma trama interessante com elementos místicos e sobrenaturais, pode apostar na série.

Uma História Incomum Sobre Livros e Magia - Lisa Papademetriou

25 de novembro de 2016

Título: Uma História Incomum Sobre Livros e Magia
Autora: Lisa Papademetriou
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 192
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Duas meninas encontram um livro mágico e cada uma se vê envolvida numa história que parece ser contada sozinha.
Kai chega ao Texas para visitar sua tia-avó Lavinia – uma senhora extravagante, durona e fã de hip-hop. Do outro lado do mundo, no Paquistão, Leila deseja ser tratada como uma princesa pela família de seu pai e viver fortes emoções. Elas só não fazem ideia de que seus mundos completamente diferentes estão prestes a se chocar graças a um enigmático livro em branco.
Quando Kai escreve no livro, suas palavras magicamente aparecem no exemplar de Leila. As meninas então percebem que "O Cadáver Excêntrico" reage a cada frase acrescentada – não importa se foi inspirada pelo ataque de um chihuahua ou por um mal-entendido com uma cabra – com um trecho da história de amor vivida por Ralph Flabbergast e Edwina Pickle mais de cinquenta anos antes.
Uma História Incomum Sobre Livros e Magia entrelaça essas três perspectivas – de Kai, Leila e Ralph – de uma forma divertida e emocionante. É uma narrativa mágica sobre o destino e os laços invisíveis que nos ligam uns aos outros. 
Resenha: Uma História Incomum Sobre Livros e Magia é uma fantasia juvenil escrita pela autora americana Lisa Papademetriou e publicada no Brasil pela Editora Arqueiro.

Kai e Leila são garotinhas que vivem em locais opostos do mundo e, aparentemente, não têm nada em comum. Kai acabou de chegar no Texas para visitar sua tia-avó e, ao explorar a casa, descobriu um exemplar do livro "O Cadáver Excêntrico" que, de cara, chamou sua atenção.
Leila vive no Paquistão e seu maior sonho é ser tratada como uma verdadeira princesa, vivendo um conto de fadas repleto de aventuras e emoções. Na casa dos tios, assim como Kai, ela também encontra um exemplar do mesmo livro.
O que ninguém esperava é que esse livro composto por páginas em branco reage a cada frase inserida, tornando possível a construção de uma história de amor inesperada e mágica. As meninas vão preenchendo as páginas com frases simples, e a partir delas o livro começa a contar a história de Ralph e Edwina de modo que uma nova parte do romance deles, que aconteceu ha várias décadas, é revelado a cada frase escrita por uma delas.
Gradualmente, o mistério por trás do livro que se escreve sozinho vai se revelando, assim como mais detalhes acerca do casal do qual a história está sendo contada. E a partir daí, o conteúdo do livro começa a se entrelaçar com a vida de Kai e Leila.

Narrado em terceira pessoa com capítulos que se intercalam entre as protagonistas, Uma História Incomum Sobre Livros e Magia traz uma escrita fluída, leve e bastante rápida. A linguagem fácil e acessível, assim como o mistério que se sustenta de forma simples, também colaboram para um maior envolvimento com a história. Em alguns pontos o leitor se depara com alguns comentários pelo narrador da história, o que dá a impressão de que o livro está interagindo conosco, e isso acaba sendo um ponto positivo não apenas por fazer da leitura algo divertido e descontraído, mas por fazer com que o leitor participe da história.

Eu gostei das meninas de forma geral, mas a forma como Kai foi retradada soou mais interessante por ela estar mais próxima dos personagens do livro. Kai é mais reservada mas é muito decidida quando quer alguma coisa, enquanto Leila faz o estilo romântica, sonhadora, que acredita em finais felizes. Ambas são carismáticas à sua maneira e com características próprias que as tornam únicas.

Tudo que parece ficar em aberto durante a leitura é resolvido ao final, talvez de uma forma mais corrida do que eu imaginei, A autora também não parece ter se preocupado em se aprofundar nos mínimos detalhes dos personagens, mas no caso desse livro em particular, não foi um ponto negativo pra mim já que o que deve ser aproveitado é a questão da fantasia em si e a ingenuidade das jovens, e isso, ao meu ver, foi feito de forma criativa com um toque de esperança no final.

A edição da Arqueiro é bem caprichada. A capa é linda e tem tudo a ver com a história, a diagramação é bem feita com ilustrações do local onde a história se passa para que o leitor possa se situar e não percebi erros na revisão.

Pra quem gosta de uma leitura leve e descompromissada que evidencia a fantasia de uma forma bastante cativante e original, com certeza vai gostar.


Winter - Marissa Meyer

18 de novembro de 2016

Título: Winter - As Crônicas Lunares #4
Autora: Marissa Meyer
Editora: Joves Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/ Ficção
Ano: 2016
Páginas: 688
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Depois de Cinder, Scarlet e Cress, inspirados, respectivamente, nas histórias de Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, Marissa Meyer entrega a eles o último capítulo da série, em que reconta a história de Branca de Neve com tintas distópicas. Na trama, a princesa Winter vive subjugada por sua madrasta, Levana, que inveja sua beleza e não aprova os sentimentos da jovem pelo amigo de infância e belo guarda real Jacin. Mas Winter não é tão frágil quanto parece, e, junto com a ciborgue Cinder e seus aliados, a jovem princesa é capaz de iniciar uma revolução e vencer uma guerra que já está em andamento há muito tempo. Será que Cinder, Scarlet, Cress e Winter podem derrotar Levana e encontrar seus finais felizes?

Resenha: No quarto e último volume da série Crônicas Lunares, Marissa Meyer traz ao leitor uma releitura distópica baseada no conto de fadas de Branca de Neve, e, dessa vez, Winter é a personagem principal.

A história se passa pouco tempo após as reviravoltas em Cress, em que Scarlet é levada para Luna se tornando escrava, e só continuou viva por causa da proteção de Winter, e Cinder sequestra Kai para provar seus motivos para seguir com sua revolução e retomar o trono de Luna, se aproveitando do que Levana usou para controlar o povo contra ela mesma: o glamour.

Winter é a linda princesa de Luna, amada por todos os súditos do reino e a rainha Levana é sua madrasta. Levana inveja a beleza de Winter, e odeia que o povo a admire quando ela não possui sangue real. Winter reprimiu seu poder lunar. Ela fez uma promessa de que nunca usaria o glamour para manipular as pessoas e por isso é a protegida de Jacin, um dos guardas do palácio. Porém, por ela não usar seus poderes, eles começam a afetá-la mentalmente de forma negativa: Winter é louca e constantemente sofre de alucinações. Sua loucura a impede de dar uma chance ao amor que sente por Jacin, enquanto ele acredita que ele não a merece por ela ser da realeza. Eles não nutrem somente uma relação muito forte de amizade e companheirismo, mas também um amor secreto que não poderia vir à tona para que Levana não pudesse usar isso contra os dois.
Quando Winter descobre sobre os planos de Cinder, ela decide se juntar ao grupo para ajudar a tripulação da Rampion na revolução...

Narrado em terceira pessoa e trazendo vários pontos de vistas diferentes, Winter traz o desfecho perfeito para uma história revolucionária envolvendo a busca pela libertação de dois povos que se encontram nas garras de uma rainha tirana. Se trata de uma guerra travada contra a opressão, em prol da liberdade, rumo ao felizes para sempre.
A maior qualidade da série é manter a fluidez e um ritmo constante, e dessa forma a conclusão é que em momento algum a autora se perdeu na própria trama, nenhum dos livros são inúteis, tudo o que acontece é importante e todos os personagens representam papéis fundamentais para o desenrolar da história até seu final. Eles são únicos! Uma mecânica habilidosa e um imperador, uma camponesa armada e um soldado destemido, uma hacker e um contrabandista, uma princesa louca e um guarda humilde, e uma andróide hilária e inteligente. Um time de personalidades que aparentemente não tem nada em comum, mas que juntos fizeram toda a diferença.

Há romance, sim, mas este acaba ficando em segundo plano diante da grandeza da guerra iminente.
As subtramas que envolvem cada personagem, e cada casal que se formou ao longo da série, são inteligentes e funcionam como um complemento valioso dentro do enredo em geral.

A capa é linda demais, a mais bonita entre as quatro, e os detalhes também não ficam atrás. O título é prateado e a aplicação em verniz sobre a ilustração dão um toque mais do que especial ao livro. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, a fonte segue o mesmo padrão dos outros livros e não encontrei erros de revisão.

Assim como nos livros anteriores, eu pude me envolver com tudo o que a autora criou, desde a ambientação, a escrita viciante, os personagens memoráveis e a conclusão épica! É uma das melhores séries que tive o prazer de acompanhar.

Jogos Macabros - R. L. Stine

11 de novembro de 2016

Título: Jogos Macabros - Rua do Medo #52
Autor: R. L. Stine
Editora: Globo Alt
Gênero: Terror/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 280
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quase duas décadas depois do último volume, Stine atende aos pedidos dos leitores e lança o livro inédito Jogos macabros, publicado no Brasil pela Globo Alt. Tal como os outros títulos da coleção, a história se passa na velha cidade de Shadyside, nos EUA, conhecida por ser palco de acontecimentos misteriosos e aterrorizantes envolvendo os alunos da escola local. Todos na região conhecem a excêntrica e rica família Fear, e sabem também do passado terrível que os assombra. Apesar desses histórico nada promissor, Brendan Fear parece ser um garoto diferente de sua família. Gentil e simpático, o jovem vive rodeado de colegas e chama a atenção de Rachel Martin, uma garota simples, colega de classe dele. Quando o aniversário de Brendan está prestes a chegar, ele começa a planejar uma comemoração um tanto diferente na isolada ilha do Medo, onde existe um casarão de veraneio pertencente à família Fear. Rachel é uma das convidadas para passar o final de semana no local sombrio e, contrariando os avisos dos amigos, decide ir. No caminho, coisas estranhas já começam a acontecer e, ao chegarem à mansão, Brendan dá as coordenadas para o início de um jogo que se revelará o mais mortal de todos. Repleto de reviravoltas, Jogos macabros mantém o leitor apreensivo da primeira à última página. Como todo bom enredo de R. L. Stine, a história dá espaço a fantasmas, assassinato, traição e romance, e marca, enfim, um retorno triunfal do autor à Rua do medo.
Resenha: Uma garota sai correndo de um assassino que vem logo no seu encalço. Ela deve tomar uma atitude sensata, mas o que ela faz é correr para um beco sem saída. Com todo esforço, ela sobe pela escada lateral de um prédio e é atingida por algumas facadas nas costas. Dramas a parte, esse acontecimento poderia ser bem tenso se não fizesse parte de um episódio da série Scream, da MTV. Baseado no filme Pânico, a série televisa é igualmente "cômica", uma vez que é bem difícil tirar da mente uma paródia famosa que gerou até mais sucesso do que a franquia original. Jogos Macabros, com todo seu terror que parece mais uma comédia, se equipara muito a Todo Mundo em Pânico, mas, claro, sem os personagens marcantes e engraçados.

Rachel, uma garota normal e com apenas uma melhor amiga na escola, é convidada para a festa de aniversário de Brendan, o rapaz popular do colégio. Mesmo advertida para não ir, sob os boatos que a família Fear (medo em inglês, para funcionar como trocadilho) é amaldiçoada e a essa festividade não será nada boa, a jovem aceita ir. Ali, numa ilha onde se encontra a mansão dos Fear, uma sucessão de coisas assombrosas começa a acontecer e para Rachel fica evidente que ela deveria ter aceitado os conselhos que lhe deram.

O primeiro aspecto a se levar em consideração sobre Jogos Macabros é que na capa há uma comparação que sugere que o autor é considerado o Stephen King da literatura infanto juvenil. Mas nem tudo é o que parece. Enquanto King é um renomado escritor de terror, Stine pode ser nomeado como um criador de uma trama tragicômica. É um livro mais para rir do que sentir medo.

Os personagens parecem ter realmente sido tirados de uma paródia: Tem a patricinha, o garoto bobão, o bonito da turma, a introvertida, o nerd e por aí vai. Eles não cativam, mas também não criam antipatia. O que fica evidente é que nenhum dali tem inteligência para lidar com as situações de perigo. O xis da questão é o jogo macabro criado por Brendan, que com a interferência de um assassino desconhecido, se torna uma verdadeira caça as bruxas. Mas essa caçada não é pura tensão, e, sim, uma mera bagunça já que algumas coisas são totalmente inesperadas e sem sentido. Tudo serve como representação da tolice de todos os jovens ali, que não conseguem se manter juntos quando dizem que vão fazer isso.

Recheado de momentos que não chegam a ser engraçados nem assombrosos, Jogos Macabros pode lembrar aos leitores paródias de filmes de terror. Com uma narrativa simples e corrida, não há espaço para nenhum suspense memorável. Os acontecimentos e mortes são, em suma, cômicos. O mistério revelado no final não acrescenta muito ao enredo e fica o questionamento de sua real finalidade. A obra de R. L. Stine é nada mais que uma história que, supostamente, deveria ser de medo mas só passa divertimento. Isso é positivo, se considerarmos que a intenção do autor fosse essa; o livro pode ser um bom entretenimento. Caso contrário, a comparação com Stephen King não fez jus ao conteúdo.

Lobo por Lobo - Ryan Graudin

19 de outubro de 2016

Título: Lobo por Lobo - Lobo por Lobo #1
Autora: Ryan Graudin
Editora: Seguinte
Gênero: Juvenil/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 358
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O Eixo ganhou a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha e o Japão estão no comando. Para comemorar a Grande Vitória, todo ano eles organizam o Tour do Eixo: uma corrida de motocicletas através das antigas Europa e Ásia. O vencedor, além de fama e dinheiro, ganha um encontro com o recluso Adolf Hitler durante o Baile da Vitória. Yael é uma adolescente que fugiu de um campo de concentração, e os cinco lobos tatuados em seu braço são um lembrete das pessoas queridas que perdeu. Agora ela faz parte da resistência e tem uma missão: ganhar a corrida e matar Hitler. Mas será que Yael terá o sangue frio necessário para permanecer fiel à missão?

Resenha: A história de "e se...". A Segunda Guerra Mundial é cenário para diversos livros, tanto ficções voltadas para o público juvenil, ou biografias como O Diário de Anne Frank. Fato é que, independentemente da forma como retratado, esse período foi muito obscuro e deixou marcas na história da sociedade. Entre tantos autores que criam suas tramas baseadas na realidade sem distorcer os fatos, Ryan Graudin, autora de A Cidade Murada,  foi pelo caminho inverso e o resultado foi excelente.

Lobo por Lobo tem como protagonista a jovem Yael, uma judia levada aos campos de concentração com sua mãe. Porém, ao ser marcada como cobaia para um experimento, a menina recebe um tratamento diferente das demais mulheres do barracão de número sete. Enquanto todas trabalham, Yael recebe agulhadas e tem substâncias injetadas em suas veias para se parecer uma verdadeira ariana. O objetivo do experimento é apagar todos seus traços e torná-la loira, com a pele clara e os olhos azuis. Entretanto, graças a um dos seus "lobos", Miriam, a garota descobre sua capacidade de metamorfose. É desse modo, assumindo a pele de outras pessoas, que ela escapa do campo de concentração e se une à resistência. Sua missão: assumir o lugar de Adele Wolfe no Tour do Eixo e matar Adolf Hitler no baile de comemoração.

O aspecto mais interessante do livro é o fato da protagonista poder mudar sua forma e assumir o rosto de qualquer pessoa. Quando se trata de um período tão dolorido como a Segunda Guerra, os personagens são sempre pratos cheios para a composição da obra. Se o autor souber como construir todo o cenário envolto no personagem e trabalhar em cima disso, o resultado é sempre satisfatório. A autora criou uma protagonista com tudo de necessário: força, inteligência, determinação e aspereza. Profundamente, a garota tem sentimentos e ainda se sente perturbada pelo seu triste passado. Ela é uma representação que vai muito além do estereótipo de figuras femininas protagonizando um livro. A capacidade de metamorfose dela, assim como a autora deixou explicado numa nota, coloca em jogo a questão da raça, da pele, da aparência que está vista apenas externamente. O que fica claro é que nós somos iguais, independentemente da cor da pele, do cabelo ou dos olhos.

Luka, um dos principais elementos da trama e do Tour do Eixo, forma um "par" com Yael/Adele. Voltado para o público juvenil, um romance é certamente esperado. Não há nenhum triângulo amoroso, e pelo fato de Yael ser apenas uma sósia de Adele, muitas lacunas não conseguiram ser preenchidas com apenas um estudo da vida usurpada da outra. Isso instiga e a autora deixou no ar alguns fatos sobre o passado de Wolfe. Não apenas focando somente a isso, a protagonista vive em diversas incertezas por não saber muito sobre todos, e isso deixou aberto ótimos ganchos para o segundo volume da série. Enquanto uma relação meio que desajeitada se desenvolve entre Yael e Luka, diversos acontecimentos explosivos acontecem e é isso que torna Lobo por Lobo tão empolgante.

Como dito no começo da resenha, a história é feita de "e se...". Isso ocorre porque, segundo a autora, Lobo Por Lobo é uma suposição do que seria o futuro, no caso da guerra ter tido o desfecho que ela propõe com a aventura de Yael. Ryan mostrou maestria numa união do real e fictício. Existe muito da história real da Segunda Guerra, e para quem estudou a respeito, vai se identificar com as passagens e entender melhor o que está inserido ali. Junto a isso, há toda fantasia e distorções positivas que foram o toque especial dado por Graudin. O Tour do Eixo, grande corrida com diversos jovens da juventude hitlerista, foi fantasiado pela mente da autora. Tal competição é um palco para uma verdadeira aventura de tirar o fôlego.

Numa mistura perfeita entre ficção e realidade, Lobo por Lobo é empolgante do começo ao fim. Com uma narrativa que reúne somente o que agrega algo bom a trama, Ryan Graudin transformou um pedaço da história da humanidade numa fantasia excelente. Tendo uma protagonista determinada, um cenário bem desenvolvido e um antagonista como Hitler, o livro é impossível de ser deixado de lado até o final. Com um desfecho totalmente inesperado, em que tudo que parecia ser na verdade não era, fica a questão no ar: o que de tão surpreendente acontecerá em Sangue por Sangue?

Thomas e sua Inesperada Vida Após a Morte - Emma Trevayne

11 de setembro de 2016

Título: Thomas e sua Inesperada Vida Após a Morte
Autora: Emma Trevayne
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 240
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Roubar túmulos é um negócio arriscado. É, na verdade, um péssimo negócio. Para Thomas Marsden, a partir de uma noite de primavera em Londres (véspera do seu aniversário de doze anos), esse passa a ser um negócio também assustador. Isso porque, deitado em uma cova recente, ele encontra um corpo idêntico ao seu. Esse é apenas o primeiro sinal de que alguma coisa muito esquisita está acontecendo. Muitos outros vêm em seguida, até que Thomas vai parar num mundo estranho, habitado por fadas e espiritualistas, onde a morte é a grande protagonista. Desesperado para conhecer a sua verdadeira história e descobrir de onde vem, Thomas vai ser apresentado à magia e ao ritual, e vai se dar conta de que, de vez em quando, aquilo que faz dele um garoto comum pode torná-lo extraordinário.
Resenha: Thomas e sua Inesperada vida após a Morte, da autora de Voos e sinos e misteriosos destinos, conta a história do pequeno Thomas, um garoto de onze anos que ajuda seu pai numa tarefa um tanto peculiar: cavar túmulos para retirar dali objetos de valor. Em uma dessas retiradas, numa noite fria em Londres, o jovem se depara com um defunto idêntico a ele. Será aquele um irmão gêmeo do garoto Marsden? Alguém tentou pregar uma peça nele? Numa aventura cheia de magia, Thomas vai descobrir que nem tudo que parece na verdade é.

O livro de Emma Trevayne, o segundo publicado pela editora Seguinte, reúne elementos que enriqueceram a história do começo ao fim e consegue atingir o objetivo de proporcionar uma leitura agradável para o público infanto juvenil.

A aventura de Thomas já começa com ele no cemitério com seu pai, cavando alguns túmulos para achar objetos valiosos. Logo no último parágrafo, o garoto acha o corpo idêntico ao seu no caixão. Em seus vinte e um capítulos, a história é muito bem moldada e consegue ter ganchos interessantes que possam prender o leitor. Por ser curto e desenvolvido de maneira simples, Emma conseguiu organizar as ideias de maneira que o livro se torne leve, divertido e um bom entretenimento.

A ambientação do livro é feita numa Londres que no início da revolução industrial. Isso interfere diretamente nos acontecimentos do que rondam Thomas, envolvendo ferro e sinos. A autora conseguiu reunir alguns traços de mitologia muito conhecidos pelos leitores de fantasia e isso foi muito agradável. No mais, há uma garantia de se encontrar nessa aventura muitas carruagens elegantes, damas com roupas suntuosas e  tudo que a Londres do século XVIII garante.

A história tem diversos personagens que não são citados na sinopse, o que é uma surpresa muito positiva, pois todos eles são agradáveis. Apesar do papel importante que cada um desempenha, não há um aprofundamento neles, nem mesmo no grande vilão. Por se tratar de um livro juvenil, a escolha por tramas menos elaboradas parece o caminho mais certo a ser percorrido, o que interfere diretamente na resolução dos fatos. Enredos intrincados demais requerem soluções bem elaboradas e respostas convincentes. Emma Trevayne percorreu o caminho contrário e optou pela simplicidade, o que implicou numa solução mais fácil dos dilemas dos personagens. É pouco crível alguém aceitar as revelações que ocorrem no livro de maneira tão natural, mas como o livro é destinado ao publico juvenil, se torna aceitável.

Thomas e sua Inesperada Vida após a Morte é uma deliciosa aventura pelo reino de criaturas mágicas. A história de Emma é um prato cheio para quem gosta de livros infanto juvenis que contém aquela pitada de magia, um protagonista que, apesar da pouca idade, tem uma bravura admirável e é cercado de bons amigos prontos para ajudá-lo.

A Coroa - Kiera Cass

29 de agosto de 2016

Título: A Coroa - The Selection #5
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 310
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em A Herdeira, o universo de a Seleção entrou numa nova era. Vinte anos se passaram desde que America Singer e o príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção.
Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava.
America Singer e o Príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção.
Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava.

Resenha: A Coroa é o quinto e último livro que encerra a série The Selection e nele continuamos a acompanhar a princesa Eadlyn passando por sua primeira Seleção.

A resenha tem spoiler dos livros anteriores!

A história continua de onde parou no volume anterior, onde America está a beira da morte e Maxon e Eadlyn estão desesperados com essa tragédia, sem contar que Ahren, irmão gêmeo de Eadly, simplesmente fugiu com a ideia de seguir seu coração, deixando sua família na mão. Eadlyn assume o trono pois Maxon está abalado demais para governar, mas ela ainda precisa dedicar sua atenção a Seleção que está acontecendo para poder escolher seu futuro marido.

A Herdeira e A Coroa acabaram me fazendo acreditar que depois do "felizes para sempre" de A Escolha, em que Maxon e America ficaram juntos e reformularam o sistema de castas visando a melhoria de vida do povo de Illeia, não houve, realmente, um final tão feliz e digno de suspiros se formos analisar o contexto geral da história. Acho arriscado inserir questões politicas em romances desse tipo. É necessário um desenrolar e uma resolução convincente de temas distintos mas que acabam se entrelaçando devido a posição em que os personagens se encontram, e se não houver fatores que tornem as coisas críveis, a história desanda e o resultado acaba não sendo o melhor. A atitude de Maxon, ao meu ver, foi irresponsável, e a forma como Eadlyn chegou lá foi uma decepção.

Alguns dos questionamentos que levantei em A Herdeira foram explicados aqui, como a questão de Maxon e America não revelarem o passado deles para a filha, mas outros não. Eadlyn aprendeu um pouco mais com os erros e deixou de ser aquela garota tão irritante e mimada como antes, e eu não esperava outra coisa, pois ela sendo herdeira do trono e futura rainha, teria que aprender a viver caso contrário jamais estaria apta para governar. Ela não é uma personagem muito simpática e fácil de engolir, mas a boa notícia é que, como governante, ela tem um choque de realidade e começa a pensar no povo, a querer fazer o melhor para o país, e por esse único motivo, eu torci por ela.

Sobre o romance, vou ser sincera em dizer que não gostei. Desde A Herdeira eu sabia muito bem que a maior ambição de Kile era sair do palácio para viver sua vida longe dalí, e sua participação na Seleção foi contra sua vontade, mas com uma aproximação maior entre ele e Eadlyn, as coisas estavam tomando um rumo em que era possível imaginar que ele mudaria de ideia. A presença de Erik, o intérprete de um dos selecionados, poderia sugerir um novo caminho para Eady, mas não houve absolutamente nada mais intenso que tivesse sido desenvolvido para que a história tivesse ganhado a reviravolta que ganhou em A Coroa. Acho que quando as coisas se resolvem sem uma base sólida e sem maiores explicações plausíveis para justificar essa tentativa da autora de fugir do clichê, não funciona, e menos ainda quando se quer enfiar um personagem com um destino improvável quanto o de Kile goela abaixo dos leitores. Senti que a história estava caminhando para um final previsível mas a autora já tinha feito tudo de forma premeditada para dar um desfecho "surpreendente", mas pecou no desenvolvimento.

Enfim, ao final da série, minha conclusão é que os dois últimos volumes não foram realmente necessários e funcionam mais como um spin-off da trilogia principal. Tudo bem que ainda acompanhamos alguns acontecimentos que envolvem America, Maxon e afins, e é legal saber o que aconteceu com eles, mas da mesma forma que a autora escreveu contos para se aprofundar em alguns personagens e situações que explicassem um pouco mais de suas vidas, acredito que um conto final - e único - também poderia ser escrito para resumir o futuro dos mais importantes sem que houvesse necessidade de trabalhar em cima de uma princesa inconstante e que teve a vida resolvida de forma instantânea em um capítulo.

Acho que a decepção foi maior porque eu realmente tinha adorado a série, tudo era bem construído e convincente e nesse desfecho a impressão que ficou é que tudo não passou de enrolação e a autora recorreu a alternativas fáceis para se livras de algumas coisas e resolver outras que tornaram o final feliz, mas longe de ser satisfatório... Pra quem é fã, é uma boa apostar na leitura para matar a curiosidade e saber que fim levou a série, mas leia sem expectativas.

Scarlets - Madeleine Roux

13 de agosto de 2016

Título: Scarlets - Asylum #1,5
Autora: Madeleine Roux
Editora: V&R
Gênero: Juvenil/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 104
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Os mistérios que rondavam o alojamento Brookline estão longe de chegar a uma conclusão. Neste episódio da série Asylum, Cal Erickson vai ser obrigado a integrar um grupo secreto, os Scarlets, mas essa decisão mudará toda a sua vida e vai cobrar seu preço. Scarlets é uma peça chave para que os fãs da saga se preparem para a leitura de Sanctum, segundo volume da série.

Resenha: Scarlets é um conto extra da trilogia Asylum, escrita por Madeleine Roux e publicado pela V&R no Brasil.
Cal Erickson é filho do Reitor da New Hampshire College e sua vida não anda muito legal... Seus pais são separados e ele não tem uma relação muito boa com o pai, com quem vive. Ele ainda anda bebendo mais do que deveria e seu comportamento acaba não superando as expectativas do pai, que vê o filho com desgosto.

Depois de ter sido pego dormindo em aula desfrutando de uma bela ressaca, seu pai decide castigá-lo o obrigando a participar de um grupo de estudos supervisionado pela professora Reyes. A tarefa do grupo seria catalogar toda a tranqueira encontrada num porão assustador em Brookline, um prédio antigo que costumava ser um manicômio destinado aos piores assassinos, mas nem tudo poderia ser tão chato quanto parece, ou pelo menos foi o que Cal pensou ao encontrar Devon quando se juntou ao grupo. Devon é um garoto por quem sempre foi atraído por ser bonito e sexy, mas os devaneios de Cal acabam sendo interrompidos quando ele enfrenta uma experiência terrível e assustadora no dito porão. Existem muitas coisas estranhas em Brookline, algumas inclusive relacionadas ao seu próprio pai, mas quando ele descobre os Scarlets, um grupo secreto, Brookline nunca mais será visto como antes...

O livro é narrado em terceira pessoa e por ser um episódio curto da série, não espere uma história completa com um ciclo fechado... Scarlets funciona mais como um gancho para introduzir o leitor ao segundo volume da série, Sanctum, então muitas perguntas ficarão no ar e o final totalmente em aberto sem nada resolvido, o que, pra mim, já era esperado. A ambientação e os detalhes que a autora deu para desenvolver a história são muito bem construídos e a história tem um ritmo tenso e que prende o leitor.
A relação de pai e filho é bastante conturbada e chega a ser possível refletir sobre os dois... Roger não se cansa de implicar com o filho, sempre desejando que ele mudasse por completo, principalmente por ele ser gay, e talvez o reflexo disso seja Cal ser cada vez mais e mais rebelde. Tem coisa mais decepcionante do que não ser aceito pelo próprio pai?

O projeto gráfico do livro, como sempre, é um arraso. A V&R é uma das poucas editoras que mais capricham em capas e diagramação, e com Scarlets não foi diferente. A capa com um crânio entre rosas é sombria e sugestiva, os capítulos são numerados e sempre se iniciam com capitular em vermelho. O número da página fica posicionado entre adornos em vermelho e isso dá um charme todo especial ao livro. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável, além de ser a mesma usada nos livros de toda a série.

Enfim, não tem como dar mais detalhes sobre a história sem soltar spoilers, mas posso dizer que Scarlets cumpre seu papel, principalmente no quesito "atiçar a curiosidade" e fazer com que fiquemos ansiosos pelo que vem a seguir. Pra quem gosta da série, é leitura mais do que indicada.

Maré Congelada - Morgan Rhodes

25 de julho de 2016

Título: Maré Congelada - Queda dos Reinos #4
Autora: Morgan Rhodes
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 438
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: As disputas pela Tétrade, quatro cristais mágicos capazes de conferir poderes inimagináveis a quem os encontrar, continua. Amara roubou o cristal da água, Jonas conseguiu o da terra, Felix enganou os rebeldes para ficar com o cristal do ar, e Lucia está com o do fogo. Mas nem todos sabem como libertar a magia da Tétrade, e apenas a princesa feiticeira conquistou poder até agora, aliando-se ao deus do fogo que libertou de seu cristal. Gaius, o Rei Sanguinário, também não desistiu de encontrar os cristais. Ele está mais sedento por poder do que nunca, especialmente agora que não conta mais com a ajuda da imortal Melenia nem com o apoio de Magnus, o herdeiro que o traiu para poupar a vida da princesa Cleo. Para conquistar todo o mundo conhecido, Gaius resolve atravessar o mar gelado até Kraeshia, e tentar um acordo com o imperador perverso de lá. No caminho, o rei vai encontrar muitas dificuldades e inimigos, como Amara, princesa de Kraeshia, que tem seus próprios planos para conquistar o poder.
Resenha:  A busca pelos cristais da tétrade continua. Em mais um volume da série A Queda dos Reinos, os personagens estão cada vez mais sedentos por poder e desejo de derrotar seus inimigos. Nessa sequência, que antecede Crystal Storm, Morgan Rhodes trouxe mais uma vez uma aventura instigante e animadora, mas que por alguns motivos não se igualou aos outros.

Posso dizer, como toda a certeza, que a saga de Cleo, Magnus, Lucia e Jonas é uma das histórias mais empolgantes que já li. O primeiro livro se mostrou uma completa surpresa. Um aspecto muito forte para mim e para alguns leitores dos quais li a opinião, é: a narrativa da autora sempre flui como um rio em alta velocidade. Em Maré Congelada isso não poderia ser diferente: finalizei a leitura em três dias, mas como algumas ressalvas a respeito do caminho que tudo está tomando.

Como todos sabem, existem diversos pontos de vista na história. Agora, Lucia está cada vez mais sedenta por sangue e deseja vingança. A jovem exibe um ar austero em todas suas aparições e tenta encobrir com uma carapaça toda dor que sentiu. Cleo, a minha personagem preferida, está sempre olhando para o seu futuro e lutando por isso utilizando todas as suas armas possíveis. Magnus, o príncipe sanguinário, mostrou dois lados diferentes e cabe a quem lê escolher qual deles é o mais convincente. E Jonas, bom, está cada vez mais atrapalhado e cometendo mais erros (ele consegue ser bem irritante diversas vezes). Além dos quatro protagonistas, há capítulos com o ponto de vista de Amara Cortas e Félix.

Se em A Ascenção das Trevas tive uma empatia por quase todos eles, esse sentimento se tornou mutável. Com mudanças de ideias repentinas fica difícil conseguir montar um perfil e entendê-los a fundo. Isso não deveria soar como um ponto negativo e, sim, como um enigma a ser desvendado. Porém, ao que parece, tudo está sendo moldado para render uma trama que abrangerá seis livros, o que poderia ser encerrado com quatro. Alguns diálogos que poderiam ser resumidos e acontecimentos, que certamente não têm muita necessidade, poderiam ser extinguídos.

Não estou desmerecendo a história - longe de mim, já que adoro esse universo criado em Mítica - mas Rhodes poderia tentar enxugar a narrativa. Para elucidar isso de uma maneira simples é só comparar uma novela com uma série. Uma tem uma longa duração com vários núcleos e desenvolvimentos e em contrapartida a outra tem algumas temporadas, de poucos episódios, com um foco certo. A Queda dos Reinos ganha pontos pela narrativa, mas fica difícil entender para onde estamos sendo levados. Há muitas mortes, alá Game Of Thrones, mas elas parecem ser a troco de nada. Muito do que nós imaginamos acaba se perdendo quando, de repente, surge um novo personagem sedento por poder e muda todo o rumo da trama, dando uma nova perspectiva e traindo tudo que podemos esperar.

Maré Congelada foi bom, mas poderia ter sido melhor. É difícil criar empatia com alguma história quando ela começa a se perder e rodar, rodar, rodar... Numa tentativa de escrever uma série longa, acredito que Morgan deixou a desejar nesse livro e acabou revertendo a imagem positiva deixada até então. Posso afirmar que de todas as quatrocentas e poucas páginas, apenas 30% é realmente conteúdo proveitoso e de agrado aos olhos. Os personagens estão cada vez mais voláteis; há um surgimento de novos enigmas e embates. O resultado disso tudo é uma trama que cheia de controvérsias e densa demais, confundindo quem lê. Para quem, assim como eu, é fã da série, só resta esperar o melhor que há de vir pela frente.


Namorado de Aluguel - Kasie West

25 de abril de 2016

Título: Namorado de Aluguel
Autora: Kasie West
Editora: Verus
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 252
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Gia Montgomery é uma das garotas mais populares do colégio e tem um nome a zelar. Ela não pode simplesmente aparecer sozinha em pleno baile de formatura. Então, quando se vê sem acompanhante para a festa, Gia é obrigada a tomar medidas drásticas. Como arrumar alguém para se passar por namorado dela assim, de uma hora para outra? Talvez aquele garoto sentado no caro, parecendo tão entretido com um livro, seja a resposta para todos os seus problemas...

Resenha: Namorado de Aluguel, escrito pela autora Kasie West (a mesma de Encruzilhada) foi publicado no Brasil pela Verus.
O livro traz a história de Gia Montgomery, uma garota inteligente, bonita, cheia de amigas descoladas e ainda namora Bradley, um universitário lindo de viver.
Mas quando Jules passa a integrar seu grupo de amigas, as coisas começam a desandar. Jules é maldosa e não hesita em infernizar a vida de Gia, desde fazer comentários imbecis até acusar a garota de que seu namorado é pura invenção.
Mas o baile de formatura iria desbancar essa cretina... Gia iria esfregar na cara de todas as meninas que Bradley é real e é um verdadeiro gato, mas o que ela não esperava era ser dispensada por ele em pleno estacionamento, antes mesmo de apresentar o moço às amigas. Desesperada para manter sua posição de garota comprometida pra não ter risco de ser taxada de mentirosa, passar vergonha e perder a amizade das meninas, a saída para dar um jeito nesse problema foi recrutar o primeiro garoto que ela viu dando sopa no estacionamento do baile. E daí que ele estava desgrenhado e tinha cara de nerd? Ele se passaria por seu namorado só por algumas horas até que o baile acabasse, assim ela provaria que não tinha inventado nada até que ela pudesse, enfim, tentar reconquistar seu ex.
Mas alguns dias depois ela ainda se pega pensando naquele garoto misterioso que ela nem sabe o nome e em como a situação parece estar pendente...

Por já conhecer o estilo de escrita da autora, já iniciei a leitura empolgada, esperando fluidez, leveza e perfeição na descrição de cada detalhe importante e que faz diferença na história. Não há encheção de linguiça, nem floreios e nada é feito nas coxas. A narrativa é feita em primeira pessoa, prende e apresenta personagens carismáticos (alguns nem tanto), reais e muito bem construídos.

Embora caia no clichê e seja bastante previsível, a história é bastante meiga é cheia de profundidade em seus significados, e mostra que por trás de todas essas questões e confusões adolescentes há algo além que nos mantém ligados e envolvidos à trama.
Por mais fútil que pareça, Gia carrega uma grande carga dramática em si. Ela sempre expôs a vida em busca de popularidade, como se ter curtidas e seguidores fosse algo vital, mas por dentro ela é diferente, não faz isso por maldade e é insegura. Ela só quer a aprovação dos outros para sentir que é aceita e por isso faz besteiras sem pensar nas consequências.
E quando aquele garoto surge em sua vida como namorado de aluguel, Gia percebe que ser popular pode passar uma imagem um tanto quanto superficial. Ser fútil e vazia não era sua intenção e aparecer e chamar tanta atenção não a torna mais interessante... Logo Gia se encontra enfrentando vários conflitos pessoais e com ajuda desse fofo, ela consegue, aos poucos, entender quem ela é na verdade.
Ele é um doce de rapaz e foge de estereótipos de que só bad boys conseguem dar um up nas mocinhas. Ele é sensível e respeitoso e, o mais legal dele é que ao ajudar Gia, ele acabou vendo mais de si mesmo ao ponto de se encontrar também. Ao unir esses fatores, o romance se torna delicado e cresce de forma gradual e natural, sem parecer forçado ou apressado.
Em meio ao enredo, mesmo abordada com bastante sutileza, fica evidente a dura crítica à geração atual que vive constantemente a mercê das redes sociais, expondo a vida do jeito que ela não é e tentando passar uma imagem que está longe da realidade de forma desenfreada, inconsequente e impensada sem levar em consideração que tudo que é feito em excesso pode trazer riscos e perigos. A partir do que Gia faz ao se deixar levar pela ideia de ser popular, é possível refletir acerca dos problemas reais que suas ações lhe trazem e tal reflexão pode ser trazida para a vida real para que os olhos dessa geração se abram bem para a situação em que vivem.

A capa é uma graça e confesso ter optado pela leitura por ela sem sequer ler a sinopse de antemão. Depois é que fui conferir a autoria da obra e sem ler a sinopse fui fisgada.
A diagramação é simples, mas com detalhes que a tornam bem especial. Os capítulos são numerados e iniciados com uma fonte cursiva que parece ter sido escrita a mão

Namorado de Aluguel é um livro deliciosamente bem escrito, fofo e delicado, com toques de muito bom humor e recheado de pequenas lições que servem pra vida de todos nós. Pra todos aqueles que procuram por uma leitura leve, que aborda amizade e amor, e que gostam de histórias com um romance surpreendente, que envolvam o universo adolescente retratando uma jornada inesperada e muito gostosa de se acompanhar, é leitura mais do que indicada. Às vezes, a busca pelo amor é o que nos leva a nos encontrarmos...

A Profecia do Paladino - Mark Frost

24 de abril de 2016

Título: A Profecia do Paladino - A Profecia do Paladino #1
Autor: Mark Frost
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Thriller/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 420
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Will West faz de tudo para não chamar a atenção. A pedido dos pais, ele se esforça para tirar notas medíocres e não se destacar. Mas quando sua escola o obriga a fazer uma prova de desempenho geral, ele acaba se esquecendo de errar algumas respostas. Seu resultado espetacular atrai o interesse de uma das escolas particulares mais exclusivas do país, que o procura para oferecer uma bolsa de estudos. No entanto, assim que recebe essa oferta, começa a ser seguido por homens misteriosos e sedãs pretos. Ao tentar escapar de perseguidores, seus pais desaparecem e Will acaba se matriculando às pressas no misterioso colégio. Chegando à sua nova escola, ele percebe possuir talentos físicos e mentais que beiram o impossível e descobre que suas habilidades estão conectadas a uma batalha milenar entre forças épicas.

Resenha: A Profecia do Paladino é o primeiro volume da trilogia homônima escrita pelo autor americano Mark Frost e publicado no Brasil pela Galera Record. O autor é roteirista de Quarteto Fantástico e é co-criador da série Twin Peaks!

Will West é um garoto de dezesseis anos que vive sob as rigorosas regras do pai. A cada dezoito meses a família se muda de casa e isso faz com que Will acabe não tendo muitos amigos. Desde que se entende por gente, Will segue à risca a Lista de Regras de Como Viver do Papai, e nela há itens essenciais que, basicamente, não permitem que Will se destaque de forma alguma em meio as outras pessoas e é o que o manteve em segurança até agora. Embora seja muito inteligente sem ter que se esforçar pra isso, de acordo com a Lista de Regras, Will sequer poderia ir bem nas provas da escola para não chamar nenhum tipo de atenção para si mesmo.
Mas tudo muda quando algumas situações o deixam apreensivo... Ele tem a impressão de que está sendo observado e seguido mas tenta tirar tais pensamentos da mente e se concentrar em sua corrida matinal. Até que ele precisa fazer uma prova e se esquece de ir mal... Obviamente seu resultado é o melhor que a escola já viu em décadas e indo contra a Lista de Regras, ele chama muita atenção. O Centro de Aprendizagem Interdisciplinar, uma escola secreta e cheia de prestígio localizada em Wisconsin, demonstrou interesse no garoto e estava disposta a dar a ele uma bolsa de estudos integral.
A partir de então Will se encontra fugindo de um estranho grupo de homens enquanto seu pai desaparece e sua mãe está diferente. O garoto se viu obrigado a ingressar ao Centro de Aprendizagem, o único lugar que parecia seguro após tantas coisas estranhas acontecendo. Porém, a escola reserva ainda mais mistérios do que o garoto imaginou e Will parte em busca de respostas.

O livro é narrado em terceira pessoa com vários trechos desacados em itálico mostrando os pensamentos de Will. A escrita é bastante fácil e tem um ritmo acelerado.
Pra ser sincera, o enredo de forma geral não é lá muito original. Em diversos momentos me peguei pensando em Percy Jackson pelo fato de que, de acordo com os acontecimentos, o protagonista vai parar num lugar especial onde descobre quem é na realidade, mesmo que se meta em mais confusões...
Will é um protagonista sarcástico, cheio de tiradas inteligentes e sacadas geniais. Ele não se deixa intimidar e mesmo que tenha vivido obedecendo e seguindo as regras do pai com extrema disciplina e dedicação, ele não gosta de limites. Mas é bem perceptível que por trás de todas essas regras há algo grandioso a espera do garoto prodígio.
Confesso ter demorado alguns capítulos para me conectar à história mas quando isso ocorreu foi praticamente impossível largar a leitura. É aquele tipo de livro cuja história não pára, as coisas estão acontecendo a todo momento e os mistérios que se entrelaçam deixa tudo mais instigante e interessante.
Os novos amigos de Will são inteligentes por também serem prodígios e a mente engenhosa dos garotos tornam a busca por respostas crível, principalmente porque eles conseguem fortalecer o vínculo que possuem ao mesmo tempo em que superam suas diferenças. Os diálogos deles são hilários e dinâmicos e são eles que dão vida à história com suas personalidades marcantes. Confesso que eles foram o maior motivo pra eu ter apostado na leitura e criado expectativas sobre ela e afirmo que foram todas superadas!
Como disse anteriormente, a história traz passagens que lembram outras bastante conhecidas. Will se encontra em meio a uma trama em que ele descobre fazer parte de uma profecia onde irá precisar lutar contra o mal, e enquanto isso parte num jornada de autoconhecimento e amadurecimento típica. Não é original, convenhamos, mas a história, de forma geral, é merecedora de créditos pela forma como foi escrita e desenvolvida. Embora o leitor fique no escuro sem saber o que, de fato, está acontecendo, é perfeitamente possível se envolver com o mistério e com a tentativa para que ele seja solucionado.

Com relação a edição, a capa é bem bonita e caprichada, com alto relevo e verniz aplicado no título.
A diagramação é simples, os capítulos possuem títulos curiosos que dão ideia do assunto da vez sem entregar o que está por vir.
Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que prejudique a leitura em si. Ao final do livro podemos conferir a Lista de Regras de Como Viver do Papai com suas 98 regras completas e em letras maísculas, do jeitinho que o pai de Will criou. E falando da Lista, algumas regras são verdadeiros conselhos para se levar para a vida!

Em suma, pra quem gosta de um thriller voltado ao público juvenil cheio de toques de fantasia, ação e muita aventura, é leitura mais do que indicada. Tentar desvendar os mistérios do enredo a fim de montar o verdadeiro quebra cabeças criado pelo autor é muito empolgante e estou super ansiosa pela sequência!


O Túmulo da Borboleta - Anne Cassidy

20 de fevereiro de 2016

Título: O Túmulo da Borboleta - The Murder Notebooks #3
Autora: Anne Cassidy
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Viviane Diniz
Gênero: Juvenil/Policial/Mistério
Ano: 2016
Páginas: 272
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Depois de Hora morta e A morte de Rachel, a série de suspense The Murder Notebooks chega ao seu terceiro volume, O Túmulo da Borboleta, levando os jovens Rose e Joshua a Newcastle, onde o tio de Joshua está internado e onde os dois descobrirão fatos surpreendentes sobre seus pais e o mistério que cerca seu desaparecimento. Decididos a investigar o paradeiro de Kathy, mãe de Rose, e Brendam, padrasto da garota e pai de Joshua, os dois adolescentes se veem enredados numa trama de perigos e segredos que envolve uma tatuagem de borboleta e seis cadernos com anotações em código, mapas e foto que eles terão que desvendar se quiserem descobrir o que realmente aconteceu. E principalmente se quiserem sobreviver.

Resenha: The Murder Notebooks é uma série composta por quatro livros que giram em torno de Rose e Joshua e dos mistérios que rondam suas vidas. Os livros são de autoria de Anne Cassidy e no Brasil são publicados pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
No primeiro volume somos apresentados ao casal de irmãos postiços que após o sumiço dos pais foram morar com parentes até se reencontrarem, e a partir daí passaram a procurar os pais enquanto investigavam algum mistério envolvendo assassinatos que eles acabam envolvidos.

Em O Túmulo da Borboleta, terceiro livro da série, a história é iniciada com um acidente nos penhascos de Cullercoats que o tio de Joshua, Stuart Johnson, sofreu, Tio Stu é levado para o hospital em Newcastle e Joshua e Rose partem para a cidade a fim de tomar conta do tio. A presença na cidade onde Joshua e o amigo cresceram é ótima, de uma nostalgia sem tamanho, mas o que eles não esperavam era descobrir uma pilha de provas sobre um caso de assassinato que ocorreu há vários anos além de descobrirem que tio Stu guarda segredos, incluindo o fato de que ele ainda tem contato com o pai de Joshua, Brendam. Com a ajuda de Skeggsie, os garotos conduzem a própria investigação sem imaginar as surpresas que viriam a descobrir...

A leitura é fácil, mas mesmo que seja um thriller voltado ao público juvenil não achei muito fluída, talvez pelo próprio gênero a que se destina. Mas mesmo que o ritmo da leitura e dos acontecimentos sejam lentos, tudo é bastante interessante de se acompanhar.
O livro é narrado em terceira pessoa e um ponto bacana é que a voz narrativa também faz indagações acerca de acontecimentos dos quais os protagonistas estão envolvidos, e dessa forma o leitor é convidado a questionar os detalhes, se atentar às pistas que são deixadas e ter um envolvimento maior com a trama, principalmente no que diz respeito ao desaparecimento dos pais de Joshua e Rose. Enfim é possível saber o que diabos está acontecendo com os pais de Joshua e Rose e esse fato dá um gás maior à leitura pelas peças, enfim, começarem a se encaixar, então posso dizer que a ideia de ler os livros fora de ordem não é tão boa assim, mesmo que os casos paralelos sejam resolvidos em cada um deles...
A trama continua tendo o mesmo estilo dos livros anteriores, em que o mistério principal fica a cargo do desaparecimento dos pais enquanto há outros em pararelo, e nesse caso o mistério é sobre a queda de Sturat nos penhascos e a descoberta do assassinato ocorrido há anos entitulado o Caso Borboleta.
Esse caso também é bastante interessante pois ele é sobre uma garota de dez anos que foi encontrada morta após ter se passado cinco dias em que desapareceu num estacionamento de supermercado e o culpado nunca foi acusado, logo fica no ar o que tal caso tem a ver com tio Stu e o mistério dos pais dos dois protagonistas.
Os personagens sofrem algumas mudanças e um acontecimento inesperado com um deles é responsável por toda uma reviravolta na história.
Joshua costumava ser um jovem tranquilo e pé no chão, mas passa a se tornar bastante grosseiro com Rose além de ficar extremamente individualista e mal humorado. Já Rose passa a ficar acuada devido as represálias de Joshua, mas é partir desses pontos que ela mostra que embora seja tímida e insegura, principalmente com relação ao que sente por ele, tem os sentidos aguçados e é muito inteligente, tanto que decide investigar as coisas sem depender dele.
Um dos pontos que mais gostei foi a exploração acerca do passado de Rose e mais sobre a vida de Joshua e o amigo Skeggsie que se desenrolaram antes do início da série.

A capa também é bem sugestiva pois além de evidenciar a borboleta (que está presente em todos os livros, seja na capa ou na diagramação) mostra o penhasco que é cenário do acidente abordado na história. A tipografia também é ótima pois lembra um scrapbook ou algo relacionado a arquivos. A capa é fosca e há aplicação de verniz sobre a borboleta, títulos e nome da autora, dando um visual bem bonito e caprichado à ela.
As páginas desta edição são brancas, os capítulos são apresentados através de numerais romanos e a cada início deles há uma borboleta ilustrando o canto superior da página. Não percebi erros na revisão e de forma geral o trabalho gráfico é super satisfatório, principalmente pelas capas da série combinarem entre si.

O Túmulo da Borboleta é um volume bastante importante e que acrescenta muito à série e, mesmo que tenha uma carga emocional maior do que os outros livros, já que tráz o passado à tona e ainda se aprofunda num crime bárbaro envolvendo uma criança indefesa mexendo com os sentidos dos protagonistas, mostra personagens vulneráveis mas mais maduros. O mistério é bem desenvolvido e unido isso ao fato de a leitura ser bem sólida, fiquei super curiosa para saber o que virá no próximo livro.


Homem-Formiga: Inimigo Natural - Jason Starr

14 de fevereiro de 2016

Título: Homem-Formiga: Inimigo Natural - Marvel #7
Autor: Jason Starr
Editora: Novo Século
Gênero: Juvenil
Ano: 2015
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Conheça Scott Lang. Ex-vigarista, pai solteiro e Homem-Formiga nas horas vagas. Ao lado de sua lha, Cassie, Scott encara uma nova vida em Nova York e está determinado a fazer com que tudo dê certo: Cassie estuda numa boa escola, ele tem um emprego estável e, nalmente, sente-se pronto para engatar um novo relacionamento.
Apesar de ter as melhores intenções, Scott não consegue manter-se longe dos holofotes – ou das lentes de aumento –, e não vai demorar muito para que sua nova vida desmorone. Quando um antigo cúmplice da época de crimes vai a julgamento, pai e lha veem-se às voltas com guarda-costas enviados pelo governo a fim de protegê-los. Scott acha isso desnecessário, mas ele desconsidera algo de fundamental importância: o fator adolescência. Quando a situação aperta para o lado de Cassie, Scott não hesita em trazer à tona o poderoso Homem-Formiga (sem ironia).
Mas o que esse vilão realmente deseja? Scott e Cassie talvez estejam lutando contra algo muito maior do que eles imaginam.

Resenha: Homem-Formiga é o sétimo volume da coleção de livros dos super-heróis da Marvel lançados pela Novo Século.
Como os livros tratam de aventuras pontuais do herói em questão, não é necessário acompanhar a série toda pois as coisas não se desenrolam de forma cronológica e nem dependem de acontecimentos oriundos dos demais livros, mesmo que haja participações especiais de alguns super-heróis na trama.

Scott Lang é um ex-vigarista que após ter saído da prisão teve a oportunidade de transformar sua vida ao se tornan herói. Ele foi o segundo Homem-Formiga a usar as partículas Pym, criadas por Henry Pym, o primeiro Homem-Formiga que existiu. Essas partículas permitem que quem as utilizem controlem sua altura e sua massa corporal, podendo diminuir ou aumentar de tamanho, ao mesmo tempo em que a força física é mantida intacta. O capacete do traje permite que ele se comunique com insetos.
A história do livro se passa em Nova York e, diferente do filme, não gira em torno do surgimento desse super-herói, mas sim um episódio inédito que dura alguns dias da vida dele alguns anos depois dele ter se tornado o Homem-Formiga e fazer parte dos Vingadores. Ele, enfim, tem a guarda da filha, Cassie, e a garota já é adolescente.
As coisas começam a acontecer quando Scott, que parece estar com a vida quase estabilizada, se vê numa situação delicada, pois um antigo cúmplice da época em que ele cometia crimes vai a julgamento e passa a perseguí-los.

O livro é narrado em terceira pessoa e os pontos de vista se alternam entre Scott e Cassie. A história é recheada de muito bom humor. Homem-Formiga tem um diferencial bastante interessante pois não vemos guerreiros com super-poderes enfrentando vilões malignos com grandes cenas de ação e adrenalina. Os momentos de ação estão presentes e existe uma ameaça no ar que afeta a vida de pai e filha de forma bastante direta, mas senti falta de uma vilania mais ofensiva.
Scott é um grande defensor das formigas, então através dele o leitor ainda descobre um pouco desse mundo tão vasto e importante, ao mesmo tempo que é tão pequeno.

Acompanhamos um homem que é gente como a gente, é pai dedicado, quer estabilidade em seu emprego e está determinado a levar uma vida tranquila com a filha adolescente, mas sabe que não pode abandonar seus compromissos quando o assunto é fazer o bem. Um ponto bacana é a forma como a história é atual, trazendo elementos que fazem parte da vida de qualquer um. Scott usa o Tinder em busca de encontros românticos e o Instagram é a rede favorita de Cassie.

O trabalho gráfico do livro é ótimo! A ilustração feita pelo ilustrador Will Conrad é exclusiva para a capa da edição publicada no Brasil e combinou super bem com as característica do super-herói. A diagramação também não fica atrás: há formigas espalhadas pelas páginas e as que indicam os capítulos são pretas, onde na frente o numeral é minúsculo e no verso da página mostra o mesmo número sendo aumentando com uma lupa. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão, o que é ótimo visto que o livro teve o lançamento quase simultâneo com a versão americana.

Em suma, Homem-Formiga é um livro super satisfatório acerca do universo dos super-heróis pois mostra como essa vida pode ter influências e afetar de forma negativa a vida familiar dos envolvidos embora Scott faça de tudo pra conciliar as coisas enquanto tenta viver como um cara normal e que faz coisas normais. Eles enfrentam problemas do cotidiano e passam por dificuldades como qualquer pessoa, logo a ideia de que super-heróis também são passiveis de erros fica clara e sabemos que por mais que eles tenham poderes que os tornam diferentes de nós, eles acabam sendo próximos dos humanos comuns por também terem suas imperfeições.
No mais, pra quem gosta de acompanhar aventuras pontuais, é um prato cheio!


Guerra Civil - Stuart Moore

24 de janeiro de 2016

Título: Guerra Civil - Marvel #2
Autor: Stuart Moore
Editora: Novo Século
Gênero: Juvenil/Ficção
Ano: 2015
Páginas: 398
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A épica história que provoca a separação do Universo Marvel! Homem de Ferro e Capitão América: dois membros essenciais para os Vingadores, a maior equipe de super-heróis do mundo. Quando uma trágica batalha deixa um buraco na cidade de Stamford, matando centenas de pessoas, o governo americano exige que todos os super-heróis revelem sua identidade e registrem seus poderes. Para Tony Stark o Homem de Ferro é um passo lamentável, porém necessário, o que o leva a apoiar a lei. Para o Capitão América, é uma intolerável agressão à liberdade cívica. Assim começa a Guerra Civil. 

Resenha: Guerra Civil, o livro, é uma adaptação escrita por Stuart Moore da HQ de Mark Millar e Steve McNiven, que traz uma das maiores e mais famosas histórias que separou os notáveis super heróis do universo Marvel através de um dos maiores confrontos já vistos até então.

Tudo começa quando os Novos Guerreiros, um grupo composto por heróis adolescentes e inexperientes, decidem estrelar um reality show onde mostravam o seu dia-a-dia de combate ao crime. A ideia era terem uma chance de transformar o time fracassado de terceiro escalão em estrelas, mas as coisas não estavam indo conforme o planejado... Até que em Stamford, em um dia aparentemente comum de gravações, eles descobrem o paradeiro de quatro vilões que fugiram da prisão estadual da Ilha Rykers três meses atras. Liderados por Speedball e seguidos pela equipe de filmagens, eles tentar capturar os vilões em plena luz do dia, no meio de um bairro típico onde os moradores e todas aquelas crianças jamais imaginariam o que estava por vir... Nitro, um dos vilões foragidos, ao se ver encurralado, se transformou numa enorme bola de fogo que espalhou terríveis ondas de choque ao seu redor, causando uma explosão cuja devastação não deixou precendentes...

"Oitocentos e cinquenta e nove moradores de Stamford, Connecticut, morreram naquele dia. Mas Robbie Baldwin, o jovem herói chamado Speedball, não chegou a saber disso. O corpo de Robbie ferveu até evaporar, e enquanto a energia cinética dentro dele explodia pela última vez no vazio, seu último pensamento foi:
Pelo menos, não terei que ficar velho."
- Pág. 17

Devido a tragédia de Stamford, as pessoas não se sentiam mais seguras diante de mascarados que usavam seus poderes mas deixavam rastros de destruição e mortes de inocentes. Há revolta e indignação após o ocorrido, e é iniciada uma grande comoção pública contra a prática irresponsável e desenfreada do "heroísmo". Logo, o senado dos Estados Unidos decide implementar a Lei do Registro de Super-Humanos, a LRS, que dita que todo super-herói deve se dirigir a um posto do governo para, além de se registrar, revelar sua identidade. A partir daí, eles seriam devidamente registrados no seguro social e passariam a trabalhar para o governo na proteção dos civis, tendo direito a benefícios e até mesmo salário.
Eis que Tony Stark, o Homem de Ferro, (que inclusive, há tempos, já revelou sua verdadeira identidade para o mundo sem a menor preocupação) apoia a estratégia do governo e acredita que o melhor a fazer é recrutar e convencer o maior número de super-humanos que conseguir a aderir ao plano, começando por todos aqueles que integram os Vingadores, mas, em contrapartida, a ideia de super-heróis revelarem suas identidades não é tolerável para o Capitão América, pois, dessa forma, além de serem privados da liberdade cívica, eles estariam expondo a si mesmos e as pessoas próximas a eles tornando todos vulneráveis ao perigo.
A partir dessa divergência de ideias e interesses, e após um grande desentendimento que causa uma baixa de alguém importante, o universo dos super-heróis é dividido entre os que apoiam e os que são contra a LRS, e os dilemas que eles irão enfrentar são colocados a prova quando a liberdade do povo e o dever para com a pátria são colocados frente a frente.

Narrado em terceira pessoa numa escrita ágil, fluída e super empolgante, Guerra Civil é um livro que traz uma história política e ideológica dentro do universo dos super-heróis tão conhecidos e queridos pelos fãs dos quadrinhos.
Não é necessário ter conhecimento prévio com relação aos quadrinhos para ler e entender o que se passa, pois o autor introduz tudo de forma gradual e sutil para que até os leigos não fiquem perdidos. Talvez o excesso de personagens possam confundir alguns leitores, pois muitos não são tão conhecidos quanto os demais, mas Wolverine e os X-Men, Homem Aranha, Homem Formiga, Demolidor, Quarteto Fantástico, Thor, Hulk, Viúva Negra, Miss Marvel, Justiceiro são alguns dos nomes citados e/ou que compõem os eventos que se desenrolam em Guerra Civil e todos são aprofundados na medida certa para os conhecermos bem e entendermos suas escolhas.
Homem Aranha/Peter Parker tem grande destaque, pois, inicialmente, ao decidir ficar do lado do Homem de Ferro e aceitar o convite para ser integrante dos Vingadores, suas escolhas lhe trazem consequências que transformam sua vida de cabeça para baixo e ele acaba ficando com a lealdade dividida entre Tony e Capitão. Por tudo que ele passa a enfrentar desde então, Peter pode ter sido um dos mais prejudicados nessa história...
Durante a leitura tentamos entender o que motiva cada um dos líderes dos dois grupos que se formam pois os personagens ganham bastante profundidade ao terem as intenções reveladas, assim como as consequências de suas escolhas, então não é possível acreditar que nem Homem de Ferro e nem Capitão América fiquem com o papel de "vilão", pois eles estão tentando defender o que acreditam ser o melhor no momento para preservar o bem estar de todos, mas até onde é possível ir para garantir a integridade das pessoas que só querem levar suas vidas de forma normal?

"Sue se deu conta do que aquilo se tornara: uma batalha irreconciliável entre Homem de Ferro e Capitão América, cada um deles absolutamente convencido de que sua causa era justa. Nada podia detê-los, nem deuses, nem vilões, nem mesmo seus amigos heróis. Essa batalha continuaria até que um dos dois estivesse morto."
- Pág. 170

O projeto gráfico do livro é ótimo. A ilustração da capa é característica e a diagramação é bastante caprichada. A parte interna da capa também tem ilustrações de conflitos e destruições que já dão uma prévia ao leitor do que será encontrado. As páginas são amarelas, as destinadas a numerar os capítulos são pretas para diferenciar das demais e sempre nos deparamos com os símbolos dos personagens principais. Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que tenha prejudicado minha empolgação com a leitura.

Mesmo sendo fã, não vou considerar os quadrinhos. Não costumo fazer resenhas comparativas já que prefiro me limitar somente a opinião da leitura em questão. O livro é uma ótima adaptação que contém partes fiéis e outras com alterações, algumas inclusive foram bem superiores ao original ao meu ver, mas posso dizer que a Guerra Civil, de forma geral, é um livro empolgante, que coloca o leitor a par da situação fazendo com que ele tenha um lado para o qual torcer (sempre fui #TeamTonyStark, obrigada XD), e foi responsável por mudanças relevantes e consequências irreversíveis na vida dos super-heróis, levantando questões que nos fazem refletir sobre opressão, direitos e liberdade, além de tocar no ponto crucial da amizade entre dois grandes amigos que, por divergência de opiniões, pode ter as estruturas abaladas para sempre.
Para aqueles que gostam do gênero e querem entender o quê, de fato, aconteceu com mais profundidade, é leitura obrigatória.