Artista dos Ossos - Madeleine Roux

12 de abril de 2016

Título: Artista dos Ossos - Asylum #2,5
Autora: Madeleine Roux
Editora: V&R
Gênero: Suspense/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 112
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Oliver é um adolescente que tenta economizar dinheiro para ingressar na faculdade e deixar para trás a loja de antiguidades de sua família. Mas para garantir seu sonho ele começa a trabalhar para uma organização sinistra, que se denomina “Artistas de Ossos”. Bem, mas dinheiro é dinheiro. Abrindo sepulturas e roubando ossos, ele aceita a missão pensando que isso seria uma fase momentânea, mas descobre que abandonar essa empreitada pode ter um custo muito alto, pois existem algumas dívidas que não podem ser pagas. Assim Artistas dos Ossos é um puzzle importante que faltava para os fãs da série Asylum.
Resenha: Artistas dos Ossos é o segundo conto/episódio que faz parte da série Asylum, escrita pela autora americana Madeleine Roux. Asylum (#1), Scarlets (#1,5), Sanctum (#2) e Artista dos Ossos (#2,5) são os livros da série que já foram lançados até o momento pela V&R Editoras no Brasil enquanto aguardamos o lançamento do terceiro volume, Catacomb (#3).

A história se passa na "cidade-fantasma" de New Orleans, Louisiana, alguns anos depois de ter sido atingida pelo furacão Katrina. Oliver é um adolescente de dezessete anos que está prestes a deixar tudo pra trás para ingressar à faculdade em outro estado. Até então, ele passa o tempo trabalhando com o seu pai na loja de antiguidades da família que ele tanto odeia e imaginando como seria ótimo poder, um dia, ir morar no Canadá e ter a prórpia oficina e quem sabe Sabrina, sua namorada poderia lhe acompanhar. Oliver, incentivado por Micah, seu melhor amigo, começa a trabalhar para uma organização misteriosa e sinistra denominada "Artista dos Ossos", pensando que o dinheiro viria a calhar para quando estivesse longe de casa. O trabalho ilícito, mas bem lucrativo, seria temporário, e consistia em invadir o cemitério para violar túmulos e roubar alguns objetos de valor. Porém, o serviço começou a ficar mais sinistro quando Briony, uma das integrantes do grupo, passou a pedir que ossos fossem roubados dos cadáveres, e isso deixou o garoto bastante incomodado e estressado com a possibilidade de se meter em problemas com a polícia, o que fez com que ele quisesse desistir. Dinheiro nenhum pagaria por sua tranquilidade... Mas, uma vez envolvido com os Artistas, desistir não parece ser uma opção, principalmente quando, coincidentemente, as pessoas começam a morrer...

Narrado em terceira pessoa, Artista dos Ossos tem um ritmo constante e fluído que consegue prender o leitor à história e aos seus elementos. Este em particular foge de cenários que envolvem colégios e sanatórios sombrios como os outros livros da série, mas nem por isso ele se perde quando o assunto é suspense.
Os capítulos são bem curtinhos e as mudanças de cena constantes colaboram para a fluidez da história. Sempre está acontecendo alguma coisa, os personagens sempre estão indo e vindo e a história nunca fica estagnada numa única situação ou lugar.
O cenário de New Orleans não poderia ser mais adequado para a história levando em consideração toda a fama da cidade por suas lendas que envolvem assombrações e outros elementos sobrenaturais, mesmo que este não seja o foco da trama. Essa atmosfera úmida e assustadora dá um clima ainda maior de terror fazendo com que a leitura fique mais tensa sem deixar aquela sensação de peso. As descrições bastante detalhadas sobre uma cidade que ainda se recupera de um desastre natural colaboram para imaginarmos rangidos e coisas que ainda estão fora do lugar ou nunca mais voltarão a ser o que eram. Até o turismo, que foi extremamente prejudicado, e os comerciantes que estão se reerguendo com o movimento que voltou a surgir aos poucos evidenciam a questão da dificuldade financeira dos moradores, que ficaram sem dinheiro pra repararem os danos das próprias casas, e acabam sendo fatores que servem de impulso para Oliver aceitar o trabalho noturno junto com Micah, já que eles ganhariam alguns milhares de dólares extras pelo serviço.

Oliver é um personagem determinado em seus objetivos, mas que acaba se submetendo as vontades de Micah quando percebe que poderá ter algumas vantagens se fizer o que o amigo diz. É o típico garoto que está cansado da mesmice e da rotina de sua vida e quer expandir seus horizontes em busca de sua independência, mas se preocupa com o que é certo e errado e sempre procura agir com cautela.
Micah é o contrário. Eu gostaria, inclusive, de saber um pouco mais sobre o passado dele pra descobrir o que o levou a ter um comportamento tão eloquente e sistemático. Ele é apresentado como um garoto-problema e sem família, que sempre faz o trabalho sujo e se safa das encrencas que se mete por conseguir se adaptar perfeitamente a qualquer tipo de situação e ser totalmente imprevisível, mas isso foi até agora...
Os demais personagens aparecem de forma bem superficial, mas a forma como se comportam ou o que lhes acontece são importantes para o desenrolar da trama, até mesmo porque o livro é um conto curto, então acredito que se eles, assim como Oliver e Micah, aparecerem no próximo volume serão mais aprofundados e saberemos do que se trata caso haja alguma menção a alguém.

O trabalho gráfico do livro é muito caprichado e bonito, assim como os livros anteriores. Há detalhes impressos em amarelo, como os ornamentos que envolvem a numeração das páginas ou a letra capitular que inicia os capítulos. A capa é sombria e o rosto esculpido em pedra tem tudo a ver com a história e o cenário. A revisão está excelente e não encontrei erros durante a leitura.

O final não é exatamente o fim, já que, além de instigar nossa curiosidade sobre o que os garotos vão fazer depois do que houve na cidade, ele conduz o leitor ao próximo volume, Catacomb, onde o trio de protagonistas Dan, Abby e Jordan estarão de volta numa visita a cidade de New Orleans, mas me arrisco a dizer que, por Artista de Ossos ser um episódio independente, a leitura dele não é essencial ou obrigatória para o entendimento dos demais livros principais, embora acrescente um pouco mais à série dando uma visão mais ampla do universo criado pela autora, que possivelmente irá introduzir personagens dos quais já vamos ter um conhecimento prévio devido a leitura dessa história.
Pra quem já gosta da série ou quer apenas conhecer um pouco mais do universo de Asylum, é leitura mais do que indicada.

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