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A Fogueira - Krysten Ritter

13 de janeiro de 2018

Título: A Fogueira
Autora: Krysten Ritter
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2017
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Sinopse: Abby Williams é uma advogada de 28 anos especializada em questões ambientais. Hoje uma mulher independente vivendo em Chicago, Abby teve uma adolescência problemática numa cidadezinha no estado de Indiana que até hoje ela luta para esquecer. Mas um caso de contaminação envolvendo uma grande empresa obriga Abby a voltar à pequena Barrens e confrontar seu próprio passado. Quanto mais sua equipe avança nas investigações sobre a Optimal Plastics, mais Abby se aproxima também da verdade sobre o misterioso desaparecimento de sua antiga melhor amiga anos atrás e de outros acontecimentos até então sem resposta.

Resenha: Abigail Williams tem vinte e oito anos e é uma advogada especializada em direitos ambientais. Ela é uma mulher independente, desapegada e muito bem sucedida. Abby nasceu em Barrens, uma cidadezinha bem pequena no estado do Indiana onde ela não foi muito feliz, mas já faz vários anos que ela mora em Chicago.
Aparentemente tudo ia bem na vida dela, até que Abby se depara com um caso relacionado a Optimal Plastics, a principal fonte de economia de Barrens. A empresa foi acusada de contaminar a água da cidade com seus poluentes, o que desencadeou várias doenças nos moradores.
Assim, depois de dez anos, Abby precisará retornar para sua cidade natal a fim de descobrir o que está acontecendo e em paralelo ao caso, ela descobre que sua antiga amiga de infância, Kaycee, desapareceu, e quanto mais ela investiga, mais próxima fica de uma verdade inquietante e rodeada por mistérios.

A história é narrada pelo ponto de vista de Abby e embora seja muto fluída e com detalhes o bastante para ambientar o leitor à trama, alguns deles bastante pesados inclusive, não traz elementos realmente novos. Obviamente a história tem seu próprio rumo, que confesso ser bem surpreendente, mas a impressão é de que a autora juntou fórmulas de várias histórias que todos nós já vimos em algum lugar, e é impossível ler sem levar este ponto em consideração.

Abby e Kaycee eram melhores amigas na infância, mas as coisas mudaram durante a adolescência. Abby passou a ser constantemente humilhada por Kaycee, que se tornou uma "Regina George" do colégio, cheia de súditas que sempre faziam o que ela queria, exatamente como no filme "Meninas Malvadas". Assim, após sofrer muito bullying, depois de se formar, ela partiu pra Chicago e só queria esquecer todos aqueles traumas. Porém, retornar a Barrens faz com que todas as suas mágoas viessem à tona, principalmente porque a cidade não evoluiu, as pessoas são as mesmas e continuam podres, a diferença é que Kaycee sumiu.
Ao mesmo tempo em que Abby precisa lidar com seu passado trágico, ela faz as investigações e descobre uma rede de corrupções além de outras questões mais pesadas, e, pra mim, essa parte além de previsível e nada envolvente, inicialmente lembrou um pouco da história de "Erin Brockovich". Só não me recordo agora de algum filme ou livro em específico que toca no ponto da personagem que retorna às origens e enfrenta seus demônios particulares, mas não acho que seja difícil encontrar algo do gênero. Os conflitos pessoais da protagonista foram trabalhados de uma forma bem mais interessante e que, devido ao teor, mexem muito mais com nossos sentimentos. O fato de que Abby bebe em excesso não seria um problema se isso não afetasse seu juízo e a própria voz narrativa em si. Se ela esquece de algo, nós leitores, como expectadores dependentes do ponto de vista dela, ficamos igualmente a ver navios. Ao meu ver o caso envolvendo a empresa foi um elemento que poderia ser substituído por qualquer outro, e o que importava mesmo era a história de Abby.

Abby é uma personagem introspectiva, que não se abre com facilidade e vive de mal humor (não sei até onde a autora se deixou influenciar pela personagem que ela interpreta nas telinhas, mas são idênticas), e acompanhar a história através do seu ponto de vista foi interessante pois as descobertas dela também são as nossas. Ao sabermos mais dos detalhes de seu passado, ficamos comovidos com tudo o que ela sofreu, e a forma como ela lida com esses assuntos inacabados também é algo fundamental para o desenrolar no caso como da trama em si.

Enfim, A Fogueira não foi uma leitura que trouxe algo realmente novo ou original, mas rendeu bons momentos e é livro indicado pra quem tem interesse em temas polêmicos da atualidade, como corrupção, abuso, misoginia e bullying de uma forma bem diferente do que já vi por aí.

A Zona Morta - Stephen King

20 de dezembro de 2017

Título: A Zona Morta
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense
Ano: 2017
Páginas: 480
Nota:★★★★★
Sinopse: Depois de quatro anos e meio, John Smith acorda de um coma causado por um acidente de carro. Junto com a consciência, o que John traz do limbo onde esteve são poderes inexplicáveis. O passado, o presente, o futuro – nada está fora de alcance. O resto do mundo parece considerar seus poderes um dom, mas John está cada vez mais convencido de que é uma maldição. Basta um toque, e ele vê mais sobre as pessoas do que jamais desejou. Ele não pediu por isso e, no entanto, não pode se livrar das visões. Então o que fazer quando, ao apertar a mão de um político em início de carreira, John prevê o que parece ser o fim do mundo?

Resenha: John Smith é um cara comum que leva uma vida comum. Ele é professor e está feliz em seu novo relacionamento com Sarah, também professora. Até que numa noite de sorte, ele ganha uma bela grana na Roda da Fortuna do parque de diversões, mas, mais tarde, ao deixar Sarah em casa e ir embora, ele sofre um acidente no táxi e entra em coma. Quase cinco anos depois, para a surpresa da família, já esgotada após tanto tempo, e dos médicos desesperançosos, Johnny acorda. Porém, ele acaba percebendo que não foi só o mundo que sofreu alguns avanços nesse tempo e mudou. Sarah seguiu com a vida, mas ele também está diferente: a zona morta, a área do seu cérebro que foi afetada, lhe deu alguns "poderes". Um simples toque em alguém, ou em algum objeto pertencente a uma pessoa, ele consegue ver o passado, o presente, e o futuro... Tal dom acabou desencadeando uma fama indesejada a John, pois todos passaram a ficar atrás dele, seja querendo saber do futuro, ou acusando-o de ser uma fraude. O problema se agrava ainda mais quando John conhece Greg Stillson, um candidato a deputado que faz qualquer coisa pra conseguir alcançar seus objetivos. A visão de John é de um futuro terrível caso Stillson consiga o que quer. O que John fará com seu dom (ou seria uma maldição?) e como ele irá lidar com o fato de um possível fim do mundo?

O livro é narrado em terceira pessoa e a história se desenvolve de forma bastante ampla, com muitos detalhes e descrições acerca de cenários, personagens e emoções. Penso que o excesso de descrições pode ajudar alguns leitores a se situarem melhor e a "encarnarem" o personagem, e por mais que a história tenha sido maravilhosamente bem escrita, bem fluída e prenda a nossa atenção, achei cansativa e um pouco arrastada em alguns pontos pois a impressão que fica é que o autor não tem pressa alguma para trabalhar e se aprofundar em todos os aspectos da história que quer apresentar aos leitores. O livro é extenso, gradual e lento, e isso requer uma boa dose de paciência.
Fora isso, a trama é carregada de tensão e a imersão na leitura é tanta que suas quase 500 páginas não demoram nada a serem devoradas.

O livro, publicado pela primeira vez em 1979, foi relançado agora em 2017 pela Suma de Letras sob novo projeto gráfico. A capa combina com os demais livros assinados pelo autor e, embora seja simples, representa bem um dos elementos da trama.

A Zona Morta é um livro que, mesmo que já tenha quase quarenta anos, consegue ser bastante atual no que diz respeito aos elementos e as discussões relevantes que pode trazer. A história tem um pé no drama e no sobrenatural devido ao dom do protagonista e seus dilemas, mas o misto que faz com os demais assuntos faz dela algo plausível e digna de reflexão, abordando questões que vão desde a corrupção política até o fanatismo religioso sem que nada se confunda e nenhum tema passe por cima do outro.

Esse foi o primeiro livro do mestre King que li, e só posso dizer que a experiência além de incrível, me fez pensar além acerca do governo e do funcionamento da sociedade. Livro mais do que indicado.

O Bazar dos Sonhos Ruins - Stephen King

19 de dezembro de 2017

Título: O Bazar dos Sonhos Ruins
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Terror/Contos
Ano: 2017
Páginas: 528
Nota:★★★★☆
Sinopse: Mestre das histórias curtas, o que Stephen King oferece neste livro é uma coleção generosa de contos – muitos deles inéditos no Brasil. E, antes de cada história, o autor faz pequenos comentários autobiográficos, revelando quando, onde, por que e como veio a escrever (ou reescrever) cada uma delas. Temas eletrizantes interligam os contos; moralidade, vida após a morte, culpa, os erros que consertaríamos se pudéssemos voltar no tempo... Muitos deles são protagonizados por personagens no fim da vida, relembrando seus crimes e pecados. Outros falam de pessoas descobrindo superpoderes – como o colunista, em “Obituários”, que consegue matar pessoas ao escrever sobre suas mortes; ou o velho juiz em “A duna”, que ainda criança descobre uma pequena ilha onde nomes surgem misteriosamente na areia – nome de pessoas que logo morrem em acidentes bizarros. Em “Moralidade”, King narra a vida de um casal que vai se despedaçando quando os dois mergulham no que, a princípio, parece um vantajoso pacto com o Diabo. Incríveis, bizarros e completamente envolventes, essas histórias formam uma das melhores obras do mestre do terror, um presente para seus Leitores Fiéis.

Resenha: O Bazar dos Sonhos Ruins é uma coletânea de vinte contos escritos por Stephen King e além de terem uma breve explicação que os antecede acerca do motivo de terem sido escritos, trazem temas relevantes e que permeiam o universo de suspense e terror dos quais o mestre faz parte, e claro, com o toque sobrenatural que faz parte de suas obras na maioria das vezes.
O autor fala sobre sua necessidade de escrever histórias curtas visando agradar seu "Leitor Fiel" e num misto de horror, drama, suspense e humor, o presenteia com esta antologia que, de fato, surpreende ao trazer tramas que abordam a morte e muitas de suas vertentes, assim como os demais sentimentos que sempre a rodeiam, evidenciando os aspectos e as consequências da perda e o sentido da própria vida.
A maioria dos contos são narrados em terceira pessoa e são bastante fluídos. Por serem independentes, sequer precisam ser lidos na ordem. Alguns são demasiados curtos ou terminam sem um final propriamente dito, o que pode ser um pouco frustrante para os leitores que se conectaram com a história e anseiam por mais.

Não acho necessário discorrer sobre cada conto em particular pois como são curtos, falar demais sobre cada um deles pode acabar estragando a surpresa. Alguns acabam ganhando mais destaque por chamarem mais a atenção devido ao teor da trama que é bem mais interessante do que os demais...
Milha 81 é a história é sobre um garotinho de dez anos, Pete, que quer viver uma grande aventura. Assim, cheio de coragem, ele adentra uma área abandonada munido de uma lupa e quando encontra um carro e duas crianças descobre que há um "monstro" alí. As referências deste conto são ótimas e por mais diferentes que sejam entre si funcionam muito bem no conjunto criado por King.
Garotinho Malvado faz o leitor imergir na história de um presidiário que fora condenado à morte, mas antes de cumprir sua pena decide fazer um relato sobre o crime que cometeu. Ele descarregou uma arma em um menino aparentemente inocente e desde então vive atormentado. Ler histórias que envolvem crianças diabólicas é uma experiência bem aterrorizante...
Como um diferencial, King deixa o leitor um passo a frente dos acontecimentos. Em Indisposta, já sabemos o que vai acontecer, mas ainda assim somos surpreendidos com o destino do protagonista, um publicitário que está enfrentando problemas no trabalho enquanto sua esposa permanece indisposta após ficar doente.
Em A Duna, sempre que um juiz aposentado vê um nome em uma duna, a pessoa morre. Ele faz o relato dos acontecimentos a um advogado e o final da história é incrível.
Obituários foi um dos meus favoritos, principalmente por me lembrar Death Note. Um jornalista começa a inventar e escrever obituários pra um site de fofocas até perceber que o que ele escreve acontece mesmo.

Enfim, com ou sem elementos sobrenaturais, em primeira ou terceira pessoa (ou combinando as duas), King constrói situações cotidianas, nostálgicas e que remetem aos clássicos, inesperadas ou previsíveis, que abordam a moralidade, perseverança, que trazem segredos obscuros, que falam sobre a sexualidade, vícios, poder e controle, preconceitos, sobre dar valor aos pequenos grandes momentos da vida, e até sobre brigas bizarras entre vizinhos que se odeiam.

O Bazar dos Sonhos Ruins é uma boa pedida pra quem ainda não conhece e quer ter um gostinho de como são as histórias de Stephen King. O livro traz contos com elementos de vários gêneros diferentes e com certeza vai agradar e surpreender os leitores ao ponto de torná-los fiéis.

O Gabinete Paralelo - Maureen Johnson

12 de dezembro de 2017

Título: O Gabinete Paralelo - Sombras de Londres #3
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: A vida de Rory está de cabeça para baixo. Sem tempo para respirar, mesmo após ser salva de um sequestro, a situação sái rapidamente de controle quando a morte inesperada de um amigo abate o esquadrão. Rory, um terminal humano, pensa que teve tempo suficiente para transformá-lo em fantasma, mas se é assim, onde ele está? E quanto a Jane Quaint e seu culto, o que pretendem? O que querem com Charlotte? Com tantas perguntas se avolumando no horizonte, Rory e seus amigos correm contra o tempo para descobrir os segredos de uma antiga sociedade secreta, muito mais poderosa do que jamais poderiam imaginar...

Resenha: O Gabinete Paralelo é o terceiro volume da série Sombras de Londres, escrita pela autora Maureen Johnson e publicado no Brasil pelo selo Fantástica da Editora Rocco.

Este volume parte do onde o segundo parou e esta resenha pode ter spoilers.

Desde que chegou a Wexford, a vida de Rory está uma loucura. No final do livro anterior (No Limite da Loucura), Rory, Callum e Bu estão no hospital junto com Stephen, seu amor, que está a beira da morte. Sem saber como lidar com a perda dele, Rory, aproveitando dos poderes que tem, pensa em mantê-lo por perto como um fantasma. Mas as coisas acabam não saindo conforme ela planejou...
Quando Jane Quaint, a antiga psicóloga de Rory, revela que não é nada do que todos imaginaram e ainda sequestra Charlotte, os membros do esquadrão que monitora os fantasmas em Londres, do qual Rory e seus amigos fazem parte, precisam agir de alguma forma, tanto por Stephen quanto por buscar pistas para encontrar a garota.
No meio de toda essa confusão, surge alguém com poderes bem semelhantes aos de Rory e dos membros do esquadrão: Freddie Sellars também consegue enxergar fantasmas. E não só isso, ela também usou de sua astúcia para pesquisar sobre o esquadrão e o papel desempenhado por cada um deles alí. Assim, quando ela se une ao grupo eles podem contar com a inteligência dela.
O que Rory não esperava era Jane aparecer outra vez com uma oferta que ela não poderia recusar: trazer Stephen de volta.

Como o segundo livro ficou em aberto, este dá continuidade aos acontecimentos mas também deixa várias pontas soltas que deverão ser esclarecidas no próximo volume.
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Rory, temos uma narrativa mais ágil e cheia de adrenalina, que já é iniciada com a ação e a tensão que o final do livro anterior deixou.
Percebi que este volume teve um tom diferente dos demais, seja pela falta do bom humor ou pela adição de elementos que até então não faziam parte do enredo, como a mitologia egípcia e a mudança de rumo ao considerar Jack, o estripador, como inspiração. São coisas que parecem terem vindo do nada e sem maiores explicação do motivo de estarem alí.

Um ponto que pode agradar, ou não, é o fato de que a autora não perde tempo em resumir acontecimentos anteriores para refrescar a memória do leitor. Isso pra mim foi um problema pois devido ao intervalo de lançamento entre os livros, muitos detalhes eu já havia esquecido e em algumas situações acabei ficando um pouco perdida. Talvez isso não aconteça com quem tem uma memória muito boa ou que leia um livro atrás do outro.

Não sou fã de romances em livros que envolvem suspense e mistério, e neste não é diferente. Ainda procuro respostas sobre como a protagonista tem atitudes desesperadas e aflitas com um relacionamento que não vai além de bitocas sem sal. Ela até é bastante simpática, mas algumas atitudes, pra mim, são injustificáveis e não fazem muito sentido no contexto geral.
Os personagens secundários são ótimos, bem construídos e interessantes, mesmo que alguns diálogos pareçam forçados, mas por mais que eu tenha gostado da Freddie, achei que sua presença era sempre muito conveniente para trazer respostas e soluções rápidas para os problemas mais difíceis.
Se no primeiro volume os pais de Rory são apresentados como relapsos, desta vez eles mostraram mais preocupação com a filha e se comportaram como pais de verdade, e eu gostei que a autora tenha trabalhado nesse ponto para reparar esse relacionamento que antes era bastante estranho.

Os detalhes acerca do cenário são bons, mas não chegam no nível do que foi apresentado no primeiro livro. Se antes era possível considerar Londres como parte fundamental da história, desta vez as descrições não foram o suficiente para sentir toda aquele atmosfera e a história poderia ter se passado em qualquer outro lugar.

O projeto gráfico é muito bacana e segue o mesmo padrão das anteriores, com respingos de "sangue" sujando a capa, que traz um dos túneis subterrâneos que faz parte dos cenários da história. A diagramação também é ótima, e as páginas destinadas ao início do capítulo possuem molduras e ornamentos. Os capítulos são numerados e não percebi erros da revisão.

Tudo indica que o quarto volume da série seja lançado este ano, e embora não seja a minha série favorita, tenho curiosidade para saber o que mais Rory vai encarar.
De forma geral, a história tem suas falhas de desenvolvimento e a protagonista em alguns momentos é irritante, mas pra quem curte suspenses juvenis com o toque do universo sobrenatural é uma série que vale a pena de ser lida.


A Desconhecida - Mary Kubica

21 de novembro de 2017

Título: A Desconhecida
Autora: Mary Kubica
Editora: Planeta
Gênero: Trhiller/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: Todos os dias, a humanitária Heidi pega o trem suspenso de Chicago e se dirige ao trabalho, uma ONG que atende refugiados e pessoas com dificuldades. Em uma dessas viagens diárias ela se compadece de uma adolescente, que vive zanzando pelas estações com um bebê. É fato que as duas vivem nas ruas e estão sofrendo com a fome, a umidade e o frio intenso que castigam Chicago. Num ímpeto, Heidi resolve acolher Willow, a garota, e Ruby, a criança, em sua casa, provocando incômodo em seu marido e sua filha pré-adolescente. Arredia e taciturna, Willow não se abre e parece esconder algo sério ou estar fugindo de alguém. Mas Heidi segue alheia ao perigo de abrigar uma total estranha em casa. Porém Chris, seu marido, e Zoe, sua filha, têm plena convicção de que Willow é um foco de problemas e se mantêm alertas. Em um crescente de tensão, capítulo após capítulo, a verdade é revelada e o leitor irá descobrir quem tem razão.

Resenha: Heidi Wood é uma mulher que trabalha numa ONG auxiliando refugiados e pobres, a maioria imigrantes. Ela também faz serviço comunitário, se preocupa com o meio ambiente, separa o que pode ser reciclado do lixo e é um exemplo de cidadã humanitária e consciente. Até que, a caminho do trabalho, num dia frio e chuvoso, ela vê uma jovem perambulando pela estação de trem com um bebê no colo. Heide se preocupou bastante com aquela mãe tão jovem e sua criança, pois aparentemente não estavam bem agasalhadas naquele tempo frio, deviam estar com fome, e talvez pudessem estar passando por várias dificuldades. No dia seguinte, a chuva havia piorado e Heidi avista a jovem outra vez e, num impulso em ajudá-la, seu instinto materno falou mais alto. Heidi se aproxima, descobre que o nome da garota é Willow e o da bebê é Ruby, e ela acaba levando as duas para dentro da própria casa, achando maravilhoso poder cuidar e dar apoio a elas, mesmo que isso contrarie Chris, seu marido, que acha a ideia de Heidi de levar uma desconhecida pra casa uma completa loucura. Zoe, a filha do casal, também acha que a presença de Willow é um problema e não fica nada confortável com ela alí. Então Chris, mesmo trabalhando e estando sempre muito ausente, vai tentar descobrir quem é, de fato, Willow e o que aconteceu para que ela fosse parar nas ruas com um bebê.

A narrativa não discorre de forma cronológica e alterna os pontos de vista entre Heidi, Chris e Willow. Enquanto o casal conta sobre os momentos atuais, Willow está a frente narrando algo em forma de testemunho, o que dá ideia de que algo de ruim e errado aconteceu, mas ainda não sabemos o quê.
Dar mais detalhes sobre o enredo pode ser um problema, pois cada capítulo não só torna a história mais intensa abordando assuntos bem delicados e pesados, como também vai revelando aos poucos as facetas dos personagens e o que todos querem saber. A medida que a leitura progride, é possível ter uma ideia sólida do rumo que a história vai levar, mas ainda assim é algo que surpreende, principalmente no que diz respeito aos personagens, como nem sempre eles têm em sua essência o que aparentam para os outros, e a forma como suas camadas são exploradas.

O casamento de Heidi e Chris é um exemplo bem nítido da realidade de muitos casais. É como se o tempo tivesse transformado tudo em rotina, todos estão desgastados e não parece haver um interesse recíproco em melhorar as coisas. A ausência do marido, a falta de interesse da filha, o sentimento de solidão da mãe que faz tanto pelos outros e recebe tão pouco de volta... é um misto de comportamentos que desencadeiam sentimentos negativos e, talvez, a ideia de Heidi em levar Willow pra casa tenha sido uma forma de preencher essas lacunas.

Talvez o único ponto que eu não tenha gostado muito a fluidez dos acontecimentos na narrativa. Foi tudo lento e arrastado demais, e isso tornou a história um pouco cansativa, por mais interessante que ela possa ser. E quando as coisas começam a acontecer para que as revelações viessem à tona, é tudo muito rápido, como se a autora quisesse dar um fim no suspense e pronto.

Enfim, é um livro que traz temas sérios como abuso infantil, abandono, perdas, traumas psicológicos e as consequências de não tratá-los, a realidade dos moradores de rua, problemas familiares, matrimoniais e afins, todos eles tratados de uma forma palpável e bem crua, então penso que a intenção da autora não deve ter sido só fazer com que o leitor embarque num thriller psicológico instigante, mas mostrar a realidade difícil e cruel das pessoas mais carentes e que são tão tratadas com tanto descaso e indiferença.

Crueldade - Scott Bergstrom

7 de novembro de 2017

Título: Crueldade - The Cruelty #1
Autor: Scott Bergstrom
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 376
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: O mundo de Gwendolyn Bloom vira de cabeça para baixo quando seu pai desaparece durante uma viagem de trabalho. Ela logo descobre que ele não é o homem que, por dezessete anos, achou que fosse — e essa é só a primeira de muitas revelações que Gwendolyn terá pela frente. Sem poder contar com a ajuda de mais ninguém para encontrá-lo, a garota parte em uma jornada tão perigosa quanto alucinante, seguindo os rastros do pai pela Europa. Porém, para se infiltrar — e sobreviver — em um novo mundo cheio de maldade e perversão, ela precisará deixar toda a sua vida para trás, assumir uma nova identidade e se tornar alguém tão cruel quanto seus piores inimigos.

Resenha: Crueldade é o primeiro livro da série The Cruelty, escrito por Scott Bergstrom e publicado no Brasil pela Editora Seguinte.

Gwendolyn é uma garota de dezessete anos e sua vida não é muito parecida com a vida das meninas de sua idade. Depois da perda da mãe, o pai de Gwenlly foi o único que lhe restou, e por ele trabalhar como diplomata, eles viajavam e se mudavam de país com muita frequência. Agora, morando em Nova York, as coisas não estão muito fáceis para ela na nova escola, pois, por ser bolsista, os filhos dos altos escalões da sociedade não a aceitam muito bem e ela vive sofrendo bullying. Mas, numa viagem a trabalho para Paris, seu pai desaparece, e a partir daí o mundo da garota vira de cabeça pra baixo. Além de descobrir que vivia uma mentira e de não poder acreditar em mais ninguém, ela ainda é obrigada a ir para o Texas viver sob a guarda de uma tia desconhecida. Até ela descobrir pistas sobre o paradeiro do pai e decidir que é hora de deixar o passado para trás, assumindo uma nova identidade e partindo para a Europa para procurá-lo.

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista da protagonista, acompanhamos uma trama envolta por muita ação e com várias reviravoltas. Chega até a lembrar o filme "Busca Implacável".
Confesso não ser nada muito novo, pois o que encontramos é basicamente a história de uma garota que larga tudo para trás e parte rumo ao desconhecido, e além da jornada jornada cheia de perigos que ela enfrenta, essa busca acaba se transformando numa experiência de aprendizado, transformação, autoconhecimento, amadurecimento e até superação.
A transformação de Gwendollyn começa e ela se torna Sofia, e, após passar por um treinamento super intensivo, se torna alguém tão "cruel" quanto os inimigos que ela virá a enfrentar. Porém, o livro tem várias conveniências irritantes e penso que foi aí que a história se perdeu pois, pelo menos pra mim, não fez muito sentido uma menina que até então era tão "inocente" e sem maiores atrativos, se transformar numa pessoa quase sanguinária, impiedosa e que está pronta para resolver qualquer situação, por mais perigosa e impossível que seja. Acho que a tentativa do autor em criar uma personagem bad ass não só beirou o exagero como foi um fiasco. Gwendollyn/Sofia é superficial e seu lado "malvado" não é nada natural. Ela não convence em nada, e é como se tivesse sido construída para ser aquela fodona cheia de estereótipos que deveria agradar o público, mas só me fez revirar os olhos. As pessoas que estão ali para ajudá-la são agentes motivadores do enredo para desenvolver situações que não acrescentaram em nada e muitas vezes sequer tem muitas explicações, e suas características são convenientemente o que a protagonista precisa de acordo com suas necessidades.

Não sei se era por eu já estar de saco cheio da protagonista que outras coisas começaram se me incomodar, mas passei a prestar mais atenção nos diálogos, nas cenas de violência gratuita, sexo e nudez, nos palavreados sujos e afins, e tudo pra mim começou a ficar cansativo e desnecessário. Usar e abusar desse tipo de artifício deveria ser um complemento para tornar a narrativa interessante, evidenciando as essências desses personagens moralmente complexos, por mais que tenham pouca idade e já tenham que viver no limite do perigo, mas parece que o efeito foi outro.

Não acho que esse livro possa ser considerado como young adult porque aborda alguns temas bem pesados e até delicados de se falar sobre. O autor adentra esse universo mostrando um pouco do submundo das drogas, tráfico humano, prostituição e a até impunidade dos mafiosos que são bem cruéis com aqueles que entram em seus caminhos, até se depararem com a "crueldade" em pessoa...
Em suma, a impressão que fiquei ao final da leitura é que não passa de uma história rasa sobre uma garota que não hesita em enfrentar - e matar - um bando de criminosos.

Querida Filha - Elizabeth Little

2 de setembro de 2017

Título: Querida Filha
Autora: Elizabeth Little
Editora: Rocco
Gênero: Suspense/Policial
Ano: 2017
Páginas: 368
Nota:★★★☆☆
Sinopse: A relação mãe e filha – e os segredos que podem se esconder em seus meandros – é o combustível do bem-sucedido romance de estreia de Elizabeth Little, lançamento da coleção Luz Negra, que reúne o melhor do suspense feminino contemporâneo. O livro acompanha a ex-it girl Janie Jenkins, que, ao sair da prisão 10 anos após ter sido condenada pela morte da mãe, só deseja fugir dos holofotes e encontrar o verdadeiro assassino. Só há um problema: Janie não tem certeza absoluta de que não cometeu o crime. E, seguindo a única pista que possui, inicia um périplo que a levará a uma pacata cidade em Dakota do Sul e a um revelador encontro com o passado.

Resenha: Após ter sido condenada pelo assassinato de sua mãe num caso muito mal conduzido e ter passado dez anos na prisão, Jane Jenkins acabou de ser libertada. Sem ter pra onde ir e pra quem voltar, Jane só quer passar despercebida pela imprensa, já que o caso lhe rendeu uma considerável fama, e descobrir quem foi o culpado, mesmo que ela não tenha certeza absoluta de que não cometeu o crime. Ela, então, segue a única pista que tem, uma lembrança de partes de uma conversa que ouviu da mãe antes de sua morte, que a leva para as cidades gêmeas de Ardelle e Adeline, na Dakota do Sul, e lá vai ter revelações inesperadas. Mesmo que o caso tenha tido vários erros e manipulações, a responsabilidade pelo assassinato ainda é considerada de Jane, e quando ela se encontra no anonimato para buscar por respostas, a imprensa, a fim de manter o caso e os rumores sobre o crime em alta, inicia uma verdadeira caçada contra a moça que, sob, pressão precisa agir rápido.

Narrado em primeira pessoa, acompanhamos a história pelo ponto de vista de Jane enquanto ela tenta descobrir quem foi a pessoa realmente responsável pelo assassinato de sua mãe. Em meio a isso, há dúvidas levantadas sobre a própria Jane ser ou não culpada pelo crime.
A premissa em si é bastante atraente, mas, talvez por ser um livro de estreia, não me surpreendi como pensei que me surpreenderia devido ao desenvolvimento da história. A protagonista não é alguém muito agradável e em muitos pontos é praticamente indecifrável. Há personagens construídos de forma a serem imperfeitos e desagradáveis de forma proposital, mas, depois de finalizar a leitura, não acho que a intenção da autora foi essa... Acho que a forma como Jane foi construída pecou em vários pontos. Jane tem vinte e seis anos, ficou muitos anos presa depois de ter sido acusada de matar a mãe, e tem uma personalidade que oscila, com características que não combinam por falta de coerência, o que me fez inclusive duvidar da idade dela. Ela é apresentada como uma it girl, uma patricinha rebelde sem causa, irritante, rasa, rica e com uma aparente necessidade de ser bastante popular, mesmo que tenha sofrido abusos por parte da mãe enquanto ainda era viva. Mais tarde, em suas tentativas de descobrir a verdade, ela ainda precisa lidar com a ideia de fugir dos holofotes e passa a adotar um nome falso, Rebecca, e se disfarçar para não atrair atenção de ninguém, principalmente por haver uma recompensa para quem avistá-la. No decorrer dos acontecimentos, Jane mostra o quanto é esperta e tem a mente aguçada, mas num nível tão além do esperado que não convence. Os mistérios são resolvidos muito facilmente, de forma quase impossível, e acabam subestimando a inteligencia do leitor.

Em meio a narrativa, nos deparamos com mensagens de texto que Jane troca com outros personagens, boletins de ocorrência registrados na polícia, notícias, áudios, emails, documentos e afins, e mesmo que isso seja um recurso já conhecido, de certa forma, dá um dinamismo à trama e até ajuda na compreensão de alguns fatos sem ser cansativo.

Senti que os demais personagens foram jogados no meio do enredo sem muita preocupação com seus papéis, pois ao mesmo tempo que parecem ser importantes para as investigações, ou suspeitos por qualquer motivo, há uma mudança repentina no comportamento, talvez com intenção de forçar a opinião de leitor sobre ele, ou são descartados com a mesma rapidez que apareceram.
Não acho ruim que livros de suspense tenham alguns toques pontuais de bom humor para proporcionar uma certa leveza à trama e servir como forma de escape depois de algumas situações mais tensas que aparecem, mas quando esse toque é excessivo, acaba fugindo da proposta do gênero tornando o desenvolvimento até confuso. E isso se estende até nos pensamentos de Jane e em seus diálogos, que acabam sendo bem fracos ou carregados de frases de impacto que parecem estar alí pra influenciar o leitor a um sentimento que a autora parece querer causar de forma forçada, principalmente com relação às metáforas terríveis que ela utiliza.

Um ponto que achei muito interessante foi o cenário utilizado para o desenrolar da trama, Ardelle/Adeline, pois acabou representando a dicotomia de Jane/Rebecca e o que ela espera descobrir sobre os segredos da família, já que eles poderão ser (ou trazer) as respostas que ela procura. O cenário tem detalhes o bastante e acaba podendo ser considerado como um personagem vívido e que realmente fez diferença em estar alí.

Enfim, não acho que comparar autores, principalmente quando se trata de um livro de estreia, seja algo construtivo nesse caso. Há livros do gênero melhores, é claro, mas mesmo com alguns defeitos, a ideia é promissora e o livro não é uma total perda de tempo. Vale a leitura, nem que seja pela ideia de refletir sobre como a mídia não descansa quando o assunto é o ibope gerado sobre algo de grande repercussão e como a vida dos envolvidos é afetada por isso.

Mestre das Chamas - Joe Hill

5 de julho de 2017

Título: Mestre das Chamas
Autor: Joe Hill
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 592
Nota:★★★★☆
Sinopse: Ninguém sabe exatamente como nem onde começou. Uma pandemia global de combustão espontânea está se espalhando como rastilho de pólvora, e nenhuma pessoa está a salvo. Todos os infectados apresentam marcas pretas e douradas na pele e a qualquer momento podem irromper em chamas.
Nos Estados Unidos, uma cidade após outra cai em desgraça. O país está praticamente em ruínas, as autoridades parecem tão atônitas e confusas quanto a população e nada é capaz de controlar o surto.
O caos leva ao surgimento dos impiedosos esquadrões de cremação, patrulhas autodesignadas que saem às ruas e florestas para exterminar qualquer um que acreditem ser portador do vírus.
Em meio a esse filme de terror, a enfermeira Harper Grayson é abandonada pelo marido quando começa a apresentar os sintomas da doença e precisa fazer de tudo para proteger a si mesma e ao filho que espera.
Agora, a única pessoa que poderá salvá-la é o Bombeiro – um misterioso estranho capaz de controlar as chamas, e que caminha pelas ruas de New Hampshire como um anjo da vingança.

Resenha: Mestre das Chamas, escrito por Joe Hill e publicado pela Editora Arqueiro nos traz um enredo intrincado, num futuro próximo à beira do apocalipse.

O mundo está sofrendo com uma doença terrível chamada "Escama de Dragão". Quem desenvolve essa doença fica com marcas na pele que lembram escamas. Essas marcas, eventualmente, incendeiam fazendo com que as pessoas tenham uma espécie de combustão espontânea.

Harper é uma enfermeira que trabalha em uma escola infantil. Quando o caos se instala e as escolas deixam de funcionar, ela se voluntaria para trabalhar em um hospital. Visto que o mundo está acabando por causa de uma doença, um hospital não seria o lugar mais tranquilo para se trabalhar. Harper é casada com Jacob, um atencioso e carinhoso escritor, ou pelo menos era assim que ela o via...

Quando o hospital incendeia depois de mais uma vítima da doença sucumbir às escamas, Harper acaba ficando em casa com seu marido. Eles estão bem, tem provisões e não estão contaminados. Tudo está em ordem, até que ela descobre estar grávida. Em um mundo destruído por uma doença, uma gravidez não poderia ser a melhor notícia do mundo. Com um bebê a caminho, a enfermeira se descobre com a Escama do Dragão. Complicou? Claro que não! Como são nas adversidades que descobrimos a verdadeira face de quem nos rodeia, Jacob deixa cair a sua máscara de bom moço e se revela o pior dos homens. Egoísta, mesquinho e que, na verdade, nunca deu valor merecido à esposa, agora está decidido que ela não merece mais viver, e baseada nessa premissa, a história começa a se desenrolar.

No hospital, Harper fez algumas amizades, entre elas Reneé, uma senhora que estava com a escama e de repente, desapareceu e que foi embora sem maiores explicações, assim como o bombeiro John, que havia levado um menino para ser atendido lá. Depois que Jacob tenta matar a esposa, ela foge e reencontra seus antigos amigos, vai para um local onde todos estão contaminados, mas aprendem a controlar o fogo.

Mas gente, em um mundo onde não há mais justiça, onde a regra é matar todos os infectados sem punição, confiar em quem? Mesmo em um grupo onde supostamente estão protegidos pois, em princípio são iguais, tem discórdia, desunião, brigas e isso não é diferente na pacata colônia dos infectados.

Agora, além de ter que fugir do ex marido que quer matá-la, fugir do pessoal que quer exterminar os infectados, eles ainda têm que resolver os problemas que vão surgindo na Colônia, administrar uma gravidez que vai saber no que vai dar, ainda vai ter que fugir, com os poucos amigos que ela pode confiar... Para onde??? Ahhhh ela tem planos, tem sim!

Então, gostei da história e gostei, em parte, da narrativa. Achei-a muito arrastada, por mim, poderia ter metade das quase 600 páginas. Às vezes o autor detalhava demais, ou às vezes corria demais deixando alguns pontos meio superficiais. Tirando isso, o mundo apocalíptico criado pelo autor é incrível. Adorei os personagens, que são bem construídos, mas senti falta de maiores detalhes que os descrevessem fisicamente. No que diz respeito às emoções, comportamento e parte psicológica de forma geral dos personagens, achei tudo perfeito. O autor mostra de forma gradual as faces do ser humano, a forma como a humanidade pode se perder, ou como alguém é capaz de perder essa humanidade quando o pior acontece. Quando percebemos, conhecemos a maldade no seu âmago mais profundo, porém, assim como a maldade se mostra, a bondade e a amizade também, e assim como conhecemos o lado ruim num momento difícil, também conhecemos o lado bom de alguém que se doa por completo, sem esperar nada em troca.
Outro ponto interessante que eu adorei, foram as referências aos livros clássicos, às músicas e ao cinema, que quebraram um pouco o tom sombrio da leitura.

A parte física é perfeita. A capa linda e coerente com o contexto, as páginas são amarelas e a história é divida em nove "livros" (capítulos). Não encontrei erros durante a leitura.

Mestre das Chamas é um livro que traz em seu enredo um mundo em colapso, e mostra de forma crua e intensa o que as pessoas são capazes de fazer em nome da sobreviência quando tudo ao redor delas foi tomado pelo caos.

Terceira Voz - Cilla e Rolf Börjlind

8 de maio de 2017

Título: Terceira Voz - Olivia Rönning & Tom Stilton #2
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2017
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: Um funcionário da alfândega em Estocolmo é encontrado enforcado na sala de sua casa; uma ex-artista de circo cega, que fazia filmes pornô para sobreviver, é brutalmente assassinada em Marselha, na França. Duas mortes aparentemente desconexas unem os ex-policiais Olivia Rönning e Tom Stilton novamente em Terceira voz, segundo romance da dupla sueca Cilla e Rolf Björlind. Depois de Maré viva, em que apresentam os dois protagonistas numa trama repleta de violência e mistério, o casal de escritores e roteiristas põe os carismáticos Tom e Olivia novamente no centro de uma investigação de desdobramentos surpreendentes que faz jus ao sucesso e popularidade alcançados pela dupla no prestigiado segmento da literatura policial escandinava.

Resenha: Terceira Voz é o segundo volume da série Olivia Rönning & Tom Stilton e tráz de volta os protagonistas de Maré Viva para mais uma investigação cujo desenrolar é de tirar o fôlego.
Embora os casos sejam independentes, é recomendado que a leitura seja feita na ordem de lançamento pois a história não só envolve alguns acontecimentos e flashbacks do livro anterior, mas também faz uma conexão com os eventos dos capítulos finais e mostra como o caso que foi resolvido marcou os personagens.

Desta vez, duas mortes em locais distintos, e aparentemente sem ligação alguma, unem mais uma vez Olivia, que mudou o nome para Rivera, e Tom. Durante as investigações que estão sendo feitas em Estocolmo e Marselha, outros crimes envolvendo tráfico de drogas, sexo e abuso de poder começam a surgir e aos poucos, a ligação entre eles começa a aparecer.

Assim como no livro anterior, revelar muito do enredo seria dar spoilers para estragar a surpresa de quem ainda vai se aventurar por essas páginas, logo, não vou contar muito da história, pois quanto menos se souber, melhor e mais surpreendido o leitor ficará.

Agora que já me "acostumei" com todos aqueles nomes estranhos, mesmo que alguns me pareçam impronunciáveis de forma que eu mal consigo ler, o único ponto não tão favorável em meio a trama bastante sólida, foi o fato dos protagonistas continuarem mostrando mais camadas de suas personalidades sendo que eles já haviam sido apresentados, então, pra mim, mesmo que o caso tenha mexido com eles a ponto de eles ainda carregarem alguns fardos, continuar falando deles acabou sendo uma distração para o suspense e os mistérios a serem descobertos.

Olivia/Rivera, apesar de, às vezes, se comportar como uma adolescente, continua seguindo sua vida, e embarcar em mais uma investigação, mesmo após sua decisão depois de ter se formado como policial, a leva a fazer algumas escolhas no meio do caminho, algumas delas bastante improváveis inclusive, e assim como Tom, que continua lidando com suas lembranças, e muitas delas muito ruins, eles seguem lutando contra seus demônios e tomando decisões que, a longo prazo, terão consequências irreversíveis e que poderão recair sobre os futuros casos que surgirão.

Em suma, mesmo que a história comece num ritmo um pouco mais lento e introdutório, é bastante dinâmica quando os acontecimentos começam a se desenrolar. Há muita tensão, descrições sobre vários lugares diferentes fazendo do livro uma enorme viagem, e os personagens são muito humanos e convincentes, principalmente quando o passado de cada um deles vem à tona revelando ainda mais de suas experiências e histórias de vida. Os casos são resolvidos de forma conclusiva, mas fica no ar a ideia de que alguma coisa relacionada ao tal crime ainda poderá acontecer futuramente.
Assim como no primeiro livro, os autores fazem algumas críticas sociais delicadas mas importantes e dignas de reflexão.

Não acho que Terceira Voz tenha superado o primeiro livro. Por mais que a história seja complexa e intrigante, não senti que tenha sido tão sofisticada e convincente quanto a primeira, mas é prato cheio para os leitores que gostam de histórias contadas sobre várias perspectivas e que trazem crimes horríveis e um grandes mistérios a serem desvendados.


Maré Viva - Cilla & Rolf Börjlind

5 de maio de 2017

Título: Maré Viva - Olivia Rönning & Tom Stilton #1
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2015
Páginas: 512
Nota:★★★★☆
Sinopse: Olivia Rönning é uma jovem estudante da Academia de Polícia. Filha de um policial do departamento de homicídios, seu faro para juntar pistas e resolver mistérios é posto à prova quando resolve investigar um caso não concluído, prestes a parar no arquivo morto da polícia, como trabalho de faculdade. Trata-se do assassinato de uma mulher grávida, ocorrido na gelada e chuvosa ilha de Nordkoster, em 1987. O que Olivia não imagina é que a investigação trará muito mais perguntas do que soluções, a começar pelo misterioso desaparecimento do policial responsável pelo caso, entre outras descobertas surpreendentes.

Resenha: Maré Viva (Spring Tide) é um fenômeno que ocorre quando o Sol e a Lua se alinham com a Terra interferindo na altura das marés. Numa noite, em 1987, na enseada da ilha de Nordkoster, na Suécia, uma jovem grávida fora levada para a praia por três pessoas e enterrada até o pescoço para que a maré alta (mais alta do que o normal devido ao fenômeno) a afogasse lentamente. O crime cruel não foi solucionado, e tampouco a identidade da mulher foi descoberta. Vinte e três anos depois, quando esse caso estava prestes a ir pro arquivo morto da polícia, Olivia Rönning, uma jovem estudante da Academia de Policia, usa o caso para um trabalho do curso, mas se surpreende ao descobrir que um dos policiais responsáveis pelas investigações na época era seu pai, que trabalhava no departamento de homicídios. Olivia, então, determinada a seguir os passos do pai, decide investigar colocando suas habilidades à prova, e se munindo da tecnologia atual como forma de auxílio para que novas pistas possam ser descobertas, mas o que ela não esperava era encontrar mais perguntas do que respostas...
Paralelamente a esta investigação, uma onda de crimes brutais contra uma comunidade de sem-teto começa a acontecer pela cidade, e novas investigaçoes, buscas e verdadeiras caçadas começam a ser feitas.

Maré Viva é um livro particularmente difícil de ser resenhado por ter muitos detalhes e personagens interligados, logo, falar demais sobre o que acontece e sobre quem está envolvido acaba estragando a surpresa, por isso vou focar um pouco mais na minha opinião geral sobre o que a leitura me proporcionou.

Narrado em terceira pessoa através de vários pontos de vistas diferentes, o suspense é intrigante, envolvente, em muitos pontos arrepiante, e é impossível não se pegar pensando nas situações que acontecem alí durante dias a fio.
A trama se desenrola levando o leitor para várias direções quando trata do assassinato da grávida e dos ataques ao grupo de sem-teto, pois o primeiro não foi resolvido e o atual é um caso em que a polícia está falhando para solucionar. Aparentemente os casos não tem ligação alguma, até mesmo devido ao tempo entre os dois, mas a medida que as investigações de Olivia progridem, os casos começam a se entrelaçar, e contar com a ajuda de Tom Stilton, que foi parceiro do pai dela na investigação do primeiro crime, vai revelar muito mais do que o esperado.

É até comum nos depararmos com elementos já conhecidos em obras do gênero, como criminosos perigosos e cruéis que cometem assassinatos terríveis, violência, exploração, políticos ou empresários corruptos que começam a ser expostos, dezenas de suspeitos e reviravoltas que nos tiram o fôlego, mas a forma como a trama e a subtrama foram conduzidas pelos autores, principalmente se considerarmos a ambientação e o clima gelado, torna tudo muito real, convincente e muito intenso.
Vários detalhes surpreendem muito e dependendo da atenção dada ao que foi lido é possível conseguir prever o que pode acontecer, mas nem sempre isso acontece o que faz com que cada acontecimento seja uma surpresa.

Embora o livro esteja recheado de temas pesados, ainda é possível nos depararmos com alguns momentos bem humorados que, por mais que contrastem com as investigações, não tiram o foco do que realmente importa.
Olívia e Tom são muito bem construídos e convencem por suas personalidades, pela forma de pensar e por suas escolhas. Ela é uma mulher admirável. Durante as investigações é possível perceber o quanto ela se importa com as vítimas e como ela lida diante dos crimes e de suas descobertas.
Tom é um homem inteligente e bastante respeitável, e através dele podemos conhecer o lado daqueles que ficam às margens da sociedade, como são discriminados e por que fazem escolhas ruins para suas vidas.
Mesmo que eles sejam o oposto e a diferença de idade seja grande, eles são bem parecidos no que diz respeito a força pessoal na busca por justiça.

A única ressalva que tenho, além dos nomes de pessoas e locais dos quais muitos não soube nem como pronunciar por conta daqueles acentos malucos (o livro é um romance escandinavo, logo se preparem para nomes bem estrambólicos), é sobre alguns pontos que parecem terem ficados soltos, como se, talvez pela quantidade de personagens, alguém estivesse alí sem um propósito realmente importante ou sem a devida profundidade.

Pra quem gosta do gênero policial é livro mais do que indicado. O equilíbrio entre os temas foi feito com maestria, há algumas críticas sociais bastante relevantes, os personagens são ótimos e a leitura de forma geral foi super satisfatória.

Objetos Cortantes - Gillian Flynn

18 de março de 2017

Título: Objetos Cortantes
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller/Suspense/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 254
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado.
Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Resenha: Depois do sucesso estrondoso de Garota Exemplar, a autora Gillian Flynn teve outras obras publicadas pela Intrínseca aqui no Brasil.
Objetos Cortantes narra a história de Camille, uma repórter de um jornal em Chicago. A morte de duas garotas em sua cidade natal, Wind Gap, a faz retornar para lá a fim de investigar o ocorrido e redigir uma reportagem para seu editor. Esse retorno, entretanto, gera mais do que uma simples investigação: além de descobrir a identidade do assassino, Camille terá que lidar com os fantasmas do seu passado.

A capacidade de Gillian trabalhar o modo psicológico em seus livros fica evidente a cada obra lançada pela autora. Enquanto em Garota Exemplar a insanidade de uma mulher é mostrada ao decorrer da história, em Objetos Cortantes temos também várias figuras femininas como principais no enredo. Pouco a pouco a personalidade delas é trabalhada e desenvolvida, mas há um mistério excelente na relação das personagens e isso instiga muito, criando dúvidas quanto ao papel desempenhado por cada uma delas. Flynn consegue construir figuras interessantes em cada obra sua, de modo que o necessário é mostrado e o principal é escondido e guardado para o final.

A narrativa é feita em primeira pessoa por Camille, uma mulher de trinta e poucos anos que carrega um passado turbulento e cheio de "marcas". A personagem é complexa, tem uma personalidade profunda e é até meio similar a Amy Exemplar. O contato o dela com a mãe, Adora, é o que há de mais interessante em Objetos Cortantes. Espera-se de relação mãe versus filha algo cheio de amor e compreensão, mas entre as duas não há nada além de frieza. É estranho ver com as duas se relacionam. Gradativamente, Flynn vai esmiuçando os diversos pontos dessa proximidade maternal tão peculiar e surpreende ao mostrar o modo como isso se originou.

Outra personagem que tem grande importância é Amma, filha de Adora e meia-irmã de Camille. A representatividade da precocidade juvenil é evidente nela. Com apenas treze anos, muitos seios e uma sexualidade já aflorada, a garota é tudo o que não espera-se de uma menina tão jovem.  Mas além disso, a forma como ela se porta diante de diversas situações é muito medonha. Em diversos momentos ela profana coisas horríveis para irmã e em outros está calma e doce. Uma verdadeira bipolar.

Objetos Cortantes é um livro curto de leitura fácil e rápida. A história instiga não pelo fato de seu desenvolvimento acelerado e investigação policial, mas, sim, por ter acontecimentos intrigantes em torno da protagonista. A história tem um foco maior no teor psicológico e é isso que a torna tão boa. Por que Amma se comporta de maneira tão estranha? Por que Adora não gosta da própria filha? Por que Camille usava objetos para cortar-se? Perguntas como essas surgem e se arrastam até o final. O desfecho surpreende e deixa uma moral: nem tudo que parece realmente é.

Arma de Vingança - Danilo Barbosa

15 de fevereiro de 2017

Título: Arma de Vingança
Autor: Danilo Barbosa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Suspense/Policial
Ano: 2015
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Como uma deusa cruel e vingativa, destruirei todos que estiverem em meu caminho...
O que você seria capaz de fazer por vingança? Suportaria uma vida cercada de mentiras, traições, dores, crime e morte? Ana sobreviveu. Pagou o seu preço com marcas que o tempo nunca será capaz de apagar. Deixou para trás toda a inocência de criança para dar lugar a uma mulher fria e calculista, disposta a ser a perfeita arma de execução contra aqueles que tentaram destruí-la. Para conseguir os seus objetivos, não terá limites: irá mentir, enganar, seduzir e trair... Sem remorsos ou pena daquele que um dia julgou amar. Prepare-se para ouvir a história de Ana. Caminhe na tênue linha entre a paixão e a obsessão e veja como até os príncipes encantados tem o seu lado sombrio. Afinal, esta não é uma história de amor.

Resenha: Arma de Vingança, escrito pelo autor Danilo Barbosa e publicado pela Universo dos Livros, não é uma história de amor. O livro conta a história de Ana, uma mulher cujo passado conturbado ainda a atormenta e por isso ela tenta levar a vida sem deixar se abalar. Até que ela conhece Ricardo, um homem que, a princípio, parece ser o cara dos sonhos de qualquer mulher. Ele a trata bem e a protege, sempre fazendo com que ela se sinta segura e muito amada. Mas o que Ana não sabe é que seu "príncipe encantado" tem planos sombrios, e tais segredos podem acarretar em um final nada feliz...

Narrado em primeira pessoa, Arma de Vingança aborda temas pesados e difíceis de se lidar, que é o caso da violência e dos abusos sofridos por uma mulher, e o comportamento que surge e se desenvolve a partir dessas experiências traumáticas. Mesmo tendo essa pegada mais sombria, o que me agradou foi me deparar com uma protagonista que, por ter um passado trágico, agora é movida pelo desejo de vingança, e promete fugir de qualquer estereótipo já imposto para personagens femininas.
"Aqui, diante de você, contarei em detalhes a minha história, finalmente. Se em algum momento eu parecer cruel, insensível ou uma grande cretina, peço que me desculpe, mas fui mesmo. Não estou aqui para ser julgada pelos meus atos. Considerando o que fizeram comigo, eu fiz o que achava justo. E se errei, espero que Deus me perdoe..."
- Pág. 12
Ana, depois de tudo o que passou e ter conseguido sobreviver ao pior que alguém poderia lhe fazer, perde a inocência e a esperança que já fizeram parte dela um dia, e se torna uma mulher extremamente fria, calculista e disposta a destruir sem a menor piedade aqueles que a machucaram de alguma forma. E ela fará de tudo para alcançar seus objetivos, não importa até onde tenha que ir pra isso. As atitudes dela, as escolhas que faz, o caminho que percorre podem soar erradas e exageradas, dependendo do ponto de vista do leitor, mas posso afirmar que são escolhas carregadas de audácia e coragem, que são compreensíveis, mas talvez melhores aceitas por pessoas mais frias ou que não se apegam a sentimentalismos baratos.

A escrita do autor é formal e rebuscada, mas muito fluída. Alguns capítulos são narrados por outros personagens, dando novos pontos de vista à trama a partir de seus pensamentos e tornando a história mais envolvente. Os personagens são bem construídos e suas particularidades tornam a história mais intensa, despertando no leitor ódio e simpatia e todo momento.

Arma de Vingança é uma história que não nos apresenta somente uma protagonista forte e decidida, mas uma mulher que descobriu formas nada convencionais de lidar com os problemas e de superar traumas que poderiam destruir sua vida. Cabe ao leitor avaliar os fatos a fim de tantar compreender seus motivos, e, quem sabe, torcer para que sua vingança seja bem sucedida...
Um livro curto e de leitura rápida que aborda a maldade e a crueldade num nível que muitos sequer podem imaginar, mas também as consequências que partem daqueles que têm coragem o bastante para enfrentar seus piores pesadelos...

A Cidade dos Espelhos - Justin Cronin

7 de fevereiro de 2017

Título: A Cidade dos Espelhos - A Passagem #3
Autor: Justin Cronin
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção científica
Ano: 2016
Páginas: 688
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Num futuro em que todas as regras foram mudadas, é hora de cada um encontrar o próprio destino.
Ano 100 D.V.: após a destruição dos Doze e de seus Muitos, nenhum viral foi visto nos últimos três anos. As fortalezas que protegiam os últimos humanos dos infectados começam a parecer desnecessárias.
Na República do Texas, as vigílias constantes já não encontram inimigos e o controle de natalidade se mostra um contrassenso quando há todo um continente vazio à espera de ser repovoado.
Com novas demandas do povo surgindo a cada dia, o presidente Peter Jaxon decide levar adiante a ideia de abrir os portões da cidade fortificada e dar início à reconstrução do que um dia foi um país de milhões de habitantes.
Mas a atmosfera de calmaria é apenas parte de um plano maligno. Fanning, o Zero, aquele que deu início ao caos, esteve pacientemente aguardando em sua eternidade pelo momento em que as vítimas finais baixariam a guarda. Seu exército está pronto e, em suas fileiras, as armas são garras e presas e a motivação é a sede de sangue.
Para fechar essa tão esperada trilogia, Justin Cronin construiu um conto de sobrevivência e fé, em que os limites entre o bem e mal são postos à prova e um questionamento inquietante permeia cada página: o que nos torna humanos, afinal?

Resenha: O número é 100. Muitas décadas se passaram desde o início da destruição que se iniciou em A Passagem. Depois da morte dos Doze, os virais desapareceram e uma estranha sensação de paz tomou os sobreviventes. As pessoas vivem suas vidas, têm filhos, criam animais e se acostumaram com a calmaria e a reconstrução da raça humana. Entretanto, Fanning, o Zero, esteve o tempo todo preparando seu exército para o ataque. Em A Cidade dos Espelhos, Cronin mais uma vez conta a história com maestria e prova que a saga de Amy é digna de todos os aplausos do início ao fim.

Neste terceiro volume da trilogia a história se inicia com o tempo em que Peter Jackson e os sobreviventes estão retomando a normalidade da vida. Mas não é a isso que a trama se atrela no começo, e sim ao que aconteceu com Fanning. Diferente do que ocorre nos volumes antecessores, aqui temos uma narração feita em primeira pessoa pelo Zero. Ter a voz do personagem é interessante, e dessa maneira o objetivo de tudo que há na mente dele é desvendado. À primeira vista a trajetória dele parece um pouco enfadonha e inconclusiva, mas faz todo o sentido no final. Isso toma certa parte do livro, mas se mostra necessária e foi indispensável para a conclusão da trilogia.

Acabada a parte que trata a vida de Fanning, o autor retorna aos acontecimentos do ano 100 D.V e a aventura vai ganhando mais forma. Utilizando a mesma fórmula de suspense, os virais estão a espreita e os personagens seguem seus rumos e tentam recriar suas vidas. O que mais enriqueceu a trilogia A Passagem é, além do ótimo enredo que envolve "vampiros", os componentes dessa saga por sobrevivência. Entre acontecimentos explosivos e a expectativa sobre o ataque dos dracs, Sara, Peter, Michael, Hollis e os outros, continuam lutando e tendo suas personalidades e atitudes acrescentando mais e mais ao enredo. Em cada parte do livro algum dos protagonistas tem um foco e é bom ter os sentimentos individuais deles aprofundados, o que não havia acontecido ainda. Sara, que agora está mais velha e é médica, protagoniza uma das cenas mais marcantes e cheia de emoção.

Uma história como a desta trilogia é um prato cheio para imaginação. Justin utilizou de uma narrativa muito detalhada e conseguiu dar muita vivacidade a tudo. Para acrescentar mais ainda a isso, o livro conta com uma série de fotos que mostram os cenários em que os personagens viveram. A aparência dos virais, que foram descritos como seres de grandes garras, rostos magros e longos com dentes pontiagudos, são exibidos em imagens e é interessante ver quão bem feito foi o trabalho gráfico.

Em Os Doze e A Passagem a ação encontrada foi mais empolgante. A grande expectativa de é ver como Fanning tentará acabar com todos utilizando seus virais. O que acontece, na realidade, é aquém do que ele escreveu nos volumes antecessores. Faltou um pouquinho mais de ação, já que as cenas em ela ocorre são tão rápidas que fica a vontade de ver mais daquilo.

A Cidade dos Espelhos fecha muito bem a trilogia, mas não é o melhor dos três livros. Isso, entretanto, não significa que a história se perdeu ou algo do tipo. É fato que o autor soube o que estava escrevendo e o final da trama foi satisfatório. Num epílogo, que salta cerca de 1000 anos após o vírus, a realidade apresentada não condiz muito com o que se era esperado e o autor caiu um pouco no clichê. Entretanto, é graças a este final que a trilogia A Passagem se encerra com uma clara mensagem: o amor tanto constrói quanto destrói.

Os Doze - Justin Cronin

6 de fevereiro de 2017

Título: Os Doze - A Passagem #2
Autor: Justin Cronin
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção Científica
Ano: 2013
Páginas: 592
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Em A passagem, doze prisioneiros sentenciados à morte foram usados em um experimento militar que buscava criar o soldado invencível. Mas a experiência deu terrivelmente errado. Um vírus inoculado nas cobaias acabou com qualquer resquício de sua humanidade e elas fugiram, matando ou infectando qualquer um que cruzasse seu caminho. Os infectados se tornavam virais obedientes a seu criador, mais um de seus Muitos. No caos que se formou, a única chance de sobrevivência para a espécie humana eram fortificações altamente protegidas. Assim se formou a Primeira Colônia, um reduto a salvo dos virais, mas isolado do resto do mundo. Noventa e dois anos depois, uma andarilha surgiu às portas da Colônia. Era Amy Harper Bellafonte, a Garota de Lugar Nenhum, aquela que iria liderar um grupo de colonos e eliminar a cobaia número 1, Gilles Babcock, libertando seus Muitos. Agora, cinco anos após ter cruzado as Terras Escuras em busca de respostas e salvação, seu grupo está separado. Cada um seguiu seu caminho, mas seus destinos logo voltarão a se cruzar, num embate definitivo contra uma ameaça mortal. Fanning, o Zero, aquele que deu origem ao apocalipse, tem planos para refazer o grupo dos Doze e conta com um aliado poderoso, disposto a qualquer coisa em nome da própria imortalidade. Segundo livro da trilogia A passagem, Os Doze nos faz questionar a mente humana, os avanços científicos e a busca do poder que leva a uma certeza sombria de nossa capacidade para o mal. Mas, acima de tudo, ele reforça nossa esperança em uma humanidade que se adapta, sobrevive e não se rende.
Resenha: O Tempo De Antes. Tudo aconteceu de uma forma rápida, alastradora, e então, os Estados Unidos estava sendo tomado por virais. Alguns sobreviventes foram encontrados e concentrados em um campo militar, mas não estavam imunes aos perigosos dracs. Nove décadas depois, Peter, Alicia, Michael, Amy e os outros continuam a sua jornada arriscada com o intuito de sobreviver e destruir de uma vez por todas Os Doze.

Continuar uma trilogia ou série nunca é fácil. Com uma história que se inicia com alto nível, como A Passagem, é esperado que a sequência seja tão boa quanto. Os Doze, que foi lançado cerca de 3 anos depois do seu antecessor, parece, à primeira vista, um tanto perdido. A narrativa de Cronin não é linear, e desse modo ele optou por apresentar o "antes", como o vírus se originou e se espalhou pelo mundo. De forma lenta e gradativa, dando todos os detalhes possíveis para enriquecer a trama, o autor desenrola fatos com personagens novos, excluindo temporariamente aqueles que já conhecíamos. A leitura dos livros de Justin Cronin são uma viagem extraordinária, mas é necessário para cada leitor que for embarcar nisso saiba que o texto virá cheio de detalhes e por vezes vai tomar um ritmo lento.

Mas é graças a este ritmo que temos uma história muito bem construída. Devido aos relatos do tempo de antes, a trama se volta no presente a um ambiente novo e o autor enlaça tudo muito bem. Agora, há uma semelhança maior com vampiros e há revelações capazes de deixar qualquer um apreensivo. No book trailer americano é exibida uma cena do livro, que ocorre num milharal. Este é, com certeza, um dos melhores momentos da trama

Os Doze só não foi tão bom quanto A Passagem por uma única questão: a inserção de personagens no Tempo de Antes que não tiveram relevância no enredo. Apesar de Cronin ter uma narrativa mais elaborada, um tanto poética e mais lenta, tal grupo de pessoas e os acontecimentos que os envolvem não fizeram muito sentido no conjunto todo. No mais, o livro funciona muito bem em todos os outros pontos. O grupo de protagonistas está cada vez mais unido e o final é de tirar o fôlego, deixando uma porta aberta cheia de possibilidades para a finalização com A Cidade dos Espelhos.

"Num mundo cercado por monstros, o inimigo mais cruel pode ser o próprio homem". 

A Passagem - Justin Cronin

5 de fevereiro de 2017

Título: A Passagem - A Passagem #1
Autor: Justin Cronin
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção científica
Ano: 2010
Páginas: 816
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Primeiro, o imprevisível: a quebra de segurança em uma instalação secreta do governo norte-americano põe à solta um grupo de condenados à morte usados em um experimento militar. Infectados com um vírus modificado em laboratório que lhes dá incrível força, extraordinária capacidade de regeneração e hipersensibilidade à luz, tiveram os últimos traços de humanidade substituídos por um comportamento animalesco e uma insaciável sede de sangue. Depois, o inimaginável: ao escurecer, o caos e a carnificina se instalam, e o nascer do dia seguinte revela um país – talvez um planeta – que nunca mais será o mesmo. A cada noite, a população humana se reduz e cresce o número de pessoas contaminadas pelo vírus assustador. Tudo o que resta aos poucos sobreviventes é uma longa luta em uma paisagem marcada pelo medo da escuridão, da morte e de algo ainda pior. Enquanto a humanidade se torna presa do predador criado por ela mesma, o agente Brad Wolgast, do FBI, tenta proteger Amy, uma órfã de 6 anos e a única criança usada no malfadado experimento que deu início ao apocalipse. Mas, para Amy, esse é apenas o começo de uma longa jornada – através de décadas e milhares de quilômetros – até o lugar e o tempo em que deverá pôr fim ao que jamais deveria ter começado. A passagem é um suspense implacável, uma alegoria da luta humana diante de uma catástrofe sem precedentes. Da destruição da sociedade que conhecemos aos esforços de reconstruí-la na nova ordem que se instaura, do confronto entre o bem e o mal ao questionamento interno de cada personagem, pessoas comuns são levadas a feitos extraordinários, enfrentando seus maiores medos em um mundo que recende a morte. .
Resenha: A Passagem é um livro que surgiu como um pedido de uma filha, que desejava ver uma personagem feminina salvando o mundo. Atendendo a esse pedido, Justin Cronin deu início a esssa trilogia.

Testes laboratoriais com um vírus foram feitos em prisioneiros sentenciados a morte, e quando tudo saiu de controle, uma dizimação da raça humana começou. A partir disso, as pessoas infectadas começaram a se tornar criaturas com dentes pontiagudos, mãos e pés em formas de garras, aversão à luz e sede por sangue. A realidade que conhecemos acabou ali, dando lugar a quase extinção da humanidade. É dado início ao Ano 0, o que marca uma nova Era no mundo.

Cerca de sete décadas depois a história retrata um grupo de sobreviventes que residem numa Colônia. Lá eles vivem com a proteção de muros altos, vigilância vinte e quatro horas e refletores que são ligados toda noite, para espantar os virais. Só que sem comunicação com o mundo externo, os moradores dali vivem com a incerteza do que há lá fora. As baterias que sustentam o lugar não durarão para sempre, e em algum momento as luzes podem se apagar, banhando tudo em escuridão e morte. A chegada de uma andarilha até eles se torna a peça chave para que Peter, Alicia, Maus, Michael, Hollis, Sara e Caleb saiam dali em busca de respostas e esperança de sobrevivência.

A Passagem, que foi lançado em 2010, é o livro de estreia de Justin Cronin. A história conta com mais de oitocentas páginas e é uma viagem surpreendente por um mundo apocalíptico. De uma maneira gradativa e com uma escrita bem detalhada, que por vezes soa poética de tão bom o modo que as palavras são colocadas, o autor conseguiu criar uma trama capaz de submergir o leitor naquilo até o final. De acordo com Stephen King, a leitura dessa história faz com que você esqueça completamente o mundo que conhece. Ele não está errado.

O começo é bem lento, mas levando em conta o tema do livro, essa lentidão se faz necessária para que nenhum detalhe seja perdido. A personagem Amy é uma criança inocente que não vive em condições sócio econômicas muito boas e com uma sucessão de fatos ela acaba se tornando uma cobaia para testes do vírus, juntamente com outros doze prisioneiros. Cronin mostrou grande preocupação quanto à construção de cada um deles, mas uma atenção especial foi dada à Amy e Carter, que têm suas vidas contadas e desempenham papéis importantes na trama.

Dividido em partes, a história conta com uma grande passagem de tempo. A Colônia é onde boa parte do enredo se passa e os personagens que fazem parte daquela comunidade são louváveis e inesquecíveis. Soa clichê, mas boa parte dos pontos positivos são por causa deles, que foram bem construídos e são muito críveis. Em maio a paisagens desérticas, cidades arruinadas e virais sedentos por sangues, a história se torna mais interessante porque os protagonistas são, sem exceção, dignos de toda honra.

O que diferencia A Passagem dos outros livros de ficção é a forma com que Cronin leva o leitor para conhecer um mundo novo  e desconhecido. Apesar de não ser tão "novo" um enredo sobre seres que matam por sede de sangue, a história que está por trás de tudo isso é bem elaborada. O suspense é dado na medida certa e a trama passa por vários estágios e lugares, sendo uma verdadeira viagem com muita ação e aventura. Com personagens reais e um enredo de tirar o fôlego, A Passagem é o tipo de leitura que, de tão boa, te faz fechar os olhos e sentir que faz parte daquilo tudo.

Garota Desaparecida - Sophie McKenzie

29 de janeiro de 2017

Título: Garota Desaparecida - Garota Desaparecida #1
Autora: Sophie McKenzie
Editora: Verus
Gênero: Suspense/Drama/YA
Ano: 2016
Páginas: 238
Nota:★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Lauren mora na Inglaterra e sempre soube que é adotada. Mas, quando uma breve pesquisa sobre o seu passado revela a possibilidade de ela ter sido roubada de uma família americana ainda bebê, a vida de Lauren de repente parece uma fraude. O que ela pode fazer para tentar encontrar os pais biológicos? E seus pais adotivos terão sido os responsáveis por sequestrá-la? Lauren convence sua família a fazer uma viagem para o outro lado do Atlântico e, lá chegando, foge a fim de tentar descobrir a verdade. Mas as circunstâncias de seu desaparecimento são sombrias, e os sequestradores de Lauren ainda estão à solta — e dispostos a qualquer coisa para mantê-la calada.

Resenha: Garota Desaparecida é o livro de estreia da autora inglesa Sophie McKenzie publicado no Brasil pela Verus.
Lauren Matthews vive na Inglaterra e é uma adolescente de quatorze anos que foi adotada quando tinha três anos de idade, mas nunca obteve respostas dos pais sobre sua família biológica. Aparentemente tudo ia bem, até ela receber uma lição de casa que mudaria sua vida. Ela deveria escrever uma redaçaõ sobre quem ela é, mas, sem saber exatamente de onde veio, as coisas não seriam tão fáceis assim... Ao fazer uma pesquisa na internet, ela se depara com um site de pessoas desaparecidas, e fica surpresa ao encontrar uma menina parecida com ela e que desapareceu há onze anos, quando Lauren fora adotada. O que ela sabe não é suficiente, várias dúvidas sobre seus pais adotivos começam a surgir, afinal, como saber se eles são os responsáveis ou não por sequestrá-la? E o que ela poderia fazer para encontrar seus pais biológicos que aparentemente são americanos?
Lauren foge para tentar descobrir a verdade sobre seu passado, mas isso pode colocar sua vida em risco...

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Lauren, junto com seu amigo James, numa missão para descobrir o que aconteceu.
O livro parece ter sido classificado como um Young Adult, mas pela escrita e pela forma de agir da protagonista, acho que se encaixaria melhor como sendo um suspense juvenil com alguns toques dramáticos.
Lauren não é uma personagem que cativa o leitor, não só pelo seu típico comportamento irritante de adolescente rebelde sem causa, mas por ser muito egoísta e completamente impulsiva. Ela age sem pensar nas consequências e ainda, sabe-se lá como e porquê, consegue convencer as pessoas a fazer o que ela quer de uma forma conveniente para que a história continue sendo desenvolvida, mas, ao meu ver, de um jeito impossível, forçado e até fantasioso, a ponto de eu não acreditar que alguns acontecimentos fossem mesmo verdade.

Nessa jornada, Lauren enfrenta perigos, é forçada a encarar verdades que não esperava e ainda precisa confrontar um passado dificil e doloroso, e fica no ar a ideia de ela ter ou não um final feliz depois de tudo o que descobre. Temas como a dinâmica familiar e o impacto que a adoção - principalmente quando é ilegal - tem na vida das pessoas são abordados, e o drama inserido é até interessante, principalmente quando consideramos um sequestro e o quão triste isso é para uma mãe que tem seu filho levado, mas o problema que tive com o livro é que pelo tema ser delicado e interessante, esperava um desenvolvimento melhor, mais drama, mais intriga, e não uma história superficial em que a autora quer passar muitas mensagens mas no final não passa praticamente nada.
A sensação que tive é que se o leitor se atentar aos mínimos detalhes em vez de se prender a escrita fácil e envolvente da autora, vai encontrar furos e partes que não fazem muito sentido, mas, posso dizer que Garota Desaparecida mostra que quanto mais se cava, mais fundo se chega, e encontrar as respostas para tantos questionamentos nem sempre será algo bonito ou agradável de se ver.

A diagramação do livro é bastante caprichada. Os capítulos são numerados e possuem títulos que combinam com o da capa, simulando frases cujas letras foram recortadas individualmente de algum jornal ou revista. A capa também combina bem com a proposta do livro.

No mais, pra quem procura por uma leitura rápida que levanta algumas reflexões sobre alguém que se propõe a embarcar numa aventura para descobrir mais sobre seu passado e acaba descobrindo mais sobre si mesma, é uma leitura que vale a pena, sim. Só não vá com muitas expectativas esperando por uma coisa específica, pois você encontrará outra bem diferente...


Fellside - M.R. Carey

28 de janeiro de 2017

Título: Fellside
Autor: M.R. Carey
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Terror/Suspense
Ano: 2016
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Uma história de terror moderna, perturbadora e emocionante, assinada pelo mestre dos quadrinhos M. R. Carey, pseudônimo de Mike Carey, roteirista de sucessos como X-Men e Hellblazer e autor do cultuado A menina que tinha dons, adaptado para a telona pela Warner Bros (ainda sem previsão de estreia no Brasil). Em seu segundo romance, Carey conta a história de uma mulher que vive em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada nos confins da Inglaterra. Acusada de ter incendiado o seu apartamento e matado por acidente uma criança, Jess Moulson vive afundada em culpa e medo, e sabe que não pode confiar em ninguém ali. Até que começa a ouvir a voz de uma criança. Uma criança morta, que tem uma mensagem para Jess. 

Resenha: Fellside é o segundo livro do autor M.R. Carey publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.
Nele vamos acompanhar a história de Jessica Moulson, uma mulher viciada em heróina que foi acusada de ter matado Alex Beech, um garoto de dez anos que morava no andar de cima, após ter incendiado o próprio apartamento. Agora Jess é prisioneira em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada em Yorkshire. Diariamente ela sente o gosto amargo da culpa pelo que fez pois Alex, mesmo sendo uma criança, era um amigo por quem ela tinha um grande apreço. Nada do que passou ainda é o suficiente para servir como uma punição e, mesmo sem ter muitas lembranças do ocorrido, ela quer esquecer tudo de forma definitiva e até para de se alimentar, se entregando a própria morte. Jess vai ficando cada vez mais fraca e começa a ter visões de uma criatura fantasmagórica, e é quando ela percebe que aquele visitante é Alex, que lhe faz algumas revelações confusas por também não se lembrar de muita coisa. Jessica decide ajudar o garoto a descobrir o mistério que está por trás da verdadeira causa de sua morte...

Narrado em terceira pessoa, a história se inicia num ritmo lento, alterna os pontos de vistas entre outros personagens e esse desenvolvimento dinâmico ganha uma guinada que envolve o leitor de forma que fica impossível largar o livro.
O mistério que envolve Alex começa a ganhar profundidade mas outros temas que fazem parte da vida de Jess começam a ser trabalhados, mostrando o lado obscuro da vida de um viciado, mas também a vida dentro da prisão, o que dá mais camadas à trama e faz com que as peças desse suspense comecem a se encaixar relevando algo muito pior e mais sinistro.
Eu gostei de Jess, e mesmo que seu estado seja de total desesperança, ainda há aquela faísca de que tudo vai dar certo, mesmo que a ajuda venha de alguém improvável... Ela não é uma pessoa ruim, só fez escolhas erradas que a levaram a própria ruína e agora quer consertar as coisas pois acredita que não é insistindo nos mesmos erros que ela vai ter sua tão almejada redenção.
Os demais personagens também são bem construídos e desenvolvidos, mas nem sempre as coisas sobre eles ficam tão claras, pelo menos até que o leitor se aproxime do desfecho e comece a entender tudo o que parecia não fazer sentido.

Não sei se o gênero desse livro pode ser considerado como terror, pois ele é mais voltado pro lado do mistério, do sobrenatural já que envolve o lance de aparições fantasmagóricas e afins.
A capa, apesar de simples, é bem caprichada e os arames farpados são ásperos e em altorelevo. A diagramação é bem simples, as páginas amarelas e os capítulos são numerados e possuem poucas páginas, o que colabora para a fluidez da leitura.
Um ponto interessante é que a cada capítulo temos um novo ponto de vista, e isso impulsiona o leitor a prosseguir com a leitura de forma frenética, mesmo que, às vezes, ele seja levado em direções completamente diferentes do que se espera.

Fellside traz uma história inteligente e bem construída que mostra que, às vezes, só quando a pessoa chega no seu limite e está no fundo do poço, é que ela percebe que precisa sair dessa já que se entregar às drogas é o mesmo que abdicar da capacidade de levar uma vida social, se autodestruir e ainda corroer a vida das pessoas que estão ao redor. Não é fácil se redimir, não é fácil aceitar que ter ajuda é necessário, mas só com a devida ajuda é possível escapar desse terrível abismo...