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Objetos Cortantes - Gillian Flynn

18 de março de 2017

Título: Objetos Cortantes
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller/Suspense/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 254
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado.
Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Resenha: Depois do sucesso estrondoso de Garota Exemplar, a autora Gillian Flynn teve outras obras publicadas pela Intrínseca aqui no Brasil.
Objetos Cortantes narra a história de Camille, uma repórter de um jornal em Chicago. A morte de duas garotas em sua cidade natal, Wind Gap, a faz retornar para lá a fim de investigar o ocorrido e redigir uma reportagem para seu editor. Esse retorno, entretanto, gera mais do que uma simples investigação: além de descobrir a identidade do assassino, Camille terá que lidar com os fantasmas do seu passado.

A capacidade de Gillian trabalhar o modo psicológico em seus livros fica evidente a cada obra lançada pela autora. Enquanto em Garota Exemplar a insanidade de uma mulher é mostrada ao decorrer da história, em Objetos Cortantes temos também várias figuras femininas como principais no enredo. Pouco a pouco a personalidade delas é trabalhada e desenvolvida, mas há um mistério excelente na relação das personagens e isso instiga muito, criando dúvidas quanto ao papel desempenhado por cada uma delas. Flynn consegue construir figuras interessantes em cada obra sua, de modo que o necessário é mostrado e o principal é escondido e guardado para o final.

A narrativa é feita em primeira pessoa por Camille, uma mulher de trinta e poucos anos que carrega um passado turbulento e cheio de "marcas". A personagem é complexa, tem uma personalidade profunda e é até meio similar a Amy Exemplar. O contato o dela com a mãe, Adora, é o que há de mais interessante em Objetos Cortantes. Espera-se de relação mãe versus filha algo cheio de amor e compreensão, mas entre as duas não há nada além de frieza. É estranho ver com as duas se relacionam. Gradativamente, Flynn vai esmiuçando os diversos pontos dessa proximidade maternal tão peculiar e surpreende ao mostrar o modo como isso se originou.

Outra personagem que tem grande importância é Amma, filha de Adora e meia-irmã de Camille. A representatividade da precocidade juvenil é evidente nela. Com apenas treze anos, muitos seios e uma sexualidade já aflorada, a garota é tudo o que não espera-se de uma menina tão jovem.  Mas além disso, a forma como ela se porta diante de diversas situações é muito medonha. Em diversos momentos ela profana coisas horríveis para irmã e em outros está calma e doce. Uma verdadeira bipolar.

Objetos Cortantes é um livro curto de leitura fácil e rápida. A história instiga não pelo fato de seu desenvolvimento acelerado e investigação policial, mas, sim, por ter acontecimentos intrigantes em torno da protagonista. A história tem um foco maior no teor psicológico e é isso que a torna tão boa. Por que Amma se comporta de maneira tão estranha? Por que Adora não gosta da própria filha? Por que Camille usava objetos para cortar-se? Perguntas como essas surgem e se arrastam até o final. O desfecho surpreende e deixa uma moral: nem tudo que parece realmente é.

Garota Exemplar - Gillian Flynn

8 de maio de 2013

Lido em: Maio de 2013
Título: Garota Exemplar
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller/Drama/Suspense
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★★
Sinopse: Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
Resenha: Às vezes me pego pensando em como existem pessoas que vivem de aparências, ou que por trás de toda uma pose, existe alguém bem diferente do que podemos imaginar de forma a nos deixar surpresos, e se você tem esses questionamentos, fica encucado com atitudes assim, ou até mesmo finge ser quem você não é, só posso afirmar uma coisa: Garota exemplar vai chocar você. Ainda não sei identificar se o "choque" é algo positivo ou não, mas é o tipo de livro com uma história de extremos, que leva o leitor do amor ao ódio, que termina e te faz pensar em milhões de coisas e que ainda te deixa com aquela sensação incômoda, de incredulidade, por simplesmente não acreditar (ou não entender) como funciona a mente alheia e até onde as pessoas podem ir e o que são capazes de fazer... É o tipo de história que faz com que o leitor pause a leitura, feche o livro e pense: "OMG, não acredito! Que loucura é essa?! WTF!" mas queira continuar desesperadamente pra saber até onde tudo isso vai, e de quebra deixar a adrenalina correr solta pelas veias.

A Intrínseca fez um ótimo trabalho na diagramação e na revisão do texto e a capa desse livro é simples, misteriosa mas ao mesmo tempo, perfeita!

Garota exemplar nos apresenta o casal Dunne que, aparentemente, é feliz. Mas em pleno aniversário de 5 anos de casamento, Nick chega em casa e encontra tudo revirado, e Amy, sua esposa, desapareceu. Tudo vai a tona muito rápido, a polícia logo começa as investigações, o caso ganha uma atenção especial na mídia e entre a população, e Nick é o principal suspeito.

Com uma narrativa descontraída mas ao mesmo tempo frenética, acompanhamos os capítulos sendo alternados pelo ponto de vista de Nick, que está sendo acusado, e de Amy, a esposa dedicada e perfeita (?), que deixou vários registros em seu diário sobre os altos e baixos de seu casamento, o que sentia com relação a tudo o que andava acontecendo e o que esperava que mudasse, e isso tudo colaborou ainda mais para que todos suspeitassem de seu marido.
Sempre caindo em contradição, seja por mentiras ou pelo próprio comportamento inadequado diante da situação, Nick faz de tudo pra provar sua inocência e ao mesmo tempo descobrir a verdade, mas ao seguir as pistas, nem imagina a realidade absurdamente macabra que está por trás do desaparecimento de Amy.

Gillian Flynn construiu uma trama excepcional, inteligente e arrebatadora, a ponto de fazer com que todas as emoções do leitor fiquem a flor da pele e sua mente fervilhe com pensamentos perturbadores mas ao mesmo tempo intrigantes.

Os personagens, se é que podem ser chamados de reles personagens, são todos muitíssimos bem construídos e possuem personalidades vivas, intensas, complexas e extravasam os mais diversos sentimentos, como amor, ódio, inveja, dentre outros, a ponto de nos convencer de que são reais, mesmo com alguns tendo mais destaque do que outros. E o final? Inesperado e completamente estarrecedor. Senti falta de uma resolução final e decente para tudo o que aconteceu, pois o livro terminou e eu fiquei  me perguntando "tá, fiquei com a cara enfiada na terra, mas cadê o castigo pro culpado?", quando percebi que talvez tenha sido exatamente essa a intenção da autora, de expor a frieza e o calculismo de uma mente psicopata, e que num meio onde todos são vítimas e ao mesmo tempo são culpados, podemos pagar pelos nossos atos, sim, mas não necessariamente perante a lei, e sim, convivendo com isso, diariamente, como um castigo eterno e cruel, sem escapatória, apenas deixando que o tempo cuide e termine com tudo...

E só pra constar, nunca mais irei ouvir "Pra ser Sincero", música da banda "Engenheiros do Hawaii", sem pensar em Garota Exemplar... Se alguém fizer uma playlist, incluam essa música, please ahahaha
Fechei Garota Exemplar, incrédula, chocada, estarrecida, mas ao mesmo tempo maravilhada com tamanha maestria e genialidade por parte da autora que escreveu uma história que mexeu com as minhas emoções a ponto de me fazer colocá-lo no hall das melhores leituras que tive até hoje na minha vida.