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Perdido - Maggie Stiefvater

20 de novembro de 2015

Título: Perdido - Os Lobos de Mercy Falls #4
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cole St. Clair veio para a Califórnia por um único motivo: reconquistar Isabel Culpeper. Ela havia fugido de sua vida destruída e vazia, e a destruiu ainda mais. Não é simplesmente uma questão de querer. Cole precisa dela.
Enquanto isso, Isabel tenta reconstruir sua vida em Los Angeles, mas sem sucesso. Ela é capaz de fingir tão bem quanto todos os outros falsos da cidade, mas para quê?
Cole e Isabel dividem um passado que jamais pareceu ter futuro. Eles podem se amar ou se destruir. A única certeza é que jamais se esquecerão.

Resenha: Perdido e um spin-off da série Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater e publicado no Brasil pela Agir Now.
Pra quem gostou da trilogia que contava a história de Grace e Sam, mas que também torcia pelo relacionamento dos personagens secundários que ganharam tanta importância quanto os protagonistas, é leitura obrigatória.
Se você ainda não leu os livros anteriores vai ficar literalmente perdido na leitura deste, pois Perdido traz o desfecho para a situação mal resolvida de Cole e Isabel. Então não perca tempo e leia a trilogia primeiro, é mais do que recomendada para aqueles que apreciam uma boa escrita e uma história comovente e melancolicamente bonita.

Perdido começa um tempo depois de Sempre, terceiro livro da série, e Isabel está morando em Los Angeles, Califórnia. Ela está fazendo um curso de enfermagem para poder se preparar para a faculdade de medicina que tanto quer fazer além de tentar reconstruir sua vida depois de ter vivido tantas conturbações no passado ao lado dos lobos, ao lado de Cole.
Inconformado com a situação em que se encontra e cansado da vida lupina, Cole vai para a Califórnia em uma tentativa de reiniciar sua carreira musical, mas o real motivo de sua ida era ir atrás de Isabel. Ele não aceita que ela tenha fugido, não aceita que ela tenha o deixado, e isso o destruiu. Ele precisa encontrá-la pois Cole precisa de Isabel em sua vida.
Em Los Angeles, além de gravar um novo álbum, Cole concordou em participar de um reality show que documentaria o processo de gravação e montagem de uma banda nova após seu sumiço e sua autodestruição.

De início Isabel acreditou que Cole voltou por ela, mas ao descobrir sobre o programa e o CD, ela deixa de acreditar que ele está alí unicamente por sua causa e não confia plenamente que ele está livre de drogas e da loucura que ele insistia em manter em sua antiga vida e que poderia, mais uma vez, destruir os dois.
Ambos compartilham de um passado caótico que nunca deu esperanças para que eles tivessem um futuro juntos, mas diante desta situação, a única certeza que eles mantinham era a de que eles nunca se esqueceriam um do outro e do que viveram.

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre os protagonistas fazendo com que o leitor fique mais próximo dos sentimentos e desejos de cada um deles. Isabel mantém seu humor ácido enquanto Cole continua com seu jeito arrogante e rebelde de ser. Muitas vezes se comporta como um completo idiota, e confesso que me irritei nas siuações em que ele rastejava atrás de Isabel enquanto era constantemente tratado com descaso por ela, mas ainda assim consegue ser divertido e encantador. É aquele tipo de personagem bad-boy por quem suspiramos e torcemos de forma incansável. O mundo parece estar contra ele, mas quem disse que ele se importa?
Isabel é o tipo de personagem com quem acabo me identificando um pouco no que diz respeito a sua personalidade. Ela é sarcástica, às vezes é psicótica, de vez em quando demonstra frieza como se não se importasse com nada nem ninguém, mas no fundo é muito humana e real por carregar um enorme sofrimento por todos os sentimentos que ela tenta esconder.
A ideia de que um desperta o pior do outro é evidente e muito complicada, mas a conexão que eles têm e o sentimento intenso que jamais os deixou faz com que o leitor fique ansioso para que as coisas se ajeitem e se resolvam logo. Eles possuem feridas que ainda precisam ser curadas e a personalidade difícil e resistente que eles demonstram ter é algo compreensível levando em consideração tudo o que viveram antes desse reencontro.

Uma coisa que percebi durante a leitura é que a autora manteve a história longe de estereótipos e acredito que devido a trama ser ambientada em Los Angeles, os personagens foram afastados do que aconteceu na cidadezinha de Mercy Falls. Los Angeles acaba mostrando um estilo de vida que não tem nada a ver com a vida pacata de Mercy Falls e a ideia de pessoas vivendo de aparências, buscando por luxo e status é algo que não me chama muito a atenção, pelo menos não dentro do contexto da série propriamente dita.
A escrita também parece ter sofrido mudanças e deixou de ser poética e cheia de sentimentos embutidos nas palavras dando lugar a algo mais espirituoso. A impressão que fiquei é que, por mais que a história seja bem escrita, empolgante e prenda, se tratava de um livro que fugia dos padrões e do estilo da autora.

A capa combina perfeitamente com as edições novas da série publicadas pela Agir Now, mas desta vez trazendo as famosas palmeiras da LA em vez das árvores da floresta de Mercy Falls. A diagramação é simples e as páginas são amarelas.

Perdido retrata um rapaz que aprende a viver depois de se deparar com as consequências de suas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Gostei de ver um lado da história de Cole que não havia sido muito bem aprofundado anteriormente: os bastidores da fama e como ele lida com a ideia de ser um astro do rock.
O sobrenatural não ganha tanto destaque, e a vida de lobo, as transformações e o que mais remete a este mundo são apresentados como um fardo que ele precisa carregar e lidar, e, algumas vezes, como um tipo de fuga da realidade da qual Cole se encontra, e isso acaba trazendo seu lado humano à tona, mostrando quem ele é de verdade, como se ser um lobo refletisse algo que ele quisesse ou precisasse ser para fugir do que não queria viver ou não sabia lidar.

Pra quem procura por um romance conturbado mas intenso e bonito, recomendo. Maggie Stiefvater parece ter escrito Perdido para presentear os leitores com uma história de amor e redenção, e mostra que para revelarmos quem somos de verdade, precisamos correr atrás do que queremos quando é algo que vale muito a pena.

A Casa Assombrada - John Boyne

15 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: A Casa Assombrada
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 296
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Eliza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha e sem dinheiro suficiente para pagar o aluguel na cidade, ela se depara com o anúncio de um tal H. Bennet. Ele busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk – sem, no entanto, mencionar quantas são, quantos anos têm ou dar quaisquer outras explicações. Assim, ela larga o emprego de professora numa escola para meninas e ruma para o interior.
Chegando a Gaudlin Hall, Eliza se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão lá. Não se veem criados. Ela logo constata que não há nenhum outro adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio-tempo, fica intrigada com janelas que se fecham sem explicação, cortinas que se movem sozinhas e ventos desproporcionais soprando pela propriedade. E então coisas realmente assustadoras começam a acontecer…

Resenha: Muito embora Boyne seja mais conhecido por seu best-seller O Menino do Pijama Listrado, posso garantir que títulos menos conhecidos como A Casa Assombrada também poderá arrebatar seu coração.
A Casa Assombrada conta a história de Eliza, uma jovem que acabou de perder o pai que teve sua doença agravada após terem atravessado a cidade em uma noite fria e chuvosa para assistir uma leitura de "Sir" Charles Dickens.

Eliza é apenas uma professora de jardim de infância e agora sem a ajuda financeira do pai, não pode arcar com as despesas da casa. Abalada pela perda, toma uma atitude precipitada ao aceitar um estranho anúncio que oferece emprego de governanta de uma casa no interior da Inglaterra, com o objetivo de cuidar da educação "das crianças".
Chegando lá, ao conhecer as crianças, ela já percebe que há alguma coisa errada com eles, com a família que nunca está presente, com aquela casa que lhe proporciona calafrios e também com os vizinhos que parecem saber muito mais do que contam.
Muitos são os atentados contra a vida de Eliza e, com isso, ela percebe que conhece muito pouco do passado da família e do que aconteceu com as governantas anteriores. Para salvar a sua vida e a das crianças, Eliza irá investigar os mistérios que circundam a casa e a família que ali habita.

Muito se engana quem achar que se trata de um livro de terror assustador. Não, em minha humilde opinião, classificaria essa obra como um suspense cheio de mistérios, visto que é uma história leve de assombração. Não há razão para medo ou tensão. Boyne mexe muito mais com nossa curiosidade do que com nosso psicológico.
A narrativa é fantástica, pois ao mesmo tempo em que te faz voltar no tempo, discorre de maneira atual. Boyne conseguiu me levar para uma Londres do século XIX, onde Charles Dickens estava no auge e fazia suas fantásticas leituras que mais pareciam apresentações, onde a mulher sofria preconceitos e com 21 anos já era considerada solteirona e onde o povo era muito supersticioso.
Por mais que o tema central aqui seja o sobrenatural, Boyne o retrata de uma maneira completamente diferente, mostrando que nem tudo que é extraordinário, é ruim ou "do mal", conseguindo inserir uma belíssima moral da história em um gênero atípico aos que possuem essa característica. Por isso eu digo que Boyne é excepcional.

Entretanto, nem tudo foram flores para mim e a justificativa dos mistérios, ou seja, o final do livro não me agradou por ter sido excessivamente fantasioso. Não que o livro inteiro não tenha sido, mas acredito que destoou do restante da narrativa que chegou a me fazer aceitar muitos acontecimentos com naturalidade, chegando a me fazer crer que poderiam ser verdade.
Essa foi uma das razões de o livro ter perdido uma estrela e que não desmerece a qualidade nem tampouco a genialidade de Boyne que também saiu de sua zona de conforto escrevendo, dessa vez, uma ficção sobrenatural histórica, deixando o leitor um tanto quanto saudosista de uma época em que sequer viveu (ou viveu? rsrsrsrs).

A outra razão que me incomodou foi o fato de os diálogos serem realizados com aspas ao invés de travessões, mas encarei isso como uma questão subjetiva, que não desmerece a qualidade da história ou do autor, tratando-se apenas de preferências.
Recomendo esta leitura mas alerto para que não se prendam ao gênero, leiam e sintam a história de cada personagem, os porquês, os mistérios e a forma como eles são revelados durante a leitura. Tirei meu cabresto e me surpreendi com a técnica, a fluidez e a profundidade.
Falando sobre edição, a Companhia das Letras arrasou na capa com efeito aveludado, as páginas são amareladas, as letras de um tamanho excelente. São 296 páginas de aventura. Que venham outros de John Boyne.

Sempre - Maggie Stiefvater

13 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Sempre - Os Lobos de Mercy Falls #3
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2015
Páginas: 370
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Antes.
Quando Sam e Grace se conheceram, ele era um lobo e ela, uma garota. Quando por fim ele descobriu como ser um garoto também, o amor dos dois se transformou de uma paixão distante na intensa intimidade de uma vida compartilhada.
Agora.
A história deles deveria terminar aí. Mas o destino de Grace não era permanecer humana. Agora ela é a loba. E os lobos de Mercy Falls estão todos prestes a serem assassinados em uma caçada definitiva.
Sempre.
Sam faria qualquer coisa por Grace. Mas será que um garoto e o amor dentro dele são capazes de mudar um mundo hostil e fatal? Passado, presente e futuro vão colidir em um momento decisivo - um momento de vida ou morte, de adeus ou para sempre.

Resenha: Sempre é o terceiro e último volume da trilogia Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater. O livro havia sido lançado em 2012 pela Editora Agir e agora foi relançado pelo selo Agir Now com novo projeto gráfico.
A resenha tem spoilers do livro anterior!

Sam era lobo e Grace humana... Ele se transforma, os dois se apaixonam e lutam para viverem esse amor... Em Espera, Sam conseguiu ser curado, mas foi a vez de Grace se transformar... E em meio ao complexo relacionamento dos dois, ainda conhecemos mais da história de Cole, um ex astro do rock problemático que optou por ser transformado, e de Isabel, que estava com a alma quebrada por ter perdido o irmão, morto por lobos.
Desta vez, Sam está cada vez mais acostumado com sua forma humana. Ele esperou por meses pela transformação de Grace, em completa agonia por estar longe dela e sem saber pelo que ela andava passando na floresta de Mercy Falls em companhia da matilha. Quando ela retorna, precisa lidar com o tempo que se passou desde a última vez que era humana, com os pais que culparam Sam pelo seu sumiço. e com as próximas transformações que ela precisa manter em segredo. Isabel tem um papel fundamental em ajudá-la e quando o quarteto está junto, precisam decidir o que fazer para evitar um massacre que irá destruir o que faz parte de cada um deles...

Diferente dos volumes anteriores, o primeiro capítulo de Sempre é narrado por Shelby, uma loba amarga e sem escrúpulos que quer se tornar líder da matilha e não hesita quando o assunto é matar ou causar confusões querendo vingança. Sua personalidade terrível se estende ao seu estado humano também. Ela é intragável e odiosa em todos os sentidos. A participação dela nos livros anteriores não foi tão marcante pra mim a ponto de falar mais sobre ela, mas dessa vez, ela aparece em situações ruins e suas atitudes definem o rumo que as coisas tomam, sempre pra pior, claro.

O conflito entre homens e lobos continua, e as pessoas indignadas continuam com a tentativa de caçar e matar os lobos preocupados com a segurança dos habitantes de Mercy Falls. Mas logo um episódio fatídico acontece e ele é o estopim para que as caçadas seja liberada. E lá está Tom Culpeper, pai de Isabel, que deseja vingança pela morte do filho e planeja uma perseguição à matilha de forma quase insana. A caçada de Tom e a presença de Shelby são as responsáveis pelo clima de tensão na história, logo, esse último volume apresenta mais ação do que os anteriores.

Grace está mais atenta, mais determinada e parece querer, de fato, lutar por seus interesses, mesmo que esteja enfrentando problemas no que diz respeito ao controle de sua transformação. Sam está numa posição um tanto delicada visto que os pais de Grace o culpam pelo "desaparecimento" da filha. Explicar para eles que ela se transformou seria algo fora de cogitação. Sam continua dedicado, sonhador e amável, mas seu desespero por não saber o que se passa com Grace é evidente. Para Sam, Grace é seu ar, e sem ar ele não pode viver. Ele simplesmente não consegue seguir adiante sabendo que Grace está lá fora. Acho esse comportamento bastante obsessivo e não me agrada muito pra ser sincera. Ele e Cole se tornam mais próximos e a confiança, que antes não existia, passa a guiar a amizade deles de forma que a compreensão se faz presente além de ainda crescerem como pessoas.
Cole continua neurótico, irônico e desordeiro, mas investe numa série de experiências determinado a encontrar a cura para a licantropia de uma vez por todas. Seu relacionamento com Isabel acaba sofrendo mudanças um tanto significativas pois ela acaba se afastando quando percebe que Cole está desenvolvendo uma certa dependência dela e as coisas começam a ficar sérias demais. Isabel se preocupa com a obsessão do pai, que passa a tentar legalizar a caçada, e isso pode acabar afetando Sam e Grace, seus amigos.

A escrita... O que é essa escrita? Desde a primeira vez que li um livro de Maggie (A Corrida de Escorpião) já senti suas palavras na alma e acredito que a intenção seja exatamente essa, tocar a alma do leitor. A escrita é envolvente e fluída, melancólica e poética, completamente mágica e viciante, e neste volume está mais dinâmica e com boas doses de ação. A narrativa continua sendo feita em primeira pessoa pelo ponto de vista dos personagens principais, Sam, Grace, Cole e Isabel (e Shelby) e é possível que o leitor se coloque no lugar de cada um deles, sentir o que eles sentem.
Os personagens são humanos e reais, eles choram, se ferem, sangram, sentem, acertam, falham, e tudo num nível que transborda pelas páginas.
Por mais que a trilogia seja fictícia, a autora explora o mundo dos lobos, seus comportamentos e funções dentro da matilha com bastante realidade e fidelidade pois, de fato, houve pesquisa por parte dela. É fascinante saber um pouco mais desses animais através de uma história tão bonita quanto a de Mercy Falls.

Ao fim de tudo, o que a autora deixou como observação ao fim da história resume bem minha opinião sobre o relacionamento de Sam e Grace: "Amor mútuo, respeitoso e duradouro é totalmente alcançável, desde que você prometa a si mesmo que não se contentará com menos."
Gostei demais, mas confesso ter esperado mais de Sempre pois gostei muito dos volumes anteriores. Acho que, por mais que a escrita seja brilhante, o desenrolar da história acabou se tornando cansativo e o final foge completamente do esperado. Por um lado é um ponto bacana por ser original, mas me bateu aquela tristeza pela história ter chegado ao fim dessa forma.
Senti que a autora deixou algumas pontas soltas e ainda deixou o final praticamente aberto à interpretações ou imaginação do leitor. Ainda não sei se isso foi algo positivo pra mim pois prefiro quando as coisas são desenvolvidas sem furos e se encerram com explicações concretas.

Para quem gosta de uma fantasia que soa bastante real e que mexe com nossos sentimentos, abordando o amor em sua forma mais pura, a perda e o sofrimento seguidos por superação, esperança e felicidade, leia!

Espera - Maggie Stiefvater

12 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Espera - Os Lobos de Mercy Falls #2
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2015
Páginas: 360
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Sam ainda tenta se acostumar ao fato de ser plenamente humano e ter uma vida pela frente; Grace precisa lidar com sua iminente transformação e sente dificuldade em esconder esse segredo.
Além disso, volta à cena Isabel, ainda abalada pela morte do irmão, mas sem conseguir esconder sua atração por Cole, um garoto sarcástico que escolheu ser lobo para fugir dos problemas de sua vida humana. O que ela não sabe, porém, é que essa decisão o fará enfrentar tudo o que sempre quis evitar.
Com um mundo em constante mutação, com forças que obrigam Grace, Sam, Isabel e Cole a continuamente questionarem suas escolhas e buscarem alternativas, Espera faz com que leitores se perguntem: quando tudo ao seu redor está desabando, o amor é o bastante?
Resenha: Espera é o segundo volume da trilogia Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater. O livro havia sido lançado em 2011 pela Editora Agir e agora, junto com os demais volumes, foi relançado pela Agir Now.
A resenha pode ter spoilers do livro anterior!

"Essa é a história de um garoto que costumava ser lobo e de uma garota que estava começando a se transformar em um."
- Pág. 9
Depois de todo o suplício passado no primeiro livro em busca da cura para a licantropia de Sam, ele, enfim, conseguiu se tornar humano e passa a se acostumar com sua nova condição, sem temer por uma transformação indesejada. O frio já não é mais o inimigo do casal e apesar da insegurança de Sam, tudo parecia estar muito bem. Mas Grace começa a ter dores de cabeça intensas e constantes e todos os sinais indicam que ela estaria prestes a se transformar em loba. Enquanto isso, eles continuam na luta para ficarem juntos ao mesmo tempo em que esperam pelo inevitável pois os pais de Grace, que no primeiro livro eram totalmente ausentes e relapsos, resolveram se intrometer e prestar atenção no namoro da filha qu não é tão bobinho como pensavam. Ela, então, além de desafiá-los, ainda prefere manter seu estado de saúde em segredo.
Sam se preocupa com seu futuro pensando numa maneira de conseguir sobreviver, enquanto luta contra seu passado de lobo.

E em meio a luta de Sam e Grace, Cole e Isabel entram em cena e dividem seus pontos de vista acerca da história que se passa. Cole era membro de uma banda de rock e optou por se transformar em lobo a fim de fugir das responsabilidades da vida humana, mas acaba chamando atenção e despertando sentimentos em Isabel, que ainda está abalada pela morte do irmão.
A espera é o que resta ao casal... E nunca um título caiu tão bem num livro, pois ele resume praticamente toda a história numa única palavra.

Narrado em primeira pessoa pelos pontos de vista de Sam, Grace, Isabel e Cole, Espera não apresenta muita evolução do desenvolvimento do relacionamento e até da situação de Sam e Grace, mas incluir a voz de Isabel e Cole na trama foi algo genial e que deu um up na história. Os capítulos são curtos e o nome do personagem aparece para identificar de quem é a voz da vez. Tudo continua discorrendo de forma lenta e gradual mas a escrita incrível e poética da autora foi a responsável por me manter ligada à história como se não houvesse amanhã.

Continuo não sendo muito fã de Sam devido a sua construção. Ele fica responsável pelo bando de lobos, incluindo os novos que apareceram na floresta e até de Cole, em quem ele não confia nada, mas não consigo imaginá-lo como um líder forte e destemido por ele ter um comportamento feminino e tão passivo que é quase impossível de suportar. Ele é gentil e doce demais e pra quem prefere vilões ou bad boys (como eu) pode se incomodar e muito com a personalidade dele. Mas é pura questão de gosto, acho. Então, acompanhar os acontecimentos pela visão de Cole, que é totalmente o oposto, assim como de Isabel, me fez ficar empolgada e satisfeita pois talvez a trama não se sustentasse se o foco fosse mantido somente no primeiro casal já que nada de tão novo acontecia com eles. Ter uma nova perspectiva para os acontecimentos a partir de personagens tão diferentes foi algo que superou minhas expectativas, com certeza.

Isabel já havia aparecido no primeiro livro, mas aqui é possível conhecer um pouco mais dela e passei a gostar dela mais do que antes. Por mais que ela se sinta culpada pela morte do irmão, ela deixou de ser mimada para se tornar alguém forte, corajosa, quase sempre impulsiva e na maioria das vezes sarcástica. Ela é irritante no bom sentido, é uma pessoa boa e é uma personagem digna de admiração pois ela percebe que diante da situação em que se encontra, sua única alternativa é amadurecer.
Cole é o contrário de Sam. Ele faz o estilo bad boy e é o tipo de personagem ferrado mas que ainda assim consegue despertar a simpatia de qualquer um, mesmo que seja insuportável. Sua história antes de se tornar lobo é bastante complexa e espero que no próximo livro haja mais informações e explicações sobre ele. Ele precisa se adaptar à vida que escolheu mesmo não estando com o passado totalmente cicatrizado.

A única coisa que não consegui engolir nesse livro foi a relação dos pais de Grace com ela pois é o que foge completamente do que qualquer um possa considerar como algo normal. A história é uma fantasia, claro, mas a forma como é contada, assim como a construção dos personagens, faz com que tudo soe bastante real. São personagens comuns, que erram e acertam, mas só querem ter seu lugar no mundo e serem felizes com quem amam, mesmo que isso signifique enfrentar perigos, problemas e afins. Mas pais que nunca demonstraram preocupação com ninguém além deles mesmos e viviam curtindo a vida fora de casa a ponto de não perceberem Sam morando lá (isso acontece no primeiro livro), do nada resolverem colocar em prática tudo o que não fizeram em dezessete anos foi lamentável. Mas pior do que essa mudança repentina dos pais, como se fosse algo criado de forma proposital para servir de empecilho no romance, foi Grace. Ela também não ligava pra eles e achou que resolver enfrentá-los na base de respostas atrevidas e batendo as portas da casa como uma adolescente em crise e tomada por acessos de raivinha resolveria tudo. Sinceramente não sei o que foi pior. Então agradeço imensamente à autora por ter incluído Cole e Isabel como protagonistas em Espera, deixando as coisas equilibradas.

A nova edição da editora está linda! Há detalhes em verniz e outros foscos, as páginas são amarelas, a diagramação é simples, não há mais a indicação da temperatura nos capítulos e não encontrei erros de revisão.

Enquanto Grace e Sam formam um casal delicado e frágil cujo relacionamento se baseia na honestidade e na sinceridade, Cole e Isabel contrastam com sarcasmo e rebeldia, mas a autora foca no lado sentimental dos personagens evidenciando seus sentimentos com intensidade através de uma escrita melancólica e pura capaz de envolver e encantar qualquer leitor, principalmente se levarmos o clima frio e sem cor em consideração.

Posso afirmar que Os Lobos de Mercy Falls se tornou uma de minhas trilogias favoritas e super recomendo!

Calafrio - Maggie Stiefvater

16 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Calafrio - Os Lobos de Mercy Falls #1
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2015
Páginas: 344
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Grace Brisbane tem 17 anos e os mesmos desejos e inseguranças das outras meninas de sua idade. Entrar na faculdade é uma de suas preocupações, mas ultimamente ela anda dispersa durante as aulas na escola de Mercy Falls, perdida num mundo só seu.
Há seis anos, ela foi levada por um bando de lobos que vive num bosque vizinho à sua casa. Em meio a uma paisagem congelada e sombria, um lobo de profundos olhos amarelos, deslumbrado por sua beleza, a salvou do ataque. Desde então, Grace nunca conseguiu esquecer aqueles olhos. Fascinada por esses animais, todo ano ela espera ansiosamente pela chegada do inverno para reencontrar o "seu lobo", com quem trava um diálogo silencioso.
Os anos se passam, e quando um rapaz da escola de Grace é assassinado por uma matilha, a cidade inteira se mobiliza para caçar os lobos. Homens armados entram na floresta, e Grace não consegue impedir que eles atirem. Agora era tarde demais, pensou. No entanto, no silêncio do crepúsculo, ao voltar para casa, depara-se com um garoto nu, caído na soleira de casa. Ao fitar seus olhos brilhantes, ela não tem dúvida de que está diante de seu lobo em forma humana. Os dois se apaixonam, e mesmo sabendo dos perigos, Grace está disposta a tudo para viver esse grande amor.
Misturando suspense, sensualidade e fantasia, Calafrio é a história de dois jovens que aceitam correr todos os riscos, até mesmo o de deixarem de ser quem são.

Resenha: Calafrio é o primeiro volume da trilogia Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater. O livro já havia sido lançado em 2010 mas agora foi relançado com novo projeto gráfico junto com os demais volumes pela Agir Now.

Grace Brisbane é uma garota de dezessete anos que mora na cidadezinha de Mercy Falls, Minnesota. Há seis anos atrás, quando estava em seu balanço feito de pneu, Grace foi atacada e arrastada por uma alcateia que vivia na floresta nos arredores de sua casa e em meio a confusão ela avista um lobo em particular, o único que além de não atacá-la ainda impediu que ela fosse morta, salvando sua vida. Após o incidente, o lobo voltava durante o inverno para fazer uma visita a Grace, e sempre a observava dos limites da floresta. Seus olhos amarelos eram inconfundíveis e durante os seis anos que se seguiram eles trocavam olhares sempre que ele aparecia. Aquele era o lobo "dela" e dessa troca de olhares surgiu uma ligação tão íntima quanto inexplicável, mas tão real e intensa quanto o frio do inverno. Até que um dia um dos garotos da escola de Grace foi morto e a cidade inteira se mobiliza contra os lobos por eles terem sido os responsáveis por atacá-lo A ideia de uma caça aos lobos faz com que Grace fique desesperada, pois por mais que ela tenha sido atacada no passado, ela desenvolveu um certo carinho pelos animais. Quando homens entram na floresta armados, ela não consegue impedir que eles atirem, mas ao voltar pra casa ela se depara com um garoto ferido e nu caído em frente a sua casa, e quando ela olha em seus olhos amarelos e brilhantes, percebe que está diante daquele que a observava em silêncio depois de tantos anos: Sam, seu lobo...
Um misto de sentimentos a deixa confusa, mas sua única certeza é que ela está disposta a qualquer coisa em nome desse amor...

Posso dizer que ao comparar Calafrio com outros livros do gênero Young Adult, cheguei a conclusão que se trata de um livro bastante introspectivo e que se desenvolve de forma lenta e gradual. A narrativa é feita em primeira pessoa e se alterna entre Sam e Grace. A escrita da autora é perfeita, suas descrições para cenários, sentimentos e sensações faz com que possamos nos colocar no lugar dos personagens e viver o que estão vivendo.
Estranhei muito o fato de Grace ter sido atacada por lobos quando criança e em vez de desenvolver um trauma passou a ter um enorme fascínio por eles e talvez isso, de certa forma, tenha alguma coisa a ver com a personalidade dela.

Grace não é a personagem mais carismática do mundo e ao estar junto de Sam o coloca no centro de sua vida e não se importa com o resto. O amor só não é a primeira vista porque ela já conhecia aquele olhar de outros carnavais e foi exatamente isso que tornou o romance instantâneo algo possível e aceitável. Um ponto que gostei bastante nela é que ela tem seus medos e inseguranças mas procura não demonstrá-los para não evidenciar fraquezas o que a torna alguém bastante real.
Eu só não achei adequada a ideia de Grace levar Sam escondido para morar em sua casa, dormindo em seu quarto sem que ninguém desconfie de nada. A autora parece ter construído essa situação usando a ausência dos pais da garota para "justificar" a falta de percepção de que tinha alguém morando debaixo do teto deles, mas isso me soou muito estranho.

Um ponto bastante original foi a ideia da autora em deixar o clássico de lado em que lobisomens se transformam com a lua cheia. Em Calafrio a licantropia é apresentada como uma "doença" que só se manifesta durante o inverno quando o clima está congelante e emoções e pensamentos humanos se mantém distantes de suas cabeças. Mas, no verão, eles se transformam em humanos e vivem normalmente. Um humano comum pode se transformar em lobo se for mordido, mas a pergunta que fica no ar é se Grace foi mordida quando criança, o que impediu que ela também se transformasse? Isso tem uma importância bem considerável na história e acredito que devido a esse fator o livro tem assunto para render as continuações fora o romance entre os protagonistas, principalmente porque outras pessoas haviam sido mordidas rendendo pequenas subtramas na história principal.
Sam briga internamente consigo mesmo, desesperado para manter sua forma humana pois esta seria sua última temporada como humano antes que ele se transforme em lobo e permaneça assim pra sempre. É triste e comovente, mas ao mesmo tempo doce e bonito acompanhar sua luta para aproveitar cada momento com ela, mesmo que ela não saiba que ele corre contra o tempo. Sam só quer seguir em frente no relacionamento com Grace pois ele a ama de todo o coração. No momento o maior inimigo deles é o inverno e é simplesmente agonizante acompanhar a temperatura cair no decorrer dos capítulos.

Um ponto não muito favorável para Sam é que ele, na maioria das vezes, não convenceu como sendo um personagem masculino. Ele é o alfa da alcateia, tem espírito de liderança e logo deveria ser bem mais viril ao meu ver, mas ele tem pensamentos extremamente femininos e acho que a autora falhou um pouco em sua construção.

O trabalho gráfico está um arraso. A capa com o lobo de olhos amarelos já ilustra bem o personagem mas os detalhes é que são de encher os olhos. A capa é lisa, mas os ramos são foscos, enquanto a contracapa é fosca com os ramos lisos.
As páginas são amarelas e o tamanho da fonte é muito bom. A diagramação é simples e cada início de capítulo indica a temperatura do dia a fim de situar o leitor no clima. Encontrei alguns erros de revisão no início do livro mas nada que tenha interferido na leitura.

Eu já conhecia a escrita da autora e somando com a boa história passei a ter grande admiração por ela, e posso dizer que, mesmo com algumas falhas, Calafrio me trouxe emoções bem fortes. Estive diante de uma história de amor tão bonita quanto melancólica e simplesmente adorei.

Contos de Fadas & Pesadelos - Melissa Marr

10 de maio de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Contos de Fadas & Pesadelos - Contos de Wicked Lovely
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Daniela P. B. Dias
Gênero: Antologia/Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2014
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Doze histórias de romance sobrenatural e fantasia gótica, recheadas de amores proibidos, situações de tensão, sacrifícios e escolhas difíceis, compõe a antologia Contos de Fadas & Pesadelos, de Melissa Marr. Muitas delas são ambientadas no universo da série bestseller Wicked Lovely, trazem de volta personagens queridos pelos leitores, além de novos seres fascinantes que vão conquistar os fãs de reinos de contos de fadas e terror.

Resenha: Composto por 12 histórias envolvendo fantasia gótica e sobrenatural, Contos de Fadas & Pesadelos, da autora Melissa Marr e publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco é um livro que se funde ao folclore sombrio e sinistro, porém é assustadoramente encantador.

Pra quem leu e curtiu a série Wicked Lovely, vai gostar de saber que muitos dos personagens que fizeram parte dela aparecem nesta antologia muito mais encantadores do que nunca. Com um toque sublime, o velho se mescla ao novo, criaturas e personagens novos dão um toque especial à história, surgindo dos lugares mais improváveis e nem sempre com boas intenções. A autora entrelaça de forma única um romance sobrenatural com o lado obscuro da fantasia trazendo algo bastante original aos leitores.

A escrita se inspira na mitologia fantástica que envolve fadas, duedes, vampiros e outras criaturas e também em pesadelos, com cenários mágicos e encantados imaginados pela autora ou baseados em outros que existem de verdade. A narrativa dos contos, em terceira pessoa, tem um toque poético mas intenso. E devido a esta intensidade, a leitura fluí bem, chega até a remeter ao perigo e à sedução, e isso acaba atraindo o leitor pra dentro de suas páginas. A mistura chega a ser requintada, revelando uma magia invisível aos nossos olhos mas que se insinua de forma sutil no nosso cotidiano nos levando a crer que, de certa forma, toda essa fantasia, por mais bela ou terrível que seja, realmente existe em algum lugar. A imaginação da autora e o que ela coloca no papel é algo incrível e sem limites.

Mas, preciso ser sincera e dizer que por se tratar de contos curtos, apesarem de terem começo, meio e fim, senti em alguns momentos que li introduções de histórias com bastante potencial pra serem transformadas num livro próprio e fiquei com aquela sensação de querer mais daqueles personagens.
Outro ponto é que é possível que quem não tenha lido a série inicial, Wicked Lovely, fique perdido com trechos de determinados contos que complementam algum livro anterior, ou talvez quem tenha lido já faça tempo fique parando pra pensar e tentando relembrar o que aconteceu ou quem é o tal personagem da vez. Talvez tenha sido intenção da autora, quem sabe...
Os personagens são muito bem retratados em cenários bem descritos e o livro, num geral, me agradou bastante.

O trabalho gráfico é impecável. A capa é misteriosa e sombria (e combina bem com os livros da série) e o título, assim como o nome da autora, são em alto relevo em tinta prateada. A diagramação em cada início de capítulo é linda, com ornamentos que ocupam duas páginas.

Os contos são fascinantes, confesso, e com certeza fogem dos clichês. Pra quem procura por um livro diferente, original e que leve o leitor a um outro nível da fantasia como nenhum outro, deve conferir.

Sombras Prateadas - Richelle Mead

18 de abril de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: Sombras Prateadas - Bloodlines #5
Autora: Richelle Mead
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 368
Nota: ★★★★★
Sinopse: Sydney Sage arriscou tudo. Ainda infiltrada na organização, trabalhava contra os alquimistas e vivia um romance secreto com o vampiro Adrian Ivashkov. Qualquer deslize poderia trazer tudo por água abaixo, e foi exatamente o que aconteceu: sua própria irmã descobriu seu relacionamento proibido e a denunciou, fazendo com que Sydney fosse capturada pelos seus pares e mandada para a terrível reeducação.
Lá, as condições de higiene e de conforto eram mínimas. Nos poucos momentos em que ela ficava acordada, uma voz metálica tentava convencê-la a “confessar seus pecados”. Cercada de inimigos e sem saber onde estava ou como sairia dali, Sydney luta para manter sua identidade, sua capacidade de pensar por si mesma e, principalmente, a esperança de que encontrará Adrian novamente.
Enquanto isso, o vampiro tenta diferentes estratégias para descobrir o paradeiro da garota. Mas quando suas alternativas fracassam uma a uma, sua vida começa a sair do controle e ser tomada pelas garras do espírito - o elemento mágico que lhe confere poderes mas o afunda cada vez mais na depressão. Para suportar tudo isso, Adrian se entrega a uma vida desregrada, deixando que velhos hábitos voltem à tona para esquecer toda a impotência que sente. Será que o amor dos dois será forte o bastante para sobreviver a essa provação? 

Resenha: Sombras Prateadas, o quinto volume da série Bloodlines, traz mais emoção do que pude esperar. Depois de ser capturada por seu pai e sua irmã, Sydney foi enviada para a reeducação no subsolo de um local desconhecido. Neste lugar, a alquimista passa boa parte do tempo entorpecida, incapacitando Adrian de se comunicar com ela através dos sonhos. Sem ter muitas alternativas, Sage precisou usar sua inteligência e muita magia, o que a colocou em apuros muitas vezes. Richelle começa a desenrolar a trama de Bloodlines e encaminhar a história para um final.

Ai, ai ai (suspira). É tão difícil chegar ao penúltimo livro de uma série que amamos tanto, não é? É como deixar para trás bons amigos, um amor da infância; é de partir o coração. O amor por #Sydrian começou em Academia de Vampiros, cada um individualmente. Com o surgimento da série spin-off, esse casal me ganhou ao máximo e Sombras Prateadas elevou essa relação a algo lindo e singelo. É apaixonante <3

A narrativa continua em dois pontos de vista e dessa vez senti uma leve mudança na maneira de Mead escrever. Lembro que tanto VA como Bloodlines trazem em suas narrações um humor próprio das protagonistas. Agora, a história de Sage e Ivashkov ganhou um ar mais sério e denso. Nessa situação do desaparecimento de sua amada, Adrian se tornou um cara mais responsável e determinado a encontrá-la. Porém, é inevitável compará-lo com Dimitri, e honestamente, Belikov dá um banho nele. O sobrinho de Tatiana foi, por muitas vezes, irresponsável e inconsequente apesar das boas intenções. Pensei em determinados momentos: Poxa, Adrian, não era isso que eu tinha em mente. Não me desaponte. Vá, levanta daí e não desiste da Syd. Espero que no último volume ele se mostre um verdadeiro herói.

Richelle explicou um pouco na série Academia de Vampiros como e porquê existe a sociedade dos Alquimistas. Só que ainda falta algo, pelo menos para mim. De onde vem tanto ódio? Por que os vampiros são, para eles, seres tão horríveis? Creio que em Sombras Prateadas essas questões podiam ser intensificadas, já que a Sidney é mandada para um local para passar por reeducação e temos alguns alquimistas que são os mandantes disso. Mead podia ter explorado um pouco mais as raízes dessa organização a fim de nos deixar mais a par do assunto. A impressão final é que existe muito ódio deles para os vampiros mas isso fica meio nebuloso. Quem sabe o último livro não reserve uma parte para explorar e explicar a fundo a sociedade deles.

Um dos aspectos mais atrativos e bacanas da série e que eu amo é a cumplicidade de todos os amigos de Sydney. É tão acolhedor ver como eles fazem de tudo pela salvação da amiga e querem o bem dela acima de todas as coisas. Às vezes dá vontade de abraçar cada um deles por serem tão fofos e leais.

No mais, Sombras Prateadas é, como os leitores de Mead sabem, um livro de transição. Os acontecimentos, muitas das vezes super angustiantes e tensos, foram uma preparação e um salto para o último volume, The Ruby Circle. O sentimento de saudade começa a bater desde já, não é mesmo? Sydney Sage deixou de ser uma personagem turrona e irredutível para se tornar uma verdadeira guerreira que lutou muito por seus ideias e acabou subindo no meu conceito. Adrian, como já havia mostrado um pouco antes, é um verdadeiro gentleman. Suas frases clichês e românticas vão fazer falta. *suspira*

Só eu torço por um spin-off do spin-off? HAHA

Amaldiçoadas - Jessica Spotswood

22 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Amaldiçoadas - As Crônicas das Irmãs Bruxas #2
Autora: Jessica Spotswood
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2014
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Cate Cahill tomou a decisão mais difícil de sua vida e resolveu largar tudo para proteger aqueles a quem amava, mas não poderia imaginar os obstáculos que ainda teria pela frente.
Agora, vivendo disfarçada entre as outras moças da Irmandade, ela precisa se manter a salvo dos implacáveis caçadores de bruxas e lidar com grandes dilemas pessoais, como a distância de seu grande amor e os conflitos que envolvem suas irmãs – Tess, uma menina doce e ingênua que guarda um grande segredo, e Maura, a jovem bela e ambiciosa que pretende fazer de tudo para se tornar o centro das atenções.
Será que Cate está pronta para liderar as bruxas de sua geração e ganhar o respeito de uma sociedade que condena a feitiçaria? E seria ela a bruxa da profecia, a mulher mais poderosa já nascida em muitos séculos e capaz de revolucionar a história do mundo?

Resenha: Amaldiçoadas é o segundo livro d'As Crônicas das Irmãs Bruxas, escrito pelo autora Jessica Spotswood e publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Por ser a continuação, a resenha pode ter spoilers do primeiro livro.

Dando sequência a Enfeitiçadas, voltamos a Nova Inglaterra onde Cate desistiu de todos os seus planos e até mesmo de sua esperança a fim de salvar e proteger suas irmãs, Tess e Maura, e do doce e gentil dono de seu coração, Finn. Devido a pressão sobre a profecia, ela se uniu, contra sua vontade, à Irmandade, um grupo de fachada do qual bruxas disfarçadas se passam por freiras.
A profecia está próxima de se concretizar, e a Fraternidade - a organização religiosa masculina que prega a moralidade e a superioridade do homem, exigem submissão por parte das mulheres e querem erradicar a bruxaria - com o propósito de impedir a profecia, está mais rígida ao prender as mulheres por qualquer motivo, principalmente devido às visões de Brenna, uma jovem oráculo presa em Hardwood, o hospício, que prevê que uma das irmãs seria agraciada com a Visão. Com isso,  Cate passa a questionar seu papel nessa situação em tudo. Quando as irmãs de Cate chegam ao convento, e quando Finn vai pra Londres, as coisas parecem sair fora de controle. Cate está cercada por amigos e inimigos e cheia de escolhas a fazer, escolhas estas que envolvem dilemas morais, promessas que jamais devem ser quebradas e seus sentimentos. São decisões difíceis de serem tomadas visto que a guerra está próxima de ser travada e o tempo é curto...

Narrado em primeira pessoa, Cate se mostra uma heroína forte e carismática. Mesmo com o coração arrasado e partido ela consegue amadurecer, e quando posta a prova demonstra ser alguém muito mais forte do que pensou que fosse. Sua luta interna é colocar seus deveres a frente de seus desejos.
O leitor acompanha seu desenvolvimento e por mais que ela tenha suas inseguranças diante da situação em que se encontra, ela mostra que é uma verdadeira líder e só precisa de um pouco mais de confiança em si mesma para ter controle do que precisa.
Com o retorno de Finn e seu pedido de desculpas, o romance aquece as páginas e ganha novos ares uma intensidade maior já que não podem ficar juntos durante o dia e só podem se encontrar as escuras, mas por mais que tenha uma grande importância na história, não é o foco dessa vez.
A guerra e a possível ascensão das bruxas é o que rege a trama e acompanhar os planos da Irmandade.

Embora os eventos do livro ocorram sobre um período de tempo menor - por volta de um mês - o drama e a ação inseridas na história foram muito satisfatórios.
Cate percebe que, se a Irmandade não agir logo contra a Fraternidade, vidas inocentes poderão ser perdidas e a busca por justiça em nome da opressão que as mulheres sofrem é o que rege as escolhas da protagonista.

Os novos laços de amizade que Cate faz dentro da Irmandade é um ponto forte na história.
Tess e Maura também tiveram papéis de destaque. Tess é doce mas se impõe ao demonstrar seu bom caráter e personalidade forte. Maura não me agradou muito pois está ressentida e parece não ter aprendido nada com suas experiências. Ela é vulnerável, age com egoísmo e demonstra que pode ser má, o que dá um toque de tensão e aflição nos momentos que aparece.

O clima sombrio e a profundidade da história, assim como os personagens muito bem construídos faz o leitor perceber que não se trata de uma história levinha sobre bruxas que querem seu lugar ao sol, muito pelo contrário. A história é complexa e mostra que nem sempre os fins justificam os meios.
A capa, fazendo o estilo da primeira é linda, com adornos e toques em dourado. A diagramação também foi muito caprichada e a revisão está perfeita. Os diálogos são bem construídos, os cenários e personagens bem descritos e tudo colaborou para que o livro fosse uma surpresa pra mim se comparar com o primeiro.

Amaldiçoadas nos traz de volta ao mundo sobrenatural das bruxas oprimidas, abordando profecias em meio a uma trama carregada de mistérios e perseguições, onde o grande xis da questão são as consequências para as escolhas que são tomadas. Cheio de romance, intriga e de revelações surpreendentes, o livro superou minhas expectativas, pois diferente do primeiro, a narrativa não foi cansativa pra mim, muito pelo contrário. Foi uma sequência emocionante que termina em um enorme gancho que vai deixar o leitor ansioso pelo desfecho e pelo destino das irmãs Cahill e o mundo que vivem.

Entrevista com o Vampiro - A História de Cláudia - Anne Rice

20 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Entrevista com o Vampiro - A História de Cláudia
Autora: Anne Rice
Editora: Rocco
Gênero: Romance/Sobrenatural/Graphic Novel
Ano: 2015
Páginas: 224
Nota: ★★★★★
Sinopse: Esta não é simplesmente uma adaptação para os quadrinhos de Entrevista com o vampiro, bestseller de Anne Rice. Meticulosamente ilustrado por Ashley Marie Witter, a versão em graphic novel do livro de estreia da rainha dos vampiros reconta a história sob um ponto de vista inédito: o da vampira criança Cláudia, a imortal de 6 anos de idade, órfã e assassina, vítima e monstro.
As ilustrações em tons de sépia de Ashley Marie Witter retratam fielmente os personagens felinos e andróginos de Rice. O desenho detalhista, algo vintage, reforça o clima ao mesmo tempo sensual e sombrio da obra original, renovando e enriquecendo a narrativa.
A história se inicia com a transformação da enigmática Cláudia em um vampiro e acompanha seu “envelhecimento”, as hostilidades crescentes entre ela e Lestat, seu caso de amor platônico com Louis e sua busca desesperada por outros de sua espécie, com quem espera obter respostas sobre sua própria natureza.
A perspectiva de Cláudia, com uma mente adulta eternamente aprisionada em um corpo infantil, nos mostra uma nova gama de conflitos e contradições, nunca antes apresentados em qualquer livro da série original, tornando esse volume um item indispensável para qualquer aficionado por Anne Rice e seus personagens.
A adaptação é a primeira graphic novel inteiramente produzida pela autora e ilustradora Ashley Marie Witter, que estudou desenho pensando em trabalhar com cinema e videogames antes de descobrir sua vocação para os quadrinhos.

Resenha: Entrevista com o Vampiro inaugura a série As Crônicas Vampirescas da ilustre autora Anne Rice. O livro foi adaptado para o cinema e foi estrelado por Tom Cruise (Lestat), Brad Pitty (Louis) e Kirsten Dunst (Claudia).
Nele conhecemos a versão dos fatos quando Louis dá uma entrevista contando sobre sua "vida" ao lado de Lestat e Claudia após ter se transformado em vampiro.

Nesta versão, A História de Claudia, Ashley Marie Witter deu vida aos personagens através de seus traços carregados de expressão e reconta a história sob o inédito ponto de vista de Claudia, a garotinha de 6 anos que foi transformada em vampira e criada como filha por Lestat e Louis.
Porém, por não crescer e envelhecer fisicamente, Claudia carrega dentro de si uma amargura eterna por ter se tornado uma vampira sedenta, capaz de enganar e arrasar famílias inteiras, cujos desejos não podem ser totalmente supridos por estar presa num corpo de criança e ser vista como a eterna boneca com rosto angelical e inocente que aparenta.
Nutrindo um amor platônico e impossível por Louis, e desesperada por encontrar respostas sobre sua natureza sombria, Claudia deseja encontrar outros de sua espécie, mas por sempre ser impedida por Lestat, acaba nutrindo um grande desejo por vingança, fazendo com que se torne ainda mais perversa em seus propósitos.

As ilustrações em tons de sépia, destacando sangue e fogo em suas cores naturais, dão um tom ainda mais sombrio, misterioso e charmoso à história, representando com bastante fidelidade todo o clima criado por Rice. O estilo vitoriano também se faz presente, visto que a história se passa em Nova Orleans por volta do século XIX. Os personagens possuem traços andróginos, o que faz com que passem delicadeza e sensualidade no que diz respeito a aparência, mesmo que sejam criaturas vorazes e violentas por natureza.

A narrativa é feita por Claudia ao contar sua história desde que "nasceu" como vampira, passando por seus feitos terríveis e seu desejo impossível de ser adulta, chegando a Paris e encontrando o famoso Teatro dos Vampiros, até seu fim trágico. Além do leitor poder acompanhar todos os pensamentos de Claudia, que desperta o pior de si devido a maldição que a prendeu naquela forma infantil, é perceptível que com o passar das décadas seu olhar vai mudando, se tornando mais hostil, intenso e enigmático, e através dele nota-se que se trata de uma mulher selvagem com muito mais idade e experiência do que uma simples garotinha.
Lestat e Louis também são retratados com fidelidade. Lestat aparece como um vampiro egocêntrico, arrogante e sombrio, mas que com o passar do tempo é visto por Claudia como alguém tedioso e autoritário e que deveria pagar pelo que lhe fez. Louis, com seu comportamento passivo diante de Lestat, faz o papel de mãe/pai de Claudia e é nele que ela encontra refúgio e segurança, além de vê-lo como um amante que ela jamais poderá ter.



O livro é uma obra de arte. Capa dura retratando a falsa aparência inocente da vampira mirim, o título é dourado, as folhas são lisas em estilo revista e com ilustrações magníficas que compõe essa graphic novel fantástica, que trás ao leitor novos conflitos e uma visão que enriquece ainda mais a história através da perspectiva de Claudia. Uma obra imperdível para os fãs do original.

Luva Vermelha - Holly Black

13 de fevereiro de 2015

Lido em: Fevereiro de 2015
Título: Luva Vermelha - Mestres da Maldição #2
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Regiane Winarski
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 368
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Após resgatar os irmãos das garras de Zacharov, Cassel tenta restaurar alguma normalidade em sua vida. É uma tarefa nada fácil para alguém que traz a herança dos mestres da maldição e está vinculado a uma das maiores famílias do crime. Mas Cassel, afinal, começa a descobrir como ser um mestre e mesmo assim ter amigos. Porém, para ele, o que é normal nunca dura. Em pouco tempo, Cassel é requisitado pelos dois lados da lei e se vê forçado a confrontar seu passado - de que recorda apenas fragmentos, um dos quais pode inclusive destruir sua família e seu futuro. Ele terá que decidir de que lado vai ficar, porque a neutralidade não é uma opção. E precisará desferir o maior golpe de sua vida para sobreviver...

Resenha: Luva Vermelha é o segundo volume da trilogia Mestres da Maldição, escrita pela autora Holly Black e publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Recapitulando o primeiro livro, Gata Branca, Cassel Sharpe é um jovem que vem de uma família de Mestres da Maldição, pessoas que possuem o poder de alterar memórias, destinos e emoções alheias apenas com um simples toque. Essa prática é ilegal e todos são considerados criminosos. As pessoas com esse dom devem usar luvas de forma que o toque não cause nenhum efeito que vá amaldiçoar alguém. Mas Cassel não poderia ser considerado um criminoso, mesmo que sua família seja composta de criminosos, pois ele, aparentemente, não tem nenhum dos setes toques mágicos: sorte, sonhos, corpo, emoções, memória, morte e transformação... E com o desenrolar dos acontecimentos, acabamos descobrindo que Cassel tinha segredos escondidos que nem ele próprio sabia...

Por se tratar do segundo volume, aqui vai um alerta de spoiler!! E se ainda não leu o primeiro livro, corra pra ler! Vale super a pena!

Cassel teve a memória alterada para acreditar que não possuía poderes e não lembrar que foi usado e traído pelos irmãos, Barron e Philip, para que eles cometessem crimes e saíssem impunes. Eles usavam o poder do garoto para transformar pessoas em objetos. Sem provas, o crime era perfeito. Mas após os eventos do primeiro livro, Cassel conseguiu descobrir que ele era um Mestre, e não um Mestre qualquer, mas o mais poderoso e raro de todos: um Mestre da Transformação.
Assim, também soube que ele não havia matado Lila como imaginou, e que ela agora já não é mais uma gata branca... E sabendo da verdade, Cassel não tem intenção de deixar que ninguém o use mais

Agora, Cassel está de volta para seu último ano em Wallingford Preparatory depois de ter passado as férias de verão na companhia de sua mãe, que saiu da prisão e parece querer aproveitar todo o tempo perdido aplicando novos golpes. Sua mãe é Mestra das Emoções e usa seu dom para fazer com que homens ricos caiam em sua rede, assim como usou de seu toque para fazer com que Lila se apaixonasse por ele.
Na escola, ele reencontra os amigos, mas o que ele não esperava era que Lila aparecesse pra estudar lá acreditando que ficar perto de Cassel iria ajudar a quebrar a maldição, pois ela pensou que ao ver de perto que o sentimento não é recíproco, ela cairia na real. Ledo engano... E como se isso não bastasse pra complicar a vida do garoto, os federais ainda apareceram pedindo a ajuda dele pois Philip, seu irmão, está morto e querem descobrir o que aconteceu e quem foi o responsável pela morte dele.
Zacharov, o poderoso chefe da máfia local e pai de Lila, é o principal suspeito, mas ainda não se sabe.
O problema é que não será fácil lidar com essa situação pois de um lado estão os federais fazendo pressão, enchendo o garoto de perguntas e ameaçando sua família, enquanto do outro lado está o próprio Zacharov que, agora que sabe dos poderes de Cassel, quer que o garoto trabalhe pra ele. Cassel precisa decidir de que lado vai ficar enquanto tenta descobrir quem matou seu irmão ao mesmo tempo que arma o golpe perfeito.

Narrado em primeira pessoa, Luva Vermelha continua sendo viciante. A facilidade e a rapidez com que o livro é lido chega a ser fora do comum pois a leitura é muito fluída e dessa vez sem muitas explicações já que várias delas já foram feitas em gata Branca. A escrita da autora é ótima e ela consegue fazer descrições, construir e manter traços de personalidade com uma honestidade e sinceridade ímpar. Chega até a assustar pois são descrições que geralmente pensamos num impulso e consideramos que outras pessoas não pensem o mesmo. É incrível como ela consegue inserir humor em situações de perigo ou problemas extremos. Dessa forma, o leitor se depara com personagens únicos, pois por mais absurdos, insensatos ou cruéis que sejam, sempre haverá uma tirada ou saída maluca.
"Mais tarde, mamãe aparece no calçadão atrás de mim usando saltos de plataforma. Seu vestido branco esvoaça na brisa do fim do verão. O decote é tão profundo que fico com medo de seus peitos pularem para fora caso ela se mexa rápido demais. Sei que é perturbador eu perceber isso, mas não sou cego."
- Pág. 11
Cassel não é perfeito, e acredito que nem poderia ser já que cresceu numa família de vigaristas imorais e desonestos e ainda tem uma mãe completamente egoísta, egocêntrica e oportunista. Ainda assim, mesmo que nem sempre faça o bem, ele sabe distinguir o certo do errado. O menino é cheio de problemas mas não faz o estilo adolescente revoltado e rebelde sem causa. Mas ele não é santo... o garoto é esperto, engraçado, sarcástico, mas em compensação é arrogante, muitas vezes inseguro e um mentiroso de mão cheia. Ele não hesita em mentir pra Deus e o mundo, enganar os outros, aplicar golpes, esconder provas... É o típico personagem que tem falhas, que tem atitudes erradas cujas consequências só podem dar na maior merda do mundo e ele é o único que parece não enxergar isso. Mas no final é um garoto que só quer ser aceito por quem ele é e que não tem intenção de prejudicar alguém realmente, pelo menos não na seriedade da coisa. Mesmo tendo vivido uma vida fodida, e ainda cercado por idiotas, ele tenta ficar por cima e ainda faria o que pudesse pra ajudá-los. No fundo ele não é uma má pessoa e vai amadurecendo com a experiência de vida que adquire a cada nova situação que precisa enfrentar. Ele ainda não está totalmente livre da maldição da memória que lhe foi lançada, mas aos poucos ele vai descobrindo mais sobre seu passado.
Os relacionamentos de amizade de Cassel que começaram a se formar no primeiro livro, mostrando que pode haver confiança o suficiente para que um ajude o outro foi um dos vários pontos positivos da história. Sam e Daneca, os amigos de Cassel, ganham uma espaço considerável na história e foi super bacana de se acompanhar.

Um ponto bacana, mas terrível, que foi explorado foi sobre o "rebote", ou seja, as consequências que o Mestre sofre com o uso da magia, e podemos ver isso com Vovô, Mestre da Morte e que perdeu partes do corpo com essa brincadeira.
Ainda há o problema com Lila, por por mais que ele goste dela, ele acredita que ela só o ama devido a maldição que sua mãe lançou a ela... Será mesmo? A garota ainda é um mistério pois além desse problema, há a questão dela ser filha de Zacharov que a coloca em um papel complicado, até mesmo porque ela pretende assumir o que vai herdar o pai: o controle da máfia.

Sobre a parte gráfica, a capa segue o mesmo estilo da primeira, a parte interna é preta, o título da obra e do nome da autora são em alto relevo com aplicação em verniz enquanto o fundo é fosco. As páginas são brancas, a diagramação é simples, a fonte é grande com um bom espaçamento entre as linhas.

Geralmente numa trilogia, o primeiro livro é mais introdutório e o segundo funciona como uma "ponte" com informações complementares que conduzem a trama ao terceiro livro, que é onde geralmente acontecem todas as reviravoltas para o grande desfecho, e acho que no caso de Luva Vermelha, essa função de segundo livro ocorre em partes.
A ação não está muito presente no final e talvez tenha sido proposital, evidenciando a inteligência e a esperteza em vez de atitudes drásticas. Se compararmos com o gata Branca, acho que Luva Vermelha não é um livro com acontecimentos bombásticos. Ele segue de forma mais linear, há a inserção de novos pontos a serem trabalhados e desvendados no terceiro livro mas nada muito em aberto. Acho que a leitura foi bem consistente e satisfatória e continuo batendo palmas para a autora por ter criado um universo único e original, com personagens cujas personalidades são muito reais e conseguem fugir perfeitamente de clichês.

Legado - Nancy Holder e Debbie Viguié

27 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Legado - Wicked #3
Autoras: Nancy Holder e Debbie Viguié
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Priscila Catão
Gênero: Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Desde que se conheceram, Holly e Jer são atraídos um para o outro, assim como ocorreu séculos antes com Isabeau Cahors e Jean Deveraux, aumentando ainda mais o ódio entre as famílias, representantes de duas linhagens diferentes de bruxos. Depois de Bruxaria e Maldição, a jovem Holly Cathers – que levava uma vida normal até perder os pais e a melhor amiga num acidente e descobrir que é a mais nova descendente da antiga Confraria das Cahors – passará por provações cada vez mais complexas em Legado, terceiro volume da série de mistério e magia Wicked. 

Resenha: Legado é o terceiro volume da série Wicked escrita pelas autoras Nancy Holder e Debbie Viguié. O livro foi publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Esta resenha poe ter spoiler dos livros anteriores!

Dando continuidade à história iniciada em Bruxaria e seguindo por Maldição, em Legado, Holly vai à Inglaterra para tentar libertar sua prima Nicole, aprisionada por ordem da Suprema Confraria, mas o que ela quer na verdade é encontrar Jer, seu namorado que está desaparecido. Mas Holly já não é a mesma... Depois que descobriu que tem uma enorme ligação com a Confraria, a única coisa que lhe restou foi aceitar seu destino... No passado, Isabeau (ancestral de Holly) e Jean (marido de Isabeau), foram amaldiçoados e condenados a vagarem pelo mundo dos espíritos até que a promessa que Isabeau teria feito a sua mãe fosse cumprida: Ela teria que matar o marido, e ele queria vingança pela família Deveraux ter sido queimada viva graças a falsidade da esposa! Então, a cada nova geração, após centenas de anos do ocorrido, os espíritos dos dois tentam possuir membros de suas famílias, numa relação de amor e ódio, e eles agiam através de Holly e Jer... Determinada a acabar com essa maldição e ciente de seu legado, Holly se vê em meio a uma guerra mágica onde deverá encarar desafios e perigos que nunca imaginou, onde muitas vidas serão perdidas e muitos sacrifícios serão realizados... Cabe a Holly tentar salvar as pessoas que ama e voltar para casa, mas será que vai conseguir este feito?

Narrado em terceira pessoa, desta vez senti que a história foi contada com um pouco mais de clareza se comparado aos dois primeiros volumes e fluiu de forma muito mais satisfatória. Não vou negar que alguns trechos são confusos, algumas coisas parecem acontecer do nada e sem explicações para que se saiba de onde aquilo veio e como se foi, mas acho que já me acostumei com essa característica "marcante" nessa série. Só lendo para entender... A história continua tendo seu lado negro, sombrio e escuro, as pontas soltas que ficaram nos livros anteriores foram amarradas e acabou por mostrar que existe algo muito maior do que se imaginava.

As autoras conseguiram expandir a história e o cenário, incluindo novas cidades para dar novos ares, mas, por mais que a leitura flua bem, elas trabalharam em demasia com personagens a se perder de vista, cada um com suas particularidades e é difícil memorizar quem é quem, o que cada um faz, de onde surgiu, como, quando... Já são muitos os que existiam e ainda aparecem mais. Cheguei até a considerar que a trama que envolve Isabeau e Jean é mais interessante do que o que se passa na atualidade com Holly e toda a turma infinita.

Um ponto interessante é que não há muita distinção entre bem e mal, o que deixa o leitor numa posição de nunca saber o que esperar, qual será o próximo passo, ou quais são as reais intenções dos outros. As autoras não tem a menor piedade quando o assunto é morte, por mais apavorantes que sejam, e o leitor fica em constante agonia quando o assunto é Jer, pois nunca se sabe se o pobre coitado está vivo ou morto. Há um misto de batalhas, tanto as mágicas quanto as não-mágicas, há romance, e o que mais me agradou é que apesar de tudo, Legado teve aprofundamentos em alguns personagens, mostrando que alguns que pareciam não ter tanta relevância assim estão mais complexos e importantes na trama, enquanto Holly dá seus vacilos...

Os mistérios não acabam por aí, o final só deixa ansiedade e curiosidade no ar e acredito que a série como um todo mostra um lado negro, cruel e aterrorizante sobre magia e bruxaria que não se encontra tão facilmente por aí... Legado foi o melhor livro da série até o momento e espero a continuação, Spellbound.

Gata Branca - Holly Black

13 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: Gata Branca - Mestres da Maldição #1
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Regiane Winarski
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2012
Páginas: 360
Nota: ★★★★★
Sinopse: Cassel vem de uma família de mestres da maldição – pessoas que têm o poder de mudar emoções, memórias e destinos com o mais leve toque das mãos. Mas fazer isso é ilegal, o que significa que todos eles são criminosos. Exceto Cassel. Ele não tem o toque mágico, está de fora: é o único filho normal em uma família paranormal. O único detalhe é que matou sua melhor amiga.
Tentando fugir de seu terrível passado, Cassel faz de tudo para ser como os outros garotos. Uma noite, porém, tudo vai por água abaixo: depois de sonhar repetidas vezes com uma estranha gata branca, um ataque de sonambulismo o põe em perigo e ele começa a achar que seus irmãos estão escondendo mais do que alguns segredos.
Desconfiado de que não passa de uma pequena peça de um grande golpe, Cassel começa então a fazer uma busca em seu passado e em suas memórias, que parecem lhe fugir. Para desvendar os mistérios de sua vida, ele vai precisar armar um verdadeiro golpe de mestre. 

Resenha: Gata Branca é o primeiro volume da trilogia Mestres da Maldição escrito pela autora Holly Black e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
A história se passa em um mundo alternativo em que existem pessoas com poderes... algumas são capazes de mudar a sorte de alguém, outras de manipular memórias, mudar emoções, destinos, causar a morte... Se tratam dos mestres da maldição, e quem é afetado acaba sendo "amaldiçoado", isso com um simples toque de suas mãos... Porém, como tudo na vida têm consequências, usar tais poderes se tornou algo ilegal, e quem tem o toque mágico é considerado um criminoso. Para evitar que maldiçoes fossem lançadas, mesmo que por acidente, todos que possuem o toque mágico são obrigados a usar luvas de couro.

Cassel Sharpe é um garoto de 17 anos que nasceu numa família de mestres, todos golpistas e envolvidos com a máfia, e cada um domina um tipo de poder, exceto ele próprio, que, aparentemente, nasceu sem poder algum, o que o tornou um intruso em sua família, mas, como ele mesmo aprendeu, não é preciso ser um mestre pra ser um golpista.

E falando em família, a dele não poderia ser pior... Irmãos ordinários que trabalham para mafiosos ardilosos, mãe sem vergonha que foi presa por ter usado seus poderes para manipular emoções e extorquir homens ricos, pai morto, e Cassel, em meio a esse ambiente desestruturado, acredita ser um criminoso porque, além de ser bom em dar golpes, mesmo não possuindo poderes, conseguiu matar sua melhor amiga e por quem ele era apaixonado, Lila Zacharov, aos 14 anos, mas não se lembra muito bem do que aconteceu de fato. Ninguém de sua família toca no assunto, pois a garota é filha de Zacharov, o terrível mafioso chefe de Philip e Barron, seus irmãos mais velhos. E essa morte é o o principal ponto de partida para o desenrolar da história.

Em Wallingford, uma escola preparatória para a qual Cassel foi enviado após a prisão de sua mãe, o garoto tem uma crise de sonambulismo e acaba sendo pego andando pelo telhado. Ele só se lembra de um sonho em que uma gata branca havia roubado sua língua e ele queria recuperá-la. O diretor quer expulsá-lo e mandá-lo de volta para casa, mas ele não tem mais uma família e um lar pra onde voltar e sua única opção é se submeter a uma avaliação médica para que seja atestado que ele não tem problemas graves que fariam com que ele andasse em telhados enquanto dorme outra vez colocando a própria vida em risco. Ele continua tendo sonhos com a tal gata até perceber que existe gatos rondando a propriedade, e entre dois malhados, um preto e um bege, há um branco... Ele começa a perceber que algo de errado está acontecendo e tenta descobrir o que é enquanto vai desvendando mistérios que o cercam e usando de todo o seu talento para atingir seus objetivos.
“Minha mãe explicou o essencial sobre golpes mais ou menos na mesma época em que explicou sobre as maldições. Para ela, a maldição era como conseguia o que queria, e o golpe era como escapava do que tinha feito. Não consigo fazer as pessoas amarem ou odiarem instantaneamente, como ela, nem fazer seus corpos se virarem contra si mesmos, como Philip, nem tirar a sorte das pessoas, como meu outro irmão, Barron. Mas não é preciso ser um mestre para ser um golpista.
Para mim a maldição é uma muleta, mas o golpe é tudo”.
- pág. 24
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Cassel, Gata Branca é uma leitura muito fluída, daquele tipo que quando se começa é difícil largar enquanto não termina.
O melhor da narrativa é que ao se envolver com a história, nem sequer me lembrei que por trás de Cassel existia uma autora escrevendo tudo aquilo. Holly Black conseguiu dar "voz" ao protagonista fazendo-o passar por um adolescente autêntico, com personalidade e mentalidade que se adequaram perfeitamente a idade dele, inclusive na falta de senso em acreditar que o que faz de ruim através de suas mentiras (muitos boas por sinal) é alguma vantagem.
"A memória é fugidia. Ela se ajusta à nossa compreensão do mundo, se deforma para acomodar nossos preconceitos. Não é confiável. Testemunhas raramente se lembram das mesmas coisas. Identificam as pessoas erradas. Dão detalhes de eventos que nunca aconteceram. A memória é fugidia, mas minhas lembranças, de repente, parecem ainda mais fugidias."
- pág. 116
A trama é completamente inovadora, diferente e bem amarrada, e a autora foi simplesmente genial ao deixar pistas sobre o passado de Cassel que, literalmente, o persegue e que acabam por enganando e confundindo o leitor, e até o próprio protagonista que se vê em meio a uma grande conspiração, para, ao final, ficarmos de boca aberta, onde máscaras caem e ninguém é quem parece ser. Não existe aquela açããão frenética e talvez por ser o primeiro volume é algo mais introdutório, algumas coisas acabaram se tornando um pouco previsíveis, e senti falta de algumas explicações, mas ainda assim a leitura superou minhas expectativas, me deixou empolgada e Cassel se tornou um dos meus personagens favoritos.

Por mais que a magia seja tema de outras histórias, o universo que é apresentado é bastante original no que diz respeito a detalhes, personagens e suas crenças sobre o uso dos poderes.
Uma das melhores leituras que tive o prazer de aproveitar este ano.

Com relação a parte impressa, a capa ilustra bem Cassel (usando luvas) com a gata e o título em alto relevo dá um charme a mais. A parte interna da capa é preta o que dá um ar de mistério ao livro. As páginas são brancas, mas mesmo preferindo as amareladas, não tive problemas com a leitura (são quase 400 páginas que podem ser lidas em um único dia devido a fluidez e a cor da página não atrapalhou minha empolgação em momento algum). A fonte tem um tamanho agradável, a diagramação é simples e não encontrei erros na revisão.

Para quem curte histórias com conteúdo rico em detalhes, com mistérios a serem revelados, com novidades a cada página e personagens bem construídos e super cativantes, Gata Branca é leitura obrigatória.

Sombrio Perdão - Melissa Marr

12 de novembro de 2014

Lido em: Outubro de 2014
Título: Sombrio Perdão - Wicked Lovely #5
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 336
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em Sombrio Perdão, último livro da série Wicked Lovely, Keenan precisa escolher entre sua rainha, Aislinn, e sua amada, Donia. Aislinn, por sua vez, esta apaixonada por Seth. Irial foi gravemente ferido, e Niall está sofrendo. Porém, conforme o derradeiro ataque de Bananach se aproxima, todas as Cortes - a Sombria, a do Inverno e a do Verão - precisarão esquecer seus próprios problemas e se unir.
O fim está próximo. E a Guerra quer sangue.

Resenha: Depois dos conflitos de Sombras Radiantes, um estranho que caminha por Huntsdale representa risco de vida para os seres encantados. Keenan, o Rei do Verão, está desaparecido e Aislinn cuida da Corte sozinha enquanto o procura. Ela continua esperando por Seth, que se manteve afastado para que ela pudesse escolher mas também está prestes a cometer o pior dos erros a ponto de pagar com a própria vida. Ash ainda se sente dividida entre ele e o Rei do Verão...
Seth se tornou peça fundamental na trama, principalmente por ter se tornado herdeiro de Sorcha e desenvolvido poderes de grande importância.

Com uma guerra iminente, Keenan anseia por fortalecer sua corte, e Donia prepara a Corte do Inverno para a batalha enquanto almeja uma paixão. Ela ama Keenan, mas entende que se não pode tê-lo por inteiro, é melhor se afastar.

A guerra está para começar, Bananach, a Rainha do Caos, está mais forte do que nunca, alguns vão ganhar, mas outros vão perder... O Mundo Encantado está tomado por intrigas e desespero, as Cortes estão repletas de conflito e traição...
A história, desta vez, tem um foco maior em Keenan e Donia, que desde Terrível Encanto já tinham uma história de amor impossível.

Keenan preza pelo seu reino e não pode colocar outros assuntos em primeiro lugar, abrindo mão de seus verdadeiros sentimentos por Donia, mas ao mesmo tempo, talvez pelo decorrer dos acontecimentos, ele acaba amadurecendo e suas atitudes conseguem surpreender bastante.

A narrativa continua em terceira pessoa mas isso não impede de nos aproximarmos dos conflitos pessoais de cada personagem da história em que cada atitude ou escolha interfere em algum acontecimento futuro ou em alguma outra Corte.

Melissa Marr trabalhou o universo que criou com toques fantásticos, perversos e sombrios, com personagens únicos e realistas, trazendo uma trama cheia de surpresas, reviravoltas, fazendo com que o leitor torça por determinados casais, pela ruína de alguns e a felicidade de outros como se não houvesse amanhã.

É difícil encontrarmos uma série onde a autora aborda temas delicados que sempre envolvem o emocional e psicológico ao se tratar de traumas, amores não correspondidos ou qualquer tipo de dificuldade para alcançar o que parece ser inalcansável, e a autora conseguiu usar as Cortes a fim de ilustrar e diferenciar o bem e o mal.

Posso afirmar que ao final da série é possível refletir sobre a história como um todo e perceber que as Cortes opostas são elementos que de certa forma nos fazem encontrar partes de nós mesmos, e que Verão e Inverno, Razão e Caos, Luz e Escuridão podem ter significados que vão além de seu sentido literal.

Não esperava por um final épico, pois no decorrer da leitura da série senti que a autora foca mais nos sentimentos e nas intrigas das Cortes, mas ainda assim volto a afirmar que a mitologia que ela criou fez a diferença na história a tornando bem interessante. Acho que até a história chegar ao ponto de empolgar e ficar realmente intrigante, muitas páginas que considerei enfadonhas e "enrolonas" já haviam se passado, o que faz com que a leitura possa ser um pouco cansativa, e por esse motivo Sombrio Perdão e a série inteira não ganharam mais estrelinhas na minha avaliação.

Todos temos luz e trevas dentro de nós mesmos e acredito que o final, leva isso em consideração, com conflitos que mesclam encanto com perversidade, mostra que nem sempre finais felizes é o que encerra uma série de forma tão satisfatória como Sombrio Perdão encerrou.

A capa, seguindo o padrão dos livros anteriores e mantendo a arte original, é linda, páginas amareladas, ornamentos deixando a diagramação bem caprichada e a revisão não deixou a desejar.

No final das contas, a série, apesar de ser um dos meus gêneros favoritos, não é a melhor de todas que já acompanhei, mas não desaponta e vale a pena investir na leitura por ser tão inovadora e original, então, recomendo pra quem curte o gênero.

Sombras Radiantes - Melissa Marr

Lido em: Outubro de 2014
Título: Frágil Eternidade - Wicked Lovely #4
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2013
Páginas: 344
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Devlin sempre se esforçou por obedecer aos comandos da Corte, exceto por um detalhe, que anos depois volta para assombrá-lo: ele não matou a pequena Ani como a Rainha o instruiu a fazer. Seu segredo permanece seguro... até que seu caminho se cruza com o dela. Essa garota semimortal e semimágica esconde um segredo maior do que ele poderia imaginar - capaz de mudar suas vidas, os planos da Corte e o futuro de todos os seres encantados...

Resenha: Dando continuidade aos acontecimentos do universo dos livros anteriores, porém sob o ponto de vista de personagens diferentes, Sombras Radiantes tem como protagonista da vez Devlin, um ser encantado que surgiu da essência da união das matriarcas das fadas da Alta Corte, Sorcha e Bananach. Ele é uma mistura de Razão e Caos, porém, optou por seguir e servir Sorcha, a rainha da Razão. Conhecido como as Mãos Sangrentas da Rainha, Devlin é um assassino e tem como função manter a ordem no Mundo Encantado, não importa o que precise ser feito para isso.

No passado, Devlin descumpriu uma ordem da Rainha em que deveria ter matado Ani. Sorcha a considerava um problema que deveria ser eliminado pois poderia ameaçar o futuro das Cortes, mesmo que fosse um bebê, mas Devlin não a matou pois Rae, que se tornou uma grande amiga de Devlin, pediu para que ele não cumprisse tal ordem. Ele manteve sua desobediência em segredo, pelo menos enquanto pôde...

Ani é um ser encantado que nasceu da Caçada Selvagem, controlada por Gabriel, que além de seu pai é o líder dos Hounds que tem grande ligação com a Corte Sombria. Tais criaturas vagavam pela terra espalhando terror, exigindo vingança, causando desordem e são conhecidas como os dentes e as garras do Mundo Encantado. Ani, sua irmã Tish e seu irmão Rabbit (o tatuador que aparece em Tinta Perigosa) viviam sob a proteção de Irial, ex rei da Corte Sombria. Com o passar dos anos, Ani descobriu que não era apenas uma semimortal. Sendo uma Hound, ela acabou descobrindo que se alimentar de emoções negativas era uma necessidade que ainda envolvia algo muito maior do que pensava, tanto que foi usada por Irial e a própria Bananach passou a ter interesse na garota.

Em meio a tudo isso, a história se volta para Seth, namorado de Aislinn que em Terrível Encanto fez de tudo para se tornar um ser encantado e ficar junto de sua amada que havia se tornado a Rainha do Verão. Porém, tais fatos o fizeram se envolver com Sorcha, e esta passou a ter uma enorme ligação com o rapaz. Sorcha ordenou a Devlin que vigiasse Seth e numa dessas acabou reencontrando com Ani, a garota que ele deveria ter matado mas não matou... E esse encontro irá abalar estruturas e o próprio Mundo Encantado...

Narrado em terceira pessoa, a trama é lenta. A ação demora pra chegar e quando chega é tudo de uma vez só, então achei este livro bem enrolado. Como se trata de uma história destinada a um personagem diferente dos demais livros, não é obrigatório que se leia os volumes anteriores para ler este, mas recomendo que a leitura da série seja lida em ordem pois alguns detalhes que parecem irrelevantes fazem muito mais sentido quando se tem um conhecimento prévio do que se trata. Enquanto lemos é possível se lembrar de tal cena num outro livro e pensar "aaahh, agora sei que esse sujeito que acompanho agora não era só um figurante inútil e não estava alí por acaso". Esse tipo e coisa acontece muito na série e é algo que me agrada muito pois tudo parece ter sido planejado nos mínimos detalhes, mesmo que para ser explicado depois.

Os personagens, assim como os demais da série, são ricamente construídos e remetem a pessoas reais no que diz respeito a personalidade e comportamento, mesmo que sejam seres sobrenaturais.
Se o leitor que acompanha a série espera encontrar os primeiros personagens, vai quebrar a cara, pois tudo gira em torno de uma grande trama, uma teia de mentiras e interesses, envolvendo as Rainhas da Alta Corte, a Corte Sombria, Devlin e Ani, com um grande foco no futuro de todo o reino e o que poderá acontecer com ele de acordo com cada atitude tomada a partir de cada descoberta feita, causando várias reviravoltas na história.

Devlin e Ani é aquele tipo de casal que são completamente opostos, mas que são perfeitos um para o outro, com uma das melhores químicas que já pude acompanhar. Devlin, apesar de toda aquela banca de botar moral e ordem onde passa, reprime muita coisa dentro de si e me apaguei ao rapaz.
É um livro que abre uma brecha para a continuação, visto que o Mundo Encantado ficou desequilibrado, o que favorece a rainha do Caos dando a entender que ela terá ais espaço.
Com relação a parte impressa, a capa é linda, as figuras de cães remetem bem ao tema da caçada, cada capítulo é enfeitado com um ornamento combinando com o da capa, folhas amareladas e não encontrei erros grosseiros na revisão.

Recomendo a leitura da série para quem gosta de uma história bastante original no que diz respeito a mitologia, pra quem não gosta de se prender a um personagem só e quer ter uma ampla visão acerca do mundo que a autora criou, que cá entre nós, é impressionante!