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Por Lugares Devastados - John Boyne

18 de dezembro de 2023

Título:
 Por Lugares Devastados - O Menino do Pijama Listrado #2
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Drama
Ano: 2024
Páginas: 224
Nota:★★★★★
Sinopse: Gretel Fernsby conseguiu escapar da Alemanha nazista e há décadas leva uma vida pacata em Londres. Em seu íntimo estão as marcas de um passado obscuro e perturbador, e ela esconde a todo custo que é a filha do comandante de um dos mais notórios campos de concentração nazistas. Tudo muda, porém, com a chegada de um novo vizinho ― Henry, de nove anos ―, de quem se torna amiga. Certa noite, Gretel presencia uma discussão violenta entre a mãe e o pai do garoto e se vê diante de uma encruzilhada: pode salvar a criança, mas a decisão implica revelar sua verdadeira identidade para o mundo.
Sequência do aclamado O menino do pijama listrado, Por lugares devastados investiga as consequências da guerra e como um acontecimento pode moldar um ser humano. É uma história emocionante e devastadora sobre uma mulher que precisa enfrentar seus erros pregressos e agir com coragem no presente.

Resenha: Por Lugares Devastados, do autor John Boyne, veio para dar continuidade à história do livro O Menino do Pijama Listrado, lançado há quase vinte anos, porém sob o ponto de vista de Gretel Fernsby, a irmã mais velha de Bruno.
A história se passa no ano de 2022, oito décadas depois que ela e a mãe conseguiram escapar da Alemanha nazista. Gretel agora é uma senhora de 91 anos e mora num belíssimo apartamento em frente do Hyde Park, em Londres.
O que ninguém sabe é que, por trás dessa senhorinha um tanto chata e antissocial, há um passado perturbador onde ela esconde a todo custo que é a filha do comandante do campo de concentração de Auschwitz e, assim, ela vai levando a vida, tentando passar despercebida, mas sem esquecer tudo o que viveu no passado.
Mas as coisas pra ela mudam quando novos vizinhos se mudam para o apartamento abaixo do seu. É um casal com um filho de 9 anos, Henry, de quem Gretel acaba se aproximando e ficando amiga. E quando ela presencia uma briga bastante violenta entre os pais do menino, ela precisa decidir se vai intervir para salvá-lo e evitar que o pior aconteça, mas essa decisão faria com que sua verdadeira identidade e seu passado fossem revelados para as pessoas. E agora?

O livro é narrado por Gretel, intercalando fatos de seu presente, onde ela enfrentra alguns problemas com seu filho que quer que ela vá para uma clínica de idosos para vender seu apartamento, e do passado, onde ela fala de sua trajetória e o que aconteceu após a fuga da Alemanha, incluindo o medo que ela e a mãe tinham de serem descobertas pela proximidade e "participação" que tiveram num dos piores eventos que a humanidade já viu.
A protagonista é uma personagem bastante complexa e com diversas camadas que vão sendo reveladas aos poucos, a cada nova informação que ela fornece sobre sua vida. É um misto de pena, raiva e um pouco de admiração por todas as situações que ela foi condicionada a viver, que por mais injustas que pareçam, são um reflexo da criação que ela teve, vivendo numa realidade em meio ao regime nazista onde ela não tinha outra opção a não ser seguir as regras. 

O que o autor levanta aqui é a questão da culpa que Gretel carrega e de que ela não é uma pessoa perfeita, fazendo o leitor refletir sobre a ideia dela entender ou não a complexidade do que estava acontecendo, se se arrependeu, se era conivente ou se apenas estava obedecendo e seguindo os ensinamentos do pai. E será que, levando tudo em consideração, ela pode ser julgada pelo que ele fez?

Boyne cria situações delicadas e bastante difíceis, desde as relatadas por Gretel que mostram as consequências de uma guerra mundial e uma vida cheia de mentiras e culpa, até as cenas presentes com os vizinhos que envolvem violência doméstica, e é impossível não se colocar no lugar dela, imaginando o que faríamos se fosse com a gente.

Não vou me alongar muito dando mais detalhes porque, assim como o primeiro livro, este é uma experiência literária que deve ser absorvida ao máximo pelo leitor para que ele seja surpreendido com os acontecimentos, as reflexões e as reviravoltas incríveis que acontecem.

Percebi alguns problemas na tradução e na linha do tempo que fugiram do que foi feito no primeiro livro, mas ainda dá pra entender sem atrapalhar a leitura, só achei válido pontuar.

Por Lugares Devastados é uma leitura comovente que não só complementa o livro anterior com questões sensíveis sobre culpa, cumplicidade e redenção, como tráz reflexões brutais sobre a banalidade da maldade e suas consequências.

O Menino no Alto da Montanha - John Boyne

3 de janeiro de 2019

Título: O Menino no Alto da Montanha
Autor: John Boyne
Editora: Seguinte
Gênero: Drama/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 230
Nota:★★★★★
Sinopse: Quando Pierrot fica órfão, precisa ir embora de sua casa em Paris para começar uma nova vida com sua tia Beatrix, governanta de um casarão no topo das montanhas alemãs. Mas essa não é uma época qualquer: estamos em 1935, e a Segunda Guerra Mundial se aproxima. E esse não é um casarão qualquer, mas a casa de Adolf Hitler. Logo Pierrot se torna um dos protegidos do Führer e se junta à Juventude Hitlerista. O novo mundo que se abre ao garoto é cada vez mais perigoso, repleto de medo, segredos e traição. E pode ser que Pierrot nunca consiga escapar.

Resenha: Pierrot é um garotinho de sete anos que mora com os pais e seu cãozinho D'Artagnan na França. Seu melhor amigo é um garoto judeu, surdo e mudo, chamado Anshel. Quando os pais de Pierrot morrem, o garoto é enviado à um orfanato, mas não demora até que ele vá para a Alemanha para ficar sob os cuidados de sua tia Beatrix. Ela é governanta numa casa que fica no alto de uma montanh, que pertence a um homem muito poderoso que todos chamam de Füher. Logo que chega na casa, Pierrot passa a ser chamado de Pieter.

Assim, em pleno início da Segunda Guerra Mundial, vamos acompanhando a história de Pieter, e como o convívio com o líder dos nazistas foi responsável pela perda da inocência e mudança do garoto, que agora almeja se tornar um homem tão poderoso e respeitável quanto seu líder e os oficiais que transitam por aquela casa.

Meu primeiro contato com o autor foi através do livro O Menino do Pijama Listrado quando precisei ler a obra para um trabalho na escola. O impacto foi grande o bastante para tormar a leitura inesquecível, e posso dizer que com O Menino no Alto da Montanha as coisas não foram muito diferentes: uma história que se passa durante a Segunda Guerra enquanto acompanhamos as consequências dela sobre uma criança que não sabia bem o que estava acontecendo e foi, inevitavelmente, envolvida e doutrinada numa ideologia cruel e assassina.

Pierrot era um garotinho adorável, mas sua inocência o deixava vulnerável a qualquer tipo de influência. E naquela casa, a figura de autoridade a quem ele tinha como exemplo era ninguém menos do que Hitler. O garoto vai crescendo, iludido pelo discurso nazista, e deixa suas origens e sua bondade para trás quando acredita que a busca pelo poder é o que fará dele um grande homem.

O livro é bem curtinho, mas mostra com muita realidade uma boa parte do que foi a Juventude Hitlerista e como esses jovens foram influenciados e levados a acreditar nesse partido genocida como algo bom. Mesmo que não sejam posturas aceitáveis, é possível compreender como foram manipulados, e por que a doutrinação é algo tão perigoso, principalmente quando é feita por alguém que sabe usar as palavras certas nos momentos mais oportunos para atingir os pontos fracos das pessoas e convencê-las de seus ideais sombrios.

O Menino no Alto da Montanha é uma leitura amarga, mas traz lições sobre como o medo e a solidão podem ser sentimentos que deixam um vazio propício a ser preenchido com promessas perigosas, mas também o quanto reconhecer os próprios erros e os perdão são coisas que libertam a alma.

Uma História de Solidão - John Boyne

7 de abril de 2016

Título: Uma História de Solidão
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Drama
Ano: 2016
Páginas: 416
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Primogênito de um lar disfuncional na Irlanda, o inocente Odran Yates vai estudar em um colégio que prepara garotos para a vida eclesiástica. Ao relatar sua jornada, da ingenuidade dos primeiros anos de colégio à descoberta dos segredos mais bem guardados da Igreja, Odran descreve uma Irlanda cheia de contradições e ódio por trás de uma fachada de bons costumes.
Enquanto lida com as implicações de seu trabalho e o sofrimento das pessoas que ama, o padre Odran se convence de que era inocente demais para entender o que acontecia ao seu redor e tenta fazer um acerto de contas com a própria consciência.

Resenha: "A raiz dos abusos na Igreja está no seminário", "Por que a instituição que mais prega castidade e retidão moral é palco de tantos escândalos sexuais? A porta dos fundos da igreja está aberta. É hora de entrar", "Padre é acusado de cometer abuso sexual contra jovens em São Paulo", "Vítima de abuso sexual nos EUA responsabiliza papa". Esses são inúmeros títulos de uma pequena, senão ínfima, parte da grande e vasta lista de reportagens que retratam as denúncias contra padres e seus abusos sexuais. John Boyne, autor do famoso livro O Menino do Pijama Listrado, brinda os leitores, mais uma vez, com uma história brilhante e estarrecedora que retrata essa dura e sórdida realidade.

Odran, um pequeno menino de família irlandesa, poderia ter tido uma vida comum, como qualquer outra pessoa. Porém, um acontecimento trágico fez com que seu pai e irmão mais novo morressem, e assim sua mãe, até então uma mulher sem muitas devoções, acreditou que seu filho tinha vocação para ser padre e o mandou para uma escola católica. Assim se inicia a trajetória do pequeno e imaturo garoto na vida de estudos para o celibatário e, na paróquia, conhece Tom, que se torna seu amigo e companheiro nessa longa jornada.

Os livros de Boyne são sempre um deleite para qualquer leitor. Digo isso pela maneira que o irlandês consegue passar todos os sentimentos possíveis em um "simples punhado de papel". Todas suas histórias são carregadas de sentimentalismo e isso torna tudo emotivo e muito cativante. Uma História de Solidão não é diferente e pega uma questão muito delicada, que é o abuso sexual cometido por padres e todo escândalo envolvendo a igreja católica.

Desde o começo da trama é bem notável a maneira como tudo será conduzido: recheado de muito drama e tristeza, como diz o título. Todos os livros do autor que tive oportunidade de ler são muito tocantes e mexem bastante comigo. Neste, Odran e sua família têm uma vida muito difícil e sofrida na década de 70. Uma pergunta que sempre fica na mente: por que todos os personagens criados por Boyne são tão tristes? Todos os personagens têm uma luta contra seus próprios demônios e isso é bem explorado. A vontade é de entrar nas páginas e falar com eles: "vai ficar tudo bem, não se preocupe". Mas não fica.

Em uma narrativa bem ágil e dinâmica, característica muito marcante em suas obras, o autor vai conduzindo a história em décadas diferentes e mostrando as situações importantes vividas pelos personagens. O mais bacana de tudo isso é que há um embasamento histórico e pesquisa por trás de todo o conteúdo, o que deixa o leitor abismado e revoltado com tudo. A igreja católica foi alvo de duras críticas e acusações no começo da década passada, o que acarretou audiências em tribunais e prisões. Tudo isso transcrito numa história fictícia não devia ser tão dolorido, mas é. O autor consegue mostrar situações em que o único pensamento é "como esse personagem pode ser tão burro?", e outros que a incredulidade nos atinge vendo como o ser humano pode ser podre. O que mais choca em todo o contexto é a perversidade, que é real, e nos fazer questionar a que ponto chegamos nessa sociedade atual. Existe, ainda, uma leve sugestão de que o abusador já foi abusado. Será mesmo? Será que é preciso passar um trauma adiante? Acredito que não.

Uma História de Solidão é um livro de extremos. É muito mais do que uma história em que você fecha as páginas e pode pensar numa próxima leitura. Tudo criado por Boyne é emocional e ao final é praticamente impossível segurar as lágrimas.

A Casa Assombrada - John Boyne

15 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: A Casa Assombrada
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 296
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Eliza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha e sem dinheiro suficiente para pagar o aluguel na cidade, ela se depara com o anúncio de um tal H. Bennet. Ele busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk – sem, no entanto, mencionar quantas são, quantos anos têm ou dar quaisquer outras explicações. Assim, ela larga o emprego de professora numa escola para meninas e ruma para o interior.
Chegando a Gaudlin Hall, Eliza se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão lá. Não se veem criados. Ela logo constata que não há nenhum outro adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio-tempo, fica intrigada com janelas que se fecham sem explicação, cortinas que se movem sozinhas e ventos desproporcionais soprando pela propriedade. E então coisas realmente assustadoras começam a acontecer…

Resenha: Muito embora Boyne seja mais conhecido por seu best-seller O Menino do Pijama Listrado, posso garantir que títulos menos conhecidos como A Casa Assombrada também poderá arrebatar seu coração.
A Casa Assombrada conta a história de Eliza, uma jovem que acabou de perder o pai que teve sua doença agravada após terem atravessado a cidade em uma noite fria e chuvosa para assistir uma leitura de "Sir" Charles Dickens.

Eliza é apenas uma professora de jardim de infância e agora sem a ajuda financeira do pai, não pode arcar com as despesas da casa. Abalada pela perda, toma uma atitude precipitada ao aceitar um estranho anúncio que oferece emprego de governanta de uma casa no interior da Inglaterra, com o objetivo de cuidar da educação "das crianças".
Chegando lá, ao conhecer as crianças, ela já percebe que há alguma coisa errada com eles, com a família que nunca está presente, com aquela casa que lhe proporciona calafrios e também com os vizinhos que parecem saber muito mais do que contam.
Muitos são os atentados contra a vida de Eliza e, com isso, ela percebe que conhece muito pouco do passado da família e do que aconteceu com as governantas anteriores. Para salvar a sua vida e a das crianças, Eliza irá investigar os mistérios que circundam a casa e a família que ali habita.

Muito se engana quem achar que se trata de um livro de terror assustador. Não, em minha humilde opinião, classificaria essa obra como um suspense cheio de mistérios, visto que é uma história leve de assombração. Não há razão para medo ou tensão. Boyne mexe muito mais com nossa curiosidade do que com nosso psicológico.
A narrativa é fantástica, pois ao mesmo tempo em que te faz voltar no tempo, discorre de maneira atual. Boyne conseguiu me levar para uma Londres do século XIX, onde Charles Dickens estava no auge e fazia suas fantásticas leituras que mais pareciam apresentações, onde a mulher sofria preconceitos e com 21 anos já era considerada solteirona e onde o povo era muito supersticioso.
Por mais que o tema central aqui seja o sobrenatural, Boyne o retrata de uma maneira completamente diferente, mostrando que nem tudo que é extraordinário, é ruim ou "do mal", conseguindo inserir uma belíssima moral da história em um gênero atípico aos que possuem essa característica. Por isso eu digo que Boyne é excepcional.

Entretanto, nem tudo foram flores para mim e a justificativa dos mistérios, ou seja, o final do livro não me agradou por ter sido excessivamente fantasioso. Não que o livro inteiro não tenha sido, mas acredito que destoou do restante da narrativa que chegou a me fazer aceitar muitos acontecimentos com naturalidade, chegando a me fazer crer que poderiam ser verdade.
Essa foi uma das razões de o livro ter perdido uma estrela e que não desmerece a qualidade nem tampouco a genialidade de Boyne que também saiu de sua zona de conforto escrevendo, dessa vez, uma ficção sobrenatural histórica, deixando o leitor um tanto quanto saudosista de uma época em que sequer viveu (ou viveu? rsrsrsrs).

A outra razão que me incomodou foi o fato de os diálogos serem realizados com aspas ao invés de travessões, mas encarei isso como uma questão subjetiva, que não desmerece a qualidade da história ou do autor, tratando-se apenas de preferências.
Recomendo esta leitura mas alerto para que não se prendam ao gênero, leiam e sintam a história de cada personagem, os porquês, os mistérios e a forma como eles são revelados durante a leitura. Tirei meu cabresto e me surpreendi com a técnica, a fluidez e a profundidade.
Falando sobre edição, a Companhia das Letras arrasou na capa com efeito aveludado, as páginas são amareladas, as letras de um tamanho excelente. São 296 páginas de aventura. Que venham outros de John Boyne.

O Menino do Pijama Listrado - John Boyne

24 de outubro de 2014

Lido em: Janeiro de 2012
Título: O Menino do Pijama Listrado
Autor: John Boyne
Editora: Seguinte
Gênero: Drama/Juvenil
Ano: 2007
Páginas: 190
Nota: ★★★★★

Sinopse (da orelha do livro): É muito difícil descrever a história de O menino do pijama listrado. Normalmente o texto de orelha traz alguma dica sobre o livro, alguma informação, mas nesse caso acreditamos que isso poderia prejudicar sua leitura, e talvez seja melhor realizá-la sem que você saiba nada sobre a trama.
Caso você comece a lê-lo, embarcará em uma jornada ao lado de um garoto de nove anos chamado Bruno (embora este livro não seja recomendado a garotos de nove anos). E cedo ou tarde chegará com Bruno a uma cerca.
Cercas como essa existem no mundo todo. Esperamos que você nunca se depare com uma delas.

Resenha: O Menino do Pijama Listrado, escrito pelo autor John Boyne foi lançado no Brasil pela Companhia das Letras, mas este ano foi reimpresso pela 46ª vez, saindo pelo selo voltado ao público juvenil da editora, a Seguinte. O livro é um grande sucesso de vendas desde seu lançamento e publicação em 2007 e também ganhou uma adaptação cinematográfica bastante satisfatória se comparada ao livro.

A capa tem uma textura diferente, que lembra tecido e as páginas são amareladas. A diagramação é simples e os diálogos são apresentados com aspas em vez de travessão. Os capítulos são curtos e trazem no título uma ideia do que virá, e vez ou outra aparecem símbolos que ilustram o que o protagonista vê, mesmo que não saiba o que significam. Não encontrei erros e só tenho que dar os parabéns a editora pelo cuidado com a parte impressa do livro que, assim como a história, é simples mas muito bonita.

Depois de muito pensar, resolvi fazer a resenha desse livro de forma diferente... Qualquer detalhe do enredo que mostre onde o autor quer chegar seria um grande spoiler, então, vou abrir mão de maiores informações...

Pelo que consta na orelha do livro (vide sinopse acima) é impossível saber do que se trata, e quando investi nessa leitura, eu realmente não fazia ideia do que esperar. Talvez por isso eu tenha gostado e aproveitado bem mais. Acredito que se alguém já saiba do que se trata, mesmo que não tenha lido ainda, irá perder o melhor da história, que é justamente a descoberta das coisas aos poucos e de forma bastante inocente junto com Bruno, afinal, a história, mesmo que seja narrada em terceira pessoa, é contada pelo ponto de vista dele, que tem apenas 9 anos e não entende nem tem a menor noção do que se passa no mundo lá fora, nem mesmo quando chega até a cerca depois de uma exaustiva "exploração" e encontra Shmuel, um garotinho de pijama que, coincidentemente, nasceu no mesmo dia em que Bruno nasceu.

Então, caso você não tenha lido e ainda não saiba do que se trata (ou talvez saiba, mas não tenha noção da forma como a história é conduzida), recomendo que compre seu exemplar, pegue emprestado com um amigo (só não se esqueça do contrato de empréstimo nesse caso) e leia, deixando-se envolver e surpreender, como aconteceu comigo. Não procure por resenhas que revelam parte do enredo a fim de decidir se é uma leitura válida ou não, a menos que você não se importe com spoilers, pois como disse, a graça da história é justamente descobrir o que está acontecendo pela percepção do garoto. Pegue e leia, e só depois tire sua conclusão.

O Menino do Pijama Listrado é o tipo de livro do qual podemos vivenciar a história pelo ponto de vista de Bruno e pelos fragmentos de situações que ele presencia. Bruno é muito inocente e sem maldade, como qualquer criança, e é afastado de assuntos considerados impróprios para sua idade. Dessa forma, todas as informações são limitadas de acordo com sua percepção ou com informações vagas que recebe, o que faz com que ele não compreenda a gravidade da situação em que o mundo se encontra.

Vale ressaltar que por mais que o protagonista seja uma criança, não quer dizer que o livro seja infantil, ou que deva ser lido por - e para - crianças. É um livro voltado para jovens e adultos devido ao seu teor que requer certa maturidade para captar os detalhes em cada descrição feita com bastante maestria pelo autor, até que tudo seja compreendido, mas não necessariamente aceito. Dessa forma, o leitor vai desvendando a história, que mesmo que seja contada com simplicidade e sutileza, é bastante intensa e carregada de emoções.

Fique Onde Está e Então Corra - John Boyne

17 de setembro de 2014

Lido em: Agosto de 2014
Título: Fique Onde Está e Então Corra
Autor: John Boyne
Editora: Seguinte
Gênero: Drama
Ano: 2014
Páginas: 224
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Em meio às tragédias da Primeira Guerra Mundial, o amor é a única arma de um garoto para curar seu pai. Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados — enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas suas forças para trazê-lo de volta para casa.

Resenha: Fique onde está e então corra,  escrito pelo autor John Boyne, conta a história de Alfie e seu inesquecível aniversário de 5 anos. Essa data foi marcada pela ida de seu pai, Georgie, para a Primeira Guerra Mundial. A partir deste dia fatídico a vida do garoto mudou drasticamente, mas Alfie nem sequer por um momento deixou de acreditar que poderia rever o pai algum dia.

Quando vi que Fique onde está e então corra, do mesmo autor de O menino do pijama listrado, logo cogitei a possibilidade de ler pela primeira vez uma obra de Boyne. Vejo elogios sobre as histórias contadas por ele e, então, por que não ler? Essa primeira experiência foi satisfatória e creio que o autor seja merecedor do sucesso que tem com seu público.

A narrativa de Boyne é bem simplória e sem muitos "enfeites".  O livro é curto e a narração se desenrola tão bem que mesmo em meio a trabalho e estudos consegui lê-lo em uma tacada só. Creio que essa simplicidade na escrita acaba por acrescentar ao tema Guerra Mundial um ar mais "leve". Esse episódio que fez parte da vida de muitas pessoas décadas atrás, e que vem sido retratada até hoje, ganha sempre novas formas e visões. John Boyne colocou a dele de uma maneira bonita e cheia de esperança,  e isso foi lindo de se acompanhar. A fé que Alfie tem em reencontrar seu pai, mesmo quando todos dizem que é quase impossível Georgie voltar da Guerra vivo ou inteiro, é magnifica. Com tantas histórias já lidas sobre esse período de holocausto, acompanhar uma menos densa e com uma visão contrária foi bem diferente.

A jornada de Alfie Summerfield foi muito bonita. A forma como o autor mostrou isso foi leve, sem aquela dosagem de tragédias que às vezes é difícil suportar a leitura e precisamos respirar. O grande conflito que encontrei para lidar com o livro foi justamente esse: leveza demais. Por costume, acredito, costumo esperar sempre muitas lágrimas e tragédias quando se trata de um relato fictício – ou não – sobre guerras.  Esperei o momento em que eu ia me emocionar, tremer por dentro com algum acontecimento e nada disso aconteceu.

A trajetória de Alfie inspira esperança e a capacidade de sempre encontrar algo bom numa tragédia, por mais difícil que seja. Junto com seus vizinhos, sua mãe e sua avó, as situações vividas pelo pequeno mostraram que diante de grandes dificuldades a solidariedade dos que nos cercam é bem importante. Pode não ser tido o que esperei, mas com certeza foi uma leitura gratificante e que pode agradar a todos.