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Alma Negra - Holly Black

5 de dezembro de 2015

Título: Alma Negra - Mestres da Maldição #3
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cassel Sharpe cresceu achando que era um ser humano comum, sem habilidades especiais, até descobrir que estava sendo manipulado por seus irmãos para se tornar um trapaceiro e assassino. Afinal, ele é um tipo raro e muito poderoso de mestre da maldição, capaz de transformar objetos e seres vivos em algo completamente diferente com um simples toque. Depois de Gata Branca e Luva vermelha, o jovem está decidido a deixar o passado de fora da lei para trás. Mas para isso tem que tomar decisões difíceis, como se afastar de seu grande amor, e reaprender a distinguir a linha tênue que separa o certo do errado, a verdade da mentira – mesmo com seu coração, e sua vida, correndo risco. Com uma trama envolvente, Alma negra é o eletrizante desfecho da trilogia Mestres da Maldição.

Resenha: Alma Negra é o terceiro volume da trilogia Mestres da Maldição, escrita pela autora Holly Black e publicada no Brasil pelo selo Rocco Jovens Leitores.

Por se tratar de uma continuação, a resenha contém spoilers dos livros anteriores!

Cassel Sharpe é um adolescente que cresceu num mundo onde a magia é considerada um crime e sua própria família se aproveitava disso para darem golpes nos outros. Ele pensava que não possuia habilidades mágicas, mas acabou se surpreendendo quando descobriu que ele era um Mestre da Transformação, cujo poder era o maior e mais raro no meio mágico... No passado, seus irmãos mais velhos se aproveitaram de tal dom e em seguida apagaram a memória de Cassel para que ele não se lembrasse do que havia feito de terrível. Ele ainda acreditava ter matado sua melhor amiga por quem era apaixonado, Lila, mas com o passar do tempo descobriu que ela havia sido transformada em gata.
O problema maior era que a garota era filha de mafiosos e Cassel se viu numa situação perigosa demais para lidar de forma fácil. Zacharov, o pai de Lila, queria que Cassel trabalhasse pra ele, pois seus poderes eram muito valiosos. O garoto acabou ficando entre o certo e o errado pois os federais também ficaram em seu encalço. Entre servir à máfia ou o FBI, Cassel resolveu ficar do lado da lei, mas tal escolha fez com que ele e Lila se afastassem.

O FBI quer que Cassel use seus poderes para neutralizar Patton, o governador e também ex-namorado de sua mãe. patton é o cabeça da caça aos Mestres da Maldição.
Obviamente, Zacharov não ficou nada satisfeito com a recusa de Cassel em trabalhar pra ele, então sequestra sua mãe e o chantageia para que ele recupere um tesouro que poderia por sua vida em risco, mas se Zacharov descobrir que Cassel está ajudando o FBI, sua vida também estará em risco.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Cassel e a escrita continua uma delícia de se acompanhar. Envolvente, fluida e viciante!
A jornada de Cassel para encontrar seu lugar no mundo continua, sem descanso, e nada na vida desse garoto é simples ou fácil, principalmente quando sua própria família quer usá-lo e o resto do povo vive o ameaçando, chantageando ou lhe prometendo coisas impossíveis. Cassel só tem que decidir o que é o certo, escolhendo um lado a seguir, mas que lado seria esse?

A autora, enfim, deu explicações para o que ficou em aberto no livro anterior e as coisas parecem fazer mais sentido. O livro tem um foco bem grande nas consequências das escolhas de Cassel, então o garoto luta para que suas decisões sejam as mais corretas possíveis. Até mesmo na Academia Wallingford vemos que Cassel faz de tudo para ter boas notas e não transgredir regras para não ser visto como um problema.
Um ponto bacana é que Cassel continua hilário e várias de suas atitudes ou pensamentos nos fazem rir alto. O coitado ainda fica num enorme dilema quando o assunto é Lila, pois ela deu grandes indícios de que seguiria no mundo do crime, se integrando à máfia junto com seu pai.

A capa é bonita e combina com as demais, o título é em alto relevo e a diagramação é simples. Páginas brancas, fonte num tamanho agradável e não lembro de ter percebido erros na revisão.

Alma Negra, se comparado aos demais livros da trilogia, parece ter uma profundidade e peso maior no que diz respeito as maldições pois, enfim, o leitor fica por dentro dos perigos reais que a magia oferece, além de abordar temas como intolerância e até tráfico humano. É um livro um pouco mais sombrio devido aos temas e a alguns acontecimentos, mas ainda assim escrito de uma forma leve o bastante para torná-lo divertido, sem contar com o humor negro que torna o livro bastante peculiar.
Cassel é um ótimo protagonista e somando sua personalidade e seus feitos com o enredo, só posso dizer que a trilogia foi fechada com chave de ouro.
O mundo criado por Holly Black é único, incrível e muito rico, e se você procura por uma fantasia urbana bastante original e viciante, corre pra ler!

Luva Vermelha - Holly Black

13 de fevereiro de 2015

Lido em: Fevereiro de 2015
Título: Luva Vermelha - Mestres da Maldição #2
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Regiane Winarski
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 368
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Após resgatar os irmãos das garras de Zacharov, Cassel tenta restaurar alguma normalidade em sua vida. É uma tarefa nada fácil para alguém que traz a herança dos mestres da maldição e está vinculado a uma das maiores famílias do crime. Mas Cassel, afinal, começa a descobrir como ser um mestre e mesmo assim ter amigos. Porém, para ele, o que é normal nunca dura. Em pouco tempo, Cassel é requisitado pelos dois lados da lei e se vê forçado a confrontar seu passado - de que recorda apenas fragmentos, um dos quais pode inclusive destruir sua família e seu futuro. Ele terá que decidir de que lado vai ficar, porque a neutralidade não é uma opção. E precisará desferir o maior golpe de sua vida para sobreviver...

Resenha: Luva Vermelha é o segundo volume da trilogia Mestres da Maldição, escrita pela autora Holly Black e publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Recapitulando o primeiro livro, Gata Branca, Cassel Sharpe é um jovem que vem de uma família de Mestres da Maldição, pessoas que possuem o poder de alterar memórias, destinos e emoções alheias apenas com um simples toque. Essa prática é ilegal e todos são considerados criminosos. As pessoas com esse dom devem usar luvas de forma que o toque não cause nenhum efeito que vá amaldiçoar alguém. Mas Cassel não poderia ser considerado um criminoso, mesmo que sua família seja composta de criminosos, pois ele, aparentemente, não tem nenhum dos setes toques mágicos: sorte, sonhos, corpo, emoções, memória, morte e transformação... E com o desenrolar dos acontecimentos, acabamos descobrindo que Cassel tinha segredos escondidos que nem ele próprio sabia...

Por se tratar do segundo volume, aqui vai um alerta de spoiler!! E se ainda não leu o primeiro livro, corra pra ler! Vale super a pena!

Cassel teve a memória alterada para acreditar que não possuía poderes e não lembrar que foi usado e traído pelos irmãos, Barron e Philip, para que eles cometessem crimes e saíssem impunes. Eles usavam o poder do garoto para transformar pessoas em objetos. Sem provas, o crime era perfeito. Mas após os eventos do primeiro livro, Cassel conseguiu descobrir que ele era um Mestre, e não um Mestre qualquer, mas o mais poderoso e raro de todos: um Mestre da Transformação.
Assim, também soube que ele não havia matado Lila como imaginou, e que ela agora já não é mais uma gata branca... E sabendo da verdade, Cassel não tem intenção de deixar que ninguém o use mais

Agora, Cassel está de volta para seu último ano em Wallingford Preparatory depois de ter passado as férias de verão na companhia de sua mãe, que saiu da prisão e parece querer aproveitar todo o tempo perdido aplicando novos golpes. Sua mãe é Mestra das Emoções e usa seu dom para fazer com que homens ricos caiam em sua rede, assim como usou de seu toque para fazer com que Lila se apaixonasse por ele.
Na escola, ele reencontra os amigos, mas o que ele não esperava era que Lila aparecesse pra estudar lá acreditando que ficar perto de Cassel iria ajudar a quebrar a maldição, pois ela pensou que ao ver de perto que o sentimento não é recíproco, ela cairia na real. Ledo engano... E como se isso não bastasse pra complicar a vida do garoto, os federais ainda apareceram pedindo a ajuda dele pois Philip, seu irmão, está morto e querem descobrir o que aconteceu e quem foi o responsável pela morte dele.
Zacharov, o poderoso chefe da máfia local e pai de Lila, é o principal suspeito, mas ainda não se sabe.
O problema é que não será fácil lidar com essa situação pois de um lado estão os federais fazendo pressão, enchendo o garoto de perguntas e ameaçando sua família, enquanto do outro lado está o próprio Zacharov que, agora que sabe dos poderes de Cassel, quer que o garoto trabalhe pra ele. Cassel precisa decidir de que lado vai ficar enquanto tenta descobrir quem matou seu irmão ao mesmo tempo que arma o golpe perfeito.

Narrado em primeira pessoa, Luva Vermelha continua sendo viciante. A facilidade e a rapidez com que o livro é lido chega a ser fora do comum pois a leitura é muito fluída e dessa vez sem muitas explicações já que várias delas já foram feitas em gata Branca. A escrita da autora é ótima e ela consegue fazer descrições, construir e manter traços de personalidade com uma honestidade e sinceridade ímpar. Chega até a assustar pois são descrições que geralmente pensamos num impulso e consideramos que outras pessoas não pensem o mesmo. É incrível como ela consegue inserir humor em situações de perigo ou problemas extremos. Dessa forma, o leitor se depara com personagens únicos, pois por mais absurdos, insensatos ou cruéis que sejam, sempre haverá uma tirada ou saída maluca.
"Mais tarde, mamãe aparece no calçadão atrás de mim usando saltos de plataforma. Seu vestido branco esvoaça na brisa do fim do verão. O decote é tão profundo que fico com medo de seus peitos pularem para fora caso ela se mexa rápido demais. Sei que é perturbador eu perceber isso, mas não sou cego."
- Pág. 11
Cassel não é perfeito, e acredito que nem poderia ser já que cresceu numa família de vigaristas imorais e desonestos e ainda tem uma mãe completamente egoísta, egocêntrica e oportunista. Ainda assim, mesmo que nem sempre faça o bem, ele sabe distinguir o certo do errado. O menino é cheio de problemas mas não faz o estilo adolescente revoltado e rebelde sem causa. Mas ele não é santo... o garoto é esperto, engraçado, sarcástico, mas em compensação é arrogante, muitas vezes inseguro e um mentiroso de mão cheia. Ele não hesita em mentir pra Deus e o mundo, enganar os outros, aplicar golpes, esconder provas... É o típico personagem que tem falhas, que tem atitudes erradas cujas consequências só podem dar na maior merda do mundo e ele é o único que parece não enxergar isso. Mas no final é um garoto que só quer ser aceito por quem ele é e que não tem intenção de prejudicar alguém realmente, pelo menos não na seriedade da coisa. Mesmo tendo vivido uma vida fodida, e ainda cercado por idiotas, ele tenta ficar por cima e ainda faria o que pudesse pra ajudá-los. No fundo ele não é uma má pessoa e vai amadurecendo com a experiência de vida que adquire a cada nova situação que precisa enfrentar. Ele ainda não está totalmente livre da maldição da memória que lhe foi lançada, mas aos poucos ele vai descobrindo mais sobre seu passado.
Os relacionamentos de amizade de Cassel que começaram a se formar no primeiro livro, mostrando que pode haver confiança o suficiente para que um ajude o outro foi um dos vários pontos positivos da história. Sam e Daneca, os amigos de Cassel, ganham uma espaço considerável na história e foi super bacana de se acompanhar.

Um ponto bacana, mas terrível, que foi explorado foi sobre o "rebote", ou seja, as consequências que o Mestre sofre com o uso da magia, e podemos ver isso com Vovô, Mestre da Morte e que perdeu partes do corpo com essa brincadeira.
Ainda há o problema com Lila, por por mais que ele goste dela, ele acredita que ela só o ama devido a maldição que sua mãe lançou a ela... Será mesmo? A garota ainda é um mistério pois além desse problema, há a questão dela ser filha de Zacharov que a coloca em um papel complicado, até mesmo porque ela pretende assumir o que vai herdar o pai: o controle da máfia.

Sobre a parte gráfica, a capa segue o mesmo estilo da primeira, a parte interna é preta, o título da obra e do nome da autora são em alto relevo com aplicação em verniz enquanto o fundo é fosco. As páginas são brancas, a diagramação é simples, a fonte é grande com um bom espaçamento entre as linhas.

Geralmente numa trilogia, o primeiro livro é mais introdutório e o segundo funciona como uma "ponte" com informações complementares que conduzem a trama ao terceiro livro, que é onde geralmente acontecem todas as reviravoltas para o grande desfecho, e acho que no caso de Luva Vermelha, essa função de segundo livro ocorre em partes.
A ação não está muito presente no final e talvez tenha sido proposital, evidenciando a inteligência e a esperteza em vez de atitudes drásticas. Se compararmos com o gata Branca, acho que Luva Vermelha não é um livro com acontecimentos bombásticos. Ele segue de forma mais linear, há a inserção de novos pontos a serem trabalhados e desvendados no terceiro livro mas nada muito em aberto. Acho que a leitura foi bem consistente e satisfatória e continuo batendo palmas para a autora por ter criado um universo único e original, com personagens cujas personalidades são muito reais e conseguem fugir perfeitamente de clichês.

Gata Branca - Holly Black

13 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: Gata Branca - Mestres da Maldição #1
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Regiane Winarski
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2012
Páginas: 360
Nota: ★★★★★
Sinopse: Cassel vem de uma família de mestres da maldição – pessoas que têm o poder de mudar emoções, memórias e destinos com o mais leve toque das mãos. Mas fazer isso é ilegal, o que significa que todos eles são criminosos. Exceto Cassel. Ele não tem o toque mágico, está de fora: é o único filho normal em uma família paranormal. O único detalhe é que matou sua melhor amiga.
Tentando fugir de seu terrível passado, Cassel faz de tudo para ser como os outros garotos. Uma noite, porém, tudo vai por água abaixo: depois de sonhar repetidas vezes com uma estranha gata branca, um ataque de sonambulismo o põe em perigo e ele começa a achar que seus irmãos estão escondendo mais do que alguns segredos.
Desconfiado de que não passa de uma pequena peça de um grande golpe, Cassel começa então a fazer uma busca em seu passado e em suas memórias, que parecem lhe fugir. Para desvendar os mistérios de sua vida, ele vai precisar armar um verdadeiro golpe de mestre. 

Resenha: Gata Branca é o primeiro volume da trilogia Mestres da Maldição escrito pela autora Holly Black e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
A história se passa em um mundo alternativo em que existem pessoas com poderes... algumas são capazes de mudar a sorte de alguém, outras de manipular memórias, mudar emoções, destinos, causar a morte... Se tratam dos mestres da maldição, e quem é afetado acaba sendo "amaldiçoado", isso com um simples toque de suas mãos... Porém, como tudo na vida têm consequências, usar tais poderes se tornou algo ilegal, e quem tem o toque mágico é considerado um criminoso. Para evitar que maldiçoes fossem lançadas, mesmo que por acidente, todos que possuem o toque mágico são obrigados a usar luvas de couro.

Cassel Sharpe é um garoto de 17 anos que nasceu numa família de mestres, todos golpistas e envolvidos com a máfia, e cada um domina um tipo de poder, exceto ele próprio, que, aparentemente, nasceu sem poder algum, o que o tornou um intruso em sua família, mas, como ele mesmo aprendeu, não é preciso ser um mestre pra ser um golpista.

E falando em família, a dele não poderia ser pior... Irmãos ordinários que trabalham para mafiosos ardilosos, mãe sem vergonha que foi presa por ter usado seus poderes para manipular emoções e extorquir homens ricos, pai morto, e Cassel, em meio a esse ambiente desestruturado, acredita ser um criminoso porque, além de ser bom em dar golpes, mesmo não possuindo poderes, conseguiu matar sua melhor amiga e por quem ele era apaixonado, Lila Zacharov, aos 14 anos, mas não se lembra muito bem do que aconteceu de fato. Ninguém de sua família toca no assunto, pois a garota é filha de Zacharov, o terrível mafioso chefe de Philip e Barron, seus irmãos mais velhos. E essa morte é o o principal ponto de partida para o desenrolar da história.

Em Wallingford, uma escola preparatória para a qual Cassel foi enviado após a prisão de sua mãe, o garoto tem uma crise de sonambulismo e acaba sendo pego andando pelo telhado. Ele só se lembra de um sonho em que uma gata branca havia roubado sua língua e ele queria recuperá-la. O diretor quer expulsá-lo e mandá-lo de volta para casa, mas ele não tem mais uma família e um lar pra onde voltar e sua única opção é se submeter a uma avaliação médica para que seja atestado que ele não tem problemas graves que fariam com que ele andasse em telhados enquanto dorme outra vez colocando a própria vida em risco. Ele continua tendo sonhos com a tal gata até perceber que existe gatos rondando a propriedade, e entre dois malhados, um preto e um bege, há um branco... Ele começa a perceber que algo de errado está acontecendo e tenta descobrir o que é enquanto vai desvendando mistérios que o cercam e usando de todo o seu talento para atingir seus objetivos.
“Minha mãe explicou o essencial sobre golpes mais ou menos na mesma época em que explicou sobre as maldições. Para ela, a maldição era como conseguia o que queria, e o golpe era como escapava do que tinha feito. Não consigo fazer as pessoas amarem ou odiarem instantaneamente, como ela, nem fazer seus corpos se virarem contra si mesmos, como Philip, nem tirar a sorte das pessoas, como meu outro irmão, Barron. Mas não é preciso ser um mestre para ser um golpista.
Para mim a maldição é uma muleta, mas o golpe é tudo”.
- pág. 24
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Cassel, Gata Branca é uma leitura muito fluída, daquele tipo que quando se começa é difícil largar enquanto não termina.
O melhor da narrativa é que ao se envolver com a história, nem sequer me lembrei que por trás de Cassel existia uma autora escrevendo tudo aquilo. Holly Black conseguiu dar "voz" ao protagonista fazendo-o passar por um adolescente autêntico, com personalidade e mentalidade que se adequaram perfeitamente a idade dele, inclusive na falta de senso em acreditar que o que faz de ruim através de suas mentiras (muitos boas por sinal) é alguma vantagem.
"A memória é fugidia. Ela se ajusta à nossa compreensão do mundo, se deforma para acomodar nossos preconceitos. Não é confiável. Testemunhas raramente se lembram das mesmas coisas. Identificam as pessoas erradas. Dão detalhes de eventos que nunca aconteceram. A memória é fugidia, mas minhas lembranças, de repente, parecem ainda mais fugidias."
- pág. 116
A trama é completamente inovadora, diferente e bem amarrada, e a autora foi simplesmente genial ao deixar pistas sobre o passado de Cassel que, literalmente, o persegue e que acabam por enganando e confundindo o leitor, e até o próprio protagonista que se vê em meio a uma grande conspiração, para, ao final, ficarmos de boca aberta, onde máscaras caem e ninguém é quem parece ser. Não existe aquela açããão frenética e talvez por ser o primeiro volume é algo mais introdutório, algumas coisas acabaram se tornando um pouco previsíveis, e senti falta de algumas explicações, mas ainda assim a leitura superou minhas expectativas, me deixou empolgada e Cassel se tornou um dos meus personagens favoritos.

Por mais que a magia seja tema de outras histórias, o universo que é apresentado é bastante original no que diz respeito a detalhes, personagens e suas crenças sobre o uso dos poderes.
Uma das melhores leituras que tive o prazer de aproveitar este ano.

Com relação a parte impressa, a capa ilustra bem Cassel (usando luvas) com a gata e o título em alto relevo dá um charme a mais. A parte interna da capa é preta o que dá um ar de mistério ao livro. As páginas são brancas, mas mesmo preferindo as amareladas, não tive problemas com a leitura (são quase 400 páginas que podem ser lidas em um único dia devido a fluidez e a cor da página não atrapalhou minha empolgação em momento algum). A fonte tem um tamanho agradável, a diagramação é simples e não encontrei erros na revisão.

Para quem curte histórias com conteúdo rico em detalhes, com mistérios a serem revelados, com novidades a cada página e personagens bem construídos e super cativantes, Gata Branca é leitura obrigatória.