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Terceira Voz - Cilla e Rolf Börjlind

8 de maio de 2017

Título: Terceira Voz - Olivia Rönning & Tom Stilton #2
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2017
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: Um funcionário da alfândega em Estocolmo é encontrado enforcado na sala de sua casa; uma ex-artista de circo cega, que fazia filmes pornô para sobreviver, é brutalmente assassinada em Marselha, na França. Duas mortes aparentemente desconexas unem os ex-policiais Olivia Rönning e Tom Stilton novamente em Terceira voz, segundo romance da dupla sueca Cilla e Rolf Björlind. Depois de Maré viva, em que apresentam os dois protagonistas numa trama repleta de violência e mistério, o casal de escritores e roteiristas põe os carismáticos Tom e Olivia novamente no centro de uma investigação de desdobramentos surpreendentes que faz jus ao sucesso e popularidade alcançados pela dupla no prestigiado segmento da literatura policial escandinava.

Resenha: Terceira Voz é o segundo volume da série Olivia Rönning & Tom Stilton e tráz de volta os protagonistas de Maré Viva para mais uma investigação cujo desenrolar é de tirar o fôlego.
Embora os casos sejam independentes, é recomendado que a leitura seja feita na ordem de lançamento pois a história não só envolve alguns acontecimentos e flashbacks do livro anterior, mas também faz uma conexão com os eventos dos capítulos finais e mostra como o caso que foi resolvido marcou os personagens.

Desta vez, duas mortes em locais distintos, e aparentemente sem ligação alguma, unem mais uma vez Olivia, que mudou o nome para Rivera, e Tom. Durante as investigações que estão sendo feitas em Estocolmo e Marselha, outros crimes envolvendo tráfico de drogas, sexo e abuso de poder começam a surgir e aos poucos, a ligação entre eles começa a aparecer.

Assim como no livro anterior, revelar muito do enredo seria dar spoilers para estragar a surpresa de quem ainda vai se aventurar por essas páginas, logo, não vou contar muito da história, pois quanto menos se souber, melhor e mais surpreendido o leitor ficará.

Agora que já me "acostumei" com todos aqueles nomes estranhos, mesmo que alguns me pareçam impronunciáveis de forma que eu mal consigo ler, o único ponto não tão favorável em meio a trama bastante sólida, foi o fato dos protagonistas continuarem mostrando mais camadas de suas personalidades sendo que eles já haviam sido apresentados, então, pra mim, mesmo que o caso tenha mexido com eles a ponto de eles ainda carregarem alguns fardos, continuar falando deles acabou sendo uma distração para o suspense e os mistérios a serem descobertos.

Olivia/Rivera, apesar de, às vezes, se comportar como uma adolescente, continua seguindo sua vida, e embarcar em mais uma investigação, mesmo após sua decisão depois de ter se formado como policial, a leva a fazer algumas escolhas no meio do caminho, algumas delas bastante improváveis inclusive, e assim como Tom, que continua lidando com suas lembranças, e muitas delas muito ruins, eles seguem lutando contra seus demônios e tomando decisões que, a longo prazo, terão consequências irreversíveis e que poderão recair sobre os futuros casos que surgirão.

Em suma, mesmo que a história comece num ritmo um pouco mais lento e introdutório, é bastante dinâmica quando os acontecimentos começam a se desenrolar. Há muita tensão, descrições sobre vários lugares diferentes fazendo do livro uma enorme viagem, e os personagens são muito humanos e convincentes, principalmente quando o passado de cada um deles vem à tona revelando ainda mais de suas experiências e histórias de vida. Os casos são resolvidos de forma conclusiva, mas fica no ar a ideia de que alguma coisa relacionada ao tal crime ainda poderá acontecer futuramente.
Assim como no primeiro livro, os autores fazem algumas críticas sociais delicadas mas importantes e dignas de reflexão.

Não acho que Terceira Voz tenha superado o primeiro livro. Por mais que a história seja complexa e intrigante, não senti que tenha sido tão sofisticada e convincente quanto a primeira, mas é prato cheio para os leitores que gostam de histórias contadas sobre várias perspectivas e que trazem crimes horríveis e um grandes mistérios a serem desvendados.


Maré Viva - Cilla & Rolf Börjlind

5 de maio de 2017

Título: Maré Viva - Olivia Rönning & Tom Stilton #1
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2015
Páginas: 512
Nota:★★★★☆
Sinopse: Olivia Rönning é uma jovem estudante da Academia de Polícia. Filha de um policial do departamento de homicídios, seu faro para juntar pistas e resolver mistérios é posto à prova quando resolve investigar um caso não concluído, prestes a parar no arquivo morto da polícia, como trabalho de faculdade. Trata-se do assassinato de uma mulher grávida, ocorrido na gelada e chuvosa ilha de Nordkoster, em 1987. O que Olivia não imagina é que a investigação trará muito mais perguntas do que soluções, a começar pelo misterioso desaparecimento do policial responsável pelo caso, entre outras descobertas surpreendentes.

Resenha: Maré Viva (Spring Tide) é um fenômeno que ocorre quando o Sol e a Lua se alinham com a Terra interferindo na altura das marés. Numa noite, em 1987, na enseada da ilha de Nordkoster, na Suécia, uma jovem grávida fora levada para a praia por três pessoas e enterrada até o pescoço para que a maré alta (mais alta do que o normal devido ao fenômeno) a afogasse lentamente. O crime cruel não foi solucionado, e tampouco a identidade da mulher foi descoberta. Vinte e três anos depois, quando esse caso estava prestes a ir pro arquivo morto da polícia, Olivia Rönning, uma jovem estudante da Academia de Policia, usa o caso para um trabalho do curso, mas se surpreende ao descobrir que um dos policiais responsáveis pelas investigações na época era seu pai, que trabalhava no departamento de homicídios. Olivia, então, determinada a seguir os passos do pai, decide investigar colocando suas habilidades à prova, e se munindo da tecnologia atual como forma de auxílio para que novas pistas possam ser descobertas, mas o que ela não esperava era encontrar mais perguntas do que respostas...
Paralelamente a esta investigação, uma onda de crimes brutais contra uma comunidade de sem-teto começa a acontecer pela cidade, e novas investigaçoes, buscas e verdadeiras caçadas começam a ser feitas.

Maré Viva é um livro particularmente difícil de ser resenhado por ter muitos detalhes e personagens interligados, logo, falar demais sobre o que acontece e sobre quem está envolvido acaba estragando a surpresa, por isso vou focar um pouco mais na minha opinião geral sobre o que a leitura me proporcionou.

Narrado em terceira pessoa através de vários pontos de vistas diferentes, o suspense é intrigante, envolvente, em muitos pontos arrepiante, e é impossível não se pegar pensando nas situações que acontecem alí durante dias a fio.
A trama se desenrola levando o leitor para várias direções quando trata do assassinato da grávida e dos ataques ao grupo de sem-teto, pois o primeiro não foi resolvido e o atual é um caso em que a polícia está falhando para solucionar. Aparentemente os casos não tem ligação alguma, até mesmo devido ao tempo entre os dois, mas a medida que as investigações de Olivia progridem, os casos começam a se entrelaçar, e contar com a ajuda de Tom Stilton, que foi parceiro do pai dela na investigação do primeiro crime, vai revelar muito mais do que o esperado.

É até comum nos depararmos com elementos já conhecidos em obras do gênero, como criminosos perigosos e cruéis que cometem assassinatos terríveis, violência, exploração, políticos ou empresários corruptos que começam a ser expostos, dezenas de suspeitos e reviravoltas que nos tiram o fôlego, mas a forma como a trama e a subtrama foram conduzidas pelos autores, principalmente se considerarmos a ambientação e o clima gelado, torna tudo muito real, convincente e muito intenso.
Vários detalhes surpreendem muito e dependendo da atenção dada ao que foi lido é possível conseguir prever o que pode acontecer, mas nem sempre isso acontece o que faz com que cada acontecimento seja uma surpresa.

Embora o livro esteja recheado de temas pesados, ainda é possível nos depararmos com alguns momentos bem humorados que, por mais que contrastem com as investigações, não tiram o foco do que realmente importa.
Olívia e Tom são muito bem construídos e convencem por suas personalidades, pela forma de pensar e por suas escolhas. Ela é uma mulher admirável. Durante as investigações é possível perceber o quanto ela se importa com as vítimas e como ela lida diante dos crimes e de suas descobertas.
Tom é um homem inteligente e bastante respeitável, e através dele podemos conhecer o lado daqueles que ficam às margens da sociedade, como são discriminados e por que fazem escolhas ruins para suas vidas.
Mesmo que eles sejam o oposto e a diferença de idade seja grande, eles são bem parecidos no que diz respeito a força pessoal na busca por justiça.

A única ressalva que tenho, além dos nomes de pessoas e locais dos quais muitos não soube nem como pronunciar por conta daqueles acentos malucos (o livro é um romance escandinavo, logo se preparem para nomes bem estrambólicos), é sobre alguns pontos que parecem terem ficados soltos, como se, talvez pela quantidade de personagens, alguém estivesse alí sem um propósito realmente importante ou sem a devida profundidade.

Pra quem gosta do gênero policial é livro mais do que indicado. O equilíbrio entre os temas foi feito com maestria, há algumas críticas sociais bastante relevantes, os personagens são ótimos e a leitura de forma geral foi super satisfatória.

Objetos Cortantes - Gillian Flynn

18 de março de 2017

Título: Objetos Cortantes
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller/Suspense/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 254
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado.
Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

Resenha: Depois do sucesso estrondoso de Garota Exemplar, a autora Gillian Flynn teve outras obras publicadas pela Intrínseca aqui no Brasil.
Objetos Cortantes narra a história de Camille, uma repórter de um jornal em Chicago. A morte de duas garotas em sua cidade natal, Wind Gap, a faz retornar para lá a fim de investigar o ocorrido e redigir uma reportagem para seu editor. Esse retorno, entretanto, gera mais do que uma simples investigação: além de descobrir a identidade do assassino, Camille terá que lidar com os fantasmas do seu passado.

A capacidade de Gillian trabalhar o modo psicológico em seus livros fica evidente a cada obra lançada pela autora. Enquanto em Garota Exemplar a insanidade de uma mulher é mostrada ao decorrer da história, em Objetos Cortantes temos também várias figuras femininas como principais no enredo. Pouco a pouco a personalidade delas é trabalhada e desenvolvida, mas há um mistério excelente na relação das personagens e isso instiga muito, criando dúvidas quanto ao papel desempenhado por cada uma delas. Flynn consegue construir figuras interessantes em cada obra sua, de modo que o necessário é mostrado e o principal é escondido e guardado para o final.

A narrativa é feita em primeira pessoa por Camille, uma mulher de trinta e poucos anos que carrega um passado turbulento e cheio de "marcas". A personagem é complexa, tem uma personalidade profunda e é até meio similar a Amy Exemplar. O contato o dela com a mãe, Adora, é o que há de mais interessante em Objetos Cortantes. Espera-se de relação mãe versus filha algo cheio de amor e compreensão, mas entre as duas não há nada além de frieza. É estranho ver com as duas se relacionam. Gradativamente, Flynn vai esmiuçando os diversos pontos dessa proximidade maternal tão peculiar e surpreende ao mostrar o modo como isso se originou.

Outra personagem que tem grande importância é Amma, filha de Adora e meia-irmã de Camille. A representatividade da precocidade juvenil é evidente nela. Com apenas treze anos, muitos seios e uma sexualidade já aflorada, a garota é tudo o que não espera-se de uma menina tão jovem.  Mas além disso, a forma como ela se porta diante de diversas situações é muito medonha. Em diversos momentos ela profana coisas horríveis para irmã e em outros está calma e doce. Uma verdadeira bipolar.

Objetos Cortantes é um livro curto de leitura fácil e rápida. A história instiga não pelo fato de seu desenvolvimento acelerado e investigação policial, mas, sim, por ter acontecimentos intrigantes em torno da protagonista. A história tem um foco maior no teor psicológico e é isso que a torna tão boa. Por que Amma se comporta de maneira tão estranha? Por que Adora não gosta da própria filha? Por que Camille usava objetos para cortar-se? Perguntas como essas surgem e se arrastam até o final. O desfecho surpreende e deixa uma moral: nem tudo que parece realmente é.

Nerve - Jeanne Ryan

19 de janeiro de 2017

Título: Nerve
Autora: Jeanne Ryan
Editora: Planeta de Livros
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Você já se sentiu desafiado a fazer algo que, mesmo sabendo que pode se arrepender depois, acaba levando em frente? A heroína deste livro também. Vee cansou de ser só mais uma garota no colégio, e quer deixar os bastidores da vida para assumir seu merecido posto sob os holofotes. E o jogo online Nerve, febre nacional transmitida ao vivo, pode ser o início dessa trajetória de sucesso. Basta que ela clique no botão “Jogador” em vez de “Espectador” para entrar na disputa, que propõe, a cada etapa, um desafio novo. A adolescente acaba formando uma dupla imbatível com Ian, um garoto desconhecido com quem trava contato ao se inscrever em Nerve. Juntos, vão galgando posições no jogo. Mas, conforme os dois avançam na disputa, os desafios ficam cada vez mais complexos... e perigosos.

Resenha: Nerve, da autora Jeanne Ryan e publicado pelo selo Outro Planeta da Editora Planeta de Livros é um suspense juvenil protagonizado por Vee, uma garota sem atrativos que além de estar nos bastidores do teatro da escola, ainda vive às sombras da popularidade da melhor amiga e estrela da peça, Sydney. Cansada de não ser reconhecida, Vee resolve tomar uma atitude e tudo muda quando ela decide participar do Nerve, um jogo super popular exibido em forma de vídeo na internet para que as pessoas acompanhem cada passo dos jogadores. Nerve é um tipo de reality show em que os participantes devem cumprir alguns desafios que lhes são propostos ao vivo, e em caso de sucesso os jogadores são recompensados.
Ao cumprir um dos desafios, o video de Vee se torna um sucesso e ela vira o centro das atenções. Ela acaba ganhando oportunidades para desafios cujos prêmios seriam ainda maiores e se junta a Ian, um jogador de Nerve. Juntos eles vão conquistando seguidores, avançando nas tarefas, sendo levados a lugares mais distantes e tendo que cumprir tarefas mais perigosas, algumas até ilegais, e a ideia de que Nerve é apenas um jogo onde os participantes são filmados e os vídeos são postados na internet lhes dão a impressão de que tudo é seguro e que nada daquilo é, de fato, real. Mas o que eles não esperavam era que o jogo se transformasse numa corrida por suas vidas.

Confesso que por mais que a premissa seja interessante e tenha despertado meu interesse, senti que a história não foi tão bem desenvolvida a ponto de eu me empolgar. O livro tem alguns clichês, mas o problema não está aí. Vee é uma adolescente deslumbrada com a atenção que recebeu com o jogo e que, assim como muitos que ganham fama na internet, não tem a menor noção do que fazer com esse "status". Ela inclusive parece estar perdida, não tem atitude, e seus pensamentos parecem estar voltados aos crushes do que no perigo propriamente dito. Como o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista dela, isso ainda fica mais evidente e é, no mínimo, irritante.
Através de Vee e da situação em que ela se encontra a autora traz questionamentos dignos de reflexão, de que Nerve é um jogo que poderia muito bem fazer parte da nossa realidade levando em consideração como as pessoas são dependentes de redes sociais, como buscam por popularidade, views, curtidas e afins a qualquer custo, mesmo que se comportem como completos idiotas, e tudo isso sem pensarem que com a possível fama, há consequências, muitas vezes irreversíveis. E isso sem contar com o fato de que há o outro lado da história, onde muitos se sentem protegidos e cheios de coragem por estarem "anôminos", e, às vezes, por serem sádicos o bastante, ainda pagam fortunas só pra observar ou invadir a vida e a privacidade alheia como forma de satisfação. Mas, ainda assim, no final das contas, pelo menos pelo ponto de vista de Vee, fiquei com a sensação de que ela não se toca e demora mais do que deveria para agir, mesmo que por impulso.

Os personagens também não são exemplos de simpatia e talvez a falta de aprofundamento sobre suas vidas ou a abordagem vaga ou fútil que todos eles tiveram de forma geral pode ter sido responsável por isso. Por não me apegar a nenhum dos personagens, por mais que ele se encontre num momento de tensão ou perigo, eu simplesmente não me importava, e, talvez, se eu tivesse mais informações sobre eles, e de preferência que não fossem aleatórias para que fizessem sentido, algumas de suas escolhas poderiam ser justificadas e compreendidas, mas não.

Apesar de alguns pontos negativos, posso dizer que a crítica social que o livro faz a essa fama repentina quando um video (ou qualquer publicação) se torna viral, assim como a falta de limites e os perigos da exposição nas redes, fazem de Nerve um livro muito bom e que vale a leitura. Além da reflexão, ele aborda um tema atual e ao mesmo tempo perturbador, que leva o leitor a uma viagem recheada de adrenalina, suspense e ação.

Jantar Secreto - Raphael Montes

17 de janeiro de 2017

Título: Jantar Secreto
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Thriller/Suspense/Literatura nacional
Ano: 2016
Páginas: 360
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido. Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca. No cardápio: carne humana. A partir daí, eles se envolvem numa espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos, grã-finos excêntricos e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles.

Resenha: Jantar Secreto, do mesmo autor de Dias Perfeitos, conta - com direito a muito sangue e canibalismo - a história de Dante, Miguel, Leitão e Hugo. Os amigos sempre tiveram o sonho de viver numa cidade grande e realizar sonhos, mas a vida não é um conto de fadas. Com frustrações que surgem aos poucos para cada um, vem o desânimo e a vontade de desistir. Um problema inesperado, que exige muito dinheiro para ser resolvido, coloca os jovens num beco sem saída. A solução mais fácil encontrada para levantar a grana é promover jantares de carne humana.

Raphael Montes, jovem autor que teve seu livro Dias Perfeitos traduzido e comercializado no exterior, dá mais um passo na carreira com Jantar Secreto. Classificado no gênero policial, a obra caminha mais para o lado do suspense psicológico do que uma trama investigativa. Aos fãs de investigação, que sempre buscam por um quebra-cabeça complexo para ser resolvido, saibam que a jornada de Dante e seus amigos é mais um drama psicológico recheado a muito sangue.

A narração é feita por Dante, numa espécie de diário, relatando como os fatos se sucederam até chegarem aos jantares secretos. A personalidade do rapaz é moldada a partir dos anseios e medos que um jovem de vinte e poucos anos tem, em uma cidade nova, frustrado com sua carreira profissional e sem uma boa visão do futuro. Em uma prosa simples e direta, o autor desenvolveu em Dante um personagem complexo que tem certa fragilidade. Ele é altos e baixos o tempo todo, e essa personalidade instável é garantia de reviravoltas a qualquer momento. O que faltou foi, com certeza. descobrir mais sobre os seus amigos. Como todos fazem parte de um grande esquema e se envolvem muito nisso, seria esperado ter um ponto de vista deles, mesmo que curto, para entender melhor cada um. Tudo que se sabe dos outros é o que Dante enxergava, mesmo que nem ele mesmo pudesse concluir muito a respeito. Miguel, por exemplo, seria de grande proveito se tivesse tido um espaço maior. Apenas Cora, com suas falas afiadas e humor mordaz, consegue se sobressair no grupo.

Muito da capacidade de desenvolver uma história que se torne dinâmica vem da narrativa, e Raphael Montes sabe como fazer isso. A forma de escrita é muito simples e concisa, com capítulos que passam rapidamente sob os olhos, com um texto polido. Entretanto, essa velocidade. às vezes, atropela um pouco o que poderia ter ganhado mais atenção. Aqui, voltamos ao ponto de que, apesar de ser classificado como policial, o livro passa longe disso. O protagonista é um jovem com problemas psicológicos e fica nítida sua fragilidade emocional. Ele, o Dante, é sim bem explorado em suas nuances. No mais, uma boa parte da história, logo após a metade, é inconclusiva demais. A motivação para o crime não é forte o suficiente, os acontecimentos se desenvolvem de maneira rasa e sem muita argumentação e num epilogo, que serve para dar um desfecho a um mistério um tanto que irrelevante, fica evidente que o autor precisa dar mais atenção em como terminar suas tramas. Inesperado, mas não surpreendente, a conclusão parece ter sido escrita às pressas e sem nenhuma preocupação com seguir o nível que todo o conjunto teve. A leitura é como andar de montanha-russa, e o final parece apenas algumas voltinhas num carrossel.

Jantar Secreto é um prato cheio de muito sangue num submundo do canibalismo ambientado na cidade maravilhosa. O talento do autor é evidente, e isso se mostra mais uma vez com esta obra. Exceto por alguns fatos e pelo final que é caricato demais (parecendo até uma cena de um filme de terror categoria B), a leitura é mais que indicada. Para quem gosta de muita tensão psicológica, vá fundo, mas cuidado: você irá se deparar com muito sangue e corpos mutilados.

O Cisne e o Chacal - J.A. Redmerski

21 de novembro de 2016

Título: O Cisne e o Chacal - Na Companhia de Assassinos #3
Autora: J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Suspense/Thriller
Ano: 2016
Páginas: 248
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Fredrik Gustavsson nunca considerou a possibilidade de se apaixonar - certamente nenhuma mulher entenderia seu estilo de vida sombrio e sangrento. Até que encontra Seraphina, uma mulher tão perversa e sedenta de sangue quanto ele. Eles passam dois anos juntos, em uma relação obscura e cheia de luxúria. Então Seraphina desaparece.
Seis anos depois, Fredrik ainda tenta descobrir onde está a mulher que virou seu mundo de cabeça para baixo. Quando está próximo de descobrir seu paradeiro, ele conhece Cassia, a única pessoa capaz de lhe dar a informação que tanto deseja. Mas Cassia está ferida após escapar de um incêndio, e não se lembra de nada. Fredrik não tem escolha a não ser manter a mulher por perto, porém, depois de um ano convivendo com seu jeito delicado e piedoso, ele se descobre em uma batalha interna entre o que sente por Seraphina e o que sente por Cassia. Porque ele sabe que, para manter o amor de uma, a outra deve morrer. 

Resenha: O Cisne e o Chacal é o terceiro volume da série Na companhia de Assassinos, escrita pela autora J.A. Redmerski e publicado no Brasil pela Suma de Letras.

Pra quem acompanhou os livros anteriores, com certeza ficou intrigado com Fredrik Gustavsson, o "interrogador" que torturava e matava suas vítimas a sangue frio e sem remorso algum. A ideia de ele ter tido um relacionamento e um passado diferente do presente em que vive me deixou muito curiosa acerca de sua história, assim como sua esposa "desaparecida", Seraphina, que conseguia ser ainda mais perversa e sanguinária do que Fredrik.
Seis anos se passaram desde a traição e o sumiço dela, e Fredrik ainda tenta encontrá-la por acreditar que ambos ainda possuem assuntos inacabados, mas próximo de descobrir o que buscava, ele conhece Cassia, uma mulher que parece ser a única capaz de lhe dar as informações das quais precisa. Cassia parece saber sobre Seraphina mas, devido a amnésia que sofre, não se lembra qual é a conexão que tem com ela nem nada sobre seu passado. Por isso Fredrik a mantém prisioneira há um ano, na esperança de que ela, um dia, recupere a memória e lhe diga o que ele quer saber, mas o convívio os tornou muito próximos, colocando o coração do assassino em cheque quando ele passa a questionar sobre seus sentimentos por essas duas mulheres que fazem parte de sua vida...

A história segue por essa linha, com Fredrik convivendo com Cassia, que sofre da dita síndrome de Estocolmo (a vítima se apaixona pelo seu sequetrador), ao mesmo tempo em que trabalha em alguns casos da Nova Ordem da qual Victor é o líder. Izabel também marca presença e tem um papel importante a desempenhar no enredo, assim como outros personagens já conhecidos nos livros anteriores. Mas mesmo que haja esta familiaridade e o leitor pense que sabe o que está acontecendo e qual o rumo a história irá levar, a autora cria reviravoltas que nos deixam de cabelo em pé, no bom e no mau sentido da coisa.

Fredrik não é o mocinho da história. O trabalho dele já deixa isso bem claro. Ele não só tortura as pessoas em busca de informações, mas ele aprecia o sofrimento que causa. Talvez a ideia de torturar somente quem seja culpado e livrar inocentes possa amenizar um pouco seu caréter duvidoso, mas ainda assim ele não deixa de ser um anti-herói sádico e que mexe com os sentimentos do leitor das formas mais inimagináveis possíveis. Como é possível ter alguma simpatia por alguém assim? Ele não deveria ser sempre odiado por fazer as coisas que faz? Claro que Fredrik tem um passado sombrio e perturbador e isso pode servir como justificativa para tentarmos entender o monstro que habita dentro dele, mas algumas coisas relacionadas ao relacionamento que ele cultiva com Cassia me deixaram bastante perplexa. Embora seja ficção, é impossível não sentir um incômodo enorme ao acompanhar Fredrik alegando a inocência de Cassia o tempo todo, se sentindo culpado por manter a pobre coitada sob cativeiro mas usando e abusando dela como bem entende. E ela se apegar e se apaixonar a ele, por mais que haja explicações para o comportameto doentio dos dois e o final reserve algo bombástico, não foi algo que consegui aceitar com tanta naturalidade assim... É difícil sentir alguma simpatia por uma personagem tão frágil e delicada como Cassia se submetendo aos caprichos de um maníaco, e mais difícil ainda é engolir Fredrik sendo tão machista como ele é.

No final das contas preferi considerar que são personagens suscetíveis a todo tipo de erro se considerarmos o contexto da história, a vida que tiveram antes e o caminho que seguiram independente de boas ou más escolhas. Isso não os tornam perfeitos, muito pelo contrário, são fatores que influenciam (mesmo que não justifiquem) suas atitudes e por esse motivo, por mais que eu não tenha aceitado muito bem a situação de forma geral e sentido repulsa muitas vezes, eu gostei e me envolvi com a história pois, querendo ou não, ela mexe com a gente. Não digo que achei melhor do que a história de Victor e Sarai/Izabel, mas foi um ótimo acréscimo à série e com certeza vou continuar acompanhando os próximos volumes.

A edição da Suma de Letras é um capricho só. A capa manteve a textura áspera e os mesmos tons de preto e branco com detalhes em vermelho, as páginas são amarelas, não percebi erros na revisão e de forma geral o trabalho está impecável.

Pra quem procura fugir de clichês românticos e quer ler algo mais dark e violento, a série é mais do que recomendada.

No Limite da Loucura - Maureen Johnson

26 de outubro de 2016

Título: No Limite da Loucura - Sombras de Londres #2
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Depois de se envolver no misterioso caso do assassino em série que se fazia passar pelo lendário Jack, o Estripador, espalhando o medo pela capital britânica, a garota é enviada para a casa dos pais em Bristol. Mas ela não pensa duas vezes quando tem uma chance de retornar a Wexford e reencontrar os amigos. Sua volta a Londres, no entanto, revela mais sobre seus próprios poderes do que ela poderia supor e a põe no centro de uma nova – e sinistra – onda de crimes que vêm desafiando até mesmo a polícia secreta que combate os fantasmas na cidade. No segundo livro da trilogia Sombras de Londres, Rory Devereaux precisa enfrentar seus próprios medos e agir antes que seja tarde. 

Resenha: No Limite da Loucura é o segundo volume da série Sombras de Londres, escrita pela autora Maureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica da Editora Rocco.

No primeiro volume, O Nome da Estrela, conhecemos Rory Devereaux, uma adolescente que descobriu ter dons sobrenaturais quando se envolveu no caso de um assassino em série que se passava por Jack, o Estripador. Após os acontecimentos que se desenrolaram durante a investigação do caso, Rory acabou sendo vítima de um esfaqueamento e teve sair de Wexford para voltar para a casa dos pais, em Bristol, e enquanto se recupera do trauma, ela passa a ter sessões de terapia com Julia, uma psicóloga.
Rory sabe que precisa superar o que passou, mas o que ela queria mesmo era ter sua vida normal de volta e esquecer que as Sombras, a polícia secreta que combate os fantasmas da cidade, existem e cruzaram seu caminho um dia.

Mas, nas redondezas de Wexford, o dono de um pub foi assassinado a marteladas e embora um homem tenha se assumido como autor do crime, a história simplesmente não bate. Várias coisas estranhas continuaram acontecendo e tudo indica que há envolvimento sobrenatural.
Rory, então, é orientada por sua psicóloga a voltar para Wexford para reencontrar os amigos e voltar à rotina da escola a fim de se recuperar melhor e não pensa duas vezes, mas, como era de se esperar, ela se vê envolvida em mais um caso sinistro e misterioso em que tem certeza que nada é mera coincidência. Rory precisa aproveitar seus mais novos poderes contra essas forças, enfrentar seus medos diante do desconhecido e entrar em ação antes que seja tarde demais...

Depois do primeiro livro, não criei muitas expectativas para embarcar na leitura deste e talvez por esse motivo tenha gostado relativamente mais do que o anterior.
No Limite da Loucura permanece com a mesma ambientação que seu antecessor, o universo escolar e uma Londres sombria e invadida pelo sobrenatural. Não é um universo único e original, mas no contexto da história ele convence.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Rory e a leitura, apesar de lenta, é fácil de se acompanhar. A impressão que tive é que esse segundo livro sofre da "maldição da continuação". Ele até que esclarece algumas pontas soltas do primeiro livro e abre brechas para o terceiro, mas só fica realmente bom quando está próximo do fim. Até lá o livro é bastante lento e morno, sem acontecimentos grandiosos ou empolgantes que tenham me feito ficar ansiosa pelo próximo capítulo e nem as cenas que deveriam ser mais assustadoras não mexeram comigo.
Diferente do primeiro livro, este segundo não traz uma história fechada, e pra ser melhor compreendido é necessário ler o livro anterior.

Eu fiquei com pena de Rory pela vida dela estar desmoronando após o acidente que sofreu. Os sentimentos dela, por serem bem negativos, acabaram influenciando a própria narrativa e em muitos momentos me senti tão perdida quanto ela. Nem os momentos mais descontraídos serviram como alívio. Foi difícil ter empatia por ela e isso só foi um problema por ser impossível deixar de comparar os acontecimentos dos dois livros. O contraste entre um e outro acaba sendo negativo, o que foi apresentado antes acabou perdendo aquele brilho assustador, e talvez isso tenha sido um motivo que tenha me feito simplesmente não me importar com os perigos pelos quais Rory passou com a presença do novo personagem.

Por outro lado, só tenho elogios à autora pela forma como Londres é apresentada. Em alguns pontos chegou a me lembrar as descrições de J.K Rowling. A ambientação, a atmosfera ameaçadora e sombria devido ao sobrenatural, é como se Londres fosse um personagem fundamental para o desenrolar dos fatos e até mais interessante que muitos outros presentes na trama.

Não sei ao certo expressar meus sentimentos ao fim desse livro. É um bom livro, sim, mas me senti manipulada devido à uma certa artificialidade, como se a autora tivesse se perdido no próprio caminho que trilhou e ainda deixado o desfecho em aberto sem necessidade. Talvez se o esquema do primeiro livro tivesse sido seguido eu poderia ter gostado mais, sem obrigação de precisar ler o último livro para saber o que vai acontecer.

Pra quem gosta de dramas adolescentes, triângulos amorosos mal resolvidos, toques sombrios e mistérios a serem resolvidos, a série Sombras de Londres é uma boa pedida.

A Garota no Trem - Paula Hawkins

15 de setembro de 2016

Título: A Garota no Trem
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 376
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor.
Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas dágua, pontes e aconchegantes casas.
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes a quem chama de Jess e Jason , Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess na verdade Megan está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.
Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota No Trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

Resenha: A Garota no Trem traz ao leitor a vida de Rachel, uma mulher na casa dos 30 anos com problemas alcoólicos, um ex-marido que não a suporta mais, sem família e dividindo o apertamento com uma colega que já não aguenta suas bebedeiras. Todos os dias ela pega o trem de Ashbury para Londres, pontualmente as 8h04. É numa parada diária que a mulher observa um casal na varanda de uma casa, ambos aparentemente felizes, e ela acaba se afeiçoando a eles. Por algum motivo, ela se sente parte daquilo, daquela vida que não é dela. Mas tudo parece virar de cabeça para baixo quando Jess, a parceira de Jason, que na verdade são Megan e Scott, desaparece. Testemunha de uma cena estranha, ela vai até a polícia contar o que viu. Mas quem poderá confiar numa mulher que beira a insanidade e sofre de problemas com a bebida?

O primeiro livro de Paula Hawkins, lançado em 2015, foi comparado a Garota Exemplar (2013, Intrínseca), sucesso de Gillian Flynn. Se em uma obra o leitor conhece Amy, uma mulher um tanto peculiar e um casamento que sofre seus últimos suspiros, Rachel Watson, a protagonista de A Garota no Trem, é um pouco diferente da esposa de Nick. O primeiro aspecto notável nela é a fragilidade emocional. Ela é instável, maluca e sem nenhum senso do que está ocorrendo a sua volta, por conta da bebida. Isso tudo pode ser decisivo para quem lê conseguir criar total empatia por ela, mas o contrário também é possível. Ela carrega uma bagagem de vida que é uma verdadeira tragédia. O desaparecimento de Megan, que Watson mal conhecia, faz com que ela sinta a necessidade estranha em ajudar, e acaba piorando toda a situação, o que chega a ser engraçado. Ao mesmo tempo que pensamentos do tipo "por que ela simplesmente não para de se enrolar nessa investigação?" surgem, o desejo é que ela supere seus medos e consiga fazer algo bom. No mais, Rachel é digna de toda torcida, mesmo que algumas atitudes sejam um tanto inconsequentes.

Megan, ou Jess, como Rachel gostava de chamá-la, num primeiro momento se mostra totalmente estável e segura de si, mas com o avançar da leitura, a mulher começa a mostrar traços de fragilidade tantos quantos os de Watson. Apesar do ar de sofrimento que a ronda, ela jamais deixa se abater e gosta de manter tudo sob controle, o que se mostra infrutífero devido a seu desaparecimento. Já Anna, a "outra", que teve um caso com o ex-marido de Rachel, Tom, só mostra algo digno de atenção no final da trama. Ela, que não sente nenhum remorso em ter tido um romance com alguém casado, provoca antipatia desde o início, mas ao fim consegue exibir algo que evidencia que elas três têm algo em comum.
"Quem disse que fazer o que o coração manda é uma coisa boa? É puro egocentrismo, um egoísmo de querer tudo. O ódio me inunda por dentro. Se eu visse aquela mulher agora, (...) cuspiria na cara dela. Eu arrancaria seus olhos a unha."
- Pág. 44
Paula Hawkins explorou muito bem que homens muitas vezes abusam de mulheres não somente de forma sexual, mas psicológica também. Por mais que todas as três personagens tivessem personalidades distintas e histórias de vida diferentes, elas conseguem mostrar semelhanças de alguma maneira. Rachel, que pode ser considerada somente uma bêbada fraca, trouxe à tona uma verdade: nenhum problema psicológico surge do nada e ninguém que sofre disso é culpado. Megan, que passa uma imagem um tanto negativa sobre si mesma, evidenciou que jamais devemos julgar alguém sem saber o que se passa por trás. E Anna, que aparentemente não tem nada de positivo, no final consegue angariar alguns pontos a seu favor.

A estrutura do livro, que é feita por datas e períodos, torna a leitura fluída e interessante. A narrativa de Paula é por vezes sentimentalista e empática, e em outros momentos é mordaz e carrega um humor ácido muito bom. Mostrando o ponto de vista das personagens em primeira pessoa, Hawkins criou uma protagonista que teria tudo para ser tornar enfadonha, mas seus problemas se tornaram um bom atrativo.

A Garota no Trem reúne elementos dignos para uma boa história: suspense, problemas psicológicos, um desaparecimento misterioso, a busca pela verdade e três protagonistas bem construídas. O final é surpreendente e a solução para o desaparecimento de Megan, que para alguns pode parecer previsível, consegue se tornar o ponto alto da trama. Há uma pequena ressalva no que diz respeito ao personagem Scott, que fica sem um desfecho. No quesito investigação policial, a autora perde pontos, pois faltou um trabalho mais acerca do papel dos investigadores no caso. No mais, a estreia de Paula Hawkins foi ótima e ter seus direitos comprados para uma adaptação nos cinemas foi mais que merecido.

A Garota Perfeita - Mary Kubica

18 de junho de 2016

Título: A Garota Perfeita
Autora: Mary Kubica
Editora: Planeta
Gênero: Thriller
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Mia, uma professora de arte de 25 anos, é filha do proeminente juiz James Dennett de Chicago. Quando ela resolve passar a noite com o desconhecido Colin Thatcher, após levar mais um bolo do seu namorado, uma sucessão de fatos transformam completamente sua vida.
Colin, o homem que conhece num bar, a sequestra e a confina numa isolada cabana, em meio a uma gelada fazenda em Minnesota. Mas, curiosamente, não manda nenhum pedido de resgate à familia da garota. O obstinado detetive Gabe Hoffman é convocado para tocar as investigações sobre o paradeiro de Mia. Encontrá-la vira a sua obsessão e ele não mede esforços para isso.
Quando a encontra, porém, a professora esté em choque e não consegue se lembrar de nada, nem como foi parar no seu gélido cativeiro, nem porque foi sequestrada ou mesmo quem foi o mandante. Conseguirá ela recobrar a memória e denunciar o verdadeiro vilão desta história?

Resenha: A Garota Perfeita é tudo que não se pode esperar. O nome remete a um famoso romance aclamado pela crítica em 2013, que mostra a relação doentia entre uma mulher psicopata e um homem que, aos olhos de todos, foi o responsável pelo seu desaparecimento. Porém, mesmo com a capa que se assemelha a história de Amy, a trama de Mary Kubica está longe de ser algo extraordinário e arrebatador.

O romance começa com a introdução sobre o que aconteceu com a Mia, uma jovem de vinte e poucos anos. Toda a trama gira em torno da busca pela moça, dividida em três pontos de vista: Gabe, o detetive; Colin, o sequestrador; e Eve, a mãe. A primeira deficiência de toda essa história começa aí: narração. Quem conta os fatos são os três, em uma divisão entre o que houve antes e depois. O problema é que alguns autores pecam grandemente em contar uma história sob o ponto de vista do personagem. No A Garota Perfeita, a autora falhou muito nesse sentido. Tudo que os outros "protagonistas" narram soa irrelevante e permaneci ávido para saber o que Mia sentia e isso não ocorreu.

Eve conta tudo de maneira monótona sobre como era sua relação com a filha, com o marido frio e o quanto acredita no retorno de Mia. Gabe foi um pouco menos enfadonho, dando só um toque de praticidade na história já complicada e cheia de inutilidades. Colin, o sequestrador, mostra seu ponto de vista envolto em muitas partes de sua vida e tentando explicar a origem de sua personalidade e condição de sequestrador. Juntando tudo isso, o que sobra? Nada de útil. Escrever pontos de vista em primeira pessoa requer muita técnica e parece que Kubica não dominou isso muito bem. O gênero, por ser um romance policial, poderia ter sido feito em terceira pessoa. Todo conteúdo é muito monótono, sem desenvolvimento. Não acredito que seja interessante saber o que fulano fez lá quando tinha sete anos, enquanto o xis da questão, que era o sequestro de Mia, ficava sem nenhuma justificativa até a última página. E não preciso nem falar que a protagonista só aparece na narração no último capítulo, não é?

A trama de A Garota Perfeita parece um nó cego, de tão difícil de se desfazer. Tudo que acontece é inconclusivo, sem atrativo e não prende a atenção do leitor. Há alguns acontecimentos tão "ãh?" que senti vontade de largar o livro no meio. É tudo muito amador. Imaginem uma cena de um filme em que a moçoila tropeça e cai nos braços de um homem lindo e encantador? É isso. A história de Mia e Colin é recheada de fatos que não surpreendem e estão ali, claramente, para amarrar pontas que não podem parecer soltas. O final, que foi muito mal desenvolvido, se dá em meras trinta páginas e tenta englobar todos os motivos pelos quais a garota foi raptada. A última página, bem, foi um pouco surpreendente, o que me levou a dar duas estrelas para o thriller. Porém, para quem acompanha o cenário literário há muito tempo, Garota Exemplar foi e continuará sendo, na minha opinião, o melhor romance do gênero.

Vocação para o Mal - Robert Galbraith

7 de junho de 2016

Título: Vocação para o Mal - Cormoran Strike #3
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Romance Policial
Ano: 2016
Páginas: 496
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando um misterioso pacote é entregue a Robin Ellacott, ela fica horrorizada ao descobrir que contém a perna decepada de uma mulher. Seu chefe, o detetive particular Cormoran Strike, fica menos surpreso, mas não menos alarmado. Há quatro pessoas de seu passado que ele acredita que poderiam ser responsáveis por tal crime – e Strike sabe que qualquer uma delas seria capaz de tamanha brutalidade. Com a polícia concentrada no suspeito que Strike cada vez mais tem certeza de não ser o perpetrador, ele e Robin assumem o problema e investigam os mundos sombrios e percertidos dos três outros homens. Mas vários atos horrendos seguem acontecendo, e o tempo está se esgotando para os dois...

Resenha: Vocação para o Mal é o terceiro volume da série Cormoran Strike escrito por Robert Galbraith (pseudônimo de J.K. Rowling. O livro foi lançado pela Editora Rocco. Como as investigações são pontuais, não é necessário que os livros sejam lidos na ordem de lançamento para que sejam compreendidos, mas recomendo manter a ordem pois assim fica mais fácil nos familiarizarmos com a personalidade dos personagens.
A resenha está livre de spoilers.

Começamos a história sob o ponto de vista do assassino, que segue e observa Robin Ellacott e seu noivo, ou como ele prefere chamá-la, A Secretária. O assassino nutre um sentimento de vingança por Strike, pois segundo ele, se não fosse pelo detetive seu filho ainda estaria vivo, e ele pagaria por isso...
Logo depois, num dia corriqueiro, Robin recebe um mensageiro e ele lhe entrega um pacote endereçado a ela, mas para seu completo espanto, ao abrí-lo, a moça se depara com uma perna decepada de uma mulher. Strike também fica alarmado com o ocorrido mas não demora a bolar teorias de quem pudesse ser o responsável por tal atrocidade, afinal, no passado ele fez alguns inimigos e todos eles teriam algum motivo para arruiná-lo. Uma das formas mais eficazes para a vingança ser posta em prática seria usar sua assistente para atingí-lo.
Logo a polícia está envolvida nas investigações concentrando seus esforços no suspeito que Strike acredita não ser o culpado, então restam outros três a quem investigar, mas devido ao enorme tempo que se passou desde os últimos contatos, Strike não faz ideia do paradeiro de nenhum deles. Junto com Robin, Strike percorre o Reino Unido a fim de entrevistar pessoas que podem ajudá-los na investigação até que eles descubram quem é o assassino, mas enquanto isso outros atos horrendo continuam a acontecer. Eles vão precisar correr contra o tempo para impedir outras mortes e para salvarem as próprias vidas.

Diferente dos demais, Vocação para o Mal não parece fazer uma crítica explícita aos podres da sociedade ou do funcionamento de alguma determinada indústria, e desta vez não se trata de um caso onde Strike é contratado por alguém para que possa investigar o ocorrido. Trata-se de uma vingança pessoal e bem elaborada vinda de uma pessoa misteriosa de seu passado que quer atingí-lo através de Robin.
A narrativa não é linear e é feita em terceira pessoa. Alguns capítulos são destinados aos passos do próprio assassino e os demais se alternam entre Strike e Robin. Como sempre, a escrita é única e fluída, as descrições são feitas com perfeição e pois mais que a trama apresente elementos horrendos e cenas pavorosas, há sutileza o suficiente para instigar o leitor, mantendo a curiosidade pela resolução do caso e o convidando a permanecer na leitura até o fim. As pistas são ligeiras, às vezes são praticamente imperceptíveis, e mesmo que haja bastante tensão devido ao teor dos crimes e à mente perversa e doentia do assassino, o leitor não se perde desde que mantenha a atenção constante.
O tema é pesado e pouco explorado na ficção. O autor se aprofundou na acrotomofilia, ou seja, naquelas pessoas que possuem preferência sexual por quem tenha tido alguma parte do corpo amputada, assim como aquelas que têm fetiche por autoflagelação.

Os personagens continuam muito bem explorados e construídos e os protagonistas tiveram mais de si mesmos revelados, afinal, como os suspeitos tiveram uma relação com Strike, essa volta ao passado faz com que seja possível conhecermos sua história mais a fundo e isso o leva a relembrar do que precisou enfrentar, despertando seus fantasmas e o fazendo refletir. Como Robin também está diretamente envolvida, vários fatos sobre ela também vem à tona. A trama atinge um ponto em que a investigação parece ficar em segundo plano para que as relações interpessoais dos protagonistas sejam trabalhadas, e o casamento de Robin, que está se aproximando, assim como suas brigas com Matthew, focam em algo que não diz respeito ao gênero policial propriamente dito, mas servem para intensificar ainda mais a relação entre Robin e Strike. Eu confesso que o vejo mais como um mentor para Robin do que outra coisa e não gostaria que o relacionamento dos dois fosse além da amizade e da parceria profissional que eles têm, independente da química que eles tenham juntos, mas posso dizer que se futuramente esse relacionamento alcançar outro nível, não vai ser surpresa nenhuma pra mim, independente do que será feito com Matt, a quem não nutro simpatia alguma, muito pelo contrário. Torço pra que Robin fique livre desse peso morto o quanto antes...

O trabalho gráfico do livro é simples e muito bem feito. A capa combina com as dos volumes anteriores e, como sempre, remete ao mistério. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Os capítulos são curtos e são iniciados por um trecho de alguma música da banda Blue Öyster Cult e pode ser interessante fazer a ligação desses trechos com o que o capítulo em questão nos reserva.

Embora tenha considerado este livro o melhor da série até então, esse excesso de informações e detalhes sobre as particularidades dos personagens acaba deixando a leitura mais lenta do que eu gostaria, assim como desvia a atenção e atrapalha as suposições do leitor com relação aos crimes. Talvez esse seja o propósito, fazer com que haja outros elementos que desviem nosso foco para dificultar os palpites sobre quem é o assassino, mas acho que se os detalhes fossem apresentados de outra forma, e em menor quantidade, isso não teria sido um problema pra mim na posição de "leitora-investigadora".
De qualquer forma, recomendo muito a leitura da série pra quem gosta do gênero.

A Profecia do Paladino - Mark Frost

24 de abril de 2016

Título: A Profecia do Paladino - A Profecia do Paladino #1
Autor: Mark Frost
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Thriller/Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 420
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Will West faz de tudo para não chamar a atenção. A pedido dos pais, ele se esforça para tirar notas medíocres e não se destacar. Mas quando sua escola o obriga a fazer uma prova de desempenho geral, ele acaba se esquecendo de errar algumas respostas. Seu resultado espetacular atrai o interesse de uma das escolas particulares mais exclusivas do país, que o procura para oferecer uma bolsa de estudos. No entanto, assim que recebe essa oferta, começa a ser seguido por homens misteriosos e sedãs pretos. Ao tentar escapar de perseguidores, seus pais desaparecem e Will acaba se matriculando às pressas no misterioso colégio. Chegando à sua nova escola, ele percebe possuir talentos físicos e mentais que beiram o impossível e descobre que suas habilidades estão conectadas a uma batalha milenar entre forças épicas.

Resenha: A Profecia do Paladino é o primeiro volume da trilogia homônima escrita pelo autor americano Mark Frost e publicado no Brasil pela Galera Record. O autor é roteirista de Quarteto Fantástico e é co-criador da série Twin Peaks!

Will West é um garoto de dezesseis anos que vive sob as rigorosas regras do pai. A cada dezoito meses a família se muda de casa e isso faz com que Will acabe não tendo muitos amigos. Desde que se entende por gente, Will segue à risca a Lista de Regras de Como Viver do Papai, e nela há itens essenciais que, basicamente, não permitem que Will se destaque de forma alguma em meio as outras pessoas e é o que o manteve em segurança até agora. Embora seja muito inteligente sem ter que se esforçar pra isso, de acordo com a Lista de Regras, Will sequer poderia ir bem nas provas da escola para não chamar nenhum tipo de atenção para si mesmo.
Mas tudo muda quando algumas situações o deixam apreensivo... Ele tem a impressão de que está sendo observado e seguido mas tenta tirar tais pensamentos da mente e se concentrar em sua corrida matinal. Até que ele precisa fazer uma prova e se esquece de ir mal... Obviamente seu resultado é o melhor que a escola já viu em décadas e indo contra a Lista de Regras, ele chama muita atenção. O Centro de Aprendizagem Interdisciplinar, uma escola secreta e cheia de prestígio localizada em Wisconsin, demonstrou interesse no garoto e estava disposta a dar a ele uma bolsa de estudos integral.
A partir de então Will se encontra fugindo de um estranho grupo de homens enquanto seu pai desaparece e sua mãe está diferente. O garoto se viu obrigado a ingressar ao Centro de Aprendizagem, o único lugar que parecia seguro após tantas coisas estranhas acontecendo. Porém, a escola reserva ainda mais mistérios do que o garoto imaginou e Will parte em busca de respostas.

O livro é narrado em terceira pessoa com vários trechos desacados em itálico mostrando os pensamentos de Will. A escrita é bastante fácil e tem um ritmo acelerado.
Pra ser sincera, o enredo de forma geral não é lá muito original. Em diversos momentos me peguei pensando em Percy Jackson pelo fato de que, de acordo com os acontecimentos, o protagonista vai parar num lugar especial onde descobre quem é na realidade, mesmo que se meta em mais confusões...
Will é um protagonista sarcástico, cheio de tiradas inteligentes e sacadas geniais. Ele não se deixa intimidar e mesmo que tenha vivido obedecendo e seguindo as regras do pai com extrema disciplina e dedicação, ele não gosta de limites. Mas é bem perceptível que por trás de todas essas regras há algo grandioso a espera do garoto prodígio.
Confesso ter demorado alguns capítulos para me conectar à história mas quando isso ocorreu foi praticamente impossível largar a leitura. É aquele tipo de livro cuja história não pára, as coisas estão acontecendo a todo momento e os mistérios que se entrelaçam deixa tudo mais instigante e interessante.
Os novos amigos de Will são inteligentes por também serem prodígios e a mente engenhosa dos garotos tornam a busca por respostas crível, principalmente porque eles conseguem fortalecer o vínculo que possuem ao mesmo tempo em que superam suas diferenças. Os diálogos deles são hilários e dinâmicos e são eles que dão vida à história com suas personalidades marcantes. Confesso que eles foram o maior motivo pra eu ter apostado na leitura e criado expectativas sobre ela e afirmo que foram todas superadas!
Como disse anteriormente, a história traz passagens que lembram outras bastante conhecidas. Will se encontra em meio a uma trama em que ele descobre fazer parte de uma profecia onde irá precisar lutar contra o mal, e enquanto isso parte num jornada de autoconhecimento e amadurecimento típica. Não é original, convenhamos, mas a história, de forma geral, é merecedora de créditos pela forma como foi escrita e desenvolvida. Embora o leitor fique no escuro sem saber o que, de fato, está acontecendo, é perfeitamente possível se envolver com o mistério e com a tentativa para que ele seja solucionado.

Com relação a edição, a capa é bem bonita e caprichada, com alto relevo e verniz aplicado no título.
A diagramação é simples, os capítulos possuem títulos curiosos que dão ideia do assunto da vez sem entregar o que está por vir.
Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que prejudique a leitura em si. Ao final do livro podemos conferir a Lista de Regras de Como Viver do Papai com suas 98 regras completas e em letras maísculas, do jeitinho que o pai de Will criou. E falando da Lista, algumas regras são verdadeiros conselhos para se levar para a vida!

Em suma, pra quem gosta de um thriller voltado ao público juvenil cheio de toques de fantasia, ação e muita aventura, é leitura mais do que indicada. Tentar desvendar os mistérios do enredo a fim de montar o verdadeiro quebra cabeças criado pelo autor é muito empolgante e estou super ansiosa pela sequência!


Sombrio - Luke Delaney

27 de março de 2016

Título: Sombrio - D.I. Sean Corrigan #2
Autor: Luke Delaney
Editora: Fábrica 231/Rocco
Tradutora: Márcia Arpini
Gênero: Thriller Policial
Ano: 2016
Páginas: 464
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva
Sinopse: O segundo livro do autor de Brutal traz de volta o sagaz detetive Sean Corrigan, especializado nos casos mais difíceis envolvendo serial killers em Londres. Em sua nova investigação, Corrigan está à caça de um assassino de mulheres que mantém suas vítimas em cativeiro antes de executá-las, com requintes de crueldade. O que essas mulheres têm em comum? Que tipo de obsessão faz com que o assassino aja dessa forma? Vítima de abuso e violência na infância, o detetive sabe que precisa agir estrategicamente e usar seu instinto para identificar o mal, onde ele estiver. E terá que correr contra o tempo antes que novas vítimas em potencial cruzem o caminho do criminoso. Luke Delaney é o pseudônimo usado por um policial que durante anos trabalhou na polícia londrina investigando os crimes mais difíceis da cidade.

Resenha: Sombrio é o segundo volume da série D.I. Sean Corrigan, escrita pelo autor Luke Delaney e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231, da Rocco.

Partindo de onde o primeiro volume parou, começamos acompanhando o progresso do caso anterior nos tribunais. Sean, por ter obtido sucesso no caso anterior, ficou responsável pelo caso de um desaparecimento que, aparentemente, era incomum para o detetive. Jovens mulheres, de forma repetitiva e por um período determinado como num ciclo, começaram a ser sequestradas em plena luz do dia, mantidas em cativeiro, assassinadas cruelmente e jogadas em florestas para serem encontradas. O trabalho da polícia então se resume a encontrar as mulheres antes que elas sejam mortas e desovadas pelo assassino, e Sean começa a investigar mais a fundo para saber o que as mulheres têm em comum para chamar a atenção dele e o que esse maníaco quer.

A narrativa é feita em terceira pessoa e se alterna entre os pontos de vista de Sean e do assassino, Thomas Keller, que já é apresentado logo no começo do livro sem que haja mistério algum sobre sua identidade. Então, embora Sean ainda não saiba, o leitor sabe quem é o homem por trás desses crimes e a abordagem acaba se tornando bastante diferenciada pois ficamos torcendo para que o detetive descubra logo o que está acontecendo através de suas investigações e o desenrolar da história nos mostra como os eventos que se passam chegam ao fim, evidenciando as motivações dos personagens e dando ao leitor uma visão ampla e profunda sobre cada um deles. O apoio que Sean tem também é muito importante e torna o trabalho de investigação bastante realista.
A escrita é ágil, dinâmica e muito envolvente, mesmo que seja recheada de psicopatia e violência, e acompanhar o detetive tentando pensar como Keller usando de seu passado sombrio para lhe ajudar é incrível. Sean, embora seja o mocinho, ainda carrega um lado obscuro bastante intrigante devido ao que sofreu quando criança, pois ao longo da história, a medida que ele tenta entrar na mente e pensar como o criminoso, a sensação é de que ele faz parte desse mundo terrível e que fica pendendo entre o bem e o mal. E independente da real intenção dele, ainda ficamos presos pra saber mais e mais.

A capa combina com a do livro anterior da série, e esta mostra grades com um cadeado ilustrando o que seria a prisão das mulheres. Mas será que são elas, de fato, as aprisionadas em suas condições?
Não curti muito a tradução do título. O original é "The Keeper" e acho que tem muito mais a ver com o conteúdo da história. Os capítulos são numerados, a diagramação é simples, as páginas são amarelas e não percebi erros de revisão.

Em alguns trechos, até mesmo pela questão do gênero do livro e dos sequestros serem muito parecidos, o livro se torna um pouco repetitivo, mas ainda assim, pra quem gosta de livros policiais e investigativos com uma história bastante crua e sombria vai se deparar com uma leitura empolgante que fará com que o leitor fique com o pé atrás sempre que for atender a porta de casa, ou pensando se aquela pessoa do outro lado da rua é mesmo quem parece ser...

Nunca Jamais - Colleen Hoover e Tarryn Fisher

17 de março de 2016

Título: Nunca Jamais - Never Never #1
Autoras: Colleen Hoover e Tarryn Fisher
Editora: Galera Record
Gênero: YA/Thriller
Ano: 2016
Páginas: 192
Nota:★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Charlie Wynwood e Silas Nash são melhores amigos desde pequenos. Mas, agora, são completos estranhos. O primeiro beijo, a primeira briga, o momento em que se apaixonaram... Toda recordação desapareceu. E nenhum dos dois tem ideia do que aconteceu e em quem podem confiar.
Charlie e Silas precisam trabalhar juntos para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com eles e o porquê. Mas, quanto mais eles aprendem sobre quem eram, mais questionam o motivo pelo qual se juntaram no passado.

Resenha: Nunca Jamais é o primeiro livro da trilogia Never Never escrita pelas autoras Colleen Hoover e Tarryn Fisher. No Brasil o livro foi publicado pela Galera Record.

Charlie "acorda" na escola sem saber o que está fazendo alí, como chegou, por que, quando... Apesar de todos a tratarem normalmente, ela não reconhece ninguém e não entende o que está acontecendo. Fingindo conhecer os alunos, ela tenta descobrir o que se passa para fugir dalí, mas ninguém com quem ela fala a faz se lembrar de coisa alguma, sejam eles seus amigos ou até mesmo aquele que é seu namorado, Silas. Porém, para a surpresa de Charlie, ela descobre que Silas também está sofrendo do mesmo que ela. A partir daí, juntos, eles decidem tentar saber o que está acontecendo e aos poucos descobrem que se conhecem desde crianças, que sempre foram amigos e, principalmente, que há algo de errado e estranho acontecendo entre as famílias dos dois. O que será que aconteceu e por que eles não se lembram de nada nem de ninguém?

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre Silas e Charlie de uma forma que podemos acompanhar os dois pontos de vistas que eles têm para a situação em que se encontram. E por não saberem de nada, o único ponto relevante é que também não sabemos de nada e ficamos na expectativa para sabermos o que virá a seguir e como eles vão reagir.
A história tem toda aquela atmosfera escolar se remetendo a um público mais jovem e é fácil acompanharmos esse tipo de rotina, principalmente porque ela se passa num curtíssimo período de tempo, dois dias apenas.

Meu problema maior com o livro foi a ideia de acompanhar um thriller sem acontecimentos que mexessem comigo ou despertassem meu interesse a ponto de eu ficar empolgada ou torcendo pelos personagens, que não me cativaram pela falta de carisma. Eles são apáticos e genéricos e não sabemos se há alguma história do passado com carga dramática e emocional o bastante para despertarem minha simpatia ou que justifiquem alguns comportamentos. Poderia falar que a palavra que define a personalidade dos dois pode ser "determinação", mas isso somente levando em conta que estão determinados a descobrirem o que está acontecendo com eles, e enquanto Silas quer fazer com que Charlie se apaixone por ele outra vez, ela parece querer o contrário.

Embora possua poucas páginas, a história é enrolada e nada acontece. Num livro desse tipo o que espero é no mínimo ficar ansiosa devido ao suspense da situação, mas não foi essa a sensação que tive. Os personagens não sabem nada, a partir das pistas que surgem eles não descobrem quase nada que seja realmente útil, há furos inexplicáveis e todos ficamos no escuro. E quando pensamos que a coisa melhora e, enfim, vamos descobrir o tal mistério, o livro acaba! Caraca! O que é isso? Fico muito frustrada quando dividem uma história simples em vários livros sendo que ela poderia ser desenvolvida e finalizada num único volume. Talvez tais furos sejam esclarecidos no próximo livro, mas, ainda assim, acho que as coisas devem ter uma explicação plausível, nem que seja mínima, que dê brechas pra suposições, ou pelo menos que haja um algo a mais para que a história não dê espaço para questionamentos como "Como Silas lembra como dirigir?" ou "Como conhecem os caminhos pra irem de um lugar a outro?" "Como lembram de filmes ou atores?" e etc, e que, inevitavelmente, tornam as coisas um pouco sem nexo. Que tipo de amnésia parcial é essa que não foi justificada para se tornar crível?
A sensação que tive ao final desse livro foi que, apesar da escrita ser boa e existir um fator de suspense que nos mantém ligados à história, a intenção das autoras era confundir os leitores com a falta de informações, como se isso fosse uma técnica para deixá-los na expectativa e ansiosos para os próximos livros e morrendo de amores por um romance que ninguém entende e que simplesmente ainda não tem solidez ou base concreta. Pra mim foram usados artifícios para abordar questões problemáticas entre duas famílias e o suposto romance serviu como mera desculpa.
Talvez, quando os motivos que levaram os protagonistas a se esquecerem deles mesmos depois de um relacionamento longo vierem à tona e as coisas fizerem sentido, quem sabe eu possa rever minha opinião sobre a trilogia como um todo? Mas analisando somente esse primeiro volume, que é super introdutório e artificial, arrisco-me a dizer que Nunca Jamais sustenta um mistério com base num romance esquecido e que ao final deixa os leitores com um milhão de pontos de interrogação pairando sobre suas cabeças.

Sinceramente? Não há nada com o que se suspirar e, embora eu ainda tenha vontade de acompanhar a trilogia para saber que fim terá a história de Charlie e Silas, não irei com as expectativas nas alturas para o risco de quebrar a cara não ser tão grande.

Brilhantes - Marcus Sakey

26 de janeiro de 2016

Título: Brilhantes - Brilhantes #1
Autor: Marcus Sakey
Editora: Galera Record
Gênero: Thriller/Ação/Sci-fi/Distopia
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A partir de 1980, um por cento das crianças começou a apresentar sinais de inteligência avançada. Essa parcela da população, chamada de “brilhantes”, é vista com muita desconfiança pelo restante da humanidade, que teme a forma como esse dom será usado. Nick Cooper é um deles, um agente brilhante, treinado para identificar e capturar terroristas superdotados e levá-los para a custódia do governo. Seu último alvo está entre os mais perigosos que já enfrentou, um líder responsável pelo maior ataque terrorista dos últimos tempos e que pretende começar uma guerra civil. Mas para capturá-lo, Cooper precisa se infiltrar em seu mundo e ir contra a tudo o que acredita. Denominado pelo Chicago Sun-Times como o mestre do suspense moderno, Markus Sakey criou um universo ao mesmo tempo perturbador e incrivelmente semelhante ao nosso, onde um dom pode se tornar uma maldição.

Resenha: A partir da década de oitenta, 1% das crianças nascidas começaram a apresentar sinais de inteligência avançada que superavam a de um humano comum. Considerados como anormais, eles passaram a ser chamados de Brilhantes. Inicialmente eles causaram fascínio nas pessoas, mas com o passar do tempo eles começaram a ser tratados com desconfiança e se tornaram temidos entre a população que não sabia como ou com qual finalidade os seus dons poderiam ser usados.
A fim de manter o controle sobre essas crianças especiais, todas que apresentassem sinais de que eram portadoras desse dom deveriam ser testadas e, caso a anormalidade seja comprovada, elas seriam enviadas para uma academia.
Nick Cooper é um brilhante da primeira geração. O dom especial de Nick é o reconhecimento de padrões de comportamento e a partir da sua análise com relação a postura de alguém, na menor contração muscular ou na simples sutileza de um olhar, ele é capaz de "ler" as pessoas sendo possível que ele saiba o que elas vão fazer, prevendo até mesmo seus movimentos. Ele cresceu com a ideia de que deve servir seu país por ser filho de um soldado e se tornou um agente do serviço de segurança do governos dos Estados Unidos. Seu trabalho na DAR (Departamento de Análise e Reação) é caçar outros brilhantes que apresentam uma ameaça real, que usam seus dons para cometerem crimes e que sejam suspeitos ou propensos ao terrorismo.
Após o assassinato de várias pessoas em um restaurante e tendo a intenção de iniciar uma guerra civil, John Smith, um ativista cuja voz era muito respeitada entre os brilhantes, se tornou alvo de Cooper. Embora Nick ainda não tenha pistas sobre o paradeiro de John, ele não desiste de encontrá-lo. Em meio a esta busca Nick descobre que sua filha pode ser uma brilhante de primeiro escalão após a escola ter percebido algumas características nela que a tornava diferente das demais. A idade mínima para os testes para o ingresso a academia é oito anos, mas com quatro a garota seria testada pois seu comportamento já era muito evidente. Preocupado com os testes com que a garota seria submetida, Nick vai tentar livrá-la desse processo enquanto bola um plano arriscado e perigoso para tentar capturar John, mas a ameaça contra sua família vai fazer com que ele repense suas decisões sobre o lado que ele está.

Antes de mais nada, eu estranhei muito o fato desse um livro ter sido publicado pela Galera Record já que se trata de um thriller com toques de ficção científica e distopia voltado para o público adulto, a começar pelo próprio protagonista que está na casa dos trinta anos de idade, é separado da mulher e tem dois filhos pequenos. Com todo o clima de ação e revolução política presente no enredo, a relação que ele tem com os filhos ganha destaque pois ele é um pai presente e atencioso além de manter um bom relacionamento de amizade com a ex-esposa.
O livro é narrado em terceira pessoa e, embora possa lembrar um roteiro de filme (e o livro vai mesmo virar filme), o ritmo da leitura é frenético, viciante e impossível de largar. Apesar do foco maior estar em Cooper, há uma abrangência considerável sobre os acontecimentos gerais da trama. O leitor se vê envolvido nesse mundo de corrupção através de um protagonista que luta por uma causa que não pode ser considerada como justa, já que priva os outros da liberdade, e logo, por mais que ele tenha os próprios valores, muitos poderão discordar do que ele faz com relação ao seu trabalho e enxergá-lo como um vilão, ou até mesmo torcer contra ele, por mais que em certos pontos Cooper se questione sobre o que está fazendo e se está mesmo do lado certo deste confronto. No fim considerei a jornada dele algo mais emocional e pessoal e acabei torcendo por ele.

O autor criou um universo super criativo e inteligente cujo cenário é uma versão alternativa dos Estados Unidos de 2013 com algumas poucas diferenças no que diz respeito aos avanços tecnológicos e a fatos que entraram para a história mas que aqui nunca aconteceram, como o 11 de novembro, por exemplo. O desenvolvimento é dinâmico, recheado de ação e várias surpresas onde nada é o que parece ser na realidade. A tensão entre normais e brilhantes é sólida e visível e isso é passado ao leitor de uma forma muito transparente, e apesar de todo o conflito, é possível percebermos que Brilhantes é um livro que aborda a lutra contra o extremismo e contra preconceitos que estão cada dia mais presentes dentro da sociedade e um dos pontos que considerei bastante assustador é a ideia de que o governo implanta microchips que são praticamente impossíveis de serem removidos, marcando as pessoas e chegando a ser possível fazer uma comparação odiosa com a marcação dos judeus que eram obrigados a usarem a estrela de Davi a mando dos nazistas. Há também outras questões contemporâneas abordadas, mesmo que de forma curta, como o medo que as pessoas desenvolvem daquilo que eles desconhecem ou consideram diferente, a forma como lidam com o terrorismo e até atiçam as ideias daqueles que gostam de teorias da conspiração.

A capa é super caprichada com os detalhes do mapa em alto relevo e chama bastante atenção mesmo que a primeira vista seja simples. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. A diagramaçao é simples e não encontrei erros na revisão.

Brilhantes é um livro envolvente cuja trama é crível e que faz o leitor refletir acerca das questões sociais, principalmente se levarmos em consideração que o que encontramos no enredo poderia ser facilmente vivido nos dias de hoje se a situação fosse a mesma. Todos os detalhes foram bem pensados e por ser um thriller tão inteligente e que aborda questões atuais em meio a ficção de forma tão crua, se tornou um dos melhores livros que ja li. Só posso dizer que estou ansiosa pela continuação, e mesmo que o final dê a impressão de que a jornada de Cooper tenha sido concluída, sabemos que na verdade ela está apenas começando...


O Nome da Estrela - Maureen Johnson

27 de dezembro de 2015

Título: O Nome da Estrela - Sombras de Londres #1
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No mesmo dia em que o primeiro de uma série de assassinatos brutais acontece em Londres, a norte-americana Rory Deveaux chega à cidade para começar uma nova vida em um colégio interno. Os crimes hediondos parecem imitar as atrocidades de Jack, o Estripador, praticadas há mais de um século. Logo a febre do Estripador toma conta das ruas de Londres, e a polícia fica desconcertada com as poucas pistas e a ausência de testemunhas. Exceto uma. Rory viu o principal suspeito no terreno da escola. Mas ela é a única pessoa que o viu – a única que consegue vê-lo. E agora, Rory se tornou seu próximo alvo. Neste thriller envolvente, cheio de suspense e romance, Rory descobre a verdade sobre suas novas e chocantes habilidades e os segredos das Sombras de Londres.

Resenha: O Nome da Estrela, primeiro volume da série Sombras de Londres, é um suspense juvenil escrito pela autora Maaureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

Aurora Deveaux, ou Rory, é uma adolescente americana que sai do interior de Louisiana e chega a Londres para se alojar e estudar num colégio interno pelo período de um ano. Porém, no dia de sua chegada, ela descobre que há um assassino à solta que parece estar seguindo os mesmos passos de Jack, o Estripador, já que sua primeira vítima foi esquartejada da mesma maneira que Jack fazia em 1888. Londres está em polvorosa pois ninguém consegue descobrir quem está cometendo todas essas atrocidades.
Sem testemunhas e sem pistas, a polícia fica de mãos atadas, até Rory ver o suspeito na propriedade da escola e se tornar uma testemunha. Então, ao cruzar o caminho deste brutal assassino, Rory se vê forçada a tentar resolver os crimes já que parece ser a única que consegue vê-lo, mas corre perigo ao se tornar seu próximo alvo...

Não nego que a premissa promete bastante, mas achei que a autora se perdeu em meio a uma escrita um tanto quanto rasa para só dar um gás e surpreender ao fim. O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista e podemos acompanhar como é sua descoberta para um dom do qual ela desconhecia ter: ela consegue ver fantasmas e logo se dá conta de que o assassino se encaixa nesse "perfil".
A autora conseguiu incorporar bem alguns elementos e detalhes dos crimes na história, mas não achei que nada foi aterrorizante o bastante pra causar medo. Há surpresas, sim, mas o ritmo lento no início com tudo minimamente detalhado acaba tirando um pouco da empolgação com a leitura, principalmente quando a impressão que fica é que os pesonagens parecem estar impedidos de participar de tudo o que acontece e a ação dá lugar a muita conversa, a maioria descartável.
Um ponto legal, mas que acaba lembrando muito o universo de Harry Potter, é a questão da escola e da convivência de Rory com seus novos amigos. É tudo bastante natural, principalmente por Rory ser uma adolescente e se comporta exatamente como uma, com o diferencial de que, a partir do momento em que descobre seu dom de poder ver fantasmas, ela vai levando a vida como pode enquanto lida com esse pequeno novo detalhe. Tais fatores colaboraram para que a história ficasse mais fluída e menos cansativa.
Não espere por um romance meloso e inesquecível. Há toques de romance no ar, não nego, mas o foco é a habilidade de Rory que acaba sendo útil na investigação dos crimes terríveis, e é isso que fez com que o livro me agradasse mais já que ando meio saturada de romances juvenis.
Os personagens não me marcaram e fiquei na dúvida se eles realmente não são nada interessantes de propósito ou se foi a autora que não soube construí-los muito bem a ponto de despertar minha simpatia.

Não achei muito legal a ideia de Rory ter pais tão ausentes e despreocupados em deixá-la na escola enquanto assassinatos aconteciam ao redor do lugar. Isso me soou um tanto absurdo, assim como outras situações envolvendo a polícia de Londres e a parte que envolve as questões sobrenaturais da história (que prefiro não mencionar já que é um spoiler enorme). Só posso dizer que o que motiva o assassino a cometer crimes, pra mim, não fez sentido nenhum.

A capa do livro é bem caprichada, com respingos de "sangue" em verniz sobre a capa aveludada. A diagramação também é uma graça pois a cada início de capítulo o texto fica entre uma moldura com ornamentos. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

O livro deixa um gancho para uma sequência, mas pode ser encarado como livro único já que, de forma geral, é bem fechado. O caso se encerra e acho que se alguém não gostar da leitura ou não tiver a curiosidade atiçada não vai ficar com a ideia de necessidade da continuação para saber o que mais poderá acontecer.
O Nome da Estrela não é ruim, só é preciso insistir um pouco até que as coisas legais comecem a acontecer. Pelo toque juvenil e escolar, por mais que tenha suspense, pode ser lido tranquilamente por leitores mais jovens que queiram se deparar com algumas mortes sangrentas a serem investigadas...


O Círculo - Dave Eggers

24 de dezembro de 2015

Título: O Círculo
Autor: Dave Eggers
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção/Suspense/Thriller
Ano: 2014
Páginas: 522
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Encenado num futuro próximo indefinido, o engenhoso romance de Dave Eggers conta a história de Mae Holland, uma jovem profissional contratada para trabalhar na empresa de internet mais poderosa do mundo: O Círculo. Sediada num campus idílico na Califórnia, a companhia incorporou todas as empresas de tecnologia que conhecemos, conectando e-mail, mídias sociais, operações bancárias e sistemas de compras de cada usuário em um sistema operacional universal, que cria uma
identidade on-line única e, por consequência, uma nova era de civilidade e transparência.
Mae mal pode acreditar na sorte de fazer parte de um lugar assim. A modernidade do Círculo aparece tanto na sua arquitetura arrojada quanto nos escritórios aprazíveis e convidativos. Os entusiasmados membros da empresa convivem no campus também nas horas vagas, seja em festas e shows que duram a noite toda ou em campeonatos esportivos e brunches glamorosos. A vida fora do trabalho, porém, vai ficando cada vez mais esquecida, à medida que o papel de Mae no Círculo torna-se mais e mais importante. O que começa como a trajetória entusiasmada da ambição e do idealismo de uma mulher logo se transforma em uma eletrizante trama de suspense que levanta questões fundamentais sobre memória, história, privacidade, democracia e os limites do conhecimento humano. 

Resenha: Louca pela temática trazida por este livro, eu embarquei em uma viagem ao mundo das redes sociais e da ausência de privacidade que caminha com elas. A cada página eu ficava ainda mais chocada com a proximidade da realidade de fatos narrados.
Imagine-se trabalhando em uma das maiores corporações de tecnologia social do mundo... Imaginou? Pois bem, Mae, a personagem principal desta obra conseguiu seu tão sonhado espaço na empresa "O Círculo" que comanda todas as redes sociais, sites e os interliga sob o princípio básico da transparência. Sim, Imagine Google, Facebook, Instagram, Twitter sob um mesmo comando e totalmente interligados, assustador não?!

Mae que tanto sonhou em sair de seu cargo público agora faz o atendimento ao cliente da empresa, com uma meta de 100% de eficiência na resolução das questões trazidas pelos usuários. Essas metas resolvidas através do conhecimento geral de dados particulares dos clientes envolvem e obrigam Mae a cada vez se ver mais e mais envolvida nestes projetos e programas da corporação.
A partir daí inevitável o questionamento da protagonista, enquanto ser humano, das reais intenções e do sigilo das informações alí compartilhadas. O que você faria quando não é mais possível deletar informações? Quando privacidade é confundida com segredo e este significa mentir?
Sem ler você não saberá da profundidade destes questionamentos que me fiz, não entenderá quando um amigo diminuir ou se ausentar das redes sociais, sem ler, você se envolverá, até não conseguir mais sair deste círculo!

Este é um dos livros mais intrigantes e psicologicamente assustadores que já li neste ano. Fui arrebatada pela idéia da quebra de privacidade causada pela internet dos dias atuais e da proximidade com a realidade da exposição das redes sociais de nossa juventude. Ao terminar de ler, sentei no sofá e me peguei contemplando o horizonte pela janela por horas pensando na feiura desta maravilha chamada internet.

Sou apaixonada por livros que me fazem pensar e "aplicar" sua ideologia em minha vida. Este livro me tocou em particular por conta do uso exagerado e desregrado do Facebook, onde a cada dia se adiciona mais e mais ferramentas capazes de tornar público cada ato, cada passo, cada pensamento de seus usuários, sabemos onde estão comendo, o que estão assistindo, ouvindo, fazendo.
Me assustei e recuei quando percebi que estava sendo manipulada a compartilhar momentos privados de meu dia a dia através de um "convite inocente" da rede ("O que você gostaria de escrever agora?" "O que você está fazendo? sentindo? ouvindo? etc"). Decidida e definitivamente me vi desintoxicada dessa necessidade de selfies, compartilhamentos e claro, curtidas, porque sem aprovação geral, para que postar?

O uso das redes é completamente grátis, exigindo-se tão somente interação. Em excesso. sempre. O que assusta é a naturalidade dessa "interação" em excesso. Qualquer incidência é mera coincidência.
Meu único problema com o livro foi a personagem principal que foi, até a metade do livro, extremamente insossa, não me cativando e não me fazendo entender suas motivações, escondendo-se na grandiosidade da empresa que lhe foi apresentada. Fui além do choque cultural, inerente da literatura estrangeira, eu realmente tentei me colocar no lugar dela e percebi que agiria de forma completamente diferente e isso desanima um pouco a leitura.

Mae estava mergulhada em um enredo riquíssimo abordando a conectividade em excesso, o compartilhamento em excesso e a constate "vigilância" que intencionalmente era vendida como transparência pela empresa e permaneceu inerte, é desanimador, se não fosse pelo enredo em si.
Ainda assim, o que me fez gostar do livro foi sua capacidade de retratar algumas situações que vivemos e nos fazer questionar o futuro da privacidade em um mundo que possui tantas redes sociais e em como são reais as pretensões das empresas em liderar através de suas ferramentas interativas e conexas, fazendo com que você use indefinidamente seus produtos.

Eggers não pretende agradar com o final que escolheu para seu livro. Sinceramente, acho que o ser humano não está caminhando para nada diferente deste final. Vale lembrar o alerta trazido pelo autor, ainda que não seja para extirpar a interação social pela internet, que seja para nos fazer pensar sobre seu uso demasiadamente irrestrito.
Curti e super recomendo!