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Difamação - Renée Knight

15 de dezembro de 2015

Título: Difamação
Autora: Renée Knight
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Mistério/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Imagine que você encontre um livro sobre a sua vida, que revele um segredo que você manteve escondido da sua família por vinte anos e que você achava que ninguém mais soubesse. Um segredo devastador.
Catherine Ravenscroft chegou à meia-idade levando uma vida perfeitamente normal: é casada, tem um filho, ama o emprego, gosta de ler nas horas vagas. Agora que o filho cresceu e seguiu seu próprio rumo, ela e o marido decidiram se mudar para uma casa menor. Em meio ao caos da mudança, Catherine encontra O completo estranho, um livro que não se lembra de ter comprado.
Intrigada, ela inicia a leitura, mas logo se dá conta de algo terrível. O que está ali não é ficção. A narrativa traz, com riqueza de detalhes, o dia em que Catherine se tornou refém de um segredo sombrio. Até então, ela achava que ninguém mais sabia o que havia acontecido naquele verão, vinte anos antes. Pelo menos ninguém ainda vivo.
Agora o mundo perfeito de Catherine está desmoronando, e sua única esperança é encarar o que realmente aconteceu naquele dia fatídico. Mesmo que a verdade possa destruí-la.

Resenha: Difamação é o livro de estreia da autora britânica Renée Knight publicado pela Suma de Letras no Brasil.

Catherine e Robert vivem em Londres e a vida e o casamento estável que levam, aparentemente, os tornam um casal feliz. Eles se mudaram pra uma casa menor agora que o filho saiu de casa a estudos mas tudo muda quando Catherine encontra um livro entitulado "O Completo Estranho" que ela nunca ouvira falar. O livro não era dela e ela não sabe como ele foi parar em suas mãos. Ao começar a ler o misterioso livro, Catherine percebe que se trata de sua história sendo revelada nas páginas, um segredo terrível de vinte anos atrás, que aconteceu em outro país e que ela guardou durante todos esses anos,agora está descrito nos mínimos detalhes. Se seu marido e seu filho, Nicholas, descobrirem, ela estaria arruinada. Catherine, que sempre foi independente e forte, teme que alguém esteja a chantageando e vê sua vida desmoronar diante de seus olhos, com medo de que o livro chegue aos seus familiares. Quem será essa pessoa que quer fazer com que Catherine pague por algo que aconteceu em 1993? Catherine acreditava que a única pessoa a saber do seu segredo havia morrido há muitos anos. Mas será que Catherine é o tipo de pessoa que fará qualquer coisa para manter sua integridade?

Entrelaçada com a narrativa da protagonista, conhecemos Stephen, um ex-professor viúvo que quer descobrir a verdade sobre a morte de seu filho. Ele ainda não superou essa perda, e dia após dia vive nutrindo muita raiva dentro de si, descontando em pessoas que nada tem a ver com sua situação.

Difamação é um thriller psicológico que traz questionamentos ao leitor sobre os segredos que as pessoas guardam e que fazem com que elas não sejam exatamente quem imaginamos. Será que conhecemos bem nossos familiares? Podemos ter certeza de que eles não mentem ou estão livres de segredos? E quanto aos nossos segredos? Somos totalmente sinceros ao expormos nossas vidas a quem amamos?

O livro é narrado em terceira pessoa quando o foco está em Catherine, e em primeira pessoa pelo ponto de vista de Stephen, e a trama foi magistralmente bem delineada e escrita. A história começa de forma lenta, mas a autora consegue manter o leitor por dentro dos fatos, que vão sendo construídos aos poucos. A cada detalhe revelado percebemos o quanto a história foi bem arquitetada, e percebemos isso quando pensamos que temos certeza sobre algo até que uma nova informação vem a tona e descobrimos que não sabíamos de nada. A autora deixa várias pistas falsas e o segredo acaba se tornando um jogo não só para os personagens, mas para o próprio leitor.

A história é instigante, engenhosa, perturbadora e o enredo e os personagens convencem por serem bem reais. O suspense se mantém através de várias reviravoltas inesperadas e a cada capítulo nos pegamos na expectativa do próximo acontecimento.
Para aqueles que gostam de thrillers psicológicos (ou que querem se aventurar iniciando nesse gênero) que envolvem segredos de pessoas que falham por serem extremamente humanas mas ao fim lhes restam a redenção, Difamação é uma ótima pedida.

Twist - Tom Grass

12 de dezembro de 2015

Título: Twist
Autor: Tom Grass
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Como seria a vida de Oliver Twist se ele fosse um menino órfão em pleno século XXI? Recém-fugido de uma instituição para jovens criminosos aos 18 anos, Oliver é apaixonado por arte. Dotado de uma memória incrível, passa seus dias recriando de cabeça quadros famosos nos muros de Londres enquanto sonha em estudar artes plásticas. Porém, seus talentos chamam a atenção de Fagin e sua gangue de ladrões, que possuem outros planos para Twist...

Resenha: Baseado na famosa obra "Oliver Twist" escrita por Charles Dickens em 1837, o autor Tom Grass criou Twist, seu primeiro livro que trata de uma releitura moderna desse clássico adaptada à atualidade do século XXI. Em Twist, Oliver é um jovem de 18 anos que possui uma incrível memória fotográfica e é um verdadeiro artista quando o assunto é grafitagem, mas diferente do Oliver original de Dickens, não é tão inocente assim e acaba adentrando o submundo do crime.

A história se passa em Londres e começa com a fuga de um jovem ladrão, Harry (também conhecido como H-Bomb), após ter sido capturado em uma emboscada. Sua ideia era retornar para a gangue de Cornelius Fagin, ou FBoss, um colecionador de artes fora da lei, mas fora traído pelos próprios comparsas e passou a ser alvo de um atirador que queria matá-lo. Harry queria encontrar Dodge, seu contato, para conseguir dinheiro e sumir mas, por ter escapado, a gangue ficou desfalcada de um "artista".

Red é uma garota que acabou em apuros quando se envolveu por acidente com a máfia russa, mas conseguiu sair dessa vida devido a um acordo feito por Bill Sikes, outro bandido que trabalha para FBoss. Red se sentia segura sendo protegida por Sikes mas isso faria com que ela tivesse uma dívida eterna com ele e, por isso, Sikes a enxergava como sua garota. Ela é um tipo de peça chave para encontros e roubos arquitetados pela gangue de FBoss.
A especialidade da gangue é roubar grandes obras de arte e eles vivem escondidos a fim de não serem encontrados pela polícia. Os assaltos que eles comentem são ousados e muito bem planejados e os russos, aproveitando do acordo com Sikes, encomendaram um roubo de uma série de obras de arte avaliadas em milhões, caso contrário Red pagaria o preço.
Mas um roubo desse porte não poderia ser executado se um artista que pudesse recriar as obras não fosse encontrado...

Partindo desta premissa conhecemos Twist, de dezoito anos. Ele é órfão, não tem um lugar pra morar, não tem amigos e é um completo solitário. Ele conseguiu fugir de uma instituição para jovens criminosos há pouco, o que fez com que fosse perseguido pela polícia. Mas quando Dodge descobre o garoto, ele resolve resgatá-lo e apresentá-lo a Fagin, que possui grande interesse no dom artístico do rapaz e precisa dele para executar o próximo roubo.
Red é incubida de treinar Twist como seu parceiro no crime e, obviamente, um interesse que vai além do profissional começa a surgir, mas se envolver com a garota de alguém tão perigoso e violento não é uma boa ideia...

Narrado em terceira pessoa, Twist é o tipo de livro com vários acontecimentos, logo, embora seja um livro curto, não é tão rápido de ser lido, ou pelo menos não pra quem quer captar os detalhes, que é o que faz a diferença na história. Tais detalhes acabaram por tornar a narrativa um pouco lenta e complexa, mas não deixa de ser empolgante e bastante inteligente. Os pontos de vista se intercalam entre os personagens e não fica focado somente em Twist, então o leitor não fica limitado a ter somente a visão do rapaz. A história segue e se desenvolve como num filme, com tem várias cenas de ação, todas bastante dinâmicas e intensas envolvendo perseguições de tirar o fôlego e que deixam o leitor ansioso pelo próximo acontecimento.

A capa é bem sugestiva com o borrão de spray e por ser minimalista acaba sendo chamativa e bonita. A diagramação é simples e os capítulos possuem a mesma mancha quando iniciados. As paginas são amarelas e não lembro de ter me deparado com erros na revisão.

Achei que a releitura foi bastante original e apesar da história demorar um pouco pra engatar é possível pescar várias características do livro clássico. Os personagens ganharam vida e ficamos torcendo por Twist e Red a todo custo. É bacana percebemos de forma gradual como ambos têm sonhos que vão muito além da vida no crime que eles vivem.
Twist é um bom rapaz, de boa índole e que precisa seguir seu caminho contando com sua imaginação e bom senso, e claro, com Red.

Gostei da forma como os personagens foram desenvolvidos, pois todos possuem um carisma próprio e particularidades que os tornam únicos.
O cenário também tem seu espaço a parte, pois Londres ganha vida ao mostrar um lado obscuro cheio de oportunismo que parte de ladrões tão astutos e habilidosos e que têm interesse em obras de arte raras e valiosas, o que acaba tornando a história fascinante de se acompanhar.
Twist é um livro que prende o leitor do início ao fim e pra quem gosta de uma história cheia de ação e reviravoltas, além de planejamentos e execuções geniais, é uma boa pedida.

Desaparecidas - Lauren Oliver

3 de dezembro de 2015

Título: Desaparecidas
Autora: Lauren Oliver
Editora: Verus
Gênero: YA/Thriller/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: As irmãs Dara e Nick eram inseparáveis, mas isso foi antes - antes de Dara beijar Parker, antes de Nick perdê-lo como melhor amigo, antes do acidente que deixou cicatrizes no belo rosto de Dara. Agora as duas, que eram tão próximas, não estão mais se falando. Em um instante Nick perdeu tudo, e está determinada a usar o verão para conseguir sua vida de volta.
Só que Dara tem outros planos. Quando ela desaparece, no dia de seu aniversário, Nick acha que a irmã está se divertindo por aí. Mas outra garota também sumiu - Madeline Snow, de nove anos - e, conforme Nick procura pela irmã, fica cada vez mais convencida de que os dois desaparecimentos podem estar conectados.
Neste livro tenso e cativante, Lauren Oliver cria um mundo de intrigas, perdas e suspeitas, enquanto duas irmãs buscam encontrar uma à outra - e a si mesmas.

Resenha: Desaparecidas conta a história das irmãs Dara e Nick. As duas eram inseparáveis até Dara beijar Parker, o melhor amigo de Nick. A amizade dos dois se abala e tudo começa a se complicar ainda mais quando Dara sofre um acidente e elas deixam de se falar... Um ano depois Nick quer que as coisas voltem ao normal mas a partir daí, tudo se torna um enorme mistério já que Dara desaparece em seu aniversário. A príncípio Nick acha que Dara só está em seus momentos de rebeldia, fazendo o que quer, como sempre fez, mas quando Madeline, uma garotinha de nove anos, também é dada como desaparecida, Nick começa a se convencer de que, talvez, os sumiços possuem alguma conexão.

O único livro de Lauren Oliver que eu havia lido antes de Desaparecidas foi Delírio (lançado pela Intrínseca) e lembro de ter achado a história satisfatória. E comparando esses dois, já que não li os outros, é possível perceber o quanto a mudança de estilo pode impactar na nossa opinião. A autora desenvolve personagens que não são perfeitos, daqueles com quem podemos nos identificar, e a caracterização de cada um acaba fazendo com que o leitor tenha empatia por todos eles. A escrita é bem poética e floreada e sair de um romance distópico para um thriller cheio de suspense demonstra o quanto a autora não tem medo de se arriscar em novos territórios. Mas confesso que em alguns pontos achei que foram usadas algumas técnicas na narrativa que me pareceram um pouco forçadas e até mesmo exageradas. Não que isso seja de todo negativo, pois consegui repassar e visualizar as cenas com perfeição, e acho que essa facilidade indica que, independente do desenrolar da trama, o livro vai causar algum tipo de impacto no leitor.

A narrativa é feita em primeira pessoa e alterna entre os pontos de vistas de Nick e Dara, ora passado e ora presente, e enquanto a premissa gira em torno das duas irmãs que se afastam devido a inveja e rancor, o que parece ser algo bem genérico, é perceptível que, desde o início, a trama reserva algo além com a ideia do desaparecimento de Dara e Madeline, e não poderia ser diferente já que se trata de um thriller psicológico que, embora clichê, prende o leitor e o mantém curioso mesmo depois da grande revelação para que o mistério, enfim, possa ser desvendado e as coisas se encaixem.

As irmãs são o oposto uma da outra. Enquanto Dara era descolada e rebelde, bebia e fumava, se envolvia com o que não devia arrumando confusões e afins, Nick era a certinha que, por amor a irmã, vivia acobertando e encobrindo as coisas erradas de Dara. Uma gostaria de ser como a outra, mas nenhuma delas sabia do que se passava no íntimo de cada uma.

Um ponto bacana é que através dos diários, a história vai ganhando profundidade por podemos ver os sentimentos oprimidos além de termos uma ideia melhor de como era a relação tensa das irmãs, já que elas deixaram pra trás uma infância inocente para dar lugar às questões adolescentes que, na maioria das vezes, são bem frustrantes e difíceis.

O final é daqueles que faz com que o leitor fique em choque, que causa indignação, confusão e até raiva, principalmente quando se espera uma coisa mas a autora faz uma reviravolta e apresenta um outro tipo de situação. Ainda não decidi se gostei do final, mas posso afirmar que ele mudou bastante a forma como havia encarado o livroa té então.
O título fica aberto a interpretações e não poderia ser mais adequado.
A capa é muito bonita e até as rachaduras que ela possui como detalhe tiveram um significado pra mim.
A diagramação é simples, os capítulos são apresentados com data e o nome da personagem cujo ponto de vista será dado.

Desaparecidas é uma história de arrependimento e perdão numa situação caótica o bastante para que uma vida seja virada de cabeça pra baixo. A autora construiu uma trama inteligente que aborda a linha tênue entre dor e esperança de maneira bastante satisfatória. Recomendo.

O Projeto Ascendant - Drew Chapman

28 de novembro de 2015

Título: O Projeto Ascendant - Garrett Reilly #1
Autor: Drew Chapman
Editora: Record
Gênero: Ação/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Números não mentem. Governos, sim.
Garrett Reilly, aos 26 anos, tem poucas preocupações na vida: fumar maconha, jogar videogame e ganhar muito dinheiro como o melhor funcionário de uma corretora de Wall Street. Ele tem uma habilidade especial: reconhece padrões onde pessoas comuns veem apenas o caos. E é assim que percebe uma torrente de títulos da dívida pública do governo dos Estados Unidos sendo oferecida de uma só vez no mercado, o que causaria a ruína da economia norte-americana... Mas isso pode representar algo ainda mais grave.
Há uma guerra sendo travada, e ninguém foi capaz de notá-la. Quedas nas bolsas de valores, enormes desvalorizações imobiliárias, caos e destruição em servidores do Google. Sem dúvida, um inimigo poderoso está por trás de todas essas ações. E, para combater essa ameaça, as Forças Armadas precisam de alguém diferente, alguém preparado para desafios mais complexos em tempos mais difíceis. Em meio a um mundo de incertezas, resta a grande dúvida: seria Garrett Reilly o homem certo para salvar os Estados Unidos?

Resenha: Garret Reilly tem 26 anos e, além de ser mulherengo, obcecado por tecnologia e ter poucas preocupações na vida, já que vive fumando maconha e jogando video game, possui uma habilidade especial que faz com que ele seja o melhor funcionário da Jenkins & Altshuler, uma corretora de Wall Street em que trabalha: Ele possui uma incrível memória fotográfica e, sem esforço algum, consegue "ler" os números, decorando, hierarquizando, distribuindo em categorias, organizando e enxergando padrões de forma que tudo aquilo faça sentido e tenha significado. Não é nada que ele realmente quisesse fazer, mas sua cabeça simplesmente funciona assim e enquanto não consegue ver os padrões com clareza para descobrir do que se trata, se sente incomodado, cheio de formigamentos. Quanto mais claro o padrão fica após sua análise, mais relaxado e tranquilo ele ficava. A única outra forma dele se sentir relaxado e livre do tal formigamento era fumando maconha pois, ao ficar chapado, ele sentia que era uma pessoa comum e se via livre desse dom.

Num dia "monótono" de trabalho ele percebe um padrão ao analisar códigos referentes a títulos da dívida pública dos EUA. Os títulos estavam sendo vendidos em pequenos lotes e totalizavam 200 bilhões de dólares, o que causaria o caos na economia norte-americana. Tudo indicava que a China estava envolvida e a descoberta de Garret serve como um alerta que ajuda a impedir o início da ruína econômica. Mas isso é somente o início do que viria por aí... Quando a bolsa de valores começa a sofrer enormes quedas, o mercado imobiliário quebra e até os servidores do Google são destruídos, fica claro que há um inimigo poderoso lá fora... Uma guerra parece existir mas até agora ninguém havia sido capaz de perceber o que estava acontecendo, e com uma situação tão preocupante quanto esta, a solução seria o Projeto Ascendant, um programa experimental criado pelo governo. que precisava de alguém diferente para liderá-lo. Alguém como Garret. E ao lado de uma equipe composta por militares e civis, ele lidera o projeto e embarca na tarefa de salvar os EUA dessa guerra onde não se derrama sangue.

Antes de mais nada, acho importante frisar que O Projeto Ascendant está mais pra roteiro de um filme de ação do que pra uma obra literária. O autor inclusive é roteirista e sua carreira gira em torno da TV. É bem perceptível que os capítulos funcionam como tomadas de cenas, daquelas que sempre terminam de forma decisiva deixando quem assiste morto de curiosidade pra saber o que vem a seguir. Só achei que o autor peca pelo excesso na questão das descrições e detalhamentos quase aleatórios na narrativa. É estranho ler, por exemplo, que fulana se ajoelhou, tem 32 anos e fecha seus olhos castanhos, ou que ciclana é programadora, tem 1,63m, pesa 90kg e mandou alguém a merda. São muitos detalhes que se repetem e envolvem caracterização e cenários que são totalmente descartáveis e acabam tornando a leitura um pouco cansativa por não acrescentaram nada de realmente relevante, por mais que a história em si seja interessante.
Tendo isso em mente, e desde que se ignore esses pontos que poderiam ter sido melhor lapidados, é possível se deixar levar nesse mundo caótico e surpreendente que envolve política, guerras invisíveis e tecnologia tendo como cenário Wall Street, Las Vegas e até a zona rural da China

Garret é um personagem que vai despertar vários sentimentos e reação no leitor. Eu gostei dele, mas também desgostei já que mais exagerado do que ele nunca vi. Ele vive com raiva, odeia tudo e todos, não aceita receber ordens, é extremamente convencido, exibido e arrogante por se achar superior aos outros por causa da sua inteligência e percepção fora do comum, trata os outros com desdém e deboche, só se importa e demonstra interesse naquilo que lhe convém e o resto que se dane. Ele é completamente irritante com a "habilidade" que tem de saber quem é, o que quer, de onde veio, pra onde vai e o que a tal pessoa faz da vida só de bater o olho nela e analisar suas roupas, postura, modo de falar e afins... Os padrões com os quais ele lida são se limitam a apenas números e códigos.
A impressão que tive é que ele foi construído nessa forma de anti-herói para fugir do estereótipo de mocinho, mas caiu em outro estereótipo: Algo como "ele é odioso, mas a salvação dos EUA está nas mãos desse maconheiro genial. Aceitem que dói menos, bitches."

Assim, ele é apresentado como alguém insuportável, um completo idiota, mas tirado e fodástico o bastante pra despertar - de uma forma meio forçada - nossa simpatia.
Os demais personagens, apesar de terem a devida importância na trama, também são bastante batidos e Alexis, uma militar aparentemente durona, obviamente não resiste aos "encantos" desse maluco, talvez pra dar um ar de romance na história e fugir um pouco de tanta tensão/ação. Clichê...

Uma coisa que percebi é que o autor parece entender bastante, ou ter pesquisado muito, sobre economia e tecnologia. As cenas são bastante autênticas, mas um leitor sem muita noção sobre situações que envolvam o mercado acionário, tesouro público e a bolsa de valores, por exemplo, pode ficar um pouco confuso com termos utilizados e até a forma com que os personagens se preocupam com o caos que se instala ali. É necessário uma atenção maior durante a leitura devido a complexidade da trama.
É uma boa história e faz com que o leitor reflita sobre o quanto a mídia e o governo fazem de tudo para manter o povo alheio e ignorante a assuntos importantes e que afetam a vida de todos, direta ou indiretamente, abordando elementos como as consequências de se impedir cidadãos de seus direitos em nome da "segurança", os estragos que um hacker é capaz de fazer quando invade e manipula sistemas de utilidade pública e até a questão dos trabalhadores de países subdesenvolvidos e a mão de obra escrava que fornecem para grandes potências.

Indico pra quem gosta de livros no estilo de autores como Dan Brown, cujo ritmo é frenético, possui toques de bom humor e mostra conspirações e situações mirabolantes que meros mortais jamais pensaram que pudesse existir. Mas indico ainda mais pra quem gosta de filmes como A Identidade Bourne (Matt Damon), A Rede (Sandra Bullock) e até Busca Implacável (Liam Neeson).
Eu gostei do livro e recomendo, e ao saber que os direitos da obra foram comprados pela Fox para uma futura série de TV, fiquei muito mais curiosa por este formato em especial.

O Retorno de Izabel - J.A. Redmerski

9 de novembro de 2015

Título: O Retorno de Izabel - Na Companhia de Assassinos #2
Autora: J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Suspense/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 232
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Determinada a levar o mesmo estilo de vida do assassino que a libertou do cativeiro, Sarai resolve sair sozinha em missão, com o propósito de matar o sádico e corrupto empresário Arthur Hamburg. No entanto, sem habilidades nem treinamento, os acontecimentos passam muito longe de sair como o planejado. Em perigo, Sarai nem acredita quando Victor Faust aparece para salvá-la — de novo. Apesar de irritado pelas atitudes inconsequentes dela, ele logo percebe que a garota não vai desistir de seus objetivos. Então não há outra opção para ele a não ser treiná-la. Com tamanha proximidade, para eles é impossível resistir à atração explosiva. Nem Victor nem Sarai podem disfarçar o que sentem, ou negar o desejo que os une. No entanto, depois de tantos anos de sofrimento e tantas cicatrizes emocionais, será que eles conseguirão lidar com um sentimento como amor? Só que Sarai — novamente na pele de Izabel Seyfried — ainda terá que passar por um último teste; um teste para provar se conseguirá viver ao lado de Victor, mas que, ao mesmo tempo, poderá fazê-la questionar os próprios sentimentos e tudo que sabe sobre esse homem.

Resenha: O Retorno de Izabel é o segundo livro da série Na Companhia der Assassinos, escrita pela autora J.A. Redmerski e publicado no Brasil pela Suma de Letras.
Por se tratar de continuação, este resenha pode ter spoilers do livro anterior.
Recaptulando o primeiro livro, Sarai é uma jovem que, desde a adolescência, vivia presa numa fortaleza no deserto do México sendo abusada pelo líder do tráfico local que acreditava ser seu dono. Até que um dia Victor, um assassino de aluguel vai ao local, e Sarai enxerga nele uma oportunidade para fugir, mas em vez dele se livrar do "problema", afinal, o traficante obviamente iria atrás dela quando percebesse que fugiu, ele decide protegê-la e iria arriscar tudo para mantê-la em segurança.

Após todo o envolvimento intenso que eles tiveram e os problemas e perigos em que se meteram, ao fim eles se separam e Sarai tenta levar uma vida normal ao se instalar numa casa nova, ao ter alguém que poderia chamar de mãe, um trabalho, uma amiga e até um namorado, exatamente como Victor pediu que ela fizesse. Mas ainda que a vida pareça estar tranquila, Sarai nunca o esqueceu, e nunca esqueceu o que viveu ao lado dele. Ela quer reencontrá-lo e quer se vingar de Arthur Hamburg, um empresário corrupto, depravado e sádico que eles enfrentaram no passado. Obcecada com a ideia da vingança, e também de levar o mesmo estilo de vida de Victor, Sarai decide por seu plano de matar Arthur em ação, mas as coisas não saem tão bem quanto ela imaginou, afinal, ela não possui treinamento algum pra esse tipo de serviço e acabou se metendo numa roubada que colocou sua vida em risco... E mais uma vez Victor aparece para salvá-la. Sabendo que Sarai não iria desistir de seus objetivos, e nem que existe um sentimento e um enorme desejo que os unem, Victor decide ajudá-la e Sarai precisaria entrar mais uma vez na pele de Izabel, a personagem que ela se transformou no caso com Arthur Hamburg, para uma missão. Mas antes ela passaria por novos treinamentos, testes de resistência e um ainda maior que poderá fazê-la se questionar se realmente conhece o homem que ama...

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos são alternados entre Sarai e Victor, assim como no primeiro livro. A escrita da autora é simplesmente perfeita, empolgante, viciante, com detalhes que nos prendem e nos fazem vibrar e ficarmos agoniados a cada página.
Como se a ideia de Sarai se tornar uma assassina já não fosse surpreendente, ter Victor como seu treinador foi algo totalmente incrível. Os detalhes que exploram a sexualidade dos personagens são bem descritos, quentes e como sempre, intensos o bastante para nos tirar o ar.
Vou confessar que achei Sarai um tanto inconsequente, agindo como uma lunática a fim de chamar atenção de Victor no início da história, mas talvez o propósito tenha sido exatamente este, mostrar que uma pessoa que está sem a outra que a completa acaba agindo sem juízo, não pensa com clareza e não tem muita noção das consequências de seus atos, principalmente quando o assunto é se envolver com bandidos.

O treinamento de Sarai é extenso e toma boa parte da trama, e durante a leitura muitas coisas pareciam não se encaixar muito bem. O relacionamento dos dois continua intenso, cheio de desejo e paixão e, gradualmente, vemos dois personagens que já sofreram muito no passado e testemunharam muitos horrores, mas encontraram um no outro a força que precisavam e um sentimento que acreditavam que nunca sentiriam por ninguém. E o melhor disso é quando, enfim, Victor admite que precisa dela em sua vida. A relação floresce e a ligação que eles possuem se torna mais forte.

Os personagens secundários tem tanta importância nesse quebra-cabeças que não poderia deixar de falar deles... Mas o que realmente importa é que Victor está sendo perseguido pela Ordem de assassinos em que trabalhava antes, mas a dúvida sobre a lealdade de Niklas, que está atrás de Sarai, e se seu amigo - interrogador feat. torturador - Fredrick, permeia pelo enredo. Há a possibilidade de alguns deles estar traindo a confiança de Victor mas a maior prova de lealdade deverá ser feita pela própria Sarai.

O livro é ótimo, mas a única coisa que não me fez gostar tanto dessa sequência como gostei da primeira a ponto de torná-lo favorito, foi o fato de que o desenvolvimento da história fugiu um pouco do contexto e da realidade em que eles estão envolvidos apesar de ser bem amarrada. O romance é perfeito, não há como negar, mas quando lemos uma história que aborda assassinos, máfia e afins, não sobra espaço para devaneios e comportamentos infantis e teimosos. Antes de Sarai ficar pronta ela é imatura e é só quando ela encarna Izabel, uma assassina perigosa e sangue frio, é que as coisas começam a entrar nos eixos.
Mas ao fim tudo se encaixa, tudo se resolve, nada entra pro clichê e ficamos com a boca aberta com a reviravolta e com as revelações que a história nos apresenta. O impacto é total e a sensação ao terminar o livro é da cara enterrada na poeira.

Pra quem quer ler uma história rápida e envolvente, com ação do início ao fim, personagens excepcionais envolvidos em situações extremas e que mexem com nossos sentidos - em todos os sentidos - leia! Leia! Não é sempre que nos deparamos com bandidos que podem ser considerados verdadeiros heróis.
Resta aguardar pelo terceiro livro da série, que dessa vez trará Fredrick como protagonista, ansiosa.

Os livros da série (thanks, Goodreads):
#1 - A Morte de Sarai - Sarai e Victor
#2 - O Retorno de Izabel - Continuação da história de Sarai e Victor
#3 - O Cisne e o Chacal - Fredrik e Cassia
#4 - Seeds of Iniquity (Sementes de Iniquidade) Victor, Sarai, Fredrik, Niklas e Nora
#5 - The Black Wolf (O Lobo Negro) - Niklas


Brutal - Luke Delaney

21 de maio de 2015

Título: Brutal - D.I. Sean Corrigan #1
Autor: Luke Delaney
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Thriller Policial
Ano: 2015
Páginas: 416
Nota: ★★★★★
Sinopse: O que levaria alguém a golpear outra pessoa na cabeça e, na sequência, esfaqueá-la 77 vezes?  O garoto de programa Daniel Graydon jamais imaginaria que encontraria tamanha perversão nos clientes com quem saía. Mas viu seu fim se aproximar ao ir contra sua regra de ouro: nunca levar os homens para casa. Seu parceiro sexual e algoz, porém, tinha algo de sedutor e era difícil recusar a proposta de uma noite regada a sexo, e muito bem paga. Daniel tornara-se apenas uma das vítimas de um personagem sombrio, cuja pulsão pela morte o levava a matar com regularidade e método. Cada morte representando um passo adiante no aperfeiçoamento da macabra arte de tirar vidas: cruel, dolorosa, limpa e sem pistas. Um desafio para a polícia de Londres e sua divisão de Crimes Graves do Grupo Sul, liderada pelo atormentado detetive-investigador Sean Corrigan.

Resenha: Brutal é o primeiro livro da série D.I. Sean Corrigan, escrita pelo autor Luke Delaney e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231, da Rocco.
Com Londres como pano de fundo, a história começa quando o assassino narra seu feito desde quando começou a observar sua vítima até o momento do crime: Um garoto de programa que o leva para seu apartamento e lá é assassinado a sangue frio de forma brutal, sem piedade. Não há pistas, não há evidências, tudo foi muito bem planejado e executado e só resta ao assassino se deleitar com o que acabou de fazer.

Sean Corrigan é um detetive encarregado de uma das Equipes de Investigação de  Homicídios de South London. Investigar crimes graves, mortes violentas e caçar os assassinos é seu trabalho e agora que o caso do garoto de programa chegou ao seu conhecimento, ele irá fazer de tudo para descobrir o que aconteceu e porquê. Por ter um passado trágico onde era abusado pelo pai quando criança, Sean tem a capacidade de ver além do que os demais policiais enxergam. Ele consegue entender o que motiva assassinos, estupradores e incendiários usando da infância despedaçada para descobrir o que os outros não ousariam imaginar. Através de sua imaginação sombria e singular, Sean compreendia a necessidade que os criminosos têm ao cometer atrocidades, lidando com demônios alheios por ter aprendido a controlar os seus próprios e tendo, assim, uma vantagem sobre os outros detetives.
A medida que a história se desenrola, acompanhamos o planejamento e execução do assassinatos pelo ponto de vista do próprio assassino, cuja narrativa é feita em primeira pessoa, enquanto o ponto de vista, narrado em terceira pessoa, de Sean mostra suas tentativas de desvendar o mistério de um crime "perfeito", limpo e sem pistas que acaba sendo um enorme desafio para a polícia. São diversas mortes cujas vítimas não tem nada em comum, mas Sean sabe que o assassino é apenas um.

A história em si é ótima, me surpreendeu e foi além das minhas expectativas. A narrativa, que é alternada entre o assassino e Sean, é muito fácil e fluída, e a escrita é ótima. Acredito que pelo autor ter feito parte da polícia, lidando com investigações criminais, ele adquiriu uma visão muito mais ampla para poder escrever sobre esse mundo e, mesmo Brutal tendo sido seu livro de estreia, talvez esse tenha sido um fator diferencial que tornasse a história tão envolvente e incrivelmente realista. Os procedimentos policiais são autênticos, os detalhes são descritos com maestria, e mesmo que Sean caia no clichê de investigador com passado traumático, tudo isso colaborou para a história ser muito bem construída.

Sean Corrigan é um bom exemplo de policial que luta por justiça mesmo sendo atormentado por seu passado. Ele poderia sucumbir emocionalmente, mas usa o que poderia destruí-lo para aguçar seus sentidos, sua percepção e sua capacidade de pensar como alguém que não tem escrúpulos e enxergar a verdadeira escuridão por trás das pessoas. Ele é implacável no que acredita e não hesita mesmo que tenha que afrontar seus superiores para ir atrás de quem acredita ser o culpado pelos assassinatos brutais. Sua caracterização, além de convincente, foi essencial para tornar a trama ainda mais interessante do que já é. Cheia de tensão e frustrações, a história é uma corrida contra o tempo no que diz respeito aos crimes, mas ainda mostra que é possível equilibrar assuntos profissionais e pessoais quando a vida de Sean é mais aprofundada, mostrando seus laços familiares com esposa e filhas sem deixar que a ideia principal da trama seja posta em segundo plano. Tudo é muito bem amarrado e bem pensado.

A história não faz rodeios quando o assunto gira em torno de procedimentos policiais e detalhes sórdidos sobre assassinatos. Pra quem procura por um livro policial convincente e brilhantemente sangrento, com crueldade, frieza incessante e calculismo vai encontrar em Brutal uma história excelente, viciante e com certeza vai pedir por mais.

A Morte de Sarai - J.A. Redmerski

3 de maio de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: A Morte de Sarai - Na Companhia de Assassinos #1
Autora: J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Suspense/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 255
Nota: ★★★★★
Sinopse: Sarai era uma típica adolescente americana: tinha o sonho de terminar o ensino médio e conseguir uma bolsa em alguma universidade. Mas com apenas 14 anos foi levada pela mãe para viver no México, ao lado de Javier, um poderoso traficante de drogas e mulheres. Ele se apaixonou pela garota e, desde a morte da mãe dela, a mantém em cativeiro.
Apesar de não sofrer maus-tratos, Sarai convive com meninas que não têm a mesma sorte. Depois de nove anos trancada ali, no meio do deserto, ela praticamente esqueceu como é ter uma vida normal, mas nunca desistiu da ideia de escapar.
Victor é um assassino de aluguel que, como Sarai, conviveu com morte e violência desde novo: foi treinado para matar a sangue frio. Quando ele chega à fortaleza para negociar um serviço, a jovem o vê como sua única oportunidade de fugir. Mas Victor é diferente dos outros homens que Sarai conheceu; parece inútil tentar ameaçá-lo ou seduzi-lo.
Em A morte de Sarai, primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos, quando as circunstâncias tomam um rumo inesperado, os dois são obrigados a questionar tudo em que pensavam acreditar. Dedicado a ajudar a garota a recuperar sua liberdade, Victor se descobre disposto a arriscar tudo para salvá-la. E Sarai não entende por que sua vontade de ser livre de repente dá lugar ao desejo de se prender àquele homem misterioso para sempre.

Resenha: A Morte de Sarai é o primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos da autora J.A. Redmerski (de "Entre o Agora e o Nunca" e "Entre o Agora e o Sempre") e publicado no Brasil pela Suma de Letras.
Desde os quatorze anos de idade, Sarai tem vivido em cativeiro numa fortaleza no deserto do México dominada por uma quadrilha cujo Líder é Javier, um perigoso traficante de drogas que também comanda um esquema de prostituição. As garotas sofrem maus tratos, são violentadas e abusadas e Sarai cresceu testemunhando todos esses horrores. Javier acredita ser seu único dono e mesmo sendo o único que se acha no direito de abusar o quanto quer dela, ele a trata com certos privilégios por gostar dela. Sarai sempre quis fugir, mas nunca conseguiu, e depois de nove anos vivendo presa, sua vida se cruza com a de Victor, um assassino sangue frio que chega à fortaleza a negócios. Ele faz parte da Ordem, uma organização secreta de assassinos de aluguel, e desde criança aprendeu a ser frio e calculista quando o assunto e matar por dinheiro. Ele parece não ter sentimentos e ameças não o intimidam.
Agarrando sua única oportunidade de sair da fortaleza, Sarai não hesita e se esconde no carro dele pra fugir.
Surpreso, ele sabe que levar Sarai consigo é um problema mas ela lhe poderia ser útil ao ser usada como moeda de troca, mas, agora, Victor está disposto a arriscar tudo para salvá-la.
"Assassino de aluguel, frio ou não, ele salvou a minha vida"
- Pág. 93
Não se engane pela capa que parece ter a ver com um livro sobrenatural envolvendo vampiros... Não...
A história é narrada em primeira pessoa de forma alternada entre Sarai e Victor e dessa forma é possível ter uma perspectiva mais ampla da visão de cada um deles para as situações que se encontram. Às vezes essa transição de um ponto de vista para o outro quebra a imaginação que o leitor tem de tentar decifrar um segundo personagem através de seus atos, mas Victor é um personagem inteligente, cauteloso e misterioso e nem em seu próprio ponto de vista ele se revela totalmente. Pra mim, essa alternância foi perfeita pois com poucas palavras e atitudes é possível captar a essência do personagem e saber do que ele é capaz ou não.
Sarai é uma jovem que já passou dos vinte anos, corajosa e desde cedo aprendeu a lidar com o perigo. Tendo sido abusada e convivido com várias atrocidades, ela aprendeu a ser dura na queda, como se tivesse perdido um pouco da humanidade por ter sido emocionalmente destruída pelo que passou e pelo que presenciou, e Victor acaba sendo sua única janela para a liberdade, sua única forma de viver tudo o que lhe foi privado e o estilo de vida dele acaba a atraindo. Não que ela seja má pessoa, mas a própria vida que foi forçada a ter acabou por transformá-la em alguém diferente por ter sido obrigada a se submeter a coisas das quais, infelizmente, acabou se acostumando, como o fato de Javier ser seu dono e ela ter que aceitá-lo sempre que ele queria, ou assistir as garotas serem violentadas e não poder fazer nada para ajudá-las. Mesmo que ela tenha conseguido fugir das garras de um bandido perigoso pra cair nos braços de um assassino frio, o segundo caso é o que faz com que se sinta segura, e confiar é o que lhe resta se ela quer uma chance de sobreviver e tentar se reerguer como pessoa.
Um ponto super a favor, e um dos melhores do livro, foi o fato da autora usar de temas pesados sem ter intenção de enfeitá-los ou fazer com que pareça um estilo de vida correto. Drogas, tráfico de mulheres, prostituição, assassinatos e afins são retratados como realmente são: sujos, cruéis, perigosos e um caminho totalmente sem volta, algo que faz com que suas vítimas fiquem marcadas pra sempre caso consigam sair com vida desse meio. Mesmo que Sarai tenha conseguido escapar, ela não se vê completamente livre, principalmente tendo se envolvido com Victor.

A Morte de Sarai é um livro que prende desde a primeira página. A história é envolvente, intensa, sexy sem ser vulgar, a cada capítulo o leitor se depara com uma surpresa ou uma reviravolta que lhe tira o fôlego e é o tipo de livro que quanto mais se lê, mais história se quer, principalmente, e graças a Deus, porque a autora vai direto ao ponto e não fica inventando detalhes pra engrossar o livro. Os personagens são complexos, com personalidades bem definidas e mesmo que estejam envolvidos no mundo do crime não possuem o caráter duvidoso.
A habilidade da autora em criar um cenário realista, fazer descrições breves mas com bastante clareza e trabalhar um romance nada convencional mas que é química pura é algo raro. Não nos deparamos com uma mocinha indefesa e boba que caiu nas graças de um bad boy, mas sim personagens fortes e decididos, que têm segredos, que vão percebendo que se completam aos poucos por mais que o relacionamento seja impossível, que reconhecem a situação perigosa que se encontram e que tem plena consciência de todos os riscos que correm. Têm falhas mas não carregam culpa por nada que fizeram, são criminosos ou vivem na vida do crime, e são afetados mesmo que indiretamente. Não são inocentes e foram marcados por algum evento trágico no passado, eventos esses que, de certa forma, lhes deram experiência de vida e história na bagagem pra contar.
No decorrer da história o leitor se depara com várias cenas de ação, muita violência, mortes e perseguições e tudo é muito imprevisível. Os personagens se envolvem emocionalmente e o leitor acaba se envolvendo junto. Eu não conseguia desgrudar do livro e não sosseguei enquanto não terminei a história, já ansiosa pela continuação. A vontade é de esquecer pra começar a ler e surpreender outra vez... O final fica em aberto para que a história continue de onde parou no volume seguinte, e todos os temas abordados pela autora abrem um leque enorme de novas situações a serem exploradas.

Sobre a parte física, a capa tem uma textura um pouco áspera e remete a algo sensual e sombrio, e é o que realmente se encontra na história. A revisão está impecável, as páginas são amarelas, os capítulos são curtos e a fonte é pequena.

A história me lembrou um filme antigo que se chama "O Profissional" pois a base da trama é bastante parecida, mas com o diferencial da faixa etária dos personagens que permite um envolvimento mais intenso e realista entre eles, fora outras situações mais pesadas que são abordadas e entram em cena que só contribuíram para a história ter todos os itens necessários para ser um sucesso.
A Morte de Sarai superou minhas expectativas, vai além de um romance entre personagens que se completam (por mais que isso soe estranho se levarmos em consideração a situação que estão vivendo), é um thriller cuja ação vai te tirar o fôlego e vai te fazer torcer por algo que parece estar muito distante: Um "felizes para sempre".
Já entrou na minha lista de favoritos e prevejo uma enorme ressaca literária...
Resta aguardar pelo segundo volume, ansiosa e desesperada, O Retorno de Izabel.


Clube da Liga #1: Caixa de Pássaros - Josh Malerman

18 de fevereiro de 2015

Lido em: Janeiro de 2015
Título: Caixa de Pássaros
Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Gênero: Terror/Suspense/Thriller Psicológico
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Sinopse: Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

Resenha: Caixa de Pássaros, do autor Josh Malerman e publicado no Brasil pela Editora Intrínseca foi a primeira leitura do Clube do Livro da Liga! Um misterioso surto começou a ser noticiado na TV, se espalhou pela internet e a população entrou em pânico. Alguma coisa desencadeou uma reação terrível nas pessoas de forma que elas atacassem as outras brutalmente, e depois cometiam suicídio da forma mais bizarra possível. Ninguém sabe de onde isso surgiu, ou por que se espalhou em escala global... a única coisa que se sabe é que basta estar de olhos abertos para ser afetado... E a partir dessa premissa apocalíptica, onde as poucas pessoas que restaram no mundo agora vivem com os olhos vendados e escondidas em casas lacradas para se manterem seguras, conhecemos Malorie, uma mulher que quer sobreviver nesse caos ao mesmo tempo que mantém seus filhos em segurança e atentos a qualquer ruído...

A história tem como pano de fundo o mundo tomado por uma epidemia já conhecida, principalmente entre aqueles fãs de histórias de zumbis que imaginam um apocalipse do tipo acometer o mundo um dia, porém, os elementos usados pelo autor são bem mais misteriosos e sombrios. A narrativa é feita em terceira pessoa e se alterna entre o passado e o presente de Malorie, quando ela está atravessando o rio com os filhos, quando estava em Detroit com a irmã, descobre sua gravidez e logo em seguida sabe sobre o surto quando começa a pandemia, e quando chegou em Riverbridge numa casa onde se uniu a um grupo de sobreviventes que se ajudam como podem depois que as coisas fugiram do controle. A trama mexe com os sentidos do leitor, envolve, aflige e a sensação é de estar as cegas como os personagens. O autor consegue descrever sons e ruídos com perfeição o que torna tudo muito mais tenso e assustador, como se o leitor estivesse vivenciando tudo aquilo ao mesmo tempo que não sabe o que está acontecendo devido aos olhos estarem "vendados".

A narrativa também é bastante dinâmica, principalmente quando transpassa acontecimentos simultâneos entre os personagens envolvidos na cena mas que estão em locais diferentes, o que dá uma sensação de agonia extrema. Cada personagem tem suas particularidades, e todos são importantes na trama para torná-la ainda mais angustiante e nada previsível. Vou ser sincera em afirmar que a história, por mais que tenha um final "fechado", ainda deixa muitas perguntas fazendo com que os leitores fiquem muito curiosos e ansiosos por respostas e esclarecimentos, ou bolando teorias mirabolantes para alguns elementos presentes na trama, mas também posso afirmar que devido ao ritmo frenético e angustiante, o texto muito bem escrito e fluído, e considerando o quanto Caixa de Pássaros mexeu comigo, me fazendo pensar por dias a fio sobre o quão genial o autor foi em, talvez, deixar o mistério em aberto justamente para que as pessoas reajam querendo discutir sobre o livro e procurando opiniões alheias, o livro foi uma das melhores leituras que já tive até então. A leitura em grupo foi uma viagem, pois a ideia de bolar teorias para tentar explicar os elementos do livro foi o que elevou a discussão e nos fez interagir como nunca fizemos antes. A questão da protagonista em preparar os filhos durante um certo tempo também nos fez refletir sobre medo x amor.

Caixa de Pássaros é o livro de estreia de Josh Malerman, cantor e compositor da banda de rock High Strung, e foi lançado no Brasil pela Intrínseca. Super indico para quem curte thrillers psicológicos carregados de muito suspense, que mostram do que as pessoas são capazes quando sentem medo, o que fazem para se sentirem seguras e até onde vão, ultrapassando todos os limites, para protegerem quem mais amam. Recomendo de olhos fechados.

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O "Clube do Livro da Liga" é formado por amigos que resolveram arriscar uma leitura coletiva e se surpreenderam com a interação que foi proporcionada. Temos muitos gostos e ideias em comum, além de muitas discussões e risadas. Ninguém nunca irá nos entender, ainda bem.
Os blogs: Arquivo Passional | Entre Palcos e Livros | Este Já Li | Leitora Viciada | Leituras da Paty | Livros e Chocolate | Mais que Livros | Meus Livros, Meu Mundo | Meus Livros Preciosos | MoonLight Books | Prazer, me chamo Livro | SA Revista | Segredo entre Amigas | Seguindo o Coelho Branco | Todas as Coisas do Meu Mundo

Reconstruindo Amelia - Kimberly McCreight

26 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Reconstruindo Amelia
Autora: Kimberly McCreight
Editora: Arqueiro
Gênero: Thriller
Ano: 2014
Páginas: 352
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Kate Baron, uma bem-sucedida advo­gada, está no meio de uma das reuniões mais importantes de sua carreira quando recebe um telefonema. Sua filha, Amelia, foi suspensa por três dias do Grace Hall, o exclusivo colégio particular onde estuda. Como isso foi acontecer? O que sua sensata e inteligente filha de 15 anos poderia ter feito de errado para merecer a punição?
Sua incredulidade, no entanto, vai aos poucos se transformando em pavor ao deparar, no caminho para o colégio, com um carro de bombeiros, uma dúzia de policiais e uma ambulância com as luzes desligadas e portas fechadas.
Amelia está morta.
Aparentemente incapaz de lidar com a suspensão, a garota subiu no telhado e se jogou. O atraso de Kate para chegar a Grace Hall foi tempo suficiente para o suicídio. Pelo menos essa é a versão do colégio e da polícia.
Em choque, Kate tenta compreender por que Amelia decidiu pôr fim à própria vida. Por tantos anos, as duas sempre estiveram unidas para enfrentar qualquer problema. Por que aquele ato impulsivo agora?
Suas convicções sobre a tragédia e a pró­pria filha estão prestes a mudar quan­do, pouco tempo depois do funeral, ela recebe uma mensagem de texto no celular:
Amelia não pulou.
Alternando a história de Kate com registros do blog, e-mails e posts no Fa­cebook da filha, Reconstruindo Amelia é um thriller empolgante que vai surpreender o leitor até a última página.

Resenha: Reconstruindo Amelia é um thriller escrito pela autora Kimberly McCreight e publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.
Amelia Baron é uma adolescente de 15 anos, muito esperta, aluna modelo que estuda no Grace Hall, um dos melhores colégios de Nova York e uma amiga leal. Ela mora com a mãe, Kate, uma advogada bem sucedida, viciada em trabalho e mãe solteira que esconde detalhes sobre o pai da garota.

Enquanto Kate estava em uma reunião, recebe uma ligação com a informação de que Amelia teria sido suspensa. Acreditando se tratar de um enorme mal entendido, afinal, Amelia é um exemplo de dedicação aos estudos, Kate segue para o colégio, mas, ao chegar lá, é surpreendida com a pior notícia de sua vida: Amelia havia se jogado do telhado e está morta. A explicação era de que Amelia não aceitou a suspensão e não soube lidar com isso, se suicidando. Kate não se convenceu, nada fazia sentido, jamais poderia imaginar que tal coisa pudesse levar Amelia a cometer tal atrocidade... Ela e a filha eram tão próximas, tão ligadas, se conheciam tão bem... Como Amelia pôde? Mas um tempo depois, Kate recebe uma mensagem anônima em seu celular com o aviso de que Amelia não teria pulado...

Partindo desta premissa, a história é narrada alternadamente entre Kate (no presente) e Amelia (no passado), e também com postagens num blog, publicações no Facebook, mensagens de texto e afins que Kate começa a investigar conhecendo, assim, um outro lado de Amelia que ela desconhecia até então, uma menina complexada, envolvida em relacionamentos conturbados e com várias dúvidas sobre si mesma e sobre seu pai. Kate descobre que sua filha escondia vários segredos e não era nem de longe quem ela pensava. Ela mal conhecia a filha...

A narrativa flui bem e realmente é envolvente, e mostra um mundo obscuro e muito cruel, que mesmo sendo "virtual" está ao alcance de todos e afeta nossas vidas de alguma forma. É um avanço que tráz consigo várias consequências, e esse é um pensamento bem assustador.
Uma coisa que não me agradou muito foi a comparação com Garota Exemplar, da autora Gyllian Flynn. Por mais que a história seja envolvente, alguns pontos, pelo menos pra mim, não foram tão coerentes assim. Estranhei o fato de Kate ser uma workaholic mas conseguir a proeza de ser uma boa mãe, presente, dedicada, disponível e que supostamente conhece tão bem sua filha. Digo isso porque eu trabalho em casa e não consigo dar a devida atenção aos meus próprios e fiquei me perguntando que tipo de superpoder é esse. O fato de que Kate esconde informações sobre o pai de Amelia me incomodou por saber que sempre podia esperar que alguma coisa relacionada a isso fosse acontecer a qualquer momento.

Reconstruindo Amelia é um mistério intenso e emocionante, que aborda amor, amizade e sexualidade de forma crua sem poupar o leitor dos conflitos psicológicos presentes e que nos faz refletir sobre se realmente conhecemos as pessoas com quem convivemos.

Garota Exemplar - Gillian Flynn

8 de maio de 2013

Lido em: Maio de 2013
Título: Garota Exemplar
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller/Drama/Suspense
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★★
Sinopse: Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
Resenha: Às vezes me pego pensando em como existem pessoas que vivem de aparências, ou que por trás de toda uma pose, existe alguém bem diferente do que podemos imaginar de forma a nos deixar surpresos, e se você tem esses questionamentos, fica encucado com atitudes assim, ou até mesmo finge ser quem você não é, só posso afirmar uma coisa: Garota exemplar vai chocar você. Ainda não sei identificar se o "choque" é algo positivo ou não, mas é o tipo de livro com uma história de extremos, que leva o leitor do amor ao ódio, que termina e te faz pensar em milhões de coisas e que ainda te deixa com aquela sensação incômoda, de incredulidade, por simplesmente não acreditar (ou não entender) como funciona a mente alheia e até onde as pessoas podem ir e o que são capazes de fazer... É o tipo de história que faz com que o leitor pause a leitura, feche o livro e pense: "OMG, não acredito! Que loucura é essa?! WTF!" mas queira continuar desesperadamente pra saber até onde tudo isso vai, e de quebra deixar a adrenalina correr solta pelas veias.

A Intrínseca fez um ótimo trabalho na diagramação e na revisão do texto e a capa desse livro é simples, misteriosa mas ao mesmo tempo, perfeita!

Garota exemplar nos apresenta o casal Dunne que, aparentemente, é feliz. Mas em pleno aniversário de 5 anos de casamento, Nick chega em casa e encontra tudo revirado, e Amy, sua esposa, desapareceu. Tudo vai a tona muito rápido, a polícia logo começa as investigações, o caso ganha uma atenção especial na mídia e entre a população, e Nick é o principal suspeito.

Com uma narrativa descontraída mas ao mesmo tempo frenética, acompanhamos os capítulos sendo alternados pelo ponto de vista de Nick, que está sendo acusado, e de Amy, a esposa dedicada e perfeita (?), que deixou vários registros em seu diário sobre os altos e baixos de seu casamento, o que sentia com relação a tudo o que andava acontecendo e o que esperava que mudasse, e isso tudo colaborou ainda mais para que todos suspeitassem de seu marido.
Sempre caindo em contradição, seja por mentiras ou pelo próprio comportamento inadequado diante da situação, Nick faz de tudo pra provar sua inocência e ao mesmo tempo descobrir a verdade, mas ao seguir as pistas, nem imagina a realidade absurdamente macabra que está por trás do desaparecimento de Amy.

Gillian Flynn construiu uma trama excepcional, inteligente e arrebatadora, a ponto de fazer com que todas as emoções do leitor fiquem a flor da pele e sua mente fervilhe com pensamentos perturbadores mas ao mesmo tempo intrigantes.

Os personagens, se é que podem ser chamados de reles personagens, são todos muitíssimos bem construídos e possuem personalidades vivas, intensas, complexas e extravasam os mais diversos sentimentos, como amor, ódio, inveja, dentre outros, a ponto de nos convencer de que são reais, mesmo com alguns tendo mais destaque do que outros. E o final? Inesperado e completamente estarrecedor. Senti falta de uma resolução final e decente para tudo o que aconteceu, pois o livro terminou e eu fiquei  me perguntando "tá, fiquei com a cara enfiada na terra, mas cadê o castigo pro culpado?", quando percebi que talvez tenha sido exatamente essa a intenção da autora, de expor a frieza e o calculismo de uma mente psicopata, e que num meio onde todos são vítimas e ao mesmo tempo são culpados, podemos pagar pelos nossos atos, sim, mas não necessariamente perante a lei, e sim, convivendo com isso, diariamente, como um castigo eterno e cruel, sem escapatória, apenas deixando que o tempo cuide e termine com tudo...

E só pra constar, nunca mais irei ouvir "Pra ser Sincero", música da banda "Engenheiros do Hawaii", sem pensar em Garota Exemplar... Se alguém fizer uma playlist, incluam essa música, please ahahaha
Fechei Garota Exemplar, incrédula, chocada, estarrecida, mas ao mesmo tempo maravilhada com tamanha maestria e genialidade por parte da autora que escreveu uma história que mexeu com as minhas emoções a ponto de me fazer colocá-lo no hall das melhores leituras que tive até hoje na minha vida.

Algemas de Seda - Frank Baldwin

3 de janeiro de 2013

Lido em: Dezembro de 2012
Título: Algemas de Seda - A História de Jake e Mimi
Autor: Frank Baldwin
Editora: Geração Editorial
Gênero: Romance/Thriller/Suspense/Conteúdo Adulto
Ano: 2012
Páginas: 320
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Mimi Lessing está noiva do homem que ama, quando seu colega de trabalho, o irresistível Jake Teller, desperta a sua curiosidade e interesse. Disposto a seduzi-la, Jake a convida a assistir, sem ser vista, aos jogos eróticos dele com suas parceiras, a quem leva ao êxtase sexual por meio da dor. Então, as mulheres com quem Jake dormiu começam a ser assassinadas, e a própria Mimi desaparece. Homens e mulheres não deixarão a leitura deste thriller erótico e absorvente até a última página, para a qual se caminha num clima de sensualidade e suspense eletrizantes.

Resenha: Mimi Lessing é uma boa moça de 25 anos, conservadora, dedicada ao trabalho e que está de casamento marcado com Mark, com quem tem um relacionamento há seis anos, que já vive uma rotina e nunca aceita nada de diferente ou novo. Jake Teller é o típico garanhão, conquistador que passa os dias planejando como irá levar a próxima mulher para cama e satisfazer seus desejos mais pervertidos.
Os dois não têm nada em comum, mas ao se verem trabalhando juntos, Mimi passa a conhecer Jake um pouco mais, e começa a avaliar a quantas anda seu relacionamento com o noivo. A ideia de experimentar novas sensações e sair da mesmice começa a atraí-la, o que antes parecia certo e seguro se tornou sem graça e cansativo, e Jake aproveita para convidá-la para assistir aos seus jogos eróticos e sadomasoquistas com suas parceiras. E diante disso Mimi, que até então não conhecia nada além do sexo tradicional, começa a deixar aflorar uma sensação desconhecida por ela...
Porém, as mulheres que foram parceiras de Jake e assistidas por Mimi começam a desaparecer misteriosamente, e até a própria Mimi desaparece... Acreditando que Mimi corre perigo, Jake resolve procurá-la o quanto antes.

O livro é contado pelo ponto de vista de três personagens: Mimi, que conta sobre seu relacionamento com Mark, seus anseios e preocupações com o casamento que se aproxima, sua dedicação ao trabalho e tudo o que sente ao descobrir o BDSM ao assistir Jake com sua nova parceira; Jake, que além de contar sobre diversas situações do passado, enquanto estava na faculdade, nos dá detalhes sobre cada passo do que é ser o dominador durante os seus jogos, em que ele amarra as mulheres com lenços de seda, as tortura mas ao mesmo tempo eleva o prazer que essa dor causa o máximo que pode...
E enquanto isso tudo acontece, ainda temos um personagem misterioso, um louco, que passa a vigiar e seguir Mimi de perto sem que ninguém saiba...

A narrativa é feita em primeira pessoa por cada um deles, e só sabemos quem é que está narrando depois de um tempo, quando o personagem é mencionado por alguém. De início é estranho, fiquei com a sensação de não saber quem era quem, mas depois me acostumei. Os elementos também foram muito bem dosados.

Algemas de Seda, sem dúvidas apresenta o BDSM, de um jeito convincente, e por mais escrachada e forte que seja a cena, é possível imaginar o que está acontecendo pelas entrelinhas, sem a necessidade de uma descrição nos mínimos detalhes. Tudo é narrado com muita sutileza e por esse motivo fiquei muito impressionada com o estilo da narrativa do autor. É leve e com um toque de sensualidade na medida certa, sem baixar o nível, sem palavrões. Em vez de nos depararmos com termos do tipo "e ele enfiou um cubo de gelo mulher adentro...", encontramos algo do tipo "a mão dele entrou pelo tecido triangular e ao sair o cubo não estava lá..." Lembrando que apesar de a tal cena existir na história, as frases que citei não são propriamente essas, só usei como exemplo pra que vocês possam entender a diferença da narrativa e descrição da cena. Perceberam como é muito mais sutil e envolvente, despertando a imaginação de quem está lendo?

Também gostei muito do autor ter descrito as cenas de Mimi com tanto cuidado. Nem sempre um homem tem muito tato para descrever (e saber) o que realmente se passa pela cabeça de uma mulher de forma verdadeira, e as narrativas de Mimi foram ótimas e nada forçadas.
A parte que envolve o mistério do sumiço das mulheres e de Mimi deixou um pouco a desejar, mas porque foi tudo muito rápido. O livro inteiro me envolvi com a história, com as descobertas de Mimi e a sensação de encontrar um tipo de "liberdade" em Jake, e apesar de já sabermos que algum maluco a vigia até colocando escutas em sua casa, só nas últimas páginas é que o suspense sobre esses desaparecimentos começa. Ok, talvez tenha sido rápido por ter sido lógico, mas acho que poderia se arrastar um pouco mais pra não dar a sensação de desvio de assunto e que faltou explicações e algo mais, principalmente sobre qual foi o destino dos dois. Acho que o autor teve a intenção de deixar que o leitor use a imaginação, outra vez, mas logo no final, não curti muito...

No geral, é um bom livro, com uma boa história que envolve sensações, obsessões e a curiosidade pelo desconhecido....

Uma última observação: Na capa do livro, há a seguinte frase: "Mais intenso que 50 tons de cinza". Pra ser sincera, apesar de ter concordado com a frase (no que diz respeito ao erotismo) depois de terminar a leitura, não curti muito ela estar ali. Dá a impressão que por Cinquenta Tons ser um sucesso de vendas, a frase vai acabar despertando interesse do leitor pelo livro por ela, e não pelo conteúdo propriamente dito. Não acho que isso seja relevante ou necessário para chamar a atenção, assim como existem outros livros por aí com a capa parecida e até o nome praticamente idêntico...