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Vocação para o Mal - Robert Galbraith

7 de junho de 2016

Título: Vocação para o Mal - Cormoran Strike #3
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Romance Policial
Ano: 2016
Páginas: 496
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando um misterioso pacote é entregue a Robin Ellacott, ela fica horrorizada ao descobrir que contém a perna decepada de uma mulher. Seu chefe, o detetive particular Cormoran Strike, fica menos surpreso, mas não menos alarmado. Há quatro pessoas de seu passado que ele acredita que poderiam ser responsáveis por tal crime – e Strike sabe que qualquer uma delas seria capaz de tamanha brutalidade. Com a polícia concentrada no suspeito que Strike cada vez mais tem certeza de não ser o perpetrador, ele e Robin assumem o problema e investigam os mundos sombrios e percertidos dos três outros homens. Mas vários atos horrendos seguem acontecendo, e o tempo está se esgotando para os dois...

Resenha: Vocação para o Mal é o terceiro volume da série Cormoran Strike escrito por Robert Galbraith (pseudônimo de J.K. Rowling. O livro foi lançado pela Editora Rocco. Como as investigações são pontuais, não é necessário que os livros sejam lidos na ordem de lançamento para que sejam compreendidos, mas recomendo manter a ordem pois assim fica mais fácil nos familiarizarmos com a personalidade dos personagens.
A resenha está livre de spoilers.

Começamos a história sob o ponto de vista do assassino, que segue e observa Robin Ellacott e seu noivo, ou como ele prefere chamá-la, A Secretária. O assassino nutre um sentimento de vingança por Strike, pois segundo ele, se não fosse pelo detetive seu filho ainda estaria vivo, e ele pagaria por isso...
Logo depois, num dia corriqueiro, Robin recebe um mensageiro e ele lhe entrega um pacote endereçado a ela, mas para seu completo espanto, ao abrí-lo, a moça se depara com uma perna decepada de uma mulher. Strike também fica alarmado com o ocorrido mas não demora a bolar teorias de quem pudesse ser o responsável por tal atrocidade, afinal, no passado ele fez alguns inimigos e todos eles teriam algum motivo para arruiná-lo. Uma das formas mais eficazes para a vingança ser posta em prática seria usar sua assistente para atingí-lo.
Logo a polícia está envolvida nas investigações concentrando seus esforços no suspeito que Strike acredita não ser o culpado, então restam outros três a quem investigar, mas devido ao enorme tempo que se passou desde os últimos contatos, Strike não faz ideia do paradeiro de nenhum deles. Junto com Robin, Strike percorre o Reino Unido a fim de entrevistar pessoas que podem ajudá-los na investigação até que eles descubram quem é o assassino, mas enquanto isso outros atos horrendo continuam a acontecer. Eles vão precisar correr contra o tempo para impedir outras mortes e para salvarem as próprias vidas.

Diferente dos demais, Vocação para o Mal não parece fazer uma crítica explícita aos podres da sociedade ou do funcionamento de alguma determinada indústria, e desta vez não se trata de um caso onde Strike é contratado por alguém para que possa investigar o ocorrido. Trata-se de uma vingança pessoal e bem elaborada vinda de uma pessoa misteriosa de seu passado que quer atingí-lo através de Robin.
A narrativa não é linear e é feita em terceira pessoa. Alguns capítulos são destinados aos passos do próprio assassino e os demais se alternam entre Strike e Robin. Como sempre, a escrita é única e fluída, as descrições são feitas com perfeição e pois mais que a trama apresente elementos horrendos e cenas pavorosas, há sutileza o suficiente para instigar o leitor, mantendo a curiosidade pela resolução do caso e o convidando a permanecer na leitura até o fim. As pistas são ligeiras, às vezes são praticamente imperceptíveis, e mesmo que haja bastante tensão devido ao teor dos crimes e à mente perversa e doentia do assassino, o leitor não se perde desde que mantenha a atenção constante.
O tema é pesado e pouco explorado na ficção. O autor se aprofundou na acrotomofilia, ou seja, naquelas pessoas que possuem preferência sexual por quem tenha tido alguma parte do corpo amputada, assim como aquelas que têm fetiche por autoflagelação.

Os personagens continuam muito bem explorados e construídos e os protagonistas tiveram mais de si mesmos revelados, afinal, como os suspeitos tiveram uma relação com Strike, essa volta ao passado faz com que seja possível conhecermos sua história mais a fundo e isso o leva a relembrar do que precisou enfrentar, despertando seus fantasmas e o fazendo refletir. Como Robin também está diretamente envolvida, vários fatos sobre ela também vem à tona. A trama atinge um ponto em que a investigação parece ficar em segundo plano para que as relações interpessoais dos protagonistas sejam trabalhadas, e o casamento de Robin, que está se aproximando, assim como suas brigas com Matthew, focam em algo que não diz respeito ao gênero policial propriamente dito, mas servem para intensificar ainda mais a relação entre Robin e Strike. Eu confesso que o vejo mais como um mentor para Robin do que outra coisa e não gostaria que o relacionamento dos dois fosse além da amizade e da parceria profissional que eles têm, independente da química que eles tenham juntos, mas posso dizer que se futuramente esse relacionamento alcançar outro nível, não vai ser surpresa nenhuma pra mim, independente do que será feito com Matt, a quem não nutro simpatia alguma, muito pelo contrário. Torço pra que Robin fique livre desse peso morto o quanto antes...

O trabalho gráfico do livro é simples e muito bem feito. A capa combina com as dos volumes anteriores e, como sempre, remete ao mistério. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Os capítulos são curtos e são iniciados por um trecho de alguma música da banda Blue Öyster Cult e pode ser interessante fazer a ligação desses trechos com o que o capítulo em questão nos reserva.

Embora tenha considerado este livro o melhor da série até então, esse excesso de informações e detalhes sobre as particularidades dos personagens acaba deixando a leitura mais lenta do que eu gostaria, assim como desvia a atenção e atrapalha as suposições do leitor com relação aos crimes. Talvez esse seja o propósito, fazer com que haja outros elementos que desviem nosso foco para dificultar os palpites sobre quem é o assassino, mas acho que se os detalhes fossem apresentados de outra forma, e em menor quantidade, isso não teria sido um problema pra mim na posição de "leitora-investigadora".
De qualquer forma, recomendo muito a leitura da série pra quem gosta do gênero.

O Bicho-da-Seda - Robert Galbraith

30 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: O Bicho-da-Seda - Cormoran Strike #2
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco
Gênero: Romance Policial
Ano: 2014
Páginas: 464
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Quando o romancista Owen Quine desaparece, sua esposa apela ao detetive particular Cormoran Strike. No início, ela pensa apenas que o marido se afastou por alguns dias - porque ele já fez isso antes - e quer que Strike o encontre e o traga para casa.
Mas, à medida que Strike investiga, fica claro que há mais no desaparecimento de Quine do que percebe a mulher. O romancista acabara de concluir um manuscrito retratando de forma venenosa quase todos que conhece. Se o romance for publicado, destruirá a vida de muitos. Muita gente, portanto, pode querer silenciá-lo.
Quando Quine é encontrado brutalmente assassinado em circunstâncias bizarras, começa uma corrida contra o tempo para entender a motivação de um assassino impiedoso, um assassino diferente de qualquer outro que Strike já viu.
Romance policial que se lê compulsivamente, com guinadas a cada virada de página, O Bicho-da-Seda é o segundo livro de Robert Galbraith numa série muito aclamada apresentando Cormoran Strike e sua decidida jovem assistente Robin Ellacott.

Resenha: O Bicho-da-Seda é o segundo volume da série Cormoran Strike escrita por  J.K. Rowling sob pseudônimo de Robert Galbraith, e publicado no brasil pela Editora Rocco.
Mesmo que seja o segundo volume e haja poucas menções ao caso investigado no primeiro livro, O Chamado do Cuco, o livro é independente e a resenha está livre de spoilers.

O cenário da história continua sendo Londres, e algum tempo depois de ter solucionado o caso da modelo Lula Landry e estar mais estabelecido financeiramente, o detetive Strike é contratado para investigar o desaparecimento de Owen Quine, um escritor conhecido no meio editorial por seu temperamento difícil. A esposa acredita que ele possa ter apenas se afastado, como já havia feito outras vezes, mas devido ao tempo que se passou ela acha que alguma coisa de errado aconteceu e quer que Strike descubra o que houve e o traga de volta.
Strike descobre que um manuscrito do escritor desaparecido, o Bombix mori (nome científico do bicho-da-seda) que apontava coisas sobre pessoas influentes do meio editorial que poderiam ter as vidas destruídas caso o romance fosse publicado, logo, muitos não hesitariam em querer silenciá-lo de uma vez por todas. Porém, Owen é encontrado morto de forma chocante e bizarra e Strike adentra numa corrida contra o tempo para descobrir quem o matou e porquê.

O livro é narrado em terceira pessoa e flui muito bem até as 100 primeiras páginas, mas após isso o desenvolvimento do mistério é muito, muito lento. O trabalho investigativo, por mais que tenha muitos detalhes, beira a exaustão e as conclusões que o Strike tira não são compartilhadas com o leitor de forma imediata. Talvez a intenção tenha sido exatamente esta, pois nem sempre as pistas coletadas são, de fato, úteis e podem atrasar o trabalho de investigação (ou tirar o foco do leitor a fim de confundí-lo) fazendo com que muito tempo seja perdido mas que ainda assim precisam ser analisadas por fazer parte do serviço. Não afirmo com todas as letras que seja este o caso pois prefiro deixar que o leitor tire as próprias conclusões, mas acredito que quando as coisas vem em excesso dessa forma se tornam um pouco cansativas em vez de intrigantes.
Como sempre, a construção dos personagens é brilhante, pois eles vão se revelando aos poucos, deixando que o passado tenha uma forte ligação com atitudes que tomam no presente. As descrições dos cenários de Londres, seus bares, restaurantes, pubs e afins também são ricamente detalhadas e consegue ambientar bem o leitor aos locais.

Strike leva o que faz muito a sério e continua sendo rabugento, mas por ser incrivelmente perspicaz consegue cativar a simpatia dos leitores. Um ponto bacana é que por mais estereotipado que ele seja no que diz respeito a profissão (ele usa sobretudo, fuma, tem o nome pregado na porta do escritório, vive duro e etc) ele soa como alguém muito real, pois às vezes se deixa tomar por pensamentos pessoais inquietantes sobre família ou outros casos menores com que lida. Por mais que ele tenha foco, ele se preocupa com outras coisas não demonstrando ser um "robô".
Achei bastante adequado, e até mesmo divertido, que a Scotland Yard, a polícia de Londres, odeia que Strike se intrometa em seus assuntos, principalmente por ele ter desvendado o crime de Lula no primeiro livro quando a polícia havia declarado - e insistido - que a morte da modelo teria sido suicídio. Strike também não tem a menor paciência com a polícia por considerar a investigação dos encarregados óbvia e superficial e se irrita com o "trabalho" deles.

A assistente de Strike, Robin, também tem papel fundamental na história. Ela é inteligente e eficiente e ainda ganha um destaque maior por ter a vida aprofundada quando anuncia um noivado com Matthew, por quem é possível criar uma antipatia imensa, principalmente porque ele odeia o trabalho de Robin e todos sabem que esse trabalho investigativo é uma de suas maiores paixões.
E ainda sobre Robin, acho genial que ela seja parceira de Strike e que não haja nenhum envolvimento romântico entre os dois, o que prova que homens e mulheres podem trabalhar juntos e em sincronia sem um envolvimento maior ou segundas intenções, mas ainda assim sinto que há algo neles que parece não estar totalmente esclarecido, como se o futuro ainda reserve qualquer coisa para eles, ainda que não tenha a ver com amor.
É um livro bastante complexo se comparado ao primeiro e cada capítulo apresenta um novo obstáculo para o detetive reunir vários fatos, que a princípio parecem não ter ligação alguma, a fim de descobrir a verdade sobre o crime.

Assim como Galbraith inseriu temas polêmicos no primeiro livro, em O Bicho-da-Seda assuntos tão delicados quanto não ficam de fora. O machismo é bastante apontado, assim como a sexualidade e a orientação sexual dos indivíduos. A realidade de novos escritores e o que têm de engolir ao adentrar no mundo editorial que mais parece uma máfia também é criticada, o que faz com que o leitor pense que publicar um livro não é tão simples quanto parece se o contato certo não existir. Até a questão das críticas negativas e sinceras através de resenhas foi abordada e considerei a forma com que esse meio literário foi explorado como bastante cruel e sujo.
O final é bastante corrido, talvez pra compensar a forma arrastada da investigação, mas obviamente surpreende pois o assassino é quem menos esperamos. Só achei que, ao final do livro, a forma como as provas foram reunidas e apresentadas para identificar o criminoso "excluíram" o leitor da investigação, além de ter sido bastante exagerada, mas ainda assim, satisfatória.

O Chamado do Cuco - Robert Galbraith

26 de novembro de 2013

Lido em: Novembro de 2013
Título: O Chamado do Cuco - Cormoran Strike #1
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Romance Policial
Ano: 2013
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Quando uma modelo problemática cai para a morte de uma varanda coberta de neve, presume-se que ela tenha cometido suicídio. No entanto, seu irmão tem suas dúvidas e decide chamar o detetive particular Cormoran Strike para investigar o caso.
Strike é um veterano de guerra, ferido física e psicologicamente, e sua vida está em desordem. O caso lhe garante uma sobrevida financeira, mas tem um custo pessoal: quanto mais ele mergulha no mundo complexo da jovem modelo, mais sombrias ficam as coisas e mais perto do perigo ele chega.
Um emocionante mistério mergulhado na atmosfera de Londres, das abafadas ruas de Mayfair e bares clandestinos do East End para a agitação do Soho. O chamado do Cuco é um livro maravilhoso. Apresentando Cormoran Strike, este é um romance policial clássico na tradição de P. D. James e Ruth Rendell, e marca o início de uma série única de mistérios.

Resenha: O Chamado do Cuco é um romance policial lançado pela Editora Rocco e escrito por Robert Galbraith (pseudônimo de J.K Rowling). Ambientado na atual Londres, somos apresentados a Cormoran Strike, um detetive com uma vida bastante conturbada: Strike foi um ex soldado na guerra do Afeganistão, usa uma prótese por ter perdido parte da perna, foi morar em seu escritório após ter se separado da mulher e é visto como alguém que fez parte de uma família instável e desequilibrada, levando em consideração que sua mãe foi alguém condenada pela imprensa pela vida desregrada e pela morte por overdose que teve.

Strike é contratado para investigar a morte da modelo Lula Landry pelo irmão da moça, John Bristow. Segundo a polícia, a moça teria se suicidado há 3 meses atrás devido a uma vida regada a drogas e depressão, mesmo com todo glamour, fama e perseguição constante por parte dos paparazzis, pulando de sua cobertura direto para a morte. Porém, John não concorda com o laudo da perícia e pede para que Strike investigue. Com problemas financeiros, Strike aceita o caso e conta com a ajuda de sua nova assistente temporária, Robin Ellacott, que, ao que tudo indica, está mais interessada na forma como o trabalho de investigação é feito do que no salário propriamente dito.
A partir daí a história se desenrola e Strike coloca sua experiência e inteligência em prática para investigar a morte da modelo, interrogando no decorrer de todo o livro amigos ou pessoas envolvidas com Lula (também conhecida como Luly ou Cuco) e que tinham algum conhecimento pelo seu estilo de vida e seus costumes, descobrindo, assim, que a morte da moça esconde mais segredos sombrios do que aparentava...

Quando O Chamado do Cuco começou a aparecer como a nova obra de J.K. sob pseudônimo de um homem, todos os leitores e fãs da autora ficaram em polvorosa, ansiosos pelo seu lançamento. Com isso, expectativas foram até as alturas e quem esperou por algo inédito encontrou um mistério que, apesar de muito bem escrito e detalhado, não é lá tão novo assim, afinal, detetives vêm investigando assassinatos de forma exaustiva desde os primórdios e os culpados são sempre quem menos esperamos... E nessa história não é diferente.

O diferencial é justamente a descrição detalhada do cenário que transporta o leitor para as ruas de Londres, a personalidade cativante dos personagens e suas particularidades, seus problemas pessoais e a forma como lidam com eles. Strike, por exemplo, é um cara que não tem charme algum e de início encontra dificuldade pela falta de informações para desvendar o caso (me peguei tentando ajudá-lo várias vezes!), mas ainda assim se desenvolve de forma genial e conquista o leitor, assim como Robin que com sua atitude e eficiência como assistente do detetive, mostra que devemos nos dedicar ao que gostamos em nome da felicidade e realização em vez de procurarmos algo que vá dar um retorno financeiro melhor mas que nos deixará infelizes por falta de identificação e amor a profissão... E, claro, a crítica explícita sobre a superficialidade, a sujeira do mundo da fama, toda a falsidade e ganância que a envolve e de como a mídia não se importa em expor a vida alheia tirando proveito de tudo, moldando notícias da forma como convém.

Vou confessar que romances policiais e investigativos não são meu gênero de leitura preferido, e apesar de achar o início um pouco arrastado até a leitura engatar de vez, gostei muito da forma como a trama foi desenvolvida e as pontas amarradas até chegar ao desfecho que, pra mim, foi bem inesperado, empolgante e satisfatório.

A única coisa que me deixou incomodada foi a tradução do título (The Cuckoo's Calling) que passa uma imagem errada da história, afinal, "O Chamado", até onde entendi, seria referente a última ligação feita por "Cuco", o apelido da modelo morta. E não, isso não é um spoiler...

Enfim, é um livro que certamente vale a pena ser lido, tanto pela genialidade e narrativa impecáveis, quanto pelos personagens marcantes. O Chamado do Cuco é o primeiro volume da série Cormoran Strike, e que venham os próximos casos para podermos acompanhar.