Mostrando postagens com marcador Sobrenatural. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sobrenatural. Mostrar todas as postagens

A Ordem dos Clarividentes - Samantha Shannon

10 de julho de 2017

Título: A Ordem dos Clarividentes - Bone Season #2
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Paige Mahoney escapou da colônia penal Sheol I, mas seus problemas estão só começando: muitos dos sobreviventes estão desaparecidos, e ela é a pessoa mais procurada de Londres.
Enquanto Scion está à caça da andarilha onírica, os mime-lordes e mime-rainhas da cidade são convocados para uma reunião da Assembleia Desnatural. Jaxon Hall e seus Sete Selos se preparam para assumir o palco, mas a comunidade clarividente encontra-se dividida por segredos obscuros. E então os Rephain começam a sair das sombras. Mas onde está o Mestre? Paige deve seguir em frente, de Seven Dials a Grub Steet e às catacumbas secretas de Camden, até que o destino do submundo seja decidido.

Resenha: A Ordem dos Clarividentes é o segundo volume (de sete) da série Bone Season. A história começa do ponto em que parou no primeiro volume, Temporada de Ossos.
A resenha pode conter spoilers do livro anterior.

Qualquer pessoa que tenha o dom da clarividência, os chamados desnaturais, são perseguidos pelo governo. Paige Mahoney, a andarilha onírica, havia sido capturada e enviada para colônia penal Sheol I, mas, após uma reviravolta bombástica, ela conseguiu fugir. Paige se tornou a pessoa mais procurada de Londres. Enquanto estava presa, ela descobriu que os desnaturais capturados pelo governo se tornam escravos dos Rephaim, criaturas humanóides e imortais que se alimentam da aura dos clarividentes. Paige pretende revelar sua descoberta aos desnaturais para por fim ao governo corrupto, mas sempre se depara com obstáculos que a impedem, até que o líder da Assembleia Desnatural é assassinado e ela percebe que além de estar ficando sem saída, o futuro está se tornando incerto já que sem um líder nao existe ordem. Sem intenção de que tal informação se espalhe, Nashira, a governante dos Rephaim, quer a garota de volta a qualquer custo para impedir qualquer tipo de rebelião.

A narrativa é feita em primeira pessoa e por mais que a história seja maravilhosa e empolgante, sua complexidade e inúmeros detalhes acabam fazendo com que ela não seja tão fluída e se arraste bastante até lá pela metade do livro, e talvez isso possa causar algum tipo de resistência em leitores mais impacientes.
Embora haja um romance complicado - tanto por ser proibido, quanto por não ter futuro algum -, o foco recái sobre a opressão do governo sobre um grupo de pessoas que, claramente, vai lutar por sua liberdade, custe o que custar.

Paige é uma personagem admirável. Seu dom é motivo de cobiça por quem tem intenção de controlá-la, mas a garota só quer ser livre sendo como é. Ela não aguenta mais viver fugindo, se cansou de ver os desnaturais sendo escravizados e sabe que as coisas só mudarão com uma grande revolução, mas tirar os outros de suas zonas de conforto não é algo tão fácil e simples de se fazer, por mais que as pessoas queiram que a mudança ocorra. Sabendo disso, Paige não pode contar com muita gente e cabe a ela tomar uma decisão em prol de seu objetivo, mesmo que isso envolva algum tipo de sacrifício, e isso faz com que ela seja temida pelos poderosos já que, através dela, existe a chance do governo ser derrubado.

No primeiro livro a autora se aprofundou na colônia penal onde Paige estava presa, então não tivemos acesso aos detalhes da Londres ambientada em 2059, e agora nos deparamos com uma cidade tomada por uma enorme e triste decadência, onde tudo está em ruínas e clamando por esperança.

O projeto gráfico da obra se manteve com o padrão do primeiro livro. A capa tem uma textura meio emborrachada com o título em dourado em meio ao símbolo que representa bem um dos elementos da trama, principalmente a mariposa.

Diante de tudo isso, posso afirmar que A Ordem dos Clarividentes superou minhas expectativas e conseguiu ser ainda melhor do que o primeiro livro. Pra quem procura por uma série complexa e totalmente surpreendente e original, é leitura mais do que indicada.

Revelada - C.C. Hunter

13 de dezembro de 2016

Título: Revelada - Ao Anoitecer #3
Autora: C.C. Hunter
Editora: Jangada
Gênero: Jovem adulto/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 400
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino
Sinopse: No último livro da série Shadow Falls ao Anoitecer, Della é agora uma investigadora paranormal e precisa desvendar um caso de assassinato onde o suspeito é seu próprio pai, e vai precisar da ajuda de Chase, com quem ela tem uma ligação sanguínea após seu Renascimento. A busca por respostas vai levar Della a se envolver com as gangues sobrenaturais mais sombrias e perigosas e obrigá-la a investigar os segredos inconfessáveis da sua família. Mas, em meio a tudo isso, como não pensar em Steve, o metamorfo irresistível que está fazendo tudo para se reaproximar dela? Esta será a batalha mais difícil da sua vida e do seu coração!


Resenha: Revelada é o terceiro livro da série Ao Anoitecer, spin-off da saga Acampamento Shadow Falls escrita pel autora C.C. Hunter e publicado no Brasil pela Jangada.

Della Tsang, enfim, se tornou a investigadora paranormal e o caso que está em suas mãos é investigar um assassinato cujo suspeito é seu próprio pai, que foi acusado de matar um membro da família há anos atrás. Determinada a provar a inocência dele e já com suspeitas do verdadeiro culpado, Della vai contar com a ajuda de Chase, e a busca por respostas irá colocá-la em perigo quando ela se envolver com gangues sombrias, além de fazê-la repensar seus conceitos quando ela começar a descobrir os segredos mais obscuros de sua família dos quais ela nem imaginava existir...

Narrado em terceira pessoa com uma escrita bastante envolvente e divertida, a trama irá envolver questões familiares que não haviam sido exploradas nos livros anteriores, a vida de Della em Shadow Falls, o futuro de seu trabalho como agente da UPF e seus dilemas amorosos com Chase e Steven. Um ponto que me agradou bastante foi acompanhar a perspectiva não só de Della, mas também a de Chase, e isso contribuiu bastante para ampliar a visão do leitor acerca dos acontecimentos.

Com relação a Chase, Della se encontra num enorme conflito pessoal pois passa a se questionar sobre os sentimentos que começa a ter por ele, sem saber se a ligação entre eles é devido ao seu renascimento que os conectou, ou se é pela rotina e pela convivência ao lado dele, mesmo que ela só queira distância. O problema maior é que Della continua sem saber se Chase é um vampiro realmente confiável depois de ter mentido e escondido várias informações dela, mas ela precisa da ajuda dele nas investigações e trabalhar em equipe é de extrema importância. Eles terão que explorar os piores lugares da cidade para desvendar os mistérios e provar a inocência do pai dela, e, embora Della não tenha medo do desafio, o que a deixa receosa é o vínculo que ela e Chase possuem.
Como se a acusação contra seu pai não fosse um assunto delicado o bastante, Della precisará lidar com sua condição de Renascida e o fato de ter de afastado da família por causa disso. Ela sente o quanto toda a sua situação interferiu na família e ainda sofre com a indiferença do pai.
Mas falando de Della, posso dizer que ela foi a grande responsável pela evolução dessa trilogia. Como ela cresceu como personagem de forma tão positiva, ela desperta a simpatia do leitor, que sempre torce por ela, mesmo sabendo que ela não é perfeita e comete erros.

Eu gostei da abordagem com relação a amizade entre Della, Kyllie e Miranda e o apoio recíproco que elas encontram umas nas outras independente da ocasião, mas faltou mais presença desse trio invencível aqui.
É claro que o drama adolescente não poderia ficar de fora da trama, e a ideia de Della estar em meio a um triângulo amoroso também, mas é difícil dar muita credibilidade pra um personagem que esteve fora por tanto tempo e que depois volta, talvez para causar uma reviravolta nas emoções de Della, como se a ausência dele e a carreira estar acima de tudo não tivesse implicado em nada. Steve, menos... Tudo bem que quando ele, enfim, entra em cena, muitos dos acontecimentos ganharam uma importancia maior, mas nas questões sentimentais ele não ganha pontos pois pra mim já havia ficado claro quais eram suas prioridades desde o princípio...
Por outro lado, Chase se mostra um cara que luta pelo que quer, permaneceu fiel às suas convicções e ainda provou seu valor ao sempre se preocupar e se manter firme ao lado de Della. E ter o ponto de vista de Chase, em vez do de Steve, para alguns acontecimentos não foi mera coincidência, convenhamos...

As cenas de ação são muito boas, assim como os mistérios intrigantes que são investigados e revelados de forma gradual e de forma bastante surpreendente.
Senti falta de um epílogo para nos dar uma ideia do que se passou depois. Mesmo que o desfecho tenha sido muito satisfatório e encerrado a trilogia de forma brilhante, ainda fiquei curiosa pelo que acontece depois do final feliz. Também senti falta de alguns personagens secundários que deixaram suas marcas nos livros anteriores e nesse volume deram a impressão de serem meros coadjuvantes. A amizade entre as meninas existe, há cumplicidade e apoio incondicional, mas não da mesma forma que nos foi apresentado anteriormente já que a presença foi bem escassa.

Mas de forma geral, pra quem gosta de fantasias sobrenaturais com toques de romance adolescente, investigação e mistério, Ao Anoitecer é uma trilogia que cumpre bem com o seu papel e super recomendo.

No Limite da Loucura - Maureen Johnson

26 de outubro de 2016

Título: No Limite da Loucura - Sombras de Londres #2
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Depois de se envolver no misterioso caso do assassino em série que se fazia passar pelo lendário Jack, o Estripador, espalhando o medo pela capital britânica, a garota é enviada para a casa dos pais em Bristol. Mas ela não pensa duas vezes quando tem uma chance de retornar a Wexford e reencontrar os amigos. Sua volta a Londres, no entanto, revela mais sobre seus próprios poderes do que ela poderia supor e a põe no centro de uma nova – e sinistra – onda de crimes que vêm desafiando até mesmo a polícia secreta que combate os fantasmas na cidade. No segundo livro da trilogia Sombras de Londres, Rory Devereaux precisa enfrentar seus próprios medos e agir antes que seja tarde. 

Resenha: No Limite da Loucura é o segundo volume da série Sombras de Londres, escrita pela autora Maureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica da Editora Rocco.

No primeiro volume, O Nome da Estrela, conhecemos Rory Devereaux, uma adolescente que descobriu ter dons sobrenaturais quando se envolveu no caso de um assassino em série que se passava por Jack, o Estripador. Após os acontecimentos que se desenrolaram durante a investigação do caso, Rory acabou sendo vítima de um esfaqueamento e teve sair de Wexford para voltar para a casa dos pais, em Bristol, e enquanto se recupera do trauma, ela passa a ter sessões de terapia com Julia, uma psicóloga.
Rory sabe que precisa superar o que passou, mas o que ela queria mesmo era ter sua vida normal de volta e esquecer que as Sombras, a polícia secreta que combate os fantasmas da cidade, existem e cruzaram seu caminho um dia.

Mas, nas redondezas de Wexford, o dono de um pub foi assassinado a marteladas e embora um homem tenha se assumido como autor do crime, a história simplesmente não bate. Várias coisas estranhas continuaram acontecendo e tudo indica que há envolvimento sobrenatural.
Rory, então, é orientada por sua psicóloga a voltar para Wexford para reencontrar os amigos e voltar à rotina da escola a fim de se recuperar melhor e não pensa duas vezes, mas, como era de se esperar, ela se vê envolvida em mais um caso sinistro e misterioso em que tem certeza que nada é mera coincidência. Rory precisa aproveitar seus mais novos poderes contra essas forças, enfrentar seus medos diante do desconhecido e entrar em ação antes que seja tarde demais...

Depois do primeiro livro, não criei muitas expectativas para embarcar na leitura deste e talvez por esse motivo tenha gostado relativamente mais do que o anterior.
No Limite da Loucura permanece com a mesma ambientação que seu antecessor, o universo escolar e uma Londres sombria e invadida pelo sobrenatural. Não é um universo único e original, mas no contexto da história ele convence.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Rory e a leitura, apesar de lenta, é fácil de se acompanhar. A impressão que tive é que esse segundo livro sofre da "maldição da continuação". Ele até que esclarece algumas pontas soltas do primeiro livro e abre brechas para o terceiro, mas só fica realmente bom quando está próximo do fim. Até lá o livro é bastante lento e morno, sem acontecimentos grandiosos ou empolgantes que tenham me feito ficar ansiosa pelo próximo capítulo e nem as cenas que deveriam ser mais assustadoras não mexeram comigo.
Diferente do primeiro livro, este segundo não traz uma história fechada, e pra ser melhor compreendido é necessário ler o livro anterior.

Eu fiquei com pena de Rory pela vida dela estar desmoronando após o acidente que sofreu. Os sentimentos dela, por serem bem negativos, acabaram influenciando a própria narrativa e em muitos momentos me senti tão perdida quanto ela. Nem os momentos mais descontraídos serviram como alívio. Foi difícil ter empatia por ela e isso só foi um problema por ser impossível deixar de comparar os acontecimentos dos dois livros. O contraste entre um e outro acaba sendo negativo, o que foi apresentado antes acabou perdendo aquele brilho assustador, e talvez isso tenha sido um motivo que tenha me feito simplesmente não me importar com os perigos pelos quais Rory passou com a presença do novo personagem.

Por outro lado, só tenho elogios à autora pela forma como Londres é apresentada. Em alguns pontos chegou a me lembrar as descrições de J.K Rowling. A ambientação, a atmosfera ameaçadora e sombria devido ao sobrenatural, é como se Londres fosse um personagem fundamental para o desenrolar dos fatos e até mais interessante que muitos outros presentes na trama.

Não sei ao certo expressar meus sentimentos ao fim desse livro. É um bom livro, sim, mas me senti manipulada devido à uma certa artificialidade, como se a autora tivesse se perdido no próprio caminho que trilhou e ainda deixado o desfecho em aberto sem necessidade. Talvez se o esquema do primeiro livro tivesse sido seguido eu poderia ter gostado mais, sem obrigação de precisar ler o último livro para saber o que vai acontecer.

Pra quem gosta de dramas adolescentes, triângulos amorosos mal resolvidos, toques sombrios e mistérios a serem resolvidos, a série Sombras de Londres é uma boa pedida.

Eterna - C.C. Hunter

21 de setembro de 2016

Título: Eterna - Ao Anoitecer #2
Autora: C.C. Hunter
Editora: Jangada
Gênero: Jovem adulto/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Justo quando Della estava começando a achar que tinha encontrado a sua tribo em Shadow Falls, sua vida vira do avesso novamente. Depois de ser vítima de um vírus mortal, ela precisa fazer a difícil escolha de ser uma Renascida, um tipo de vampiro mais forte e poderoso. Essa é a sua única chance de sobrevivência. Mas ela tem um preço: Della terá que ficar eternamente ligada a Chase. Será que a atração que ela começa a sentir por ele é real ou tem a ver com esta ligação? E o que acontecerá com Steve, o metamorfo? E se já não bastasse os problemas do coração, enquanto Della investiga o seu mais recente caso, ela descobre uma prova chocante de que seu pai está envolvido num crime do passado. Isso a faz questionar tudo o que acredita ser verdade, e o seu lugar num mundo que ela pensava conhecer tão bem.
Resenha: Eterna é o segundo livro da série Ao Anoitecer, spin-off da saga Acampamento Shadow Falls escrita pel autora C.C. Hunter e publicado no Brasil pela Jangada.

Della passou por uma segunda transformação e se tornou uma Renascida, uma vampira muito mais forte, veloz e poderosa do que imaginava ser, e sua única chance de sobreviver é aceitando esta condição, porém, tal escolha irá fazer com que ela fique ligada a Chase para sempre. No volume anterior, Della e Chase se juntaram numa missão em que deveriam investigar um assassinato e, desta vez, irão se unir novamente numa nova missão envovlendo um fantasma ligado à ela, e eles irão enfrentar perigos ainda maiores além de fazer descobertas incríveis e surpreendentes. Sua família também anda passando por uns perrengues e Della começa a pensar que seu pai não é quem ela acreditava ser. Mas mesmo sabendo que é uma Renascida, ela não desistiu de se tornar uma agente da UPF.
Essa ligação que Della e Chase passaram a ter ainda é uma incognita para ela, principalmente porque ela ainda tem sentimentos por Steve. O problema é que por mais que ela também se sinta atraída por Chase, ela não sabe se pode confiar no que ele diz já que a própria existência desse metamorfo é um mistério cheio de segredos e algumas mentiras.

Narrado em teceira pessoa com foco maior sobre o ponto de vista de Della, Eterna possui um desenvolvimento agradável através de uma leitura fácil e fluída. A autora escreve muito bem e isso já é um fator que colabora bastante para o envolvimento do leitor com a leitura, porém, diferente do primeiro livro, comecei a me incomodar com a falta de inovação no que diz respeito ao enredo. Della também parece ter sofrido uma mudança brusca de personalidade, e aquela menina irônica e destemida foi consumida pelos sentimentos que nutre por Chase e Steve, o que estranhei total já que, inicialmente, ela nunca deu muita importância para sentimentalismos depois do que passou com o ex namorado que a abandonou... O caos começa a tomar conta das coisas, os mistérios estão lá para serem desvendados e mil problemas para serem resolvidos, e o que ela faz é pensar nesses caras deixando aflorar uma fase "doce" e fofinha que simplesmente não combina com ela. Steve ter saído de cena para que ela pudesse resolver as coisas com Chase foi uma artimanha bem clichê, mas, falando em triângulos amorosos, não gosto de dar muitos palpites sobre visto que nunca gostei desse elemento e não é dessa vez que vou mudar de ideia. Sò posso dizer que entre Chase e Steve, escolho Steve, ponto. Chase claramente esconde coisas que podem ser a chave para algo maior no futuro, mas como não se pode confiar nele 100%, prefiro não arriscar me apegar a ele.
Della até retoma às origens depois, mas essa "queda" não passou batida pra mim e não pude deixar de achar desnecessário já que fugiu totalmente daquela personagem forte, destemida e bad-ass que ela sempre demonstrou ser.

Com relação a parte física da obra, a capa é metalizada e segue o mesmo estilo do livro anterior e também dos demais livros da série Acampamento Shadow Falls. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Os capítulos são numerados por extenso, a diagramação é simples e não percebi erros de revisão durante a leitura.

Enfim, a história tem um desenvolvimento bacana e até mesmo rápido, os diálogos são espirituosos e inteligentes na maioria das vezes (mesmo se tratando de jovens adolescentes), a amizade é abordada de uma forma bastante verdadeira e a trama num geral é recheada de bom humor, mistério e bastante ação. O romance, claro, está lá, cheio de complicações, mas também acompanhado de momentos bonitinhos, fases em que o destaque fica por conta da descoberta mas também muitas dúvidas e indecisão.
De forma geral, pra quem curte fantasias sobrenaturais voltadas ao público jovem adulto com todos esses elementos que mencionei acima, vai gostar bastante da série.

Lembrança - Meg Cabot

25 de agosto de 2016

Título: Lembrança - A Mediadora #7
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: YA/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 422
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Meg Cabot retorna com uma divertida e sexy continuação da saga de Suzannah Simon, a menina que via fantasmas... e os ajudava a passar para a luz Agora, mais velha e experiente, tudo que Suze quer é causar uma boa impressão no primeiro emprego desde sua formatura — e desde o noivado com o Dr. Jesse de Silva, ex-espírito e sua alma gêmea. Como não bastasse, um fantasma de seu passado resolve aparecer. E esse não é um espectro que ela possa mediar. Afinal, Paul Slater está bem vivo, milionário e, ainda por cima, é o novo proprietário da antiga casa de Suzannah. Aquela na qual conheceu Jesse. Isso não seria um problema se ela não tivesse acabado de descobrir que uma antiga maldição poderá transformar seu amado num demônio, caso seu antigo local de descanso seja demolido, como Paul pretende. Agora ela precisa dar um jeito em Paul, que a está chantageando sexualmente — isso mesmo... ou ela dorme com ele, ou perde Jesse —, enquanto tenta ajudar uma caloura assombrada por uma menininha muito poderosa... 
Resenha: Quinze anos após o início de A Mediadora, Meg Cabot traz de volta Suzannah Simon, a garota que vê fantasmas e os ajuda passarem para a luz (mesmo que seja com sua marca registrada: a boa e velha surra), em Lembrança, o sétimo volume desta série sobrenatural, hilária e muito fofa.

Vale ressaltar que a história não se passa imediatamente após os acontecimentos de Crepúsculo, sexto volume, em que Jesse deixa de ser um fantasma e volta à vida. Seis anos já se passaram desde então, Meg Cabot inclusive escreveu O Pedido, um conto extra que antecede o sétimo volume e, embora a leitura não seja necessariamente obrigatória, serve como introdução para que os leitores saibam como está o casal e como Jesse propôs casamento à Suze.

Enfim, Jesse e Suze estão noivos. Enquanto ele, já formado, está trabalhando como pediatra residente num hospital em São Francisco, Suzannah está fazendo um estágio (não remunerado) como conselheira juvenil na Academia Missão Junipero Serra, a antiga escola que estudou quando adolescente. Para não perder os velhos hábitos, Suze continua arrumando várias confusões com os PMNO (Pessoa Morta Não Obediente) e a história já começa com ela participando de um leilão online de uma bota para que ela possa chutar as bundas desses espíritos teimosos com muito estilo.
Tudo estava indo muito bem, obrigada, até ela receber um email de Paul Slater, que se tornou um empresário muito rico. Ele agora é proprietário do antigo casarão onde Jesse havia morrido e Suze foi morar 150 anos depois, e sua intenção é demolí-lo, mas não antes de chantageá-la da forma mais indecente possível com uma maldição terrível que iria interferir na existência do próprio Jesse. E como se isso não fosse um problema suficiente, ela ainda se depara com Lúcia, uma criança morta que anda assombrando Becca, umas das calouras da Academia. Este será um caso bastante difícil para nossa querida mediadora resolver... Lidar com um fantasma furioso que quer matá-la e com um completo idiota querendo destruir seu noivado não era algo que estava nos planos de Suzannah...

Faz alguns anos que devorei a série A Mediadora e precisei dar uma folheada nos livros para poder me lembrar de alguns detalhes e me situar melhor para iniciar este volume. Lembro que estava gostando demais da série até que Crepúsculo trouxe um final extremamente previsível - e impossível - e justamente por isso eu torcia para que fosse diferente. O final feliz e absurdo não me fez desgostar da série mas, por ser fechado e encerrá-la de forma satisfatória, confesso que, até então, não esperava que uma continuação ainda pudesse ser escrita. Talvez meu receio maior fosse o mesmo que muitos fãs tiveram: Ver como Suze e Jesse estariam no futuro, já adultos, enquanto precisaríamos lidar com a ideia de que o ambiente juvenil e os dilemas da garota badass não fizessem mais parte do pano de fundo da história. Felizmente, trata-se de Meg Cabot. E é difícil essa autora nos decepcionar...

O livro é narrado em primeira pessoa e é impossível não morrer de rir do temperamento de Suze ou de seus diálogos hilários com os demais personagens. A leitura é divertida, flui maravilhosamente bem e, embora tenha descrições em excesso, é praticamente impossível perder a empolgação ou largar. Nele podemos encontrar as famosas aventuras de Suze, mas Meg Cabot também inseriu alguns temas bastante delicados e dignos de reflexão, mas abordados de forma bastante sutil e sem maiores aprofundamentos.

Para quem não se lembra, Paul Slater é irmão mais velho de Jack, o garotinho mediador que aparece no quarto volume da série, A Hora Mais Sombria, de quem Suze foi babá. Paul vivia dando em cima da garota mas, por causa dos sentimentos por Jesse, ela ficava em cima do muro, até ele também se revelar um mediador poderoso no decorrer da série e tentar exorcizar o fantasma de Jesse de sua vida. Mas quando ele tentou assediá-la que a coisa ficou feia e Suze não queria vê-lo nem pintado de ouro. Nem preciso dizer que Paul é impossível e não encarou a rejeição muito bem. Ele seria capaz de dos truques mais sórdidos para por as mãos em Suze mas, no final das contas, pude chegar a conclusão de que ele é um cara mimado e cheio de problemas que distorceram seu senso de realidade, fazendo com que ele se comporte feito um imbecil. Através dele a autora evidencia a ideia de como um homem jamais deve ser.
"Existe uma explicação racional e científica para tudo. Até o 'dom' de ver fantasmas parece ter um componente genético. Provavelmente também existe uma explicação científica para o que aconteceu com Jesse.
Uma coisa que não tem explicação - pelo menos não uma que eu tenha encontrado até hoje - é Paul."
- Pág. 22
Suzannah continua impagável e ela não perdeu nenhuma das suas características que a tornaram tão cativante. Ela é única, engraçada, desbocada, irônica e não perde tempo com o que não importa, mas quando o assunto é Jesse e seu relacionamento com ele, ela dá tudo de si e enfrenta qualquer um. Eu adoro essa protagonista e me identifico com ela em vários pontos. Mesmo que ela agora seja adulta e tenha outros objetivos em vista, ela permanece com a personalidade intacta e este foi um ponto bem positivo pra mim.
"- Nunca falei que não creio em nada. Eu creio em fatos. E o fato é que quero ficar com Jesse porque ele me faz sentir uma pessoa melhor do que acho que sou na verdade."
- Pág. 29
Jesse é um noivo superprotetor. Ele se preocupa muito com o futuro, quer ter sucesso na carreira para poder dar uma vida boa e confortável à sua futura esposa. Como ele veio do século XIX, ele é um verdadeiro cavalheiro, sempre muito conservador e até antiquado, mas muito, muito fofo.
Os personagens secundários não foram esquecidos, e achei o máximo poder revê-los mesmo que alguns tenham participações menores do que outros. Os meio-irmãos de Suze dão o ar da graça, assim como Gina e Cee Cee, as melhores amigas de Suze, e sem esquecer do Padre Dominic, que é o maior mentor dela.


Apesar de ter o fundo branco em referência ao casamento, a capa é uma graça e combina com as dos volumes anteriores mantendo o mesmo estilo de fonte, lombada e diagramação. A única diferença está no tamanho da fonte e espaçamento, que são menores.
Uma das pequenas ressalvas que tenho é com relação a tradução. Lembrança (assim como O Pedido) não teve o mesmo tradutor que os seis volumes anteriores e alguns termos dos quais os fãs já estavam familiarizados foram alterados. Por exemplo, "Mi hermosa" virou "mi amada" e morri de desgosto pelo "dialeto carinhoso" e típico de Jesse ter se perdido dessa forma. Acho que quando se trata de uma série deve-se manter não só as capas, mas as características da narrativa dentro de um mesmo padrão de estilo.

Em suma, Lembrança é um livro divertidíssimo que deixa aquele gostinho agridoce na gente e que, enfim, dá um desfecho mais do que satisfatório à esta série tão amada.

Renascida - C.C. Hunter

11 de agosto de 2016

Título: Renascida - Ao Anoitecer #1
Autora: C.C. Hunter
Editora: Jangada
Gênero: YA/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 392
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Della Tsang tinha uma vida perfeita, até ser transformada em vampiro e abandonada por todos que ama. Ela se refugia em Shadow Falls, um acampamento para adolescentes com poderes paranormais. Della está treinando para ser uma agente de investigação paranormal – e ela não vai deixar nada nem ninguém desviar sua atenção desse objetivo! Isso significa que não tem tempo para investir no romance com Steve, um metamorfo apaixonante cujos beijos a deixam de pernas bambas. Quando um novo vampiro chamado Chase aparece no acampamento, a vida de Della fica mais confusa do que nunca. Della terá de enfrentar assombrações fantasmagóricas, uma teia de segredos de família e um novo caso que põe a vida dos seus amigos em perigo. Mas será que ela vai conseguir ser uma investigadora paranormal sem deixar que isso afete sua vida pessoal e seu desejo de viver uma história de amor?
Resenha: Renascida é o primeiro volume da série Ao Anoitecer, spin-off da série Acampamento Shadow Falls escrita pela autora Christie Craig sob pseudônimo de C.C. Hunter. O livro foi publicado no Brasil pelo selo Jangada, do Grupo editorial Pensamento.
Sendo um spin-off, não é obrigatório ler a série principal pois é possível entender perfeitamente a trama. Apesar de ter a coleção, eu ainda não li a saga anterior e em momento algum fiquei perdida. Talvez a leitura fique mais completa se já conhecermos o funcionamento deste universo de antemão, mas sendo sincera, não tive dificuldades em acompanhar a história de Della.

Shadow Falls é um acampamento para jovens com dons sobrenaturais. Sendo considerados problemáticos pela sociedade, esses jovens vampiros, lobisomens, bruxas, fantasmas e afins vão para esse internato para estudarem e se dedicarem a algo relacionado ao mundo sobrenatural.
O maior desejo de Della é se tornar uma investigadora paranormal, mas antes precisa impressionar o coordenador do acampamento, Burnett, se mostrando capaz disso. Focando em seu sonho, nem mesmo Steve (um metamorfo por quem Della é apaixonada e que a ajudou em sua primeira missão), a faz se desviar de seus objetivos.
O relacionamento de Della com os pais não é fácil. Ela demonstra uma tristeza muito grande pois seus pais não sabem que ela é uma vampira e pensam que ela está diferente por andar envolvida com o que não deveria, o que não é verdade. Della se tornou muito fechada, carregando esse fardo por "desapontar" o pai, não sendo mais a filha exemplar que ele gostaria, e isso a corrói por dentro. Ela só confia em Kylie, Miranda, e Steve, e só se sente em casa quado está no acampamento.
Depois de descobrir que tinha parentes vampiros, Della decide encontrar o tio, mas ela acaba tendo que investigar um assassinato cujo principal suspeito é um vampiro. Esta seria a oportunidade perfeita para mostrar sua aptidão e conseguir entrar na UPF (Unidade de Pesquisa de Fallen). Com a ajuda de um recém chegado muito convencido ao acampamento, Chase, a garota adentra os mistérios que rondam o crime e se vê envolvida numa trama bastante sombria e ao mesmo tempo, começa a descobrir mais sobre seu passado e a se surpreender com tais descobertas que podem, inclusive, ser a chave pra muitos dos mistérios com os quais ela se deparou.

Acredito que os fãs da saga Acampamento Shadow Falls devam considerar Ao Anoitecer como leitura obrigatória, pois pra quem gostava de Della, a vampira amiga de Kylie, agora terá a oportunidade de saber muito mais desta adolescente teimosa, cheia de ferocidade, destemida e bastante simpática. Por este livro já fiquei curiosa pra poder começar a acompanhar a primeira série, e ter mais detalhes desse universo de forma geral.

A narrativa é feita em terceira pessoa, o que permite uma visão bem ampla sobre os fatos mas, ainda assim, dando ênfase nos intermináveis dilemas e questionamentos internos de Della. Dessa forma também ficamos próximos do que ela pensa e sente. A escrita é bastante descritiva e fluída, e o ritmo da história é bastante envolvente.
A capa tem um efeito metalizado que dá um toque bem especial ao livro, mas confesso não ter gostado muito da modelo ao canto pois ela não combina muito bem com o cenário dando a impressão que foi recortada e colada alí aleatoriamente, como uma montagem meio mal-feita. A capa estrangeira é bem mais bonita e chamativa. A diagramação é simples e sem detalhes, as páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável.

Eu até que gostei de Della. Ela entende que a atração que ela sente é inevitável e, de certa forma, um problema, mas ela sabe que há coisas mais importantes e mais sérias com o que se preocupar. Ela tem missões a qual liderar, metas a cumprir, várias coisas pra descobrir, mistérios pra resolver, assassinos pra encontrar e tudo é jogado sobre ela de uma única vez. A impressão é que ela não sabe como começar pra resolver tudo.
Talvez a família de Della, sempre complicada e rigorosa, tenha sido uma forma da autora incluir dilemas adolescentes com os quais é possível haver quem se identifique, principalmente quando o filho não atende as expectativas dos pais, e quando os pais não compreendem ou aceitam as condições de seus filhos.
Eu gostei bastante de Steve. Ele é realmente um encanto de garoto. Mesmo com as dúvidas e os conflitos de Della ele sempre está alí ao seu lado, querendo só que ela seja feliz mesmo que isso signifique perdê-la.

Eu sei que livros YA possuem essa característica de relacionamentos amorosos conflitantes, mas como sempre digo, não sou fã de triângulos amorosos, e pensar que algo assim é "importante" para o desenrolar da história não me anima muito. Acredito que outros elementos possam servir de ponto de conflito para causar reviravoltas e/ou colocar os personagens em dilemas complicados sem que o tal triângulo precise mesmo estar alí.

Apesar de alguns clichês, Renascida é indicado pra quem procura por uma história que oferece mistério, bom humor e um toque de romance.

As Crônicas de Della Tsang - C.C. Hunter

10 de agosto de 2016

Título: As Crônicas de Della Tsang - Ao Anoitecer #0,5
Autora: C.C. Hunter
Editora: Jangada
Gênero: YA/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 144
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Esta é uma "introdução" à história de Della Tsang, uma das melhores amigas sobrenaturais de Kylie. Independente e destemida, Della não acredita em fantasmas até que vê seu falecido primo atravessando um beco escuro. Ela também não acredita em vampiros, até que se transforma em um deles! Agora Shadow Falls está enfrentando um problema que pode finalmente expor os sobrenaturais ao resto do mundo! Seres humanos estão sendo assassinados e vampiros criminosos podem ser os culpados. Della é então designada para ajudar a encontrar os responsáveis pelos assassinatos, junto com Steve, um metaformo supergato, e que ela acha atraente demais para ser confiável. Mas ela precisará de sua ajuda, pois se tiver êxito em sua missão, Della talvez até consiga o emprego dos seus sonhos: trabalhar para a UPF - o FBI do governo sobrenatural.
Resenha: As Crônicas de Della Tsgang é uma introdução à série Ao Anoitecer, spin off da saga Acampamento Shadow Falls.
O livro é composto por duas crônicas: Transformada na Calada da Noite, que conta como ela se tornou uma vampira, como foi transformada e como ela lidou com essa nova condição dalí pra frente; e Salva ao Nascer do Sol, que narra a missão que Della recebe da UPF, o instituto que investiga os crimes cometidos pelos seres sobrenaturais. Nessa segunda crônica (mais completa e com quatro capítulos), ela já está em Shadow Falls e a história se passa logo quando Kylie sai do acampamento em busca do avô. Della e Steve se unem para investigar alguns vampiros suspeitos de matar humanos em rituais de iniciação, e essa investigação pode ser uma oportunidade para que ela mostre que é capaz se fazer parte da unidade.

Della tem dezesseis anos, levava uma vida feliz e tranquila, era a filha exemplar, a irmã modelo, e namorada de Lee. Até avistar um primo que ela acreditava estar morto, e ao segui-lo, se envolveu numa confusão onde acabou sendo transformada em vampira. Então, acompanhamos seu processo de aceitação e transformação, não só física, mas psicológica e até de comportamento. Por ter mudado, mesmo que a família não soubesse que ela havia se tornado vampira, passou a ser tratada com indiferença e sentiu que todos começaram a se afastar. Logo ela foi para o acampamento Shadow Falls, um lugar onde ela poderia lidar melhor com sua nova condição e aprender mais sobre si mesma.
Então nos deparamos com uma Della habituada à sua nova vida, já firmou algumas poucas amizades e parte numa missão junto com Steve. E a partir dessa missão é que podemos acompanhar como surgiu seu envolvimento com o rapaz.

Apesar e bem curtinhos, os contos já mostram muito da personalidade de Della, e o quanto ela ainda nutre um sentimento de mágoa e amargura por Lee e a família por terem a abandonado e que grande parte de sua mudança foram devido a estes fatores, logo a dor e a decepção fizeram com que ela desenvolvesse uma grande dificuldade em deixar que se alguém se aproxime dela, de confiar nas pessoas e de se apaixonar, com medo de se ferir outra vez. Até conhecer Steve...

O livro tem um formato pequeno, é bem curtinho e rápido de ser lido, mas já fornece informações importantes e que vão situar o leitor muito melhor ao iniciar a série Ao Anoitecer. A capa tem um efeito metalizado bem bacana

Não acho que ele seja de leitura obrigatória, mas com certeza irá situar o leitor em algumas partes importantes e outros detalhes da vida de Della que farão com que o leitor fique por dentro de suas origens, mas que ainda vão precisar de maiores explicações nos futuros livros para que quaisquer dúvidas possam ser esclarecidas.


Temporada dos Ossos - Samantha Shannon

20 de julho de 2016

Título: Temporada de Ossos - Bone Season #1
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Ambientada em 2059, a trama acompanha a protagonista Paige Mahoney, uma andarilha onírica, alguém capaz de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Considerada traidora pelo governo, Paige paga por seu dom com a sua liberdade e é enviada para uma prisão secreta em Oxford. Lá, ela conhece os Rephaim, criaturas de uma raça antiga que desejam controlar a clarividência de Paige e de outros como ela, e precisará aprender a confiar em aliados improváveis não só para reconquistar a liberdade, mas garantir a própria sobrevivência. Considerada um dos principais nomes da literatura de fantasia dos últimos tempos, Samantha Shannon entrega aos leitores um romance surpreendente e arrebatador.

Resenha: Temporada de Ossos é o primeiro volume da série Bone Season escrita pela autora inglesa Samantha Shannon e publicado no Brasil pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

O ano é 2059 e o mundo já não é mais o mesmo. Aqueles que são dotados da paranormalidade são temidos pela sociedade e o governo partiu numa caça desenfreada aos clarividentes. Scion é uma das cidades mais seguras para as pessoas normais viverem e a vigilância constante contra os poderes mentais dos clarividentes é constante. Devido a isso, vários grupos clandestinos de desnaturais, divididos em cortes e sessões, foram formados no submundo. Essas pessoas precisam viver incógnitas, precisam evitar que suspeitas sejam levantadas sobre elas para que não sejam capturadas. Num desses grupos está Paige Mahoney, uma jovem de dezenove anos com o poder de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Ela é uma Andarilha Onírica e é uma das mais poderosas de sua classe. Em troca das suas habilidades, ela recebe proteção ao ser concubina de Jaxon Hall, o Mime-Lorde que lidera os Sete Selos, seu grupo de elite. Esses líderes são como mafiosos, e embora ele dê abrigo a Paige, ela sabe que está longe do perigo... Após alguns acontecimentos, Paige é capturada e levada para uma torre em Sheol I, conhecida como Oxford, onde é mantida presa secretamente pelos Rephaim, criaturas que culpam os desnaturais por vários problemas que foram desencadeados através do uso de seus dons e que por isso os escreviza a fim de controlar a clarividência que eles possuem. Resta a Paige lidar com a verdade obscura que descobre enquanto tenta aprender o suficiente para sobreviver, fugir e reconquistar sua liberdade.

A história é narrada em primeira pessoa através da perspectiva de Paige, sob uma escrita precisa, densa, com ritmo lento para os acontecimentos e muito descritiva, e sendo classificada como uma distopia, temos um governo totalmente opressor e uma classe social igualmente oprimida, e como consequência, aqueles que lutam para sobreviver e/ou combaterem essa falta de liberdade, e claro, vivendo na ilegalidade. A impressão que tive foi que a autora uniu vários elementos conhecidos de outras histórias da literatura e tornou tudo mais complexo, adicionando alguns elementos novos, criando ramificações afim de subdividir classes e determinadas características dos personagens e dando muitas explicações como forma de introduzir o leitor nesse universo repleto de camadas intrincadas e bem interessantes, mas em alguns pontos isso torna a leitura lenta e cansativa devido a essa grande quantidade de informações cheias de detalhes que acabaram me deixando um pouco confusa. Confesso que demorei a me situar na trama por causa disso, pois memorizar o funcionamento do sindicato do crime no submundo, quais as punições dadas aos criminosos capturados, me familiarizar com nomenclaturas e termos diferentes para cada coisa, e até mesmo como funciona o tipo raro de clarividência de Paige não foi uma tarefa muito fácil já que a história continua seguindo. Juro que eu iria gostar muito se o livro fosse adaptado para as telinhas para que a visualização do funcionamento desse universo fosse compreendida de forma mais fácil.
Eu acredito que o ritmo lento da trama foi um fator proposital, pois assim o final acabou funcionando muito melhor. São muitas coisas acontecendo e a cada página a sensação é que mais e mais informações nos são jogadas, sendo necessário uma atenção redobrada para não perder detalhes.

Paige é uma protagonista inteligente, cheia de determinação e ambições. Ela também não é apresentada como uma personagem perfeita, pois por ser impulsiva e teimosa, nem sempre age com razão, e pelos seus erros, ela dá uma sensação de realidade, de gente como a gente, em meio a fantasia. Ela tem espaço para crescer e a medida que a história se desenrola ela é muito bem desenvolvida. Apesar dos membros dos Sete Selos terem sido bem trabalhados, mostrando particularidades e características importantes, eles não tiveram muito espaço e senti falta de um maior desenvolvimento para eles.
Eu gostei bastante da construção dos Rephaim. A cultura da sociedade, seus costumes e a forma como vivem são bem intrigantes, e Nashira, a líder, é uma personagem ótima, mesmo que ardilosa e cruel.

O projeto gráfico do livro é lindo! A capa é simples mas tem efeitos bastante caprichados e que lembram uma textura de jeans, o título é dourado e a parte interna da capa é de um laranja bastante vivo. A diagramação é simples, a fonte é pequena, cada início de capítulo tem o mesmo símbolo presente na capa e podemos contar com o mapa da Colônia Penal de Sheol 1, a classificação completa dos sete tipos e subtipos de clarividentes e um glossário ao fim do livro explicando vários termos utilizados.

Temporada dos Ossos é o primeiro volume de uma série composta por sete livros e é indicada para os fãs de distopia e fantasia sobrenatural que procuram por tramas complexas e bem construídas. A história é criativa, divertida, tem um grande impacto e, mesmo que complexa, desperta o interesse e faz querer mais. Super recomendo!

Anna Vestida de Sangue - Kendare Blake

25 de junho de 2016

Título: Anna Vestida de Sangue - Anna #1
Autora: Kendare Blake
Editora: Verus
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2016
Páginas: 252
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cas Lowood herdou uma vocação incomum: ele caça e mata os mortos. Seu pai fazia o mesmo antes dele, até ser barbaramente assassinado por um dos fantasmas que perseguia. Agora, armado com o misterioso punhal de seu pai, Cas viaja pelo país com sua mãe bruxa e seu gato farejador de espíritos. Juntos eles vão atrás de lendas e folclores locais, tentando rastrear os sanguinários fantasmas e afastar distrações, como amigos e o futuro.
Quando eles chegam a uma nova cidade em busca do fantasma que os habitantes locais chamam de Anna Vestida de Sangue, Cas espera o de sempre: perseguir, caçar, matar. Mas o que ele encontra é uma garota envolta em maldições e fúria, um espírito fascinante, como ele nunca viu. Ela ainda usa o vestido com que estava no dia em que foi brutalmente assassinada, em 1958: branco, manchado de vermelho e pingando sangue. Desde então, Anna matou todas as pessoas que ousaram entrar na casa vitoriana que ela habita. Mas, por alguma razão, ela poupou a vida de Cas.
Agora ele precisa desvendar diversos mistérios, entre eles: Por que Anna é tão diferente de todos os outros fantasmas que Cas já perseguiu? E o que o faz arriscar a própria vida para tentar falar com ela novamente?

Resenha: Anna Vestida de Sangue é o primeiro volume de Anna, escrita pela autora coreana Kendare Blake e publicado no Brasil pela Verus.

Cas Lowood tem uma vida um tanto incomum. Ele é um garoto de dezessete anos que, munido de um athame (um punhal poderoso que pertencia ao pai), viaja com sua mãe bruxa e com Tybalt, seu gato que vê espíritos, pelo país a procura de lendas e fantasmas que atormentam as pessoas. A estadia deles nas cidades por onde passam são curtas, Cas sempre muda de escola e nunca fica tempo o bastante para fazer amizades. Ele herdou do pai, que morreu atacado por um fantasma, o dom de caçar mortos a fim "matá-los" e de mandá-los para o lugar que deveriam ter ido quando morreram. Cas ainda pretende vingar a morte do pai, mas enquanto o momento não chega, ele continua com seu trabalho por onde passa.
A próxima parada foi em Thunder Bay, uma cidadezinha em Ontário cujos habitantes temem o fantasma de uma garota que é conhecida como Anna Vestida de Sangue. Ela morreu há mais de sessenta anos, aos dezesseis anos usando um vestido de baile, e sua morte é um verdadeiro mistério, e a única coisa que sabem é que ela habita e assombra uma casa vitoriana e todos que ousaram entrar lá foram mortos de forma brutal.
Cas não se surpreende de imediato... Pra ele, Anna era só mais um fantasma qualquer que deveria ser perseguido e morto como todos os outros que ele já caçou, mas ao se deparar com ela, percebe que as coisas não são nada como ele pensou... Ao ficar frente a frente com Anna, Cas, inexplicavelmente, é poupado. Por trás de toda fúria que há em Ana, há muitos mistérios que precisam ser revelados para que Cas descubra por que ela é diferente de todos os fantasmas que ele já perseguiu e, assim, poder ajudá-la de alguma forma.

Fugindo de narrativas femininas e tradicionais para livros YA, a história é contada através do ponto de vista de Cas. A autora não perde muito tempo dando explicações enormes ou muitos detalhes mostrando como tal personagem chegou onde está e o motivo, indo direto ao ponto, sem floreios e sem necessidade do leitor ficar imaginando ou supondo coisas que não existem. Ela conta muita coisa usando poucas palavras, o que facilita e torna a leitura ágil, mas talvez por isso algumas coisas tenham ficado desinteressantes (o que me fez demorar muito pra finalizar a leitura), outras sem explicações, ou as poucas que tiveram não foram suficientes pra me convencer. A primeira delas é sobre o próprio Cas, que nunca teve amigos por viver se mudando de cidade, mas, convenientemente, ao chegar em Thunder Bay ele forma um grupinho habilidoso com colegas do colégio, todos estereotipados e do tipo "unidos venceremos" que o ajuda a enfrentar o pior e mais sanguinário fantasma que ele iria enfrentar na vida.
A primeira impressão que Cas passa é de um garoto super badass considerando o tipo de trabalho que ele faz, mas com o desenrolar da história ele se revela alguém que não está com essa bola toda.
Juro que não entendi como a mãe de Cas parecia não se importar e achar super normal o filho sair por aí correndo perigo e enfrentando mortos sendo que seu marido morreu nas mãos de um. Talvez haja uma explicação plausível pra esse comportamento no próximo volume, mas até então achei essa mãe um tanto despreocupada com a segurança do filho.

O que torna a leitura mais interessante e faz valer a pena é o fantasma de Anna, cujas descrições e cenas em que aparece são até bem assustadoras, sombrias e cheias de sangue. Quando sua história é revelada a vontade é de chorar, pois é terrível e de cortar o coração, mas ainda fiquei esperando o motivo de ela não ter estraçalhado Cas como fez com todos os outros que invadiram sua casa já que, embora ele seja o único com a habilidade de matar gente morta, nada foi explicado sobre o motivo dele ser tão especial e senti falta de mais informações sobre sua linhagem de caçadores de fantasmas para que as coisas fizessem mais sentido.
Outro ponto bacana da história é sobre a mitologia no que diz respeito aos fantasmas. Eles, na maioria das vezes, permanecem onde morreram por terem sido vítimas de um crime violento e agora buscam por vingança, às vezes nem sabem que morreram, ou às vezes passaram por coisa pior... O motivo de eles assombrarem os lugares e fazer o que fazem está ligado a fatores que convencem, assim como alguns deles apresentarem "solidez" a ponto de poderem ser tocados... Isso tornou a leitura atraente, instigante e até original, mesclando fantasia com elementos de terror, além de fugir dos clichês que caracterizam fantasmas como seres etéreos e flutuantes.

Há romance, sim, mas não senti química e considerei que o forte e inexplicável vínculo que se baseou em compaixão e respeito é algo que os personagens estavam, de fato, destinados a viverem em algum momento (seja em vida ou na morte), mas eu só espero que no final das contas a coisa toda não se torne conveniente e absurda como aconteceu no final de "A Mediadora" e todos, literalmente, vivam felizes para sempre.

Sobre o projeto gráfico, é claro que a capa é linda! É sombria e representa perfeitamente o fantasma de Anna com o cabelo esvoaçante num ambiente lúgubre e o vestido branco pingando sangue. As páginas são amarelas os capítulos são numerados com pequenos ornamentos e a diagramação é simples.

No mais, Anna Vestida de Sangue é um romance jovem adulto imprevisível e que surpreende à sua maneira, com pegadas sobrenaturais e toques de mistério, com bom ritmo e que vai causar alguns arrepios nos leitores.
Apesar do que apontei como pontos falhos no enredo, foi uma leitura bem proveitosa, e resta agora aguardar a continuação, "Girl of Nightmares".

A Vingança de Mara Dyer - Michelle Hodkin

10 de fevereiro de 2016

Título: A Vingança de Mara Dyer - Mara Dyer #3
Autora: Michelle Hodkin
Editora: Galera Record
Gênero: YA/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 378
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A série mescla paranormalidade, conspiração e romance para contar a história de uma adolescente com poderes especiais. Elogiada pelas autoras das séries Divergente e Instrumentos Mortais, Michelle Hodkin cria aqui uma trama surpreendente, onde nada é o que parece. Depois de descobrir que consegue matar apenas com o pensamento, assim como seu namorado é capaz de curar com a mesma facilidade, Mara Dyer é capturada por uma inescrupulosa médica, que a faz passar por uma série de testes e experimentos. Mas Mara não está sozinha. Outros jovens com poderes igualmente extraordinários são usados como cobaia. Com a ajuda deles, e de um velho inimigo, ela consegue fugir e parte em busca de vingança.

Resenha: Mara está de volta e quer vingança. A leitura do primeiro volume, A Desconstrução de Mara Dyer, parece ser o pontapé para uma trilogia incrível (e quase chega a isso). Sua sequência, A Evolução de Mara Dyer, se mostrou igualmente ótima em nível de suspense, enigma e até mesmo com um pouco de ação. Porém, A Vingança de Mara Dyer, que tinha tudo para ser uma desfecho incrível, foi na contramão e acabou se tornando muito morno e inconclusivo. Dyer, literalmente, não soube como se vingar.

Tudo começa com Mara em um lugar desconhecido, com o pensamento turvo e a total falta de habilidade para se livrar daquilo. Dra Kells, claro, está sob o comando dela e seus poderes. Nesse início do livro é esperado que, conforme a trama avance, a emoção se torne cada vez mais intensa. Mas não acontece. Um dos problemas desse fecho é a falta de habilidade que a autora teve para lidar mais profundamente com questões tão cruciais para a trilogia.

Tudo na trama acontece bem rápido, de forma ágil, mas sem a tratativa necessária para que o leitor se aprofunde na história. Dra Kells é uma peça importante para todo o que acontece com a vida de Mara, mas faltou foco na personagem. A questão relacionada a Mara, Noah e Jude também recebeu uma tratativa muito simples; era inimaginável esperar um final daqueles para eles. Foi tudo muito raso. Outro ponto importante: onde foi parar a família da garota? Eles têm um papel tão ínfimo que nem dá pra notar a presença deles no livro. Fica difícil não comparar os volumes anteriores com esse e se questionar sobre onde foi parar aquele enredo tão bom e promissor.

A narrativa é feita em primeira pessoa. Felizmente, há um ponto positivo sobre a estruturação: há um começo, meio e fim bem colocados. O começo é narrado de forma objetiva e clara. Já a partir do meio, a história caminha meio que para lugar nenhum, é tudo muito inconclusivo e sem importância. Mara, juntamente de Stella e Jamie, encontram um personagem que desempenha um papel nada relevante. Há um mistério sobre as vidas ancestrais dela, o que deu um feliz ar de "esse livro pode valer a pena por isso". Caminhamos pelo passado e pelas visões da protagonista na Índia e Inglaterra, e isso dá um bom embasamento para o presente e explica alguns pontos importantes, que nos situa na trama.

Num final de trilogia, o protagonista precisa mergulhar numa aventura que não abra espaço para o leitor se entediar ou se queixar de algo, mas isso ocorre em A Vingança de Mara Dyer. O fim é esperado, pois seria muito difícil contornar todas as faltas cometidas. O que deveria ser o ponto alto da trama se mostra sem tensão alguma. Com algumas questões sem conclusão e um desfecho pouco emocionante, Michelle Hodkin tinha nas mãos uma grande trilogia, mas não soube aproveitar ela ao todo. Os dois primeiros volumes da trilogia Mara Dyer valem a leitura, mas o terceiro livro, que devia vir enlaçar de maneira excelente o que começou bem, não cumpre seu papel.

O Livro da Vida - Deborah Harkness

7 de janeiro de 2016

Título: O Livro da Vida - All Souls #3
Autora: Deborah Harkness
Editora: Rocco
Gênero: Romance/Sobrenatural/Literatura Estrangeira
Ano: 2015
Páginas: 560
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Considerada pela crítica nos Estados Unidos “uma ponte entre Harry Potter, Crepúsculo e a série Outlander”, a Trilogia das Almas, de Deborah Harkness, chega ao fim com O livro da vida, uma perfeita fantasia para adultos, que alcançou o topo da lista dos mais vendidos do The New York Times em seu lançamento. Depois de A descoberta das bruxas e Sombras da noite, a autora entrega aos leitores informações surpreendentes sobre o manuscrito Ashmole 782 e sua conexão com bruxas, vampiros e demônios que vivem entre os humanos, além de selar o destino da cientista e bruxa Diana Bishop e do geneticista e vampiro Matthew Clairmontt, com sua bem-sucedida combinação de magia, história, amor e ciência.

Resenha: O Livro da Vida fecha a trilogia All Souls, escrita pela autora Deborah Harkness e publicado pela Rocco no Brasil.
Nesta conclusão, Diana e Matthew retornam do século XV para o tempo presente em busca do Livro da Vida. A gravidez de Diana altera a forma de encararem a missão envolvendo o manuscrito, mas eles irão enfrentar ameaças e perigos na busca pelas últimas páginas desaparecidas do Ashmole 782, pois compreender seu significado pode trazer a segurança necessária para o futuro e a salvação da família.

É absolutamente formidável o aspecto romântico inserido pela autora na trama. O amor entre Diana e Matthew é aquele tipo que aquece corações e saber que a história chegou ao fim vai me fazer sentir uma enorme saudade. A construção e o desenvolvimento dos outros personagens também foi feita com maestria, e história de alguns deles acabou mexendo bastante comigo. Ysabeau me surpreendeu, pois quem poderia imaginar que uma vampira que caçava bruxas chegaria ao ponto de proteger uma mesmo que isso significasse colocar a própria vida em risco?
A narrativa da autora é ótima e ela sabe como conduzir o leitor para que ele viva a história. As descrições dos cenários e os fatos históricos apresentados vieram de pesquisas reais, logo, é incrível poder ter o prazer de se deparar com uma leitura que envolve fatos históricos e científicos que se mesclam ao elemento sobrenatural. Por mais fantasiosa que possa parecer, a história se torna crível e por isso é tão boa.

Neste volume eu fiquei presa às emoções de Diana como não havia ficado antes. É raro eu realmente sentir empatia e simpatia pelos personagens a ponto de me identificar com algum deles e sentir falta quando o livro chega ao fim, e posso dizer que eu amei. Amei!
Gallowglass é um dos meus personagens preferidos e que fez meu coração ficar em pedaços, mas prefiro não falar sobre pra evitar spoilers e surpresas. Vocês precisam ler. Sério!

Eu só fiquei um pouco irritada com a ideia do Ashmole 782 pois ao final fiquei com a ideia na cabeça de que foi um elemento que não acrescentou nada de tão importante assim pra ter sido tão mencionado quanto foi.
Minha  ressalva aqui é sobre alguns personagens secundários muito interessantes mas que não tiveram brecha o bastante para que eu pudesse saber mais sobre cada um deles. Imaginem... Metade dos personagens é imortal, e muitos deles não tiveram nada sobre seus passados e segredos abordados. Vieram e se foram rápido, mas foram marcantes o bastante pra se tornarem memoráveis.
O bom da trilogia é que devido a sua complexidade e enorme quantidade de personagens, há uma série imensa de novas possibilidades a serem aprofundadas, seja em livros paralelos ou cujas perspectivas fiquem sob outros personagens tão cativantes quanto os principais.

Um ponto bem válido que acho necessário destacar é sobre a dinâmica entre o casal no relacionamento. Matthew, como sabemos, é um vampiro ancestral, que durante séculos conservou valores tradicionais e desenvolveu um grande instinto de proteção. Logo seria mais do que óbvio que tal instinto ficasse muito mais aflorado com a ideia de que sua esposa estava carregando seus filhos. Não é que Diana é uma personagem passiva e que aceita tais tendências vindas de um homem que podem ser interpretadas como agressivas. Acredto que todas as relações podem ser comparadas com situações que nos deparamos hoje em dia, as criaturas, seus interesses, a forma como levam suas vidas e pelo que lutam e podemos ver de forma geral em toda a trilogia que na sociedade ainda há sexismo, há segregação mas, ainda assim, a estrutura no que diz respeito às crenças particulares de cada espécie se mantém no tradicionalismo, mesmo que alguns mudem de lado.

Um aspecto interessante dos livros que pode ser apontado é que ele não se trata apenas de uma fantasia sobrenatural com personagens ótimos. A história aborda o casamento de uma forma que vai além do felizes para sempre e mostra o quão pode ser complexo. As questões do dia a dia e as atitudes pra cada tipo de ação vinda do companheiro são experiências que colaboram para o amadurecimento e o crescimento. Um casamento precisa estar em constante evolução, pois caso se mantenha estagnado não haverá equilíbrio e tudo acabará saindo dos eixos mais cedo ou mais tarde. E tudo isso pra falar que Diana e Matthew aprenderam um com o outro o que é, de fato, ser marido e mulher.

Sobre a parte física, a capa é a mais bonita entre os três livros da trilogia. Não só pelo tom de verde e pelas ilustrações sugestivas, mas pelos detalhes em dourado que a deixaram bastante caprichada. A diagramação continua simples, as páginas brancas e a fonte pequena, mas dessa vez a revisão foi caprichada e não percebi erros que incomodaram como no livro anterior.
A cada início de capítulo há um trecho relacionado a um dos signos do zodíaco que tem a ver com o que vai se passar a seguir.

De forma geral, eu simplesmente não posso explicar da forma como gostaria o quanto eu amo essa trilogia. A escrita, os personagens, o cenário, o enredo... É um combo perfeito.
O Livro da Vida é um livro que traz uma história que aborda o amor, a aceitação, sobre encontrar a paz e sobre a aceitação de ser quem você é. A habilidade em que Deborah  Harkness tem para descrever seus personagens, suas ações e seus pensamentos é ímpar, pois através de suas palavras eles ganharam vida e tornam a trama ainda mais especial.
Uma das melhores trilogias sobrenaturais que já li e, assim que possível, pretendo reler.

Sombra da Noite - Deborah Harkness

4 de janeiro de 2016

Título: Sombra da Noite - All Souls #2
Autora: Deborah Harkness
Editora: Rocco
Gênero: Romance/Sobrenatural/Literatura Estrangeira
Ano: 2013
Páginas: 576
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em A Descoberta das Bruxas, a pesquisadora Diana Bishop, descendente de uma antiga linhagem de bruxas, e o geneticista Matthew Clairmont, um vampiro ancestral, se veem no centro de uma batalha sobrenatural pela disputa de um manuscrito conhecido como Ashmole 782. Atraídos um pelo outro, os dois subvertem antigos tabus.
Enquanto ambos se aprofundam no segredo do manuscrito, Diana precisa localizar a bruxa que será a tutora de sua magia. Para isso, os dois fazem uma incursão por uma Londres elisabetana, lar da misteriosa Escola da Noite, um grupo de velhos amigos de Matthew que inclui personalidades como Christopher Marlowe e Walter Raleigh. Para Matthew, o que está em jogo são seus segredos mais sombrios, vestígios de um passado até então adormecido. Para Diana, essa nova jornada poderá ser a chave para entender o seu legado.
Neste segundo volume da Trilogia das Almas, Deborah Harkness tece uma intrigante tapeçaria que entrelaça paixão, alquimia, ciência e história, em uma viagem através do tempo.

Resenha: Sombra da Noite, da autora Deborah Harkness, é o segundo volume da trilogia All Souls, publicada pela Rocco no Brasil.

No primeiro livro, Descoberta das Bruxas, somos introduzidos ao universo criado pela autora em que Diana Bishop é uma historiadora que passou a vida negando que é uma bruxa, querendo apenas distância da magia. Mas ela acaba encontrando o Ashmole 782, um manuscrito poderoso procurado por seres perigosos que passaram a vigiá-la de perto ao descobrirem que ela encontrou tal relíquia. As coisas começam a ficar mais interessantes quando Matthew Clairmont entra em cena e se revela um vampiro milenar, e os acontecimentos que se desenrolam a partir de então irão mudar a vida de Diana pra sempre... Juntos eles se vêem no centro de uma batalha sobrenatural pela disputa do manuscrito e ambos acabam quebrando as leias da atração entre humanos e seres sobrenaturais.

Em Sombra da Noite, a história segue de onde parou no primeiro livro. Diana e Matthew viajaram de volta a Oxford de 1591, a era elisabetana, em busca de uma bruxa poderosa que pudesse ensinar Diana a usar sua magia a partir do Ashmole 782. Mas nessa ida ao passado, Diana acaba chamando a atenção dos amigos de Matthew devido aos seus costumes diferentes podendo colocar em risco seus planos. Ela precisa se encaixar e o Ashmole 782 perde lugar para suas novas preocupações.
Até que um incidente faz com que Diana tenha contato com as bruxas de Londres e ela passa a descobrir mais sobre seu envolvimento com Matthew, assim como seus segredos.

O livro é narrado em terceira pessoa, assim como o primeiro. A capa é bonita e tem detalhes metalizados em tom de rosa sobre o título. Apesar da fonte ser a mesma para os títulos, achei que a capa do primeiro livro fugiu um pouco do padrão desta, tanto pelos detalhes como pela forma do título na lombada. A diagramação é simples, a é fonte pequena e as páginas são brancas. A revisão deixou um pouco a desejar pois percebi alguns erros e alguns trechos parecem ter sido mal traduzidos já que não fizeram muito sentido durante a leitura. Também senti falta de notas de rodapé para traduções dos textos apresentados em latim e alemão.

Diana está num grande dilema acerca do tempo. Ela é diferente das mulheres da época com relação a aparência e na maneira de falar, e fica tentando se encaixar naquele século ao mesmo tempo em que lida com sua magia. É interessante acompanhar o interesse dela quando está diante dos amigos de seu marido e das conversas deles em latim, lingua bastante enferrujada pra ela e como ela tem que aprender e colocar em prática os costumes e modos da época. Diana enfrenta seus medos a fim de conhecer seu eu interior e ao descobrir mais sobre seu poder de tecer o tempo fica fascinada, e acaba fascinando o leitor também nessa instigante jornada.

Apesar de se mostrar alguém bastante controlador (mas nada que Diana não resolvesse com seu pulso firme colocando esse homem em seu devido lugar), eu gostei de Matthew e do que ele acaba representando. Em 1591 ele era um espião da rainha Elizabeth responsável pela matança de bruxas na Escócia e em outros lugares na Europa, mas o Matthew de hoje quer enterrar o que era e o que fez. Ele tem outra visão sobre as bruxas e se tornou um vampiro diferente quando começou a se envolver com Diana. Então é possível acompanhar sua luta para consertar os erros que cometeu no passado, já que ele voltou no tempo, enquanto teme que o futuro poderá ser alterado de forma trágica.
Esse aspecto do tempo e como cada ação interfere no futuro faz com que seja possível refletir acerca dos nossos próprios atos. Se pudéssemos alterar qualquer coisa que aconteceu no passado, o que seria da nossa vida hoje?
Eu gostei do relacionamento pois ele atingiu um nivel diferente. Mesmo com problemas, eles aprendem um com o outro em busca de melhorias em vez de deixarem as coisas ficarem estagnadas até estragar.
Durante a leitura eu percebi que cada parte do livro é destinada a uma mensagem em particular. A primeira é de grande tensão entre Diana e Matthew mas é possível perceber que para que eles sejam um casal pleno, eles precisam primeiro conciliar quem são e resolverem suas diferenças. É difícil acompanhar um casal inseguro e incapaz de se comunicarem direito, pois tais problemas abalam as emoções e os sentimentos fazendo com que questionemos se é algo que vale a pena investir e levar em frente.
Embora possamos acompanhar Matthew confrontando seus demônios, já fica visível que ele e Diana crescem como casal e finalmente consumam o relacionamento que cultivaram. Nada fica focado apenas no amor, mas também no perdão e na cura pois pra que as coisas possam dar certo é preciso que se dê chances pra isso.
Diana enfrenta seus medos com relação ao poder que possui, e junto com Matthew precisa lidar com a perda, mas um ponto positivo é que ela passa a lutar contra as barreiras que construiu em volta de si mesma em que ela negava sua magia, e deve, agora, ficar de frente com o que sempre esteve alí. O que vem daí é uma revelação incrível abordando conexões que ligam o que está ao redor na vida de todos no universo e em tudo o que há nele.

Sombra da Noite é fantástico, tanto pelo conhecimento que nos passa quando pela necessidade que nos desperta em compreender aquilo que não entendemos. Um livro que fala de família e amor. A autora construiu uma história sobrenatural que se mescla com história e ciência de uma forma genial e surpreendente. A leitura é agradável e relativamente rápida, mesmo com a grande quantidade de páginas.

É uma das minhas trilogias favoritas e pra quem procura por uma história que se passa num universo fascinante e cheio de surpresas, recomendo! A mistura genial entre ação, romance e mistério que nos leva a uma incrível viagem pelo tempo junto com personagens únicos torna a leitura obrigatória!


O Nome da Estrela - Maureen Johnson

27 de dezembro de 2015

Título: O Nome da Estrela - Sombras de Londres #1
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No mesmo dia em que o primeiro de uma série de assassinatos brutais acontece em Londres, a norte-americana Rory Deveaux chega à cidade para começar uma nova vida em um colégio interno. Os crimes hediondos parecem imitar as atrocidades de Jack, o Estripador, praticadas há mais de um século. Logo a febre do Estripador toma conta das ruas de Londres, e a polícia fica desconcertada com as poucas pistas e a ausência de testemunhas. Exceto uma. Rory viu o principal suspeito no terreno da escola. Mas ela é a única pessoa que o viu – a única que consegue vê-lo. E agora, Rory se tornou seu próximo alvo. Neste thriller envolvente, cheio de suspense e romance, Rory descobre a verdade sobre suas novas e chocantes habilidades e os segredos das Sombras de Londres.

Resenha: O Nome da Estrela, primeiro volume da série Sombras de Londres, é um suspense juvenil escrito pela autora Maaureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

Aurora Deveaux, ou Rory, é uma adolescente americana que sai do interior de Louisiana e chega a Londres para se alojar e estudar num colégio interno pelo período de um ano. Porém, no dia de sua chegada, ela descobre que há um assassino à solta que parece estar seguindo os mesmos passos de Jack, o Estripador, já que sua primeira vítima foi esquartejada da mesma maneira que Jack fazia em 1888. Londres está em polvorosa pois ninguém consegue descobrir quem está cometendo todas essas atrocidades.
Sem testemunhas e sem pistas, a polícia fica de mãos atadas, até Rory ver o suspeito na propriedade da escola e se tornar uma testemunha. Então, ao cruzar o caminho deste brutal assassino, Rory se vê forçada a tentar resolver os crimes já que parece ser a única que consegue vê-lo, mas corre perigo ao se tornar seu próximo alvo...

Não nego que a premissa promete bastante, mas achei que a autora se perdeu em meio a uma escrita um tanto quanto rasa para só dar um gás e surpreender ao fim. O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista e podemos acompanhar como é sua descoberta para um dom do qual ela desconhecia ter: ela consegue ver fantasmas e logo se dá conta de que o assassino se encaixa nesse "perfil".
A autora conseguiu incorporar bem alguns elementos e detalhes dos crimes na história, mas não achei que nada foi aterrorizante o bastante pra causar medo. Há surpresas, sim, mas o ritmo lento no início com tudo minimamente detalhado acaba tirando um pouco da empolgação com a leitura, principalmente quando a impressão que fica é que os pesonagens parecem estar impedidos de participar de tudo o que acontece e a ação dá lugar a muita conversa, a maioria descartável.
Um ponto legal, mas que acaba lembrando muito o universo de Harry Potter, é a questão da escola e da convivência de Rory com seus novos amigos. É tudo bastante natural, principalmente por Rory ser uma adolescente e se comporta exatamente como uma, com o diferencial de que, a partir do momento em que descobre seu dom de poder ver fantasmas, ela vai levando a vida como pode enquanto lida com esse pequeno novo detalhe. Tais fatores colaboraram para que a história ficasse mais fluída e menos cansativa.
Não espere por um romance meloso e inesquecível. Há toques de romance no ar, não nego, mas o foco é a habilidade de Rory que acaba sendo útil na investigação dos crimes terríveis, e é isso que fez com que o livro me agradasse mais já que ando meio saturada de romances juvenis.
Os personagens não me marcaram e fiquei na dúvida se eles realmente não são nada interessantes de propósito ou se foi a autora que não soube construí-los muito bem a ponto de despertar minha simpatia.

Não achei muito legal a ideia de Rory ter pais tão ausentes e despreocupados em deixá-la na escola enquanto assassinatos aconteciam ao redor do lugar. Isso me soou um tanto absurdo, assim como outras situações envolvendo a polícia de Londres e a parte que envolve as questões sobrenaturais da história (que prefiro não mencionar já que é um spoiler enorme). Só posso dizer que o que motiva o assassino a cometer crimes, pra mim, não fez sentido nenhum.

A capa do livro é bem caprichada, com respingos de "sangue" em verniz sobre a capa aveludada. A diagramação também é uma graça pois a cada início de capítulo o texto fica entre uma moldura com ornamentos. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

O livro deixa um gancho para uma sequência, mas pode ser encarado como livro único já que, de forma geral, é bem fechado. O caso se encerra e acho que se alguém não gostar da leitura ou não tiver a curiosidade atiçada não vai ficar com a ideia de necessidade da continuação para saber o que mais poderá acontecer.
O Nome da Estrela não é ruim, só é preciso insistir um pouco até que as coisas legais comecem a acontecer. Pelo toque juvenil e escolar, por mais que tenha suspense, pode ser lido tranquilamente por leitores mais jovens que queiram se deparar com algumas mortes sangrentas a serem investigadas...


Alma Negra - Holly Black

5 de dezembro de 2015

Título: Alma Negra - Mestres da Maldição #3
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cassel Sharpe cresceu achando que era um ser humano comum, sem habilidades especiais, até descobrir que estava sendo manipulado por seus irmãos para se tornar um trapaceiro e assassino. Afinal, ele é um tipo raro e muito poderoso de mestre da maldição, capaz de transformar objetos e seres vivos em algo completamente diferente com um simples toque. Depois de Gata Branca e Luva vermelha, o jovem está decidido a deixar o passado de fora da lei para trás. Mas para isso tem que tomar decisões difíceis, como se afastar de seu grande amor, e reaprender a distinguir a linha tênue que separa o certo do errado, a verdade da mentira – mesmo com seu coração, e sua vida, correndo risco. Com uma trama envolvente, Alma negra é o eletrizante desfecho da trilogia Mestres da Maldição.

Resenha: Alma Negra é o terceiro volume da trilogia Mestres da Maldição, escrita pela autora Holly Black e publicada no Brasil pelo selo Rocco Jovens Leitores.

Por se tratar de uma continuação, a resenha contém spoilers dos livros anteriores!

Cassel Sharpe é um adolescente que cresceu num mundo onde a magia é considerada um crime e sua própria família se aproveitava disso para darem golpes nos outros. Ele pensava que não possuia habilidades mágicas, mas acabou se surpreendendo quando descobriu que ele era um Mestre da Transformação, cujo poder era o maior e mais raro no meio mágico... No passado, seus irmãos mais velhos se aproveitaram de tal dom e em seguida apagaram a memória de Cassel para que ele não se lembrasse do que havia feito de terrível. Ele ainda acreditava ter matado sua melhor amiga por quem era apaixonado, Lila, mas com o passar do tempo descobriu que ela havia sido transformada em gata.
O problema maior era que a garota era filha de mafiosos e Cassel se viu numa situação perigosa demais para lidar de forma fácil. Zacharov, o pai de Lila, queria que Cassel trabalhasse pra ele, pois seus poderes eram muito valiosos. O garoto acabou ficando entre o certo e o errado pois os federais também ficaram em seu encalço. Entre servir à máfia ou o FBI, Cassel resolveu ficar do lado da lei, mas tal escolha fez com que ele e Lila se afastassem.

O FBI quer que Cassel use seus poderes para neutralizar Patton, o governador e também ex-namorado de sua mãe. patton é o cabeça da caça aos Mestres da Maldição.
Obviamente, Zacharov não ficou nada satisfeito com a recusa de Cassel em trabalhar pra ele, então sequestra sua mãe e o chantageia para que ele recupere um tesouro que poderia por sua vida em risco, mas se Zacharov descobrir que Cassel está ajudando o FBI, sua vida também estará em risco.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Cassel e a escrita continua uma delícia de se acompanhar. Envolvente, fluida e viciante!
A jornada de Cassel para encontrar seu lugar no mundo continua, sem descanso, e nada na vida desse garoto é simples ou fácil, principalmente quando sua própria família quer usá-lo e o resto do povo vive o ameaçando, chantageando ou lhe prometendo coisas impossíveis. Cassel só tem que decidir o que é o certo, escolhendo um lado a seguir, mas que lado seria esse?

A autora, enfim, deu explicações para o que ficou em aberto no livro anterior e as coisas parecem fazer mais sentido. O livro tem um foco bem grande nas consequências das escolhas de Cassel, então o garoto luta para que suas decisões sejam as mais corretas possíveis. Até mesmo na Academia Wallingford vemos que Cassel faz de tudo para ter boas notas e não transgredir regras para não ser visto como um problema.
Um ponto bacana é que Cassel continua hilário e várias de suas atitudes ou pensamentos nos fazem rir alto. O coitado ainda fica num enorme dilema quando o assunto é Lila, pois ela deu grandes indícios de que seguiria no mundo do crime, se integrando à máfia junto com seu pai.

A capa é bonita e combina com as demais, o título é em alto relevo e a diagramação é simples. Páginas brancas, fonte num tamanho agradável e não lembro de ter percebido erros na revisão.

Alma Negra, se comparado aos demais livros da trilogia, parece ter uma profundidade e peso maior no que diz respeito as maldições pois, enfim, o leitor fica por dentro dos perigos reais que a magia oferece, além de abordar temas como intolerância e até tráfico humano. É um livro um pouco mais sombrio devido aos temas e a alguns acontecimentos, mas ainda assim escrito de uma forma leve o bastante para torná-lo divertido, sem contar com o humor negro que torna o livro bastante peculiar.
Cassel é um ótimo protagonista e somando sua personalidade e seus feitos com o enredo, só posso dizer que a trilogia foi fechada com chave de ouro.
O mundo criado por Holly Black é único, incrível e muito rico, e se você procura por uma fantasia urbana bastante original e viciante, corre pra ler!

Vida Após o Roubo - Aprilynne Pike

27 de novembro de 2015

Título: Vida Após o Roubo
Autora: Aprilynne Pike
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Jovem adulto/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 264
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Kimberlee Schaffer talvez fosse linda de morrer... só que ela acabou morrendo mesmo, há mais de um ano. Agora, precisa da ajuda de Jeff para resolver alguns assuntos pendentes. E não vai aceitar um "não" como resposta. Quando estava viva, Kimberlee não era apenas uma menina maldosa; era, também, cleptomaníaca. Portanto, se Jeff não quiser ser assombrado pelo fantasma dela até o dia de sua formatura, terá de ajudá-la a devolver tudo que roubou. Rapidamente, porém, ele descobre que é muito mais fácil roubar do que devolver. Pagar pelos erros cometidos adquire um significado completamente novo nesta versão moderna e inteligente do clássico Pimpinela Escarlate, criada por Aprilynne Pike.

Resenha: Jeff não estava nada feliz com a escola nova, estava odiando tudo alí, mas em seu primeiro dia de aula ele acaba vendo uma garota deitada no meio do corredor, despreocupada com tudo e mascando um chiclete. Preocupado com o bem estar dela, Jeff oferece ajuda mas o que viria a seguir era algo que ele jamais imaginaria... Kimberlee Schaffer ficou chocada por Jeff tê-la visto, incrédula, pois, até então, ninguém mais podia. Ela havia se afogado acidentalmente há um ano e meio e morreu, e desde então se manteve presa no mundo dos vivos, um fantasma, completamente solitária, acreditando que não havia atravessado por ter pendências a serem resolvidas. Jeff se recusou a acreditar no que estava acontecendo, por mais que Kimberlee tivesse provado. Pra ele tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto da qual ele estava ficando de saco cheio. Mas como Jeff era o único que podia vê-la e ouví-la, para seu tormento, Kimberlee passou a seguí-lo em todos os cantos sem a menor intenção de deixá-lo pois ele era o único que podia ajudá-la com seus assuntos pendentes. Quando era viva, além de maldosa, Kimberlee havia roubado várias e várias coisas dos estudantes de Whitestone e, acreditando que este era o motivo que a mantenve presa, afinal, nos livros e filmes quando um fantasma não vai embora é porque tem assuntos pendentes, sua ideia era convencer Jeff a devolver as coisas aos seus verdadeiros donos, e, obviamente, ela não iria aceitar um "não" como resposta.
Mas quando as sacolas começam a aparecer "misteriosamente" para que fossem entregues aos donos, Jeff percebe que as coisas não poderiam ser tão simples e fáceis quanto ele pensou...

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Jeff, e isso já foi um ponto diferente e bastante positivo pois geralmente esperamos que num Young Adult a versão dos fatos seja dado pelo ponto de vista feminino.
A escrita é muito leve e divertida e flui muito bem, cheia de sarcasmo nos diálogos enquanto acompanhamos Jeff em sua rotina adolescente, sua adaptação numa cidade nova, seu interesse amoroso por Serafina, a "Menina Linda", que avistou na escola e logo lhe chamou atenção, e tudo isso enquanto ele é obrigado a lidar com a esnobe garota fantasma que enche seu saco.
As situações em que Jeff e Kimberlee se encontram são bem críveis e realistas, exceto pelo relacionamento entre Jeff e seus pais. Achei que, talvez por eles serem jovens, eles eram despreocupados demais com os assuntos do filho revelando ideais que não condizem muito com a realidade. Sei que devem existir pais e mães malucos e que acham tudo normal, mas não consigo ver isso com muita naturalidade. Eu até cheguei a comparar algumas características dos pais de Jeff com a mãe da personagem Regina George do filme Garotas Malvadas.
Já o sobrenatural não foi algo que eu tenha considerado algo como um fator de destaque visto que ao que parece, a abordagem tende pro caminho da crença no desconhecido e do questionamento da fé.

Jeff é um personagem ótimo pois é exemplo de bom filho, bom aluno mas tem o pé no chão e não se deixa influenciar tão facilmente por nada nem ninguém. Ele faz o estilo meio nerd mas não é bobo nem se deixa fazer de bobo, ele só está tentando se adaptar ao novo estilo de vida que tem após ter vivido dificuldades e agora ser rico, pois seu pai conseguiu fazer um grande negócio na carreira e acertou uma bolada. Jeff sempre dá sua opinião sincera, e, às vezes, de forma debochada, tornando-o um personagem bastante agradável. Ele é engraçado e descontraído e sempre tenta enxergar o que há de melhor nos outros, por mais que não pareça existir nada de bom. Ele percebe que precisa ajudar Kimberlee e acaba gostando de ajudar as pessoas que foram roubadas por ela.

Kimberlee é o completo oposto. Ela faz o estilo patricinha, a típica menina rica e bonita, cheia de não me toques e sua arrogância passa dos limites, tanto que por ser insuportável em vida, ninguém sentiu sua falta quando morreu. Mas mesmo tendo morrido ela não aprendeu com seus erros e não mudou em nada seu jeito de ser, continuava se desfazendo dos outros e se comportando como uma eterna bitch. Ser cleptomaníaca era algo que a fazia infeliz, ela reconhecia que era sua fraqueza, mas Kim precisava manter a pose a qualquer custo. Ela tentou parar de roubar mas não conseguiu, e isso resultou em uma caverna cheia de coisas roubadas que jamais poderiam ser devolvidas depois de ela ter morrido, pelo menos não sem a ajuda de Jeff. E pra isso precisou engolir o próprio orgulho. Ela é bastante irritante e vive de ironias e sarcasmo, mas não posso negar que com o desenrolar da história sua aproximação maior com Jeff faz com que ela acabe tendo seus momentos de redenção aprendendo que ser controladora, manipuladora e mentirosa nunca a levaria a lugar algum na vida, e muito menos na morte...

O enredo fica ainda mais legal quando Jeff começa sua tarefa de devolver as coisas. Ele ganha aliados que não esperava e, claro, conquista a inimizade de alguns, mas em meio a essa missão ele descobre um sentimento bem forte. Uma coisa que me agradou bastante é que o romance não acontece entre os protagonistas, o que faz com que a história fuja completamente do clichê. Há sim momentos do tipo, mas não são reservados a Jeff e Kim, e é aí que entra Serafina. O problema é que a garota começa a demonstrar sinais de que não está sendo muito honesta, e Jeff chega a ficar em conflito com seus sentimentos acreditando que as garotas não são confiáveis.

A capa ilustrada é linda e bastante significativa pois o reflexo dos óculos escuros de Kimberlee mostram um local bastante importante da história. Ela é fosca com aplicação de verniz nas lentes do óculos e no título.
As páginas são brancas, a fonte tem um tamanho agradável e não percebi erros na revisão.

Vida Após o Roubo foi uma das leituras mais divertidas e com umas das melhores mensagens passadas que tive o prazer de ler. O enredo trata de um tema delicado com leveza e espirituosidade, os personagens são muito bem construídos e memoráveis e, apesar de um pouco previsível, a história reserva muitas surpresas ao leitor.
A autora consegue abordar o dilema da adolescência ao que se refere a amor, amizade, a descoberta da sexualidade, assim como o bullying, o abuso de drogas e a dificuldade da adaptação a uma vida totalmente diferente do costume, mas o principal é a ideia de que pra todas as nossas escolhas tomadas, há consequências que não afetam somente o indivíduo principal, mas também as pessoas que o cerca. A mensagem fica nas entrelinhas e é perfeita pois mostra que por mais que possamos vir a cometer erros, sempre temos escolhas e sempre podemos voltar atrás para recomeçarmos e reparamos o que fizemos de mal pra alguém, de forma intencional ou não, a fim de sermos pessoas melhores.