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Mestre dos Djinns - P. Djèlí Clark

27 de dezembro de 2023

Título:
 Mestre dos Djinns - Dead Djinn Universe #1
Autor: P. Djèlí Clark
Editora: Suma
Gênero: Fantasia Urbana/Steampunk
Ano: 2023
Páginas: 352
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Cairo, 1912. Fatma el-Sha’arawi é a mais jovem mulher a trabalhar para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Mas ela certamente não é nenhuma novata, ainda mais depois de ter impedido a destruição do universo no último verão.
Após um assassinato envolvendo os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz, irmandade secreta dedicada ao homem mais famoso da história, a agente é convocada para investigar o caso. Quarenta anos antes, al-Jahiz abriu o véu que isolava o mundo mágico ― trazendo os djinns, ou gênios, para a realidade humana ― e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, o assassino alega ser o próprio al-Jahiz, que voltou para punir a sociedade moderna por suas injustiças sociais.
Na companhia de Hadia, sua nova assistente, e de Siti, sua namorada e devota dos antigos deuses egípcios, Fatma precisará desvendar a identidade do impostor ― se é que ele é mesmo um impostor ― para reestabelecer a paz.

Resenha: Mestre dos Djinns, escrito pelo autor P. Djèlí Clark, se passa na cidade de Cairo de 1912, num Egito alternativo e steampunk que se transformou numa superpotência política, a frente até mesmo de países europeus. Esse destaque do Egito ocorreu há quarenta anos, após o lendário al-Jahiz ter abrido o véu que separava o mundo real do sobrenatural e causado uma revolução mágica. Djinns e outras criaturas fantásticas adentraram o mundo real mas, logo em seguida, al-Jahiz desapareceu sem deixar rastros. Com a presença das criaturas, a magia se tornou parte da realidade e passou a ser algo comum.

Quando um assassinato misterioso envolvendo a aristocracia britânica e os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz (uma irmandade secreta dedicada a al-Jahiz) acontece, Fatma el-Sha'arawi, uma detetive "bastante experiente" de vinte e poucos anos, entra em cena.
Numa época onde o sufrágio feminino está avançando pelo Egito, Fatma é a mulher mais jovem e uma das poucas a trabalhar no Ministério da Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Agora ela foi designada a investigar esse assassinato que acaba a levando a uma pessoa que alega ser o próprio al-Jahiz. Fatma embarca nessa missão determinada a desmascarar o impostor com a ajuda de Hadia, sua assistente que é super comprometida com o trabalho.

O livro é narrado em terceira pessoa e a escrita do autor é relaticamente boa, porém com ressalvas. Algumas descrições e palavras são floreadas demais, outras carecem de O cenário e a construção de mundo em si é incrível e, apesar de bastante criativo, achei que o enredo e a construção dos personagens estavam com várias falhas que acabaram deixando a história dispersa e com pontos que pareciam só estarem alí pra desviar a atenção do leitor. Uma coisa que dificultou a leitura pra mim foi o excesso de palavras da cultura egípcia, como roupas, comidas ou objetos. Não tenho nada contra a cultura em si, mas pra quem não está acostumado ou não sabe o que são essas coisas descritas pelo autor, ou vai precisar interromper a leitura e ir pesquisar, ou vai ignorar e fingir que sabe, e seja o que Deus quiser. Alguns elementos foram inseridos na intenção de aumentar a tensão e os problemas pra se enfrentar, mas não havia a menor necessidade visto que deixou mais perguntas do que respostas e que, talvez, serão aprofundadas num próximo volume. Outra coisa é que num universo onde as pessoas já se habituaram ao sobrenatural, Fatma - que trabalha no Ministério - não parece enxergar o óbvio algumas vezes, e suas reações diante de algo que ela já deveria estar acostumada e tratar como algo rotineiro, não parecem ser reais.

Fatma, como aquela protagonista que dá a ideia de ser alguém super fodona, competente e habilidosa, não passa de uma abençoada totalmente superficial, arrogante e desatenta que se aproveita das conveniências do enredo e da boa vontade das testemunhas que aparecem em seu caminho pra lhe dizer exatamente o que fazer, e se não fosse isso, ela não chegaria a lugar nenhum, nunca. Sua falta de competencia em várias situações desencadeiam conflitos que, ao meu ver, não deveriam existir. Acho que sua assistente é muita mais profissional do que ela. Não sei se isso foi algo proposital feito pelo autor, mas a impressão que tive era que ele focou mais na sua obsessão por roupas estilosas e relacionamento amoroso pra dar um toque de bom humor (?) do que a missão investigativa que, ao meu ver, era o que importava alí.
Siti, a namorada de Fatma, é uma personagem cheia de camadas e foi uma pena que não foi tão explorada como eu gostaria. Ela tem sua importância no enredo, seja com relação ao mistério como também para o desenvolvimento de Fatma, além de abordagens bem adequadas que criticam temas delicados como racismo e intolerância religiosa.

Embora haja muita tensão em cenas mirabolantes e cheias de perigos, as coisas não parecem manter um ritmo padronizado, pois várias situações sofrem reviravoltas mas são resolvidas de formas relativamente simples pra todo o alvoroço apresentado, e a sensação é de desorientação e aleatoriedade. O vilão também é super caricato (e tenho certeza que foi feito assim de propósito) com suas motivações e discursos ridículos enquanto gira o próprio bigode.

Em meio à trama, achei interessante a forma como o autor abordou a questão do espaço e dos direitos que as mulheres começaram a ter numa época onde, embora houvesse um pouco de tolerância, a misoginia ainda tinha muita força, e não só isso, como também o racismo, a xenofobia e o elitismo dos quais ele aproveita pra fazer uma excelente crítica. Fatma representa um pouco desse progresso, principalmente por ela ser lésbica, mas fica evidente que tudo poderia ser melhor, ainda mais se formos considerar que é um universo alternativo e que não precisa seguir a risca a nossa realidade...

Mestre dos Djinns traz uma história com um estilo alternativo e engenhoso bastante interessante de um Egito que ascendeu com a ajuda do sobrenatural. Pra quem gosta de boas contruções de mundo, do estilo steampunk com aquela pegada de magia, suspense, caos e investigações em meio a cultura a mitologia egípcias, e ficou curioso pra acompanhar uma detetive com habilidades duvidosas mas com gosto requintado para ternos, é leitura mais do que indicada.

Porém Bruxa - Carol Chiovatto

14 de junho de 2023

Título:
Porém Bruxa
Autora: Carol Chiovatto
Editora: Suma
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2023
Páginas: 320
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Isis Rossetti é uma bruxa. Como monitora responsável por atividades sobrenaturais na cidade de São Paulo, ela sabe que não pode intervir em questões humanas. Porém, no cotidiano urbano, as pessoas estão sempre em perigo e é impossível não tentar ajudar.
Quando Ísis recebe a missão de uma divindade, em meio a casos policiais estranhamente similares e investigações extraoficiais, ela precisará revisitar traumas do passado para proteger os comuns e enfrentar o temido Corregedor.

Resenha: Porém, Bruxa, escrito pela autora nacional Carol Chiovatto e publicado pela Suma, apresenta a protagonista Ísis Rosseti, uma jovem bruxa que trabalha monitorando e investigando atividades mágicas e sobrenaturais na cidade de São Paulo. Ísis não tem permissão para interferir nas questões da sociedade dos humanos comuns, mas acaba se envolvendo ilegalmente nessas situações, pois não consegue ignorar quando algum humano está em perigo devido à sua intuição e grande empatia. Um dia, Ísis recebe três tarefas fora de sua jurisdição, e agora ela precisa lidar com dois casos de desaparecimento e uma missão de uma divindade. Além disso, ela precisa enfrentar seus traumas do passado e confrontar o Corregedor, o chefe do departamento mágico, que não pode descobrir suas escapadas ao ajudar os humanos.

Livros de fantasia, principalmente aqueles com elementos de bruxaria, sempre despertam minha curiosidade, então criei altas expectativas para Porém, Bruxa. Mas, a história não conseguiu prender minha atenção. Levei uma eternidade para terminar a leitura, tive dificuldade para me acostumar com a voz narrativa da protagonista e, no final, achei tudo um tanto confuso e problemático.

O primeiro problema é a quantidade de temas e questões diferentes que a autora insere no universo mágico, dando a sensação de que estão dispersos e mal desenvolvidos. Parece que foi feita uma lista de temas para cumprir uma cota de representatividade, feminismo, críticas sociais e afins, mas não foi feito de forma natural. A leitura me deu a impressão de estar lendo um artigo informativo e resumido sobre esses temas. A autora quer falar sobre racismo, machismo, feminismo, intolerância religiosa, assédio, traumas, adoção, sistema prisional, pessoas em situação de rua, e muito mais, como se não pudesse deixar ninguém de fora.

Será mesmo necessário abordar todas essas problemáticas em uma história de investigação, que, aliás, tem muitas pontas soltas? São temas delicados que tentam ser inseridos em um universo mágico, mas nenhum deles é devidamente aprofundado. Entendo a importância de abordar esses temas relevantes na sociedade, mas quando isso não é feito de forma orgânica e parece deslocado, tudo parece forçado e desnecessário. A sensação é de que estão lá apenas para gerar engajamento. Talvez fosse melhor abordar poucos temas de cada vez e trabalhá-los bem, ao invés de tratar de tantos assuntos ao mesmo tempo e deixar o leitor confuso. Eu pessoalmente tive uma enorme dificuldade em me conectar com o que estava acontecendo e cheguei a reler os capítulos várias vezes por não entender o que estava acontecendo. Insistir em uma leitura que não me prendeu, esperando que ficasse interessante, foi bastante sofrível, e senti que perdi meu tempo.

Em relação aos personagens secundários e suas aparições, fica a pergunta: quem são eles? De onde vêm? O que comem? Parece que eles não têm nada mais para fazer em suas vidas além de aparecerem convenientemente quando a protagonista precisa de ajuda para resolver os problemas que surgem. Quanto ao empoderamento, o objetivo era apresentar uma personagem feminista, independente e poderosa, mas o que vi foi ela sendo constantemente salva por um homem com estereótipo de cara perfeito. Além disso, ela age de forma grosseira e desnecessária com os outros sem motivo nenhum. Isso não é ter uma personalidade forte, é falta de bom senso. A autora brinca com a ideia de um possível romance que nunca se concretiza, pois o foco de Ísis aparentemente é o trabalho. Não há problema em manter as relações no campo da amizade, mas a tensão romântica existe e queria saber qual finalidade. Fiquei com a sensação de que essa parte estava sendo guardada para um próximo volume. Quanto à narrativa em primeira pessoa, feita pelo ponto de vista de Ísis, não consegui identificar a voz da personagem e o tom me pareceu inconsistente. Às vezes ela fala usando gírias, às vezes usa uma linguagem mais formal e às vezes substitui palavras por outras que nem são sinônimas. Não há um padrão claro de fala e a construção dos diálogos e pensamentos pediu pelo amor de Deus por um polimento.

Talvez eu não estivesse no clima adequado para essa leitura, mesmo tentando por meses. Talvez eu não seja o público-alvo do livro, apesar de ser fã de fantasia urbana e thrillers (quando são bem estruturados e com finais de tirar o fôlego, claro). A magia também não parece desempenhar um papel significativo na história (talvez daí venha o título?), o que me deixou um tanto desanimada durante a leitura. Apesar de a autora ter criado uma estrutura de fantasia que parecia interessante e ter incorporado vários elementos da cultura brasileira, isso não foi suficiente para me fazer gostar da história ou prender minha atenção, pois o foco é outro. A teoria por trás da trama é interessante, mas a prática deixa a desejar. Porém, Bruxa é um thriller com toques de fantasia que, apesar de ter algumas reviravoltas interessantes, é uma leitura completamente esquecível.

A Ameaça Sombria - Melissa Grey

9 de setembro de 2018

Título: A Ameaça Sombria - Echo #2
Autora: Melissa Grey
Editora: Seguinte
Gênero: Urban Fantasy/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 424
Nota:★★★★☆
Sinopse: O mundo de Echo mudou por completo quando a garota menos esperava. Até pouco tempo, ela era apenas uma espectadora da guerra milenar entre os Avicen e os Drakharin, dois povos mágicos que habitam a Terra em segredo. Agora, depois de encontrar e libertar o pássaro de fogo - uma figura mítica importante para os dois grupos - e de descobrir o poder que carrega dentro de si, Echo precisa entender qual papel deve desempenhar para colocar um fim definitivo nesse conflito.
Para complicar, a libertação do pássaro de fogo deu nova vida a um ser antagônico a ele, o kuçedra. Feito de trevas e sombras, o kuçedra espalha medo e morte por onde quer que passe - principalmente se controlado pelas pessoas erradas. Enquanto tenta encontrar uma solução para esse novo obstáculo, Echo vai perceber que a linha que separa a luz das trevas é bem mais tênue do que esperava...
Resenha: Há séculos os Avicen e os Drakharin travaram uma guerra, e, de acordo com uma profecia, só o pássaro de fogo seria capaz de por um fim nesse interminável conflito. Neste cenário, Echo é uma humana que, quando criança, foi acolhida no Ninho dos Avicen, e, dez anos depois, ficou encarregada de partir numa jornada em busca dessa entidade antes que os Drakharin a encontrasse. Ela parte acompanhada de seus amigos Jasper e Ivy, e em seguida une forças com Caius, o príncipe dos Drakharin juntamente com Dorian, seu escudeiro.

Echo fez grandes descobertas, libertou o pássaro de fogo e agora tem o grande poder da luz, e por enquanto ela e seus amigos precisam viver escondidos até que estejam recuperados da última batalha. Jasper foi ferido e o grupo acaba recorrendo a um feiticeiro, pois nada era capaz de curar a ferida, mas o preço deveria ser pago... Com a libertação do pássaro de fogo, um ser feito de trevas e escuridão ganhou vida, o kuçedra, e essa presença sinistra é uma ameaça para todos.
O Ninho, então, acaba sendo atacado por esse ser maligno, e entre várias mortes, muitos foram acometidos por uma doença que ninguém sabe como combater.
Mas Tanith, a usurpadora do trono Drakharin, também está atrás do kuçedra, mas obviamente suas intenções não são nada boas. Ela quer ser o recipiente da entidade maligna a fim de controlá-la e espalhar medo e causando ainda mais mortes por onde quer que passe para acabar com seus inimigos.
Assim, Echo e seus amigos precisam encontrar uma forma de combater esta terrível ameaça ao mesmo tempo em que buscam pela cura dos Avicen. Ela pode acabar sendo a salvação de seus entes queridos, ou sua destruição.

Narrado em terceira pessoa, o desenrolar da trama flui bem, seguindo de forma linear e sem grandes acontecimentos bombásticos. A impressão é que o livro veio pra apresentar novos obstáculos e dar um pouco mais de desenvolvimento para os personagens e para o fator mítico das duas raças rivais, mas sem grandes acréscimos que realmente façam tanta diferença na história.

Como o passado de Echo vem à tona, entendemos melhor suas motivações e seus medos. Embora passe a maior parte do tempo fugindo e se escondendo, é bem visível o quanto ela é inteligente, possui carisma e consegue tomar boas decisões em meio a tantos conflitos e em meio a culpa que atribuiu para si mesma. Ela acredita que o surgimento da entidade maligna foi causado por ela, e sente que ela é quem deve resolver esse problema sozinha.
Caius é um personagem ótimo. Sua presença fortalece Echo sem intenção de controlá-la, e seu poder de liderança é algo extremamente útil na tomada de grandes decisões em grupo.
O romance não é algo que me agrada 100%, principalmente por dar a ideia do dito triângulo amoroso. Na verdade o destaque romântico fica com Jasper e Dorian, e é algo super agradável de se acompanhar, mas não vou dar maiores detalhes pra não estragar a descoberta. No relacionamento de Echo, a "complicação" maior é pela presença de Rowan, o melhor amigo e ex namorado. Pra mim já está bem claro que Caius não vai ficar pra trás, mesmo que um relacionamento entre eles pareça ser algo impossível, então não vejo necessidade de inserir conflitos amorosos em plena guerra quando todo mundo já sabe como esse relacionamento vai acabar.

Acredito que, por mais que a história seja envolvente e traga vários fatores agradáveis durante a leitura, a proposta do universo criado pela autora acaba pecando pela falta de maiores detalhes e aprofundamento. Cheguei a fazer uma comparação com o universo de Harry Potter, onde bruxos coexistem em segredo em meio aos trouxas. A diferença é que a sociedade bruxa é bastante explorada, então quaisquer curiosidades que os leitores possam ter sobre seu funcionamento acabam sendo sanadas pelos detalhes fornecidos pela autora. Mas nesta trilogia as coisas não funcionam assim. A autora forneceu uma estrutura interessantíssima para essa sociedade paralela e a guerra entre as duas raças inimigas, mas não explora de forma satisfatória, tratando tudo com muita simplicidade, então senti muita falta de maiores informações sobre o desenvolvimento dessa sociedade secreta, seus impactos no mundo humano, cultura e afins.

No mais, assim como a maioria dos segundos volumes, penso que este serviu pra preparar o leitor pra algo bem grande que está por vir no terceiro e último livro da trilogia. Pra quem gosta de fantasias com toques de ação e romance, são livros super indicados.

Por um Toque de Magia - Carolina Munhóz

6 de dezembro de 2017

Título: Por um Toque de Magia - Trindade Leprechaun #3
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Emily O'Connell finalmente chega ao final do arco-íris mais desejado. Sem saber o que irá encontrar, ela vai precisar mais do que nunca de toda sorte existente.
No final dessa jornada, ela se vê caminhando ao lado de seu inimigo e de todas as suas vítimas. De Los Angeles a Praga, de Amsterdã a São Francisco, ela percorrerá o mundo juntando as peças finais para seu último ato de volta à sua amada Dublin, onde tudo começou.
Como sobreviverá reencontrando o homem que tanto a machucou e finalmente descobrindo o assassino de seus pais, ela não sabe, mas aquela é a hora de terminar sua busca. É hora de encontrar a sua magia. E pagar o preço por isso.

Resenha: Emily O'Connell já passou por poucas e boas desde que descobriu ser dotada do toque de ouro, e depois de ter a vida virada de cabeça pra baixo, vamos, enfim, descobrir o que há no final do arco-íris.
Levando uma vida sem glamour algum, Emily está focada em descobrir mais, tanto sobre a morte dos pais, como recuperar seu toque de ouro que fora roubado, mesmo que pra isso tenha que seguir ao lado de Aaron, que a enganou e partiu seu coração em mil pedaços e agora lhe deve muitas respostas. Ela viajará pelo mundo a fim de montar um enorme quebra-cabeças para conseguir justiça e para retomar a própria vida, e, talvez, o fim dessa jornada seja exatamente onde tudo começou: em Dublin, na Irlanda.

Seguindo o padrão dos volumes anteriores, a narrativa é feita em terceira pessoa e mostra todas as reviravoltas no novo rumo que Emily deu à sua vida. Seus objetivos lhe renderam inimigos perigosos, inclusive se aliar a aquele que lhe traiu de forma tão cruel, mas descobrir as verdades que ele esconde, vai trazer à tona detalhes de sua história e de como sua vida foi uma mentira desde que se entende por gente.
Emily é movida pelo desejo de justiça, mas também pensa em vingança, mas, sem ajuda, ela sabe que jamais conseguirá chegar muito longe. Se antes Emily tinha dinheiro e amigos, agora ela não tem nada e está sozinha, mas talvez isso tenha sido fundamental para que ela pudesse ver um outro lado da moeda e dar valor ao que realmente importava, coisa que a criatura não fazia quando era egoísta, imatura, esbanjava dinheiro e curtia como ninguém sem sequer pensar nos outros.

Talvez eu tenha sido muito dura na resenha do livro anterior, que me tirou a paciência e quase me fez desistir, mas este, apesar de ter sido levemente mais interessante, não é tão diferente assim. Os diálogos não me agradaram pois sempre me soam fúteis e desnecessários, e as descrições, que nem sempre fazem alguma diferença na história, acabam sendo exageradas. Não lembro de ter um personagem sequer que eu realmente tenha admirado, e fazer uma combinação amorosa entre Emily, Aaron e Liam foi a pior coisa que já acompanhei na minha vida. Detesto personagens que se deixam levar pela atração, principalmente quando essa atração é por alguém nada a ver, quando há coisas muito mais graves e urgentes acontecendo lá fora para se preocupar. Sei que as pessoas não são perfeitas e aprendem com os erros, mas embora Emily perceba que precisa se tornar alguém melhor, o que é uma prova de amadurecimento, pra mim não foi o bastante. Ela também entende que estar ao lado de alguém não significa não estar sozinha, pois ela está mais sozinha do que nunca, e o passado nem sempre deve ser enterrado e esquecido, pois foi por causa do que aconteceu no passado que ela ganhou experiências que a moldaram e a tornaram quem ela é hoje, por pior que tenha sido.

Enfim, olhando a história desse último livro e a trilogia como um todo, a ideia da trama em si não é ruim, não. O problema é a narrativa, a forma como as coisas se desenrolam, é o revirar de olhos eterno pra tantas bobagens. São detalhes que não me convenceram, que são superficiais demais ou que estão ali só pra enfeitar sem um propósito maior, e nem as descrições das cidades que fazem com que o leitor viaje e experimente um pouco dos costumes locais junto com a protagonista, e nem o progresso e a evolução de Emily como pessoa, não foram o bastante pra me agradar... Eu realmente já tinha ficado saturada do restante.

Acredito que seja um livro que deva agradar leitores que gostem de fantasia urbana, que valorizem detalhes sobre viagens e descrições acerca de pontos turísticos, e curtam personagens que aprendem e amadurecem com as experiências trágicas da vida, desde que não se importem com as asneiras, claro, mas sem esperar por grandes lições ou mensagens mais relevantes.

Por um Toque de Sorte - Carolina Munhóz

24 de novembro de 2017

Título: Por um Toque de Sorte - Trindade Leprechaun #2
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: De Dublin a Paris, Rio de Janeiro e Hollywood, eles estão por toda parte. São os donos das marcas que você usa, comandam os canais de televisão a que você assiste, criam os aplicativos de celular que você baixa. No segundo livro da série Trindade Leprechaun, iniciada com Por um toque de ouro, Carolina Munhóz dá continuidade à história da jovem Emily O’Connell, uma garota bonita e rica, dona de um império fashion, que descobre ser herdeira de uma rara linhagem desses pequenos seres mágicos considerados guardiões de potes de ouro escondidos. Ela só não esperava que esse legado sobrenatural pudesse levá-la para o centro de um esquema perigoso e cruel. Em “Por Um Toque de Sorte”, Emily deixa seu mundo de glamour para trás em busca de um impostor que rouba toques de ouro. Será que ela será capaz de cumprir sua jornada? Isso ela só vai descobrir no final do arco-íris. Se chegar até lá.

Resenha: Depois de Emily O'Connor ter sido magoada por um vilão salafrário que roubou seu toque de ouro, e ainda ter tido os pais assassinados, a única motivação que deixou a garota de pé foi a vingança. Agora, após conhecer Liam, que também fora vítima de Aaron, ela parte junto com ele e o amigo Darren numa viagem pelo mundo procurando por esse impostor.

Considerando a ideia (que eu achava ser até bem original) da garota com o toque de ouro que teve o dom roubado e o coração partido em mil pedaços, o primeiro livro não foi de todo ruim. Apontei os pontos bacanas, relevei as gírias trash nos diálogos que abrasileiravam a história de personagens irlandeses e outras descrições desnecessárias e irritantes (como a insistência em se referir a Emily como "a ruiva"), mas, como as coisas não só continuaram, como pioraram ainda mais, não consegui ignorar os fatos, e a sensação que tive ao final da leitura foi de tempo perdido.

Se antes eu gostava de Darren pela amizade sincera e cumplicidade com Emily, mesmo ignorando ele ser apresentado como uma "bicha má" do babado e totalmente estereotipado, agora eu só revirava os olhos para o quanto ele era esnobe, fútil e ridículo ao ponto de nem a própria protagonista, igualmente intragável, ser capaz de superá-lo. Emily estava lá, arrasada, enganada, falida, órfã, um trapo humano que queria vingança, mas o que Darren fazia era querer a antiga amiga glamourosa, cheia do dinheiro e bafônica de volta, como se dar a volta por cima depois de tanta desgraça fosse algo muito simples.

Inserir toques de "bom humor" na trama através de piadinhas sem a menor graça e feita nas horas mais inadequadas possíveis por Emily foi um desgosto tão grande que eu queria largar o livro na primeira delas, quando ela, infeliz e amargurada depois do golpe que sofreu, numa tentativa falida de ser engraçada, diz que não tomava banho há três dias porque estava pesquisando como um porco vive... Hahahahaha... Oi?

Por mais que as descrições acerca do cenário e das cidades turísticas, famosas e maravilhosas por onde Emily passava me fizessem ficar "viajando", fiquei me perguntando se era algo realmente necessário pra história, ou se a intenção era só exibir locais visitados pela autora que foram fontes de inspiração pra poder enfeitar o enredo. O problema é que tais descrições parecem vir em blocos avulsos que não se mesclavam naturalmente com a cena em questão, pois elas surgiam do nada, como uma propaganda de agência de turismo.

Muito da história é previsível e algumas cenas são tão ridículas e absurdas, principalmente as que deveriam ser engraçadas, ou as que dizem respeito ao romance que surgiu sem um desenvolvimento convincente, que a vontade era de desistir. Mas, apesar da história não ter me surpreendido e ainda ter me deixado indignada com tanta bobagem, tenho que reconhecer que o final, assim como foi no primeiro livro, tem reviravoltas e é instigante o bastante pra ter me feito ficar curiosa pelo próximo.

Então, eu não sei onde diabos estou com a cabeça depois dessa decepção pra continuar insistindo em saber que final essa quizumba vai ter, mas vou respirar fundo, contar até dez e arriscar a leitura do livro 3. Me desejem sorte, vou precisar.

A Ordem dos Clarividentes - Samantha Shannon

10 de julho de 2017

Título: A Ordem dos Clarividentes - Bone Season #2
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Paige Mahoney escapou da colônia penal Sheol I, mas seus problemas estão só começando: muitos dos sobreviventes estão desaparecidos, e ela é a pessoa mais procurada de Londres.
Enquanto Scion está à caça da andarilha onírica, os mime-lordes e mime-rainhas da cidade são convocados para uma reunião da Assembleia Desnatural. Jaxon Hall e seus Sete Selos se preparam para assumir o palco, mas a comunidade clarividente encontra-se dividida por segredos obscuros. E então os Rephain começam a sair das sombras. Mas onde está o Mestre? Paige deve seguir em frente, de Seven Dials a Grub Steet e às catacumbas secretas de Camden, até que o destino do submundo seja decidido.

Resenha: A Ordem dos Clarividentes é o segundo volume (de sete) da série Bone Season. A história começa do ponto em que parou no primeiro volume, Temporada de Ossos.
A resenha pode conter spoilers do livro anterior.

Qualquer pessoa que tenha o dom da clarividência, os chamados desnaturais, são perseguidos pelo governo. Paige Mahoney, a andarilha onírica, havia sido capturada e enviada para colônia penal Sheol I, mas, após uma reviravolta bombástica, ela conseguiu fugir. Paige se tornou a pessoa mais procurada de Londres. Enquanto estava presa, ela descobriu que os desnaturais capturados pelo governo se tornam escravos dos Rephaim, criaturas humanóides e imortais que se alimentam da aura dos clarividentes. Paige pretende revelar sua descoberta aos desnaturais para por fim ao governo corrupto, mas sempre se depara com obstáculos que a impedem, até que o líder da Assembleia Desnatural é assassinado e ela percebe que além de estar ficando sem saída, o futuro está se tornando incerto já que sem um líder nao existe ordem. Sem intenção de que tal informação se espalhe, Nashira, a governante dos Rephaim, quer a garota de volta a qualquer custo para impedir qualquer tipo de rebelião.

A narrativa é feita em primeira pessoa e por mais que a história seja maravilhosa e empolgante, sua complexidade e inúmeros detalhes acabam fazendo com que ela não seja tão fluída e se arraste bastante até lá pela metade do livro, e talvez isso possa causar algum tipo de resistência em leitores mais impacientes.
Embora haja um romance complicado - tanto por ser proibido, quanto por não ter futuro algum -, o foco recái sobre a opressão do governo sobre um grupo de pessoas que, claramente, vai lutar por sua liberdade, custe o que custar.

Paige é uma personagem admirável. Seu dom é motivo de cobiça por quem tem intenção de controlá-la, mas a garota só quer ser livre sendo como é. Ela não aguenta mais viver fugindo, se cansou de ver os desnaturais sendo escravizados e sabe que as coisas só mudarão com uma grande revolução, mas tirar os outros de suas zonas de conforto não é algo tão fácil e simples de se fazer, por mais que as pessoas queiram que a mudança ocorra. Sabendo disso, Paige não pode contar com muita gente e cabe a ela tomar uma decisão em prol de seu objetivo, mesmo que isso envolva algum tipo de sacrifício, e isso faz com que ela seja temida pelos poderosos já que, através dela, existe a chance do governo ser derrubado.

No primeiro livro a autora se aprofundou na colônia penal onde Paige estava presa, então não tivemos acesso aos detalhes da Londres ambientada em 2059, e agora nos deparamos com uma cidade tomada por uma enorme e triste decadência, onde tudo está em ruínas e clamando por esperança.

O projeto gráfico da obra se manteve com o padrão do primeiro livro. A capa tem uma textura meio emborrachada com o título em dourado em meio ao símbolo que representa bem um dos elementos da trama, principalmente a mariposa.

Diante de tudo isso, posso afirmar que A Ordem dos Clarividentes superou minhas expectativas e conseguiu ser ainda melhor do que o primeiro livro. Pra quem procura por uma série complexa e totalmente surpreendente e original, é leitura mais do que indicada.

A Profecia do Pássaro de Fogo - Melissa Grey

16 de setembro de 2016

Título: A Profecia do Pássaro de Fogo - Echo #1
Autora: Melissa Grey
Editora: Seguinte
Gênero: Urban Fantasy
Ano: 2016
Páginas: 356
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No subterrâneo de lugares onde é muito difícil chegar, duas antigas raças travam uma guerra milenar: os Avicen, pessoas com penas no lugar de cabelos e pelos; e os Drakharin, que têm escamas sobre a pele. Ambas possuem magia correndo nas veias, o que os esconde de todos os humanos menos de uma adolescente chamada Echo. Echo conheceu os Avicen quando era criança, e desde então eles são sua única família. A pedido de sua tutora, a garota começa uma jornada em busca do pássaro de fogo, uma entidade mítica que, segundo uma velha profecia, é a única forma de acabar com a guerra de vez. Mas Echo precisa encontrar o pássaro antes dos Drakharin, ou então os Avicen podem desaparecer para sempre

Resenha: Os Avicen e os Drakharin são duas raças de seres mágicos que travaram uma guerra há milhares de anos, e, nos tempos presentes, sem serem vistos, ainda vivem entre os humanos numa realidade paralela onde transitam entre os mundos. Os Avicen são criaturas humanóides com penas onde deveriam estar cabelos e pelos, enquanto os Drakharin são guerreiros que possuem escamas e se parecem com dragões. Eles sempre foram dotados de magia, mas aos poucos ela está se esvaindo de suas mãos, o que acaba sendo motivo para que uma nova guerra seja desencadeada entre eles. De um lado os Avicen só enxergam a brutalidade dos Drakharin, e do outro, os Drakharin culpam os Avince pela perda do poder que tinham.

Nesse cenário, Ala, uma Avicen, encontra Echo, uma garotinha humana órfã com incrível habilidade de furtar coisas, numa biblioteca de Nova York. Echo, sozinha, havia feito da biblioteca seu lar, e Ala frequentava a biblioteca em busca de paz. Até Ala levar a garotinha ao Ninho para viver com os Avicen, se tornando sua tutora e ensinando o que podia para ela, mesmo que o povo não tenha gostado nada dessa ideia. Dez anos se passaram desde então, Echo sabe a verdade sobre as duas raças e descobre que há esperança de paz. Para que a guerra acabe, ela deve partir numa jornada em que deve encontrar o Pássaro de Fogo, uma entidade mítica capaz de fazer com que essa guerra chegue ao fim, e sendo humana ninguém desconfiaria de seus propósitos. Mas os Drakharin também buscam pelo Pássaro, e cabe a Echo, com a devida ajuda, encontrá-lo primeiro, caso contrário os Avicen poderão desaparecer...

Narrado em terceira pessoa, o foco principal é da protagonista, Echo, mas também podemos acompanhar os demais personagens, como Caius, Ivy, Dorian, Jasper, etc...
Echo se sente deslocada, muitos a observam e questionam a presença dela no Ninho, mas ainda assim ela não se deixa intimidar. Enquanto ela vive esta realidade, Caius, o Príncipe Dragão dos Drakharin, tenta manter a paz entre as raças, mas a oposição é grande. Sua irmã comanda o exército Drakharin e seu único objetivo é destruir os Avicen, não importa como ou o quê faça. Esses fatos dão um ar de ação bastante interessante à trama.
Quando o destino une Echo e Caius, a busca pela profecia tem início, eles devem trabalhar juntos percorrendo o mundo atrás de pistas e maiories informações, e em meio a desconfianças e sentimentos controversos, pois Caius está escondendo informações valiosas sobre a verdade, eles devem decidir no que, ou em quem, acreditar... Revelações são feitas a medida que eles progridem, mas os perigos aumentam cada vez mais...

Os personagens secundários foram os responsáveis pelo toque de bom humor na história além de torná-la mais dinâmica, seja devido as relações que possuem ou quanto aos diálogos que têm.
Ivy é uma aprendiz de Curandeira e, além de ser a irmã postiça de Echo, é sua melhor amiga. É tímida e reservada, mas sempre disposta a ajudar Echo em caso de necessidades.
Rowan é amigo de infância de Echo, e eles se tornaram namorados com o passar do tempo. Eles tem um relacionamento muito bonito e especial mas devido a sua ingenuidade, fica dividido entre seu povo e sobre como Echo é vista por eles, sem saber pra qual lado ir ao certo. Quando Caius entra em cena a impressão que fica é de um triângulo amoroso (mais um u_u) à vista, mas não vou dar detalhes sobre isso pra não estragar o que pode ser uma surpresa.
Temos ainda mais personagens conflitantes, com atitudes suspeitas mas que enriquecem a história, como Dorian, um soldado leal a Caius que nutre sentimentos bastante contraditórios, e Jasper, um Avicen solitário que demonstra interesse no Pássaro.

A construção de mundo e os cenários são muito interessantes e ricos. Devido à trama ser ambientada num mundo e submundo modernos com o elemento de fantasia embutido, A Profecia do Pássaro de Fogo pode ser considerado uma fantasia urbana e, embora não seja tão original quanto pareça, a história, como um todo, é divertida e bastante funcional, com personagens interessantes, camadas que colaboram no desenvolvimento e subtramas que intrigam o leitor. As descrições que a autora faz são muito reais, a escrita é envolvente e fluída, as viagens que os personagens fazem também acabam levando o leitor a lugares incríveis.

Com relação a parte gráfica, a capa condiz perfeitamente com a proposta do livro, as cores combinam muito bem e o título em alto-relevo demonstra bastante capricho. As páginas são amarelas, a diagramação é simples, os capítulos são curtos e a revisão não deixa a desejar.

O final é bastante fechado mas ainda fica aquela curiosidade no ar sobre os próximos acontecimentos, então só me resta esperar pelo próximo volume para poder acompanhar os novos passos de Echo e seus amigos.

Temporada dos Ossos - Samantha Shannon

20 de julho de 2016

Título: Temporada de Ossos - Bone Season #1
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Ambientada em 2059, a trama acompanha a protagonista Paige Mahoney, uma andarilha onírica, alguém capaz de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Considerada traidora pelo governo, Paige paga por seu dom com a sua liberdade e é enviada para uma prisão secreta em Oxford. Lá, ela conhece os Rephaim, criaturas de uma raça antiga que desejam controlar a clarividência de Paige e de outros como ela, e precisará aprender a confiar em aliados improváveis não só para reconquistar a liberdade, mas garantir a própria sobrevivência. Considerada um dos principais nomes da literatura de fantasia dos últimos tempos, Samantha Shannon entrega aos leitores um romance surpreendente e arrebatador.

Resenha: Temporada de Ossos é o primeiro volume da série Bone Season escrita pela autora inglesa Samantha Shannon e publicado no Brasil pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

O ano é 2059 e o mundo já não é mais o mesmo. Aqueles que são dotados da paranormalidade são temidos pela sociedade e o governo partiu numa caça desenfreada aos clarividentes. Scion é uma das cidades mais seguras para as pessoas normais viverem e a vigilância constante contra os poderes mentais dos clarividentes é constante. Devido a isso, vários grupos clandestinos de desnaturais, divididos em cortes e sessões, foram formados no submundo. Essas pessoas precisam viver incógnitas, precisam evitar que suspeitas sejam levantadas sobre elas para que não sejam capturadas. Num desses grupos está Paige Mahoney, uma jovem de dezenove anos com o poder de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Ela é uma Andarilha Onírica e é uma das mais poderosas de sua classe. Em troca das suas habilidades, ela recebe proteção ao ser concubina de Jaxon Hall, o Mime-Lorde que lidera os Sete Selos, seu grupo de elite. Esses líderes são como mafiosos, e embora ele dê abrigo a Paige, ela sabe que está longe do perigo... Após alguns acontecimentos, Paige é capturada e levada para uma torre em Sheol I, conhecida como Oxford, onde é mantida presa secretamente pelos Rephaim, criaturas que culpam os desnaturais por vários problemas que foram desencadeados através do uso de seus dons e que por isso os escreviza a fim de controlar a clarividência que eles possuem. Resta a Paige lidar com a verdade obscura que descobre enquanto tenta aprender o suficiente para sobreviver, fugir e reconquistar sua liberdade.

A história é narrada em primeira pessoa através da perspectiva de Paige, sob uma escrita precisa, densa, com ritmo lento para os acontecimentos e muito descritiva, e sendo classificada como uma distopia, temos um governo totalmente opressor e uma classe social igualmente oprimida, e como consequência, aqueles que lutam para sobreviver e/ou combaterem essa falta de liberdade, e claro, vivendo na ilegalidade. A impressão que tive foi que a autora uniu vários elementos conhecidos de outras histórias da literatura e tornou tudo mais complexo, adicionando alguns elementos novos, criando ramificações afim de subdividir classes e determinadas características dos personagens e dando muitas explicações como forma de introduzir o leitor nesse universo repleto de camadas intrincadas e bem interessantes, mas em alguns pontos isso torna a leitura lenta e cansativa devido a essa grande quantidade de informações cheias de detalhes que acabaram me deixando um pouco confusa. Confesso que demorei a me situar na trama por causa disso, pois memorizar o funcionamento do sindicato do crime no submundo, quais as punições dadas aos criminosos capturados, me familiarizar com nomenclaturas e termos diferentes para cada coisa, e até mesmo como funciona o tipo raro de clarividência de Paige não foi uma tarefa muito fácil já que a história continua seguindo. Juro que eu iria gostar muito se o livro fosse adaptado para as telinhas para que a visualização do funcionamento desse universo fosse compreendida de forma mais fácil.
Eu acredito que o ritmo lento da trama foi um fator proposital, pois assim o final acabou funcionando muito melhor. São muitas coisas acontecendo e a cada página a sensação é que mais e mais informações nos são jogadas, sendo necessário uma atenção redobrada para não perder detalhes.

Paige é uma protagonista inteligente, cheia de determinação e ambições. Ela também não é apresentada como uma personagem perfeita, pois por ser impulsiva e teimosa, nem sempre age com razão, e pelos seus erros, ela dá uma sensação de realidade, de gente como a gente, em meio a fantasia. Ela tem espaço para crescer e a medida que a história se desenrola ela é muito bem desenvolvida. Apesar dos membros dos Sete Selos terem sido bem trabalhados, mostrando particularidades e características importantes, eles não tiveram muito espaço e senti falta de um maior desenvolvimento para eles.
Eu gostei bastante da construção dos Rephaim. A cultura da sociedade, seus costumes e a forma como vivem são bem intrigantes, e Nashira, a líder, é uma personagem ótima, mesmo que ardilosa e cruel.

O projeto gráfico do livro é lindo! A capa é simples mas tem efeitos bastante caprichados e que lembram uma textura de jeans, o título é dourado e a parte interna da capa é de um laranja bastante vivo. A diagramação é simples, a fonte é pequena, cada início de capítulo tem o mesmo símbolo presente na capa e podemos contar com o mapa da Colônia Penal de Sheol 1, a classificação completa dos sete tipos e subtipos de clarividentes e um glossário ao fim do livro explicando vários termos utilizados.

Temporada dos Ossos é o primeiro volume de uma série composta por sete livros e é indicada para os fãs de distopia e fantasia sobrenatural que procuram por tramas complexas e bem construídas. A história é criativa, divertida, tem um grande impacto e, mesmo que complexa, desperta o interesse e faz querer mais. Super recomendo!

Por um Toque de Ouro - Carolina Munhóz

1 de junho de 2015

Título: Por um Toque de Ouro - Trindade Leprechaun #1
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Dinheiro, poder e sucesso. Quem não deseja tudo isso? Mas e se alguns milionários na verdade têm muito mais sorte do que outros? E se toda essa sorte se revelasse como um poder especial? Emily O´Connell nunca imaginou que pudesse ter um toque de ouro. Herdeira de uma das marcas mais luxuosas de sapatos e bolsas haute couture do mundo, sorte e glamour praticamente correm no sangue de sua família. Um dia, porém, Emily percebe que sua sorte talvez seja muito maior do que imagina. Na manhã seguinte ao feriado de St. Patrick, após ganhar milhões em uma noite de jogatina, a garota se vê vítima de uma tentativa de estupro. O que a tira das estatísticas policiais, no entanto, é a forma como ela consegue se livrar quase magicamente do perigo. Tudo se complica quando Emily conhece o misterioso e encantador Aaron Locky. Afinal, que segredos ele esconde por trás de seus cabelos compridos e de sua risada irônica? De algum modo, Aaron exerce sobre ela uma atração irresistível, como se uma aura de poder os cercasse e os unisse. Ele tem muito a ensinar a Emily, mas, entre todas as coisas, ela nunca imaginaria que poderia estar envolvida com uma tradição secular lendária.

Resenha: Emily O´Connell tem dinheiro e fama, mas mais do que isso, tem sorte. Ganha em apostas, jogos e faz fortuna fácil sem nunca se perguntar porquê tem esse talento nato. Emily vive sob holofotes e é referência quando o assunto é moda e glamour.
Até que ela conhece Aaron Locky, um rapaz misterioso, e mesmo teimoso, consegue ser encantador. Atraída por ele, Emily se deixa levar e acaba descobrindo que está envolvida em algo que acreditava nem existir: O que ela não sabe é que toda essa sorte vem de um dom passado através de gerações, que está no sangue da família, mas não havia sido comprovado por não passar de mera lenda. Emily possui o toque de ouro e sua sorte e riqueza não são obras do acaso, e Aaron lhe mostra o que seus pais haviam lhe escondido durante toda a sua vida...

Por um Toque de Ouro possui uma narrativa fácil e fluída, feita em terceira pessoa com foco principal na protagonista, Emily. As descrições dos cenários e locais são muito bem feitas e ricas em detalhes, e a impressão é de que estamos visitando a Irlanda e seus pontos turísticos. A mitologia acerca dos Leprechauns, assim como os perigos que rodam esse mundo, também foi explorada de forma convincente, mas alguns furos e pontos na escrita me incomodaram um pouco e por causa deles não consegui acreditar plenamente e nem me conectar ao universo criado pela autora. A história se passa na Irlanda, os personagens são irlandeses, mas em nenhum momento eu senti que eles realmente fizessem jus a nacionalidade a qual pertencem devido aos diálogos que eles mantém. Termos como "amore", "babado", "bicha má", "amiga" e "momento magia" (se referindo a pegação entre os boys) foram responsáveis por "abrasileirar" os personagens, o que acabou estragando meu envolvimento com a história.

A referência à protagonista como "a ruiva" de forma constante também não me agradou muito, pois não tratá-la sempre pelo nome ou por um simples "ela" à sua menção me fez ficar com a impressão de que se trata de uma personagem/figurante qualquer que possui uma característica física que só serve pra diferenciá-la dos demais, mesmo que a maioria dos irlandeses sejam conhecidos mundialmente por terem essa característica em comum.

Emily é uma personagem egocêntrica, mimada ao extremo, bebe, vai pra balada, apronta todas e se acha uma diva superior ao demais. Ela é uma personagem que foge do tradicional e isso me agrada por eu já estar meio saturada de mocinhas frágeis e inocentes, mas confesso que seu comportamento me irritou algumas vezes por ela ser petulante e intragável. Ela é sortuda mas parece não saber aproveitar esse dom com a sabedoria que deveria. Por seus pais serem donos de um império da alta costura, a O'C, eles são bilionários, mas as evidências disso através de nomes das grifes glamourosas, caríssimas e finas de roupas, bolsas e sapatos que eles usam, ou que a conta da boate é paga com cartões "American Express Black Centurion" forçaram um pouco a barra.

Aaron faz o estilo bad boy, misterioso e sedutor e o relacionamento dele com Emily é daquele tipo que começa na briga e parte pro amor de forma inexplicável e até bem rápida. A atração é irresistível, a química parece perfeita e o relacionamento provoca mudanças positivas em Emily. Ela passa a se conhecer melhor e, a partir daí, amadurece e começa a se preocupar com coisas mais importantes e dignas de se valorizar na vida.

Darren é o melhor amigo de Emily e foi, de longe, meu personagem preferido. Ele age como um verdadeiro irmão, protetor e cúmplice dela, está com ela nos momentos de alegria e tristeza e a entende como ninguém. A amizade sólida e verdadeira que eles cultivam foi algo super positivo e que me surpreendeu muito. Só achei que a caracterização dele foi exagerada e muito estereotipada. Mesmo que o personagem seja gay, ele não precisa ser, obrigatoriamente, "do babado", daquele tipo espalhafatoso e super afeminado, e Darren é bem aparecido. Acho que os próximos livros ainda reservam algo de especial pra ele levando em consideração o desfecho que a história teve...

Talvez pela escassez de personagens, a história ficou bastante previsível desde a entrada de Aaron, então o desfecho, mesmo que tenha sido satisfatório, não foi uma surpresa pra mim. Ele fica em aberto e realmente rola uma ansiedade pra saber como o problema trágico que surge será resolvido.

Sobre a parte impressa, como não amar a capa e os detalhes em dourado que ela tem? A personagem é retratada com bastante fidelidade, mostrando os cabelos longos, ruivos e o corpo escultural de Emily numa posição que dá a impressão de que ela, enfim, está se libertando de algo que a prendia e rumo a algo novo (é imagem de galeria, eu sei, já vi em outra capa, fazer o que, mas serviu muito bem aqui).

A diagramação também é muito caprichada, trazendo ornamentos em cada início de capítulo e alguns "documentos" de controle de seres dotados com o toque de ouro ao fim, e é interessante se ater aos detalhes que há neles, mesmo que de início pareçam confusos. É até interessante saber que a tradição secular e o dom da sorte dos Leprechauns não se concentra apenas na Irlanda (o que me fez pensar que a história não tinha que se passar necessariamente lá), mas em todo o mundo e, mesmo que não muito aprofundado, há uma "sociedade secreta" que visa o controle dos que são dotados com o toque, assim como parecem ter a intenção de impedir aqueles que são mal intencionados de roubarem, e até matarem, pelo toque de ouro alheio.
As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Li o livro tranquilamente em um único dia.

O enredo em si é bacana, prende a atenção, tem momentos de tensão, emoção e reviravoltas, mostra a cultura irlandesa e sua geografia com bastante riqueza, se aprofunda nos dons de um tipo de ser mágico que foge dos que estamos acostumados e isso torna a história inovadora e muito boa de forma geral.
Por um Toque de Ouro é um livro que mostra alguns lados do poder e da riqueza e como os envolvidos tem suas vidas afetadas pelo dinheiro em excesso. Também traz algumas reflexões sobre confiança, ambições e segundas intenções. Até onde alguém vai pra conseguir o que tanto deseja? No fim, posso afirmar que a sorte é pra poucos... Pra quem pode, e não pra quem quer...

Garota Tempestade - Nicole Peeler

10 de março de 2013

Lido em: Março de 2013
Título: Garota Tempestade - O Estranho Mundo de Jane True #1
Autor: Nicole Peeler
Editora: Valentina
Gênero: Urban Fantasy
Ano: 2013
Páginas: 280
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Mesmo tendo passado a vida inteira na pequena e conservadora cidade de Rockabill, Jane True, 26 anos, sempre soube que não se encaixava numa sociedade pretensamente normal. Durante um de seus clandestinos nados noturnos no mar congelante, desafiando um perigosíssimo redemoinho, uma descoberta terrível leva Jane a revelações surpreendentes sobre sua herança genética: ela é apenas meio-humana. Agora, Jane precisa penetrar um mundo de mitos e lendas, povoado por criaturas sobrenaturais, aterrorizantes, belas e até mortais. Características que também descrevem perfeitamente Ryu, seu novo “amigo” -- um vampiro poderoso, deslumbrante e hummm, aiii... muuuito SEXY. Nesse mundo, onde há um goblin advogado, um espírito de árvore maquiador, um súcubo dona de boutique, elfos diabólicos, homens inflamáveis, seres híbridos que se transformam em animais selvagens, nada é presumível. Que dirá um romance ao molho pardo. Mas atenção, nunca, nunca mesmo, esfregue a lâmpada do gênio. Entretanto, alguém está matando meio-humanos como Jane. A pergunta que não quer calar é: os assassinatos são fruto de uma mente doentia ou há um plano macabro para exterminá-los?
Resenha: Garota Tempestade é o primeiro livro da série "O Estranho Mundo de Jane True", e traz a própria Jane como protagonista dessa história do gênero Urban Fantasy, que anda agradando bastante vários leitores. Pra quem não sabe, o gênero traz os seres sobrenaturais e a cidade grande, em vez dos cenários fantásticos, como pano de fundo. Rockabill é a cidade dessa história, e traz locais com nomes peculiares como a boate Pocilga, a lanchonete Chicqueirão entre outros.

Jane é uma moça de 26 anos bem diferente das outras... Toda a cidade a vê com maus olhos devido ao seu passado sombrio... A história da mãe é perturbadora, pois apareceu em Rockabill do nada, e desapareceu igualmente. E pra piorar, Jane ainda é suspeita de ter matado o namorado, Jason, há alguns anos atrás. Esses fatores acabaram por fazer com que praticamente todos da cidade se afastassem dela.
Já que Jane não tem muitas opções, mantém uma rotina: adora nadar na água gelada a noite, e vai trabalhar na livraria Morrer de Ler, que pertence a Grizzie e Tracy, um casal de lésbicas malucas e desbocadas que são o que Jane pode considerar como suas únicas amigas.
Até que um cara aparece morto e a vida de Jane vira de cabeça pra baixo, pois a partir daí, ela começa a descobrir sua verdadeira identidade e tudo o que antes parecia não ter sentido, passa a ter respostas...
Ryu é enviado para investigar essa morte, e através dele, Jane descobre que seres sobrenaturais, como vampiros, íncubos e súcubos, selkies e kelpies, goblins e etc existem e vivem em Rockabill, e que ela inclusive é uma meia humana.
Ela passa a ajudá-lo nessa investigação e acaba se envolvendo com ele de um jeito pra lá de quente, e descobre que ela também corre perigo! Agora, os dois vão tentar descobrir quem é o assassino pra dar fim nessa história.

A narrativa em primeira pessoa é super ágil e envolvente e colabora para nos sentirmos íntimos de Jane. Mesmo sendo fluída e fácil, a escrita da autora, por mais que seja cheia de tiradas hilárias, é mais séria (no sentido de não ser amadora e pobre), e acho que pela forma como todas as questões são tratadas com naturalidade e como se existissem de fato, não se torna cansativa, muito pelo contrário.
Jane é uma garota muito divertida, sensata e engraçada, porém, incompreendida. Acho que por estar tanto tempo encalhada, ela reprimiu sua sexualidade, e agora que surgiu a grande oportunidade, se comporta como um vulcão em erupção. E dá-lhe Ruy pra dar conta de todo esse fogaréu! E cá entre nós, ele não deixa a garota na mão...
Às vezes os pensamentos e o próprio comportamento de Jane pode soar um tanto vulgar para alguns, mas não achei inadequado nem vi isso como um ponto negativo, achei bem normal visto que ela estava há anos e anos na solidão e seca, coitada...

Enfim, a história não gira só em torno de seres fantásticos morando numa cidade peculiar, pois o mistério que envolve a morte do sujeito encontrado por Jane é só a porta de entrada para um mundo cheio de seres fantásticos e incríveis de várias espécies com um toque de romance. Eu só achei que as descrições e explicações do que eles são e fazem, foram, às vezes, um pouco confusas ou enroladas, pois senti que esses detalhes não passaram de resumos, e tive um pouco de dificuldade pra gravar a função de cada um deles (e confesso que de alguns já esqueci e vou acabar tendo que reler qualquer hora pra refrescar minha memória). Isso não impede o entendimento da história, mas acho que seria melhor se todas as espécies apresentadas tivessem mais informações e fossem descritas de forma um pouco mais lenta pra que pudessem ser melhor assimiladas.
Uma coisa que achei muito bacana foram as várias referências, tanto musicais e cinematográficas, quanto literárias, que vão desde Harry Potter a Sade (Smooth Operator)! Amo *-*

O romance, apesar de intenso e muito caliente, não é nada meloso nem aquela coisa de amor eterno a primeira vista... Jane e Ryu estão se conhecendo e aproveitando o momento, especialmente na cama, o que demonstra que é normal e comum que pessoas adultas tenham suas necessidades e extravasam quando acham conveniente e isso não é feio, sujo nem errado. Jane, por ser tão diferente dessas protagonistas tradicionais, por mais faminta por sexo que seja, consegue cativar o leitor por sair desse padrão de menina certinha, delicada, indefesa e apaixonada. Talvez existam meninas por aí que se identifiquem com ela e seus desejos, por mais que sejam secretos... Já Ryu, parece ter sido criado para agradar e arrancar suspiros da mulherada, e por mais que tenha curtido o relacionamento dos dois e a necessidade que ele tem de proteger Jane, soou bem clichê pra mim. Estou meio cansada desses personagens gostosões.

A capa do livro engana... Por ela, parece que a história se trata de um livro infanto juvenil, mas está longe disso. É um livro voltado pro público adulto, tanto pela escrita, pela linguagem quanto pelas cenas hot. Jane explora a sexualidade da forma mais natural possível, e achei muito bacana ela ainda exigir que seu parceiro sempre use preservativo de uma forma que não deixa impressão de que há um tipo de campanha forçada a favor do sexo seguro, mas sim de que Jane tem consciência e preocupação de se cuidar, coisa que todos deviam fazer.

Gostei bastante do cuidado que a editora teve com a revisão e com a diagramação, mas fiquei na dúvida com relação a tradução, pois senti que algumas palavras usadas não fazem parte do vocabulário gringo e foram inseridas ali pra dar um ar mais descolado e abrasileirado no texto, e como não tive acesso ao original em inglês, não tenho como confirmar. As páginas são amareladas, a fonte tem um tamanho que não cansa a vista, e cada início de capítulo tem a ilustração do coração com dentes de vampiro presente na capa.

Pra quem gosta de fantasia, mistério e um romance pra lá de quente, não pode deixar de ler Garota Tempestade!