Mostrando postagens com marcador Jovens Leitores. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jovens Leitores. Mostrar todas as postagens

Na Era do Amor e do Chocolate - Gabrielle Zevin

12 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Na Era do Amor e do Chocolate - Birthright #3
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Cláudia Mello Belhassof
Gênero: Juvenil/Distopia (?)
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Sinopse: No terceiro e último livro da trilogia Birthright, o romântico e inesperadamente redentor Na era do amor e do chocolate, Anya completou dezoito anos e sua vida até agora foi muito mais amarga do que doce. Ela perdeu os pais e a avó e passou a melhor parte dos anos escolares sendo castigada pela lei. Talvez o mais difícil de tudo, no entanto, tenha sido abrir mão do namorado e melhor amigo, Win, após sua decisão de inaugurar uma boate com o pai dele, o antes inimigo Charles Delacroix.
Contra todas as expectativas, a boate foi um sucesso gigantesco, e Anya finalmente sentiu que estava no caminho certo e que nunca mais as coisas dariam errado outra vez. Porém, um terrível equívoco faz Anya precisar lutar pela própria vida. Será que ela enfim vai rever suas escolhas e, pela primeira vez, aceitar a ajuda de outras pessoas?

Resenha: Na Era do Amor e do Chocolate é o terceiro e último volume da trilogia Birthright escrita pela americana Gabrielle Zevin e lançado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco no Brasil.

Recaptulando: a história da trilogia Birthright se passa num futuro onde o mundo passou por várias crises, tanto naturais quanto políticas e as pessoas foram forçadas a racionarem água e alimentos. Café e chocolate foram proibidos, mas, quando algo se torna ilegal, sempre há quem mexa com contrabando...
Anya Balanchine, indiretamente, fazia parte desse mundo da máfia, pois seu pai, quando ainda era vivo, era traficante de chocolate. As pessoas que a conheciam acabavam associando a garota ao mundo do crime sem que ela não tivesse nada a ver com isso e, a partir dessa premissa, a história se desenrola. Anya tenta fazer com que a ilegalidade do chocolate seja revertida, precisa lidar com seus sentimentos com os garotos com quem se envolve, se preocupa em manter seus irmãos seguros, além de precisar fazer escolhas que irão defini-la.

Nesse terceiro volume, Anya acaba de completar dezoito anos e tudo o que viveu para se salvar e ajudar quem ama serviu como uma verdadeira provação. Ela perdeu os pais e a avó, está vivendo longe dos irmãos, já foi presa, já fugiu para o México mas nunca deixou de lado seu sentimento por Win, seu namorado e filho do promotor que dedicava a vida no combate a corrupção. Mas quando Anya resolveu se associar a Charles para abrirem uma boate, Win vai contra essa sociedade e parte pra Boston. Anya sacrifica praticamente tudo em nome do seu novo negócio, incluindo seu romance com Win, mas apesar da saudade, ela fica envolvida nos preparativos para a inauguração da boate, supervisiona os funcionários, testa bebidas preparadas a base de cacau e decide nomear a boate de Quarto Escuro. Por mais que haja sociedade, ela é quem comanda o negócio. Theo, o amigo que fez durante sua "estadia" no México cuja família plantava cacau, ainda vem ajudá-la nos negócios.
Com tudo pronto e contra todas as expectativas, quando a boate é inaugurada se transforma num enorme sucesso e, enfim, Anya acredita que tudo em sua vida está fluindo e dando certo, mesmo que tenha precisado abrir mão de várias coisas em sua vida.

Narrada em primeira pessoa, a história se desenrola de uma forma que sempre segue em frente pois não há quebras de acontecimentos e nem enrolação para se chegar a algum lugar. As escolhas que Anya toma interferem nos acontecimentos seguintes e a história não fica estagnada, sempre há algo novo acontecendo.
Durante a narrativa o leitor ainda se depara com trechos destacados em itálico e entre parenteses para evidenciar que Anya tem uma opinião sobre determinada descrição/situação o que colabora para que seja mais crível que a história está, de fato, sendo contada por ela. O legal é que o livro não é muito grande, mas existem muitos elementos que fazem ligação um com o outro de forma a enriquecer o enredo. A escrita da autora é enxuta, muita coisa acontece com descrições na medida certa, o que é perfeito.

Anya é teimosa mas consegue equilibrar essa teimosia perfeitamente de forma que se mantém leal às pessoas com quem se importa, e mesmo que tenha que abrir mão do que gosta, não hesita quando o assunto é ajudar sua irmã mais nova, Natty, seu irmão mais velho, Leo, ou sua melhor amiga, Scarlet que neste volume já foi agraciada com o dom da maternidade. Inclusive seu filhinho, Felix, é afilhado de Anya. Anya sempre pensa no que será bom para todos, e não pensa só em si mesma e perceber esse amadurecimento ao longo da trilogia foi algo muito bacana pois mostra o progresso da protagonista como pessoa. Ela é aquele tipo de personagem que usa o cérebro e age com a razão mas está com o pé no coração pois o que a move, no fundo, são os sentimentos que nutre por seus entes queridos. Às vezes foi difícil acompanhar a luta interna dela para que as melhores escolhas fossem tomadas, mas Anya é altruísta e coloca os outros em primeiro lugar.
Um ponto bacana é que, por mais que Anya tenha se metido em problemas com a lei anteriormente, ela quer trabalhar com chocolate pois não entra em sua cabeça que possa ser algo ruim, como drogas ou coisa do tipo, mas ela quer estar do lado legal e correto da coisa.
Mesmo que ela e Win estejam separados pela distância, eles ainda estão emocionalmente conectados e os trechos onde eles trocam mensagens de texto mostram como nada pode simplesmente ser esquecido.
Gostei do desenvolvimento dos demais personagens e como eles foram essenciais para o crescimento pessoal de Anya.

A capa segue o padrão e o tom marrom chocolate tem tudo a ver com o tema. As páginas são brancas, a diagramação é simples e a revisão está ótima.
Ao fim do livro a autora fala que nunca considerou sua trilogia como sendo distópica, mas acredito que mesmo não sendo totalmente, há elementos que lembram bastante o gênero. O fato de existir tráfico de café e chocolate, toque de recolher e outras proibições só sugere uma situação que poderia acontecer futuramente no mundo. Penso que outros elementos poderiam se tornar escassos a ponto de causar um tipo de guerra real, fora da ficção, mas aqui a autora optou por trabalhar com vícios "benéficos" que fazem falta na vida de quem gosta e as fazem felizes.
Num mundo onde as pessoas são privadas de terem o que gostam, e que coisas simples como comer chocolate podem caracterizar crimes, a autora consegue evidenciar algo maior quando se trata de sentimentos e amor. Anya descobre que antes de amar outra pessoa, deve amar a si mesma primeiro, e essa lição além de importante, é válida para qualquer qualquer um, principalmente quando esse amor dá forças para que se possa recuperar a força que acreditávamos não ter mais e, no fim, sermos felizes.

Acompanhar a protagonista, que iniciou sua jornada aos dezesseis anos até se tornar adulta madura foi incrível. Pra quem quer acompanhar uma história honesta e realista sobre luta por sobrevivência até que o sucesso seja atingido, com certeza vai gostar dessa trilogia.
Posso afirmar que Na Era do Amor e do Chocolate foi um desfecho incrível, uma das melhores leituras que já tive oportunidade de acompanhar, que superou minhas expectativas e ainda me fez querer reler toda a série para relembrar toda a saga de Anya até seu final feliz.

Timmy Fiasco: Errar é humano - Stephan Pastis

11 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Timmy Fiasco: Errar é humano - Timmy Fiasco #1
Autor: Stephan Pastis
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Infanto juvenil
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Timmy Fiasco acredita que é o melhor detetive de sua cidade. Junto de seu inseparável amigo Total, o urso polar, Timmy funda a Fiasco Total, uma empresa de investigações baseada no closet de sua mãe! Timmy Fiasco – Errar é humano é o primeiro livro para jovens do cartunista Stephan Pastis, autor de tirinhas premiadas nos EUA como Pérolas aos porcos e Larry in Wonderland. Repleta de humor e ironia, a série de Pastis é comparada ao bestseller Diário de um Banana, de Jeff Kinney, e alcançou a lista dos mais vendidos do The New York Times. Com uma imaginação fértil e uma lógica peculiar, o pequeno Timmy vai conquistar os leitores com suas hilárias desventuras ao investigar casos como o misterioso sumiço dos doces de seu colega Gunnar e seguir sua caminhada rumo ao sucesso. 

Resenha: Timmy Fiasco é o primeiro volume da série infanto-juvenil de mesmo nome escrita pelo autor e cartunista americano Stephan Pastis e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Conheça Timmy Fiasco, que apesar do sobrenome, não é nenhum fracassado (ou pelo menos ele acredita piamente que não). Timmy é fundador, presidente e diretor executivo da agência de detetives Fiasco Ltda, a melhor agência de investigação da cidade, ou do mundo! O livro nada mais é do que seu registro histórico sobre seus feitos grandiosos e como Timmy conseguiu chegar ao sucesso vencendo obstáculos: sua mãe, sua escola e seus amigos imprestáveis ou idiotas.
A história basicamente gira em torno do sumiço do Fiascomóvel, o patinete da mãe de Timmy, que ele pegou sem pedir. Ele usou o "veículo" para atender um cliente que o contratou para investigar um roubo de doces e quando estava voltando percebeu que o Fiascomóvel havia desaparecido. Sua mãe não pode saber de jeito nenhum que o patinete sumiu, e Timmy precisa descobrir quem foi e recuperar o que acredita ter sido roubado.

Timmy é um garotinho normal que mora com a mãe e tem um urso polar de 700kg chamado Total como animal de estimação. O urso parecia ser muito confiável quando apareceu em sua casa vindo do Ártico, só para comer a ração do gato, que Deus o tenha, e acabou se tornando sócio na agência de detetives de Timmy, que, claro, mudou de nome: Fiasco Total Ltda. Sua empresa funciona no closet da mãe, mas o local é temporário até ele poder alugar o prédio mais caro da cidade.
Timmy, em companhia de Total, passa os dias resolvendo "crimes" para as crianças de sua turma, mas devido a sua completa inocência não consegue enxergar o óbvio e acaba não sendo tão bom no que faz. Ele prioriza sua agência e acha que a escola só existe para atrapalhar e fazer com que perca seu precioso tempo, principalmente porque seu professor é um completo rabugento que não para de pegar em seu pé. Mas ele acredita em seu talento e que isso fará com que ele se torne alguém realmente grandioso, cheio de fama e fortuna, ele só precisa se livrar de sua inimiga e concorrente, Corrina Corrina, mais conhecida como Maligna (uma detetive que tem patrocínio de seu pai rico, logo, sempre está a frente de Timmy ou sendo contratada em seu lugar), fazer com que sua mãe pare de reclamar sobre dinheiro e pare de interferir em seus assuntos, além de descobrir um meio de manter Total fora do zoológico.

No decorrer da história conhecemos os colegas malucos de Timmy que dão um ar mais cômico à história, entre eles, Rollo Tookus, um dos garotos mais inteligentes da turma mas que vive se metendo em confusão graças aos rolos de Timmy e Molly Moskins, apaixonada pelo garoto e que cheira a tangerina, fora os professores que só atrapalham a vida dele.

Narrada pelo próprio Timmy, por mais que o livro seja voltado ao público infanto juvenil (em média 9 a 13 anos), não deixa de ser uma leitura válida para adultos também, pois além de divertida, ainda traz nas entrelinhas alguns temas dignos de reflexão.

Talvez um leitor mais jovem possa não perceber a situação de Timmy e achar super engraçada a história de um garoto azarado cujo trabalho de detetive é um completo fiasco, principalmente porque o livro é todo ilustrado com traços toscos e rabiscados para lembrar algo bem inocente e infantil, mas pra mim ficou claro que a vida de Timmy não é nada fantasiosa e mostra a realidade de uma mãe solteira com dificuldades para se virar e sustentar a casa já que tem um emprego ruim e de salário baixo, e seu filho que, mesmo que de forma inconsciente, quer ter sucesso para ajudar a mãe. Até mesmo Total que, pra mim, por mais que seja engraçado e atrapalhe a carreira do garoto, representou algo em quem Timmy pode jogar a culpa por seus fracassos mas que possa até ser fruto de sua imaginação. E isso fica ainda mais perceptível quando vemos Timmy ao ficar num canto completamente sozinho na hora do recreio enquanto as outras crianças brincam, dando a desculpa de que está fazendo companhia para Total que não pode entrar na escola e precisa esperá-lo por fora da cerca. Mas, deixando análises mais profundas de lado, o livro foi comparado a Diário de um Banana, do autor Jeff Kinney, e concordo plenamente pois trata da história de um garoto inocente que quer vencer obstáculos, e somando essa característica aos sonhos e a esperança que ele tem de que será alguém muito importante na vida um dia, posso afirmar que é uma leitura intrigante e divertida que com certeza irá conquistar a simpatia de leitores de toda as idades.

A Morte de Rachel - Anne Cassidy

8 de julho de 2015

Título: A Morte de Rachel - The Murder Notebooks #2
Autora: Anne Cassidy
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Viviane Diniz
Gênero: Juvenil/Policial/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Descobrir toda a verdade pode ter consequência fatais.
A mãe de Rose e o pai de Joshua desapareceram. As investigações da polícia não deram em nada, e o caso foi arquivado: tudo indica que seus pais estão mortos.
Enquanto isso, Rose recebe cartas estranhas e desesperadas de Rachel, um antiga amiga da escola, e, pouco depois, a terrível notícia de que ela morreu.
Existiria alguma ligação entre a morte de Rachel e o desaparecimento dos pais deles?
Mais e mais perguntas vão surgindo à medida que Rose e Joshua tentam resolver o quebra-cabeça sobre o que houve com seus pais. Será que os cadernos cheios de códigos podem ajudá-los a encontrar as respostas?
Os códigos precisam ser decifrados - mesmo que seja uma questão de vida ou morte.

Resenha: A Morte de Rachel é o segundo livro da série The Murder Notebooks, escrito pela autora Anne Cassidy e lançado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Não é obrigatório que o primeiro livro seja lido para entender o segundo, mas é interessante acompanhar a série do início para que os vínculos entre eles sejam melhores compreendidos.
Resumindo a história do primeiro livro, Rose e Joshua são irmãos postiços e seus pais desapareceram sem deixar rastros há cinco anos. Eles ficaram separados durante esse tempo e se reencontraram depois. Os jovens, então, ao mesmo tempo que tentavam descobrir o que houve com seus pais, se depararam com outro mistério que envolvia mortes de pessoas do colégio. Dessa forma, a história segue com o mistério principal sobre o sumiço dos pais e paralelamente traz um mistério a parte do qual eles acabam se envolvendo também.

Dessa vez, tudo indica que os pais de Rose e Joshua estão mortos, pois as investigações da polícia não deram resultado, e o caso acabou sendo arquivado. Mas, com a ajuda de Frank Richards e seus cadernos cheio de informações, códigos e textos em russo, eles tiveram motivos suficientes para acreditarem que os pais ainda estão vivos e querem continuar com a própria investigação junto com Skeggsie, o melhor amigo deles.
Quando Rose começa a receber cartas estranhas e telefonemas angustiantes de Rachel, uma antiga amiga da época do internato, ela acredita se tratar de brincadeiras de mau gosto já que a garota tinha costume de mentir muito e fazer drama pra qualquer situação a fim de ser o centro das atenções a ponto de Rose cortar relações com ela, tanto que, mesmo desconfiada, pede para a avó ligar para a diretora do internato para saber notícias da ex-amiga, e é aí que vem a notícia de que a garota supostamente se afogou e seu corpo foi encontrado.. Diante dessa notícia trágica, Rose acaba indo visitar o internato para prestar as condolências e decide ajudar nas investigações da polícia entregando as cartas que recebeu, além de descobrir alguns segredos deixados por Rachel. E enquanto isso, Joshua continua seguindo as pistas dos pais e parece estar mais perto da verdade do que nunca...

É bastante perceptível, mesmo que com algumas ressalvas, um amadurecimento de Rose na história assim como uma melhora bastante significativa na escrita da autora. A narrativa é feita em terceira pessoa e está muito mais fluída se comparada ao primeiro livro da série, cheia de descrições que possibilitam que as cenas sejam perfeitamente visualizadas pelo leitor.. Dessa vez, a história está mais complexa e envolvente pois a trama está muito bem construída com uma conclusão que se encaixa perfeitamente com o que foi discorrido. O desaparecimento dos pais e o mistério da morte de Rachel fazem com que a histórias fiquem interligadas mantendo um ritmo rápido e a leitura fixa, assim, o leitor fica ansioso para descobrir mais e qual é o próximo passo dos irmãos. É bastante surpreendente a forma como Rachel acaba deixando informações que dão esperanças a Rose e Josh sobre o desaparecimento dos pais.

Rose é uma personagem bastante desconfiada e mal tem amigos, e é interessante acompanhá-la quando ela precisa lidar com o com o desaparecimento de sua mãe. Ela se sente confusa com relação ao seus sentimentos por Joshua e é possível desenvolver uma certa pena dela pelo que ela passa. Os momentos com Joshua são significativos mas não curti muito a ideia de ela ser descrente ou fazer desfeita com as coisas que ele descobria, o que o deixava profundamente irritado. Joshua é prestativo, compreensivo e nunca deixa Rose em segundo plano mesmo que pareça ter encarado a morte de Rachel com certa indiferença. Sempre lhe dá atenção, se preocupa com ela e se importa com o que lhe acontece.

Um ponto bacana é que o leitor se depara com alguns flashbacks onde podemos saber um pouco mais sobre como era a amizade de Rose com Rachel, o que nos faz entender o porquê ela ter relutado tanto em ajudar a colega logo de cara em seus pedidos de socorro desesperados. Esses flashbacks despertaram muito a minha curiosidade pois através deles é possível perceber que havia algo de mais profundo e particular nessa história e que se a garota fazia o que fazia, era porque deveria ter motivos para isso que não fossem, necessariamente, chamar atenção.
Uma coisa a ser destacada é que pela mãe de Rose ter se casado com o pai de Joshua, biologicamente falando, eles não são irmãos de sangue, logo, devido a aproximação entre eles que veio desde o primeiro livro, um sentimento maior começa a ser despertado nela... Acredito que seja uma abordagem ousada e bem diferente pois o relacionamento vem de forma sutil e gradual sem que fique forçado ou superficial.

Só achei que os personagens de forma geral não são tão simpáticos a ponto de o leitor torcer pela felicidade deles, mas se sentir preocupado ou ansioso para que resolvam logo o mistério e a situação em que se encontram. Só me afeiçoei mais a Skeggsie, não pela personalidade, mas pela dedicação em ajudar os amigos na investigação do sumiço dos pais.
Ao final, mesmo que o desfecho tenha sido bombástico, muitas perguntas ficaram sem respostas e senti falta de maiores explicações para determinados acontecimentos. O que importa é que por mais que haja várias histórias que se conectam e levam em direção a uma coisa só, o mistério é o que faz com que tudo valha a pena.

A capa, fazendo o mesmo estilo da primeira, é linda e bastante sugestiva dando enfoque no nome do projeto dos personagens. A borboleta, o título e o nome da autora são em alto relevo e possuem verniz localizado. A parte interna da capa é amarelo vivo, as páginas são amareladas, cada capítulo é representado por um numeral romano assim como traz o desenho da borboleta no canto superior da página. A fonte tem um tamanho agradável e o espaçamento das margens externas também está perfeito.

É muito bacana quando o leitor se envolve com a história a ponto de se sentir parte dela, e foi essa a sensação que tive ao ler A Morte de Rachel. Foi como se eu estivesse com um quebra cabeça nas mãos tentando resolver o crime da vez.
Para quem está a procura de um bom mistério policial envolvendo assassinatos e desaparecimentos, que se desenrola de forma nova e bastante perspicaz, a leitura da série é mais do que indicada. Ansiosa pelo terceiro volume, "Butterfly Grave", ainda não lançado no Brasil.

Graceling - Kristin Cashore

29 de junho de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: Graceling: O Dom Extraordinário - Sete Reinos #1
Autora: Kristin Cashore
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutor: Chico Lopes
Gênero: Fantasia/YA
Ano: 2011
Páginas: 496
Nota: ★★★★★
Sinopse: Por toda extensão dos sete reinos há pessoas com habilidades especiais conhecidas como Dons. Um Dom pode ter um valor imensurável ou ser algo totalmente inútil. Pode fazer de alguém veloz como o vento ou capaz de prever o tempo, ou simplesmente hábil em subir em árvores altas ou a falar de trás pra frente. Nossa heroína chama-se Katsa. Seu Dom é matar.
Em um mundo no qual os Gracelings - os nascidos com alguma habilidade extraordinária - são rechaçados ou explorados, a jovem Katsa é forçada a utilizar o Dom que tanto despreza para punir e torturar qualquer um que desagrade seu tio, o rei Randa, soberano do reino Middluns.
Quando o destino a coloca diante do príncipe Po, um Graceling da isolada ilha de Lienid com o Dom para o combate quase tão impressionante quanto o dela, Katsa não faz ideia do quanto sua vida está prestes a mudar.
Ela nunca poderia imaginar que se tornaria amiga de alguém como ele.
Ela nunca poderia imaginar que o Dom Extraordinário de matar pudesse esconder outra verdade... Ou mesmo que, em uma terra distante, pudesse haver alguma força capaz de destruir todos os sete reinos apenas com palavras.

Resenha: Graceling é o primeiro volume da trilogia Sete Reinos escrita pela autora americana Kristin Cashore e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Pelos Sete Reinos há pessoas especiais que nascem marcadas com heterocromia (um olho de cada cor) indicando que possuem algum tipo de Dom e sendo chamados de Gracelings.
Seus dons podem se manifestar das mais diversas maneiras quando atingem determinada idade da infãncia, desde algo completamente inútil como ter a habilidade de subir em árvores, até algo incrível como lutar ou correr.
Kasta descobriu, aos oito anos de idade, que possui o Dom de matar, logo, seu tio, o rei de Middluns, decidiu usufruir desse poder a fim de punir qualquer um que vier a desagradá-lo. Alguns anos se passaram e Kasta continua sendo forçada a servir o rei e por toda a extensão dos Sete Reinos ela é conhecida por ser uma assassina habilidosa e temível. Mas ainda assim, mesmo que esteja presa nessa vida que detesta, ela usa de seu Dom para, em segredo, fazer justiça com as próprias mãos.. Então, numa missão de resgate, ela acaba conhecendo o príncipe do reino de Lienid, Po, e acaba se envolvendo num mistério responsável por mudar sua vida e a dos Sete Reinos...

Narrado em terceira pessoa com foco principal na protagonista, Kasta, a história de Graceling é bastante fácil e fluída por mais que tenha muitos detalhes acerca da mitologia que a autora criou e alguns trechos que soaram um pouco confusos sendo necessário relê-los. O ritmo é lento em alguns pontos mas no geral é muito bom, e a cada novo acontecimento o leitor fica ansiando pelo próximo.
O conceito dos Gracelings foi fantástico e gostei muito da forma como suas características foram criadas de forma a tornar os personagens inesquecíveis. Juro que morri de pena dos Gracelings com dons inúteis e de como seus destinos podem ser tristes, enquanto os outros com dons imensuráveis são aproveitados e obrigados a servirem o rei, muitas vezes contra suas vontades, como é o caso de Katsa.

Katsa é uma das melhores personagens femininas já criadas. Ela é corajosa, forte e não faz o estilo donzela indefesa. Mesmo jovem, é uma assassina nata, que age em vez de pensar. E por estar cansada e insatisfeita de servir o tio, sentindo repulsa por ser obrigada a torturar pessoas, muitas vezes, inocentes, e por ter essa má fama que faz com que seja temida, Katsa quer sua liberdade. Ela tem pouquíssimos amigos e durante a história, com todos os acontecimentos e as pessoas que se envolve, ela acaba tendo uma evolução pessoal e um amadurecimento muito convincentes. Um ponto bacana é que por trás desse status de assassina existe uma garota comum, que tem seus medos e defeitos e isso a torna mais humana em vez de uma máquina de matar.

O príncipe Po é lindo, bondoso e gentil, mas também muito corajoso e forte. Por ter o Dom da luta, fica perceptível o quanto ele e Katsa possuem afinidade, mas essa afinidade não significa que Katsa vá dar confiança pra ele logo de cara. Ele esconde um segredo que faz com que ele tenha uma ligação com Katsa além de conseguir enxergá-la de uma forma que mais ninguém pode e acredito que independente de qualquer coisa que eles tenham passado e como precisam lidar com o que enfrentam, eles se completam.

O amor que surge é sólido, tem química, e vemos como é difícil para Katsa levar seus sentimentos quando sua vontade inicial era nunca se envolver emocionalmente com ninguém, e isso faz com que ela cresça bastante como personagem.
La pela metade do livro entra em cena Bitterblue, a princesa de Monsea, que no começo se apresenta bastante tímida, mas com o desenrolar das coisas se torna bastante destemida e se revela uma grande lutadora, mesmo que tenha tido que enfrentar maus bocados.

Um ponto a ser destacado é que a autora aborda um tema bastante importante sobre a opressão que as mulheres de forma geral sofrem num ambiente machista que acredita que elas devem servir e obedecer, logo, a ideia de mostrar que as mulheres podem ser tão fortes quanto os homens se faz presente aqui. A criação de uma protagonista que não tem interesse em se casar ou ter filhos e que aparece constantemente cercada por armas e matando as pessoas foge desse estereótipo de mulher delicada e indefesa que costumamos ver nesse cenário é medieval.

Por mais que um interesse romântico surja entre Katsa e Po, fiquei bastante impressionada em como esse romance foi desenvolvido pois foram pouquíssimas as vezes em que vi o personagem masculino deixando de tomar frente ou assumindo o papel da garota da qual ele se importa. Po daria tudo de si por ela, mas ele sabe que Katsa é forte e capaz e não faz o trabalho que é destinado a ela, mesmo que ela tenha sido muito rude com ele por diversas vezes. Torço bastante para que ela possa ceder e enxergar o que está a sua frente, deixando de ser relutante.

Acho que alguns pontos da história poderiam ser mais enxugados, como as várias viagens a cavalo que parecem estarem alí só pra ocuparem espaço quando os personagens vão cavalgando e cavalgando pra lugar nenhum, e até mesmo a forma como os bichos são maltratados, mas mesmo tendo ficado um pouco incomodada com isso, não desgostei da história.
A capa é linda, tanto pela imagem da espada quanto pelo trabalho gráfico dado a ela. O título é dourado e, assim como a espada, é em alto relevo. As páginas são brancas, há o mapa dos Sete Reinos no início do livro, a fonte tem um tamanho agradável e encontrei poucos erros de revisão.

Se você gosta de livros fantásticos, com personagens únicos e bem construídos que buscam pela sobrevivência e por respostas em suas jornadas, recomendo muito Graceling.
O segundo livro, Fogo, já foi lançado pela Rocco. O terceiro, Bitterblue, ainda não foi lançado no Brasil.

O Menino da Lista de Schindler - Leon Leyson

23 de maio de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: O Menino da Lista de Schindler
Autor: Leon Leyson
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Drama/Biografia/Juvenil
Ano: 2014
Páginas: 256
Nota: ★★★★★
Sinopse: Um pequeno vilarejo, os irmãos, os amigos, as corridas nos campos, os banhos de rio: essa é a verdadeira história de Leon, a história de um mundo despedaçado pela invasão dos nazistas. Quando em 1939 o exército alemão ocupou a Polônia, Leon tinha apenas dez anos. Logo ele e sua família foram confinados no gueto da Cracóvia junto a milhões de outros judeus. Com um pouco de sorte e muita coragem, o menino conseguiu sobreviver ao inferno e foi contratado para trabalhar na fábrica de Oskar Schindler, o famoso empreendedor que conseguiu salvar mais de mil e duzentos judeus dos campos de concentração.
Neste testemunho que ficou por tanto tempo inédito, Leon Leyson nos conta sua extraordinária história, na qual, graças a força de um menino, o impossível se tornou possível.
O Menino da lista de Schindler é um legado de esperança e um chamado para que todos nós nos recordemos daqueles que não tiveram a chance do amanhã.

Resenha: Leib Lejson (que posteriormente passou a se chamar Leon Leyson) era um garoto polonês de apenas 10 anos de idade e judeu. Ele nos conta como era sua vida no vilarejo onde morava, despreocupada e feliz, até que o exército alemão ocupou a Polônia em 1939 obrigando ele a sua família a viverem confinados no gueto da Cracóvia espremidos a outros judeus. E através deste fantástico testemunho de alguém que viu de perto os horrores da Segunda Guerra e do Holocausto e que teve a chance de escapar da morte, conhecemos sua história tão trágica quanto bela.

Existem vários livros que abordam o tema do Holocausto mas nem todos são indicados para leitores mais jovens pelas descrições explícitas, brutais e muito pesadas sobre tudo o que os judeus passaram. Alguns mostram os alemães como totais vilões, outros mostram os demais como vítimas e é difícil encontrar algum onde seja possível perceber um certo equilíbrio de forma que descobrimos que em meio a escuridão pode, sim, haver um pontinho de luz. Leon consegue expor os acontecimentos pelos quais passou com sutileza mas ainda sendo possível entender o horror que foi o Holocausto, além de mostrar que existiu um alemão que fazia parte do partido nazista mas que secretamente não era a favor das práticas de seus "companheiros" e usou todo seu dinheiro e influência para salvar mais de mil e duzentos judeus dos campos de concentração usando a desculpa de que precisava de mão de obra para sua fábrica, e o jovem foi um de seus funcionários.

Inicialmente eles não perceberam que se tratava de um salvamento em massa e que todos os judeus que faziam parte da "Lista de Schindler" poderiam ter esperança de que escapariam da morte certa. Leon foi o judeu mais jovem a compor a lista. Ele correu muitos riscos diante de nazistas com o poder de matá-lo sem misericórdia alguma, e mesmo sendo corajoso e perseverante, muitas vezes precisou contar com a sorte.

O início do testemunho é lento com informações que servem como base, mas a medida que a leitura prossegue, nos deparamos com uma história incrível, emocionante e que toca na alma, pois através de Leon foi possível saber que o bem existe e que deve-se acreditar que as coisas podem dar certo por mais difíceis que pareçam. Em meio a soldados alemães que acreditavam que judeus não eram humanos e que mereciam sofrer até a morte, além de terem tudo o que conquistaram em suas vidas tomados, existiam pessoas que representavam a bondade com suas boas ações e atitudes nobres diante do horror e das diversas tentativas dos nazistas de desumanizarem os judeus. Muitos deles arriscaram suas vidas para manterem a dignidade que os alemães tentaram lhes arrancar.

Em suma, o relato é surpreendente, muito emocionante e inspirador pois mostra que por piores que tenham sido as condições pelas quais Leon passou, ele não deixou que isso o destruísse, muito pelo contrário. Seu passado o deixou mais forte, sua família é um grande exemplo de união e amor.
O Holocausto foi uma atrocidade sem tamanho, sem explicação e é impossível entender como pode existir pessoas tão cruéis. O sentimento é de raiva, indignação, mas ao saber de relatos como o de Leon, ainda é possível acreditar que nem tudo está perdido e que existe sim pessoas boas no mundo.
Ao final, só me restou agradecer a Leon por ter presenteado as pessoas com sua história de vida. Com certeza ele nos abre os olhos para valorizarmos a vida e a liberdade, além de deixar a mensagem de que com coragem, fé e amor, é possível superar vários obstáculos.

Contos de Fadas & Pesadelos - Melissa Marr

10 de maio de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: Contos de Fadas & Pesadelos - Contos de Wicked Lovely
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Daniela P. B. Dias
Gênero: Antologia/Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2014
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Doze histórias de romance sobrenatural e fantasia gótica, recheadas de amores proibidos, situações de tensão, sacrifícios e escolhas difíceis, compõe a antologia Contos de Fadas & Pesadelos, de Melissa Marr. Muitas delas são ambientadas no universo da série bestseller Wicked Lovely, trazem de volta personagens queridos pelos leitores, além de novos seres fascinantes que vão conquistar os fãs de reinos de contos de fadas e terror.

Resenha: Composto por 12 histórias envolvendo fantasia gótica e sobrenatural, Contos de Fadas & Pesadelos, da autora Melissa Marr e publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco é um livro que se funde ao folclore sombrio e sinistro, porém é assustadoramente encantador.

Pra quem leu e curtiu a série Wicked Lovely, vai gostar de saber que muitos dos personagens que fizeram parte dela aparecem nesta antologia muito mais encantadores do que nunca. Com um toque sublime, o velho se mescla ao novo, criaturas e personagens novos dão um toque especial à história, surgindo dos lugares mais improváveis e nem sempre com boas intenções. A autora entrelaça de forma única um romance sobrenatural com o lado obscuro da fantasia trazendo algo bastante original aos leitores.

A escrita se inspira na mitologia fantástica que envolve fadas, duedes, vampiros e outras criaturas e também em pesadelos, com cenários mágicos e encantados imaginados pela autora ou baseados em outros que existem de verdade. A narrativa dos contos, em terceira pessoa, tem um toque poético mas intenso. E devido a esta intensidade, a leitura fluí bem, chega até a remeter ao perigo e à sedução, e isso acaba atraindo o leitor pra dentro de suas páginas. A mistura chega a ser requintada, revelando uma magia invisível aos nossos olhos mas que se insinua de forma sutil no nosso cotidiano nos levando a crer que, de certa forma, toda essa fantasia, por mais bela ou terrível que seja, realmente existe em algum lugar. A imaginação da autora e o que ela coloca no papel é algo incrível e sem limites.

Mas, preciso ser sincera e dizer que por se tratar de contos curtos, apesarem de terem começo, meio e fim, senti em alguns momentos que li introduções de histórias com bastante potencial pra serem transformadas num livro próprio e fiquei com aquela sensação de querer mais daqueles personagens.
Outro ponto é que é possível que quem não tenha lido a série inicial, Wicked Lovely, fique perdido com trechos de determinados contos que complementam algum livro anterior, ou talvez quem tenha lido já faça tempo fique parando pra pensar e tentando relembrar o que aconteceu ou quem é o tal personagem da vez. Talvez tenha sido intenção da autora, quem sabe...
Os personagens são muito bem retratados em cenários bem descritos e o livro, num geral, me agradou bastante.

O trabalho gráfico é impecável. A capa é misteriosa e sombria (e combina bem com os livros da série) e o título, assim como o nome da autora, são em alto relevo em tinta prateada. A diagramação em cada início de capítulo é linda, com ornamentos que ocupam duas páginas.

Os contos são fascinantes, confesso, e com certeza fogem dos clichês. Pra quem procura por um livro diferente, original e que leve o leitor a um outro nível da fantasia como nenhum outro, deve conferir.

Luva Vermelha - Holly Black

13 de fevereiro de 2015

Lido em: Fevereiro de 2015
Título: Luva Vermelha - Mestres da Maldição #2
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Regiane Winarski
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 368
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Após resgatar os irmãos das garras de Zacharov, Cassel tenta restaurar alguma normalidade em sua vida. É uma tarefa nada fácil para alguém que traz a herança dos mestres da maldição e está vinculado a uma das maiores famílias do crime. Mas Cassel, afinal, começa a descobrir como ser um mestre e mesmo assim ter amigos. Porém, para ele, o que é normal nunca dura. Em pouco tempo, Cassel é requisitado pelos dois lados da lei e se vê forçado a confrontar seu passado - de que recorda apenas fragmentos, um dos quais pode inclusive destruir sua família e seu futuro. Ele terá que decidir de que lado vai ficar, porque a neutralidade não é uma opção. E precisará desferir o maior golpe de sua vida para sobreviver...

Resenha: Luva Vermelha é o segundo volume da trilogia Mestres da Maldição, escrita pela autora Holly Black e publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.

Recapitulando o primeiro livro, Gata Branca, Cassel Sharpe é um jovem que vem de uma família de Mestres da Maldição, pessoas que possuem o poder de alterar memórias, destinos e emoções alheias apenas com um simples toque. Essa prática é ilegal e todos são considerados criminosos. As pessoas com esse dom devem usar luvas de forma que o toque não cause nenhum efeito que vá amaldiçoar alguém. Mas Cassel não poderia ser considerado um criminoso, mesmo que sua família seja composta de criminosos, pois ele, aparentemente, não tem nenhum dos setes toques mágicos: sorte, sonhos, corpo, emoções, memória, morte e transformação... E com o desenrolar dos acontecimentos, acabamos descobrindo que Cassel tinha segredos escondidos que nem ele próprio sabia...

Por se tratar do segundo volume, aqui vai um alerta de spoiler!! E se ainda não leu o primeiro livro, corra pra ler! Vale super a pena!

Cassel teve a memória alterada para acreditar que não possuía poderes e não lembrar que foi usado e traído pelos irmãos, Barron e Philip, para que eles cometessem crimes e saíssem impunes. Eles usavam o poder do garoto para transformar pessoas em objetos. Sem provas, o crime era perfeito. Mas após os eventos do primeiro livro, Cassel conseguiu descobrir que ele era um Mestre, e não um Mestre qualquer, mas o mais poderoso e raro de todos: um Mestre da Transformação.
Assim, também soube que ele não havia matado Lila como imaginou, e que ela agora já não é mais uma gata branca... E sabendo da verdade, Cassel não tem intenção de deixar que ninguém o use mais

Agora, Cassel está de volta para seu último ano em Wallingford Preparatory depois de ter passado as férias de verão na companhia de sua mãe, que saiu da prisão e parece querer aproveitar todo o tempo perdido aplicando novos golpes. Sua mãe é Mestra das Emoções e usa seu dom para fazer com que homens ricos caiam em sua rede, assim como usou de seu toque para fazer com que Lila se apaixonasse por ele.
Na escola, ele reencontra os amigos, mas o que ele não esperava era que Lila aparecesse pra estudar lá acreditando que ficar perto de Cassel iria ajudar a quebrar a maldição, pois ela pensou que ao ver de perto que o sentimento não é recíproco, ela cairia na real. Ledo engano... E como se isso não bastasse pra complicar a vida do garoto, os federais ainda apareceram pedindo a ajuda dele pois Philip, seu irmão, está morto e querem descobrir o que aconteceu e quem foi o responsável pela morte dele.
Zacharov, o poderoso chefe da máfia local e pai de Lila, é o principal suspeito, mas ainda não se sabe.
O problema é que não será fácil lidar com essa situação pois de um lado estão os federais fazendo pressão, enchendo o garoto de perguntas e ameaçando sua família, enquanto do outro lado está o próprio Zacharov que, agora que sabe dos poderes de Cassel, quer que o garoto trabalhe pra ele. Cassel precisa decidir de que lado vai ficar enquanto tenta descobrir quem matou seu irmão ao mesmo tempo que arma o golpe perfeito.

Narrado em primeira pessoa, Luva Vermelha continua sendo viciante. A facilidade e a rapidez com que o livro é lido chega a ser fora do comum pois a leitura é muito fluída e dessa vez sem muitas explicações já que várias delas já foram feitas em gata Branca. A escrita da autora é ótima e ela consegue fazer descrições, construir e manter traços de personalidade com uma honestidade e sinceridade ímpar. Chega até a assustar pois são descrições que geralmente pensamos num impulso e consideramos que outras pessoas não pensem o mesmo. É incrível como ela consegue inserir humor em situações de perigo ou problemas extremos. Dessa forma, o leitor se depara com personagens únicos, pois por mais absurdos, insensatos ou cruéis que sejam, sempre haverá uma tirada ou saída maluca.
"Mais tarde, mamãe aparece no calçadão atrás de mim usando saltos de plataforma. Seu vestido branco esvoaça na brisa do fim do verão. O decote é tão profundo que fico com medo de seus peitos pularem para fora caso ela se mexa rápido demais. Sei que é perturbador eu perceber isso, mas não sou cego."
- Pág. 11
Cassel não é perfeito, e acredito que nem poderia ser já que cresceu numa família de vigaristas imorais e desonestos e ainda tem uma mãe completamente egoísta, egocêntrica e oportunista. Ainda assim, mesmo que nem sempre faça o bem, ele sabe distinguir o certo do errado. O menino é cheio de problemas mas não faz o estilo adolescente revoltado e rebelde sem causa. Mas ele não é santo... o garoto é esperto, engraçado, sarcástico, mas em compensação é arrogante, muitas vezes inseguro e um mentiroso de mão cheia. Ele não hesita em mentir pra Deus e o mundo, enganar os outros, aplicar golpes, esconder provas... É o típico personagem que tem falhas, que tem atitudes erradas cujas consequências só podem dar na maior merda do mundo e ele é o único que parece não enxergar isso. Mas no final é um garoto que só quer ser aceito por quem ele é e que não tem intenção de prejudicar alguém realmente, pelo menos não na seriedade da coisa. Mesmo tendo vivido uma vida fodida, e ainda cercado por idiotas, ele tenta ficar por cima e ainda faria o que pudesse pra ajudá-los. No fundo ele não é uma má pessoa e vai amadurecendo com a experiência de vida que adquire a cada nova situação que precisa enfrentar. Ele ainda não está totalmente livre da maldição da memória que lhe foi lançada, mas aos poucos ele vai descobrindo mais sobre seu passado.
Os relacionamentos de amizade de Cassel que começaram a se formar no primeiro livro, mostrando que pode haver confiança o suficiente para que um ajude o outro foi um dos vários pontos positivos da história. Sam e Daneca, os amigos de Cassel, ganham uma espaço considerável na história e foi super bacana de se acompanhar.

Um ponto bacana, mas terrível, que foi explorado foi sobre o "rebote", ou seja, as consequências que o Mestre sofre com o uso da magia, e podemos ver isso com Vovô, Mestre da Morte e que perdeu partes do corpo com essa brincadeira.
Ainda há o problema com Lila, por por mais que ele goste dela, ele acredita que ela só o ama devido a maldição que sua mãe lançou a ela... Será mesmo? A garota ainda é um mistério pois além desse problema, há a questão dela ser filha de Zacharov que a coloca em um papel complicado, até mesmo porque ela pretende assumir o que vai herdar o pai: o controle da máfia.

Sobre a parte gráfica, a capa segue o mesmo estilo da primeira, a parte interna é preta, o título da obra e do nome da autora são em alto relevo com aplicação em verniz enquanto o fundo é fosco. As páginas são brancas, a diagramação é simples, a fonte é grande com um bom espaçamento entre as linhas.

Geralmente numa trilogia, o primeiro livro é mais introdutório e o segundo funciona como uma "ponte" com informações complementares que conduzem a trama ao terceiro livro, que é onde geralmente acontecem todas as reviravoltas para o grande desfecho, e acho que no caso de Luva Vermelha, essa função de segundo livro ocorre em partes.
A ação não está muito presente no final e talvez tenha sido proposital, evidenciando a inteligência e a esperteza em vez de atitudes drásticas. Se compararmos com o gata Branca, acho que Luva Vermelha não é um livro com acontecimentos bombásticos. Ele segue de forma mais linear, há a inserção de novos pontos a serem trabalhados e desvendados no terceiro livro mas nada muito em aberto. Acho que a leitura foi bem consistente e satisfatória e continuo batendo palmas para a autora por ter criado um universo único e original, com personagens cujas personalidades são muito reais e conseguem fugir perfeitamente de clichês.

Legado - Nancy Holder e Debbie Viguié

27 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Legado - Wicked #3
Autoras: Nancy Holder e Debbie Viguié
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Priscila Catão
Gênero: Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Desde que se conheceram, Holly e Jer são atraídos um para o outro, assim como ocorreu séculos antes com Isabeau Cahors e Jean Deveraux, aumentando ainda mais o ódio entre as famílias, representantes de duas linhagens diferentes de bruxos. Depois de Bruxaria e Maldição, a jovem Holly Cathers – que levava uma vida normal até perder os pais e a melhor amiga num acidente e descobrir que é a mais nova descendente da antiga Confraria das Cahors – passará por provações cada vez mais complexas em Legado, terceiro volume da série de mistério e magia Wicked. 

Resenha: Legado é o terceiro volume da série Wicked escrita pelas autoras Nancy Holder e Debbie Viguié. O livro foi publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Esta resenha poe ter spoiler dos livros anteriores!

Dando continuidade à história iniciada em Bruxaria e seguindo por Maldição, em Legado, Holly vai à Inglaterra para tentar libertar sua prima Nicole, aprisionada por ordem da Suprema Confraria, mas o que ela quer na verdade é encontrar Jer, seu namorado que está desaparecido. Mas Holly já não é a mesma... Depois que descobriu que tem uma enorme ligação com a Confraria, a única coisa que lhe restou foi aceitar seu destino... No passado, Isabeau (ancestral de Holly) e Jean (marido de Isabeau), foram amaldiçoados e condenados a vagarem pelo mundo dos espíritos até que a promessa que Isabeau teria feito a sua mãe fosse cumprida: Ela teria que matar o marido, e ele queria vingança pela família Deveraux ter sido queimada viva graças a falsidade da esposa! Então, a cada nova geração, após centenas de anos do ocorrido, os espíritos dos dois tentam possuir membros de suas famílias, numa relação de amor e ódio, e eles agiam através de Holly e Jer... Determinada a acabar com essa maldição e ciente de seu legado, Holly se vê em meio a uma guerra mágica onde deverá encarar desafios e perigos que nunca imaginou, onde muitas vidas serão perdidas e muitos sacrifícios serão realizados... Cabe a Holly tentar salvar as pessoas que ama e voltar para casa, mas será que vai conseguir este feito?

Narrado em terceira pessoa, desta vez senti que a história foi contada com um pouco mais de clareza se comparado aos dois primeiros volumes e fluiu de forma muito mais satisfatória. Não vou negar que alguns trechos são confusos, algumas coisas parecem acontecer do nada e sem explicações para que se saiba de onde aquilo veio e como se foi, mas acho que já me acostumei com essa característica "marcante" nessa série. Só lendo para entender... A história continua tendo seu lado negro, sombrio e escuro, as pontas soltas que ficaram nos livros anteriores foram amarradas e acabou por mostrar que existe algo muito maior do que se imaginava.

As autoras conseguiram expandir a história e o cenário, incluindo novas cidades para dar novos ares, mas, por mais que a leitura flua bem, elas trabalharam em demasia com personagens a se perder de vista, cada um com suas particularidades e é difícil memorizar quem é quem, o que cada um faz, de onde surgiu, como, quando... Já são muitos os que existiam e ainda aparecem mais. Cheguei até a considerar que a trama que envolve Isabeau e Jean é mais interessante do que o que se passa na atualidade com Holly e toda a turma infinita.

Um ponto interessante é que não há muita distinção entre bem e mal, o que deixa o leitor numa posição de nunca saber o que esperar, qual será o próximo passo, ou quais são as reais intenções dos outros. As autoras não tem a menor piedade quando o assunto é morte, por mais apavorantes que sejam, e o leitor fica em constante agonia quando o assunto é Jer, pois nunca se sabe se o pobre coitado está vivo ou morto. Há um misto de batalhas, tanto as mágicas quanto as não-mágicas, há romance, e o que mais me agradou é que apesar de tudo, Legado teve aprofundamentos em alguns personagens, mostrando que alguns que pareciam não ter tanta relevância assim estão mais complexos e importantes na trama, enquanto Holly dá seus vacilos...

Os mistérios não acabam por aí, o final só deixa ansiedade e curiosidade no ar e acredito que a série como um todo mostra um lado negro, cruel e aterrorizante sobre magia e bruxaria que não se encontra tão facilmente por aí... Legado foi o melhor livro da série até o momento e espero a continuação, Spellbound.

Hora Morta - Anne Cassidy

17 de novembro de 2014

Título: Hora Morta - The Murder Notebooks #1
Autora: Anne Cassidy
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Viviane Diniz
Gênero: Juvenil/Policial/Mistério
Ano: 2014
Páginas: 320
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Uma noite, os pais de Rose e Josh saem para jantar... e nunca mais voltam para casa.
Depois de anos sem se ver, Rose e Josh conseguem se comunicar pela internet e resolvem investigar o desaparecimento que mudou o rumo de suas vidas.
Porém, na noite em que planejam se encontrar, Rose testemunha o assassinato de um colega de escola. O crime desencadeia inúmeras descobertas, que talvez sejam pistas para desvendar o mistério que a separou do irmão de consideração tantos anos antes.
A solução parece escondida numa série de diários com mensagens codificadas. Josh e Rose terão que correr contra o tempo para desvendá-las a fim de evitar a morte de desconhecidos... e a deles mesmos. 

Resenha: Hora Morta é o primeiro livro da série The Murder Notebooks, escrito pela autora Anne Cassidy e lançado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Ambientado numa Londres urbana e moderna, Rose e Josh se separaram 5 anos atrás quando a mãe dela, Kathy, e o pai dele, Brendan, ambos policiais que trabalhavam com casos não solucionados, desapareceram sem deixar rastros. Depois do ocorrido, Rose nunca mais foi a mesma, pois enquanto foi morar com sua avó, se viu muito deprimida por ter se separado de seu irmão postiço que ela tanto gostava mas que foi morar com um tio.

Depois de estudar por bastante tempo num colégio interno, e de volta a Londres, Rose ingressou num colégio local torcendo por melhores oportunidades quando fosse para a universidade, mas mesmo feliz por finalmente poder reencontrar Josh após tanto tempo (e contrariando a ordem da avó de não encontrá-lo), seus problemas pareciam estar apenas começando. Rick Harris, o garoto mais implicante do colégio passou a persegui-la e atormentá-la sem parar. Ocorre que Rose acaba sendo testemunha de um assassinato  na plataforma do trem que esperava, cuja vítima era o odioso Rick. Rose precisou enfrentar um interrogatório e toda a burocracia policial, e Josh acabou lhe mostrando um "projeto" que ele desenvolveu: Criou sites com a finalidade de encontrar os pais desaparecidos pois se recusou a acreditar que eles estavam mortos. Mas Rose não acreditava que isso seria possível, sempre acreditou na polícia e não entendia como após tantos anos desaparecidos os pais ainda pudessem estar vivos. Mas Josh precisa ter certeza, precisa reunir pistas e, enfim, descobrir a verdade sobre esse misterioso sumiço.

Enquanto isso, outro assassinato acontece, novamente Rose está no meio, e tudo indica que as mortes podem ter alguma conexão, principalmente quando ela descobre uma ligação com o desaparecimento dos pais, pois o crime acaba por desencadear novas pistas que estavam escondidas, e agora resta aos dois correrem contra o tempo se quiserem descobrir a verdade e até mesmo continuarem a viver...

Narrado em terceira pessoa, mas pelo olhar de Rose, a trama de Hora Morta se desenrola fazendo um misto acerca do mistério que envolve o sumiço dos seus pais com as mortes que aconteceram no colégio. Ainda sobre a narrativa, por mais que seja fácil e fluída, considerei alguns trechos e diálogos muito superficiais e alguns sem sentido.

Rose é uma adolescente que faz o papel de revoltada com a vida, impulsiva e antipática, ao contrário de Josh que já conquista a simpatia do leitor lodo de cara. Até compreendo o comportamento devido ao que passaram, mas ainda assim foi demais.
Alguns personagens não me convenceram e algumas situações soaram muito forçadas pra mim. Não é lá muito comum nos depararmos com adolescentes que saem por aí investigando as coisas por contra própria, por mais que em alguns casos isso possa ser interessante e legal, mas que ainda conseguem atrapalhar o bom trabalho da polícia. Pra mim é normal que numa história existam empecilhos para atrasar ou atrapalhar alguma coisa, mas vindos dos maiores interessados foi difícil aceitar.

O mistério e a trama no geral são clichês, tudo ocorre de forma rápida, muitas informações são apresentadas de uma vez, algumas são óbvias, outras nem tanto, mas gostei da proatividade dos personagens em correr atrás do que querem em vez de ficarem esperando as coisas acontecerem.
Não me agradou muito a ideia de uma atração entre os personagens mesmo que não possuam uma relação consanguínea, não é uma coisa que me parece ser certa e soa bem doentio pra mim.
Há tensão, há ação, e é o tipo de história que o assassino é quem menos se espera e só ao final as coisas fazem mais sentido.
Gostei bastante da autora ter bolado uma interligação entre os personagens através da morte de Ricky e isso foi bem satisfatório.

A capa do livro é muito bonita, possui aplicações em verniz local, páginas amareladas, a revisão não deixou a desejar e a diagramação é ótima. Cada início de capítulo, que são numerados com numerais romanos, tem uma borboleta.

Perguntas sem respostas e novos mistérios encerram o livro e pretendo continuar lendo a série para saber o que está por vir. É um bom romance policial voltado ao público juvenil que cumpre com o papel.

É possível ainda baixar o prequel disponibilizado pela Rocco Digital, que antecede a trama, logo quando os pais de Rose e Josh desaparecem e eles vão para um lar provisório. É um conto bem curtinho, com pouco mais de 20 páginas, pra introduzir os protagonistas na trama e atiçar a curiosidade do leitor sobre Hora Morta. Aproveitem a gratuidade para fazer o download:

Dias Sombrios - Anne Cassidy
Sete dias se passaram desde que a mãe de Rose e o pai de Joshua desapareceram. Enquanto a polícia investiga o paradeiro do casal, os irmãos se hospedam na casa de Paul e Alice Towsend, o casal do lar adotivo provisório. Tudo o que eles sabem é que nenhum corpo foi encontrado. E sem mais nenhuma pista só lhes resta a esperança.
Baixe na Amazon

Gata Branca - Holly Black

13 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: Gata Branca - Mestres da Maldição #1
Autora: Holly Black
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Regiane Winarski
Gênero: Juvenil/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2012
Páginas: 360
Nota: ★★★★★
Sinopse: Cassel vem de uma família de mestres da maldição – pessoas que têm o poder de mudar emoções, memórias e destinos com o mais leve toque das mãos. Mas fazer isso é ilegal, o que significa que todos eles são criminosos. Exceto Cassel. Ele não tem o toque mágico, está de fora: é o único filho normal em uma família paranormal. O único detalhe é que matou sua melhor amiga.
Tentando fugir de seu terrível passado, Cassel faz de tudo para ser como os outros garotos. Uma noite, porém, tudo vai por água abaixo: depois de sonhar repetidas vezes com uma estranha gata branca, um ataque de sonambulismo o põe em perigo e ele começa a achar que seus irmãos estão escondendo mais do que alguns segredos.
Desconfiado de que não passa de uma pequena peça de um grande golpe, Cassel começa então a fazer uma busca em seu passado e em suas memórias, que parecem lhe fugir. Para desvendar os mistérios de sua vida, ele vai precisar armar um verdadeiro golpe de mestre. 

Resenha: Gata Branca é o primeiro volume da trilogia Mestres da Maldição escrito pela autora Holly Black e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
A história se passa em um mundo alternativo em que existem pessoas com poderes... algumas são capazes de mudar a sorte de alguém, outras de manipular memórias, mudar emoções, destinos, causar a morte... Se tratam dos mestres da maldição, e quem é afetado acaba sendo "amaldiçoado", isso com um simples toque de suas mãos... Porém, como tudo na vida têm consequências, usar tais poderes se tornou algo ilegal, e quem tem o toque mágico é considerado um criminoso. Para evitar que maldiçoes fossem lançadas, mesmo que por acidente, todos que possuem o toque mágico são obrigados a usar luvas de couro.

Cassel Sharpe é um garoto de 17 anos que nasceu numa família de mestres, todos golpistas e envolvidos com a máfia, e cada um domina um tipo de poder, exceto ele próprio, que, aparentemente, nasceu sem poder algum, o que o tornou um intruso em sua família, mas, como ele mesmo aprendeu, não é preciso ser um mestre pra ser um golpista.

E falando em família, a dele não poderia ser pior... Irmãos ordinários que trabalham para mafiosos ardilosos, mãe sem vergonha que foi presa por ter usado seus poderes para manipular emoções e extorquir homens ricos, pai morto, e Cassel, em meio a esse ambiente desestruturado, acredita ser um criminoso porque, além de ser bom em dar golpes, mesmo não possuindo poderes, conseguiu matar sua melhor amiga e por quem ele era apaixonado, Lila Zacharov, aos 14 anos, mas não se lembra muito bem do que aconteceu de fato. Ninguém de sua família toca no assunto, pois a garota é filha de Zacharov, o terrível mafioso chefe de Philip e Barron, seus irmãos mais velhos. E essa morte é o o principal ponto de partida para o desenrolar da história.

Em Wallingford, uma escola preparatória para a qual Cassel foi enviado após a prisão de sua mãe, o garoto tem uma crise de sonambulismo e acaba sendo pego andando pelo telhado. Ele só se lembra de um sonho em que uma gata branca havia roubado sua língua e ele queria recuperá-la. O diretor quer expulsá-lo e mandá-lo de volta para casa, mas ele não tem mais uma família e um lar pra onde voltar e sua única opção é se submeter a uma avaliação médica para que seja atestado que ele não tem problemas graves que fariam com que ele andasse em telhados enquanto dorme outra vez colocando a própria vida em risco. Ele continua tendo sonhos com a tal gata até perceber que existe gatos rondando a propriedade, e entre dois malhados, um preto e um bege, há um branco... Ele começa a perceber que algo de errado está acontecendo e tenta descobrir o que é enquanto vai desvendando mistérios que o cercam e usando de todo o seu talento para atingir seus objetivos.
“Minha mãe explicou o essencial sobre golpes mais ou menos na mesma época em que explicou sobre as maldições. Para ela, a maldição era como conseguia o que queria, e o golpe era como escapava do que tinha feito. Não consigo fazer as pessoas amarem ou odiarem instantaneamente, como ela, nem fazer seus corpos se virarem contra si mesmos, como Philip, nem tirar a sorte das pessoas, como meu outro irmão, Barron. Mas não é preciso ser um mestre para ser um golpista.
Para mim a maldição é uma muleta, mas o golpe é tudo”.
- pág. 24
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Cassel, Gata Branca é uma leitura muito fluída, daquele tipo que quando se começa é difícil largar enquanto não termina.
O melhor da narrativa é que ao se envolver com a história, nem sequer me lembrei que por trás de Cassel existia uma autora escrevendo tudo aquilo. Holly Black conseguiu dar "voz" ao protagonista fazendo-o passar por um adolescente autêntico, com personalidade e mentalidade que se adequaram perfeitamente a idade dele, inclusive na falta de senso em acreditar que o que faz de ruim através de suas mentiras (muitos boas por sinal) é alguma vantagem.
"A memória é fugidia. Ela se ajusta à nossa compreensão do mundo, se deforma para acomodar nossos preconceitos. Não é confiável. Testemunhas raramente se lembram das mesmas coisas. Identificam as pessoas erradas. Dão detalhes de eventos que nunca aconteceram. A memória é fugidia, mas minhas lembranças, de repente, parecem ainda mais fugidias."
- pág. 116
A trama é completamente inovadora, diferente e bem amarrada, e a autora foi simplesmente genial ao deixar pistas sobre o passado de Cassel que, literalmente, o persegue e que acabam por enganando e confundindo o leitor, e até o próprio protagonista que se vê em meio a uma grande conspiração, para, ao final, ficarmos de boca aberta, onde máscaras caem e ninguém é quem parece ser. Não existe aquela açããão frenética e talvez por ser o primeiro volume é algo mais introdutório, algumas coisas acabaram se tornando um pouco previsíveis, e senti falta de algumas explicações, mas ainda assim a leitura superou minhas expectativas, me deixou empolgada e Cassel se tornou um dos meus personagens favoritos.

Por mais que a magia seja tema de outras histórias, o universo que é apresentado é bastante original no que diz respeito a detalhes, personagens e suas crenças sobre o uso dos poderes.
Uma das melhores leituras que tive o prazer de aproveitar este ano.

Com relação a parte impressa, a capa ilustra bem Cassel (usando luvas) com a gata e o título em alto relevo dá um charme a mais. A parte interna da capa é preta o que dá um ar de mistério ao livro. As páginas são brancas, mas mesmo preferindo as amareladas, não tive problemas com a leitura (são quase 400 páginas que podem ser lidas em um único dia devido a fluidez e a cor da página não atrapalhou minha empolgação em momento algum). A fonte tem um tamanho agradável, a diagramação é simples e não encontrei erros na revisão.

Para quem curte histórias com conteúdo rico em detalhes, com mistérios a serem revelados, com novidades a cada página e personagens bem construídos e super cativantes, Gata Branca é leitura obrigatória.

Sombrio Perdão - Melissa Marr

12 de novembro de 2014

Lido em: Outubro de 2014
Título: Sombrio Perdão - Wicked Lovely #5
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 336
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em Sombrio Perdão, último livro da série Wicked Lovely, Keenan precisa escolher entre sua rainha, Aislinn, e sua amada, Donia. Aislinn, por sua vez, esta apaixonada por Seth. Irial foi gravemente ferido, e Niall está sofrendo. Porém, conforme o derradeiro ataque de Bananach se aproxima, todas as Cortes - a Sombria, a do Inverno e a do Verão - precisarão esquecer seus próprios problemas e se unir.
O fim está próximo. E a Guerra quer sangue.

Resenha: Depois dos conflitos de Sombras Radiantes, um estranho que caminha por Huntsdale representa risco de vida para os seres encantados. Keenan, o Rei do Verão, está desaparecido e Aislinn cuida da Corte sozinha enquanto o procura. Ela continua esperando por Seth, que se manteve afastado para que ela pudesse escolher mas também está prestes a cometer o pior dos erros a ponto de pagar com a própria vida. Ash ainda se sente dividida entre ele e o Rei do Verão...
Seth se tornou peça fundamental na trama, principalmente por ter se tornado herdeiro de Sorcha e desenvolvido poderes de grande importância.

Com uma guerra iminente, Keenan anseia por fortalecer sua corte, e Donia prepara a Corte do Inverno para a batalha enquanto almeja uma paixão. Ela ama Keenan, mas entende que se não pode tê-lo por inteiro, é melhor se afastar.

A guerra está para começar, Bananach, a Rainha do Caos, está mais forte do que nunca, alguns vão ganhar, mas outros vão perder... O Mundo Encantado está tomado por intrigas e desespero, as Cortes estão repletas de conflito e traição...
A história, desta vez, tem um foco maior em Keenan e Donia, que desde Terrível Encanto já tinham uma história de amor impossível.

Keenan preza pelo seu reino e não pode colocar outros assuntos em primeiro lugar, abrindo mão de seus verdadeiros sentimentos por Donia, mas ao mesmo tempo, talvez pelo decorrer dos acontecimentos, ele acaba amadurecendo e suas atitudes conseguem surpreender bastante.

A narrativa continua em terceira pessoa mas isso não impede de nos aproximarmos dos conflitos pessoais de cada personagem da história em que cada atitude ou escolha interfere em algum acontecimento futuro ou em alguma outra Corte.

Melissa Marr trabalhou o universo que criou com toques fantásticos, perversos e sombrios, com personagens únicos e realistas, trazendo uma trama cheia de surpresas, reviravoltas, fazendo com que o leitor torça por determinados casais, pela ruína de alguns e a felicidade de outros como se não houvesse amanhã.

É difícil encontrarmos uma série onde a autora aborda temas delicados que sempre envolvem o emocional e psicológico ao se tratar de traumas, amores não correspondidos ou qualquer tipo de dificuldade para alcançar o que parece ser inalcansável, e a autora conseguiu usar as Cortes a fim de ilustrar e diferenciar o bem e o mal.

Posso afirmar que ao final da série é possível refletir sobre a história como um todo e perceber que as Cortes opostas são elementos que de certa forma nos fazem encontrar partes de nós mesmos, e que Verão e Inverno, Razão e Caos, Luz e Escuridão podem ter significados que vão além de seu sentido literal.

Não esperava por um final épico, pois no decorrer da leitura da série senti que a autora foca mais nos sentimentos e nas intrigas das Cortes, mas ainda assim volto a afirmar que a mitologia que ela criou fez a diferença na história a tornando bem interessante. Acho que até a história chegar ao ponto de empolgar e ficar realmente intrigante, muitas páginas que considerei enfadonhas e "enrolonas" já haviam se passado, o que faz com que a leitura possa ser um pouco cansativa, e por esse motivo Sombrio Perdão e a série inteira não ganharam mais estrelinhas na minha avaliação.

Todos temos luz e trevas dentro de nós mesmos e acredito que o final, leva isso em consideração, com conflitos que mesclam encanto com perversidade, mostra que nem sempre finais felizes é o que encerra uma série de forma tão satisfatória como Sombrio Perdão encerrou.

A capa, seguindo o padrão dos livros anteriores e mantendo a arte original, é linda, páginas amareladas, ornamentos deixando a diagramação bem caprichada e a revisão não deixou a desejar.

No final das contas, a série, apesar de ser um dos meus gêneros favoritos, não é a melhor de todas que já acompanhei, mas não desaponta e vale a pena investir na leitura por ser tão inovadora e original, então, recomendo pra quem curte o gênero.

Sombras Radiantes - Melissa Marr

Lido em: Outubro de 2014
Título: Frágil Eternidade - Wicked Lovely #4
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2013
Páginas: 344
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Devlin sempre se esforçou por obedecer aos comandos da Corte, exceto por um detalhe, que anos depois volta para assombrá-lo: ele não matou a pequena Ani como a Rainha o instruiu a fazer. Seu segredo permanece seguro... até que seu caminho se cruza com o dela. Essa garota semimortal e semimágica esconde um segredo maior do que ele poderia imaginar - capaz de mudar suas vidas, os planos da Corte e o futuro de todos os seres encantados...

Resenha: Dando continuidade aos acontecimentos do universo dos livros anteriores, porém sob o ponto de vista de personagens diferentes, Sombras Radiantes tem como protagonista da vez Devlin, um ser encantado que surgiu da essência da união das matriarcas das fadas da Alta Corte, Sorcha e Bananach. Ele é uma mistura de Razão e Caos, porém, optou por seguir e servir Sorcha, a rainha da Razão. Conhecido como as Mãos Sangrentas da Rainha, Devlin é um assassino e tem como função manter a ordem no Mundo Encantado, não importa o que precise ser feito para isso.

No passado, Devlin descumpriu uma ordem da Rainha em que deveria ter matado Ani. Sorcha a considerava um problema que deveria ser eliminado pois poderia ameaçar o futuro das Cortes, mesmo que fosse um bebê, mas Devlin não a matou pois Rae, que se tornou uma grande amiga de Devlin, pediu para que ele não cumprisse tal ordem. Ele manteve sua desobediência em segredo, pelo menos enquanto pôde...

Ani é um ser encantado que nasceu da Caçada Selvagem, controlada por Gabriel, que além de seu pai é o líder dos Hounds que tem grande ligação com a Corte Sombria. Tais criaturas vagavam pela terra espalhando terror, exigindo vingança, causando desordem e são conhecidas como os dentes e as garras do Mundo Encantado. Ani, sua irmã Tish e seu irmão Rabbit (o tatuador que aparece em Tinta Perigosa) viviam sob a proteção de Irial, ex rei da Corte Sombria. Com o passar dos anos, Ani descobriu que não era apenas uma semimortal. Sendo uma Hound, ela acabou descobrindo que se alimentar de emoções negativas era uma necessidade que ainda envolvia algo muito maior do que pensava, tanto que foi usada por Irial e a própria Bananach passou a ter interesse na garota.

Em meio a tudo isso, a história se volta para Seth, namorado de Aislinn que em Terrível Encanto fez de tudo para se tornar um ser encantado e ficar junto de sua amada que havia se tornado a Rainha do Verão. Porém, tais fatos o fizeram se envolver com Sorcha, e esta passou a ter uma enorme ligação com o rapaz. Sorcha ordenou a Devlin que vigiasse Seth e numa dessas acabou reencontrando com Ani, a garota que ele deveria ter matado mas não matou... E esse encontro irá abalar estruturas e o próprio Mundo Encantado...

Narrado em terceira pessoa, a trama é lenta. A ação demora pra chegar e quando chega é tudo de uma vez só, então achei este livro bem enrolado. Como se trata de uma história destinada a um personagem diferente dos demais livros, não é obrigatório que se leia os volumes anteriores para ler este, mas recomendo que a leitura da série seja lida em ordem pois alguns detalhes que parecem irrelevantes fazem muito mais sentido quando se tem um conhecimento prévio do que se trata. Enquanto lemos é possível se lembrar de tal cena num outro livro e pensar "aaahh, agora sei que esse sujeito que acompanho agora não era só um figurante inútil e não estava alí por acaso". Esse tipo e coisa acontece muito na série e é algo que me agrada muito pois tudo parece ter sido planejado nos mínimos detalhes, mesmo que para ser explicado depois.

Os personagens, assim como os demais da série, são ricamente construídos e remetem a pessoas reais no que diz respeito a personalidade e comportamento, mesmo que sejam seres sobrenaturais.
Se o leitor que acompanha a série espera encontrar os primeiros personagens, vai quebrar a cara, pois tudo gira em torno de uma grande trama, uma teia de mentiras e interesses, envolvendo as Rainhas da Alta Corte, a Corte Sombria, Devlin e Ani, com um grande foco no futuro de todo o reino e o que poderá acontecer com ele de acordo com cada atitude tomada a partir de cada descoberta feita, causando várias reviravoltas na história.

Devlin e Ani é aquele tipo de casal que são completamente opostos, mas que são perfeitos um para o outro, com uma das melhores químicas que já pude acompanhar. Devlin, apesar de toda aquela banca de botar moral e ordem onde passa, reprime muita coisa dentro de si e me apaguei ao rapaz.
É um livro que abre uma brecha para a continuação, visto que o Mundo Encantado ficou desequilibrado, o que favorece a rainha do Caos dando a entender que ela terá ais espaço.
Com relação a parte impressa, a capa é linda, as figuras de cães remetem bem ao tema da caçada, cada capítulo é enfeitado com um ornamento combinando com o da capa, folhas amareladas e não encontrei erros grosseiros na revisão.

Recomendo a leitura da série para quem gosta de uma história bastante original no que diz respeito a mitologia, pra quem não gosta de se prender a um personagem só e quer ter uma ampla visão acerca do mundo que a autora criou, que cá entre nós, é impressionante!

Quatro - Veronica Roth

2 de novembro de 2014

Lido em: Novembro de 2014
Título: Quatro - Histórias da série Divergente
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco  
Tradutor: Lucas Peterson
Gênero: Juvenil/Distopia/Contos
Ano: 2014
Páginas: 272
Nota
Sinopse: Quatro se passa no mesmo mundo da série de sucesso internacional Divergente e é contado da perspectiva de Tobias Eaton. As quatro histórias incluídas aqui - "A transferência", "A iniciação", "O filho" e "O traidor", além de três cenas exclusivas - dão aos leitores um eletrizante vislumbre da vida e do coração de Tobias e compõem o cenário da saga épica da trilogia Divergente.

Resenha: Quatro - Histórias da série Divergente se trata da publicação impressa dos quatro contos narrados pelo ponto de vista de Tobias Eaton, o Quatro, acerca do universo distópico de Divergente, escrito por Veronica Roth, dando uma segunda perspectiva ao leitor sobre algumas cenas e acontecimentos, complementando a trilogia.

Em A Transferência, podemos acompanhar como foi o processo de transferência da facção da Abnegação para Audácia, pois ele, depois de 10 anos, foi o primeiro a fazer essa escolha. Escolha esta que deixou seu pai, Marcus, completamente atordoado enquanto Tobias se sentiu livre por ter deixado aquela facção da qual acreditava que cedo ou tarde seria engolida pelo sistema.
A Iniciação, conta como Quatro se adaptou a nova facção, fala das experiências que teve com relação aos desafios e treinamentos rígidos envolvendo jogos e lutas sangrentas, sua primeira tatuagem além da descoberta sobre os perigos do que é ser um Divergente em meio a sociedade.
Em O Filho, Tobias procura seu lugar na hierarquia da facção da Audácia, porém, suspeita que de algo de ruim esteja por trás dos planos dos líderes de lá. Enquanto isso, descobre algo envolvendo seu passado que poderá afetar seu futuro para sempre.
O Traidor se passa dois anos depois dos acontecimentos de O filho e acontece paralelamente com os primeiros eventos de Divergente. Desta vez, Tobias descobre mais sobre os planos da Erudição, comandada por Jeanine Matthews, que almeja tomar o controle das facções para si pois acredita que sua facção é que devia governar. Dessa forma, Tobias tenta encontrar uma forma de salvar sua facção de origem. E no desenrolar desses fatos, Tobias conhece Tris Prior, a nova inicianda da Audácia...

Em suma, Quatro não traz nada de novo a série, mas consegue dar um up e melhorar o que já era bom através desse novo ponto de vista, fazendo com que um personagem do qual eu já admirava e gostava demais, por tudo o que fez nos demais livros, despertasse ainda mais minha simpatia, como se tivesse tido a função de refrescar minha memória acerca dos acontecimentos a ponto de me lembrar dos motivos que me fizeram gostar dele. O que me mantinha interessada em Quatro era ele ser um personagem misterioso, enigmático, que guardava segredos, escondendo o que havia acontecido em sua vida até então, mas ao mesmo tempo era alguém forte e destemido, então poder saber um pouco mais de sua história e o que passou foi algo que me agradou bastante.

Então, fãs da série, a leitura dos contos pelo ponto de vista de Tobias, é mais do que obrigatória. Leiam, leiam leiam! ♥

É possível encontrar os contos separados em formato e-book a venda, confiram:

 


Frágil Eternidade - Melissa Marr

31 de outubro de 2014

Lido em: Outubro de 2014
Título: Frágil Eternidade - Wicked Lovely #3
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2013
Páginas: 400
Nota: ★★★★☆
Sinopse: No terceiro volume da série Wicked Lovely, o amor e as disputas entre seres mágicos e mortais mais uma vez estão em cena. O jovem Seth, como qualquer apaixonado, quer ficar perto de sua amada Aislinn para sempre; mas muita coisa mudou na vida da menina desde que ela foi escolhida pelo sedutor Keenan, o Rei da Corte do Verão, para ser sua rainha. Dividida entre sua vida normal e um destino do qual parece ser incapaz de fugir, Aislinn precisará enfrentar desafios e tentações que jamais poderia imaginar em mais um emocionante capítulo deste arrebatador conto de fadas do século XXI.

Resenha: Dando continuidade ao desenrolar dos acontecimentos de Terrível Encanto e de Tinta Perigosa, a resenha tem spoilers desses livros.

Desta vez, nos deparamos com Aislinn em posição de Rainha do Verão ao lado de Keenan, porém, por mais que os dois estivessem destinados um ao outro, ela preferiu continuar mantendo um relacionamento com Seth e apenas ajudando o Rei do Verão a governar, como parceira. Porém, os sentimentos que fluem pelo lugar parecem estar conectados com o clima, com a magia, e com a proximidade do Verão, Aislinn se via constantemente atraída pelo rei, em que o desejo era recíproco, causando grande constrangimento entre o trio e impossível evitar o ciúme.

Assim como nos foi apresentado anteriormente reinos opostos, Verão e Inverno, conhecemos um pouco mais das gêmeas Sorcha e Bananach. Sorcha é a rainha da Alta Corte e representa a Razão. Bananach é seu oposto... a meio corvo é a personificação do Caos e ela presa por causar todo tipo de desgraças além de que nunca hesita em manipular quem pode a fim de causar discórdias e uma guerra entre as cortes.

Bananach acaba vendo em Seth uma oportunidade para criar confusão visto que ele é um humano que além de saber da existência do mundo sobrenatural, é amigo de Niall, o rei Sombrio, amigo de Donia, a Rainha do Inverno e ainda namora a Rainha do Verão, sua amada Aislinn.
O problema maior é que Seth está fragilizado devido a situação em que se encontra, pois Aislinn, como Rainha, se tornou imortal e com o passar do tempo estará mais perto de cair nos braços de Keenan, quem ele considera alguém manipulador que só faz as coisas de acordo com seus próprios interesses.

Agora, Seth, por estar ligado e ter alguma influência entre as três cortes, exceto pela Alta Corte, é a peça fundamental nesse jogo e pode ser a faísca que dará início a guerra entre os reinos do mundo encantado.

Narrado em terceira pessoa, a história parte dessa premissa e traz Seth como protagonista, e acompanhamos sua busca incansável pela imortalidade, único meio de estar ao lado de Aislinn, custe o que custar, mesmo que isso afete todo o reino. Seth se encontra em meio a uma imensa intriga, numa grande teia de mentiras e traições.

Com um maior aprofundamento na Alta Corte, pude perceber que Sorcha, a Rainha da Ordem, mostrou para o que veio. Ela abala estruturas, arrasa, e tem um papel de grande importância nos eventos que se desenrolam.

Keenan continua dividido. Seu dilema parece não ter fim e por mais que fique tentado emocionalmente, sempre coloca seu reino acima de tudo.
Donia continua sofrendo por seu amor pelo rei do Verão permanece, mas parece algo inalcançável. É confuso, mas pra entender melhor o caso é necessário voltar ao primeiro livro para saber que ela tem o grande fardo de amá-lo e por mais que seja correspondida, não pode consumar esse amor.
A capa, assim como em todos os volumes é linda e o cuidado da editora com a parte impressa também é admirável. Há ornamentos no início dos capítulos, mas estes já não tem mais as citações que apareceram no primeiro.

Dentre os três livros, Frágil Eternidade foi, sem dúvidas, o melhor no que diz respeito a evolução da trama e do aprofundamento de coisas que só haviam sido mencionadas superficialmente nos livros anteriores. Os personagens revelam um outro lado que possuem, até então, desconhecidos, os conflitos partem de situações rotineiras, tornando tudo bastante realista, principalmente no que diz respeito aos sentimentos. Muitas vezes um sentimento pode ser tão intenso que abalda as estruturas, desestabiliza, e quem aparentemente é forte acaba se tornando bastante frágil, e o próprio título da obra remete a isso.

Vou ter que assumir que discordei de algumas coisas, como essa ideia de Seth em querer abrir mão de tudo para se tornar um ser encantado em nome do amor, e o estilão bad boy parece ter dado lugar para um bobão que se sujeita a qualquer coisa por quem gosta. Também desgostei de outras, como a narrativa, mas dessa vez, ao contrário dos dois primeiros volumes, não senti que a ela foi feita em blocos desconexos, mas sim que trouxe excesso de descrições que não fariam diferença se não existissem e que não deviam ser repetidas tantas vezes. Já sei que Seth tem um piercing no lábio e não preciso ser relembrada disso a cada instante. A história se tornou mais complexa e mais madura, mas diferente dos outros, deixou o final e aberto sem que o ciclo fosse fechado, então, cade a continuação, pelamor??

Só aconselho que os livros sejam lidos em sequência, pois devido aos muitos detalhes, se o leitor demorar demais a pegar o próximo volume, pode se esquecer de partes que fazem bastante diferença no livro seguinte e que podem acabar fazendo com que ele fique boiando até se situar novamente.
Pra quem gosta de histórias que envolvem o sobrenatural fazendo um misto com drama e intrigas intrincadas a cada novo evento, vai curtir a leitura da série.