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Na Era do Amor e do Chocolate - Gabrielle Zevin

12 de julho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Na Era do Amor e do Chocolate - Birthright #3
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Cláudia Mello Belhassof
Gênero: Juvenil/Distopia (?)
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Sinopse: No terceiro e último livro da trilogia Birthright, o romântico e inesperadamente redentor Na era do amor e do chocolate, Anya completou dezoito anos e sua vida até agora foi muito mais amarga do que doce. Ela perdeu os pais e a avó e passou a melhor parte dos anos escolares sendo castigada pela lei. Talvez o mais difícil de tudo, no entanto, tenha sido abrir mão do namorado e melhor amigo, Win, após sua decisão de inaugurar uma boate com o pai dele, o antes inimigo Charles Delacroix.
Contra todas as expectativas, a boate foi um sucesso gigantesco, e Anya finalmente sentiu que estava no caminho certo e que nunca mais as coisas dariam errado outra vez. Porém, um terrível equívoco faz Anya precisar lutar pela própria vida. Será que ela enfim vai rever suas escolhas e, pela primeira vez, aceitar a ajuda de outras pessoas?

Resenha: Na Era do Amor e do Chocolate é o terceiro e último volume da trilogia Birthright escrita pela americana Gabrielle Zevin e lançado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco no Brasil.

Recaptulando: a história da trilogia Birthright se passa num futuro onde o mundo passou por várias crises, tanto naturais quanto políticas e as pessoas foram forçadas a racionarem água e alimentos. Café e chocolate foram proibidos, mas, quando algo se torna ilegal, sempre há quem mexa com contrabando...
Anya Balanchine, indiretamente, fazia parte desse mundo da máfia, pois seu pai, quando ainda era vivo, era traficante de chocolate. As pessoas que a conheciam acabavam associando a garota ao mundo do crime sem que ela não tivesse nada a ver com isso e, a partir dessa premissa, a história se desenrola. Anya tenta fazer com que a ilegalidade do chocolate seja revertida, precisa lidar com seus sentimentos com os garotos com quem se envolve, se preocupa em manter seus irmãos seguros, além de precisar fazer escolhas que irão defini-la.

Nesse terceiro volume, Anya acaba de completar dezoito anos e tudo o que viveu para se salvar e ajudar quem ama serviu como uma verdadeira provação. Ela perdeu os pais e a avó, está vivendo longe dos irmãos, já foi presa, já fugiu para o México mas nunca deixou de lado seu sentimento por Win, seu namorado e filho do promotor que dedicava a vida no combate a corrupção. Mas quando Anya resolveu se associar a Charles para abrirem uma boate, Win vai contra essa sociedade e parte pra Boston. Anya sacrifica praticamente tudo em nome do seu novo negócio, incluindo seu romance com Win, mas apesar da saudade, ela fica envolvida nos preparativos para a inauguração da boate, supervisiona os funcionários, testa bebidas preparadas a base de cacau e decide nomear a boate de Quarto Escuro. Por mais que haja sociedade, ela é quem comanda o negócio. Theo, o amigo que fez durante sua "estadia" no México cuja família plantava cacau, ainda vem ajudá-la nos negócios.
Com tudo pronto e contra todas as expectativas, quando a boate é inaugurada se transforma num enorme sucesso e, enfim, Anya acredita que tudo em sua vida está fluindo e dando certo, mesmo que tenha precisado abrir mão de várias coisas em sua vida.

Narrada em primeira pessoa, a história se desenrola de uma forma que sempre segue em frente pois não há quebras de acontecimentos e nem enrolação para se chegar a algum lugar. As escolhas que Anya toma interferem nos acontecimentos seguintes e a história não fica estagnada, sempre há algo novo acontecendo.
Durante a narrativa o leitor ainda se depara com trechos destacados em itálico e entre parenteses para evidenciar que Anya tem uma opinião sobre determinada descrição/situação o que colabora para que seja mais crível que a história está, de fato, sendo contada por ela. O legal é que o livro não é muito grande, mas existem muitos elementos que fazem ligação um com o outro de forma a enriquecer o enredo. A escrita da autora é enxuta, muita coisa acontece com descrições na medida certa, o que é perfeito.

Anya é teimosa mas consegue equilibrar essa teimosia perfeitamente de forma que se mantém leal às pessoas com quem se importa, e mesmo que tenha que abrir mão do que gosta, não hesita quando o assunto é ajudar sua irmã mais nova, Natty, seu irmão mais velho, Leo, ou sua melhor amiga, Scarlet que neste volume já foi agraciada com o dom da maternidade. Inclusive seu filhinho, Felix, é afilhado de Anya. Anya sempre pensa no que será bom para todos, e não pensa só em si mesma e perceber esse amadurecimento ao longo da trilogia foi algo muito bacana pois mostra o progresso da protagonista como pessoa. Ela é aquele tipo de personagem que usa o cérebro e age com a razão mas está com o pé no coração pois o que a move, no fundo, são os sentimentos que nutre por seus entes queridos. Às vezes foi difícil acompanhar a luta interna dela para que as melhores escolhas fossem tomadas, mas Anya é altruísta e coloca os outros em primeiro lugar.
Um ponto bacana é que, por mais que Anya tenha se metido em problemas com a lei anteriormente, ela quer trabalhar com chocolate pois não entra em sua cabeça que possa ser algo ruim, como drogas ou coisa do tipo, mas ela quer estar do lado legal e correto da coisa.
Mesmo que ela e Win estejam separados pela distância, eles ainda estão emocionalmente conectados e os trechos onde eles trocam mensagens de texto mostram como nada pode simplesmente ser esquecido.
Gostei do desenvolvimento dos demais personagens e como eles foram essenciais para o crescimento pessoal de Anya.

A capa segue o padrão e o tom marrom chocolate tem tudo a ver com o tema. As páginas são brancas, a diagramação é simples e a revisão está ótima.
Ao fim do livro a autora fala que nunca considerou sua trilogia como sendo distópica, mas acredito que mesmo não sendo totalmente, há elementos que lembram bastante o gênero. O fato de existir tráfico de café e chocolate, toque de recolher e outras proibições só sugere uma situação que poderia acontecer futuramente no mundo. Penso que outros elementos poderiam se tornar escassos a ponto de causar um tipo de guerra real, fora da ficção, mas aqui a autora optou por trabalhar com vícios "benéficos" que fazem falta na vida de quem gosta e as fazem felizes.
Num mundo onde as pessoas são privadas de terem o que gostam, e que coisas simples como comer chocolate podem caracterizar crimes, a autora consegue evidenciar algo maior quando se trata de sentimentos e amor. Anya descobre que antes de amar outra pessoa, deve amar a si mesma primeiro, e essa lição além de importante, é válida para qualquer qualquer um, principalmente quando esse amor dá forças para que se possa recuperar a força que acreditávamos não ter mais e, no fim, sermos felizes.

Acompanhar a protagonista, que iniciou sua jornada aos dezesseis anos até se tornar adulta madura foi incrível. Pra quem quer acompanhar uma história honesta e realista sobre luta por sobrevivência até que o sucesso seja atingido, com certeza vai gostar dessa trilogia.
Posso afirmar que Na Era do Amor e do Chocolate foi um desfecho incrível, uma das melhores leituras que já tive oportunidade de acompanhar, que superou minhas expectativas e ainda me fez querer reler toda a série para relembrar toda a saga de Anya até seu final feliz.

A Vida do Livreiro A.J. Fikry - Gabrielle Zevin

18 de janeiro de 2015

Lido em: Janeiro de 2015
Título: A Vida do Livreiro A.J. Fikry
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Paralela
Gênero: Romance
Ano: 2014
Páginas: 190
Nota: ★★★★★
Sinopse: Uma carta de amor para o mundo dos livros “Livrarias atraem o tipo certo de gente”. É o que descobre A. J. Fikry, dono de uma pequena livraria em Alice Island. O slogan da sua loja é “Nenhum homem é uma ilha; Cada livro é um mundo”. Apesar disso, A. J. se sente sozinho, tudo em sua vida parece ter dado errado. Até que um pacote misterioso aparece na livraria. A entrega inesperada faz A. J. Fikry rever seus objetivos e se perguntar se é possível começar de novo. Aos poucos, A. J. reencontra a felicidade e sua livraria volta a alegrar a pequena Alice Island. Um romance engraçado, delicado e comovente, que lembra a todos por que adoramos ler e por que nos apaixonamos.

Resenha: A.J Fikry é dono da Island Book, a única livraria da cidade de Alice Island, cenário onde a história se passa. Tendo um pouco menos de 40 anos, A.J. é muito mal humorado e rabugento, há pouco perdeu a esposa grávida num acidente de carro e prefere viver solitário curtindo a própria amargura enquanto bebe mais do que deveria já que deixou de ver sentido na vida.
Numa manhã, Amelia adentra a livraria representando uma editora com um catálogo para oferecer, mas nada é do agrado de A.J. Ele é muito grosseiro, questiona sobre o outro representante da editora que o visitava anteriormente e nem se importou quando soube que ele tinha morrido. O encontro, a princípio, serve para que o leitor saiba que A.J. é o tipo de pessoa que enumera as coisas pelo que odeia, e ele, de fato, odeia tudo!
Num outro momento, A.J. percebe que o Tamerlane, um exemplar raro de Edgar Alan Poe, desapareceu de onde costumava guardar. Por ser um livro muito valioso, ele entra em contato com a polícia que se incumbiu de averiguar o caso, e depois de todos os afazeres, ele simplesmente vai fazer sua corrida noturna sem trancar a porta, afinal, não tinha mais nada de valor com o que ele preocupasse que poderia ser roubado... Quando volta, A.J. se depara com um "pacote" que foi deixado em sua livraria e que acaba sendo um dos responsáveis por mudar sua vida de um jeito que ele nunca poderia imaginar...

O livro é narrado em terceira pessoa e a leitura flui muito bem. A história possui uma linha do tempo com longos intervalos entre os acontecimentos, mas ainda assim é curta e direta, contando muito em poucas palavras, mostrando a simplicidade da vida e, por mais que haja uma rotina, possui alguns momentos intensos e memoráveis. É perceptível que pra cada ação há uma reação que interfere e tem influência em algo que acontecerá depois, como por exemplo, a morte de Harvey, o primeiro representante da editora, ou A.J. ter deixado a porta da livraria aberta pra ir correr... Se Harvey não tivesse morrido, Amelia não teria conhecido A.J... E se ele tivesse trancado a porta, jamais receberia o tal pacote... Outro ponto é o referente à perda, pois parece ser um fator que, de alguma forma, moveu a vida de todos.

Cada capítulo é iniciado com uma resenha do próprio A.J. de livros de autores de renome, como F. Scott Fitzgerald, Flannery O'Connor, J.D. Salinger entre muitos outros, e além da resenha ter tudo a ver com os acontecimentos do capítulo a seguir, tais referências literárias deixaram o livro com um toque todo especial pois as metáforas e as interseções desses livros mencionados se mesclam com a vida dos personagens, fazendo com que ele seja divertido e, na maioria das vezes, inspirador. Também achei incrível como, através do "pacote", a vida de todos em Alice Island acaba sendo afetada tendo os livros como inspiração para tal e até a própria Island Book se tornou um refúgio aconchegante e alegre para os visitantes que pararam de ser enxotados de lá por A.J.
O único ponto que, pra mim, deixou um pouco a desejar foi a revisão do livro pois algumas frases parecem ter sido mal traduzidas as deixando sem sentido.
Seguindo o padrão da Paralela, os diálogos são em forma de aspas em vez de travessão.
Livros são janelas para diversos mundos e a frase no rodapé na capa, junto com os livros abertos e coloridos nela, ilustram muito bem tal afirmação: "Nenhum homem é uma ilha; Cada livro é um mundo".

A capa, tanto a original quanto a utilizada no Brasil meio que dão um "pequeno" spoiler do que muda a vida de A.J., e optei por deixar que vocês leiam e descubram como essa mudança é feita de forma sutil, doce e bonita, mostrando que nem sempre devemos julgar as pessoas pelo que aparentam ou demonstram ser, como um livro que não deve ser julgado pela capa. Às vezes, encontramos a felicidade e descobrimos quem somos de verdade onde menos esperamos...
O final é triste, mas o que vale são os pequenos momentos surpreendentes que fizeram com que a vida valesse a pena, e acredito que é assim com a vida de todos nós...

Está no Meu Sangue - Gabrielle Zevin

9 de fevereiro de 2014

Lido em: Fevereiro de 2014
Título: Está no Meu Sangue - Birthright #2
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Maria Clara Mattos
Gênero: Juvenil/Distopia (?)
Ano: 2013
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Desde sua libertação, Anya Balanchine está determinada a seguir sua vida sossegada. Infelizmente, seu passado é o que torna isso difícil. Nenhum colégio quer uma aluna com acusação de porte de arma de fogo em sua ficha criminal. Além disso, todas as pessoas de seu círculo seguiram novos rumos: Scarlet e Gable estão mais próximos do que nunca e até mesmo Vitória está em uma nova relação. Mas quando velhos amigos reaparecem exigindo certas dívidas a pagar, Anya é levada de volta para o mundo do crime. Uma viagem que vai obrigá-la a atravessar o oceano direto para a terra natal do chocolate. Sua decisão - e seu coração - será testada como nunca.

Resenha: Está no meu sangue é o segundo volume da trilogia Birthright, escrita por Gabrielle Zevin e lançado pela Editora Rocco. A história dá sequência aos acontecimentos do primeiro livro, Todas as coisas que eu já fiz e por isso pode ter spoilers!

Considerada uma criminosa por porte de armas, Anya havia sido presa e estava terminando de cumprir sua pena no Liberty após ter feito um acordo com o pai de Win, Charles Delacroix. Ele estava concorrendo às eleições e não queria ligação alguma com a garota da máfia, o que incluía a proibição do namoro de seu filho com ela. Agora resta a Anya lutar para continuar seus estudos, pois nenhum colégio aceita e vê com bons olhos um aluno com ficha na polícia e observar de longe Win desfilar pelos corredores do colégio com outra namorada. E como se isso já não fosse bastante complicado, ainda precisa lidar com os problemas de sua família, o que envolve seu irmão, Leo, ter ido se esconder no Japão depois de tentarem atingi-lo e a Balanchine Chocolates estar com os negócios em risco devido a má administração. O problema é que no colégio Anya acaba sendo pega próxima de Win, e uma foto que foi tirada foi considerada incriminadora e prejudicial aos interesses de Charles Delacroix, que dá um jeito de prender Anya por ela ter quebrado o acordo entre os dois. Sem intenção de continuar presa por vários meses até o término das eleições, Anya consegue fugir com ajuda de seu advogado, e no México, país onde o chocolate não é ilegal, conhece Theobroma Marquez, um rapaz que cuida das plantações de cacau de sua família. Anya vai conhecer de perto de onde vem o chocolate e percebe que algo tão bom jamais poderia ser considerado ilegal. Mas após uma tentativa de assassinato, Anya precisa sair do México e voltar a Nova York, enfrentando os problemas e saindo do anonimato, e após descobrir outros ataques contra sua família, ainda vai tentar reverter a ilegalidade do chocolate, porém, não vai conseguir fazer isso sozinha...

Todas as coisas que já fiz foi uma leitura bastante agradável e surpreendente pra mim, e a trama envolvendo questões familiares e proibições à população com um pano de fundo futurístico e bastante crível precisaria de uma continuação em que mais explicações acerca da nova política nos fossem dadas, e Está no meu sangue cumpriu com o esperado.

Acredito que ao se criar um cenário futurístico com um quê distópico, são necessárias explicações convincentes para que o leitor acredite nos motivos que levou o mundo ao caos, e argumentos bem plausíveis que não haviam sido dados no primeiro volume, são feitos nesse segundo. A ida de Anya para o México onde ela aprende mais sobre o cultivo do cacau a fazem entender vários pontos sobre sua ilegalidade, que de certa forma poderia ser revogada, principalmente porque como havia dito na resenha do primeiro livro, o que é considerado ilegal nunca está de fato extinto e sempre haverá meios de se conseguir, basta a pessoa estar interessada e disposta a correr riscos, sejam eles quais forem.

Mesmo com toda a ação imposta, é possível perceber que o foco da história é Anya e a forma como ela lida com o que a cerca, sendo alvo de injustiça em vez de se fazer de vítima, uma garota que por mais problemas que atraia por ter ligação com a máfia, está disposta a fazer o certo, a correr atrás do que acredita ser melhor para ela e para todos a sua volta, e se ela não agir, a história não se desenvolve, pois tudo depende dela, é como se as escolhas de Anya fizessem a história.

Com relação aos personagens, principalmente com a introdução da família Marquez, é possível perceber um melhor desenvolvimento em que alguns ganham mais destaque. A morte de Galina, a avó de Anya, ainda é muito sentida, assim como outras perdas que aparecem no decorrer na narrativa. Scarlet, a melhor amiga de Anya, resolveu investir num relacionamento com Gable, e trazendo uma novidade inesperada causa bastante desgosto na amiga. Dr. Klipping, o advogado da família, se mostra alguém bastante confiável, até que alguns acontecimentos vêm a tona...
O romance existe na história, numa dosagem pequena, assumo, mas não é o principal motivo que leva Anya a tomar atitudes e fazer suas escolhas, que por mais difíceis e irritantes que pareçam, afinal, sempre acontece alguma coisa que impede Anya ficar junto de Win, são justificáveis.

Apesar de a capa não combinar muito com a do primeiro livro, é muito bonita. Tradução, revisão e diagramação foram bem satisfatórias.
Está no meu sangue é uma sequência muito boa e que vale a pena ser lido, pelas mensagens nas entrelinhas sobre um mundo caótico e o que as pessoas fazem para viver nele. Curiosa para saber sobre a nova empreitada de Anya no terceiro volume...

Todas As Coisas Que Eu Já Fiz - Gabrielle Zevin

17 de janeiro de 2014

Lido em: Janeiro de 2014
Título: Todas as coisas que eu já fiz - Birthright #1
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Rocco
Tradutora: Maria Clara Mattos
Gênero: Juvenil/Distopia (?)
Ano: 2012
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em 2083, chocolate e cafeína são ilegais, água é cuidadosamente racionada, livros são escassos e Nova York está repleta de pobreza e criminalidade. Porém, para Anya Balanchine, a filha de dezesseis anos do mais poderoso (e morto) mafioso da cidade, a vida é pura rotina. Ela precisa ir à escola, cuidar de seus irmãos e de sua avó doente, e não pode se permitir apaixonar-se pelo mais novo colega de turma, cuja pai é o número dois no comando da promotoria da cidade. Quando seu ex-namorado é envenenado por um dos chocolates Balanchine, Anya passa a ser o centro das atenções na escola, na mídia e, pior ainda, na máfia. E isso era tudo de que ela não precisava.

Resenha: Todas as coisas que eu já fiz é o 1º volume da trilogia Birthright escrita pela americana Gabrielle Zevin (autora de "Em Outrolugar" e do conto 'Fan Fic' do livro "Amores Infernais") e lançado pela Editora Rocco em 2012 no Brasil.
A história se passa em Nova York no ano não tão distante de 2083. O mundo já está bastante decadente devido as crises naturais e políticas, ao caos que resultou numa grande escassez de alimentos e no racionamento da água, e "especiarias" como o café e o chocolate foram proibidos a ponto de se tornarem ilegais no país. Há inclusive o toque de recolher para menores de idade, que são proibidos de ficarem nas ruas durante a noite dentre outras restrições e proibições...
Neste cenário conhecemos Anyaschka Balanchine, ou Anya, uma garota de 16 anos que cuida de sua irmã mais nova, Natty, de Leo, seu irmão mais velho que devido a um acidente quando era criança teve problemas de desenvolvimento como sequela, e de sua avó, Galina, que além de muito velha ainda está doente e acamada e que também recebe cuidados e ajuda de Imogen. Anya é filha do falecido Leonyd Balanchine, muito conhecido por ser um mafioso que controlava o tráfico de chocolate dentre outras coisas, o que colocava Anya e seus irmãos numa situação delicada visto que chocolate é algo ilegal e a coloca como alguém mal vista como se ela tivesse alguma coisa a ver com o que seu pai fazia. Ainda assim, a garota tentava levar uma vida normal, levando alguns ensinamentos que o pai deixou, seguindo a religião católica sendo o mais correta possível aos olhos de Deus e tendo que aturar Gable, seu namorado, que vivia forçando a barra com ela tentando conseguir algo além dos beijos e se aproveitando de sua descendência pra conseguir chocolate ilegal sempre que queria. Anya termina seu namoro com Gable para se ver livre desse tormento mas, posteriormente, é acusada de tentar matar o garoto com chocolate envenenado. O chocolate era proveniente do tráfico que seus tios e primos continuaram mantendo, e só colocou Anya em uma situação ainda pior, pois a polícia, a escola, a mídia e a própria máfia ficaram de olho nela... Agora a garota precisa provar sua inocência, tentar descobrir quem e por que motivo envenenaram o chocolate, ao mesmo tempo que se envolve com o jovem Win Delacroix, filho de um promotor de justiça que tem como objetivo acabar com qualquer tipo de corrupção, vê a família Balanchine como rival e não ficaria nada feliz em saber que Anya e Win estão se envolvendo...

Não sei se o gênero distópico é o ideal para descrever Todas as coisas que eu já fiz, pois no decorrer da leitura, apesar da descrição caótica, das proibições e etc, o livro é algo mais futurista que apenas dá uma ideia de algumas das situações (de muitas), das quais o mundo poderia chegar. A história é muito mais voltada para o tema familiar e em suas influências positivas e negativas e o que isso acarreta para os demais, e num amor adolescente que, apesar de puro e bonito, é proibido justamente por interesse político. Não era isso que esperava quando peguei o livro pra ler e posso dizer que me surpreendi. A história é narrada em primeira pessoa pela própria protagonista e se desenvolve de forma lenta com acontecimentos que envolvem valores e que nos fazem refletir.
Anya é uma garota nova, mas já traz consigo muitas responsabilidades e preocupações, mas ao mesmo tempo que é madura, vive se lamentando pela situação em que se encontra. Assim como qualquer pessoa "normal", ela nem sempre leva tudo numa boa e, às vezes, perde a cabeça sendo injusta com quem não merece, até se recompor e ver onde errou. Pra mim é o tipo de personagem bem próxima da realidade e me agradou bastante.
Os demais personagens também foram todos muito bem construídos, cada qual com suas particularidades e interesses. Os irmãos de Anya tem papel fundamental em sua vida, despertando nela um instinto maternal e protetor: Natty por ser a mais nova, e Leo, por ter a mentalidade de um menino de 8 anos e precisar de atenção por nem sempre saber o que faz nem ter maldade para encarar situações mais complicadas e sérias, ainda mais levando em consideração as atividades ilegais da família, que por mais que se preocupem, sempre colocam seus interesses em primeiro lugar mesmo que isso signifique prejudicar quem quer que seja...
Win é o tipo de garoto que todas sonham em namorar... é atencioso, preocupado, carinhoso e parece conhecer Anya desde sempre, como se realmente tivessem sido feitos um pro outro, só deram o azar de terem nascido na família errada...
Achei surreal as pessoas viverem em um mundo onde são proibidas de comerem chocolate ou tomarem café, pois o que de certa forma dá prazer, não é algo a ser encorajado... Porém, quando o que faz parte da vida das pessoas é proibido, se tornam ilícitos... Sempre haverá quem forneça o que as pessoas não podem ter...

A leitura é fácil, rápida e bem fluída. O coração de chocolate ilustra perfeitamente o que está em jogo na história além mostrar tudo o que é mais proibido... Eu adorei essa capa, tanto pela simplicidade quanto pelo significado. Alguns capítulos são curtos, outros demasiadamente grandes, e os títulos são meio que um resumo do que acontece, o que particularmente achei bem original pois de certa forma enumera todas as coisas que ela já fez. Encontrei alguns erros de digitação na revisão, mas nada que prejudique a leitura.
Para quem curte histórias leves e envolventes, que abordam valores pessoais e a influência da família em nossas vidas, com um toque de mistério, ação e um romance proibido mas muito bonito, com certeza vai curtir Todas as coisas que eu já fiz.
O segundo livro da trilogia, "Está no meu Sangue" também já foi lançado, e em breve terá resenha dele no blog também.