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O Segredo do Diamante - Caleb Krisp

17 de junho de 2017

Título: O Segredo do Diamante - Ivy Pocket #1
Autor: Caleb Krisp
Ilustrações: Bárbara Cantini
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em sua primeira aventura, Ivy se vê abandonada em Paris, sem nenhum centavo e completamente perdida. Quando uma duquesa a incumbe de entregar um colar incrível (e possivelmente amaldiçoado) a uma menina chamada Matilda, em seu aniversário de 12 anos, Ivy enxerga a chance de retornar a Londres e embarca num navio para cumprir a missão. A partir daí, a intrépida protagonista conhece uma série de personagens improváveis e se envolve em muitas confusões e mistérios, incluindo um ataque de estranhas criaturas nanicas que usam vestes de monges. Será que Ivy conseguirá entregar o colar a Matilda e, principalmente, chegar sã e salva à última página?

Resenha: Ivy Pocket é uma garotinha de doze anos, órfã e que trabalhava como criada para os Midwinters, uma família inglesa tradicional e encantadoramente excêntrica. Quando a família recebeu a Condessa Carbunkle por um mês em Midwinter Hall, Ivy viu nela uma oportunidade de viajar e conhecer o mundo, e assim, um mês depois de muita "insistência" por parte da condessa, partiu rumo a Paris junto com ela como sua nova criada.
O problema é que Ivy, sem ter a menor noção do que faz, é o próprio desastre em pessoa e causa todo tipo de confusão por onde passa, o que leva Lady Carbunkle a abandoná-la sozinha e ir embora as pressas para a América do Sul, onde nunca mais poderia ser encontrada, deixando apenas um bilhete de despedida e uma mísera libra como pagamento pelos "serviços" da menina, além de mandá-la para o diabo que a carregue. Sozinha e por contra própria, Ivy fica desamparada e perdida, até que tem a chance de voltar para Londres ao aceitar uma missão: Como presente de aniversário de doze anos, ela deveria entregar um diamante raro - e provavelmente amaldiçoado, para Matilda. A partir daí, Ivy embarca num navio rumo a uma grande, e desvairada, aventura.

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Ivy nessa aventura hilária e muito divertida. A escrita do autor, apesar de repetitiva, é bem peculiar, com floreios e palavras rebuscadas (até demais para uma garotinha de doze anos), usadas de forma proposital para tornar a trama ainda mais engraçada. É o estilo de escrita que se encontra em autores como Lemony Snicket (autor de Desventuras em Série e Só Perguntas Erradas) ou Alan Bradley (autor de As Crônicas de Flavia de Luce).

Ivy faz descrições sobre os acontecimentos que vê, mas não tem maldade o suficiente para perceber o significado, como uma cena logo no começo da história onde ela fala que encontrou Lady Carbunkle agachada atrás de um baú com um lençol na cabeça. Claramente a velhota está tentando escapar da vista da menina se escondendo de forma desesperada, assim como tantas outras pessoas tentam evitá-la a qualquer custo, mas para Ivy se trata de um "comportamento aristocrático" que define a condessa como doida de pedra. Tais situações talvez carecterizem Ivy como sendo uma garotinha com traços de caráter ridículos e é muito engraçado acompanhá-la com sua mania de grandeza, a forma como ela distribui insultos gratuitos de forma casual, as atitudes questionáveis e insensíveis que ela tem sem sequer perceber o impacto que causa nos outros, e sua total falta de noção para a vida é o que a torna tão especial, adorável e engraçada.

O projeto gráfico do livro é um amor. A capa é uma graça com esse estilo gótico suave e com toques vintage, ilustrando bem o que se pode encontrar na história de Ivy. A diagramação é muito caprichada, com ilustrações em preto e branco que se remetem ao conteúdo do capítulo e que combinam com os traços da capa.

Por ser um livro voltado a um público mais jovem, na faixa dos doze anos em média, não espere encontrar grandes mensagens ou lições valiosas para a vida, apesar de haver uma jornada de autoconhecimento bonitinha, mas tratada de forma bem despretensiosa. O propósito do livro é nos divertir e nos arrancar risadas com as trapalhadas de Ivy, e sim, ele cumpre o que promete e até me surpreendeu.

Pra quem procura por uma leitura para distração ou entrenenimento passageiro, é livro mais do que recomendado. Trocadilhos a parte, quero uma Ivy pra levar no bolso, e a continuação da história, por favor!

Miga, Sua Louca! - Julianna Costa e Luiza Costa

26 de maio de 2017

Título: Miga, Sua Louca!
Autoras: Julianna Costa e Luiza Costa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Infantojuvenil/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Deixe eu te apresentar a Yara.
Ela parece meio certinha e meio louca. Um pouco de tudo. Ou talvez nada disso.
Na verdade, ela é só mais uma adolescente buscando descobrir sua própria identidade. O problema da Yara é que, nessa busca, ela vai encontrar o André, o Danilo, o Diego, o Rodrigo…
Pois é, pessoal. A Yara é meio nervosa. E meio desesperada. E meio tímida. E meio inexperiente.
Mas não precisa se preocupar com ela, porque a Yara pode ser meio tudo isso, mas ela não está sozinha: ela tem a Alexia.
Alexia é a metade que falta da Yara: sua melhor amiga, com experiências, dicas e surtos para compartilhar. E enquanto Yara enfrenta todo tipo de complicação – seja a indecisão sobre qual universidade cursar, os problemas com a mãe ou o interesse recém-descoberto pelo melhor amigo – Alexia vai ficar por perto, guiando sua amiga maluca (com sugestões nem sempre convencionais) em um dos momentos mais delicados de sua vida.

Resenha: Miga, Sua Louca! escrito por Julianna e Luiza Costa, traz a história de duas melhores amigas que sempre estão lá uma pela outra, Yara e Alexia.
Yara, ou Yaya, vive um dilema seríssimo em sua vida. Ela é a garota certinha que não aguenta mais ser a última em tudo a ponto de virar motivo de piada ou até pena entre as amigas. Como ela nunca arrumou um namorado nem fez nada realmente cool, ela está simplesmente maluca para ter experiências mais "radicais" antes de se tornar adulta. E o problema não é apenas ela ser a última nas coisas, mas sua timidez e insegurança não permitem que ela se comporte de forma "normal" quando algum garoto se aproxima dela ou quando ela precisa enfrentar algum tipo de complicação em que seja necessário tomar alguma decisão. E pra piorar a situaçao, Alexia se mudou pra longe e Yara já não pode contar com a presença da melhor amiga com toda a sabedoria que ela tem e com todos os super conselhos que ela costumava dar. Mas ainda bem que os correios existem!

Através de uma linguagem atual e bastante descontraída, acompanhamos uma narrativa epistolar em que Yara e Alexia, por morarem longe uma da outra, decidem manter contato através de cartas por mais que a era digital esteja em seu auge.
Yara e Alexia são personagens opostas mas que se completam, quase como o Yin e Yang. Enquanto Yara é apresentada como alguém toda certinha, inocente e sem experiências interessantes, que está prestes a se aventurar pela vida afora, Alexia é aquela amiga maluca que já viu e viveu muitas coisas e, por ter mais experiência em alguns assuntos, é perfeitamente capaz de dar conselhos e conduzir a amiga desorientada e neurótica. Só que Yara, no calor do momento, nem sempre considera a opinião ou as dicas importantes que a amiga dá, dicas estas que podem servir para as mais diversas situações que muitas meninas que estão fora da ficção estão sujeitas a enfrentar, então, muita confusão pode rolar...

Temas como amizade, família, relacionamentos, traição, sexualidade e afins são abordados de forma super natural e bem humorada, e como fazem parte da adolescência por ser uma fase feia complicada e cheia de descobertas com relação aquilo que é difícil de se compreender ou aceitar, principalmente quando a insegurança e a indecisão tomam conta, tudo é muito bem encaixado de acordo com a situação das meninas, mostrando que é possível aprender com os próprios erros, que é importante considerarmos uma segunda opinião de quem tem experiência no assunto, ou que há consequências desagradaveis quando não há limites ou quando escolhas ruins são feitas.
"Acho que nunca paramos de crescer, de aprender coisas sobre nós mesmos e de descobrir que estávamos errados sobre tantas coisas."
- Pág. 7
O único ponto do livro que não me agradou muito é o fato de que pela narrativa ser feita em forma de cartas, sempre em primeira pessoa pelos pontos de vista das meninas, reproduzir diálogos de forma fiel, com travessão e tudo mais, em meio a um texto corrido onde, na teoria, as personagens deveriam contar o que se passa, dando ou recebendo conselhos e etc, não me soa muito natural nem convincente. Acredito que faria mais sentido se as personagens contassem de forma espontânea que "fulano me disse que... e eu respondi pra ele que.." do que incluir diálogos prontos como foi feito.

Com relação a parte gráfica, só tenho elogios. A capa é bastante chamativa e bonita, as ilustrações e a tipografia tem tudo a ver com o ar adolescente da história e a diagramação é uma fofura só, com detalhes de cartinhas, estrelas e assinaturas com letras cursivas diferentes pra cada uma das meninas.

Miga, Sua Louca! não é só mais um livro infantojuvenil que fala sobre os dilemas e os dramas intermitentes da adolescência. As autoras conseguiram mostrar, através de uma história divertida e descontraída, o quanto devemos valorizar a família, as amizades verdadeiras, como devemos aprender com nossos erros, e como a sororidade é superimportante para nós, mulheres.

Top 10 #4 - Melhores Leituras Infantojuvenis

20 de abril de 2017


Quem nunca leu ou morreu de amores por um livro voltado ao público infantojuvenil que jogue a primeira pedra! E pensando nesses livros super queridos, montei um Top 10 com algumas das minhas melhores leituras desse gênero. ♥
Bora conferir?

1 - Harry Potter

Harry Potter dispensa maiores comentários, não? ♥

2 - Vampiratas

Apesar do nome esquisito e cafona, Vampiratas é uma série super legal mas, infelizmente, não muito conhecida (e talvez até ignorada pelo preço mega salgados dos livros).
Nela podemos encontrar um toque sobrenatural já que tem vampiros, piratas e vampiros piratas! CA série é cheia de ação, planos mirabolantes, muito bom humor e ainda lembra um pouco de Piratas do Caribe com um leve toque de Harry Potter. É viciante e uma das minhas favoritas.

3 - Fronteiras do Universo

A trilogia Fronteiras do Universo, apesar de ser considerada uma fantasia infanto juvenil, traz uma história bastante complexa sobre a jornada cheia de aventuras de uma garotinha que parte em busca do amigo que fora sequestrado e descobre que há algo de muito ruim acontecendo no mundo envolvendo as crianças e seus deamons (uma espécie de alma que se materializa em um animal, que acompanha a pessoa até a morte), e em alguns pontos até bastante polêmica já que faz referências e críticas explícitas sobre a igreja, mesmo que o foco não seja este.
O universo criado pelo autor é incrível e muito criativo e é impossível não querer ter um deamon também.

4 - Como Treinar seu Dragão

Como Treinar seu Dragão é um prato cheio quando o assunto é mergulhar numa aventura maluca, cheia de perigos absurdos e personagens excêntricos e super engraçados. Soluço sempre se mete em alguma enrascada e Banguela, seu fiel dragão, não dá a mínima e só quer saber de dormir. É impossível não gargalhar alto feito um maluco lendo esses livros.

5 - Diário de um Banana

Greg é aquele típico personagem que está na pré-adolecência e não consegue evitar todos os momentos constrangedores que passa, seja na escola, com a família, sendo sacaneado por Rodrick, seu irmão mais velho, ou quebrando a cara com qualquer tipo de coisa que ele se interessa em fazer. O que ele tem de azarado ele tem de engraçado, coitado, mas o legal é que várias das situações que ele passa correspondem bem à realidade dessa fase.

6 - A Quanse Honrosa Liga de Piratas

Num mundo onde os piratas saqueiam tudo, os homens ditam as regras e as mulheres tem seu lugar como donzelas indefesas em casa, surge Hillary, uma garotinha indomável que está determinada a quebrar estereótipos e se tornar a maior pirata que qualquer um já viu ou ouviu falar. E suas aventuras e os perigos que enfrenta mostram que ela não estava brincando quando prova o que é capaz de fazer em nome do seu grande sonho.

7 - Só Perguntas Erradas

Lemony Snicket é autor e protagonista da própria história onde ele se torna aprendiz de detetive e começa a fazer investigações acerca dos mistérios que começam a aparecer na cidadezinha de Manchado pelo mar. Com o desenrolar da série vamos acompanhando Lemony adquirindo mais experiência a cada caso e mergulhando nas pistas que ele precisa seguir para desvendar o mistério da vez. Tudo é muito bem humorado, as crianças aparecem como as cabeças da história enquanto os adultos são uns idiotas e é impossível não morrer de rir. E não era pra menos já que vem do mesmo autor de Desventuras em Série (que infelizmente, ainda não li).

8 - Percy Jackson

Sei que os filmes foram uma completa decepção quando o assunto é Percy Jackson, mas acompanhar a série do garoto que se descobre como semi-deus, filho de Poseidon, é algo muito, mas muito bacana. E não é só Percy que passa por perigos e descobre várias curiosidades acerca da mitologia grega: o autor acaba dando uma aula aos leitores sobre os deuses, suas características e o universo dessa mitologia de forma geral e muito lúdica.

9 - Infinity Ring

Infinity Ring é uma série maravilhosa para quem gosta de História, ou um ótimo ponto de partida para se interessar por ela. Os protagonistas, através de viagens no tempo, embarcam em aventuras de tirar o fôlego, visitam outros países, conhecem outras culturas e ainda têm a chance de reparar o que poderia modificar a História pra sempre. Cada livro da série foi escrito por um autor diferente e por mais que seja possível notar as diferenças no estilo de escrita de cada um deles, a essência da premissa nunca é perdida.


10 - Hex Hall

Hex Hall é uma trilogia sobrenatural que, a princípio, pode lembrar bastante o universo de Harry Potter por existir uma escola pra onde os personagens vão para aprenderem a controlar e a desenvolver melhor suas habilidades e coisas do tipo. O diferencial está no rumo que a história toma e na protagonista que é super engraçada, e, ela, além de passar por maus bocados, ainda arranca várias risadas da gente.


A Magia da Raposa - Inbali Iserles

8 de abril de 2017

Título: A Magia da Raposa - Foxcraft #1
Autora: Inbali Iserles
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Isla e seu irmão, Pirie, são duas raposas filhotes que vivem nos limites das terras dos sem-pelo – os humanos. A vida de uma raposa é cheia de perigos, mas Isla começa a aprender habilidades misteriosas para sobreviver.
Então, o impensável acontece. Um dia, ao retornar para sua toca, Isla a encontra em chamas e cercada por raposas estranhas. E sua família não está em lugar nenhum. Forçada a fugir, ela escapa para o frio e cinza mundo dos sem-pelo.
Agora, Isla terá que se guiar nesse lugar desorientador e mortal, ao mesmo tempo em que é caçada por um inimigo cruel. Para sobreviver, ela precisará dominar a antiga arte das raposas – poderes mágicos conhecidos apenas por elas. Para achar sua família, Isla terá que desvendar os segredos da Foxcraft.

Resenha: A Magia da Raposa é o primeiro volume da série de fantasia Foxcraft, escrita pela autora Inbali Iserles e publicado pelo selo Jovens Leitores da Rocco.

Isla é uma raposa filhote que está em busca de sua família desaparecida após sua toca ter sido invadida por um grupo de raposas estranhas e perigosas. Sua única saída é enfrentar o mundo cinza dos sem-pelo, os humanos, e embarcar numa jornada cheia de surpresas, perigos e descobertas que farão com que ela precise aprender a tempo sobre a Foxcraft, uma magia antiga da qual ela e a família são dotados, assim seus segredos para sobreviver e encontrar aqueles a quem procura.

Para um livro voltado ao público infanto juvenil (ou seria infantil?), embora a mensagem seja até bonitinha, achei um tanto quanto infantilizado e foi impossível ler sem me lembrar da série A Lenda dos Guardiões devido aos termos fantasiosos criados pela autora e que possuem significados próprios em meio aqueleuniverso, porém com as devidas características e particularidades. Eu gosto de livros desse gênero e voltados para esse público pois muitos deles são engraçadinhos e bem divertidos, desde que não atinja um nível cuja inteligência alheia seja subestimada.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Isla, onde tudo é descrito de uma forma muito humanizada ao mesmo tempo em que somos lembrados o tempo inteiro que se trata de um animal, e confesso que apesar de poder ter a visão de mundo dela, o que é interessante em partes, eu teria preferido que a narrativa fosse feita em terceira pessoa para que o narrador não utilizasse de floreios para enfeitar o texto com coisas que não fazem sentido. Isla vai contando o que vê e o que acontece usando algumas palavras "sofisticadas" para descrever as coisas (e me pergunto como ela sabe o que significam já que é um filhote), enquanto outras ela não denomina e descreve as características sem saber o que é por não conhecer (afinal, ela é um filhote, né?), e o leitor acaba tendo que adivinhar do que se trata. Nesse ponto achei as coisas um pouco contráditorias pois se existe um dialeto com termos próprios, como os humanos que são chamados de "sem-pelos", ou a cidade que é chamada de "Terracinza", a rua que é chamada de "canal da morte", os carros são "esmagadores" e por aí vai, outras palavras não deveriam ser utilizadas como forma de descrição, pois não faz o menor sentido a protagonista, por exemplo, saber o que é um labirinto e saber diferenciar hera de grama, mas não saber o que é um zoológico e precisar descrevè-lo como um lugar com vários animais presos em jaulas, sendo que ela mora na floresta, livre e indomável, e nunca viu uma jaula antes. Na teoria ela não deveria saber o que é uma jaula pra usar essa palavra. O aceitável, de acordo com o contexto, seria ela descrever a jaula como sendo um compartimento cujo animal fica preso entre "galhos de ferro" ou coisa do tipo, pois isso sim faria parte de sua realidade baseada em sua pouca idade, no que ela conhece ou pelo menos ouviu falar. Então, ler uma história inteira onde esse tipo de recurso incômodo foi utilizado foi bastante cansativo e eu não conseguia me desconectar dessas conveniências para dar a devida atenção e importância ao que realmente estava sendo contado, além de não parar de questionar e fazer comparações sobre essa "sabedoria".

Mesmo que seja impossível desconsiderar esse fator mencionado, ainda há coisas bem legais na história, sim, embora os termos utilizados sejam estranhos e difíceis de se pronunciar já que parecem terem sido tirados de alguma tribo africana ou coisa parecida. A magia de forma geral é muito criativa, permitindo que as raposas tenham habilidades especiais como imitar outras criaturas, serem "invisíveis" através de ilusão, possuírem dom da cura e até serem capazes de se transfigurarem em outros animais, e tudo isso tem a ver com a energia da natureza que é muito forte e rege completamente esse universo.
A abordagem sobre a vida na floresta, a hierarquia que existe entre as raposas, o contraste com a vida no cenário contemporâneo da cidade e os perigos que Isla enfrenta por lá deram um dinamismo muito bom à trama.
No decorrer da história fica bastante claro que Isla e seu irmão, além de possuírem uma ligação muito intensa, têm algo de especial que outras raposas não tem, e isso acaba fazendo com que eles se tornem alvos para aqueles que querem por as "patas" nessa magia. E tais acontecimentos deixam algumas brechas que pedem por respostas que não foram dadas nesse volume.
Esse relacionamento entre Isla e o irmão é muito fofo e fraternal, e a ideia dela sair por aí sozinha, enfrentando mais perigos do que tendo ajuda pelo caminho, de certa forma, instiga o leitor a querer torcer por ela para que tudo se resolva e todos vivam felizes para sempre, principalmente porque ela aprende várias coisas, adquire mais conhecimento e até amadurece, por mais que sinta medo e insegurança diante do que precisa enfrentar.

A capa é muito bonita. O contraste de cores destacando a raposa com suas cores vibrantes em meio ao escuro da noite e os detalhes dos ornamentos em verniz que deixaram ela super chamativa fizeram do livro, visualmente falando, um luxo só. Há um mapa no início do livro e ao final da história podemos conferir um glossário com os termos mirabolantes criados pela autora e que facilitam a vida do leitor. A diagramação também é muito bem feita, cada capítulo é numerado e possui uma pequena ilustração dos animais, as páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho maior do que o normal, o que facilita a leitura e a torna até mais rápida, mesmo que o desenvolvimento seja meio lento e até confuso em alguns pontos.

Talvez por ser o primeiro volume, o livro acaba sendo bastante introdutório ao mundo de Isla e da Foxcraft, e o leitor termina a história com muitos pontos de interrogação pairando sobre sua cabeça, como se o livro terminasse de forma repentina e faltasse um capítulo para encerrar o arco proposto de forma satisfatória. Logo, pra quem quiser saber o que mais vai acontecer, só resta torcer para que a continuação seja lançada em breve.

Enfim, pra quem gosta de fábulas criativas e com toques de fantasia e magia, que falam sobre inocência, a importância da família e a coragem para enfrentar perigos e desafios em nome daqueles que se ama, e que se passam num mundo bastante rico, talvez venha a gostar da leitura. Apesar de eu não ter curtido muito o ritmo e nem ter sido totalmente convencida pela proposta da história a ponto de superar as expectativas e sair indicando o livro pra todo mundo, no final das contas, é possível tirar algo de bom.

O Código dos Bucaneiros - Caroline Carlson

12 de janeiro de 2017

Título: O Código dos Bucaneiros - A Quase Honrosa Liga de Piratas #3
Autora: Caroline Carlson
Editora: Seguinte
Gênero: Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota:★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A filiação da jovem Hilary Westfield à Quase Honrosa Liga de Piratas não durou muito tempo. Depois de descobrir que o líder da organização, o capitão Dentenegro, estava envolvido com um grupo de criminosos que quer dominar o reino, Hilary decidiu se tornar uma pirata autônoma.
Contudo, a fiel tripulação que a acompanha em suas aventuras em alto-mar acredita que ela seria a pessoa ideal para combater Dentenegro e assumir a liderança da QHLP, o que leva a garota a desafiar o capitão para uma batalha. O problema é que a disputa nem vai começar se Hilary não conseguir reunir duzentos seguidores para lutar ao seu lado. Assim, a jovem pirata parte numa missão de recrutamento que pode ou não envolver piratas temíveis, damas delicadas mais temíveis ainda… e galinhas.

Resenha: O Còdigo dos Bucaneiros é o terceiro e ultimo livro da trilogia A Quase Honrosa Liga dos Piratas, escrito por Caroline Carlson e publicado pela Seguinte.
Pra quem deu uma conferida nas resenhas dos livros anteriores, sabe que eu simplesmente adorei acompanhar as aventuras de Hilary Westfield e sua ambição por se tornar uma grande pirata num lugar onde as meninas deviam se comportar como damas.

A história é ambientada na cidadezinha de Augusta, um lugar onde existia magia, mas pelas pessoas começarem a usá-la de forma desenfreada, a Encantadora das Terras do Sul foi embora e levou a magia consigo. Logo a maior riqueza que poderia ser encontrada nessas terras não era ouro ou pedras preciosas, mas sim a magia, e os piratas estavam em busca dela...

Em O Tesouro da Encantadora, primeiro livro da série, Hilary tenta se inscrever para a QHLP (Quase Honrosa Liga de Piratas) mas é rejeitada por ser uma menina, e seu destino foi a escola da Srta. Pimm, onde ela iria aprender a ser uma verdadeira dama. Mas embora seja uma menina, ela jamais quis fazer "coisas de menina" como dançar, ter aulas de crochê e afins. Seu grande sonho era ir pro mar num navio, ser uma pirata de verdade, e ela não iria desistir disso tão fácil.

Em O Terror das Terras do Sul, Hilary se tornou capitã de sua própria embarcação após seus feitos anteriores, e agora é conhecida como o Terror das Terras do Sul. Ela parte em busca da Encantadora, que havia sido sequestrada enquanto a cidade de Augusta está um caos. Porém começa a ter problemas com Dentenegro, o líder da QHLP, e por isso ela deve provar que seu título de Terror não foi dado a ela em vão.

Dessa vez, depois de ter descoberto que Rupert Dentenegro estava envolvido com o que não devia, Hilary decidiu sair da QHLP para virar é uma pirata autônoma. Ela está mais conhecida do que nunca depois de seus atos heróicos e sua fiel tripulação ainda acredita que ela deveria desbancar Dentenegro para que ela se tornasse a nova líder da QHLP. Mas ela precisa de muito mais seguidores do que tem para tal, os piratas de Augusta não querem se envolver, Dentenegro é poderoso e influente e as coisas vão ser mais difíceis do que ela imaginou... Então, partir no Pombo, seu navio, em busca de novos recrutas em lugares distantes e desconhecidos para se unirem a sua causa e poder desafiar aquele safado numa batalha crucial será sua nova missão.

Narrado em terceira pessoa, a escrita da autora continua super leve, divertida, cheia de ação e xingamentos hilários que fazem jus ao universo pirata e que tornam essa trilogia incrível de se acompanhar, e não importa a idade do leitor.
Assim como os livros anteriores, há ilustrações, cartas, comunicados, bilhetes e afins que auxiliam o desenrolar da aventura dando um ar descontraído e mantendo o padrão do funcionamento de Augusta.

Cada livro traz uma aventura única mas que acaba sendo consequência de escolhas e decisões feitas anteriormente, então não recomendo que os livros sejam lidos fora de ordem para que toda a magia do enredo não seja quebrada.
Hilary é uma personagem ótima, destemida, esperta, corajosa e que não aceita limitações só por ser uma garota. Na cabeça dela não existe diferença entre o que meninas e meninos podem ou não fazer. Embora ela tenha orgulho de ter chegado tão longe, ela também reconhece que sem os amigos não seria nada, então ela também é um grande exemplo de humildade.
Ela se vê no maior desafio que já precisou enfrentar até então e em alguns momentos é possível que o leitor fique em dúvida sobre o sucesso de sua missão. Os acontecimentos são tão envolventes, engraçados e empolgantes que só nos resta torcer para que nossa heroína consiga concluir sua jornada maluca, afinal, por mais que os rivais de Hilary sejam vilões desalmados e salafrários, suas atitudes caricatas e absurdas não são dignas de serem consideradas realmente perigosas, muito pelo contrário. São atitudes questionáveis, ridículas e que vai arrancar muitas risadas do leitor.

Claro que os demais personagens também são ótimos e queridos, mas nossa querida Gárgula não poderia ficar de fora. Ela contnua marcando presença, sendo impagável e sua participação para finalizar a história foi crucial. Amo essa criatura, gente ♥

Pra quem procura por uma aventura muito divertida, que mostra não só o poder da amizade e da lealdade, mas que também quebra estereótipos e dá um grande exemplo de igualdade e empoderamento feminino, é leitura mais do que indicada!


Harry Potter e a Criança Amaldiçoada - J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne

29 de dezembro de 2016

Título: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada
Autores: J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto Juvenil
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: às vezes as trevas vêm de lugares inesperados.
Harry Potter e a Criança Amaldiçoada é a edição impressa do roteiro de ensaio da peça escrita por J.K. Rowling em parceria com Jack Thorne e John Tiffany, que esteve em cartaz em Londres e se passa 19 anos após os acontecimentos narrados em Harry Potter e as Relíquias da Morte.

Resenha: Dezenove anos se passaram desde a grande Batalha de Hogwarts. Harry Potter já beira os quarenta anos, se tornou diretor do Departamento de Execução das Leis da Magia, é casado com Gina Weasley e eles tiveram três filhos: Tiago, Alvo Severo e Lílian. Embora ele tenha uma vida bastante diferente de quando era um garoto, ainda é difícil pra ele lidar com o passado e com suas atuais responsabilidades.
Alvo, o filho do meio, nunca gostou de ser "famoso" pelos feitos de seu pai. O relacionamento entre Harry e Alvo é delicado, muito difícil e as farpas que eles trocam entre si são inevitáveis.
Quando Alvo foi para Hogwarts, ele foi para a Sonserina, e foi lá que ele fez amizade com Escórpio Malfoy, filho de Draco Malfoy. Os dois se tornaram melhores amigos. Eles só não esperavam que, após tantos anos, Amos Digory continuaria culpando Harry pela morte do seu filho, Cedrico, no último Torneio Tribruxo, e isso iria se tornar um fardo tão grande e pesado a ponto dos garotos decidirem tentar voltar no tempo para salvá-lo.
Harry Potter e a Criança Amaldiçoada irá narrar as aventuras de Alvo e Escórpio numa tentativa rebelde de salvar Cedrico, mas o que eles não imaginaram é que mudar o passado poderá alterar o curso do presente e do futuro de todos, inclusive o deles mesmos..

Pra ser sincera eu não sei até onde J.K. Rowling meteu o bedelho nesta obra, mas por mais que os leitores sintam aquela imensa nostalgia por terem contato com personagens inesquecíveis e memoráveis mais uma vez depois de tantos anos, todos sabem que grande parte do sucesso da saga Harry Potter foi devido a narrativa maravilhosa, detalhada, emocionante, bem humorada e cheia de criatividade da autora. Tais detalhes não existem quando o assunto é o roteiro de uma peça, pois as cenas são resumidas e diretas apenas pra ambientar os personagens em determinados locais, seguidas por diálogos identificados por seus nomes que, muitas vezes, tornam os acontecimentos confusos e muito limitados. Basicamente a história é contada através de diálogos rápidos e breves descrições do local em que os personagens se encontram. Eles aparecem de repente e sem a devida apresentação, depois já não estão mais lá, logo em seguida fazem coisas sem sentido e não há a menor preocupação em dar maiores explicações ao leitor sobre o quê, de fato, está acontecendo, mesmo que aquilo possa ter consequências futuras ou nos faça questionar sobre o improvável ou o impossível. Por esse motivo não me senti realmente conectada ao universo mágico de Harry Potter e fiquei com a impressão de ter lido só mais uma história inventada por qualquer pessoa que não se deu ao trabalho de tentar manter o padrão de qualidade da narrativa original, não por questão de ser originalmente um roteiro, mas pelo menos em respeito aos fãs. Já que a ideia de transformar o bendito roteiro em livro surgiu, que fizessem a coisa direito, pelo amor de Deus. O dinheiro ia entrar de qualquer jeito, oras.
Harry Potter e a Criança Amaldiçoada poderia ser considerada uma fanfic, ou até um spin-off especial, mas continuação? Me perdoem por esse desabafo gigante, mas pra mim, como eterna fã, está muito longe disso. A história é interessante até certo ponto e cumpre com o papel de entreter, mas é praticamente inaceitável que este livro seja uma sequência oficial da série... Simplesmente não combina com o resto.
Sim, tentei relevar tudo por se tratar de uma peça de teatro que foi adaptada para a literatura para agraciar os leitores e fãs do bruxinho, mas é impossível sentir uma conexão com personagens tão diferentes do esperado, sejam eles novos ou antigos, atuando em uma história alheia, cheia de buracos, acontecimentos sem base, soluções fáceis e convenientes que não fazem o estilo de J.K. se compararmos com a saga original, e o problema maior, pra mim, foi este.
Sei que uma das características da autora, e que talvez seja uma das poucas presentes nessa história, é trazer alguns personagens imperfeitos, que não aprendem com os erros, ou ainda que adoramos odiar, mas quando esse personagem é um dos protagonistas a coisa muda de figura e fica mais delicada. Colocar alguém adorável e digno ao lado de um rebelde sem causa, idiota e inconsequente como forma de equilíbrio é uma escolha, no mínimo, arriscada... O que acontece quando um protagonista é ofuscado pelo brilho do outro? E nem quando Alvo cede e deixa de ser tão petulante é possível sentir simpatia por ele, o que é muito diferente da impressão que Escórpio causa no leitor, pois é ele quem rouba a cena.

Os demais personagens estão lá, mas senti que eles perderam suas essências e seguiram por caminhos que fugiram do que eles sonharam quando eram mais novos. Hermione agora é Ministra da Magia, mas em momento algum ela se passa por aquela "irritante" sabe-tudo que tanto gostava. Ela continua a agir com a razão, mas não da mesma forma como era antes. Rony, que era um personagem tão engraçado e cabeça dura, agora não passa de um bobão. Há cenas em que ele tenta ser engraçado, mas falha miseravelmente pois suas atitudes não soam naturais. Ele virou dono das Geminialidades Weasley mas não há nada que remeta que isso seja uma responsabilidade real que ele tenha em mãos. O que dá a entender é que uma lojinha de logros (que significava tudo para Fred e Jorge) não tem tanta importância assim em meio a assuntos mais sérios. Mesmo que ele e Hermione sejam casados, não é possível sentir que eles têm química pois eles não combinam enquanto adultos.
Já Harry e Gina demonstram uma cumplicidade mútua e o relacionamento deles é bastante bonito. Ela é a única que parece continuar uma personagem de fibra e que não sofreu tantas mudanças com o passar dos anos.
Não vou dar spoilers, mas o clímax da história gira em torno de uma grande revelação envolvendo Delfi, uma personagem que se diz prima de Cedrico e que incentiva Alvo e Escórpio a voltarem no tempo para salvá-lo, mas isso eu não pude engolir. Isso porque a tal revelação está ligada a algum possível acontecimento nos livros anteriores da saga, mas em momento algum houve qualquer tipo de brecha para tal. E quem leu os livros vai ficar com a cara na poeira tentando juntar as peças desse quebra cabeça, revirando o cérebro e cavando fundo tentando lembrar como pode ter acontecido aquilo em algum momento e sem encontrar nada, assim como eu.

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, apesar de não ser um romance propriamente dito, cumpre com a função de levar o leitor pra perto de personagens tão queridos, mata um pouco da saudade, e é um livro de leitura extremamente rápida. Ele não prende logo de cara, mas logo já estamos mergulhados nessa aventura e querendo saber qual será o desfecho para tantos problemas que foram causados pelos garotos.
De forma geral, vale a pena ser lido, sim, desde que o leitor não vá cheio de expectativas esperando por algo emocionante e que vai ficar na memória pra sempre como a saga de Harry Potter ficou...

As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High - Lisa Yee

14 de novembro de 2016

Título: As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High - DC Super Hero Girls #1
Autora: Lisa Yee
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Raquel Zampil
Gênero: Infanto juvenil/Aventura
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Wonder Woman quer ser uma super-heroína. Para isso, ela vai estudar na Super Hero High, especializada em desenvolver os poderes de seus alunos. Lá, ela terá que enfrentar seus maiores desafios: além dos exaustivos treinamentos e dos estudantes vilões, a jovem vai lidar com novas amizades e dividir o quarto com alguém que adora compartilhar fofocas nas redes sociais. Isso sem contar que Wonder Woman cresceu em uma ilha só de mulheres... E nunca estudou com garotos até entrar para o ensino  médio!

Resenha: As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High é o primeiro livro da série DC Super Hero Girls da autora Lisa Yee que concentra super heroínas - e vilãs - da DC Comics no período da adolescência no colegial. O livro foi publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Super Hero High é um lugar especializado não só em desenvolver os poderes de seus alunos que se tornarão futuros Super Heróis, ou Super Vilões, mas também mostrá-los seu papel na sociedade, seja combatendo o crime, ou causando o caos por onde passam...
Wonder Woman é uma adolescente que deixou a ilha onde morava para aprender a usar seus poderes e se tornar uma grande super heroína no mundo real. Ela é a mais nova aluna da Super Hero High e, mesmo podendo salvar o dia facilmente, ela terá que passar por desafios e sobreviver no dia a dia enfrentando treinamentos exaustivos, meninas malucas que adoram fofocar e navegar pelas redes sociais, garotos lindos, pessoas em perigo e se preocupar com a roupa em que veste ou com alguém tentando fazer com que ela saia da escola!

Ágil, recheado de humor, ação e até com toques relevantes sobre empoderamento feminino abordado de uma forma leve e pra todas as idades, o livro é bastante divertido do começo ao fim e os leitores mais jovens, até mesmo aqueles que não tem muito contato com o universo dos quadrinhos, vão curtir bastante os dilemas dos heróis, principalmente da jovem Mulher Maravilha, aprendendo a usar seus super poderes.

Embora alguns personagens masculinos marquem presença na história, o foco fica sobre as meninas, mostrando que mesmo adolescentes e com muito o que aprender, elas se mostram fortes, capazes e com histórias que lhes dão um outro tipo de perspectiva, tudo isso sem diminuí-las só por serem jovens.
Os personagens tem personalidades distintas e são bastante autênticos, mas bastante inocentes e até mesmo infantis. Devido ao público para o qual a obra se destina, fica perceptível que a autora procurou dar sutileza às situações de forma que não houvesse violência e talvez com intenção de que os leitores se acostumem ao ambiente, o livro é bastante introdutório e cheio de referências a outros personagens que acabam deixando o livro mais complexo do que deveria, mas nem por isso deixa de ser divertido.

O trabalho tráfico do livro é a coisa mais fofa. Além da capa ser uma graça com detalhes metalizados no título e nos cabelos, e retratando uma Wonder Woman adolescente sem perder traços que lembrem uma HQ, a diagramação é super caprichada com detalhes em azul, como a letra capitular e os detalhes de raios, bolinhas e estrelas tanto no topo dos capítulos quanto no rodapé e nas laterais das páginas.

O livro ainda deixa um gancho pro segundo volume quando outra jovem super heroína é apresentada, logo já estou curiosa pelas aventuras que o próximo livro nos reserva.
Pra quem gosta de ação, aventuras envolventes e personagens divertidos vai encontrar nesta história elementos encantadores inspirados em personagens clássicos do universo DC.



Por que esta noite é diferente das outras? - Lemony Snicket

19 de setembro de 2016

Título: Por que esta noite é diferente das outras? - Só Perguntas Erradas #4
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Gênero: Infantojuvenil/Aventura/Mistério
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O jovem Lemony Snicket começou seu aprendizado em uma organização misteriosa e partiu para Manchado-pelo-mar, uma cidade decadente onde se criavam polvos para a produção de tinta. Sua excêntrica tutora, S. Theodora Markson, foge no meio da noite para pegar o trem rumo à cidade grande. Agora ele precisa investigar por que ela está indo embora sorrateiramente e quem ela precisa encontrar nesse trem. Mas um crime terrível acontece no meio da viagem?
Quem é o culpado?
Quem são os passageiros - bem suspeitos - do trem?
Por que uma parada não programada acontece?
Será que tudo isso faz parte dos planos do vilão Tiro Furado?
Você descobrirá tudo isso no quarto e último volume da série Só Perguntas Erradas. 

Resenha: Depois do roubo da Fera Ressonante, depois de Cleo Knight ter desaparecido, e depois de uma onda de incêndios misteriosos terem acometido Manchado-pelo-mar, o jovem aspirante a detetive, Lemony Snicket, no quarto e último volume da série Só Perguntas Erradas, está de volta para encerrar sua saga cheia de aventuras em companhia de sua tutora S. Theodora para acabar de uma vez por todas com Tiro Furado, aquele vilão inescrupuloso e maligno.

Dessa vez, Lemony segue S. Theodora após tê-la flagrado no meio da noite fugindo sorrateiramente do quarto que compartilhavam, e percebe que todos na cidade estão indo embora de Manchado-pelo-mar, fantasiados e a bordo de uma locomotiva cheia de mistérios. Lemony só precisaria de um plano para descobrir o que está acontecendo, fazendo suas famosas investigações e ainda tentando atrair Tiro Furado para uma armadilha e derrotá-lo de uma vez por todas, mas claro, ele ainda faz as perguntas erradas...

Nos livros anteriores é possível acompanhar um progresso no que diz respeito ao amadurecimento e ao aprendizado de Snicket, assim como na complexidade dos mistérios que ele deve resolver, e neste volume senti que as coisas ficaram um pouco estagnadas e sem maiores emoções.
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista do protagonista, temos o humor ácido e típico do autor e algumas situações que parecem ser previsíveis de forma proposital, tudo isso mesclado à ingenuidade e a inteligência do protagonista, e posso dizer que essa fórmula é totalmente funcional nessa série. Acompanhar Lemony seguindo sua intuição, que sempre conflita com o que sua tutora pensa, é muito divertido. Snicket pode ser inocente, mas é esperto, inteligente, sarcástico e seu bom humor chega a ser contagiante.

Se comparado aos livros anteriores, talvez para dar foco no desfecho e na descoberta da identidade do vilão, os personagens não foram tão bem desenvolvidos, a interação entre eles foi bastante sucinta e algumas perguntas não tiveram respostas realmente satisfatórias, mas vindo desse autor, não esperava menos e isso não foi um ponto negativo pra mim. O que me incomodou um pouco foi o enredo que parece ter dado voltas desnecessárias para se chegar ao mesmo lugar, como se tivesse mudado o estilo de ser conduzido e ficasse oscilando, e mesmo sendo composto pelos fiéis 13 capítulos, parece ter sido muito mais curto do que os anteriores. O que parece é que os capítulos não se alinham perfeitamente por ter acontecimentos distintos e isolados que fragmentam a trama. Talvez isso tenha alguma relação com as inseguranças de Lemony ao lidar com sua grande investigação final, mas não senti muita conexão com todos os elementos de forma geral. Ao final fiquei com a impressão de que o livro foi feito às pressas mas, ao mesmo tempo, enrolando o máximo possível com informações repetidas ou ireelevantes, e o tempo dedicado a descobrir a identidade de Tiro Furado foi uma forma de prender o leitor à história mesmo que eu já tivesse adivinhado quem era no terceiro volume. Também senti curiosidade por saber um pouco mais dos outros personagens, mas não houve aprofundamento sobre eles.

A capa segue o padrão dos livros anteriores e traz elementos que compõe a história. A parte interna é estampada, os capítulos são iniciados com ilustrações peculiares do ilustrador Seth, que manteve o mesmo estilo de mistério, com personagens nas sombras e Snicket ainda com o rosto oculto por seu quepe. As páginas são amarelas, a fonte é grande e a diagramação de forma geral é uma graça.

Em suma, a série inteira (e o volume extra) é uma ótima pedida para leitores que buscam por uma aventura despretenciosa, engraçada e muito divertida. Snicket é carismático, tem um vocabulário bastante rico e ainda cumpre com seu papel de exímio investigador mirim.


Circo Mirandus - Cassie Beasley

27 de julho de 2016

Título: Circo Mirandus
Autora: Cassie Beasley
Editora: Agir Now
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva
Sinopse: Você acredita em mágica? Micah Tuttle, sim. Embora a malvada tia-avó Gertrude não aprove, Micah acredita nas histórias que o avô, em seu leito de morte, conta sobre o Circo Mirandus: o tigre invisível que toma conta dos portões, a belíssima mulher-pássaro que voa de verdade, e o mágico mais poderoso de todo o mundo o Homem que Dobra a Luz. Finalmente, o vovô Ephraim oferece provas. O Circo é real. E o Dobra-Luz lhe deve um milagre. Com a decidida e racional amiga Jenny Mendonza ao seu lado, Micah decide encontrar o Circo e o homem que talvez possa salvar seu querido avô. O problema é que o Dobra-Luz não quer manter sua palavra, e agora depende de Micah conseguir o milagre de que tanto precisa.
Resenha: Circo Mirandus é o livro de estreia da autora americana Cassie Beasley que chegou ao Brasil pela Agir Now/Harper Collins.

Micah Tuttle foi criado por seu avô, Ephraim, depois que perdeu os pais. Ele sempre ouvia histórias incríveis sobre um circo mágico que o avô visitou quando ainda era criança e Micah realmente acreditava no que ouvia e que o Circo Mirandus, de fato, existiu. Mas um dia seu avô ficou doente, e sua tia-avó Gertrudis veio para tomar conta dele e de seu avô. O problema é que ela não acreditava em nenhuma daquelas histórias, dizia que o Circo não existia e além de afastar Micah de Ephraim por achar que ele deveria repousar para melhorar, fazia de tudo para que o garoto esquecesse as histórias que o empolgavam tanto, o desencorajando. Mas tudo mudou quando uma carta provou a existência do Circo. No passado, quando ainda era muito jovem, Ephraim conheceu um mágico muito poderoso que havia lhe prometido um milagre, o Homem que Dobra Luz. E agora que está doente, ele enfim enviou a carta pedindo a ajuda dele pois descobriu qual é o milagre que precisa, e sua carta foi respondida... Micah acredita que o pedido do avô seria ficar saudável outra vez, e que a magia iria resolver todos os problemas...

O livro é narrado em terceira pessoa e intercala duas linhas de tempo onde temos Micah no presente e o jovem Ephraim do passado contando como ter descoberto o Circo mudou sua vida. A escrita da autora envolve pela simplicidade e pela delicadeza ao descrever detalhes.
A forma como a autora aborda assuntos como a família, perda, amizade e a crença na magia que jamais deve ser perdida é simplesmente admirável.
Os personagens são bem construídos e cada um possui sua própria caracteristica incomum que os tornam especiais e únicos dentro do universo do Circo.
Gostei muito de vovô Ephraim. Seu amor fraternal é incondicional. Ele é bondoso, dedicado e muito sábio, e acompanhar esse tipo de relacionamento tão bonito entre avô e neto é inspirador.

A história tem uma carga dramática que emociona já que aborda a ideia da morte e que Micah não teria ninguém a altura do avô para ser seu responsável e amá-lo tanto. Mas mesmo que haja esse toque de tristeza e a sensação do coração estar apertado, há muitos momentos alegres e divertidos devido à magia e aos personagens peculiares com quem Micah se depara.

A capa é linda de viver! Tem detalhes dourados e aplicações de verniz local que fazem do livro a coisa mais adorável da estante. A fonte tem um tamanho agradável e as páginas são amarelas. Cada capítulo é numerado, possui título e é sempre iniciado com uma pequena ilustração. Alguns capítulos ainda terminam com uma maior que ocupa toda a página. As ilustrações são simples mas sempre muito expressivas, o que colabora para a visualização dos elementos, cenários e personagens criados pela autora.

Circo Mirandus é um livro com uma história bonita e inesquecível, que pode ser lido por leitores de todas as idades. Com certeza ele irá proporcionar uma viagem incrível pelo mundo da fantasia e quem gosta de histórias mágicas com um toque de misério intrigante e protagonizadas por crianças vai encontrar nesse livro uma dose agridoce de otimismo e esperança de que coisas boas virão.
A história é uma das mais fofas que já li e a única coisa que penso agora é em repassá-la aos meus filhos para eles também viverem essa magia.


Um Novo Mundo - Bibi Tatto

24 de julho de 2016

Título: Um Novo Mundo: Gagui joined the game
Autora: Bibi Tatto
Editora: Novo Conceito
Gênero: Infantojuvenil
Ano: 2016
Páginas: 144
Nota: ★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva
Sinopse: O tempo está correndo e Bibi precisa alcançar logo seu irmão, Gagui, senão... Você conhece o mundo do Minecraft? Então certamente sabe quem é a Bianca Tatto, ou melhor, Bibi! Ela tem hoje um dos canais mais importantes no Youtube sobre Minecraft, com dicas e experiências que divide com um grupo de mais de um milhão de inscritos que a segue e comenta tudo que posta. Também é considerada a garota gamer mais assistida entre os youtubers do Brasil, além de uma das maiores do mundo. Neste livro, Bibi apresenta uma incrível competição entre o avatar dela e o do Gagui dentro de um novo mundo que ela criou no jogo. Enquanto isso, alterna a história com momentos divertidos de sua vida e confusões reais que se meteu durante seus dezesseis anos de idade. Se você faz parte do público que curte Minecraft e procura por uma empolgante história, não pode deixar de saber quem sairá vencedor dessa perseguição! Preparado para a aventura?
Resenha: Ainda na incansável (mas rentável) onda de livros de youtubers, a Editora Novo Conceito resolveu apostar em Bianca Tatto. Bibi tem um canal desde dezembro de 2014 onde fala principalmente sobre o jogo Minecraft que, atualmente, mesmo sendo relativamente recente, já passou de 1,7 milhão de inscritos. Ela também compõe músicas e faz videos sobre viagens e seu dia a dia em geral.

Bibi se inspirava muito no youtuber Pedro Afonso, mais conhecido como Rezendeevil, e quando ela escreveu e gravou uma música em homenagem a ele, a repercussão foi tanta que, desde então, Bibi ficou conhecida entre o público destinado aos gamers no Youtube e seu canal não parou de crescer a ponto de ela ser considerada uma das gamers mais assistidas entre os youtubers desse segmento. Ela é bastante articulada e consciente do público que tem, e achei bem bacana que, mesmo que os videos sejam sobre o jogo, ela também sempre fala sobre a importância dos estudos para a criançada.
Em Um Novo Mundo, Bibi faz um misto sobre alguns episódios engraçados de sua própria vida ao mesmo tempo em que narra uma competição entre seu avatar e o de Gagui, seu irmão (que foi quem apresentou o jogo pra ela) num mundo novo criado por ela dentro de Minecraft.


Minecraft é um dos jogos mais populares da atualidade e conquistou milhões de fãs por todo o mundo. Ele permite usar e abusar da criatividade permitindo ao jogador viver grandes aventuras, enfrentando aranhas gigantes, zumbis e outros monstros malucos, enquanto cenários e objetos com seu visual em formato de blocos bastante característico são criados a partir dos materiais coletados pelo mundo afora.
O livro é todo narrado por Bibi e a intenção é fazer parecer que ela está conversando com o leitor, cumprimentando, explicando sobre o jogo, soltando vários "kkkkkkk's" e contando sobre alguns momentos "incríveis" de sua vida.
Como o público do canal dela é composto em sua grande maioria por crianças, é tudo contado de forma muito leve, didática e descontraída, logo o livro é voltado exclusivamente pra esse mesmo público.
Acredito que pelo conteúdo, as histórias e os casos podem soar bastante engraçados e divertidos para os fãs de Bibi na faixa dos dez anos de idade ou menos, mas eu particularmente achei tudo infantil ao extremo e até um pouco forçado na questão da interação e da graça do que é contado, até mesmo pra alguém da idade dela.

O projeto gráfico do livro é bem caprichado. A capa mostra Bibi no universo do jogo com detalhes quadriculados e em forma de blocos. A digramação também é bem legal, a fonte é grande e o livro é cheio de fotos de Bibi e de ilustrações dos elementos de Minecraft.

Não sou o público alvo do canal e acredito que só quem é fã deva curtir o conteúdo do livro. Apesar de ter revirado os olhos quando o assunto era algum caso vivido por ela, o livro pode ser uma oportunidade bacana para as crianças adentrarem o universo literário e começarem a se interessar mais por leitura.

Felizmente, o Leite - Neil Gaiman

23 de julho de 2016

Título: Felizmente, o Leite
Autor: Neil Gaiman
Ilustrações: Skottie Young
Tradutor: Edmo Suassuna
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2016
Páginas: 128
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Uma prosaica ida até o mercado se transforma numa incrível aventura no mais recente livro infantil do celebrado escritor britânico Neil Gaiman, que coloca um estranho objeto prateado no caminho de um pai que só queria comprar um pouco de leite para o café da manhã. Aliás, aquele disco prateado gigantesco estacionado em plena rua Marshall, com seres verdes um tanto gosmentos e bastante ranzinzas querendo reformar o (nosso) mundo, é só a primeira de muitas surpresas que esperam pelo zeloso pai de família na história, que inclui ainda viagens no tempo e no espaço num balão, um dinossauro inventor, navios piratas, vulcões e outras maluquices. Será que o café da manhã das crianças está a salvo? Com ilustrações incríveis de Skottie Young, Felizmente, o leite é uma história de fantasia com uma boa dose de nonsense e o senso de humor peculiar de Neil Gaiman.
Resenha: Felizmente, o Leite, escrito pelo ilustre autor britânico Neil Gaiman e graciosamente ilustrado pelo artista Skottie Young, é uma aventura hilária que traz uma metáfora bastante inteligente e apropriada para várias questões familiares e contemporâneas.

Tudo começa quando uma tradicional família fica desfalcada da mãe, que precisa viajar a trabalho e deixa o casal de filhos sob os cuidados do pai. Antes de ir ela deixa instruções sobre o funcionamento da casa e da rotina dos filhos, mas tudo indica que o pai parece estar perdido e não faz ideia do que fazer. Na primeira manhã, quando as crianças vão tomar café, elas se deparam com uma tragédia: O leite para o cereal acabou!
O pai, então, precisa sair para comprar o bendito leite, mas demora tanto que é questionado pelos filhos. Ele não tem outra saída a não ser contar sobre todas as aventuras mirabolantes pelas quais passou para conseguir trazer a garrafinha do precioso leite são e salvo e garantir o sucesso do café matinal e a satisfação das crianças.

A narrativa é feita pelo filho mais velho, desconfiado da história do pai, que inventa as mais fantasiosas e absurdas desculpas pela demora praticamente eterna em trazer o leite que as crianças tanto precisam. A filha mais nova adora essa história incrível e se deixa levar pelas mais malucas situações que o pai viveu enquanto trazia e protegia a garrafinha de leite, numa jornada inusitada com direito a abdução alienígena, dinossauro inventor, piratas, aborígenes, pôneis, viagens em máquinas do tempo e muitas confusões impossíveis e repletas de reviravoltas e outras improbabilidades.

Embora seja voltado ao público infantil, a história é muito bem construída e vai arrancar risadas e levar reflexões até mesmo para os mais velhos, mostrando que as responsabilidades pela casa e pelos filhos não devem cair exclusivamente sobre a mãe e que o casal precisa achar um equilíbrio, dividindo as tarefas domésticas e sendo responsáveis por igual pelas crianças, tudo isso através de uma narrativa lúdica, leve, recheada de criatividade e muito divertida!
As ilustrações também não ficam atrás, pois o artista consegue acompanhar e ilustrar perfeitamente bem e de forma cômica e encantadora, passando as ideias geniais de Gaiman para o papel.

Neil Gaiman não cansa de nos surpreender. Felizmente, o Leite é uma aventura divertida e super nonsense que vai agradar leitores de todas as idades.
Já li para meus pequenos e eles adoraram e riram tanto quanto eu! ♥


Um Chapéu Cheio de Céu - Terry Pratchett

27 de junho de 2016

Título: Um Chapéu Cheio de Céu - Tiffany Dolorida #2
Autor: Terry Pratchett
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Tiffany Dolorida, alguns anos após suas aventuras no tenebroso Reino das Fadas, deverá colocar seus talentos em bruxaria novamente à prova ao embarcar em mais uma aventura: deixar sua casa e suas terras para trás e se tornar aprendiz de uma bruxa de verdade. Mas o que ela não sabe é que uma criatura incorpórea e sagaz está lhe perseguindo, um ser ancião e incompreensível do qual nem mesmo a Madame Cera do Tempo (a maior bruxa do mundo) poderá protegê-la. Dessa vez, serão úteis as habilidades de roubos, briga e bebedeira dos Nac Mac Feegle, os Pequenos Homens Livres, ou deverá Tiffany depender única e tão somente de si?

Resenha: Um Chapéu Cheio de Céu é o segundo volume da série Tiffany Dolorida, escrita pelo autor Terry Pratchett e publicado no Brasil pela Bertrand.
Tiffany Dolorida é uma bruxinha de apenas onze anos, mas ser criança não impediu que ela enfrentasse a Rainha das Fadas de tomar o Giz. Com a ajuda dos Nac Mac Feegles e seguindo os passos de sua avó, Madame Cera do Tempo, ela conseguiu provar que o talento mais importante que uma bruxa deve ter é a inteligência, o bom senso e, claro, os olhos bem abertos. Por isso, depois de ter vivido uma grande aventura quando tinha apenas nove anos, Tiffany agora irá usar esse talento para se tornar uma aprendiz de bruxa, mas pra isso teria que deixar sua casa, o Giz. Então ela parte pra uma terra distante e sólida e a Srta. Plana fica responsável por ensinar tudo o que ela precisa saber. Mas, Tiffany tem grande potencial e isso acabou colocando a garotinha em perigo. Uma criatura sem corpo com a capacidade de consumir almas e tomar mentes começou a perseguí-la.

O bom humor da narrativa continua presente, assim como as críticas e as sátiras sobre a sociedade e o comportamento humano num geral, e neste volume está ainda melhor. Os Nac Mac Feegles continuam brigões e bebendo como se não houvesse amanhã, e mesmo que Tiffany seja a protagonista eles ganham muito destaque tornam a aventura muito mais dinâmica e engraçada. Eles são extremanente leais a Tiffany e respeitam a linhagem de bruxas de onde ela veio. A protegem com unhas e dentes mesmo que tenham apenas 15cm!
Neste volume senti uma fluidez maior na escrita e a trama se tornou ainda mais envolvente, cheia de reviravoltas e maiores aprofundamentos sobre as personagens. Os elementos parecem ter sido melhores utilizados e isso ajudou no desenvolvimento da trama. Se Tiffany já demonstrou grande sabedoria no livro anterior, nesse ela conquista por estar mais madura e com a percepção muito mais aguçada.
"Os Nac Mac Feggle do Giz odiavam a escrita por vários motivos diferentes, mas o maior deles era esse: a escrita permanece. Fixa as palavras. Se um homem disser o que pensa, algum pequeno biltre desagradável pode anotar tudo e sabe-se lá o que vai fazer com as palavras! É como pregar a sombra de um homem na parede!"
- Pág. 32
Embora divertido e muito engraçado, o livro tem uma lição de moral muito boa e traz reflexões bem filosóficas acerca dos nossos valores mais dignos e importantes, fala sobre lidar com nossos maiores medos e enfrentar o que desconhecemos e, até mesmo, sobre não julgar os outros pela aparência, e assim como no primeiro livro, a mensagem é passada de forma natural, sem impor opiniões forçadas e sem subestimar a inteligência dos leitores, principalmente as crianças. O autor mais uma vez criou uma história divertida com personagens peculiares que vão conquistar leitores de todas as idades.
Pra quem procura por uma aventura empolgante, inspiradora, cheia de diálogos inteligentes e que se passa num mundo fantástico e construído de forma grandiosa, vai aproveitar imensamente a leitura!

Os Pequenos Homens Livres - Terry Pratchett

26 de junho de 2016

Título: Os Pequenos Homens Livres - Tiffany Dolorida #1
Autor: Terry Pratchett
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um perigo oculto, saído de pesadelos, vem trazendo uma ameaça diretamente do outro lado da realidade. Armada com tão somente uma frigideira e seu bom senso, a pequena futura bruxa Tiffany Dolorida deve defender seu lar contra fadas brutais, cavaleiros sem cabeça, cães sobrenaturais e a própria Rainha das Fadas, monarca absoluta de um mundo em que realidade e pesadelo se entrelaçam. Felizmente, ela contará com uma ajuda inesperada: os Nac Mac Feegle da região, também conhecidos como os Pequenos Homens Livres, um clã de homenzinhos azuis ferozes, ladrões de ovelhas, portadores de espadas e donos de uma altura de mais ou menos quinze centímetros. Conseguirão eles salvar as terras quentes e verdejantes de Tiffany?

Resenha: Os Pequenos Homens Livres é o primeiro volume de Tiffany Dolorida, "subsérie" (ou seria um spin-off?) composta por cinco livros do universo Discworld (com 40 volumes ao todo) do escritor inglês Terry Pratchett e publicada no Brasil pela Bertrand. Os livros são independentes e mesmo que este seja o 30º na posição da série geral, os volumes anteriores não precisam ser lidos para entendermos o que se passa.

Miss Perspicácia Tick começa a sentir algo no ar... seus cotovelos não mentem e segundo seu cotovelo esquerdo, havia uma bruxa a quem ela precisava encontrar... Mas ao saber que o sinal que recebeu vinha do Giz, ela fica extremamente desgostosa, afinal, o Giz é frágil e macio demais, as bruxas precisam se formar num lugar sólido e resistente como uma rocha e o Giz não é um lugar adequado.
Tiffany Dolorida ainda não sabe, mas ela é uma bruxa! Ela é uma garotinha de nove anos nascida no Giz, uma terra onde cria-se ovelhas e vive-se de queijo, e anda meio impaciente desde que seu irmão nasceu e ganhou toda a atenção que antes era só dela. Mesmo "não gostando" muito do irmão, quando a Rainha das fadas o sequestra, Tiffany não vê outra forma de resolver o problema a não ser pegando sua frigideira e se unindo aos Nac Mac Feegles e a Miss Tick para partir numa viagem a fim de resgatá-lo.

A narrativa é feita em terceira pessoa e é recheada de frases inteligentes, cheia de momentos de reflexão que são apresentados com bastante sutileza em meio a situações inusitadas e inúmeras metáforas e analogias cômicas onde os valores morais são encaixados nas entrelinhas de forma genial e muito divertida. A escrita é fluída e as palavras parecem ter sido cuidadosamente escolhidas para que o entendimento seja fácil independente do público sem que tenha aquele teor didático.
Depois de fazer algumas pesquisas sobre a série soube que Vovó Cera do Tempo faz só uma "participação especial" neste volume, mas que ela já foi apresentada e bem explorada em livros anteriores do universo Discworld... Nem preciso dizer que fiquei super curiosa para ler os outros, principalmente porque este é um dos mais infantis.
Pratchett satiriza os universos criados por outros escritores, como Tolkien e Lewis, sem inferiorizar suas obras, mas a sátira maior fica sobre os maus hábitos e a hipocrisia da sociedade em geral. O autor também desconstrói e inverte diversos clichês e estereótipos da literatura de forma surpreendente e muito original, como por exemplo, a própria Tiffany. Ela é uma garotinha intuitiva, astuta e muito inteligente, que lê de dicionários a contos de fadas mas não quer ser princesa quando crescer, quer ser bruxa! Ela não concorda com o conceito de que bruxas são más, afinal, onde estão as evidências? E ela treina pra isso e tem ajuda das pessoas e das criaturas certas.
Os Nac Mac Feegles, ou os pequenos homens livres, são criaturinhas de 15cm de altura, muito fortes e valentes que vivem pra roubar, beber e brigar, e, se possível, beber e brigar ao mesmo tempo. Eles não tem medo de nada - mas não são muito fãs de advogados, tanto que suas espadas ficam azuis quando um deles se aproxima como forma de alerta - e são impagáveis, de tão engraçados.

A história em si é intrigante, muito rica em detalhes e bastante hilária, mesmo que apresente alguns elementos sombrios e até tristes. Nem tudo são flores e vemos que, embora sempre haja esperança, a morte faz parte do ciclo da vida e confrontar a verdade e a realidade dura também.
Um dos pontos mais positivos é que por mais que o livro seja voltado para a fantasia e fale de bruxas e a força que possuem, a história não foca em magia ou feitiços, mas sim evidencia de alguma forma o empoderamento feminino sem imposições, mostrando que as mulheres são inteligentes, independentes e boas no que escolheram fazer sem necessidade do uso de artifícios mágicos para chegarem lá.
A construção de mundo também é super criativa e bem feita e podemos acompanhar sonhos e pesadelos se interligando com a realidade ao mesmo tempo em que a narrativa se adapta com facilidade às mudanças de cenário.

Em suma, Os Pequenos Homens Livres é uma leitura obrigatória para fãs de fantasia e aventura

Outro Conto Sombrio dos Grimm - Adam Gidwitz

4 de junho de 2016

Título: Outro Conto Sombrio dos Grimm - Um Conto Sombrio dos Grimm #2
Autor: Adam Gidwitz
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil/Contos
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Depois de revisitar a história de João e Maria, mostrando o conto original dos irmãos Grimm, o autor mais uma vez usa a escrita original dos autores para mostrar a verdadeira aventura de João e o Pé de Feijão. Juntem-se a este conto de fadas pra lá de diferente e acompanhem João e Jill pelas histórias dos Irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e de outras figurinhas do universo do faz de conta. E se preparem para descobrir paisagens incríveis, que podem - ou não! - ser assustadoras, sangrentas, aterrorizantes e cheias de surpresas.

Resenha: Outro Conto Sombrio dos Grimm é o segundo volume da trilogia Um Conto Sombrio dos Grimm, escrita pelo autor Adam Gidwitz e publicado pelo selo Galera Júnior do Grupo Editorial Record.
Como o livro é independente do primeiro volume, a resenha está livre de spoilers.

Você sabe qual é a "verdade" por trás da história de João e o Pé de Feijão?
Todos sabem que contos de fadas são bonitos e por mais que existam obstáculos e infortúnios o final feliz é sempre certo, menos pela visão dos Irmãos Grimm, que contam o lado obscuro e trágico de todos esses contos...
Um Sapo - que em vez de ser beijado teve a perna arrancada -, um garoto chamado João - que trocou a vaca magricela da família por sementes de feijão mágico -, e uma garota chamada Jill - cujo vestido fora feito com uma seda tão majestosa que só poderia ser vista pelos "olhos mais refinados" - embarcam numa grande aventura quando escalam o pé de feijão e juram encontrar um espelho mágico que fora perdido. A viagem irá levá-los através da verdade de vários contos de fadas e contos populares famosos e inesquecíveis, mesmo que aqui sejam "sangrentos e horríveis"...

Os contos são narrados em terceira pessoa de forma fácil e bastante fluída, e o humor pontual é responsável por ficarmos com a impressão de que existe alguém nos contado as histórias já que constantemente somos avisados e alertados pelo próprio autor, que sempre se intromete no meio da história, para falar sobre as coisas terríveis que estão por vir da forma mais natural possível. Não que elas sejam realmente sangrentas e horripilantes, mas quem não se assusta em ler a descrição de um pobre sapo sendo capturado com violência e arremessado longe enquanto sua perninha se solta do corpo? Ou quem não morre de nojo ao ler sobre gigantes que formam uma poça de 30cm de altura com os próprios vômitos? Eca!
"Na verdade, se vocês são o tipo de pessoa que não gosta de ler sobre sofrimento, derramamento de sangue e lágrimas, por que não fingem que o dia acabou ali e fecham o livro agora mesmo?
Por outro lado, se vocês são o tipo de pessoa que gosta de ler sobre sofrimento, derramamento de sangue e lágrimas... bem, posso perguntar educadamente:
- O que há de errado com vocês?"
- Pág. 84
Nos primeiros capítulos o autor é mais participativo com seus alertas sobre possíveis cenas desagradáveis, mas no decorrer do livro a frequência de suas intromissões diminui bastante, e mesmo assim são alertas divertidos, ora pela interação com o leitor ou por ele ter se "esquecido" de nos avisar algo importante anteriormente, fornecendo dicas hilárias que acabam sendo as maiores responsáveis por manter o leitor envolvido e interessado na história.

Cada capítulo faz referência a um conto de fadas diferente, porém, os contos sempre estão interligados e acabam se fundindo por fazerem parte da grande aventura de João, Jill e o Sapo. A medida que esses contos são desenvolvidos, há todo um clima de tensão e ansiedade que também é criado pela expectativa que ficamos sobre o sucesso ou o fracasso da busca. Os personagens transitam pelos contos, saindo de um e entrando em outro, e isso fez com que houvesse um fluxo na história que torna o enredo dinâmico durante todo o tempo.
"Eu diria que todos os espelhos são mágicos, ou podem ser.
Eles lhes mostram vocês mesmos, afinal de contas.
Realmente enxergar vocês mesmos, no entanto - essa é a parte dificil.
- Pág. 336
Embora os personagens principais sejam sempre alvos de azar e vergonha, fica claro que a jornada não é somente pela procura de um objeto, mas também do autoconhecimento e a capacidade que eles desenvolvem de conseguirem enfrentar obstáculos em prol de algo que acreditam que resolverá seus problemas. Levando isso em consideração, tanto os contos quanto os alertas de que devemos ver além e confiarmos em nós mesmos são uma forma de dar um impulso à nossa autoestima através de mensagens que estão nas entrelinhas.

A capa é super chamativa e bonita e alguns detalhes possuem verniz. Os capítulos são numerados e possuem um título que tem a ver com o conto da vez. Cada capítulo se inicia com uma pequena ilustração em forma de silhueta que também se remete ao conto que será apresentado. Não percebi erros de revisão e de forma geral, o trabalho gráfico do livro é ótimo.

Outro Conto Sombrio dos Grimm é um livro cheio de magia que traz contos com certo teor assustador e violento, sim, mas é evidente que o autor, que é um exelente contador de histórias por sinal, inseriu uma boa e afiada dose de muito bom humor nessa releitura que é mais do que indicada pra leitores de todas as idades.

A Bailarina Fantasma - Socorro Acioli

6 de abril de 2016

Título: A Bailarina Fantasma - Anabela em Quatro Atos #1
Autora: Socorro Acioli
Editora: Seguinte
Gênero: Drama/ Fantasia/ Romance/Infanto-juvenil
Ano: 2015
Páginas: 186
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Anabela mal podia conter a empolgação quando seu pai foi o arquiteto escolhido para coordenar uma obra no Theatro José de Alencar, em Fortaleza. A proposta era que aquela casa de espetáculos maravilhosa mantivesse as mesmas características de quando foi inaugurada, em 1910. Logo vira rotina para Anabela passar as tardes por ali, fazendo a lição de casa enquanto o pai trabalha. Mas essa reforma vai acabar desenterrando histórias escondidas há muitos e muitos anos, já que Anabela começa a ver uma bailarina translúcida, vestida de azul, que mais ninguém parece enxergar. Será que a garota vai conseguir ajudá-la?

Resenha: Anabela mora com seu pai na Travessa dos Anjos, um lugar simples que sempre atrai olhares e comentários curiosos devido a enorme estagnação do lugar. Nada muda, nada evolúi, e a condição dos habitantes é o diferencial do lugar: eles são capazes de encontrar a felicidade nas pequenas e mais simples coisas que a vida lhes oferecem.
Anabela sempre deixava bilhetes nas flores de misótis, as preferidas de sua falecida mãe, acreditando que ao enterrá-los ela os receberia de alguma forma. Apesar de mórbido era um gesto de carinho digno de admiração.
Certo dia, o pai de Anabela, que é arquiteto, chega em casa irradiando alegria e felicidade, anunciando que, enfim, conseguiu o emprego que tanto almejava: trabalhar na reforma do lendário Theatro José de Alencar, que fora inaugurado na cidade de Fortaleza em 1910. Mas antes da reforma, eles foram convidados para a última apresentação de ballet, onde tudo começa. Durante apresentação, sentada ao lado de seu pai e de sua prima e melhor amiga, Luciana, ela percebe uma bailarina diferente das outras que estavam de branco. Esta em especial, e diferente das demais, estava vestida de azul e dançava graciosamente em toda sua glória, como se flutuasse em meio as outras, fazendo com que Anabela acreditasse que sua presença fazia parte do espetáculo. Mas, as coisas mudaram quando ela foi encarada e a bailarina apareceu do seu lado de repente. Assustada por ser a única a conseguir ver a bailarina, e sem saber como lidar com o que passou a sentir após aquela visão, ela passa a contar com ajuda de Luciana, que por ter o desejo de se tornar jornalista, encara toda a situação como uma forma de treinamento. As duas embarcam numa aventura para descobrir quem é a bailarina e por que somente Anabela é capaz de vê-la.



A narrativa se alterna entre primeira e terceira pessoa e os capítulos são apresentados como atos, assim como numa peça de teatro. A autora nos dá uma visão geral da trama, intercalando o passado com presente, possibilitando o leitor a conhecer a história da bailarina fantasma, assim como a construção do Theatro além dos acontecimentos atuais. O legal da divisão feita em atos é que, além de bastante original, os atos tem a função de explicar o enredo da melhor forma possível de uma maneira que todas as descrições e acontecimentos não fiquem vagos e sejam devidamente aprofundados sem deixar o leitor perdido.

   

A escrita da autora é leve e sensível e a combinação do sobrenatural com a lenda urbana que ronda o Theatro José de Alencar tornou a trama bastante envolvente.
A diagramação do livro não poderia ser a mais fofa. A editora caprichou com ilustrações a cada ato iniciado. A fonte tem o tamanho médio para uma leitura agradável e a revisão está impecável. A capa é linda e tem todo um toque vintage e juvenil.

A Bailarina Fantasma já havia sido publicado por outra editora em 2010, mas em 2015 foi uma ótima aposta publicada pela Companhia das Letras através do seu selo juvenil Seguinte.
Os leitores poderão embarcar numa história sensível e rica em detalhes, onde ao final fica uma linda mensagem: por mais bonito que o amor seja, não o subestime, mesmo que possa ser doloroso, pois ele sempre vencerá todas as barreiras embora elas possam parecer impossíveis. Posso resumir e descrever o livro com apenas uma frase: Formidável em todos os aspectos!
O livro superou todas as minhas expectativas. Fui pega de surpresa pois não esperava tanto da leitura e, apesar de ser voltada ao público infanto-juvenil, pode ser lida e apreciada por leitores de todas as idades devido a mensagem bonita e admirável que passa. Venha se aventurar junto com Luciana e Anabela nesta história graciosa, cheia de mistério, romance e, acima de tudo, superação.