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O Ceifador - Neal Shusterman

13 de junho de 2017

Título: O Ceifador - Scythe #1
Autor: Neal Shusterman
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia/Sci-fi/YA
Ano: 2017
Páginas: 448
Nota:★★★★★
Sinopse: Primeiro mandamento: matarás.
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

Resenha: 2042 foi um marco na história e desde então as pessoas pararam de contar os anos por não haver mais necessidade... Os continentes foram renomeados, a capacidade computacional se tornou infinita e humanidade descobriu tudo o que havia para ser descoberto. Fome, miséria, desigualdade social, criminalidade, guerras, doenças e até mesmo a morte foram superadas. As pessoas não aparentam mais a idade que têm já que podem rejuvenescer, há nanitos no sangue de todos para que feridas possam ser curadas quase que instantanamente, e aquelas que morrem acidentalmente passam por um processo para reviverem, logo as taxas de suicídios e assassinatos foram reduzidas a zero. Não existe mais um governo que dita regras ou que possa ser ineficiente ou corruptível, e todo o controle é feito pela Nimbo-Cúmulo, a antiga rede digital de inteligência artificial chamada "nuvem", um sistema que ganhou consciência e além de ter uma memória com todas as informações que existem com acesso livre para quem quiser pesquisar, igualou a sociedade no que diz respeito as classes, soluciona qualquer problema independente do que seja para melhorar a vida das pessoas e preservar o planeta, e transformou em realidade a tão sonhada utopia. A única interferência que a Nimbo-Cúmulo não faz é na morte das pessoas por envolver questões morais, coisas que um computador, por mais evoluído que seja, não poderia ter. Por esse motivo existe a Ceifa, onde os ceifadores seguem dez mandamentos e são os únicos responsáveis por "coletar" a vida das pessoas que se encaixam em determinados perfis de acordo com alguma estatística de morte que existia na Era da Mortalidade como forma de limitar a população para que não haja um crescimento descontrolado e desproporcional ao que a Terra comporta. A sociedade vive na Era da Imortalidade pois se não fosse o trabalho dos ceifadores, todos seriam imortais.
As pessoas entendem que as coletas são uma necessidade e aprenderam a aceitá-las, respeitando - e também temendo - os ceifadores, já que a aparição de algum deles indicava que alguém alí do local iria morrer, sem chance de escapatória. Algumas pessoas ainda não aceitam e lutam contra o ceifador quando precisa ser coletadas (e sofrem as consequências disso), outras os ignoram acreditando que seriam igualmente ignoradas, e outras pessoas lhes dão benefícios ou fazem várias doações acreditando que assim conseguirão alguma imunidade, mas os únicos que realmente estão livres de serem coletados são os próprios ceifadores.
Neste cenário conhecemos Citra e Rowan. Citra é uma garota de dezesseis anos que vive na cidade e leva uma vida confortável com sua família sempre unida. Rowan tem a mesma idade, mora no subúrbio e é bastante solitário ao conviver com a família grande mas sempre indiferente aos que ele faz ou sente.
Nenhum dos dois nunca tiveram interesse em serem ceifadores, essa é a única coisa que eles tinham em comum, mas esse é o primeiro requisito para serem escolhidos como aprendizes de um... E é isso o que acontece quando o honorável Ceifador Faraday aparece em suas vidas de forma inusitada. A família de cada um recebeu imunidade por um ano e eles foram levados de suas casas para começarem a aprender a arte da coleta, mesmo que, inicialmente, fosse contra as suas vontades. Eles seriam adversários e ao final do treinamento, somente um deles seria escolhido para receber o título de Ceifador.
Tudo parecia funcionar bem, até que um grupo de ceifadores extravagantes começa a fazer coletas em massa, de forma autoritária, sádica e sem piedade alguma, deixando claro que eles estão manipulando os dez mandamentos...

Narrado em terceira pessoa, a história instiga a curiosidade do leitor sendo impossível pausar a leitura. O enredo é bastante original, com detalhes e explicações que tornam o cenário de forma geral bastante plausível e a escrita do autor é ótima e muito empolgante, com detalhes e acontecimentos na medida certa para tornar tudo muito fluído e dinâmico.

A construção dos personagens é incrível e o contraste entre eles, os tornando tão diferentes entre si, é o que os faz combinar tão bem como um time. Citra é uma jovem bastante competitiva, de humor ácido e acaba querendo ser escolhida por acredtar que deve vencer, e Rowan já não se importa muito com o que os outros pensam e tanto faz pra ele se for ou não escolhido. Ele é altruísta e muitas vezes fala o que os outros querem ouvir para evitar problemas. A experiência com Faraday muda suas formas de pensar, fazem com que eles amadureçam e vejam as coisas através de um novo olhar. Há um romance beeem sutil acontecendo mas, apesar de fofo, não é o elemento principal.
O ponto alto com relação aos dois é que o treinamento evidencia o caráter deles, colocando suas dignidades à prova, mostrando quem eles são na realidade quando eles precisam encarar a morte de forma tão íntima e pessoal. E isso não se aplica somente aos protagonistas, mas aos demais ceifadores, muitos deles assustadores, que estão "acima da lei". Aquele ditado que diz mais ou menos assim "Se quer conhecer bem uma pessoa, dê poder a ela" faz todo o sentido do mundo aqui...

Outro ponto muito interessante que pude perceber foi a forma que o autor usa pra abordar o ofício de ceifador, como eles reconhecem a importância do que fazem e como lidam com o fato de serem os responsáveis pela morte alheia, e não apenas isso, mas também sobre como o comportamento das pessoas muda evidenciando o interesse e até o oportunismo quando elas querem ter vantagens e ganharem algo só por estarem próximas de alguém com alguma influência e poder.

Os mandamentos do ceifador
1. Matarás
2. Matarás sem discriminação, fanatismo ou pensamento premeditado.
3. Concederás um ano de imunidade aos entes queridos daqueles que o receberem e a todos que considerar dignos.
4. Matará os entes queridos daqueles que resistirem.
5. Servirás a humanidade durante todos os dias de tua vida, e tua família receberá imunidade como recompensa enquanto viveres.
6. Levarás uma vida exemplar em palavras e atoa, e registrarás todos os teus dias em um diário.
7. Não matarás nenhum ceifador além de ti.
8. Não reclamarás nenhuma posse material além de teus mantos, teu anel e teu diário.
9. Não terás cônjuge nem filhos.
10. Não seguirás nenhuma lei além destas.

Ao final de cada capítulo podemos ler os relatórios feitos por alguns ceifadores, e através deles é que encontramos explicações - e até questionamentos - para entendermos como e porquê o mundo chegou no estado em que está. Eu gostei bastante desse artifício usado para situar o leitor ao cenário pois dessa forma os personagens ficam isentos de "perderem tempo" explicando detalhes e o foco recái sobre suas personalidades e suas atitudes frente a nova jornada de aprendiz em que estão.

O Ceifador foi um livro que entrou pra lista de melhores leituras que já tive até então. Ele é capaz de fazer com que as pessoas possam refletir sobre a morte de forma única e sem nenhuma complexidade, pois consegue mostrar um outro lado que muitos jamais poderiam imaginar, mas também levantando perguntas sobre as motivações da humanidade, agora estagnada, para se levar uma vida longa quando não há mais nada pra se ver, aprender ou pra onde evoluir. Há uma grande diferença entre viver e somente existir...
A morte foi vencida e se tornou uma opção, mas ainda é necessária em nome da sobrevivência da humanidade. Logo, ter a vida de alguém nas mãos é uma questão de poder ou de moralidade?


A Caminho do Azul Sereno - Veronica Rossi

7 de abril de 2017

Título: A Caminho do Azul Sereno - Never Sky #3
Autora: Veronica Rossi
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/YA
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No derradeiro capítulo da trilogia Never Sky, sucesso da brasileira radicada nos EUA Veronica Rossi, Aria e Perry estão determinados a encontrar o Azul Sereno, o último refúgio contra as tempestades de éter, cada vez mais constantes no mundo em que vivem. Mais do que o amor proibido que os mantém ligados, eles precisam unir Forasteiros e Ocupantes se quiserem sobreviver, e salvar a vida daqueles que amam. Sem escolha e determinados a permanecerem juntos, contra todas as probabilidades, os dois protagonistas partem para a mais perigosa de suas aventuras, que não só colocará à prova seu amor, coragem e capacidade de liderança, como também exigirá grandes sacrifícios. Será que eles estão preparados para a jornada A caminho do Azul Sereno?

Resenha: A Caminho do Azul Sereno é o terceiro e último volume da trilogia Never Sky, escrita pela autora brasileira Veronica Rossi e publicado pelo selo Jovens Leitores, da Editora Rocco.

Never Sky é uma trilogia que se passa num futuro pós-apocalíptico em que o mundo, já devastado, sofre com um clima severo regado a Tempestades de Éter e um ambiente muito hostil, onde os Ocupantes vivem em segurança dentro de uma cúpula e os Forasteiros sobrevivem como podem do lado de fora em meio aos mais diversos perigos. No primeiro volume, Sob o Céu do Nunca, conhecemos Ária, uma Ocupante que sái da cúpula em Quimera em busca de sua mãe, que desaparece. Ao tentar procurá-la, Ária se mete numa grande enrascada e acaba sendo banida da cúpula por algo que ela sequer teve culpa. O que ela não esperava era unir seu destino a Perry, um Forasteiro que salvou sua vida, e a partir daí eles partem numa busca incessante por seus entes queridos e por respostas.
No segundo volume, Pela Noite Eterna, Ária, que se tornou uma Ex-Ocupante, e Perry, que se tornou líder de sua comunidade, estão em busca de Azul Sereno, um paraíso do qual muitos acreditam não existir, que poderia garantir a sobrevivência dos Forasteiros já que as Tempestades de Éter e os perigos estão cada vez piores.
Neste volume, depois de um caminho árduo e de precisar lidarem não só com os problemas do cotidiano mas, também, com seus conflitos internos, o casal tenta fazer o impossível: unir Ocupantes e Forasteiros para, juntos, partirem a caminho de Azul Sereno, o único lugar livre do Éter e da devastação causada por ele, e salvarem o povo e a si mesmos.

Assim como nos livros anteriores, a narrativa é feita em primeira pessoa sob os pontos de vista de Ária e Perry, que vão se alternando a cada capítulo.
Os personagens amadureceram muito desde o início, e ter acompanhado esse progresso foi algo bastante satisfatório, principalmente perceber que muitas das tragédias que alguns deles precisaram enfrentar serviram como exemplo para que pudessem superar, acreditar em si mesmos e seguir em frente. Talvez o único problema que eu tenha tido com o livro foi a falta de profundidade sobre os personagens e a sensação que fiquei é que, por eles já serem conhecidos, a autora não se preocupou muito em continuar trabalhando nas suas características. Não sei se isso é um ponto negativo ou não mas senti falta de mais detalhes para que tudo soasse mais concreto.
Confesso ter ficado muito angustiada com o vilão do livro, Sable, pois ele é aquele tipo de pessoa inescrupulosa, psicopata e que não tem limite algum. Ao mesmo tempo em que ele falsamente transparece ser uma boa pessoa, ele é manipulador e muito cruel. Talvez seja um dos piores vilões que me deparei e chega a assustar, principalmente por ele ter um espaço bastante considerável na história.

Um dos pontos que mais gostei foi a conclusão para o significado do Éter, que desde o início era mencionado, mas sem tanta profundidade, fazendo com que o leitor possa, enfim, compreender por que o mundo foi devastado e se transformou em ruínas. As explicações, de forma geral, acabaram me fazendo refletir sobre a própria realidade no que diz respeito a sobrevivência desde os primórdios, onde a união entre aqueles que conseguiram sobreviver ao "fim do mundo" fez a força, permitindo, assim, o recomeço.

A capa é muito bonita e combina com a dos livros anteriores, mas ainda penso que ela não representa o ambiente pós-apocalíptico que a história apresenta. A diagramação segue nos mesmos padrões dos demais livros onde a cada início de capítulo temos galhos e o nome do protagonista que narra seu ponto de vista. Os capítulos são curtos, e isso acaba colaborando para a fluides da leitura, e somando isso a escrita totalmente envolvente da autora, é impossível não mergulhar na história. O final do capítulo sempre deixa um gancho para o seguinte, o que provoca uma curiosidade enorme e faz com que o leitor não consiga desgrudar do livro um minuto sequer.

A Caminho do Azul Sereno é uma conclusão que superou as minhas expectativas e posso dizer que é uma das melhores trilogias distópicas que já pude acompanhar até então. É uma pena que não é tão conhecida, mesmo que seja bastante superior a muitas outras que viraram filmes por aí...
Se compararmos com os livros anteriores vamos nos deparar com uma história muito mais sangrenta e cruel, cheia de sacrifícios e muita dor, mas também pela superação e pela força e coragem para se alcançar algo maior e que vale a pena. A luta pela sobrevivência e até mesmo a grande batalha pelo título de Soberano de Sangue fazem da história um prato cheio de ação e emoção a se perder de vista, e mesmo que o romance entre Ária e Perry esteja alí, não é um elemento que se sobrepõe e nem é ofuscado pelos demais acontecimentos. Cada coisa na história tem seu devido espaço que, felizmente, só enriqueceu o enredo e seu desenvolvimento, desde as incríveis reviravoltas, as descobertas surpreendentes, a busca pelo paraíso e até as perdas. E isso tudo em conjunto não tráz somente uma história épica com um desfecho perfeito, mas também matou a saudade de personagens marcantes e memoráveis que haviam me conquistado desde o princípio.


Winter - Marissa Meyer

18 de novembro de 2016

Título: Winter - As Crônicas Lunares #4
Autora: Marissa Meyer
Editora: Joves Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/ Ficção
Ano: 2016
Páginas: 688
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Depois de Cinder, Scarlet e Cress, inspirados, respectivamente, nas histórias de Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, Marissa Meyer entrega a eles o último capítulo da série, em que reconta a história de Branca de Neve com tintas distópicas. Na trama, a princesa Winter vive subjugada por sua madrasta, Levana, que inveja sua beleza e não aprova os sentimentos da jovem pelo amigo de infância e belo guarda real Jacin. Mas Winter não é tão frágil quanto parece, e, junto com a ciborgue Cinder e seus aliados, a jovem princesa é capaz de iniciar uma revolução e vencer uma guerra que já está em andamento há muito tempo. Será que Cinder, Scarlet, Cress e Winter podem derrotar Levana e encontrar seus finais felizes?

Resenha: No quarto e último volume da série Crônicas Lunares, Marissa Meyer traz ao leitor uma releitura distópica baseada no conto de fadas de Branca de Neve, e, dessa vez, Winter é a personagem principal.

A história se passa pouco tempo após as reviravoltas em Cress, em que Scarlet é levada para Luna se tornando escrava, e só continuou viva por causa da proteção de Winter, e Cinder sequestra Kai para provar seus motivos para seguir com sua revolução e retomar o trono de Luna, se aproveitando do que Levana usou para controlar o povo contra ela mesma: o glamour.

Winter é a linda princesa de Luna, amada por todos os súditos do reino e a rainha Levana é sua madrasta. Levana inveja a beleza de Winter, e odeia que o povo a admire quando ela não possui sangue real. Winter reprimiu seu poder lunar. Ela fez uma promessa de que nunca usaria o glamour para manipular as pessoas e por isso é a protegida de Jacin, um dos guardas do palácio. Porém, por ela não usar seus poderes, eles começam a afetá-la mentalmente de forma negativa: Winter é louca e constantemente sofre de alucinações. Sua loucura a impede de dar uma chance ao amor que sente por Jacin, enquanto ele acredita que ele não a merece por ela ser da realeza. Eles não nutrem somente uma relação muito forte de amizade e companheirismo, mas também um amor secreto que não poderia vir à tona para que Levana não pudesse usar isso contra os dois.
Quando Winter descobre sobre os planos de Cinder, ela decide se juntar ao grupo para ajudar a tripulação da Rampion na revolução...

Narrado em terceira pessoa e trazendo vários pontos de vistas diferentes, Winter traz o desfecho perfeito para uma história revolucionária envolvendo a busca pela libertação de dois povos que se encontram nas garras de uma rainha tirana. Se trata de uma guerra travada contra a opressão, em prol da liberdade, rumo ao felizes para sempre.
A maior qualidade da série é manter a fluidez e um ritmo constante, e dessa forma a conclusão é que em momento algum a autora se perdeu na própria trama, nenhum dos livros são inúteis, tudo o que acontece é importante e todos os personagens representam papéis fundamentais para o desenrolar da história até seu final. Eles são únicos! Uma mecânica habilidosa e um imperador, uma camponesa armada e um soldado destemido, uma hacker e um contrabandista, uma princesa louca e um guarda humilde, e uma andróide hilária e inteligente. Um time de personalidades que aparentemente não tem nada em comum, mas que juntos fizeram toda a diferença.

Há romance, sim, mas este acaba ficando em segundo plano diante da grandeza da guerra iminente.
As subtramas que envolvem cada personagem, e cada casal que se formou ao longo da série, são inteligentes e funcionam como um complemento valioso dentro do enredo em geral.

A capa é linda demais, a mais bonita entre as quatro, e os detalhes também não ficam atrás. O título é prateado e a aplicação em verniz sobre a ilustração dão um toque mais do que especial ao livro. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, a fonte segue o mesmo padrão dos outros livros e não encontrei erros de revisão.

Assim como nos livros anteriores, eu pude me envolver com tudo o que a autora criou, desde a ambientação, a escrita viciante, os personagens memoráveis e a conclusão épica! É uma das melhores séries que tive o prazer de acompanhar.

Os Vivos e os Mortos - Susan Beth Pfeffer

9 de outubro de 2016

Título: Os Vivos e os Mortos - Os Últimos Sobreviventes #2
Autora: Susan Beth Pfeffer
Editora: Bertrand
Gênero: YA/Distopia/Ficção Científica
Ano: 2016
Páginas: 378
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A humanidade à beira da extinção vista pelos olhos de um adolescente de família humilde numa das cidades mais importantes do mundo. Um meteoro em rota de colisão com a Lua: um evento astronômico previsto com antecedência pelos cientistas. Só que para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e a Lua sai de órbita, aproximando-se da Terra e alterando de modo catastrófico o clima do planeta. À medida que Nova York é devastada e tanto comida quanto ajuda tornam-se escassas, o adolescente porto-riquenho Alex Morales luta para manter suas irmãs, Bri e Julie, de 14 e 12 anos, a salvo. Com os pais desaparecidos, cabe a ele assumir responsabilidades inimagináveis e dar o seu melhor para sobreviver enquanto reza para que o restante de sua família volte com vida para casa.

Resenha: Os Vivos e os Mortos é o segundo volume da série distópica Os ùltimos Sobreviventes, escrita pela autora Susan Beth Pfeffer e publicado no Brasil pela Bertrand.
Embora se trate do segundo volume, os acontecimentos não partem do desfecho do primeiro livro e nem continuam com os mesmos personagens, e este pode, inclusive, ser lido de forma independente do anterior (eu recomendo que o anterior seja lido pois há um aprofundamento maior sobre a colisão do meteoro com a lua).

Desta vez o protagonista é Alex Morales, um garoto de dezessete anos que mora em Nova York com a família. Tudo parecia ir bem, até um meteoro colidir com a lua tirando-a de órbita e a deixando mais próxima da Terra. Como consequência, Nova York, assim como todo o mundo, passa a sofrer com todo tipo de desastre natural e os efeitos catastróficos que vieram com eles. Alex, então, se vê longe dos pais, do irmão mais velho e sendo responsável pelas duas irmãs mais novas, Bri e Julie. Sem telefone, com quedas de energia constantes e esperando por qualquer notícia, resta a eles se unirem a fim de enfrentar esta tragédia e se manterem salvos a qualquer custo.

Deixando diários de lado, o livro é narrado em terceira pessoa e teve uma pegada mais dramática se comparado ao primeiro livro. Há uma abrangência maior no que diz respeito a detalhes de cenário e visão de personagens e a questão da separação familiar e a preocupação com o paradeiro dos que estão desaparecidos. Acompanhamos o desespero de Alex não só em cuidar das irmãs e manter as aparências de que tudo vai ficar bem, mas também em encontrar sua mãe que ele sequer sabe se está viva ou morta. Por várias vezes Alex se depara com situações que o deixam com a sensação de fracasso, afinal, ele é jovem e devido ao ocorrido foi obrigado a amadurecer para ser responsável pelas irmãs, quase se comportando como um pai, mas ele é forte e se agarra a fé que tem para não desmoronar.
Enquanto Alex desperta a simpatia do leitor crescendo e se adaptando às novas condições do mundo, suas irmãs constrastam quando o assunto é a personalidade. Brianna é muito religiosa e isso acaba influenciando o irmão. Ele a admira muito por isso mas não fica muito satisfeito com Julie, a caçula rebelde sem causa. Essa diferença de personalidades gera conflitos e enriquece a trama já que cada um deles enxerga o fim do mundo a própria maneira, mas ao mesmo tempo sabem que precisam estar juntos a fim de vencer tal problema e é muito bonito acompanhar essa união entre irmãos em meio ao caos.

Eu, particularmente, achei esse segundo volume muito melhor do que o primeiro. Confesso que esperava que a história de Miranda (do primeiro livro) tivesse uma sequência e que o leitor pudesse acompanhar não só o desencadear do fim do mundo e a situação presente daqueles que vivem o momento, mas também o mundo pós apocalíptico mostrando o rumo que a tragédia deu aos sobreviventes, mas não posso negar que gostei de saber do ocorrido através de uma perspectiva nova e diferente. Esse modo de contar histórias distintas, utilizando de personagens diferentes com o mesmo pano de fundo é interessante e torna a trama bastante impactante, evidenciando situações de pessoas de lugares diferentes mas que foram afetadas de forma tão trágica quanto as demais. O impacto que o fim do mundo causa em alguém, por mais devastador que seja, não é encarado da mesma forma por ninguém. Cada um tem sua própria experiência de acordo com a forma como foi afetado. E pelos fatos discorrerem no presente, cabe ao leitor imaginar, em meio ao desespero, como a sociedade irá se reerguer...

O que pude perceber é que os livros tratam de forma geral sobre o amadurecimento de pessoas que são obrigadas a enfrentar situações drásticas e por isso tomam medidas extremas para lidar com tudo, e no caso de Os Vivos e os Mortos, o que ganha destaque, além desse amadurecimento, é a fé.

Após a reedição, a capa segue o mesmo padrão da primeira, mostrando uma lua bastante próxima e uma cidade em ruínas. A diagramação é simples, as páginas amarelas, os capítulos são datados para não nos perdemos no tempo em que a história se passa e não percebi erros na revisão.

Pra quem procura por uma distopia que mostra o desenrolar do fim do mundo, cheia de drama e momentos de extrema aflição envolvendo a luta pela sobrevivência, mas ainda com uma mensagem muito bonita sobre o poder da fé, da união e do melhor lado do ser humano, é leitura mais do que recomendada.

A Vida Como Ela Era - Susan Beth Pfeffer

4 de setembro de 2016

Título: A Vida Como Ela Era - Os Últimos Sobreviventes #1
Autora: Susan Beth Pfeffer
Editora: Bertrand
Gênero: YA/Distopia/Ficção Científica
Ano: 2016
Páginas: 378
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando Miranda começa a escrever um diário, sua vida é como a de qualquer adolescente de 16 anos: família, amigos, garotos e escola. Suas principais preocupações são os trabalhos extras que os professores passaram – tudo por causa de um meteoro que está a caminho da Lua. Ela não entende a importância do acontecimento; afinal, os cientistas afirmam que a colisão será pequena. O que Miranda não sabe é que os cientistas estão muito enganados... Para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e isso altera de modo catastrófico o clima do planeta. Terremotos assolam os continentes, tsunamis arrasam os litorais e vulcões entram em erupção. Em 24 horas, milhões de pessoas estão mortas e, com a Lua fora de órbita, muitas outras mortes são previstas. Miranda e sua família precisam, então, lutar pela sobrevivência em um mundo devastado, onde até a água se torna artigo de luxo. Através do diário da adolescente, A vida como ela era nos conduz por uma emocionante história de persistência, ensinando-nos que, mesmo diante de tempos assustadores e imprevisíveis, o recurso mais importante de todos – aquele que jamais deve ser extinto – é a esperança. 
Resenha: A Vida Como Ela Era é o primeiro volume da série Os Últimos Sobreviventes escrita pela autora americana Susan Beth Pfeffer. O livro já havia sido lançado no Brasil em 2014 pela Bertrand e foi relançado, juntamente com o a publicação do segundo volume, sob novo, e muito mais atrativo, projeto gráfico.

Miranda é uma adolescente de dezesseis anos que mora no interior da Pensilvânia. Ela mantém um diário onde relata seu cotidiano em casa e na escola e suas principais preocupações no momento são os vários trabalhos que os professores estão dando sobre um único tema: o meteoro que, em breve, atingirá a lua.
O evento era esperado e a população não via a hora de observar o céu quando fosse acontecer. Os cientistas afirmavam que a colisão era normal e que seria só mais uma em meio a tantas que já aconteceram ou que iriam acontecer. Porém, o impacto foi muito maior do que o esperado, o meteoro tirou a lua de órbita fazendo com que ela ficasse mais próxima da Terra, e, como consequência, interferiu diretamente nas marés. O que veio a seguir foi uma grande catástrofe, as pessoas entraram em pânico, e o caos passou a tomar conta do mundo quando começaram a haver inundações massivas, grandes terremotos, mudanças climáticas e outros desastres que mataram milhões de pessoas dando início ao que seria o fim do mundo.
Resta a Miranda e sua família lutarem pela sobrevivência em meio a devastação, sem perderem a esperança, e seus registros irão servir para que ela se lembre da vida como costumava ser...

Em primeiro lugar, tenho que elogiar a capa. Muito melhor do que a primeira edição, esta ilustra muito bem a lua e os resquícios de uma cidade que foi transformada em ruínas. O tom amarelado também passa uma sensação de destruição que não poderia ser mais adequado. A diagramação é simples, há pequenas ilustração ao início dos capítulos e não percebi erros na revisão.

A narrativa é feita em primeira pessoa, é fluída e, por ser em forma de diário, além da indicação da data em que os fatos acontecem, a protagonista nunca deixa de ressaltar (vai que o leitor seja distraído e se esqueça), que ela está escrevendo. Então é comum que ela repita algumas coisas e até interrompa um relato devido as intermináveis quedas de energia.
O livro é dividido em quatro partes: primavera, verão, outono e inverno, e os eventos se desenrolam dentro desse período de pouco mais de um ano. Eu, particularmente, só não gostei da forma de apresentação dos diálogos pois eles não condizem com o que seria um diário, com travessões e indicativos de quem falou ou fez alguma coisa, incluindo a própria protagonista. Acredito que se o texto fosse corrido, e Miranda contasse o que pensa ou o que lhe foi dito sem que houvesse essas reproduções fiéis e nada naturais dos diálogos, o livro convenceria melhor como seu diário pessoal. Por esse motivo preferi encarar a leitura como se fosse em primeira pessoa e deixando a questão do diário de lado, assim aproveitei mais.

A Vida Como Ela Era é uma leitura incrível e quando se começa é impossível largar. Sempre queremos saber um pouco mais do que está acontecendo e como Miranda e sua família estão lidando com essa tarefa difícil de conseguirem sobreviver.
É impressionante acompanhar essa saga pela sobrevivência, ver a preocupação da mãe de Miranda em estocar muita comida, remédios e outras utilidades que poderiam ajudá-los de alguma forma. Logo, a grande heroína da história é ela, e não a protagonista que só faz o papel de registrar o ocorrido.

O que mais me impressionou nessa história é o fato de que tudo soa muito real e é perfeitamente possível nos colocarmos diante desta situação. Por mais ficcional que seja, as explicações são plausíveis e cheguei a refletir o que seria de nós caso estivéssemos na mesma situação. Embora o livro tenha uma pegada distópica, acredito que serviu mais como uma introdução para mostrar os fatos que irão desencadear essa transformação de mundo não configurando uma distopia inicialmente (talvez nos próximos volumes?). Por ser em primeira pessoa, ficamos limitados a visão de mundo de Miranda e, por mais que saibamos que o mundo inteiro está sofrendo com as catástrofes, só sabemos exatamente o que está acontecendo a partir do que ela ouve no rádio (enquanto há luz) ou do que ela presencia, e por esse motivo acredito que o livro seja mais voltado para o lado psicológico da coisa do que se aprofundar nos eventos climáticos propriamente ditos, dando um ar de suspense à trama. É um pouco incômodo ver a rotina da família ser completamente modificada quando eles agora estão mais unidos do que nunca e enclausurados dentro de casa sem poderem sair livremente devido ao perigo iminente. Os eventos são trágicos, e as emoções que os personagens têm diante deles acabam sendo passadas ao próprio leitor.

Um dos pontos favoráveis do livro é que a autora não quis somente mostrar a vida na Terra antes do meteoro e o depois, mas, sim, o amadurecimento da própria Miranda, que começa a história demonstrando ser alguém egoísta e mimada com preocupações adolescentes e até um pouco infantil, mas que teve que crescer na marra ao ter que enfrentar as dificuldades e os horrores que vieram com o fim mundo, e sua única válvula de escape é escrever. O que lhe resta é agradecer por cada dia a mais que está viva, por cada refeição miserável que tem e se agarrar a ideia de que a esperança é uma coisa que jamais deve ser perdida.
Pra quem gosta do estilo ou procura por uma leitura que instiga, faz refletir e emociona, é leitura mais do que indicada.

Frozen - Melissa de La Cruz e Michael Johnston

30 de agosto de 2016

Título: Frozen - Mundo de Gelo, Coração de Fogo - Heart of Dread #1
Autores: Melissa de La Cruz e Michael Johnston
Editora: Bertrand
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Bem-vindo a Nova Vegas, uma cidade antes repleta de brilho, agora coberta de gelo. Com grande parte do planeta agora destruído, o lugar só conhece uma temperatura: a congelante. Lá encontramos Natasha Kestal, uma jovem crupiê à procura de uma saída. Como muitos, ela ouviu falar de um lugar mítico simplesmente chamado de Azul, um paraíso onde o sol ainda brilha e as águas são azul turquesa — e um lugar onde Nat e seus semelhantes não serão perseguidos, mesmo que seu segredo mais obscuro venha à tona. Mas o caminho para o Azul é traiçoeiro, senão impossível de atravessar, e sua única chance é apostar em um grupo de mercenários liderados pelo arrogante Ryan Wesson para conduzi-la a seu destino. Ciladas e perigos os aguardam em cada esquina, à medida que Nat e Wes se veem inexoravelmente atraídos um pelo outro. Mas seria possível o amor verdadeiro sobreviver a mentiras? Corações em chamas colidem nesta trama sobre a maldade do homem e o incrível poder que existe dentro de cada um de nós.
Resenha: Não se deixe enganar pelo título "famoso" e esqueça Elsa com seu Let it go. Publicado no Brasil pela Bertrand, Frozen é o primeiro volume da série distópica Heart of Dread, escrita pelo casal Melissa de La Cruz e Michael Johnston.

Grandes Guerras e Inundações Negras foram apenas alguns meios que levaram o mundo ao fim. O mundo sempre está acabando e resta aos sobreviventes enfrentarem o que mais vem a seguir. Há mais de cem anos o mundo foi acometido pelo Grande Congelamento e ficou enterrado sob camas e mais camadas de gelo, o lixo ocupou os oceanos e os continentes já não são mais conhecidos por seus antigos nomes depois das novas colonizações. A África se tornou Nova Rhodes, a Austrália foi dividida em duas, o terreno baldio que a América do Sul se tornou passou a ser chamado de Novos Resíduos, e grande parte do que restou do mundo foi tomado por piratas. A sociedade atual foi erguida sobre destroços, água é um luxo distante, a maioria dos alimentos são em forma de spray, as pessoas passam fome e frio e tentam sobreviver numa realidade completamente hostil sob um governo autoritário que dita o que elas devem fazer. Depois do gelo, o normal era que as pessoas tivessem cabelos e olhos escuros, e quem nascia com características contrárias tinham as chamadas Marcas de Mago no corpo e indicavam alguma paranormalidade, assim como seres como sílfides, homens-pequenos e as drau. No passado eles eram usados como um tipo de arma do governo, mas depois do programa ter sido um fracasso, o estado passou a registrar, conter e culpar todos os marcados e a sociedade aprendeu a temê-los.

Natasha Kestal possui um dom especial. Mesmo que ela não consiga controlar seus poderes, uma voz em sua cabeça, de certa forma, a guiava, e foi assim que ela conseguiu fugir. Em Nova Vegas, um conglomerado de desajustados, ela vivia clandestinamente e trabalhava num cassino como crupiê, mas a voz misteriosa a ajuda na busca do Mapa de Anaximandro, que fornecia uma passagem segura pelo Estreito do Inferno até Azul, um lugar mítico onde a humanidade poderia encontrar o que há muito tempo foi perdido, um paraíso com sol e águas limpas onde, sem serem perseguidos, poderiam reerguer suas vidas e viverem em paz.
Ao encontrar o mapa, Nat contrata um grupo de contrabandistas liderado por Ryan Wesson, que acreditava que o mapa não existia, mas vai ajudá-la na travessia das fronteiras em busca de Azul. Porém ultrapassar as os limites de nova Vegas é contra a lei, o caminho é perigoso e, mesmo que durante o percurso uma atração inesperada comece a surgir entre os dois, esta jornada pode colocar suas próprias vidas em risco.

Frozen é narrado em terceira pessoa, o que possibilita uma ampla visão sobre o cenário e a trama. O foco maior fica em Nat e Wes e o desenrolar da história é bastante descritivo. Talvez devido aos inúmeros detalhes, não achei que a escrita fosse tão fluída assim e em alguns pontos a leitura se tornou um pouco cansativa e confusa, mesmo que eu tenha ficado bastante empolgada com o enredo interessante e a construção de mundo complexa da história. Mesmo que haja elementos de fantasia e o cenário seja bem futurístico e com clima oposto, a história chegou a me lembrar um pouco do universo de Mad Max, pois mostra um mundo devastado, pessoas vivendo na miséria e às margens, mas alguém alí ainda tem esperanças de que as coisas vão melhorar, desde que ela vá atrás disso. Embora as causas das catástrofes não tenham sido explicadas, é possível acreditar nesse futuro devido o caos e o desespero que tomou conta das pessoas, e quase sentimos na pele como é viver de forma tão crítica e precária.

O livro é dividido em cinco partes que separam o progresso da jornada de Nat rumo a Azul. Os capítulos são bem curtos o que, de certa forma, torna a leitura mais rápida principalmente se levarmos em consideração que a ação é constante, sempre deixando a história movimentada.

A capa é linda e tem tudo a ver com o enredo. A diagramação é simples, a fonte tem um tamanho agradável, os capítulos são numerados e a "voz" que Nat escuta sempre é apresentada em itálico em meio ao texto. Percebi alguns poucos erros na revisão, algumas palavras estão marcadas com asteriscos indicando notas de rodapé para facilitar a compreensão dos seus significados e as páginas são brancas.

De forma geral, Frozen foi um livro que superou minhas espectativas, tanto pela construção de mundo, que foge de clichês, quanto pelos personagens carismáticos que acabam se aventurando não só numa jornada perigosa, mas num romance fofo e improvável (embora o romance propriamente dito não seja o foco). Há uma pegada de ficção científica com toques de bom humor e suspense, mas o que mais que manteve ligada à história foi a abordagem política, econômica, social e ambiental, mostrando que um destino onde se perde a cultura e a identidade é perfeitamente possível à humanidade. Pra quem quer se aventurar numa distopia fantástica é leitura mais do que indicada.

Arena 13 - Joseph Delaney

22 de agosto de 2016

Título: Arena 13 - Arena 13 #1
Autor: Joseph Delaney
Editora: Bertrand
Gênero: Fantasia/Distopia/Ação
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Leif tem uma única ambição: tornar-se o melhor lutador da famosa Arena 13. Lá, os espectadores apostam em qual lutador vai derramar sangue primeiro. E, em ajustes de contas, apostam em qual lutador vai morrer. Mas a região é aterrorizada por Hob, um ser maligno que se deleita torturando a população e exibe o seu poder devastador desafiando combatentes da Arena 13 a lutas até a morte quando bem entende. E isso é exatamente o que Leif quer, pois ele conhece bem os crimes de Hob. E, no cerne da sua ambição, arde o desejo de vingança. Leif procura revanche contra o monstro que destruiu a sua família. Mesmo que isso lhe custe a vida.
Resenha: Arena 13 é o primeiro volume da série homônima escrita pelo autor Joseph Delaney (o mesmo da série As Aventuras do Caça Feitiço) e publicado no Brasil pela Bertrand.

A Arena 13, em Gindeen, atrái todo tipo de gente: desde aqueles que almejam emoção ou aquele que procuram uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro fácil sem ter que trabalhar pra isso. Lá é onde se travam as Trigladius, batalhas mais sangrentas já vistas entre humanos e Lacs, androides programados com uma linguagem controlada por humanos chamada Nym. Os Lacs são programados pelos seus mestres para obedecerem comandos de voz e movimentos, e estão ligados diretamente ao lutador para atuarem em sincronia. Humanos não podem usar armaduras para se protegerem e é obrigatório que haja um corte para que o sangue possa ser derramado. Essas competições possuem muitas regras, mas o mais importante é que elas sustentam apostas que levam as pessoas à Arena para serem espectadoras do que envolve, não só a vida e a morte, mas, a honra dos lutadores. Ao fim, basicamente, ganha quem desativar os Lacs dos oponentes e/ou matar seus rivais.

Leif é um garoto órfão cuja maior ambição é se tornar o melhor lutador da Arena 13, um lugar onde o objetivo principal do combate é cortar a carne humana para haver muito derramamento de sangue. Hob é um djinni, uma criatura cruel e maligna. Ele governa Midgard é o principal combatente que aterroriza a região e se deleita ao lutar até destruir seus oponentes.
Depois de participar de uma pequena batalha, Leif vence e consegue um bilhete azul premiado, e este bilhete corresponde ao seu ingresso aos treinamentos com o melhor. Seu objetivo inicial é ser um dos discípulos de Tyron, o maior e melhor modelador da linguagem Nym que poderia treiná-lo. Assim o garoto poderia vingar a destruição que Hob causou em sua família.

Antes mesmo dos capítulos serem iniciados, o autor apresenta as regras do combate na Arena, e é tudo tão violento e aterrorizante que o estômago chega a embrulhar. Narrado em primeira pessoa, acompanhamos Lief nessa jornada em meio a uma trama complexa e sangrenta, que tem como base o garoto que perde os pais para um vilão maligno e agora está em busca de vingança. Seria clichê se não fosse pela construção de mundo e criatividade do autor em inserir elementos que vão desde magia até uma tecnologia avançada que envolve programação, porém a utilização de referências de outras mitologias acabam tornando um pouco difícil a compreensão e a visualização desse universo.
Talvez por ser o primeiro livro da trilogia, Arena 13 é bastante introdutório e até mesmo didático, talvez para explicar e familiarizar o leitor com os termos malucos, ao funcionamento das batalhas e com o cenário criado pelo autor, mas ainda senti falta de outras explicações.

Os personagens são bem construídos mas não tão complexos quanto o universo propriamente dito. Cada um deles tem suas próprias motivações mas eles não são tão simpáticos a ponto de terem feito com que eu me apegasse a eles. Eu não consegui me afeiçoar a nenhum deles e nem mesmo a contrução dos relacionamentos entre cada um conquistou minha simpatia imediata.
O destaque maior pra mim é Kwin, filha de Tyron. Ela é destemida, age por impulso e faz o tipo rebelde sem causa. Mulheres não podem lutar, mas o sonho dela é batalhar nas Arenas. Senti que em vários momentos ela usava Lief ou só se comportava de forma intransigente para confrontar o pai, mas apesar de tudo confesso que ela é bem forte e tem espaço para ser melhor desenvolvida nos próximos livros.

Alguns pontos tornaram a leitura um pouco previsível, mas ainda assim instigante. A escrita também é muito boa e colaborou bastante para um envolvimento maior com a história.
A construção de mundo foi interessante e a impressão é que, embora seja algo futurístico devido aos lacs e a tecnologia excêntrica, a cultura segue os moldes medievais no que diz respeito a atmosfera e aos gladiadores sinistros que tornam as batalhas tão violentas. Mesmo que Lief ainda esteja em treinamento, é impossível não pensar no Coliseu, em Roma quando tais batalhas são mencionadas.

Durante a leitura é possível perceber alguns detalhes bem sutis que, posteriormente, se revelam verdadeiras surpresas. Algumas reviravoltas tornam a trama mais dinâmica e recheada de muita ação e suspense, mas devido a complexidade da história e a quantidade de detalhes a se lembrar, o livro acaba sendo um pouco difícil e requer atenção redobrada para que se possa compreender os fatos ao ponto de se envolver com os acontecimentos.
O livro é voltado ao público jovem que curte fantasia e games estilo RPG. O segundo volume, The Prey, já foi lançado em inglês.

Temporada dos Ossos - Samantha Shannon

20 de julho de 2016

Título: Temporada de Ossos - Bone Season #1
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Ambientada em 2059, a trama acompanha a protagonista Paige Mahoney, uma andarilha onírica, alguém capaz de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Considerada traidora pelo governo, Paige paga por seu dom com a sua liberdade e é enviada para uma prisão secreta em Oxford. Lá, ela conhece os Rephaim, criaturas de uma raça antiga que desejam controlar a clarividência de Paige e de outros como ela, e precisará aprender a confiar em aliados improváveis não só para reconquistar a liberdade, mas garantir a própria sobrevivência. Considerada um dos principais nomes da literatura de fantasia dos últimos tempos, Samantha Shannon entrega aos leitores um romance surpreendente e arrebatador.

Resenha: Temporada de Ossos é o primeiro volume da série Bone Season escrita pela autora inglesa Samantha Shannon e publicado no Brasil pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

O ano é 2059 e o mundo já não é mais o mesmo. Aqueles que são dotados da paranormalidade são temidos pela sociedade e o governo partiu numa caça desenfreada aos clarividentes. Scion é uma das cidades mais seguras para as pessoas normais viverem e a vigilância constante contra os poderes mentais dos clarividentes é constante. Devido a isso, vários grupos clandestinos de desnaturais, divididos em cortes e sessões, foram formados no submundo. Essas pessoas precisam viver incógnitas, precisam evitar que suspeitas sejam levantadas sobre elas para que não sejam capturadas. Num desses grupos está Paige Mahoney, uma jovem de dezenove anos com o poder de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Ela é uma Andarilha Onírica e é uma das mais poderosas de sua classe. Em troca das suas habilidades, ela recebe proteção ao ser concubina de Jaxon Hall, o Mime-Lorde que lidera os Sete Selos, seu grupo de elite. Esses líderes são como mafiosos, e embora ele dê abrigo a Paige, ela sabe que está longe do perigo... Após alguns acontecimentos, Paige é capturada e levada para uma torre em Sheol I, conhecida como Oxford, onde é mantida presa secretamente pelos Rephaim, criaturas que culpam os desnaturais por vários problemas que foram desencadeados através do uso de seus dons e que por isso os escreviza a fim de controlar a clarividência que eles possuem. Resta a Paige lidar com a verdade obscura que descobre enquanto tenta aprender o suficiente para sobreviver, fugir e reconquistar sua liberdade.

A história é narrada em primeira pessoa através da perspectiva de Paige, sob uma escrita precisa, densa, com ritmo lento para os acontecimentos e muito descritiva, e sendo classificada como uma distopia, temos um governo totalmente opressor e uma classe social igualmente oprimida, e como consequência, aqueles que lutam para sobreviver e/ou combaterem essa falta de liberdade, e claro, vivendo na ilegalidade. A impressão que tive foi que a autora uniu vários elementos conhecidos de outras histórias da literatura e tornou tudo mais complexo, adicionando alguns elementos novos, criando ramificações afim de subdividir classes e determinadas características dos personagens e dando muitas explicações como forma de introduzir o leitor nesse universo repleto de camadas intrincadas e bem interessantes, mas em alguns pontos isso torna a leitura lenta e cansativa devido a essa grande quantidade de informações cheias de detalhes que acabaram me deixando um pouco confusa. Confesso que demorei a me situar na trama por causa disso, pois memorizar o funcionamento do sindicato do crime no submundo, quais as punições dadas aos criminosos capturados, me familiarizar com nomenclaturas e termos diferentes para cada coisa, e até mesmo como funciona o tipo raro de clarividência de Paige não foi uma tarefa muito fácil já que a história continua seguindo. Juro que eu iria gostar muito se o livro fosse adaptado para as telinhas para que a visualização do funcionamento desse universo fosse compreendida de forma mais fácil.
Eu acredito que o ritmo lento da trama foi um fator proposital, pois assim o final acabou funcionando muito melhor. São muitas coisas acontecendo e a cada página a sensação é que mais e mais informações nos são jogadas, sendo necessário uma atenção redobrada para não perder detalhes.

Paige é uma protagonista inteligente, cheia de determinação e ambições. Ela também não é apresentada como uma personagem perfeita, pois por ser impulsiva e teimosa, nem sempre age com razão, e pelos seus erros, ela dá uma sensação de realidade, de gente como a gente, em meio a fantasia. Ela tem espaço para crescer e a medida que a história se desenrola ela é muito bem desenvolvida. Apesar dos membros dos Sete Selos terem sido bem trabalhados, mostrando particularidades e características importantes, eles não tiveram muito espaço e senti falta de um maior desenvolvimento para eles.
Eu gostei bastante da construção dos Rephaim. A cultura da sociedade, seus costumes e a forma como vivem são bem intrigantes, e Nashira, a líder, é uma personagem ótima, mesmo que ardilosa e cruel.

O projeto gráfico do livro é lindo! A capa é simples mas tem efeitos bastante caprichados e que lembram uma textura de jeans, o título é dourado e a parte interna da capa é de um laranja bastante vivo. A diagramação é simples, a fonte é pequena, cada início de capítulo tem o mesmo símbolo presente na capa e podemos contar com o mapa da Colônia Penal de Sheol 1, a classificação completa dos sete tipos e subtipos de clarividentes e um glossário ao fim do livro explicando vários termos utilizados.

Temporada dos Ossos é o primeiro volume de uma série composta por sete livros e é indicada para os fãs de distopia e fantasia sobrenatural que procuram por tramas complexas e bem construídas. A história é criativa, divertida, tem um grande impacto e, mesmo que complexa, desperta o interesse e faz querer mais. Super recomendo!

Vivian Contra a América - Katie Coyle

20 de junho de 2016

Título: Vivian Contra a América - Vivian Apple #2
Autora: Katie Coyle
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O arrebatamento previsto pelo Pastor Frick e pela Igreja Americana passou, deixando três mil Crentes desaparecidos ou mortos. As revolucionarias Vivian e Harp são as únicas que realmente sabem o que há por trás dos desaparecimentos e estão determinadas a expor os diabólicos poderes de manipulação da Igreja. Por outro lado, eles também precisam encontrar o crush de Vivian, Peter Ivey, que desapareceu sem deixar pistas do seu paradeiro. A continuação de Vivian contra o apocalipse vai responder às perguntas deixadas pelo primeiro volume com muito bom humor e ação, e ao mesmo tempo fazer os leitores se perguntarem: é possível se manter íntegro mesmo num mundo à beira do colapso?

Resenha: Vivian Contra a América é o segundo volume da duologia (?) Vivian Apple da autora Katie Coyle e publicado pela Agir Now no Brasil.

Em Vivian Contra o Apocalipse, há um cenário praticamente distópico onde depois das mudanças climáticas e dos desastres que desencadearam o caos total nos Estados Unidos, as pessoas foram convencidas a se converterem e seguirem o Pastor Beaton Frick e a Igreja Americana. Logo em seguida houve um suposto Arrebatamento e milhares de Crentes desapareceram, incluindo os pais de Vivian que também haviam sido convertidos.
Em meio a crítica ao conceito de igreja capitalista e fanatismo religioso, Vivian e Harp, sua amiga, partem numa viagem pelo país e descobrem as farsas e os segredos assustadores desta doutrina que dominou a América e "previu" o Apocalipse, agora, um ano depois do início dessa baderna, as duas pensam na melhor forma de desmascarar esses "religiosos" manipuladores e oportunistas. O problema é que elas perderam tudo o que tinham, inclusive o carro, e agora, vulneráveis e perdidas em São Franscisco, as meninas estão em perigo pois estão sendo perseguidas pela Igreja, que pôs a cabeça das duas a prêmio...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Vivian, a autora mantém o mesmo estilo de escrita e equilibra ação com momentos de leve diversão mas, apesar de fluída e envolvente, a história não continua a se desenvolver tendo como base os acontecimentos do primeiro livro. É como se a autora decidisse dar um novo rumo à história e aos personagens.
A religião ainda é pano de fundo da trama, e a crítica social sobre o oportunismo que tira proveito da fé alheia, sobre o fanatismo religioso que causa intolerância e preconceito tornando as pessoas cegas, assim como as consequências caóticas que vêm com a destruição e a degradação do meio ambiente ainda estão lá. Nesses pontos a autora tem uma capacidade incrível de expor polêmicas de forma imparcial, sem impôr ou mascarar a própria opinião nas entrelinhas, trazendo reflexões sobre elas através de situações fictícias mas que se encaixam em contextos atuais e que poderiam se tornar reais.
O problema é que a inserção de novos elementos e novos objetivos deixaram a trama um pouco confusa e por mais que algumas pontas que ficaram soltas tenha sido amarradas, ainda deixou outras sem as devidas respostas que esperei ter.

Vivian e Harp ainda têm o mesmo objetivo, mas senti que houve uma inversão no protagonismo da história. Vivian era uma personagem ótima que amadureceu de forma incrível, mas agora sua maior preocupação está em resgatar Peter. Ela aparece como uma garota carente, praticamente desiludida e desesperada que colocou a luta contra a Igreja em segundo plano por alguém sem garantias nenhuma de que realmente está do lado dela nessa confusão. A paixão é o fator que a motiva e por ela ser adolescente é até um pouco compreensível, mas isso acaba se tornando sua maior fraqueza...
Em compensação, Harper, com toda a sua acidez e inteligência, ganha um destaque master, rouba a cena e conduz a história com sua personalidade marcante e suas atitudes impactantes e cheias de ousadia. Ela cria um blog para contar a verdade e expor os motivos de ela e Vivian estarem sendo perseguidas pela Igreja e ainda incentiva seus leitores a duvidarem daquilo que chamaram de Arrebatamento e em tudo o que foram levados a acreditar.

O final ainda deixa um enorme gancho para uma provável continuação, mas ainda não sei se a duologia se encerra nesse livro. A sensação ao chegar no desfecho é de algo inacabado, ao ponto de me pegar pensando "e agora?", mas caso acabe, terá sido satisfatória.

Em suma, a autora criou uma história que, de certa forma, está próxima à nossa realidade e que fará com que os leitores reflitam sobre o quão arriscado é combinar medo e fé...

Pela Noite Eterna - Veronica Rossi

12 de maio de 2016

Título: Pela Noite Eterna - Never Sky #2
Autora: Veronica Rossi
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/YA
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ambientada 300 anos após uma catástrofe que devastou a Terra, num mundo dominado por um governo autoritário disposto a manter o poder a qualquer preço, a trilogia Never Sky acompanha a saga da jovem Aria, ex-moradora de Quimera, um núcleo de civilização protegido por um domo e sem qualquer contato com o mundo exterior, e Perry, considerado um Forasteiro. Se no primeiro volume da série, Sob o céu do nunca, os destinos dos jovens se cruzam numa improvável (e perigosa) aliança pela sobrevivência, agora, em Pela noite eterna, eles anseiam por um reencontro. Mas muitos obstáculos e algumas armadilhas se impõem no caminho dos dois. Fantasia, ação, ficção científica e uma história de amor inesquecível fazem da série de Veronica Rossi um mundo perigoso e cruel, mas ao mesmo tempo belo e digno da tradição de sagas como Jogos Vorazes e Divergente.

Resenha: Pela Noite Eterna é o segundo volume da trilogia Never Sky, escrita pela autora brasileira Veronica Rossi e publicado pelo selo Jovens Leitores, da Editora Rocco.
A continuação se passa logo após os acontecimentos do primeiro livro, Sob o Céu do Nunca.

Alguns meses se passaram desde que Perry se tornou o líder dos Soberanos de Sangue em sua comunidade e que Ária descobriu o que aconteceu com sua mãe. Prestes a se reencontrar, o casal anseia por ficar juntos, mas a tribo não aceita Ária muito bem já que ela é uma ex-Ocupante.
A Tempestade de Éter vem piorando cada vez mais, Perry lida com as dificuldades de liderar a comunidade e a única esperança que lhes resta é encontrar Azul Sereno, um paraíso que muitos não acreditam existir. E em meio a tantos perigos e questões de sobrevivência, Ária e Perry não sabem como enfrentarão a noite eterna.

O livro é narrado em terceira pessoa e os capítulos se alternam entre Ária e Peregrine.
A escrita da autora é ótima, fluída e mantém o leitor envolvido o tempo todo. As descrições dos personagens são muito bem feitas mas o destaque fica para o cenário, principalmente devidos aos sons e odores que os envolvem. É praticamente possível nos imaginarmos junto com os personagens, vendo e sentindo as mesmas coisas que eles. O cenário em si ganha muito destaque devido ao territóio hostíl e áspero além das consequências trazidas pelo Éter.
O primeiro livro havia sido publicado em 2013 pela Prumo, que pertencia à Rocco, mas com o fim do selo ele foi relançado sob novo projeto gráfico para acompanhar a obra original e combinar com a capa desse segundo volume. Eu gostei mais da primeira capa pois os detalhes e o efeito realmente lembram um ar etéreo, mas as capas novas também são bem bonitas apesar da aparência "limpa" dos modelos nas capas não combinarem muito bem com o que imagino no cenário hostíl em que a história se passa.

Esta sequência traz novos personagens além dos personagens anteriores estarem bem mais desenvolvidos, mantém os elementos chave da trama que é apresentada com um avanço considerável, e ainda se aprofunda aos detalhes tornando o livro ainda melhor do que o primeiro, principalmente por esclarecer questões que ficaram em aberto anteriormente. O ritmo é acelerado, os relacionamentos são bem aprofundados e desenvolvidos, os personagens possuem personalidade forte e as dinâmicas de caráter são bem trabalhadas, há ação, emoção e todos esses aspectos tornam Pela Noite Eterna uma história de tirar o fôlego.
Os personagens secundários ganham destaque e mostram que são fundamentais para o desenrolar da história, todos bem construídos e marcantes.
Ária é uma protagonista que demonstra um grande crescimento ao longo da trama, tanto físico quanto emocional. Ela é independente e, apesar de ainda precisar amadurecer em alguns pontos, suas atitudes e escolhas evidenciam o quanto ela é corajosa.
Perry já enfrentou muitas dificuldades e ainda carrega muitos conflitos internos em si, mas ele também progride bastante sem deixar sua dedicação às pessoas que estão à sua volta de lado. Suas caracterírticas são preservadas de forma que, apesar de seu crescimento, ele não tenha sofrido mudanças drásticas de personalidade ou caráter.
O romance não fica atrás. Ária e Perry formam um dos casais mais brilhantes do gênero. O romance é crível e verdadeiro e, embora seja um fator importante, não se sobrepõe a outros elementos da história.
Gostei muito do relacionamento de amizade verdadeira entre Ária e Roar. A dinâmica é pontual e comovente e mostra que é possível, sim, haver amizade entre homem e mulher sem envolver outras intenções. Fica claro que eles são unidos, se preocupam um com o outro de forma muito especial e o sentimento que eles têm um pelo outro nunca irá ultrapassar as barreiras da amizade.

Pela Noite Eterna é uma das melhores sequências que já li e o final foi perfeito! Pra quem gosta de distopias voltadas ao público jovem adulto com todos os elementos necessários pra que ela seja um sucesso, vai adorar!


Silo - Hugh Howey

10 de maio de 2016

Título: Silo - Silo #1
Autor: Hugh Howey
Editora: Instrínseca
Gênero: YA/Distopia
Ano: 2014
Páginas: 512
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo? E se vivesse confinado em um lugar em que cada nascimento precisa ser precedido por uma morte, e uma escolha errada pode significar o fim de toda a humanidade?Essa é a história de Juliette. Esse é o mundo do Silo.
Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.
Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.
Um crime cuja punição é simples e mortal.
Elas são levadas para o lado de fora.
Juliette é uma dessas pessoas.
E talvez seja a última. 

Resenha: Silo foi uma boa surpresa esse ano. Após uma breve tentativa de lê-lo em 2015, abandonei-o porque a leitura não me prendia. Acredito que o momento não era propício para a leitura do mesmo e simplesmente larguei de mão. Segundo meu irmão, que o leu recentemente sob meu aviso de "eu não consegui terminar de ler", a história de Hugh Howey era, sim, interessante. E não é que ele realmente tinha razão?

A trama de Silo se passa num futuro distante e desconhecido, onde o ar se tornou irrespirável e a população restante vive embaixo da terra, gerindo os recursos necessários para a sobrevivência humana. Logo no começo somos apresentados a um personagem que tem um papel pequeno, mas importante, e somos fisgados por uma dúvida: qual é a necessidade da limpeza? Pouco a pouco, Hugh emerge o leitor nesse futuro apocalíptico e o slogan se torna cada vez mais certo: mentiras podem ser fatais; a verdade também.

O desenvolvimento da história é muito bom e gradativo. Os capítulos são bem curtos e diretos, apesar de haver uma ressalva quanto a qualidade de aproveitamento deles. Em determinados momentos, senti que a narrativa caminhava para o nada, o que me frustrou e me mostrou o motivo de eu ter abandonado a leitura anteriormente. O autor se atentou a muitos detalhes que no final se mostram pouco relevantes. Porém, o que mais gosto em livros distópicos é a capacidade que imaginar e criar o mundo em nossa mente. Silo é assim: um ambiente que abre espaço para imaginação e também infinitas dúvidas e questionamentos. Desse modo, em todo o percurso da leitura fiquei encucado com alguns acontecimentos misteriosos, desenvolvi minhas teorias e fui instigado a continuar e desvendar todos os nós criados por Howey.

Juliette, a protagonista, também conhecida como Jules, é forte e cheia de fibra. É admirável ter uma mulher como personagem principal de um livro e saber que ela vai fazer e acontecer. Jules é inteligente e perspicaz, e não é o tipo que tem um crescimento gradativo: ela já veio preparada e mostra isso desde sua primeira aparição. Mas, por outro lado, queria saber por que Hugh a criou de um modo estereotipado e masculinizada. Fica a questão no ar. Lukas, um membro da T.I, é uma peça do jogo, vamos dizer, descartável. Por ser tratar de alguém tão forte na história, a personalidade é aquém do desejado; ele é muito fraco e insosso. Há outros personagens com forte participação e que, infelizmente, são rasos porque acredito que Hugh não deu atenção a construção deles.

Por ser tratar de um futuro distópico, creio que o livro de Hugh se parece muito com o filme A Ilha (The Island, 2004, Michael Bay), em que pessoas viviam num determinado lugar para se proteger dos efeitos que o ar tóxico podia causar nelas. Silo demorou três anos para ser escrito, foi colocado no wattpad, se tornou uma história muito lida e boom, é um sucesso atualmente. Quando falamos sobre originalidade, é muito difícil não pensar em algo que já foi criado e comparar. A ideia de criar um mundo que não é habitável é clichê, com certeza, mas Howey foi muito feliz em vários pontos e me agradei disso. A história de Jules, Lukas, Bernad e todos os outros é, no mínimo, instigante e no final, um pouco corrido e confuso, há um enlace para "quase" tudo que ocorreu, até por que, com o pequeno capítulo de Ordem, o segundo volume, é presumível que boas coisas virão.


Coroa Cruel - Victoria Aveyard

13 de fevereiro de 2016

Título: Coroa Cruel - Um conto d'A Rainha Vermelha #1.5
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia/YA
Ano: 2015
Páginas: 232
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Duas mulheres - uma vermelha e uma prateada - contam sua história e revelam seus segredos.
Em Canção da Rainha, você terá acesso ao diário da nobre prateada Coriane Jacos, que se torna a primeira esposa do rei Tiberias VI e dá à luz o príncipe herdeiro, Cal - tudo isso enquanto luta para sobreviver em meio às intrigas da corte.
Já em Cicatrizes de Aço, você terá uma visão de dentro da Guarda Escarlate a partir da perspectiva de Diana Farley, uma das líderes da rebelião vermelha, que tenta expandir o movimento para Norta - e acaba encontrando Mare Barrow pelo caminho.
Esta edição traz, ainda, um mapa de Norta e um trecho exclusivo de Espada de Vidro, o aguardado segundo volume da série A Rainha Vermelha. 

Resenha: Coroa Cruel reúne dois contos do universo de A Rainha Vermelha escritos pela autora Victoria Aveyard e publicado pela Seguinte no Brasil. Canção da Rainha dá aos leitores acesso ao diário secreto de Coriane Jacos, a nobre prateada que se torna a primeira esposa do rei Tiberias VI e logo depois dá a luz a Cal, o príncipe herdeiro. Cicatrizes de Aço é narrado por uma das líderes da rebelião vermelha, Diana Farley, dando ao leitor uma visão vinda de quem faz parte da Guarda Escarlate.
Ambos os contos podem ser baixados gratuitamente em e-book. Clique nas capas abaixo para maiores informações sobre o download.

Enquanto ainda era muito jovem, Coriane teve que se mudar para o palácio real pois sua casa, Jacos, estava falida e vivendo de aparências. Após a morte de seu tio, seu pai se torna líder da Jacos e ela acabou sendo obrigada a adentrar esse mundo da realeza e conviver com as outras Grandes Casas na corte, mesmo que sua intenção passasse longe de se tornar rainha. Mas aproximação com o príncipe herdeiro, Tiberias, acabou indo além da amizade e isso despertou a inveja das outras nobres, principalmente de Elara Merandus, uma prateada com o poder de invadir - e fritar - a mente das pessoas. Quebrando o protocolo que dizia que para que um príncipe se casasse deveria haver a Prova Real para que ele pudesse escolher uma esposa, Tiberias anulou a prova e, apaixonado, se casou com Coriane, mas essa decisão teria um preço... As Casas não aprovaram a anulação da prova e, enquanto rainha, Coriane não pôde viver o seu "felizes para sempre" já que a coroa que ela passou a usar já era visada fazia tempo por outra canditada a esposa que desde então passou a infernizá-la ainda mais...
O diário de Coriane foi presente de seu irmão, Julius, e ela o usava como refúgio para fazer seus desabafos sobre seus pensamentos e emoções, e através dele podemos ver como uma pessoa pode ter seu emocional abalado e destruído.
Quem leu A Rainha Vermelha sabe qual foi o destino de Coriane e que ele refletiu diretamente nos acontecimentos desse primeiro volume, e não vou entrar em detalhes pra não dar spoilers, e em Canção da Rainha é possível ter um aprofundamento maior sobre a vida e a personalidade dessa personagem sensível, delicada e bastante fragilizada, seja pela vida difícil que tinha enquanto morava com a família que passava por várias dificuldades, ou por tudo o que passou nas mãos de Elara, a louca sedenta por poder.
O conto é narrado em terceira pessoa num ritmo mais morno, como se a escrita fosse mais sensível para se diferenciar dos acontecimentos frenéticos vividos por Mare Barrow, a protagonista de A Rainha Vermelha. A narrativa se intercala com o diário, em primeira pessoa, e é bastante envolvente e esclarecedor já que mostra a realidade das Casas e da vida dos nobres de forma geral na corte. Através de Coriane é possível percebermos que a ambição não é algo que está entranhado em todos os prateados, alguns nem ao menos se importam com os poderes que possuem, mas em compensação, temos a prova de que Elara já era cruel e ambiciosa desde sempre, e ela não mede esforços para tirar o que - ou quem - quer que seja do seu caminho...
Apesas de curto e com poucos detalhes sobre alguns fatos ocorridos, o conto não deixou a desejar e mostra a história da rainha de forma bastante interessante e satisfatória.

Em Cicatrizes de Aço acompanhamos Diana Farley, uma jovem vermelha bastante determinada e corajosa que faz parte da Guarda Escarlate e está disposta a lutar contra a opressão dos prateados e a forma injusta e decadente da qual os vermelhos estão submetidos a viver. Os fatos que se passam aqui antecedem os acontecimentos que ocorrem em A Rainha Vermelha e acompanhamos o crescimento da Guarda Escarlate ao sermos inseridos em missões e recrutamentos de aliados à causa.
O conto dá uma visão maior sobre os Reinos mesmo que gire em torno de Diana, mostrando como ela passou de soldado a líder e como ela lidou psicologicamente com tais progressos.
Não gostei taaanto assim de Diana e dos infinitos relatórios da guarda que tornaram a história mais longa do que gostaria, mas posso dizer que o que mais me agradou nesse conto foi a presença de Shade Barrow, que por ser corajoso e inteligente, sempre agindo a tempo e a hora, conquista a simpatia do leitor (a minha simpatia ♥). Pela personalidade e pelo modo de agir de Shade é fácil perceber que ele e Mare são parentes...
O ponto bacana do conto é quando Diana se dirige para Norta, fazendo com que sua história acabe se cruzando com a de Mare. E é esta a importância da história pois a partir daí entendemos os motivos que levaram Diana a ajudar a protagonista fazendo uma sincronia perfeita com o final do primeiro livro que envolve a Guarda Escarlate.

Embora seja possível ter acesso aos contos de forma gratuita, o livro traz um mapa do reino de Norta e seus arredores além dos 4 primeiros capítulos do mais que esperado segundo volume da série, Espada de Vidro!
A capa é metalizada combinando com a capa de A Rainha Vermelha e a água que forma a coroa está em alto relevo com aplicação de verniz. Na contracapa podemos recortar o marcador do livro. As páginas são amarelas e não há erros na revisão.

Em suma, Coroa Cruel é um complemento fundamental para a saga, e mesmo que traga histórias cujos finais já são conhecidos, ainda carrega o elemento surpresa devido a forma como as coisas se desenrolam até chegar onde chegaram, em que cada conto vai trazendo elementos próprios e distintos de forma a tornar cada um deles único e com suas particularidades, se aprofundando em personalidades únicas, com grande importância no desenvolvimento da trama principal e que vão, com certeza, agradar aos fãs da série.


Brilhantes - Marcus Sakey

26 de janeiro de 2016

Título: Brilhantes - Brilhantes #1
Autor: Marcus Sakey
Editora: Galera Record
Gênero: Thriller/Ação/Sci-fi/Distopia
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A partir de 1980, um por cento das crianças começou a apresentar sinais de inteligência avançada. Essa parcela da população, chamada de “brilhantes”, é vista com muita desconfiança pelo restante da humanidade, que teme a forma como esse dom será usado. Nick Cooper é um deles, um agente brilhante, treinado para identificar e capturar terroristas superdotados e levá-los para a custódia do governo. Seu último alvo está entre os mais perigosos que já enfrentou, um líder responsável pelo maior ataque terrorista dos últimos tempos e que pretende começar uma guerra civil. Mas para capturá-lo, Cooper precisa se infiltrar em seu mundo e ir contra a tudo o que acredita. Denominado pelo Chicago Sun-Times como o mestre do suspense moderno, Markus Sakey criou um universo ao mesmo tempo perturbador e incrivelmente semelhante ao nosso, onde um dom pode se tornar uma maldição.

Resenha: A partir da década de oitenta, 1% das crianças nascidas começaram a apresentar sinais de inteligência avançada que superavam a de um humano comum. Considerados como anormais, eles passaram a ser chamados de Brilhantes. Inicialmente eles causaram fascínio nas pessoas, mas com o passar do tempo eles começaram a ser tratados com desconfiança e se tornaram temidos entre a população que não sabia como ou com qual finalidade os seus dons poderiam ser usados.
A fim de manter o controle sobre essas crianças especiais, todas que apresentassem sinais de que eram portadoras desse dom deveriam ser testadas e, caso a anormalidade seja comprovada, elas seriam enviadas para uma academia.
Nick Cooper é um brilhante da primeira geração. O dom especial de Nick é o reconhecimento de padrões de comportamento e a partir da sua análise com relação a postura de alguém, na menor contração muscular ou na simples sutileza de um olhar, ele é capaz de "ler" as pessoas sendo possível que ele saiba o que elas vão fazer, prevendo até mesmo seus movimentos. Ele cresceu com a ideia de que deve servir seu país por ser filho de um soldado e se tornou um agente do serviço de segurança do governos dos Estados Unidos. Seu trabalho na DAR (Departamento de Análise e Reação) é caçar outros brilhantes que apresentam uma ameaça real, que usam seus dons para cometerem crimes e que sejam suspeitos ou propensos ao terrorismo.
Após o assassinato de várias pessoas em um restaurante e tendo a intenção de iniciar uma guerra civil, John Smith, um ativista cuja voz era muito respeitada entre os brilhantes, se tornou alvo de Cooper. Embora Nick ainda não tenha pistas sobre o paradeiro de John, ele não desiste de encontrá-lo. Em meio a esta busca Nick descobre que sua filha pode ser uma brilhante de primeiro escalão após a escola ter percebido algumas características nela que a tornava diferente das demais. A idade mínima para os testes para o ingresso a academia é oito anos, mas com quatro a garota seria testada pois seu comportamento já era muito evidente. Preocupado com os testes com que a garota seria submetida, Nick vai tentar livrá-la desse processo enquanto bola um plano arriscado e perigoso para tentar capturar John, mas a ameaça contra sua família vai fazer com que ele repense suas decisões sobre o lado que ele está.

Antes de mais nada, eu estranhei muito o fato desse um livro ter sido publicado pela Galera Record já que se trata de um thriller com toques de ficção científica e distopia voltado para o público adulto, a começar pelo próprio protagonista que está na casa dos trinta anos de idade, é separado da mulher e tem dois filhos pequenos. Com todo o clima de ação e revolução política presente no enredo, a relação que ele tem com os filhos ganha destaque pois ele é um pai presente e atencioso além de manter um bom relacionamento de amizade com a ex-esposa.
O livro é narrado em terceira pessoa e, embora possa lembrar um roteiro de filme (e o livro vai mesmo virar filme), o ritmo da leitura é frenético, viciante e impossível de largar. Apesar do foco maior estar em Cooper, há uma abrangência considerável sobre os acontecimentos gerais da trama. O leitor se vê envolvido nesse mundo de corrupção através de um protagonista que luta por uma causa que não pode ser considerada como justa, já que priva os outros da liberdade, e logo, por mais que ele tenha os próprios valores, muitos poderão discordar do que ele faz com relação ao seu trabalho e enxergá-lo como um vilão, ou até mesmo torcer contra ele, por mais que em certos pontos Cooper se questione sobre o que está fazendo e se está mesmo do lado certo deste confronto. No fim considerei a jornada dele algo mais emocional e pessoal e acabei torcendo por ele.

O autor criou um universo super criativo e inteligente cujo cenário é uma versão alternativa dos Estados Unidos de 2013 com algumas poucas diferenças no que diz respeito aos avanços tecnológicos e a fatos que entraram para a história mas que aqui nunca aconteceram, como o 11 de novembro, por exemplo. O desenvolvimento é dinâmico, recheado de ação e várias surpresas onde nada é o que parece ser na realidade. A tensão entre normais e brilhantes é sólida e visível e isso é passado ao leitor de uma forma muito transparente, e apesar de todo o conflito, é possível percebermos que Brilhantes é um livro que aborda a lutra contra o extremismo e contra preconceitos que estão cada dia mais presentes dentro da sociedade e um dos pontos que considerei bastante assustador é a ideia de que o governo implanta microchips que são praticamente impossíveis de serem removidos, marcando as pessoas e chegando a ser possível fazer uma comparação odiosa com a marcação dos judeus que eram obrigados a usarem a estrela de Davi a mando dos nazistas. Há também outras questões contemporâneas abordadas, mesmo que de forma curta, como o medo que as pessoas desenvolvem daquilo que eles desconhecem ou consideram diferente, a forma como lidam com o terrorismo e até atiçam as ideias daqueles que gostam de teorias da conspiração.

A capa é super caprichada com os detalhes do mapa em alto relevo e chama bastante atenção mesmo que a primeira vista seja simples. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. A diagramaçao é simples e não encontrei erros na revisão.

Brilhantes é um livro envolvente cuja trama é crível e que faz o leitor refletir acerca das questões sociais, principalmente se levarmos em consideração que o que encontramos no enredo poderia ser facilmente vivido nos dias de hoje se a situação fosse a mesma. Todos os detalhes foram bem pensados e por ser um thriller tão inteligente e que aborda questões atuais em meio a ficção de forma tão crua, se tornou um dos melhores livros que ja li. Só posso dizer que estou ansiosa pela continuação, e mesmo que o final dê a impressão de que a jornada de Cooper tenha sido concluída, sabemos que na verdade ela está apenas começando...


Cress - Marissa Meyer

8 de janeiro de 2016

Título: Cress - As Crônicas Lunares #3
Autora: Marissa Meyer
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/ Ficção
Ano: 2015
Páginas: 496
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Neste terceiro livro da série Crônicas Lunares, Cinder e o capitão Thorne estão foragidos e agora levam Scarlet e Lobo a reboque. Juntos, eles planejam derrubar a rainha Levana e seu exército. Cress talvez possa ajudá-los. A garota vive aprisionada em um satélite desde a infância, com a companhia apenas de telas, o que fez dela uma excelente hacker. Coincidência ou não, infelizmente ela também acabou de receber ordens de Levana para rastrear Cinder e seu bonito cúmplice. Quando um ousado plano de resgatar Cress dá errado, o grupo se separa. Cress enfim conquista a liberdade, mas o preço a se pagar é alto. Enquanto isso, Levana não vai deixar que nada impeça seu casamento com o imperador Kai. Cress, Scarlet e Cinder talvez não tenham a intenção de salvar o mundo, mas muito possivelmente são a última esperança do planeta.

Resenha: Quando iniciei a série As Crônicas Lunares, confesso que, inicialmente, fui fisgada pela capa de Cinder, mas não esperava nada grandioso que me fizesse ficar maluca pela história. Obviamente minhas expectativas foram totalmente superadas e me tornei uma enorme fã da série, da autora e das personagens únicas que ela criou ao se basear em personagens vindas de contos de fadas.
Afinal, o que esperar de uma versão meio ciborgue da Cinderela que trocou o sapatinho por uma perna biônica e muita graxa? Como não amar uma versão de Chapeuzinho Vermelho que trocou a cesta de doces por um revólver e caiu nas graças de um lutador chamado Lobo? Cinder e Scarlet, as protagonistas, me conquistaram a primeira vista e por mais que cada livro seja destinado a uma personagem diferente, a vida de todas estão entrelaçadas devido as questões políticas que envolvem a iminente guerra entre Luna e o planeta Terra.
Eis que a autora conseguiu inovar ainda mais no terceiro livro da série. Depois de tantas questões envolvendo política e poder, temos Cress, baseada em Rapunzel.

Enquanto o príncipe Kaito está em apuros devido ao seu casamento nada desejado com a rainha Levana estar próximo, há sete anos Cress vive presa em um satélite servindo como instrumento para ajudar na dominação da Terra. Sua única companhia, além de si mesma, é seu protótipo com inteligência artificial que ela chama de Pequena Cress. Ela é uma hacker e frequentemente obtém informações da Terra para Sybil, a taumaturga braço direito da terrível rainha Levana. Com Cinder sendo procurada, sua missão principal é encontrá-la através dos rastros deixados em quaisquer vias de comunicação online além de fornecer qualquer tipo de informações que colabore para a conquista.
Mas sua curiosidade pela Terra e pela cultura do povo vão além dos interesses que a mantém hackeando sistemas e, devido aos últimos acontecimentos, e por não ser nada ingênua, ela acaba ajudando Cinder e seus aliados, Scarlet, Lobo, Thorne e Iko (Iko ♥) que estão a bordo da Rampion em segredo. Ela sempre soube a localização da tripulação, mas escondeu tudo o que sabia de Sybil passando algumas informações inúteis que não a levava em lugar algum.

Após um contato breve, Cress dá sua localização e espera ser resgatada por Cinder, mas o plano ousado acaba não saindo conforme deveria... Apesar de ter conseguido fugir do satélite, o grupo fica desfalcado de alguns membros que, por motivo de força maior, acabam seguindo por um outro caminho... Agora, ao lado Cinder e Thorne, Cress mostra que sua disposição para entrar na batalha não vai ser perdida tão facilmente e, mesmo que pareça frágil, toda a sua força virá a tona.

Narrado em terceira pessoa em capítulos curtos e alternados, Cress é um tipo de leitura completamente viciante. A fluidez da escrita somada à criatividade e à originalidade da trama surpreendem. A sensação é de puro êxtase do início ao fim. Os capítulos se alternam de forma que os personagens, independente de onde tenham ido parar, ganhem foco e destaque.
Eu adorei Cress, ou como é seu nome verdadeiro, Lua Crescente. Cress não é apresentada como uma jovem inteiramente sã. Por mais inteligente que seja, os anos em confinamento e solidão meio que foram responsáveis por deixá-la meio maluca e desajeitada. Em suas horas livres seu passatempo era ler romances, buscar informações sobre os tripulantes da Rampion, ler mais romances, stalkear Thorne, ler mais, e idealizar uma vida pra si mesma longe daquele satélite, longe de Sybil, sonhando como seria se fosse livre e pudesse estar nos braços de um cara forte e corajoso, como Thorne... É claro que ela tem consciência de que um "anti-herói do bem" como Thorne jamais poderia ser considerado um príncipe encantado e esses pontos construíram uma personalidade que fez dela uma personagem única e divertida, que deu um ar leve e descontraído para que a história não fosse totalmente sangrenta, sombria e pesada.

A autora mantém as personagens dos livros anteriores e dá espaço a todas elas sem que nenhuma fique de lado ou com menos importância. Cada uma das protagonistas tem um papel distinto e a cada nova descoberta aprendem mais, ganham mais experiência e amadurecem.
A série, de forma geral, parece estar numa fase diferente da que encontramos nos outros livros, já que é possível perceber que devido a situação política, a realidade está mudando e se tornando ainda pior do que antes, e é isso que dá o ar sombrio à história. As Crônicas Lunares é um conto de fadas sangrento, a questão da Letumose ganha uma nova abordagem e as coisas estão bem piores do que imaginavámos...

Os personagens são ótimos, suas personalidades são marcantes e os tornam únicos. Ao lermos os pontos de vistas de cada um deles, podemos distinguir um do outro com facilidade pois a personalidade e o jeito de ser parece estar entranhado em cada atitude ou modo de falar.
É um livro rápido de ser lido pois tudo é muito ágil e dinâmico, sempre está acontecendo algo com alguém em algum lugar e não há brechas para tédio. As caminhadas no deserto parecem ser cansativas a princípio, mas acabam sendo uma grande aventura, perfeita para nos aprofundarmos um pouco mais nos personagens e conhecê-los e admirá-los ainda mais já que se metem em situações não muito favoráveis.

Achei Kaito um tanto idiota pois a rainha parecia sempre estar dez passos a frente dele. Ele deveria ter mais maturidade para governar e bolar estratégias de guerra, ou pelo menos algo que pudesse ser usado para impedir ou atrapalhar o glamour dos lunares (o poder de "hipnose" que eles tem, resumindo a ideia). Se não sabe nada ou tem medo, chame alguém que saiba e possa ajudá-lo! Mas não... É completamente angustiante acompanhar o desespero dele e perceber o quanto ele está despreparado quando o assunto é a rainha, o casamento e o que tal golpe iria implicar para o império caso ela tomasse o poder na Terra, e em vez de ele tomar uma atitude digna da posição que ocupa, prefere ficar encolhido pelos cantos. Vamos crescer e aparecer, amigo.
Um ponto hilário é o sarcasmo de Thorne. O que é esse cara, gente? As cenas dele com Cress são impagáveis e dignas de risadas altas. Ele se tornou um dos meus personagens preferidos por ser tão impossível.

A capa dispensa maiores comentários. É linda de viver e ilustra até a mania de Cress ao enrolar o próprio cabelo no braço. A diagramação é caprichada. O livro é dividido em quatro partes e cada uma delas tem ornamentos e uma frase que serve de entrada para o capítulo que vem a seguir separando bem a história. As páginas são amarelas e a revisão está impecável.

Posso dizer que Cress deu um up na série e é o melhor dos três até agora. O livro tem ação, consegue emocionar, causa indignação devido as injustiças que acontecem e ainda nos arranca risadas!
Eu estou simplesmente morta feat. enterrada com essa série viciante que consegue misturar tantas questões sérias sem tornar nada confuso, e não vejo a hora da Rocco lançar a sequência, Winter. A capa consegue ser ainda mais linda do que as dos outros livros juntas, espiem:


Série mais do que recomendada!