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Legado - Hugh Howey

5 de novembro de 2016

Título: Legado - Silo #3
Autor: Hugh Howey
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção científica/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 368
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: SILO apresentou o abrigo e seus habitantes. ORDEM contou a história de sua formação. LEGADO relata sua ruína. A batalha pelo Silo já foi vencida. A guerra pela humanidade só está começando. É um tempo em que, para sobreviver, os humanos precisam se manter em cidades subterrâneas, aprisionados, sem ligação com o mundo lá fora. Esse é o universo de Silo, a série de ficção científica e fantasia escrita por Hugh Howey. Juliette, uma operária nascida nos subterrâneos, é a heroína da trama apocalíptica. Em Legado, ela se torna prefeita do Silo 18, que está se recuperando de uma rebelião. Seu governo encontra grande resistência por causa da controversa escavação para resgatar os supostos sobreviventes do Silo 17, uma empreitada vista com desconfiança que está espalhando o medo entre os moradores do Silo 18. Como se isso não fosse um desafio grande o bastante, Juliette também recebe transmissões de Donald, a voz que alega ser líder do Silo 1 e está disposta a ajudar — mas também é capaz de fazer ameaças horríveis. Talvez Donald não seja o monstro que Juliette vê. Quem sabe ele não é a peça-chave para a salvação de toda a espécie humana? Mas será que ainda há tempo? No último volume da série Silo, as escolhas de Donald e Juliette podem mudar o mundo… ou extingui-lo de vez.
Esta resenha contém spoilers dos livros anteriores (Silo e Ordem).

Resenha: Encerrar uma trilogia ou série nunca é fácil. Às vezes, o autor começa tudo muito bem e ao chegar no último livro, a história despenca e não termina de modo satisfatório. Ou o contrário ocorre, quando o nível da aventura deslancha para algo surpreendente. Legado ficou no limiar entre as duas situações.

Anteriormente, em Ordem, descobrimos como os silos se originaram e quem foi responsável por isso. Jules, a protagonista, já foi ao exterior, prometeu vingança aos criadores dos abrigos subterrâneos, e jurou que iria salvar seu povo. De volta ao sua casa, ela agora precisa preservar a vida das pessoas ali, trazer Solo e as crianças para seu silo, e tentar parar a destruição que virá pelas mãos de Donald. Com um final que se enquadra no quesito mediano, Hugh Howey tinha em mãos um enredo que poderia explorar muita coisa, mas não o fez.

A narrativa, que é uma das questões apontadas por muitos leitores em Ordem, que por vezes se arrasta demais, foi mal aproveitada nesse último livro. Se no segundo volume o autor teve a oportunidade de fazer uma espécie de transição e explicar muita coisa sobre a origem dos silos, em Legado seria a hora de dar certa velocidade aos fatos e trazes mais tensão e suspense. O que ocorre, de fato, é uma insistência em narrar inutilidades, como uma garotinha correndo atrás de um cachorrinho o tempo todo ou um bando de evangélicos fazendo cultos para disseminar o ódio. E o que realmente podia ser interessante? Isso, com certeza, foi deixado de lado.

Por se tratar de uma ficção científica, a história tem muitos aspectos que deixam um ar de dúvida, e isso pode aguçar a vontade de não deixar o livro de lado e ir descobrindo os fatos. No mundo dos silos, o oxigênio está totalmente contaminado, e isso é muito intrigante. No entanto, quando surgiam as oportunidades de esclarecimentos para tantos enigmas, a narrativa mudava de foco e tudo ficou no ar. Alguns diálogos de Jules com outros personagens foram meio entrecortados e sem objetivo. No fim, ficou a certeza de que certos pontos tiveram menos atenção do que mereciam.

Felizmente, Julliete é uma protagonista que não deixa a desejar. Ela tem um senso de coletividade incrível, consegue sempre (ou quase sempre) ser uma boa porta-voz para comandar seu povo e é pura fibra. Ela, assim como outros, são o grande ponto positivo da trilogia e a relação que desenvolve-se entre eles é muito bacana. Há um sentimento de não se deixar enganar e aceitar tudo como lhes é dito que remete muito a uma realidade atual, na qual as pessoas estão mais questionadoras quanto ao que lhes é imposto. É uma pena que, embora seja possível reunir alguns aspectos bons no último volume dessa trilogia, a história se perde em outros pontos negativos.

Legado não parece um livro de encerramento. A trama anda a marcha lenta, quase parando, e careceu de toda explosão e tensão que o encerramento de uma série tão aclamada merecia. Silo e Ordem foram infinitamente melhores e ficou o desejo de que os acontecimentos pudessem ter ocorrido de uma maneira diferente e resultassem num final um pouco mais empolgante. Em suas últimas páginas, o desfecho da vida de Jules e seus amigos é mostrada de uma maneira corrida, e Hugh poderia ter dado uma atenção especial àquilo. No mais, Legado merece uma chance por quem já acompanhou o decorrer da aventura nos dois primeiros volumes e tem curiosidade em ver como tudo termina.

Ordem - Hugh Howey

4 de agosto de 2016

Título: Ordem - Silo #2
Autor: Hugh Howey
Editora: Intrínseca
Gênero: Sci-Fi/YA
Ano: 2015
Páginas: 500
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: E se a sobrevivência dos seres humanos dependesse do deslocamento de milhares de cidadãos para uma enorme cidade subterrânea, com gigantescas telas de TV transmitindo imagens desoladoras do mundo do lado de fora e ninguém fosse autorizado a sair?
Esse é a história de Silo, a série escrita por Hugh Howey que desbancou Guerra dos Tronos na lista de livros de ficção científica mais vendidos na Amazon. No primeiro livro da série, a heroína era Juliette, uma mecânica nascida nos subterrâneos. A narrativa de Ordem, que alterna passado e presente, começa em um período anterior ao descrito em Silo, explicando como o mundo de Juliette foi transformado. São apresentados ao leitor um portador do século XXIII; um senador da Geórgia num futuro próximo; um garoto abandonado, cuja história termina quando a de Juliette começa, e Troy, que acorda em 2110 sem saber quem é. Em Ordem, os personagens escapam da morte ao serem congelados em cápsulas criogênicas, sendo acordados de tempos em tempos para tomar remédios, realizarem alguns trabalhos alienantes e depois dormir outra vez. O livro volta no tempo, ao ano de 2049, revelando as decisões tomadas por alguns poucos poderosos, responsáveis por bilhões de mortes que deixarão a humanidade em vias de extinção.
Hugh Howey apresenta aos leitores um mundo pós-apocalíptico, com os poucos seres humanos restantes sobrevivendo à atmosfera tóxica do planeta Terra em um silo subterrâneo. A narrativa torna-se claustrofóbica e contrita à medida que a humanidade é forçada a viver no silo e a tomar medicamentos que a fazem esquecer a destruição infligida aos amigos e parentes. Ao contar uma história que se passa em um futuro bem próximo, Howey cria um apocalipse totalmente convincente e, à medida que revela as camadas de seu mundo distópico, pavimentando o caminho para a sequência da série, "Legado".

Esta resenha contém spoilers do primeiro livro da trilogia, Silo.
Resenha: É fato que Ordem, o segundo livro da trilogia Silo, é diferente de toda continuação que já li. No primeiro volume da série somos levados ao ano de 2345, onde Jules é apresentada ao leitor, no Silo 18. Depois de todo o levante, a reviravolta que a ex-xerife-atual-prefeita teve que vivenciar e as mentiras desenterradas, a história se encerra, mas não por completo. Em uma sequência muito satisfatória, Hugh voltou no tempo, ano 2049, para explicar toda a origem dos abrigos subterrâneos onde vivem os humanos remanescentes. Ordem é um entremeio de uma trilogia fascinante que, num primeiro momento, me deixou intrigado se me conquistaria. Hoje, não posso negar o potencial que o mundo criado por Howey tem para conquistar quem o lê.

Em Silo fiz algumas ressalvas e muito me questionei quão bom o livro era, já que o abandonei uma vez. Em Ordem me senti habituado e pude sentir familiaridade com a escrita. Em uma narrativa minuciosa e com os detalhes certos, Howey vai descrevendo tudo de maneira a deixar claro para o leitor a ideia que ele quer passar. Donald, ou simplesmente Donny, é um personagem que vai evoluindo e a descoberta de sua personalidade se dá aos poucos. Os outros componentes dessa trama são explorados de uma forma geral. Há muitos: Anna, Thurman, Jimmy, Victor e outros. Acredito que mais do que no interior de cada um, devemos nos atentar como o autor construiu a trama e o que ele quer passar nas entrelinhas. Com uma prosa por vezes lenta, Hugh explorou tudo da maneira correta, sem deixar uma sensação de ausência de algum elemento na história.

Há passagens de 300 anos em todo o livro. Em tanto espaço de tempo, o autor abordou muitos assuntos e há muitas reviravoltas. Uma delas é, por exemplo, o levante do Silo 18, o qual fiquei muito contente em poder entender. Em um ponto vantajoso, pude notar que são tantas revelações que fica difícil largar a história de lado. Mas também há desvantagem: existe certa previsibilidade. Em uma breve conversa com meu irmão, adiantei alguns fatos que acreditei que fossem acontecer e recebi um "como você sabe?" em resposta. Isso não tira o brilho do livro. A grande genialidade do autor foi trazer muitas repostas às questões do primeiro volume, o que torna a leitura empolgante.

No começo, me levei a acreditar que não seria possível trazer a tona a mesma quantidade de tensão que vivi em Silo, mas isso acontece. O desenvolvimento é linear e há sempre algo que instiga, mas a descrição de Solo e seus anos no silo 17 foi uma parte mais intimista do livro. Quando se fala em fim do mundo, apocalipse, distopia, quem é leitor cria uma imagem na própria mente. Numa sociedade como a que vivemos, que comprovadamente já tem resquícios de muita maldade no passado, fica evidente esse elo com a realidade. Ordem aborda o ser humano em sua pior forma: ganância. O que geralmente gera guerras? A busca pelo poder. Mais um ponto positivo pro autor.

Ordem é finalizado com um clima de pura tensão e um gosto de quero mais. É como se as palavras do diálogo que ocorre nas duas últimas páginas estivesse sobre a minha pele causando arrepios. Segundo Hugh, escrever essa trilogia teve inspiração na série Fraggle Rock, a Rocha Encantada, contrariando minha ideia sobre o filme A Ilha. Para ele, a escrita deve ser feita por amor, e não pensando em números de venda. O segundo volume da trilogia Silo não traz elementos clichês como lutas ou romance avassalador entre dois adolescentes; ele foi feito para bons apreciadores de ficção científica e cumpre o prometido.

Silo - Hugh Howey

10 de maio de 2016

Título: Silo - Silo #1
Autor: Hugh Howey
Editora: Instrínseca
Gênero: YA/Distopia
Ano: 2014
Páginas: 512
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo? E se vivesse confinado em um lugar em que cada nascimento precisa ser precedido por uma morte, e uma escolha errada pode significar o fim de toda a humanidade?Essa é a história de Juliette. Esse é o mundo do Silo.
Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.
Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.
Um crime cuja punição é simples e mortal.
Elas são levadas para o lado de fora.
Juliette é uma dessas pessoas.
E talvez seja a última. 

Resenha: Silo foi uma boa surpresa esse ano. Após uma breve tentativa de lê-lo em 2015, abandonei-o porque a leitura não me prendia. Acredito que o momento não era propício para a leitura do mesmo e simplesmente larguei de mão. Segundo meu irmão, que o leu recentemente sob meu aviso de "eu não consegui terminar de ler", a história de Hugh Howey era, sim, interessante. E não é que ele realmente tinha razão?

A trama de Silo se passa num futuro distante e desconhecido, onde o ar se tornou irrespirável e a população restante vive embaixo da terra, gerindo os recursos necessários para a sobrevivência humana. Logo no começo somos apresentados a um personagem que tem um papel pequeno, mas importante, e somos fisgados por uma dúvida: qual é a necessidade da limpeza? Pouco a pouco, Hugh emerge o leitor nesse futuro apocalíptico e o slogan se torna cada vez mais certo: mentiras podem ser fatais; a verdade também.

O desenvolvimento da história é muito bom e gradativo. Os capítulos são bem curtos e diretos, apesar de haver uma ressalva quanto a qualidade de aproveitamento deles. Em determinados momentos, senti que a narrativa caminhava para o nada, o que me frustrou e me mostrou o motivo de eu ter abandonado a leitura anteriormente. O autor se atentou a muitos detalhes que no final se mostram pouco relevantes. Porém, o que mais gosto em livros distópicos é a capacidade que imaginar e criar o mundo em nossa mente. Silo é assim: um ambiente que abre espaço para imaginação e também infinitas dúvidas e questionamentos. Desse modo, em todo o percurso da leitura fiquei encucado com alguns acontecimentos misteriosos, desenvolvi minhas teorias e fui instigado a continuar e desvendar todos os nós criados por Howey.

Juliette, a protagonista, também conhecida como Jules, é forte e cheia de fibra. É admirável ter uma mulher como personagem principal de um livro e saber que ela vai fazer e acontecer. Jules é inteligente e perspicaz, e não é o tipo que tem um crescimento gradativo: ela já veio preparada e mostra isso desde sua primeira aparição. Mas, por outro lado, queria saber por que Hugh a criou de um modo estereotipado e masculinizada. Fica a questão no ar. Lukas, um membro da T.I, é uma peça do jogo, vamos dizer, descartável. Por ser tratar de alguém tão forte na história, a personalidade é aquém do desejado; ele é muito fraco e insosso. Há outros personagens com forte participação e que, infelizmente, são rasos porque acredito que Hugh não deu atenção a construção deles.

Por ser tratar de um futuro distópico, creio que o livro de Hugh se parece muito com o filme A Ilha (The Island, 2004, Michael Bay), em que pessoas viviam num determinado lugar para se proteger dos efeitos que o ar tóxico podia causar nelas. Silo demorou três anos para ser escrito, foi colocado no wattpad, se tornou uma história muito lida e boom, é um sucesso atualmente. Quando falamos sobre originalidade, é muito difícil não pensar em algo que já foi criado e comparar. A ideia de criar um mundo que não é habitável é clichê, com certeza, mas Howey foi muito feliz em vários pontos e me agradei disso. A história de Jules, Lukas, Bernad e todos os outros é, no mínimo, instigante e no final, um pouco corrido e confuso, há um enlace para "quase" tudo que ocorreu, até por que, com o pequeno capítulo de Ordem, o segundo volume, é presumível que boas coisas virão.