Encruzilhada - Kasie West

13 de dezembro de 2015

Título: Encruzilhada - Pivot Point #1
Autora: Kasie West
Editora: Seguinte
Gênero: YA
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Conhecer o futuro nem sempre torna a escolha mais fácil.
A vida de Addison Coleman é um grande “e se…?”, graças à sua habilidade especial: Investigar Destinos. Addie é capaz de prever duas possibilidades de seu futuro toda vez que precisa tomar uma decisão.
Quando os pais dela anunciam o divórcio, a garota deve escolher se vai morar com o pai entre os Normais ou se prefere ficar com a mãe no Complexo Paranormal. Para ter certeza do que a espera, Addie resolve Investigar.
Em uma alternativa, ela conhece Trevor, um Normal sensível com quem logo sente uma conexão. Na outra, se envolve com Duke, o garoto mais popular da escola Paranormal. Mas aos poucos ela percebe que esses dois destinos aparentemente maravilhosos podem causar muitos estragos e sofrimento. Isso porque nos dois cenários o pai de Addie se torna consultor da polícia num caso de assassinato no Complexo, e a garota acaba envolvida em um jogo perigoso que ameaça tudo o que mais importa para ela.
Addie encontra amor e perdas nas duas versões do futuro, mas só pode viver em uma dessas realidades.

Resenha: Encruzilhada é o primeiro livro da duologia Pivot Point escrita pela autora Kasie West e publicado pela Seguinte no Brasil.
Addie Coleman é uma adolescente que vive em um Complexo secreto onde as pessoas possuem poderes psíquicos/paranormais por terem aprendido a aumentar suas capacidades cerebrais. Em meio a pessoas cujas habilidades mentais lhes permitem criar ilusões visuais, detectar mentiras, apagar memórias, terem poder de persuasão, manipular humor e até mover objetos com o poder da mente, Addie é uma Investigadora de Destinos. Ao se ver diante de uma situação que envolve uma escolha, ela tem o poder de Investigar seu próprio futuro e escolher qual caminho é o melhor, mais seguro ou mais vantajoso a se seguir, sem se arriscar no desconhecido e a tornando alguém bastante cuidadosa.
Ela não usa seu dom com muita frequência por não achar necessário, mas quando seus pais decidem se divorciar, Addie fica entre continuar morando com a mãe no Complexo Paranormal, ou ir morar com o pai em Dallas, no mundo Normal, onde as pessoas são comuns, não tem poderes e não sabem da existência das pessoas com esses dons. Addie, então, decide Investigar algumas semanas dos futuros alternativos que poderá escolher. Do lado paranormal ela se vê diante de Duke, o garoto mais popular da escola a quem ela "odeia", e do lado Normal, ela tenta se ajustar a vida sem as tecnologias que ela tem costume e conhece Trevor, um garoto sensível por quem tem grande afeição. A medida que a investigação ganha continuidade, ela acaba se deparando com dois futuros que se tornam perturbadores e que podem causar complicações que ela não esperava já que seu pai passou a trabalhar num caso envolvendo um assassinato e isso já é um assunto delicado e perigoso. Cabe a Addie fazer sua escolha e decidir em qual futuro viver.

Com uma escrita simples, direta e fluida, o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Addie, e tem um dos conceitos mais originais e bem desenvolvidos que já tive oportunidade de me deparar em meio as minhas leituras infinitas.
Addie está diante de duas situações que ainda não aconteceram, em lugares diferentes e com pessoas diferentes, logo não há um triângulo amoroso (thank's Lord) pois ela não tem dois relacionamentos simultâneos e nem gosta dos dois ao mesmo tempo. Confesso ser um pouco frustrante saber que a história está somente na visão da protagonista e que uma delas terá que ser descartada quando ela fizer sua escolha, por mais que ela tenha sentimentos verdadeiros nas duas alternativas, mas a forma como tudo é desenvolvido supera todas as expectativas. Assim, a proposta do livro é bastante inovadora pois a autora consegue contar as duas histórias para Addie de modo alternado fazendo com que o enredo tenha duas versões super empolgantes. É genial!

Acredito que o livro pode ser considerado uma fantasia juvenil, tanto pela forma como foi escrito quanto pelos diálogos e situações que os personagens vivem, então não espere por uma história complexa com milhões de reflexões pois o foco não é esse. Há o toque sobrenatural que aponta os poderes dos Paranormais, mas isso pra mim foi só o detalhe que permitiu com que Addie pudesse ter a oportunidade de investigar seu futuro, sendo a base pro desenvolvimento mas não o fator principal. A história em si não é cheia de personagens usando seus poderes por aí como um X-Men, por exemplo. O que ganha maior espaço são os dilemas adolescentes tão comuns da idade e o questionamento do "e se?" quando há opções diferentes a seguir.

Ouvi algumas pessoas falando que o livro é uma distopia, mas até agora estou procurando o fator ditópico nessa história visto que não existe opressão, ditadura ou totalitarismo algum por parte de líderes ou governos, longe disso. As pessoas paranormais, embora vivam isoladas a fim de preservar e manter em segredo o dom que têm, são livres para ir e vir como bem entendem.

Com relação aos personagens, eu gostei da construção dos principais mas, em alguns pontos, senti que alguns dos secundários, que têm grande importância no desenrolar dos acontecimentos, não foram tão explorados quanto eu esperei.
Addie é o tipo de personagem que sempre procura ser certinha para evitar confusões, mas muitas vezes se mostra indecisa e imatura, tomando algumas atitudes que não condizem com quem ela é de verdade. Mas pra mim foi até compreensível pois a garota não ficou nada feliz com a separação dos pais e obviamente sua cabeça ficou bastante confusa com a nova situação.

No complexo ela, inicialmente, evita Duke pois como ele é popular e joga futebol, além de ter o dom da telecinesia, ela logo deduz que não gosta dele pois ele é tudo o que ela não quer em alguém, mesmo sem ter um motivo realmente plausível pra isso. Quando sua melhor amiga, Laila, incentiva e apoia Addie a dar uma chance para o garoto se aproximar, ela acaba percebendo que ele pode ser muito mais legal do que parece e sua resistência contra o garoto começa a se desfazer.
Eu só achei que o envolvimento deles foi um tanto forçado e acho que por Duke fazer aquele estilo "jogador popular que se acha e é rodeado por todas as garotas", tomei uma certa antipatia dele, assim como a própria Addie tinha no começo.

Laila é a melhor amiga que todo mundo devia ter, principalmente se levarmos em consideração que o poder dela é apagar lembranças. Ao mesmo tempo em que ela é maluca, extrovertida e impulsiva, conseguindo se meter em roubadas e levar Addie junto, ela também consegue ser sensata e bem inteligente em alguns momentos. Imaginem fazer uma besteira qualquer e sua amiga simplesmente te faz esquecer aquilo como se nunca tivesse acontecido?
Trevor é um doce de garoto e através da companhia dele Addie passa a conhecer melhor o mundo Normal. Sua história envolve um mistério sobre uma lesão que ele sofreu no jogo ter ou não sido proposital. Acho que o envolvimento de Addie com Trevor foi muito mais verdadeiro e bonito, logo, sou #TeamTrevor.

Sobre a parte gráfica, só tenho elgios, pois a capa condiz bastante com a ideia do livro e é muito bonita. A diagramação é simples e ão há erros na revisão. Os capítulos são curtos e iniciados com alguma palavra seguida por seu significado, ou pelo menos o significado dado pela protagonista.

Enfim, eu gostei da ideia que a autora passou sobre o poder das escolhas que temos para cada oportunidade que a vida nos dá mesmo que o livro tenha essa pegada voltada ao público mais juvenil. Faz com que pensemos no "se". Se pudéssemos conhecer o futuro, faríamos escolhas diferentes? O que acontece se formos pelo caminho que julgamos certos? Mas e se formos pelo errado? E quais as consequências disso? No final, só podemos trilhar por um único caminho, gostando ou não.

Pra quem gosta de uma trama original, com toques de mistério e um final de tirar o fôlego, leia!

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