Alif, o invisível - G. Willow Wilson

11 de maio de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: Alif, o invisível
Autora: G. Willow Wilson
Editora: Fantástica/Rocco
Tradutora: Ryta Vinagre
Gênero: Fantasia
Ano: 2015
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em um estado de exceção no Oriente Médio, um jovem hacker que atende pelo nome de Alif - a primeira letra do alfabeto árabe - oferece seus serviços a grupos de dissidentes sob observação do governo e faz o possível para se manter long de problemas.
Mas quando seu computador é invadido pela força de segurança eletrônica do Estado e ele se torna um foragido político, Alif se lança em uma aventura que oscila entre o digital e o físico, o real e o fantástico, o visível e o oculto.
Mergulhado em um mundo invisível muito diferente do digital, o hacker precisará colocar em xeque suas crenças e arriscar o próprio pescoço para impedir que um antigo e precioso livro caia nas mãos erradas.
Alif, o invisível é uma mistura sofisticada de magia, ideias, romance, tecnologia e espiritualidade; um livro de leitura irresistível.

Resenha: Alif, o Invisível, escrito pela autora G. Willow Wilson, foi a grande aposta do selo Fábrica, da Editora Rocco no mês de abril.
Pra quem não sabe, G. Willow é autora de várias graphic novels além de ter sido a criadora da primeira heroína muçulmana da história dos quadrinhos: Ms. Marvel, da Marvel Comics.

Alif é um hacker que oferece seus serviços tecnológicos de proteção a grupos que estão sob observação do governo por discordarem de suas práticas ao mesmo tempo em que protege a si mesmo d'A Mão de Deus, a entidade de segurança do Estado responsável por capturar essas pessoas.
Ele divide seus interesses mantendo um relacionamento secreto com Intisar, filha de um poderoso aristocrata que lhe arranjou um casamento. Dessa forma, tendo sido prometida a outro homem, sua única opção foi acabar com esse relacionamento com Alif e mandá-lo sumir de sua vida.
Muito frustrado, Alif cria um programa genial, o Tin Sari, que reconhece o estilo de escrita das pessoas fazendo com que sejam identificadas, assim, ele poderia detectar Intisar na internet ao mesmo tempo que estivesse "invisível". Até que sua criação toma proporções maiores do que gostaria e foge de seu controle. A Mão de Deus invade seu computador e agora Alif vai fazer de tudo para escapar tanto no mundo virtual, quanto no real. E como se não bastasse toda essa confusão de ser perseguido e ter se tornado um foragido, Alif recebe um livro de Intisar, livro este que A Mão também está procurando.
Na companhia de Dina, sua amiga de infância, e recebendo ajuda de outros aliados, resta a Alif fugir enquanto tenta descobrir o que está acontecendo e por que ele recebeu o livro, além de se ver envolvido cada vez mais com djins. Ele adentrou um caminho que permeia universos paralelos e que, ao que tudo indica, não tem mais volta... Alif deverá usar sua inteligência para proteger o livro e evitar que ele caia nas mãos erradas.

A capa tem tudo a ver com a história, pois ao mesmo tempo em que traz uma moldura que lembra janelas da arquitetura árabe, o nome "Alif" é preenchido por circuitos de computador dando uma pequena referência ao que o protagonista faz na trama.
As páginas são amarelas, a fonte tem um tamanho agradável, há um mapa da Cidade no início, o que possibilita uma visualização dos locais onde a história se passa, a diagramação ao longo do livro é bem simples e a revisão está ótima.
Os capítulos são longos mas a leitura flui tão bem que nem me incomodei com esse detalhe.

O livro é narrado em terceira pessoa e se passa no presente. A leitura é bastante fluída, carrega toques sutis de sarcasmo, bom humor e tem sacadas bem inteligentes. A autora mescla a tensão sobre a fuga de Alif, que é adrenalina pura, com momentos divertidos, diálogos interessantes, reviravoltas de tirar o fôlego além de um romance delicado e doce.
Temas como tecnologia, política, cultura, religião também são abordados, mas todos se entrelaçam muito bem sem que a história se torne confusa ou pesada.
Existem algumas partes um pouco lentas mas no geral o ritmo é bom e o livro superou minhas expectativas.
Alif é o típico anti-herói com qualidades e defeitos de alguém comum. Ele comete erros, tem medo, se preocupa com quem ama, é leal e um completo nerd. Gostei da forma como foi construído, alguém humano e passível de falhas, mas ainda assim não foi meu favorito. Dina, a melhor amiga de Alif, foi, de longe, minha preferida. Ela é forte e decidida, mas ainda conserva sua meiguice e lealdade. Uma coisa que adorei é que ela questiona Alif com argumentos dos quais ele não tem resposta mostrando pra ele verdades ou dando conselhos que realmente valem alguma coisa mostrando que se não fosse por ela, Alif jamais teria conseguido chegar onde chegou...
Os vilões foram muito bem construídos e estão a altura, mas não digo o mesmo de Intisar. Argh...
O desfecho da história foi muito satisfatório, fechado e teve tudo a ver.

Alif, o Invisível é um livro no qual o leitor, literalmente, viaja rumo ao Oriente Médio, onde se permite adentrar a um mundo moderno onde computadores e a internet desempenham um papel essencial, assim como acontece na vida real. Elementos da mitologia árabe, como os gênios e os demônios (ou djins), metamorfos e vampiros, além do universo alternativo, são muito bem explorados.
As descrições acerca do cenário e dos personagens, incluindo roupas, comidas, interações e afins, são de uma riqueza imensa. Há menção sobre a cultura e os costumes do povo mostrando como é a vida do outro lado e senti que a autora faz uma crítica bem leve em cima de vários preconceitos, como censura, racismo, discriminação, xenofobia, religião e etc mas ainda sem levar para o lado polêmico da coisa, muito pelo contrário. Essa questão fica implícita na reação dos personagens a certas situações ou injustiças que sofrem. Religião e fé fazem parte da história mas sem a menor intenção de pregar algo aos leitores, mas, sim, como uma forma de expressão dos personagens.

Recomendo para quem gosta de fantasia com um toque geek, e pra quem quer ler sobre um jovem que está disposto a dar o seu melhor em seu propósito, abrindo os olhos e o coração do leitor para um mundo de inúmeras possibilidades carregado de esperanças para um futuro melhor. Leitura irresistível e imperdível.

5 comentários

  1. Achei a proposta desse livro super interessante! Adoro livros sobre a cultura árabe e afegã e misturar isso com bom humor e adrenalina é a combinação perfeita. Nunca tinha ouvido falar do livro, mas depois da sua resenha já vou colocar na minha listinha (enorme) de desejados hihi.
    Beijinhos


    paixaodeleitora.blogspot.com

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  2. Parece bem interessante, eu tenho procurados livos que fujam da visão ameri-eurocêntrica ultimamente e, principalmente, quero dar uma chance para a literatura fantástica escrita por mulheres esse ano. Muito obrigada pela dica.

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  3. Flávia,

    Eu gostei da resenha, bem esclarecedora, sobretudo, para quem, como eu, não conhecia nem a sinopse do livro rsrsrsrs. Então eu amo conhecer sobre as culturas de outros países e me pareceu fascinante esta parte, mas no geral não sei se é um livro que eu leria - do tipo, comprar esse livro para ler, sabe? Acho que o leria, sim, se o ganhasse ou tivesse a oportunidade de pegar emprestado...

    xoxo
    Mila F.
    @camila_marcia
    www.delivroemlivro.com.br/

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  4. Oi Flávia, tudo bem?
    Adorei sua resenha, fiquei bastante curiosa!!!
    Beijos.
    http://www.garotadolivro.com/

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