Que tal Esta Noite? - Bridie Clark

8 de maio de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: Que Tal Esta Noite? - Pense Rápido #1
Autora: Bridie Clark
Editora: Verus
Gênero: Juvenil
Ano: 2015
Páginas: 204
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Esta noite vai acontecer a melhor festa do ano, a Sonho de uma Noite de Inverno, nos bosques gelados nos arredores da Academia Kings, a escola de elite onde você foi admitida com uma bolsa de estudos. Suas amigas também vão, e vocês precisam estar impecáveis! Mas o que você vai fazer com a sua paixão secreta pelo namorado da sua melhor amiga? E quando o seu melhor amigo se declara para você, que atitude tomar?
Nesta história cheia de festas, amizades e glamour, você é a personagem principal e deve decidir que caminho seguir. Você prefere ser uma baladeira e se divertir com suas amigas sem pensar nas consequências, ou a estudante responsável que tira as melhores notas e garante um futuro brilhante?
Escolhas devem ser feitas rapidamente, e você terá de decidir que riscos correr para conseguir status social, aventuras, sucesso e amor.

Resenha: Que tal esta noite? escrito pela autora Bridie Clark e publicado pelo selo Verus do Grupo Editorial Record é um livro juvenil e com proposta interativa onde o leitor, ou melhor, a leitora, e no caso eu, sou a protagonista da história. Tudo começa quando estou cansada da cidade onde moro pois, ao que tudo indica, nunca serei alguém na vida se continuar lá. Como tenho ambições, me inscrevo na Academia Kings, um colégio interno do ensino médio da elite que prepara estudantes para as maiores e melhores universidades do país. Me inscrevo em segredo, afinal, não sei qual seria a reação dos meus pais ao saberem que sua única filha sairia de casa. E pra minha surpresa, quase morro do coração quando recebo a carta de que fui aceita. Chegando no campus de mala e cuia, me deparo com amigos que não combinam em nada comigo, afinal, me visto mal, me acho estranha e fico deslumbrada com a beleza das minhas amigas descoladas, além das situações das quais devo fazer escolhas, e o rumo da historia, assim como meu destino, muda de acordo com o que eu decidir.

Parece legal, né? Seria... se não fosse pelo fato de que as garotas parecem universitárias pau d'água e promíscuas, preocupadas em fazer pactos de sangue, viciadas em álcool - e algumas em drogas -, que gostam de se vestir de um jeito vulgar pra chamar atenção dos garotos e ainda deliram por um professor de 29 anos na cara, parecido com Taylor Lautner e com a incrível fama de pegador de alunas. Mas espere... Temos 14 fucking anos de idade!!! Estamos no ensino médio! Por que diabos levamos uma vida dessas e com pessoas que acham isso normal, legal e saudável???

Eu acredito que a história teria um outro nivel e teria um pouco mais de nexo se o cenário fosse um campus universitário onde o povo estivesse com no minimo 17 anos. Seria mais compreensível e aceitável, mas diante desses pontos incoerentes que não condizem com essa realidade escolar, fora a completa falta de noção em alguns trechos que não fazem o menor sentido, é um livro dispensável. Pela sinopse acreditei se tratar de algo mais real e divertido mas me enxerguei tendo que fazer escolhas me baseando em situações das quais jamais estaria por serem impossíveis.
É possível optar por decisões que julgamos mais corretas ou mais erradas, seja por serem escolhas que realmente faríamos ou só de zoação pra ver o que acontece, e eu, particularmente, fui escolhendo o que achei conveniente de acordo com a situação em que me encontrava.

Eis minha historia:
Para ir ao Sonho de uma Noite de Inverno, a festa bombástica que inaugura o inicio das aulas, comecei topando o pacto de sangue proposto por minhas amigas, mesmo tendo pavor da visão que o sangue me causa (e aqui entra a lembrança traumática e vaga que envolve meu primo, um tapete de escorregar com água e uma posição suspeita, mas em momento algum houve quaisquer detalhes sobre esse episódio na minha vida, o que me faz pensar que sofro de um caso grave de amnésia). O pacto, supostamente, me faria ter sorte no amor, mas não sei se acredito já que durante o ritual estávamos bebendo tequila...

Ao chegar a noite, que é o período em que tudo se passa, entre ficar em casa e sair com minhas amigas pra festa, decido ficar em casa com Walter, que se tornou meu amigo quando fomos eleitos como representantes do Conselho Estudantil e entramos para o comitê antidrogas (mesmo que eu não tenha a menor noção de quando e como isso aconteceu, já que ninguém mencionou nada sobre isso antes e eu acabei de entrar na escola).

Mas, Walter está com a prima famosa, Hunter, e enquanto o empresário dela enlouquece pelo telefone por ela ter sumido e a ameaça sabe-se lá Deus de quê, somos convidados a ir a Nova York com ela. Chegamos numa boate top frequentada por celebridades do mais alto nível e sinto que estou arrasando, principalmente quando os garçons me oferecem várias taças de Martinis. E em meio aquela euforia, começo a sentir uma queda por Walter, mesmo que antes eu pensasse bastante no namorado da minha melhor amiga (oi?)... Ainda não sei se é recíproco, mas entre cortar esse barato ou investir numa dança que resultaria num beijo gostoso, optei pela segunda opção. Descubro que Walter se interessa por mim e depois dessa noite glamourosa e mágica, voltamos pro campus fazendo o possível pra não sermos vistos. Quebramos o toque de recolher e poderíamos ser expulsos mas tudo deu certo... Até a manhã do dia seguinte quando esfregam um jornal na minha cara com fotos da gente na boate. Apesar das minhas amigas terem morrido de inveja e quererem saber todos os detalhes, se isso caísse nas mãos do diretor eu estaria ferrada... Se eu vou me livrar do problema ou não, não conto pra não dar spoiler sobre esse final, mas com isso chegamos ao fim. Sim, fim. The end.

Como pode um evento desse nível na vida de alguém com míseros 14 anos? Tentei não ser uma santa careta ao mesmo tempo que procurava não ir pelo caminho mais tosco e sujo, mas qual a real necessidade de haver tanta bebida ou situações das quais uma garota dessa idade não se encaixa? Fiquei tão abismada que fui dar um jeito de ler o livro em inglês pra saber se se tratava de erro na tradução ou o quê, já que teimosia faz parte do meu ser, e pro meu alívio, mas não pra minha surpresa, até mesmo porque a autora vive frisando que somos menores de idade, a tradução está impecável.

O que torna a ideia do livro um pouco melhor é justamente a interatividade, a narrativa em segunda pessoa que coloca o leitor como protagonista, o fato de que há vários caminhos a se seguir abrindo diversas possibilidades pro destino de quem ousar a embarcar nessa, mas ao que tudo indica, tudo sai do contexto e da realidade adolescente, da idade e do que diz respeito a esse ambiente escolar que, inegavelmente, é voltado pra um público um pouco mais "maduro". E se você não gostar do final, pode reler fazendo outras escolhas e se deparar com outro final.

A parte impressa é bem caprichada, a capa é simples mas bonitinha e não encontrei erros de revisão. Os "snapshots", ou seja, as situações para as quais sou levada no decorrer da leitura, são bem curtinhos e o livro acaba sendo lido em questão de minutos. Um ponto a favor pra quem quer reler.

Talvez se ignorarmos a questão da idade, fingirmos sermos mais velhas e não nos importarmos com esses detalhes politicamente incorretos, seja possível aproveitarmos melhor esse "jogo" de fazer parte de uma história que a autora nos propõe, mas foi algo que pra mim não funcionou muito bem...

2 comentários

  1. Li o livro 5 vezes e vivi inúmeras possibilidades. Gostei disso. Mesmo que o livro mostre cenas meio chocantes para a idade das garotas, ele propõe uma certa reflexão do que é certo e do que é errado.
    Acredito que poderia ser melhor, mas não foi tão ruim assim.

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  2. Li o livro 5 vezes e vivi inúmeras possibilidades. Gostei disso. Mesmo que o livro mostre cenas meio chocantes para a idade das garotas, ele propõe uma certa reflexão do que é certo e do que é errado.
    Acredito que poderia ser melhor, mas não foi tão ruim assim.

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