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Sempre Vivemos no Castelo - Shirley Jackson

8 de janeiro de 2019

Título: Sempre Vivemos no Castelo
Autora: Shirley Jackson
Editora: Suma de Letras
Gênero: Mistério
Ano: 2017
Páginas: 200
Nota:★★★★☆
Sinopse: Merricat Blackwood vive com a irmã Constance e o tio Julian. Há algum tempo existiam sete membros na família Blackwood, até que uma dose fatal de arsênico colocada no pote de açúcar matou quase todos. Acusada e posteriormente inocentada pelas mortes, Constance volta para a casa da família, onde Merricat a protege da hostilidade dos habitantes da cidade. Os três vivem isolados e felizes, até que o primo Charles resolve fazer uma visita que quebra o frágil equilíbrio encontrado pelas irmãs Blakcwood. Merricat é a única que pressente o iminente perigo desse distúrbio, e fará o que for necessário para proteger Constance. Sempre vivemos no castelo leva o leitor a um labirinto sombrio de medo e suspense, um livro perturbador e perverso, onde o isolamento e a neurose são trabalhados com maestria por Shirley Jackson.

Resenha: Os Blackwood são uma família endinheirada e bem esquisita, e nunca foram bem vistos no vilarejo onde moram. Cochichos e fofocas sempre rodearam esta família peculiar, mas as coisas pioraram quando a filha mais velha, Constance, foi acusada de matar quase toda a família envenenada. Constance foi inocentada mais tarde, mas deixou de sair de casa, passou a sofrer de agorafobia, e quem ficou responsável por ir até a cidade para fazer compras da casa foi Merricat, a irmã de dezoito anos, já que Tio Julian não sai de casa por ser paraplégico e esclerosado. E toda semana, quando Merricat vai até a cidade para fazer compras ou visitar a biblioteca, ela ouve várias ofensas de todo tipo de gente maldosa que vive na cidade, e seu ódio é tanto que o mínimo que ela deseja para todos eles é a morte. Ela só quer viver feliz com seu gato, sua irmã e seu tio sem que nada nem ninguém atrapalhe.
Até que um dia, o primo Charles aparece na residência, quebrando aquele frágil equilíbrio que resistiu a tanta hostilidade, e ele logo começa a ditar ordens. Merricat, pressentindo o perigo e convencida de que ele está acabando com a alegria de todos, vai fazer qualquer coisa para defender a irmã.

A narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista fantasioso, imaturo e nem um pouco confiável de Merricat. Embora ela tenha dezoito anos, a impressão que fica é que se trata de uma criança de cinco anos de idade contando o que está acontecendo sem que tenha um pingo de credibilidade.
Merricat é cheia de manias absurdas e irritantes, vive sonhando acordada, e seu único intuito é o de manter a harmonia na casa a qualquer custo.
Parte da narrativa é feita por tio Julian, que vai contar o que aconteceu com a família, mas as lembranças dele são tão confiáveis quanto as da protagonista. Assim vamos acompanhando a rotina da família que precisa ser mantida a qualquer custo, o quanto Merricat odeia e amaldiçoa cada morador do vilarejo, o quanto se preocupa com a irmã, suas desconfianças com a presença do primo Charles, suas simpatias e rituais de proteção para cuidar da casa e da família e afastar as outras pessoas de suas vidas, e a dúvida que todos tem: Quem matou os Blackwood?

Há alguns pontos questionáveis, como por exemplo, a reação das pessoas diante de algo feito por Merricat quando anteriormente ela só estava pensando em fazer algo, ou a ideia dela passar um tempo na biblioteca mas nunca estar lendo nada, ou até elementos sobrenaturais que parecem estar alí sem um sentido maior. Já o mistério que cerca a história, e os dramas que as meninas vivem por causa da tragédia e também por serem consideradas diferentes é, sim, interessante. Por esse ponto vemos um pouco do lado de quem se sente rejeitado e excluído da sociedade, por mais maluca que essa pessoa seja.

Como o livro é fininho, não é possível contar muito mais sem que spoilers sejam dados, mas posso dizer que a autora soube, sim, inserir boas doses de terror na história com intenção de causar incômodo e perturbação, mas a ideia do amor entre irmãs estar alí, fazendo com que elas tirem forças sabe-se lá de onde para cuidarem uma da outra já que não podem contar com mais ninguém, é simplesmente adorável. Até onde alguém vai para proteger e manter próximo quem se ama?
O fato dos personagens terem comportamentos estranhos, dificilmente vão conquistar a simpatia dos leitores, mas talvez a boa ideia de Shirley Jackson tenha sido exatamente essa, fugir de estereótipos de mocinhos e vilões para trazer personagens irritantemente interessantes.

Pra quem gosta de narrativas poéticas e diferentes, com toques de terror, mistério e humor negro, é leitura mais do que indicada.

Fogo & Sangue - George R.R. Martin

6 de janeiro de 2019

Título: Fogo & Sangue - Fogo & Sangue #1
Autor: George R.R. Martin
Editora: Suma de Letras
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 598
Nota:★★★★☆
Sinopse: Séculos antes dos eventos de A guerra dos tronos, a Casa Targaryen – única família de senhores dos dragões a sobreviver à Destruição de Valíria – tomou residência em Pedra do Dragão. A história de Fogo e sangue começa com o lendário Aegon, o Conquistador, criador do Trono de Ferro, e segue narrando as gerações de Targaryen que lutaram para manter o assento, até a guerra civil que quase destruiu sua dinastia.
O que realmente aconteceu durante a Dança dos Dragões? Por que era tão perigoso visitar Valíria depois da Destruição? Qual é a origem dos três ovos de dragão que chegaram a Daenerys? Essas são algumas das questões respondidas neste livro essencial, relatadas por um sábio meistre da Cidadela.
Ricamente ilustrado com mais de oitenta imagens em preto e branco assinadas pelo artista Dough Wheatley, Fogo e sangue dará aos leitores uma nova e completa visão da fascinante história de Westeros – um livro imperdível para os fãs do autor.

Resenha: Pra quem acompanha, a história dos livros (e da série de televisão), são eventos que se passam trezentos anos depois dos acontecimentos de Fogo & Sangue, primeiro livro de uma duologia (?) que funciona como prequel de A Guerra dos Tronos, contando fatos históricos e relatos narrados por meistres, septões e outras testemunhas acerca dos governos dos reis dragões antigos, cada um com seu ponto de vista, se iniciando por Aegon, até Aegon III, seu sexto sucessor, que sentou-se no Trono de Ferro cento e trinta anos após Aegon e suas irmãs terem chegado em Westeros. Aegon, o Conquistador, foi o responsável por unir os Sete Reinos, mudando a história de Westeros para sempre.

Assim, por quase trezentos anos, a Casa Targaryen, tão amada quanto temida pelo povo, dominou os Sete Reinos e ocupou o tão famoso e cobiçado Trono de Ferro, e vamos acompanhar a história das guerras que foram travadas para que o primeiro rei dragão tomasse o trono. São histórias voltadas à Casa Targaryen e seus governantes, desde os mais cruéis até os mais loucos.

Narrado em terceira pessoa, a leitura me lembrou muito O Silmarillion, de Tolkien, pois é um livro com intuito de fornecer dados históricos ricamente detalhados para uma maior compreensão das origens dos personagens e da situação a que chegou Westeros em as Crônicas de Gelo e Fogo. Vários capítulos trazem informações contidas em outras obras desse universo, como O Mundo de Gelo e Fogo, Mulheres Perigosas, o Príncipe de Westeros e afins, então não é uma leitura inteiramente nova. Quem consome todas as obras desse universo, principalmente aqueles que bolam teorias mirabolantes, provavelmente vai ler já sabendo de muita coisa do que foi narrado aqui, e por outro lado, quem lê ocasionalmente, vai encontrar informações úteis, mas não com a mesma narrativa fluída da série principal. Vários pontos são um pouco cansativos, por mais interessante que a construção de mundo e os feitos bons ou ruins dos grandes personagens sejam, pois não há um enredo propriamente dito, mas sim a cronologia completa dos fatos e nomes estranhos de personagens, que costumam ser iguais preservando esses nomes através das gerações.




O projeto gráfico do livro é super caprichado. Embora as letras sejam pequenas e a margem um pouco espremida dando aquela impressão de blocos maciços de texto, o que já é algo comum em qualquer obra do autor devido ao tamanho, o livro é cheio de ilustrações lindas e super realistas, e isso torna a obra ainda mais rica.

Não posso negar que foi muito gratificante acompanhar a jornada do Rei Jaehaerys I. Ele subiu ao trono em seus quatorze anos e governou os Sete Reinos por cinquenta anos juntamente com Alysanne, sua amada esposa - e irmã. Sim, é costume que os Targaryen praticassem incesto para manter a linhagem pura, o que explica suas características físicas (Daenerys quem o diga). Não digo que não seja algo repugnante, mas deixando a leitura fluir e tendo noção de que as coisas eram assim naquela época por um determinado motivo, a gente acaba se acostumando. A história de amor deles também é muito bonita, principalmente quando eles chegam na Pedra do Dragão junto com seus dragões, e fica bem evidente que embora Aegon tenha conquistado as terras, foi o casal Jaehaerys e Alysanne que moldaram e tornaram os Sete Reinos mais civilizado.

Enfim, recomendo o livro para os fãs mais aficionados e que realmente gostem de acompanhar todos os detalhes que envolvem esse universo fantástico - e com dragões maravilhosos - criado pelo autor. É uma leitura pra todos aqueles que tem interesse em aprofundar seus conhecimentos acerca do mundo e da história, com ação, magia, intriga e vários relatos bem emocionantes.

Ah, e não posso deixar de falar que ler qualquer coisa escrita por George R.R. Martin é preciso desapego total de qualquer personagem que seja, não importa quem é, de onde veio, o que faz, pra onde vai, como vive... Preparem os corações.


O Destino de Tearling - Erika Johansen

12 de novembro de 2018

Título: O Destino de Tearling - A Rainha de Tearling #3
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2018
Páginas: 360
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Desde que assumiu o trono de Tearling, Kelsea Glynn passou de princesa inexperiente a rainha destemida. Sua busca por justiça fez com que todo o reino mudasse com ela, mas quando os inimigos que fez ao longo do caminho ameaçam destruir seu povo, ela toma uma decisão inimaginável: se rende à Rainha Vermelha em troca de salvar Tearling. Sem as safiras, sem seus homens de confiança e trancafiada em Mortmesne, Kelsea precisa de novo recorrer ao passado, às experiências de mulheres que viveram antes dela, buscando em suas histórias a saída para uma situação impossível. O jogo está para terminar, e o futuro de Tearling será revelado de uma vez por todas.

Resenha: Numa tentativa de salvar o reino de Tearling, Kelsea se entrega à Rainha Vermelha e deixa Clava como governante do seu povo. Kelsea agora é prisioneira em Mortmesne, e, mesmo sem as joias, continua desenvolvendo seus poderes. Os reinos estão se enfrentando e todos estão sobre diversas conspirações que podem por tudo em risco. Agora ela precisa recorrer ao passado para buscar nas histórias das mulheres que viveram antes delas respostas que possam ajudá-la a salvar todo o reino.

Confesso que eu andava numa vibe tão boa com as minhas últimas leituras, e, considerando que eu gostei demais dos livros anteriores a este, eu esperava um final totalmente destruidor, daqueles que deixam uma ressaca tão braba que só uma dose cavalar de Meg Cabot pode curar, mas, embora o livro tenha, sim, alguns pontos muito positivos, o que a autora decidiu fazer aqui foi a coisa mais WTF que eu já me deparei em toda minha vida literária. Vamos primeiro aos pontos positivos, porque tenho que reconhecer que, apesar da minha reação, o livro não foi um fracasso total e teve seus méritos. Poucos, mas teve.

O feminismo e a forma como ele foi trabalhado na trama é algo super válido e importante, principalmente nos dias de hoje quando o assunto, querendo ou não, ainda é um tabu nessa sociedade lixo que vivemos. A representação feminina é tão forte quanto admirável, e os tópicos que a história levanta sobre abuso, cultura do estupro, controle de natalidade, autoaceitação da própria imagem, corrupção e afins são responsáveis por várias reflexões relevantes. Por mais que as mulheres tenham uma vida difícil, sejam abusadas, sofram humilhações de todo tipo e ainda sejam dominadas, elas conseguem  demonstrar o quanto podem ser fortes e corajosas.

Outra coisa é que a trama em si, embora seja uma fantasia, tem muitas semelhanças com a realidade e em alguns pontos a coisa chega a ser bem assustadora. A autora não poupa esforços em fazer críticas sociais, religiosas e políticas, mostrando que algumas ideologias e crenças simplesmente não dão certo quando quem está no poder quer continuar no poder. Não vou me aprofundar nessas questões pois minha visão política e religiosa não vem ao caso, mas basicamente a igualdade é pro povo, geralmente estando bem miserável, e quem está no poder sempre estará se aproveitando e tendo muito mais privilégios.

Acho que o ponto que salvou boa parte da história pra mim, pela mensagem que passa, foi a ideia de que embora pais e filhos estejam ligados pelo sangue, isso não significa que seja obrigatório existir uma conexão entre eles. Não é por que mãe ou pai são uns trastes que fazem coisas horrendas e condenáveis, que o filho também vai seguir os mesmos passos, por "herança". Há toda uma luta pessoal de Kelsea contra isso e isso, sim, me marcou bastante pois ela é uma personagem ótima, e tem tantas qualidades quanto defeitos. Isso é um ponto positivo, pois ninguém pode ser tão bom ou tão ruim, mesmo que tenha sido mal utilizada dessa vez. As pessoas sempre são motivadas por alguma coisa, e isso depende de uma formação pessoal ou de uma concepção bem íntima que não cabe a ninguém julgar. A forma como ela foi construída e desenvolvida ao longo da história, sua moral cheia de ambiguidades, tudo isso só provou o quanto ela é humana, e o quanto aprendeu com os próprios erros. Talvez o final, se analisado de uma forma mais abrangente, possa ser encarado como bom, pois ela não pensava duas vezes em abrir mão do que fosse pensando num bem maior, mas não foi suficiente para reparar os buracos e tudo que a autora desprezou sem mais nem menos. Foram tantos elementos tão bons criados pra no final das contas nada ter ligação com nada.

Não sei se foi só comigo, mas eu fiquei com uma mega impressão de que esse livro foi escrito sem o devido cuidado, com situações avulsas que simplesmente não se encaixam em lugar nenhum, e outras que nem deveriam estar alí. A sensação é de que a autora tinha tudo nas mãos pra dar um desfecho perfeito, bastava trabalhar um pouquinho pra amarrar as pontas soltas, mas preferiu ir pelo caminho mais fácil, entregando uma peruca colorida e uma bolota vermelha pra todos nós usarmos no nariz. E sabemos que o caminho mais fácil nem sempre é o melhor, convenhamos...
Muitas das questões que haviam sido levantadas anteriormente e que pareciam ser cruciais para uma futura resolução satisfatória, ou tiveram respostas irrisórias, ou simplesmente foram descartadas e esquecidas como se não fossem nada.

Minha decepção maior se deu por ter acreditado na história, que anteriormente havia dado a entender que esta trilogia seria uma das melhores que já tive o prazer de ler, independente se fosse feliz ou trágico, e me enchi de expectativas e esperanças pra algo realmente grandioso e memorável. Não vou entrar em detalhes sobre cada personagem pra não deixar a resenha muito extensa, mas a sensação foi a de que algo estava errado, eles estavam muito distantes do que foram, e até mesmo a própria Kelsea serviu de muleta em várias situações de forma bem conveniente.
Eu depois de terminar esse livro
Enfim, a sensação que ficou no final dessa leitura foi de eu ter caído numa cilada, Bino. Recomendei os outros livros, feliz da vida, crente que a coisa toda só iria melhorar porque realmente tudo que a autora tinha feito era genial, mas agora preciso abrir meu coração e ser muito sincera em dizer: não percam tempo. Acho que seria um pouco arriscado, e até hipócrita, recomendar uma trilogia que nos deixa envolvidos de corpo e alma nos dois primeiros volumes, mas que no final não nos dá nenhuma recompensa, e tudo acaba tendo sido em vão... Me desculpem, mas não...

A Invasão de Tearling - Erika Johansen

20 de outubro de 2018

Título: A Invasão de Tearling - A Rainha de Tearling #2
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★★★
Sinopse: Kelsea Glynn é a rainha de Tearling. Apesar de ter apenas dezenove anos e nenhuma experiência no trono, Kelsea ficou rapidamente conhecida como uma monarca justa e corajosa. No entanto, o poder é uma faca de dois gumes. Ao interromper o comércio de escravos com o reino vizinho e tentar conseguir justiça para seu povo, ela enfurece a Rainha Vermelha, uma feiticeira poderosa com um exército imbatível. Agora, à beira de ver o Tearling invadido pelas tropas inimigas, Kelsea precisa recorrer ao passado, aos tempos de antes da Travessia, para encontrar respostas que podem dar ao seu povo uma chance de sobrevivência. Mas seu tempo está acabando...

Resenha: Depois de ter perdido a mãe e vivido por dezenove anos escondida sob os cuidados de seus tutores, a princesa Kelsea precisou retornar ao reino de Tearling para assumir seu lugar no trono como rainha. Não seria uma tarefa fácil, visto que o atual regente, seu tio, não estava disposto a abrir mão do poder a ponto de contratar mercenários para "cuidar" da garota. Mas, mesmo se sentindo despreparada, Kelsea não iria desistir do seu destino, e se tornar uma rainha determinada, corajosa e justa com o povo não seria uma opção. Assim, quando ela começa a tomar algumas decisões em prol do reino e rompe um acordo com o reino vizinho, a temida e poderosa Rainha Vermelha fica enfurecida e prestes a invadir Tearling com seu exército imbatível sem que haja chances de se defenderem. Agora, resta a Kelsea buscar informações e respostas sobre as origens de seu reino, pois ela acaba se dando conta de que para mudar o futuro, deve conhecer um passado de séculos atrás, do período anterior à Travessia (a viagem a navio que foi feita quando o continente foi deixado pra trás em busca de um mundo melhor), pois isso pode ser a chave para a sobrevivência de todos.

Diferente do primeiro livro que serviu para introduzir o leitor ao universo criado pela autora, talvez por já estarmos situados ao cenário, este já traz uma narrativa com um tom diferente, com uma trama ainda mais complexa e cheia de camadas. Elas vão formando ligações fantásticas e amarrando várias pontas no desenrolar da história fazendo as coisas se encaixarem de forma surpreendente. Umas das questões que ficou em aberto no primeiro livro sobre o motivo da sociedade viver numa era medieval em pleno futuro é trabalhada, e eu adorei as explicações dadas. Até então, o leitor só sabia que o mundo anterior era como o nosso, mas alguma coisa aconteceu e as pessoas começaram a deixar tudo pra trás, embarcando em navios e levando toda a tecnologia que pudessem rumo a algum lugar. Porém, durante essa Travessia, houveram naufrágios e tudo se perdeu, o que levou as pessoas a regredirem, viverem sem tecnologia e maiores recursos e retornarem a monarquia na tentativa de manter a ordem. Não vou me estender sobre essa questão pois a graça é descobrir o que a autora reservou pra gente, mas posso afirmar que partindo de como esse passado é abordado e exposto, nossa visão acerca desse universo começa a se moldar de acordo com o avanço das explicações, e começamos a encarar a história de uma forma muito mais positiva e interessante, principalmente quando percebemos que a quantidade de caminhos que podem ser seguidos, a partir dessas informações sobre o passado, aumenta bastante.

Embora a história seja interessante, super envolvente e ganhe um ritmo frenético com passagens que se alternam entre passado e presente e sob os pontos de vistas de  Kelsea e Lily, a forma como a diagramação do livro foi feita acaba tornando a leitura um pouco cansativa. Os capítulos são muito longos, dispostos em blocos de textos maciços e não possuem um espaçamento legal entre parágrafos que permita com que o leitor dê uma respirada.

Vamos acompanhando o passado sofrido da misteriosa Lily, uma mulher que aparece nas visões de Kelsea e a afeta diretamente, assim como o momento presente que está ameaçado pela Rainha Vermelha.
Inicialmente é incômodo acompanhar os acontecimentos vividos por Lily e a sensação é de estar num looping. Ela viveu numa época em que as mulheres eram oprimidas e foi revoltante acompanhar tantas agressões que ela sofria nas mãos daquele marido odioso. Num primeiro momento isso não parece ter a ver com a história, mas, com o desenrolar dos fatos, as coisas começam a se encaixar e entendemos o motivo dessa parte tão comovente quanto assustadora da vida dela ser abordada.

Kelsea também agrada bastante como protagonista, tanto por, inicialmente, não ter a aparência estereotipada de alguém da realeza, o que traz um diferencial à trama, quanto por suas atitudes nada convencionais de se resolver as coisas. Pode ser contraditório, mas ela faz o que acredita ser o certo, mesmo que, às vezes, não esteja certa. O fato de sua aparência ter começado a mudar para que ela, aos poucos, fosse ficando mais bonita e esbelta, quando ela não era assim, foi bem desnecessário e isso não me agradou muito. Talvez isso tenha um propósito no futuro, então nessa parte vou dar um voto de confiança pela autora, pois ela merece depois de tudo o que ela criou. Mas fora isso, é bem bacana acompanhar sua evolução como rainha, a forma como ela vai amadurecendo e adquirindo mais sabedoria para resolver e lidar com as questões do reino, mas é ainda mais gratificante acompanhar a descoberta da mulher que ela está se tornando. Ela é uma das heroínas imperfeitas mais perfeitas que tive o prazer de acompanhar.

Enfim, este livro ficou livre da "maldição do segundo volume" e é uma sequência criativa, empolgante e que supera o anterior, e pra quem gosta de histórias com cenários bem diferentes dos habituais, que envolvem conquistas e batalhas em busca do poder, e ainda traz personagens empoderadas e únicas, é leitura obrigatória.

Novidade de Agosto - Suma de Letras

21 de agosto de 2018

Celular - Stephen King

Em Celular, King leva o medo da tecnologia e do terrorismo digital às últimas consequências. De uma hora para outra, telefones celulares se tornam os responsáveis pelo apocalipse, ao apagar do cérebro de milhões de pessoas qualquer traço de humanidade, deixando no lugar apenas violência e impulsos destrutivos.
Aqueles que não possuem um celular, como o artista gráfico Clayton Riddell e seu pequeno grupo de normies - pessoas que não sofreram o ataque -, agora lutam por sobrevivência. Enquanto batalha para chegar a um lugar seguro e reencontrar sua família, Riddell se vê cada vez mais rodeado por caos, carnificina e uma horda terrível de humanos que foram reduzidos aos instintos mais básicos... mas que parecem estar começando a evoluir.

Novidades de Julho - Grupo Companhia das Letras

16 de julho de 2018

Companhia das Letras

A um passo - Elvira Vigna
Considerada uma das maiores escritoras brasileiras contemporâneas, Elvira Vigna costumava declarar que A um passo era seu romance preferido. O livro fragmentado e bastante experimental foi publicado originalmente em 1990, com o título A um passo de Eldorado, e depois teve uma nova edição, com uma série de mudanças — inclusive o título —, em 2004. A obra é pouco conhecida e passou despercebida pela imprensa à época, razão pela qual Vigna dizia tê-la como favorita.
Nos capítulos curtos, cada personagem conta a história do outro, tornando explícita as dificuldades do próprio narrar. Há um suposto crime de assassinato, em que dois amantes estariam envolvidos, e a vingança por um abuso sofrido na infância, mas são o banal e o cotidiano que irão fornecer a matéria para construir uma recusa da lógica previsível das coisas. Com sua típica ironia mordaz, a autora de Nada a dizer e Como se estivéssemos em palimpsesto de putas constrói a trama como um jogo de xadrez inusitado e fascinante.

Ciência na Alma - Richard Dawkins
Apesar de abarcar três décadas de produção escrita, este livro não poderia ser mais atual e urgente, num mundo cada vez mais irracional e hostil aos fatos. Já na sua introdução apaixonada, Richard Dawkins faz um alerta insistindo para que a razão volte a ser protagonista e que os sentimentos — mesmo aqueles que não representam coisas abjetas como a xenofobia, a misoginia e outros preconceitos — fiquem de fora das escolhas eleitorais. Em mais de quarenta ensaios, artigos, palestras e cartas, recentemente revistos pelo autor, são escrutinadas uma série de questões, entre elas a importância das evidências empíricas, e há uma crítica enfática da má ciência, da presença da religião nas escolas e de movimentos como os que negam a gravidade das mudanças climáticas. Com o ardor de sempre, o cientista defende “a verdade sagrada da natureza” e homenageia as glórias e as complexidades do mundo natural com seu virtuosismo típico.
Neste momento em que pessoas nos altos cargos dos governos questionam a evolução, Dawkins se pergunta o que Darwin pensaria de seu próprio legado e celebra a ciência, que possui muitas virtudes das religiões, mas está livre do lado negativo da superstição e do preconceito.

Dinheiro, Eleições e Poder - Bruno Carazza
Especialista em direito e economia, Bruno Carazza criou uma metodologia original para destrinchar as engrenagens do sistema político brasileiro. Para escrever Dinheiro, eleições e poder, ele compilou e cruzou um volume imenso de dados sobre doações de campanhas eleitorais, tramitação de projetos, votações e atuação parlamentar, que são contextualizados por fragmentos das delações premiadas e dos depoimentos de testemunhas ouvidas nas várias fases da Operação Lava Jato e do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.
O autor mostra como o perfil do financiamento eleitoral no Brasil foi se concentrando em grandes doadores, que seguem uma lógica estritamente empresarial – muito mais que ideológica. Baseado em dados sobre participação em frentes parlamentares, propositura de emendas e posicionamento nas principais votações, Carazza analisa como os eleitos tendem a retribuir as doações recebidas das grandes empresas. Por fim, o autor apresenta alternativas para baratear nossas eleições, combater práticas como o “caixa dois” e diminuir a influência econômica em nossa democracia.

Mac e Seu Contratempo - Enrique Vila-Matas
Mac é um entediado homem de meia-idade, desempregado, que vive às custas da mulher, ocupando seus dias com caminhadas pelo Coyote, fictício bairro de Barcelona, e com leituras paranoicas do horóscopo — que acredita conter mensagens codificadas direcionadas a ele. Como costuma ocorrer nos romances de Enrique Vila-Matas, a única saída para o protagonista é a literatura: somente os livros podem salvar Mac desta vida. É assim que surge a ideia amalucada de tentar reescrever o primeiro livro de Sánchez, um escritor de sucesso que, por acaso, é seu vizinho. O que está em jogo aqui é a ideia de repetição, e o que Vila-Matas parece assinalar é que toda escrita é repetição e que a criação literária é sempre evocação de algo que se leu um dia. A jornada literária deste personagem quixotesco arremessará o leitor num tornado de citações e de livros dentro do livro capaz de questionar os conceitos do que é escrever (e ler) literatura nos dias de hoje.

Companhia das Letrinhas

Vamos dar a volta ao mundo? - Marina Klink
O planeta Terra é muito grande. Nele há surpresas maravilhosas como rios, mares, florestas, geleiras, desertos e polos nevados. Existe muito a ser descoberto! Durantes as viagens em família, Marina Klink sempre incentivou as filhas a se divertirem enquanto aprendem sobre o meio ambiente.
Neste livro, Marina compartilha suas experiências de viagens com o leitor, que conhecerá paisagens emblemáticas, identificando alguns dos seus habitantes. Durante a leitura, é possível descobrir como é escorregar na neve na Antártica, mergulhar numa floresta escura e conhecer os bugios; aprender a reconhecer o deserto e seus habitantes e também saber a diferença entre Auroras Austrais e Boreais.
Nesta viagem ilustrada por CárcamO, é inevitável se apaixonar pelos ecossistemas e pelas espécies do planeta e aprender de maneira divertida e instigante como é importante cuidarmos da Terra.

Poemas com Macarrão - Fabrício Corsaletti
Tomar banho de chuva, ficar descalço ou de chinelo o dia inteiro, olhar um cavalo como se fosse a coisa mais linda do mundo, se imaginar mergulhando em uma piscina cheia de sorvete… E macarrão. Comer muito macarrão!
Os poemas deste livro falam sobre essas coisas que toda criança — e adulto! — gosta de fazer. Com suas rimas criativas, o premiado poeta Fabrício Corsaletti faz uma viagem pelas melhores experiências e sabores da infância, que ganham ainda mais vida com as ilustrações de Jana Glatt.



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A Louca dos Gatos - Sarah Andersen
Os quadrinhos de Sarah Andersen são para todos que precisam lidar com níveis de ansiedade cada vez mais alarmantes, que sentem que o mundo está à beira do colapso e que se esforçam para sair ao menos um centimetrozinho da zona de conforto. Ou seja, é basicamente um manual de sobrevivência para os dias de hoje.
Além de suas tirinhas sagazes e encantadoras, a autora, que já reuniu mais de 2 milhões de fãs no Facebook, traz também ensaios ilustrados com dicas para os artistas aspirantes aprenderem a lidar com críticas, ignorarem os trolls na internet e não desistirem de mostrar seu trabalho.

Graça e Fúria - Graça e Fúria #1 - Tracy Banghart
Em Viridia, as mulheres não têm direitos. Em vez de rainhas, os governantes escolhem periodicamente três graças — jovens que viveriam ao seu dispor. Serina Tessaro treinou a vida inteira para se tornar uma graça, mas é Nomi, sua irmã mais nova, quem acaba sendo escolhida pelo herdeiro.
Nomi nunca aceitou as regras que lhe eram impostas e aprendeu a ler, apesar de a leitura ser proibida para as mulheres. Seu fascínio por livros a levou a roubar um exemplar da biblioteca real — mas é Serina quem acaba sendo pega com ele nas mãos. Como punição, a garota é enviada a uma ilha que serve de prisão para mulheres rebeldes.
Agora, Serina e Nomi estão presas a destinos que nunca desejaram — e farão de tudo para se reencontrar.

Suma de Letras

Minecraft: O Acidente - Minecraft #2 - Tracey Baptiste
Bianca nunca foi muito boa em seguir regras... Sempre impulsiva e descuidada, ela aprende do jeito mais difícil que toda ação tem uma consequência, quando junto com Lonnie, seu melhor amigo, sofre um terrível acidente de carro.
Ao acordar no hospital, paralisada pelas lesões, Bianca se vê em uma realidade com a qual não está preparada para lidar. Por isso, escolhe participar da nova versão de Minecraft e mergulhar em um mundo virtual onde todos os seus desejos estão ao alcance. Ao explorar aquele universo, ela se depara com um avatar mudo e defeituoso que acredita ser Lonnie. Então Bianca se une a Esme e Anton, outros dois jovens que jogam no servidor do hospital, para salvar seu amigo.
Mas essa jornada também tem seus perigos, e eles são perseguidos por mobs que parecem gerados por seus próprios medos e inseguranças. Agora Bianca precisa lidar com todas as incertezas que a consomem: será que Lonnie está mesmo no jogo? E será possível levá-lo de volta à vida real?

A Rainha de Tearling - Erika Johansen

4 de julho de 2018

Título: A Rainha de Tearling - A Rainha de Tearling #1
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem Adulto
Ano: 2018
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Sinopse: Quando a rainha Elyssa morre, a princesa Kelsea é levada para um esconderijo, onde é criada em uma cabana isolada, longe das confusões políticas e da história infeliz de Tearling, o reino que está destinada a governar. Dezenove anos depois, os membros remanescentes da Guarda da Rainha aparecem para levar a princesa de volta ao trono – mas o que Kelsea descobre ao chegar é que a fortaleza real está cercada de inimigos e nobres corruptos que adorariam vê-la morta. Mesmo sendo a rainha de direito e estando de posse da safira Tear – uma joia de imenso poder –, Kelsea nunca se sentiu mais insegura e despreparada para governar. Em seu desespero para conseguir justiça para um povo oprimido há décadas, ela desperta a fúria da Rainha Vermelha, uma poderosa feiticeira que comanda o reino vizinho, Mortmesne. Mas Kelsea é determinada e se torna cada dia mais experiente em navegar as políticas perigosas da corte. Sua jornada para salvar o reino e se tornar a rainha que deseja ser está apenas começando. Muitos mistérios, intrigas e batalhas virão antes que seu governo se torne uma lenda... ou uma tragédia.

Resenha: A Rainha de Tearling é uma fantasia Medieval, escrita por Erika Johansen e publicada pela Suma de Letras. A história traz um diferencial pois se passa num futuro distópico onde, ao que tudo indica, a humanidade regrediu e o conhecimento ficou para trás. Tecnologia não existe mais, poucos livros ainda são encontrados e a medicina é precária.
Kelsea é uma princesa, ela não sabe porquê, mas foi enviada para longe de sua mãe, pela própria, quando ainda era um bebê. Foi então criada por Barty, um pai adotivo amoroso, e Carlin que, embora distante, ensinava tudo o que a menina precisava saber para, um dia, assumir o trono, mas era fria com a garota e o próprio marido, ela tinha pilhas de livros, eles eram sua paixão e isso fez com que Kelsea desenvolvesse um grande amor pela literatura.
A verdadeira princesa deveria ter uma marca no braço (feita quando bebê) e um colar, e ela os tinha. E assim quando a guarda da Rainha (que já havia morrido há muitos anos) foi buscar a menina, provar sua identidade não foi problema. Então, ela seguiu viagem com vários desconhecidos, deixando seus pais adotivos para trás, o que não deveria ser um problema, afinal ela foi criada sabendo que aos dezenove anos isso iria acontecer. Ela precisava assumir o Trono.
Foi uma viagem difícil, seu tio não queria deixar que ela assumisse a coroa e seu intuito era mesmo matar a garota antes que ela conseguisse chegar ao castelo. Então, viajar se escondendo não foi o melhor dos começos para a nossa princesa.
Ela precisou ser separada dos guardas, seguindo viagem apenas com Lázarus, também conhecido como Clava, por causa da arma que carregava. Então ela conhece um homem misterioso, que penso, ainda vai ter uma grande importância lá na frente!
Enfim, ela chega ao castelo, para assumir o Trono, só que seu tio não vai facilitar e os problemas de Kelsea estão só começado. Ele quer o Trono para si, Kelsea está no caminho, então, deverá ser tirada do caminho, simples assim.
A garota imaginava sua mãe, perfeita, mas vai descobrir que a coisa não é bem assim, afinal, uma mãe perfeita não abre mão da filha em prol de um trono não é??? Agora ela vai ter que decidir se vai seguir o caminho fraco e acomodado de sua mãe ou traçar seu próprio caminho.
Anos atrás a mãe da menina havia assinado um acordo com a Rainha Vermelha, uma bruxa má, "dona" de quase tudo e esse acordo acaba por despertar em Kelsea enfim, o desejo de assumir seu Trono por direito e consertar as coisas, só que isso não e fácil e ela vai descobrir isso da pior maneira possível. A guarda da Rainha, sob o comando de Clava, havia permanecido fiel à mãe e agora jura lealdade a menina, só que também não vai ser fácil conseguir tal lealdade e, lembra a joia que falei lá em cima? pois ela é bem mais do que uma joia e vai sim ajudar a então nova Rainha, mas não sem antes a meter em algumas confusões....

Se vocês pensam que contei muito da história, tudo isso se passa ainda no começo do livro, logo fica bem claro o quanto a história é fluída e dinâmica com relação aos acontecimentos.
Estava com uma expectativa enorme em torno deste livro e devo confessar que superou todas as minhas expectativas. A narrativa dinâmica da obra é surpreendente! Sério, não há momentos calmos ou parados e a ação está ali sempre, com mais ou menos ênfase, mas está sempre lá.
Se eu for contar tudo o que julgo importante fico escrevendo eternamente e ainda assim não terei contado tudo, e isso ainda sem spoiler, o livro é recheadinho de ação e acontecimentos reveladores.

Eu simplesmente amei esse livro. Não sei se vocês perceberam, mas eu não falei nada sobre um casal, é por que não há! Penso que isso vai mudar nos próximos livros e eu até tenho um candidato em mente, ou dois... Mas aqui não teve nada disso e não fez falta, porque acontece tanta coisa e tão rápido que não fez falta um par romântico.
Não confundam esse dinamismo a que eu me referi com uma coisa atropelada, pois não é, a narrativa é ótima, flui perfeitamente bem e gente não consegue parar de ler enquanto não chega a última página.
Há mistérios não solucionados, por exemplo, o pai da Kelsea não foi revelado (ah...eu também tenho um candidato, espero estar certa!), mas isso não impediu que o livro ganhasse um final, ficaram pontas soltas que mais podemos chamar de ganchos e foi isso que me deixou ansiosa pela sequência dessa história incrível.

O livro é denso, tem capítulos bem longos e há muitas descrições, e embora algumas coisas tenham ficado sem explicação, o que é de se esperar considerando que este volume é o primeiro e é mais introdutório, é super interessante e gostoso de se acompanhar. Superou minhas expectativas e vou continuar acompanhando os próximos livros. Para quem gosta de fantasias que se passam na época medieval com aquela pegada distópica, é livro mais do que recomendado!

Interferências - Connie Willis

19 de junho de 2018

Título: Interferências
Autora: Connie Willis
Editora: Suma de Letras
Gênero: Sci-Fi/Romance
Ano: 2018
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em um futuro não muito distante, um simples procedimento cirúrgico é capaz de aumentar a empatia entre os casais, e ele está cada vez mais na moda. Por isso, Briddey Flannigan fica contente quando seu namorado, Trent, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem — a ideia é que eles desfrutem de uma conexão emocional ainda maior, e que o relacionamento fique ainda mais completo. Bem, essa é a ideia. Mas as coisas acabam não acontecendo como o planejado: Briddey acaba se conectando com outra pessoa, totalmente inesperada. Conforme a situação vai saindo do controle, Briddey percebe que nem sempre muita informação é o melhor, e que o amor — e a comunicação — são bem mais complicados do que ela esperava. Mais complicado do que ela esperava.

Resenha: No embalo dos temas que envolvem o avanço tecnológico nas formas de interação e comunicação com os outros, a autora construiu uma história que aborda uma evolução a nível hard: num futuro não tão distante, a sociedade chegou num ponto onde é possível conectar casais através de uma cirurgia cerebral não invasiva para aumentar a empatia e para que se sintam mais próximos um do outro, podendo compartilhar seus sentimentos. Eles, literalmente, são capazes de sentir o que o outro está sentindo. E como toda novidade vira moda, todos os casais agora querem entrar na onda e se conectarem com seus parceiros para mostrarem como o amor é lindo e suas ligações são intensas.
Assim, Briddey acaba cedendo quando Trent, seu namorado, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem para potencializarem ainda mais a conexão emocional que possuem. O que ninguém esperava era que ela, sem querer, se conectasse a outra pessoa e, a partir daí, começasse a perceber que nem sempre o excesso do uso dessas modernidades é algo simples de lidar ou até mesmo benéfico para a vida, principalmente quando fica evidente que é impossível abrir mão desses recursos... A situação, claro, vai sair do controle e resta acompanhá-la para descobrir o que vai acontecer...

Narrado em terceira pessoa, o livro tem aquela pegada bem envolvente e descontraída ao mostrar um relacionamento comum, porém com o diferencial da tecnologia como fator chave para o desenvolvimento tanto da história como dos próprios personagens, ao mesmo tempo que acaba fazendo uma crítica social e inteligente sobre os malefícios da exposição e excesso do uso dos meios de comunicação. É impossível não nos colocarmos do lugar da protagonista, ou pelo menos não se lembrar de alguém que conhecemos, que passa pelos mesmos mau bocados absurdos e exagerados que ela. A cobrança e a impaciência pela espera de uma resposta que não chega, a dependência e a necessidade de se trocar mensagens com outra pessoa como se a vida dependesse daquilo.

A família de Briddey é um completo Deus nos acuda. Por prezarem pelo tradicionalismo, ai da filha que não seguir os passos que a mãe acha ser o melhor pra ela, inclusive se casar com um bom partido para garantir uma vida confortável, mesmo que aquilo não seja o que a fará feliz ou o que ela quer. Pior que sabemos que famílias tão intrometidas e invasivas como a de Briddey, que acham que podem tomar decisões pelos outros ou que suas opiniões são a verdade absoluta, existem a solta por aí em todo lugar do mundo. Eles não respeitam o espaço nem a privacidade da coitada/ e precisam saber de cada passo dado por todos. Isso, somado aos estilos engraçados e cativantes dos diversos personagens, rende alguns momentos de bom humor na trama, mas não deixa de ser incômodo, principalmente por ser algo que foge da ficção. O que acaba agravando a situação toda é que a protagonista não parece ter voz e aceita tudo o que lhe é imposto de forma muito fácil, ignorando o que ela mesma quer, e até o romance se torna algo surreal, forçado, clichê, e acaba não convencendo.

De forma geral, a premissa é interessante e aborda um tema relevante nos dias de hoje que é digno de reflexão, mas o desenvolvimento da história em si, as soluções que a autora encontra para resolver as coisas, as várias situações repetitivas, as reviravoltas que deixam várias pontas soltas, e o excesso de descrições e informações que parecem só estarem ali para aumentar a quantidade de páginas do livro e estendendo a história além do necessário, acabaram não me fazendo gostar tanto dele como eu imaginei que fosse. Não é um livro ruim, longe disso, mas uma enxugada no que estava sobrando seria algo bem-vindo.

Interferências é uma comédia romântica com toques de ficção científica que mostra como a era digital acaba por interferir - e substituir - o contato pessoal. A experiência com a leitura é válida e mesmo tendo seus pontos negativos é recomendada.


La Belle Sauvage - Philip Pullman

11 de janeiro de 2018

Título: La Belle Sauvage - O Livro das Sombras #1
Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 434
Nota:★★★★★
Sinopse: Malcolm e seu deamon, Asta, têm onze anos e vivem na estalagem A Truta, perto de Oxford. Do outro lado do rio, fica o convento de Godstow. Certo dia, Malcolm entreouve que as freiras estão recebendo uma nova hóspede: uma bebê chamada Lyra. O encanto que ele sente por ela é quase imediato, e sua curiosidade é aguçada pelo fato de que outras pessoas - importantes e perigosas - também parecem interessadas na criança.
Malcolm pode não saber por que Lyra é importante, mas quando uma tempestade desaba e inunda o país, ele precisa tomar uma decisão rápida para salvar a vida dela. Com a chuva caindo e as ruas da cidade transformadas em rios, Malcolm conduz sua canoa tentando levar Lyra para um lugar seguro. Mesmo que, no caminho, precise enfrentar fadas, feiticeiras, deuses e assassinos.
Neste primeiro volume da trilogia O Livro das Sombras, Philip Pullman leva os leitores de volta ao mundo de Fronteiras do Universo, contando a história da pequena Lyra anos antes dos eventos de A Bússola de Ouro.

Resenha: La Belle Sauvage é o primeiro volume da trilogia O Livro das Sombras (The Book of Dust) do autor Philip Pullman. O livro é um prequel da trilogia Fronteiras do Universo e traz de volta o universo dos deamons dez anos antes dos acontecimentos que se passaram em A Bússola de Ouro.

Malcolm Polstead é um garotinho ruivo de onze anos que, junto com seu deamon, Asta, mora e trabalha servindo hóspedes n'A Truta, a estalagem da família próxima de Oxford. Ele também passa o tempo ignorando a irritante Alice, que também trabalha na estalagem, faz pequenos serviços para as freiras do convento de Godstow ou atravessa as pessoas pelo rio em sua canoa, chamada de La Belle Sauvage.
Um dia o garoto descobre a presença de um bebê no convento e as conversas sobre o lugar que ouvia na estalagem enquanto servia os hóspedes começam a deixá-lo ainda mais curioso. Malcolm conhece Lyra, a misteriosa criança, e é inegável o quanto ela fica encantado e preocupado em protegê-la.
O que ele não sabia e os que as freiras não explicavam sobre Lyra era um mistério, e o interesse repentino de novos hóspedes pelo convento e por um suposto bebê o deixam intrigado.
Malcolm e Asta, junto com a odiada Alice e seu deamon Ben, embarcam numa jornada em sua canoa para proteger Lyra e Pantalaimon, mas não esperava viver uma grande e perigosa aventura assim como enfrentar a maior e mais surpreendente enchente de sua vida...

Narrado em terceira pessoa e com uma escrita rica e muito fluída, o leitor mergulha no mundo fantástico de Pullman e é capaz de compreender um pouco mais do funcionamento desse universo incrível assim como a importância do aletiômetro, uma relíquia que mais tarde pertenceria à Lyra para auxiliá-la em sua própria jornada.

Como os demais livros do autor, este também traz crianças como personagens principais em meio a uma trama cheia de camadas, com detalhes incríveis e um enredo muito inteligente, o que não faz do livro algo voltado ao público mais infantil, muito pelo contrário. O autor é mestre em explorar o mundo da fantasia e envolver o leitor no universo que criou, e assim como em Fronteiras do Universo, não deixou os temas e as críticas acerca de religião e política de fora. A questão da religião é o que move os personagens, principalmente os vilões, a lutarem por seus objetivos, e o Magisterium, assim como outros personagens doutrinados de acordo com os próprios objetivos que são tão assustadores quanto, já representava uma grande ameaça.

Embora o protagonista seja Malcolm, Lyra é a figura central para o desenvolvimento da história no que diz respeito aos conflitos gerados entre aqueles que têm poder, assim como faz parte de uma profecia. Embora não faça ideia do que está acontecendo por ser um bebê, ela é disputada como se nem fosse uma pessoa, mas sim um objeto, e ao mesmo tempo que é perseguida, é protegida com muito afinco pelo seu mais recente e jovem guardião.

A mitologia presente no enredo é incrível, principalmente quando o assunto é o misterioso Pó, e embora tenha seres fantásticos como os deamons, as bruxas e os ursos de armadura, o foco maior fica sobre as figuras angelicais, o que acaba expandindo ainda mais o dito universo onde a trama se passa.

Enfim, não é preciso que a primeira trilogia seja lida para compreender esta nova, mas confesso que a experiência será muito mais completa, agradável e satisfatória com tal conhecimento prévio. O autor mais uma vez não decepciona ao presentear os leitores com uma história com detalhes tão sombrios quanto iluminados, tornando La Belle Sauvage um livro que emociona e fascina.

A Zona Morta - Stephen King

20 de dezembro de 2017

Título: A Zona Morta
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense
Ano: 2017
Páginas: 480
Nota:★★★★★
Sinopse: Depois de quatro anos e meio, John Smith acorda de um coma causado por um acidente de carro. Junto com a consciência, o que John traz do limbo onde esteve são poderes inexplicáveis. O passado, o presente, o futuro – nada está fora de alcance. O resto do mundo parece considerar seus poderes um dom, mas John está cada vez mais convencido de que é uma maldição. Basta um toque, e ele vê mais sobre as pessoas do que jamais desejou. Ele não pediu por isso e, no entanto, não pode se livrar das visões. Então o que fazer quando, ao apertar a mão de um político em início de carreira, John prevê o que parece ser o fim do mundo?

Resenha: John Smith é um cara comum que leva uma vida comum. Ele é professor e está feliz em seu novo relacionamento com Sarah, também professora. Até que numa noite de sorte, ele ganha uma bela grana na Roda da Fortuna do parque de diversões, mas, mais tarde, ao deixar Sarah em casa e ir embora, ele sofre um acidente no táxi e entra em coma. Quase cinco anos depois, para a surpresa da família, já esgotada após tanto tempo, e dos médicos desesperançosos, Johnny acorda. Porém, ele acaba percebendo que não foi só o mundo que sofreu alguns avanços nesse tempo e mudou. Sarah seguiu com a vida, mas ele também está diferente: a zona morta, a área do seu cérebro que foi afetada, lhe deu alguns "poderes". Um simples toque em alguém, ou em algum objeto pertencente a uma pessoa, ele consegue ver o passado, o presente, e o futuro... Tal dom acabou desencadeando uma fama indesejada a John, pois todos passaram a ficar atrás dele, seja querendo saber do futuro, ou acusando-o de ser uma fraude. O problema se agrava ainda mais quando John conhece Greg Stillson, um candidato a deputado que faz qualquer coisa pra conseguir alcançar seus objetivos. A visão de John é de um futuro terrível caso Stillson consiga o que quer. O que John fará com seu dom (ou seria uma maldição?) e como ele irá lidar com o fato de um possível fim do mundo?

O livro é narrado em terceira pessoa e a história se desenvolve de forma bastante ampla, com muitos detalhes e descrições acerca de cenários, personagens e emoções. Penso que o excesso de descrições pode ajudar alguns leitores a se situarem melhor e a "encarnarem" o personagem, e por mais que a história tenha sido maravilhosamente bem escrita, bem fluída e prenda a nossa atenção, achei cansativa e um pouco arrastada em alguns pontos pois a impressão que fica é que o autor não tem pressa alguma para trabalhar e se aprofundar em todos os aspectos da história que quer apresentar aos leitores. O livro é extenso, gradual e lento, e isso requer uma boa dose de paciência.
Fora isso, a trama é carregada de tensão e a imersão na leitura é tanta que suas quase 500 páginas não demoram nada a serem devoradas.

O livro, publicado pela primeira vez em 1979, foi relançado agora em 2017 pela Suma de Letras sob novo projeto gráfico. A capa combina com os demais livros assinados pelo autor e, embora seja simples, representa bem um dos elementos da trama.

A Zona Morta é um livro que, mesmo que já tenha quase quarenta anos, consegue ser bastante atual no que diz respeito aos elementos e as discussões relevantes que pode trazer. A história tem um pé no drama e no sobrenatural devido ao dom do protagonista e seus dilemas, mas o misto que faz com os demais assuntos faz dela algo plausível e digna de reflexão, abordando questões que vão desde a corrupção política até o fanatismo religioso sem que nada se confunda e nenhum tema passe por cima do outro.

Esse foi o primeiro livro do mestre King que li, e só posso dizer que a experiência além de incrível, me fez pensar além acerca do governo e do funcionamento da sociedade. Livro mais do que indicado.

O Bazar dos Sonhos Ruins - Stephen King

19 de dezembro de 2017

Título: O Bazar dos Sonhos Ruins
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Terror/Contos
Ano: 2017
Páginas: 528
Nota:★★★★☆
Sinopse: Mestre das histórias curtas, o que Stephen King oferece neste livro é uma coleção generosa de contos – muitos deles inéditos no Brasil. E, antes de cada história, o autor faz pequenos comentários autobiográficos, revelando quando, onde, por que e como veio a escrever (ou reescrever) cada uma delas. Temas eletrizantes interligam os contos; moralidade, vida após a morte, culpa, os erros que consertaríamos se pudéssemos voltar no tempo... Muitos deles são protagonizados por personagens no fim da vida, relembrando seus crimes e pecados. Outros falam de pessoas descobrindo superpoderes – como o colunista, em “Obituários”, que consegue matar pessoas ao escrever sobre suas mortes; ou o velho juiz em “A duna”, que ainda criança descobre uma pequena ilha onde nomes surgem misteriosamente na areia – nome de pessoas que logo morrem em acidentes bizarros. Em “Moralidade”, King narra a vida de um casal que vai se despedaçando quando os dois mergulham no que, a princípio, parece um vantajoso pacto com o Diabo. Incríveis, bizarros e completamente envolventes, essas histórias formam uma das melhores obras do mestre do terror, um presente para seus Leitores Fiéis.

Resenha: O Bazar dos Sonhos Ruins é uma coletânea de vinte contos escritos por Stephen King e além de terem uma breve explicação que os antecede acerca do motivo de terem sido escritos, trazem temas relevantes e que permeiam o universo de suspense e terror dos quais o mestre faz parte, e claro, com o toque sobrenatural que faz parte de suas obras na maioria das vezes.
O autor fala sobre sua necessidade de escrever histórias curtas visando agradar seu "Leitor Fiel" e num misto de horror, drama, suspense e humor, o presenteia com esta antologia que, de fato, surpreende ao trazer tramas que abordam a morte e muitas de suas vertentes, assim como os demais sentimentos que sempre a rodeiam, evidenciando os aspectos e as consequências da perda e o sentido da própria vida.
A maioria dos contos são narrados em terceira pessoa e são bastante fluídos. Por serem independentes, sequer precisam ser lidos na ordem. Alguns são demasiados curtos ou terminam sem um final propriamente dito, o que pode ser um pouco frustrante para os leitores que se conectaram com a história e anseiam por mais.

Não acho necessário discorrer sobre cada conto em particular pois como são curtos, falar demais sobre cada um deles pode acabar estragando a surpresa. Alguns acabam ganhando mais destaque por chamarem mais a atenção devido ao teor da trama que é bem mais interessante do que os demais...
Milha 81 é a história é sobre um garotinho de dez anos, Pete, que quer viver uma grande aventura. Assim, cheio de coragem, ele adentra uma área abandonada munido de uma lupa e quando encontra um carro e duas crianças descobre que há um "monstro" alí. As referências deste conto são ótimas e por mais diferentes que sejam entre si funcionam muito bem no conjunto criado por King.
Garotinho Malvado faz o leitor imergir na história de um presidiário que fora condenado à morte, mas antes de cumprir sua pena decide fazer um relato sobre o crime que cometeu. Ele descarregou uma arma em um menino aparentemente inocente e desde então vive atormentado. Ler histórias que envolvem crianças diabólicas é uma experiência bem aterrorizante...
Como um diferencial, King deixa o leitor um passo a frente dos acontecimentos. Em Indisposta, já sabemos o que vai acontecer, mas ainda assim somos surpreendidos com o destino do protagonista, um publicitário que está enfrentando problemas no trabalho enquanto sua esposa permanece indisposta após ficar doente.
Em A Duna, sempre que um juiz aposentado vê um nome em uma duna, a pessoa morre. Ele faz o relato dos acontecimentos a um advogado e o final da história é incrível.
Obituários foi um dos meus favoritos, principalmente por me lembrar Death Note. Um jornalista começa a inventar e escrever obituários pra um site de fofocas até perceber que o que ele escreve acontece mesmo.

Enfim, com ou sem elementos sobrenaturais, em primeira ou terceira pessoa (ou combinando as duas), King constrói situações cotidianas, nostálgicas e que remetem aos clássicos, inesperadas ou previsíveis, que abordam a moralidade, perseverança, que trazem segredos obscuros, que falam sobre a sexualidade, vícios, poder e controle, preconceitos, sobre dar valor aos pequenos grandes momentos da vida, e até sobre brigas bizarras entre vizinhos que se odeiam.

O Bazar dos Sonhos Ruins é uma boa pedida pra quem ainda não conhece e quer ter um gostinho de como são as histórias de Stephen King. O livro traz contos com elementos de vários gêneros diferentes e com certeza vai agradar e surpreender os leitores ao ponto de torná-los fiéis.

A Luneta Âmbar - Philip Pullman

3 de dezembro de 2017

Título: A Luneta Âmbar - Fronteiras do Universo #3
Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Aventura/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 504
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em todos os universos, forças se reúnem para tomar um lado na audaciosa rebelião de lorde Asriel contra a Autoridade. Cada soldado tem um papel a desempenhar – e um sacrifício a fazer. Feiticeiras, anjos, espiões, assassinos e mentirosos: ninguém sairá ileso. Lyra e Will têm a tarefa mais perigosa de todas. Com a ajuda de Iorek Byrnison, o urso de armadura, e de dois minúsculos espiões galivespianos, eles devem alcançar um mundo de sombras, onde nenhuma alma viva jamais pisou e de onde não há saída. Enquanto a guerra é travada e o Pó desaparece nos céus, o destino dos vivos – e dos mortos – recai sobre os ombros dos dois. Will e Lyra precisam fazer uma escolha simples, e a mais difícil de todas, com consequências brutais. A luneta âmbar é o último livro da trilogia Fronteiras do Universo, que teve início com A bússola de ouro e A faca sutil. Uma conclusão emocionante, que leva o leitor a novos e fantásticos universos.

Resenha: No desfecho da trilogia, acompanhamos não só Will em busca de Lyra, que fora sequestrada e mantida escondida, mas o plano de lorde Asriel para enfrentar a Autoridade. Com a ajuda de anjos, espiões minúsculos e do próprio Iorek Byrnison, o urso de armadura, o Mundo dos Mortos é um dos universos que as crianças precisam passar para terem respostas e para enfrentar o maior obstáculo de todos: A Autoridade.
Enquanto isso, conhecemos Mary Mallone, uma física que está viajando pelos mundos, guiada pelo I-Ching, que é basicamente outra versão do aletiômetro, e encontra curiosas criaturas elefantinas num desses universos. Posteriormente ela terá uma ligação com Lyra importante para o desfecho.
Simultaneamente, temos Lorde Asriel e a Srta. Coulter e seus respectivos planos secretos, cada um em busca dos próprios interesses.

Diferente dos livros anteriores, a dinâmica de A Luneta Âmbar é diferente. Este volume tem um desenvolvimento mais lento, com personagens, detalhes e descrições que não parecem ser realmente fundamentais para o desenrolar da trama e há muitas passagens confusas. Embora o desfecho da história tenha sido emocionante pra mim e a trilogia seja uma das minhas favoritas da vida, não nego que este foi o volume mais cansativo de se finalizar, principalmente por ter um outro "tom" se comparado aos anteriores.
Desde o início o leitor sabe que os protagonistas da trilogia são crianças, uma mentirosa de carteirinha e um assassino assumido, que na maioria das vezes não se comportam como crianças. Essas "habilidades" que eles têm são as ferramentas que eles precisam para enfrentar os obstáculos e acabam sendo uma forma de mostrar que por mais que as pessoas sejam capazes de usar atributos considerados como sendo de vilões, elas podem ser mocinhos. Basta olhar a situação usando uma perspectiva diferente. Eles lidam com problemas e constantemente ficam diante de enormes desafios e perigos que não correspondem exatamente à realidade, mas acredito que o foco maior, além de trazer uma história fantástica em meio a esse universo incrível, é a crítica -  e em alguns pontos até necessária - nas entrelinhas de uma história aparentemente infantil e inocente sobre a essência do ser humano.

Fazendo um apanhado geral sobre a trilogia, penso que trata da história de uma garotinha que enfrenta um universo inteiro para descobrir que o amor tem poder o suficiente para superar todas as adversidades, porém com o toque particular do autor ao embutir a crítica acerca da religião da forma que é encarada por ele, mais especificamente sobre a igreja, que é retratada como uma instituição que manipula a sociedade para que acreditem no que querem de acordo com o que é conveniente. Pra mim, é como se o autor quisesse dizer que as pessoas não estão "livres" quando se prendem a crenças religiosas que condenam desde a sexualidade até a imaginação, e a abordagem para o pecado original e as consequências que perduram até a atualidade ilustram perfeitamente isso. A liberdade plena, de corpo e mente, só viria quando - e se - a igreja caísse para que, assim, não houvesse mais interferências vindas da religião e as pessoas pudessem pensar sem serem influenciadas de alguma forma. Não penso que a ideia do autor seja tornar Deus um tipo de vilão, mas mostrar que muitas vezes a igreja aponta coisas simples, inocentes e naturais como coisas abomináveis quando não deveriam ser.

A grande guerra que fora prometida não foi tão épica quanto eu esperei. Não houve a devida intensidade e nem detalhes o bastante para torná-la grandiosa, e tudo foi resolvido de forma relativamente rápida, mesmo que não tão fácil.

O livro não é perfeito, tem algumas falhas e em muitos pontos é complexo demais pra ser facilmente compreendido. Requer inclusive algumas pesquisas para um melhor entendimento. Mas mesmo assim, ao meu ver, fechou a trilogia com sucesso e pra quem tem a mente aberta é leitura mais do que recomendada. A trilogia traz uma história cheia de camadas significativas e simbolismos em meio a uma fantasia memorável e inesquecível.

A Faca Sutil - Philip Pullman

29 de novembro de 2017

Título: A Faca Sutil - Fronteiras do Universo #2
Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Aventura/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 288
Nota:★★★★★
Sinopse: Perdida em um mundo novo, Lyra Belacqua encontra Will Parry — um fugitivo que logo se torna um aliado mais que necessário. Pois este novo mundo é povoado por Espectros sugadores de alma, e no céu as feiticeiras disputam espaço com anjos. Will procura pelo pai, um explorador desaparecido há anos, e Lyra busca a origem do Pó. No entanto, o que os dois encontram é um segredo mortal e uma arma de poder absoluto, capaz de decidir o resultado na guerra que se forma ao redor deles. O que nenhum dos dois suspeita é do quanto suas vidas, seus objetivos e seus destinos estão conectados... até que precisam se separar.

Resenha: A Faca Sutil é o segundo volume da trilogia Fronteiras do Universo, e dá continuidade às aventuras de Lyra e seu deamon, Pantalaimon.
A busca por respostas sobre o Pó fez com que a garota se perdesse em Cittàgazze, um mundo paralelo que serve de ponte para outros mundos, onde ela encontra Will Parry escondido. Will vive no nosso mundo, onde as pessoas não tem deamons e usufruem das tecnologias modernas que não existem na Oxford de Lyra, mas foi encontrado em Cittàgazze, uma cidade fantasma infestada de espectros e habitada por crianças. Will estava fugindo de alguns problemas envolvendo o desaparecimento de seu pai.
Seguindo as orientações do aletiômetro, Lyra e Will se unem para ajudarem um ao outro, e contam com os poderes da faca sutil, um artefato raro que permite que eles cortem passagens no ar, abrindo as fronteiras do universo, e transitarem entre os mundos em suas buscas por respostas. O que eles não sabiam era que seus destinos estavam conectados, principalmente devido ao misterioso Pó, mas as coisas começam a mudar quando uma guerra está por vir...

O autor, mais uma vez, aborda temas delicados e polêmicos com sutileza mas de forma lúdica, fazendo críticas sociais relevantes em meio a uma trama complexa, mas maravilhosamente bem construída. A ideia de ter crianças como protagonistas torna o enredo mais leve, em alguns pontos até inocente, mas é possível perceber com clareza, mesmo que nas entrelinhas, uma mensagem muito poderosa e verdadeira. Cada elemento é inserido de forma gradual e naturalmente, assim as coisas não ficam vagas e tem a devida profundidade para que sejam compreendidos - e apreciados.
Como segundo volume, A Faca Sutil é um intermediário que enriquece a história propondo novos desafios aos protagonistas, que enfrentam mais perigos e estão em meio a um grande mistério a ser desvendado.

Lyra é uma garotinha com um comportamento questionável em alguns momentos, mas por já conhecer sua natureza e as experiências que teve não foi algo tão impactante de se acompanhar. Pelo menos não pra mim.
A história de Will é bastante trágica e sofrida, a ponto do garoto carregar o peso que carrega no olhar, e mesmo que envolva algumas mortes, Lyra leva tudo com naturalidade e ainda vê vantagem em ter um "assassino" em sua companhia, como se a ideia de se adaptar às circunstâncias extremas pedisse medidas igualmente extremas e está tudo bem.
A vida obrigou Will a abrir mão de sua infância. Perder o pai e ter que cuidar sozinho da mãe fez com que ele amadurecesse rápido demais e ser dono da Faca Sutil não é algo que tenha trazido algum benefício a ele. Ele enxerga aquilo como mais problemas, mais um fardo pra sua vida, tanto que ele a usa para fugir e se esconder.

Embora as críticas sejam visíveis no primeiro livo, neste segundo elas vieram com uma intensidade maior no que diz respeito ao aspecto religioso e, talvez, os questionamentos sobre algumas "verdades" e reflexões levantadas podem soar ofensivas para alguns cristãos. Eu particularmente acho incrível que o autor toque nesses pontos usando a fantasia e a ficção como pano de fundo numa história onde os personagens batem de frente com a tirania e com um tipo de autoridade questionável, principalmente por acreditar em Deus, mas não seguir nenhuma religião propriamente dita por não concordar com a maioria das práticas impostas, e por abominar o fanatismo.

Em suma, A Faca Sutil é um livro recheado de aventuras, com muitas cenas de ação, personagens já conhecidos que tiveram suas histórias mais trabalhadas, e os novos desenvolvidos de forma bem satisfatória. Mas assim como envolvente, também pode tocar na ferida de quem tem suas crenças e ideologias próprias, logo não acredito que seja um livro pra qualquer pessoa. É preciso ler com a mente aberta, respeitando que as pessoas são diferentes e acreditam em coisas diferentes. Há uma linha tênue entre o bem e o mal, e entre seguir o caminho certo e o errado, as vezes fazer escolhas questionáveis devido à situação crítica e até desesperadora em que a pessoa se encontra não é algo que possa definir a essência de alguém...

Novidades de Novembro - Suma de Letras

12 de novembro de 2017

A Expansão - The Hatching #2 - Ezekiel Boone

Ao receber um pacote em seu laboratório, em Washington, a dra. Melanie Guyer não poderia prever que, de um dia para o outro, a espécie ancestral de aranhas que eclodiu daquela bolsa de ovos causaria o caos no mundo inteiro. Em Los Angeles, cidadãos desesperados furam a quarentena. No Japão, uma bolsa de ovos gigantesca pulsa e brilha na escuridão. Enquanto Espingarda e Gordon tentam criar uma arma capaz de conter as aranhas, a presidente Stephanie Pilgrim é pressionada a tomar decisões com consequências catastróficas. Milhões de pessoas estão mortas. Outras milhares foram feitas de hospedeiras. Aranhas devoradoras de carne marcham por todo lugar, e a expansão está só começando. Ninguém está a salvo.

O Livro das Sombras - La Belle Sauvage #1 - Philip Pullman

Phillip Pullman volta ao mundo da trilogia Fronteiras do Universo, para outra aventura eletrizante envolvendo daemons, aletiômetros, o Magisterium e, claro, o Pó. La Belle Sauvage é o primeiro volume de uma nova trilogia chamada O Livro da Sombras, e se passa dez anos antes dos acontecimentos de A Bússola de Ouro, se centrando em Lyra e Pantalaimon, ainda bebês. Apesar de ser uma história diferente, os fãs de Fronteiras do Universo vão reconhecer muito do mundo e dos personagens que povoam La Belle Sauvage. Enquanto o protagonista, Malcolm, se envolve em uma assustadora aventura para tentar salvar a pequena Lyra das garras do Magisterium, outros mistérios e vilões surgem para complementar a trama que já conhecemos tão bem.
"Sempre quis contar a história de como Lyra acabou morando na Faculdade Jordan. Este livro e o próximo cobrem dois momentos da vida dela: partindo bem do início e retornando vinte anos depois. Quanto ao terceiro livro, ainda é segredo." - Phillip Pullman

A Bússola de Ouro - Philip Pullman

25 de outubro de 2017

Título: A Bússola de Ouro - Fronteiras do Universo #1
Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Aventura
Ano: 2017
Páginas: 344
Nota:★★★★★
Sinopse: Lyra Belacqua e seu daemon, Pantalaimon, vivem felizes e soltos entre os catedráticos da Faculdade Jordan, em Oxford. Até que rumores invadem a cidade – boatos sobre sequestradores de crianças, os Papões, que estão espalhando o medo pelo país.
Quando seu melhor amigo, Roger, desaparece, Lyra inicia uma perigosa jornada para reencontrá-lo. O que ela não desconfia é que muitas outras forças influenciam seu destino e que sua aventura a levará a terras congeladas do norte, onde feiticeiras e ursos de armadura se preparam para uma guerra.
Embora tenha a ajuda do aletiômetro – um poderoso instrumento que responde a qualquer pergunta –, nada a prepara para os mistérios e a crueldade que encontra durante a viagem. E, mesmo que ainda não saiba, Lyra tem uma profecia a cumprir, e as consequências afetarão muitos mundos além do seu.

Resenha: A Bússola de Ouro é o primeiro volume da trilogia Fronteiras do Universo escrita pelo autor britânico Philip Pullman. Os livros foram publicados no Brasil entre 2001 e 2002 pela Editora Objetiva e agora foram relançados pela Suma de Letras, selo da Companhia das Letras.

Lyra Belacqua é uma garotinha de doze anos que, desde que nasceu, junto com Pantalaimon, seu deamon, vive entre os catedráticos e está sob os cuidados do seu tio Asriel na Faculdade Jordan em Oxford, numa Inglaterra de um universo paralelo muito parecido com o que conhecemos.
Quando boatos de que as crianças da cidade estavam sendo sequestradas pelos temíveis Papões, e Roger, o melhor amigo de Lyra, desaparece, a garota embarca numa jornada cheia de aventuras e perigos para reencontrá-lo com a ajuda do aletiômetro, um objeto mágico que responde qualquer pergunta e somente pode ser interpretado pela garotinha. O que ela não esperava era descobrir não só sobre si mesma e suas origens, mas que existe uma força oculta e misteriosa que está ligada aos desaparecimentos das crianças e ao destino de todos desse universo, e que isso a levaria a terras muito distantes onde os seres mágicos, o povo gípcio dos pântanos, as bruxas enigmáticas e as criaturas destemidas estão se preparando para uma guerra.

A primeira vez que tive contato com essa trilogia foi a alguns anos atrás, na versão em que o título ainda era A Bússola Dourada. Lembro que me empolguei tanto que li os três livros em menos de uma semana. Nem preciso dizer o quanto curti a ideia da trilogia ser relançada, pois assim ela ganha mais visibilidade e atrai mais leitores para terem a oportunidade de conhecerem o universo mágico e deslumbrante através desses livros que ficaram um tempo esquecidos mas que deveriam ser leitura obrigatória para os fãs de fantasia, assim como a saga Harry Potter. Só lamento pela versão cinematográfica da obra, que, além de ter sido uma completa decepção, acabou dando uma impressão errada sobre a história. O fiasco foi tanto que nem arriscaram a continuação... Dito isso, não julguem o livro pelo filme ruim. A leitura é infinitamente melhor.

Narrado em terceira pessoa, o livro é dividido em três partes que correspondem aos locais por onde a protagonista passa: Oxford, Bolvangar e Svalbard. Em meio a uma trama impecável e maravilhosamente instigante e bem escrita, o autor levanta questões éticas e morais relacionadas não só aos personagens e as ligações que eles possuem entre si, mas também à política, ciência, fé, religião e espiritualidade, assim como na forma que esses elementos influenciam e interferem em suas vidas. É uma crítica crua e nada sutil à religião e à igreja, no livro representada pelo Magisterium, tanto que o próprio Vaticano criticou o autor e a adaptação cinematográfica alegando se tratar de algo anticristão (assim como foi feito com O Código da Vinci).
Como se isso já não fosse interessante o suficiente para despertar o interesse de qualquer mortal, principalmente os mais céticos, e manter o leitor vidrado em cada página, a trama, que claramente é uma fantasia voltada ao público adulto devido as questões abordadas, está repleta de personagens cativantes, bem construídos e interessantes, mistérios, perigos, aventuras, batalhas de tirar o fôlego e vários momentos tão emocionantes quanto dignos de reflexão.

Lyra tem apenas doze anos e é uma das heroínas mais verossímeis e com uma das jornadas mais incríveis que já acompanhei, pois, além de inteligente e sagaz, ela mostra que a capacidade individual de cada um em se esforçar para atingir os próprios objetivos e superar as adversidades é algo crucial que se deve ter, muito mais do que depender dos outros e esperar que as coisas aconteçam ou se resolvam sozinhas. E para ajudar o amigo, ela faz o possível e o impossível.
Não é possível falar de Lyra sem falar de Pantalaimon, já que, como os demais deamons, ele é a personificação física da alma da garota em forma animal e não pode se distanciar muito dela para não sofrerem terríveis dores físicas e mentais. Eles se completam como se realmente fossem um só corpo, mesmo que sejam literalmente o oposto um do outro durante a infância. Enquanto Lyra é conhecida por ser mentirosa e destemida, Pan é medroso e muito tímido, mas isso muda no decorrer da história pois num determinado ponto da adolescência, os deamons deixam de mudar de forma para se fixarem como um único animal, que representa e reflete a personalidade de suas metades humanas. Um exemplo disso é que os deamons dos criados são cães, representando fidelidade e obediência aos seus patrões.
Não vou me alongar falando sobre todos os personagens pois são muitos. Todos são importantes para o desenvolvimento da história e são admiráveis a sua maneira, mas não posso deixar de falar de Iorek Byrnison, o urso de armadura mais leal que já existiu. Ele é um personagem complexo e cheio de camadas, e sua história acaba sendo uma das melhores subtramas do enredo, principalmente quando seu destino se entrelaça com o de Lyra.

A abordagem sobre os gípcios também é algo bastante interessante e a forma como são apresentados não deixa de ser uma crítica do autor sobre aqueles que sofrem diversos tipos de preconceitos. Levando o termo ao pé da letra, eles são ciganos, uma "raça" menosprezada e considerada inferior pela sociedade a ponto de serem obrigados a viverem em pântanos isolados, mas claramente são grandes sábios e acrescentam muito quando o assunto é auxiliar e orientar Lyra em sua jornada.

A capa dessa nova edição é a mais bonita e que mais tem a ver com a história até então, pois além de exibir o aletiômetro (a bússola), mostra a silhueta de algumas das várias formas animais que os deamons podem ter em meio a ornamentos floreados e com detalhes metálicos. A diagramação é simples e a revisão impecável, e eu só senti falta das pequenas ilustrações a cada início de capítulo que vieram na primeira edição da obra. Inclusive na edição com a capa do filme, o termo deamon (cuja pronúncia é dêmon) foi substituído por "dimon" sabe-se lá Deus porquê. Então, obrigada a Suma por ter resgatado o deamon nessa edição!

A Bússola de Ouro é o início de uma aventura épica que nos presenteia com um universo paralelo único, incrível e inesquecível, e com certeza faz parte do seleto top 3 de melhores séries de fantasia que já li na minha vida.

Bônus: What Would Your Dæmon Be?
Faça o teste e descubra qual seria seu deamon (em inglês).

Novidades de Outubro - Suma de Letras

20 de outubro de 2017

Belas Adormecidas - Stephen King e Owen King

Pelo mundo todo, algo de estranho começa a acontecer quando as mulheres adormecem: elas são imediatamente envoltas em casulos. Se despertadas, se o casulo é rasgado e os corpos expostos, as mulheres se tornam bestiais, reagindo com fúria cega antes de voltar a dormir. Em poucos dias, quase cem por cento da população mundial feminina pegou no sono. Sozinhos e desesperados, os homens se dividem entre os que fariam de tudo para proteger as mulheres adormecidas e aqueles que querem aproveitar a crise para instaurar o caos. Grupos de homens formam as “Brigadas do Maçarico”,incendeiam em massa casulos, e em diversas partes do mundo guerras parecem prestes a eclodir. Mas na pequena cidade de Dooling as autoridades locais precisam lidar com o único caso de imunidade à doença do sono: Evie Black, uma mulher misteriosa com poderes inexplicáveis.
Escrito por Stephen King e Owen King, Belas Adormecidas é um livro provocativo, dramático e corajoso, que aborda temas cada vez mais urgentes e relevantes.

A Floresta Sombria - Remembrance of Earth’s Past #2 - Cixin Liu

Depois de O problema dos três corpos, a humanidade se prepara para a iminente invasão alienígena. A Organização Terra-Trissolaris - formada por habitantes da Terra que traíram seus iguais para se associar aos alienígenas - pode ter sido derrotada, mas a presença de partículas subatômicas, os sófons, revela todo o conhecimento da humanidade para os invasores, e as defesas terráqueas são um livro aberto para os trissolarianos. Nesse contexto, em que só a mente humana é segura, é montado o Projeto Barreiras: quatro pessoas serão encarregadas de pensar em uma estratégia para a salvação do mundo. A Barreira está completamente isolada, protegendo seus pensamentos do restante da humanidade, mas até que ponto é possível guardar um segredo?