A Luneta Âmbar - Philip Pullman

3 de dezembro de 2017

Título: A Luneta Âmbar - Fronteiras do Universo #3
Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Aventura/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 504
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em todos os universos, forças se reúnem para tomar um lado na audaciosa rebelião de lorde Asriel contra a Autoridade. Cada soldado tem um papel a desempenhar – e um sacrifício a fazer. Feiticeiras, anjos, espiões, assassinos e mentirosos: ninguém sairá ileso. Lyra e Will têm a tarefa mais perigosa de todas. Com a ajuda de Iorek Byrnison, o urso de armadura, e de dois minúsculos espiões galivespianos, eles devem alcançar um mundo de sombras, onde nenhuma alma viva jamais pisou e de onde não há saída. Enquanto a guerra é travada e o Pó desaparece nos céus, o destino dos vivos – e dos mortos – recai sobre os ombros dos dois. Will e Lyra precisam fazer uma escolha simples, e a mais difícil de todas, com consequências brutais. A luneta âmbar é o último livro da trilogia Fronteiras do Universo, que teve início com A bússola de ouro e A faca sutil. Uma conclusão emocionante, que leva o leitor a novos e fantásticos universos.

Resenha: No desfecho da trilogia, acompanhamos não só Will em busca de Lyra, que fora sequestrada e mantida escondida, mas o plano de lorde Asriel para enfrentar a Autoridade. Com a ajuda de anjos, espiões minúsculos e do próprio Iorek Byrnison, o urso de armadura, o Mundo dos Mortos é um dos universos que as crianças precisam passar para terem respostas e para enfrentar o maior obstáculo de todos: A Autoridade.
Enquanto isso, conhecemos Mary Mallone, uma física que está viajando pelos mundos, guiada pelo I-Ching, que é basicamente outra versão do aletiômetro, e encontra curiosas criaturas elefantinas num desses universos. Posteriormente ela terá uma ligação com Lyra importante para o desfecho.
Simultaneamente, temos Lorde Asriel e a Srta. Coulter e seus respectivos planos secretos, cada um em busca dos próprios interesses.

Diferente dos livros anteriores, a dinâmica de A Luneta Âmbar é diferente. Este volume tem um desenvolvimento mais lento, com personagens, detalhes e descrições que não parecem ser realmente fundamentais para o desenrolar da trama e há muitas passagens confusas. Embora o desfecho da história tenha sido emocionante pra mim e a trilogia seja uma das minhas favoritas da vida, não nego que este foi o volume mais cansativo de se finalizar, principalmente por ter um outro "tom" se comparado aos anteriores.
Desde o início o leitor sabe que os protagonistas da trilogia são crianças, uma mentirosa de carteirinha e um assassino assumido, que na maioria das vezes não se comportam como crianças. Essas "habilidades" que eles têm são as ferramentas que eles precisam para enfrentar os obstáculos e acabam sendo uma forma de mostrar que por mais que as pessoas sejam capazes de usar atributos considerados como sendo de vilões, elas podem ser mocinhos. Basta olhar a situação usando uma perspectiva diferente. Eles lidam com problemas e constantemente ficam diante de enormes desafios e perigos que não correspondem exatamente à realidade, mas acredito que o foco maior, além de trazer uma história fantástica em meio a esse universo incrível, é a crítica -  e em alguns pontos até necessária - nas entrelinhas de uma história aparentemente infantil e inocente sobre a essência do ser humano.

Fazendo um apanhado geral sobre a trilogia, penso que trata da história de uma garotinha que enfrenta um universo inteiro para descobrir que o amor tem poder o suficiente para superar todas as adversidades, porém com o toque particular do autor ao embutir a crítica acerca da religião da forma que é encarada por ele, mais especificamente sobre a igreja, que é retratada como uma instituição que manipula a sociedade para que acreditem no que querem de acordo com o que é conveniente. Pra mim, é como se o autor quisesse dizer que as pessoas não estão "livres" quando se prendem a crenças religiosas que condenam desde a sexualidade até a imaginação, e a abordagem para o pecado original e as consequências que perduram até a atualidade ilustram perfeitamente isso. A liberdade plena, de corpo e mente, só viria quando - e se - a igreja caísse para que, assim, não houvesse mais interferências vindas da religião e as pessoas pudessem pensar sem serem influenciadas de alguma forma. Não penso que a ideia do autor seja tornar Deus um tipo de vilão, mas mostrar que muitas vezes a igreja aponta coisas simples, inocentes e naturais como coisas abomináveis quando não deveriam ser.

A grande guerra que fora prometida não foi tão épica quanto eu esperei. Não houve a devida intensidade e nem detalhes o bastante para torná-la grandiosa, e tudo foi resolvido de forma relativamente rápida, mesmo que não tão fácil.

O livro não é perfeito, tem algumas falhas e em muitos pontos é complexo demais pra ser facilmente compreendido. Requer inclusive algumas pesquisas para um melhor entendimento. Mas mesmo assim, ao meu ver, fechou a trilogia com sucesso e pra quem tem a mente aberta é leitura mais do que recomendada. A trilogia traz uma história cheia de camadas significativas e simbolismos em meio a uma fantasia memorável e inesquecível.

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