Soldier: Leal até o fim - Sam Angus

11 de novembro de 2015

Título: Soldier: Leal até o fim
Autora: Sam Angus
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando Tom Ryder é convocado para lutar na Primeira Guerra Mundial, não imagina o quanto o seu irmão mais novo, Stanley, sentirá sua falta. A única alegria do garoto são os filhotes de Rocket, a cadela premiada que é o orgulho da família. Porém, ao descobrir que Rocket teve filhotes mestiços, o pai de Stanley fica furioso e ameaça afogar os cãezinhos.
Inconformado e desejando reencontrar Tom, Stanley foge de casa. Mentindo a idade, consegue se alistar no exército britânico. Somente o amor incondicional pelos animais será capaz de fazê-lo sobreviver à brutalidade e à frieza dos campos de batalha. Uma prova de que a inocência e a sensibilidade podem ser mais poderosas do que a guerra.
Soldier: Leal até o fim é um livro emocionante e intenso, recomendado para leitores de todas as idades, especialmente para os apaixonados por cães.

Resenha: Quem não fica com o coração na mão prevendo um rio de lágrimas jorrar pelos olhos só de pensar em ler um livro cujo personagem é um cachorro, gente?
A história de Soldier: Leal até o fim começa ao apresentar uma família afetada por várias tragédias.
Stanley é um garoto de quatorze anos que perdeu a mãe. Ele mora com seu pai, Dan, que nunca mais foi o mesmo depois da morte da esposa. Ele também tem um irmão mais velho, Tom, que foi convocado há três anos para servir o exército inglês durante a Primeira Guerra Mundial. Rocket é a cadela da família, premiada, campeã de corrida e da raça Lurcher.
Mas um dia Rocket, no cio, escapa da fazenda e Dan fica furioso com a ideia de ela poder voltar prenha. Staley seria punido por deixá-la fugir e ele iria se livrar dos filhotes quando nascessem. Em tempos de guerra os proprietários de cães deveriam arcar com licenças, e Dan não queria pagar pra ficar com filhotes mestiços.
Stanley aguardava ansioso pelo nascimento dos filhotes mas apesar de adorar todos eles, ele teve uma ligação mais forte com o macho branco, a quem chamou de Soldier, em homenagem ao irmão que se tornou soldado, e acabou ficando com ele. Os demais cachorrinhos foram levados pelos ciganos e Dan vivia ameaçando Stanley querendo afogar o pobre filhote que foi motivo de alegria para seu filho.
Ao acordar numa manhã, Stanley não encontrou seu cachorro e o garoto acredita que seu pai cumpriu com as ameaças de afogá-lo. Ele decide fugir e, num momento de raiva e desespero, mentiu sobre sua idade e se alista no exército esperando se encontrar com seu irmão, sem imaginar o quanto esta "aventura" seria sofrida...
Sua ideia não era algo tão simples de ser posta em prática, afinal, Stanley nem sabia onde Tom estava exatamente além de poder ser enviado para executar funções em lugares distantes. E em meio a horrores e tragédias de guerra que o cercam e que ele jamais deveria vivenciar, ele é incumbido de adestrar cães de guerra, que levam mensagens a lugares perigosos e impossíveis para uma pessoa chegar a ponto de voltar com vida. Ele fica responsável por Bones, um cão que conquista seu coração e logo se torna um ótimo mensageiro. Ao receber um segundo cachorro, Pistol, Stanley acha que não será a mesma coisa, que a afeição não seria a mesma como a que ele teve por Bones, mas o cão tem alguma coisa de diferente e o afeto incomum que ele desenvolve pelo garoto irá mudar sua vida para sempre.

O livro é narrado em terceira pessoa e se divide em três partes, retratando o antes, o durante e o depois da vida de Stanley na guerra. A escrita é ótima e fluída e retrata Stanley ao vivenciar as situações terríveis pelas quais ele passa, seus pensamentos e seu amor e receio pelos cães com os quais ele criou uma afeição tão intensa.
Posso dizer que a história tem um foco maior na história dos personagens e a guerra propriamente dita serve mais como um pano de fundo pra ressaltar relações fora do combate, o treinamento dos cães e a forma como atuavam junto com seus companheiros e condutores em momentos de batalhas. A ideia de que os cães se espelham em adestradores de caráter e confiança é perfeita, pois mostra que somente recebendo amor e carinho poderão realizar sua tarefas e por esse motivo terem um motivo para retornarem.

A história é ficcional, mas alguns eventos e fatos da guerra que aconteceram serviram de inspiração para a autora escrever sobre a atuação dos cães e isso tornou a história bastante real. Eu gostei muito deste livro em particular pois ele aborda um assunto que até então eu não tinha lido em nenhum outro livro, nem em filmes também. Os cães de guerra, ou os cães mensageiros. Centenas de milhares de cães serviram na guerra e foram treinados para levar mensagens aos seus destinos, quando havia corte na comunicação ou quando os lugares eram perigosos demais para a locomoção, e mesmo que tenham sido os responsáveis por salvarem incontáveis vidas, ainda assim milhares deles morreram durante ataques.

Fiquei muito tempo tentando entender Dan e acho que no fundo ele não é um homem mau apesar de demonstrar ser alguém extremamente cruel e distante no início. Ele só ficou em conflito com os próprios sentimentos pois perder uma esposa amada e ver o filho ir pra guerra correndo o risco de perdê-lo também abala as estruturas de qualquer pessoa. Ele se tornou um homem amargo e então descontava suas frustrações em Stanley, que não tinha culpa de nada. É revoltante ver que um pai parece não amar o filho, mas acredito que isso seja uma questão de realmente não saber controlar as próprias emoções, coisa que não acontece somente dentro da ficção...
Gostei muito de Stanley. Ele foi muito ingênuo ao tomar uma decisão tão grande como a de ir pra guerra em busca do irmão sem saber o que, de fato, acontecia lá, afinal, ele só sabia do irmão por cartas que lhe eram enviadas. Percebi que depois do primeiro combate ele muda, como se perdesse a inocência, assim como acontece com qualquer pessoa que presencia o que acontece em combates. Se para adultos tais horrores causam tanto desconforto, imaginem o que se passa na cabeça de um pré adolescente...

Pra quem gosta de livros sobre animais e tem a Primeira Guerra como cenário, com certeza vai gostar. O livro prende e emociona, e dá uma outra perspectiva ao que aconteceu durante a guerra ao saber que houveram cachorros fortes, leais e corajosos o bastante para serem considerados heróis.

Um comentário

  1. Oi Flavinha! Tudo bem?
    Eu tenho um pouco de medo de ler livros que tenham cachorros... medo de sofrer!
    Sou daquelas que se o cachorro pega um resfriado, me debulho em lágrimas! Gosto mais de cachorro do que de gente... e vê-los sofrendo numa guerra seria o fim pra mim!
    Minha cadelinha teve quatro filhotinhos e estou digitando esse comentário e brigando com um deles que está mordendo os dedos do meu pé! >.<
    Rs...
    Enfim...
    Medo.
    kkkkkkkk
    Mas sua resenha ficou ótima, e gostei de saber que Dan pode não ser um cara tão malvado assim.... E espero que ele não tenha afogado o Soldier!

    Beijos!
    Fabi Carvalhais
    http://www.pausaparapitacos.blogspot.com.br - @pausaparapitacos

    ResponderExcluir