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Na Telinha - Big Little Lies (2ª Temporada)

21 de agosto de 2019

Título: Big Little Lies
Temporada: 2 | Episódios: 7
Distribuidora: HBO
Elenco: Reese Whiterspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Laura Dern, Zoë Kravitz, Meryl Streep
Gênero: Drama/Suspense
Ano: 2019
Duração: 52min
Classificação: +16
Nota: ★★★★☆
Sinopse: As Cinco de Monterey precisam enfrentar as consequências de manter o grande segredo sobre o assassinato mas tudo se torna mais complicado com a chegada de Mary Louise (Meryl Streep), a mãe de Perry, que está determinada a descobrir o que realmente aconteceu com o seu filho.

Embora o livro no qual a série homônima tenha se baseado seja único, o universo e as personagens femininas criados por Liane Moriarty era intrigante demais pra ter acabado alí. Assim, quando a HBO anunciou uma segunda temporada para dar continuidade à história, eu logo me empolguei.


Agora, as Cinco de Monterrey, Madeleine, Celeste, Jane, Bonnie e Renata, estão de volta não só para mostrar mais de suas vidas (im)perfeitas e como elas estão lidando com o segredo da morte de Perry, como também introduzir Mary Louise Wright (interpretada por Maryl Streep), a mãe do falecido que não está sabendo lidar com a morte do filho e acaba sendo um tipo de "vilã" da série, sendo invasiva, inconveniente, e atormentando a vida de todo mundo. Se na primeira temporada tivemos um foco maior sobre os dilemas do trio Madeleine, Celeste e Jane, aqui, embora Celeste ainda tenha seu espaço (devido a ligação maior com a sogra), os maiores destaques ficam com Renata, Bonnie e a própria Mary Louise.


O espectador se vê em meio a uma trama envolvendo o segredo e as mentiras acerca da morte de Perry, mas o que acaba se sobrepondo é a raiva e o incômodo que Mary Louise nos causa com suas intromissões e falta de noção ao invadir a vida de Celeste e seus filhos, ou tentar bater de frente com as outras mulheres que não abaixam a cabeça pra ninguém.

Madeleine continua tentando reconstruir seu casamento e recuperar a confiança do marido, mostrando seu lado mais humano, e Jane segue tentando ser uma boa mãe para seu filho enquanto tenta investir num novo relacionamento, apesar de ainda carregar o trauma do estupro e não conseguir se soltar.


O passado trágico de Bonnie começa a ser revelado, mostrando que ela sofreu alguns abusos psicológicos e físicos cometidos pela própria mãe, e agora ela não só tenta lidar com a mágoa que ela sente, como também com a culpa que carrega por ter se envolvido diretamente com a morte de Perry.
Renata, que antes apareceu só como uma excêntrica advogada bem sucedida e que tenta compensar sua ausência dando tudo do bom e do melhor para sua filha, agora tem a vida mais abordada e seu relacionamento com o marido é pra matar qualquer um de desgosto. Não por não ter sido bem construído, muito pelo contrário, mas por mostrar o quão tóxico e oportunista esse homem foi, fazendo besteiras atrás de besteiras, a ponto de levar a família à falência e levar Renata a loucura.


Cega pelo luto e inconformada com a morte do filho que ela pensava ser um exemplo de bom homem e marido, Mary Louise não acredita que a morte dele tenha sido mero acidente e quer provar isso pra polícia, e, com seus pensamentos machistas, tenta encontrar no comportamento de Celeste justificativas para provar que ela não é boa mãe, que não é capaz de criar os próprios filhos, que ela mentiu sobre as violências que sofria, e ainda se acha no direito de julgar todo mundo com quem se depara da forma mais asquerosa que se possa imaginar, principalmente Jane, cujo filho foi fruto do estupro cometido por Perry no passado.


No mais, a série serviu para matarmos a saudade de Monterrey, e compreender um pouco mais das personagens através da forma como elas estão seguindo com a vida e lidando com segredos e problemas. Talvez a série pudesse ter sido mais enxuta a fim de evitar enrolação em cenas desnecessárias até que chegasse o final realmente empolgante, onde esperei ansiosamente por Mary Louise ter algum tipo de castigo digno, ou uma redenção. Mas, no fim das contas, posso dizer que embora tenha seus defeitos, a série foi muito boa de se acompanhar, seja pelas excelentes interpretações de todo o elenco, pela trilha sonora maravilhosa, pela forma de se conduzir os dramas (de forma direta ou através de cenas abstratas que sugerem algo que não se concretiza), ou pela curiosidade de saber mais sobre a vida cheia de altos e baixos dessas mulheres tão marcantes.

Na Telinha - Big Little Lies (1ª Temporada)

9 de julho de 2019

Título: Big Little Lies
Temporada: 1 | Episódios: 7
Distribuidora: HBO
Elenco: Reese Whiterspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Laura Dern, Zoë Kravitz, Alexander Skarsgård, Adam Scott
Gênero: Drama/Suspense
Ano: 2017
Duração: 52min
Classificação: +16
Nota: ★★★★★
Sinopse: Na cidade litorânea de Monterey, estado da Califórnia, nada é o que parece. Madeline (Reese Witherspoon), Celeste (Nicole Kidman) e Jane (Shailene Woodley) são três mulheres, com vidas aparentemente perfeitas, que se unem depois que seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Mas alguns acontecimentos as envolvem numa trama de assassinato.

Em 2015, o terceiro livro escolhido para o finado Clube do Livro da Liga foi o Pequenas Grandes Mentiras, da autora Liane Moriarty, e lembro de ter sido uma das melhores e mais empolgantes leituras que fiz naquele ano. Pouco tempo depois, a HBO anunciou que havia adquirido os direitos para produzir uma minissérie baseada na obra, ficamos todos na expectativa, e em 2017 ela foi ao ar. Eu cheguei a esboçar uma postagem para fazer a crítica, mas o tempo foi passando, eu fui adiando e, no final das contas, já não lembrava dos detalhes com tanta clareza para falar sobre a série com a devida propriedade, e acabei desistindo da crítica. Agora, com o recente lançamento da segunda temporada (que na época não havia sido mencionada e eu nem imaginava que iriam produzir), eu aproveitei o gancho para rever e relembrar do que havia esquecido, assim, eu poderia acompanhar os episódios da temporada nova estando por dentro do assunto.



Resumindo, a história se passa na cidade litorânea - e maravilhosa - de Monterey, norte da Califórnia. Inicialmente sabemos que houve um assassinato, o que nos leva a uma narrativa que se alterna entre presente e passado, com os potenciais suspeitos sendo interrogados e dando seus depoimentos sobre o incidente para os investigadores. O espectador não sabe quem matou, quem morreu, e o quê, de fato, aconteceu. Assim, em paralelo a esses relatos, acompanhamos os momentos que antecedem a dita morte naquela comunidade onde tudo parece tão perfeito, principalmente através da vida de três mulheres, Madeline, Celeste e Jane, nos levando à uma jornada de completa desconstrução de conceitos. Há também a questão das crianças e da confusão que um enorme mal entendido causa no relacionamento entre essas mulheres, como mães, e o que ele desencadeia em toda a comunidade. As camadas das personagens são relevadas gradualmente nos menores detalhes, e são responsáveis por nos mostrar que nem sempre as coisas são o que aparentam ser. Os traumas causados pela violência vem em diferentes nuances, pois cada uma lida com os problemas à própria maneira, assim como o impacto que isso tem em suas vidas. Cada uma é afetada de forma diferente e requer um tipo de atenção diferente.



Por se tratar de uma adaptação, algumas diferenças entre série e livro são notáveis, mas nada que prejudique o enredo ou fuja do tema. O início é um pouco lento e o suspense, mesmo que desperte muito nossa curiosidade, é construído devagar. Alguns personagens inclusive ganham destaque e profundidade a mais ao terem os próprios arcos desenvolvidos e explorados. É o caso de Renata (Laura Dern), por exemplo, que acaba representando o papel da mulher competitiva que batalhou duro para ser bem sucedida na vida, ao mesmo tempo que é mãe e super protetora.



Obviamente a realidade dessas mulheres na questão social é bem diferente da maioria das pessoas comuns, de gente como a gente. O estilo de vida que levam, as mansões que moram e afins estão longe da realidade da maioria, principalmente aqui no Brasil, mas a questão que envolve o emocional e a moral é o que ganha o maior destaque, e é o que realmente importa. A questão do mistério acerca do assassinato acaba sendo mero pano de fundo para destacar uma temática profunda e relevante sobre traumas, abusos, sororidade, relacionamentos, maternidade e superação, e também para deixar evidente que sustentar pequenas mentiras pode resultar em algo não só indesejado, mas que pode vir a se tornar grande o bastante para sair do controle.



Madeline (Reese Whiterspoon) é teimosa, controladora, invasiva e curiosa sobre tudo o que se passa com a vida alheia a ponto de ser inconveniente. Mesmo no segundo casamento, ela não lida bem com o entrosamento da filha mais velha com o ex-marido e sua atual esposa, Bonnie (Zoë Kravitz). Muito da sua personalidade e escolhas acaba interferindo no seu atual o casamento. Celeste (Nicole Kidman) abriu mão de tudo para se dedicar aos filhos e ao marido, mas por trás da vida perfeita e do casamento feliz, ela esconde segredos terríveis sobre o que vive dentro de casa. Jane (Shailenne Woodley) é a mãe solteira recém chegada à cidade. Ela já carrega um trauma do passado que ainda não conseguiu superar, e em Monterey ainda precisa lidar com julgamentos alheios por não se encaixar totalmente ao "padrão perfeito" dos moradores dalí. Jane constantemente se sente deslocada, mas em busca de um novo começo e uma vida melhor para seu filho, ela está decidida a enfrentar o que vier pela frente.



Os personagens masculinos, que geralmente representam papéis dos maridos ou alguma figura masculina familiar, mesmo que tenham certa importância para o desenrolar da história, ainda são coadjuvantes perto das mulheres. Elas são complexas, trazem um pouco de representatividade com seus defeitos e virtudes, e são elas quem movimentam a trama em meio aos temas delicados e polêmicos que se conectam com todo tipo de público.

A primeira temporada acaba tendo o mesmo desfecho do livro e o final é bem fechado, mas não deixa de atiçar nossa curiosidade acerca do que o futuro reservaria para essas mulheres peculiares e únicas. Talvez por isso, e pelo enorme sucesso que a série fez, tenham decidido fazer a segunda temporada trazendo as respostas para as perguntas que ficaram sobre o que viria depois.



No mais, com uma boa dose de drama, suspense e toques de bom humor, Big Little Lies é uma excelente pedida pra quem quer acompanhar uma história relevante sobre mulheres que, aos poucos, vão aprendendo que ser feliz e dar valor as pequenas coisas é mais importante do que viver de aparências.

Na Telinha - Origin (1ª temporada)

2 de março de 2019

Título: Origin (Origin)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Elenco: Natalia Tena, Tom Felton, Sen Mitsuji, Nora Arnezeder, Fraser James, Philipp Christopher, Madalyn Horcher, Siobhán Cullen, Adelayo Adedayo, Nina Wadia, Johannes Johannesson
Gênero: Suspense/Sci-Fi
Ano: 2018
Duração: 60min
Classificação: +14
Nota★★
Sinopse: Um grupo de estranhos descobre que se encontra abandonado em uma espaçonave a caminho de um planeta distante. Agora eles precisam trabalhar juntos para sobreviver, mas percebem que um deles não é quem diz ser.

O YouTube entrou na onda dos serviços de streaming e, para os usuários pagantes, como Youtube Originals, passou a oferecer algumas produções bem chamativas, principalmente devido ao elenco escolhido na primeira série que disponibilizaram, Origin.

A série conta a história de um grupo de estranhos que estão em busca de uma segunda chance para recomeçarem suas vidas. Eles participam de um programa da Siren Corporation e, assim, embarcam na nave Origin rumo ao planeta Thea. Porém, algo dá errado no caminho, alguma coisa invadiu a nave, os passageiros não estão mais sozinhos e agora precisam lidar com uma presença alienígena e perigosa que pode matar quem estiver em seu caminho. Agora, como sobreviventes dessa tragédia em pleno espaço, eles devem se unir para não só descobrir o que está acontecendo, mas como sair dessa enrascada, e identificar - e eliminar - quem se tornou o hospedeiro do alienígena.


Assim, os passageiros de uma das alas da nave "acordam" antes do tempo pré-determinado e se encontram sozinhos numa situação desconhecida e perigosa onde todos são suspeitos e nada confiáveis. Desde o início também podemos acompanhar os vários flashbacks da vida de cada um deles para mostrar o que eles faziam antes do embarque, e como foram parar naquela nave, e isso ajudou no aprofundamento dos personagens para que possamos conhecê-los melhor. Todos eles tinham algum problema ou trauma que não conseguiram superar e, na intenção de apagarem o passado, só queriam uma chance de recomeçar num lugar novo e bem longe.
E sim, é impossível não associar a premissa de Origin ao seriado Lost, porém a diferença é que os personagens, em vez de estarem numa ilha com direito a mistérios e fumaça preta, estão perdidos no espaço com um alienígena a solta que pode ser qualquer um dos passageiros.


Alguns personagens tem uma história bem trabalhada e complexa, com uma carga dramática intensa e bem construída, e isso os torna pessoas bem interessantes, mas outros nem tanto. Alguns nem chegam a viver muito para que suas histórias sejam contadas.
Logan, interpretado por Tom Felton, é um personagem que, inicialmente, parece ser um imbecil, mas quando acompanhamos sua história, entendemos que ele é um ótimo personagem. E isso também se aplica em Lana (Natalia Tena), que também tem uma história de vida interessante mas ao mesmo tempo triste, e a todos os outros que tem suas histórias contadas. Todos tem um passado doloroso e traumático em comum, porém, eles não compartilham isso entre si pois querem esconder e apagar o que viveram, e a qualquer sinal de que alguma informação possa vir à tona, eles ficam desesperados tentando impedir que algo sobre eles seja descoberto pelos outros. Cada um deles tem personalidade própria e características físicas ou psicológicas singulares, dando não só uma diversidade étnica aos personagens, como também levanta seus conflitos pessoais, envolvendo suas crenças, sexualidade, moralidade, problemas de comportamento, sentimentos inesperados e afins. Apresentar os personagens através de flashbacks foi uma maneira muito inteligente de mudar ou reforçar as primeiras impressões que eles passaram, pois se não vamos com a cara de alguém do começo, lá na frente sabemos o que ele passou na vida, e isso acaba despertando nossa simpatia (ou não).


O cenário escuro, com tons envelhecidos de verde e azul, dá um ar sombrio e misterioso à série, rendendo alguns bons momentos de tensão. As luzes e os efeitos especiais que remetem à tecnologia avançada reforçam o gênero sci-fi. Logo no primeiro episódio isso fica bem evidente, principalmente por mostrar cenas com muito sangue, feridas abertas, e outras bizarrices repulsivas e cheias de violentas. O começo tem um ritmo muito bom, mas a tentativa de manter isso até o final não foi tão bem sucedida como eu imaginei. Alguns episódios se arrastaram demais focando em personagens em busca de algo que nunca aparece, e na maioria das vezes há uma tentativa de criar uma expectativa pra nada, porque ficamos esperando algo acontecer e não acontece. A todo momento vem um "BAM", um barulhão alto e repentino pra intensificar uma situação onde nada está acontecendo, ou só pra tentar assustar o espectador a toa. Esse tipo de recurso sonoro, quando utilizado nos momentos certos, causam o efeito esperado, mas se utilizado da forma gratuita como foi feito aqui, só me fez revirar os olhos. Somado isso a atitudes exageradas, comportamentos e escolhas previsíveis, e repetição de erros toscos, o resultado não foi algo muito agradável de se acompanhar. Chegou num ponto que eu não esperava pelo próximo movimento ou ataque de alguém, eu esperava pelo "BAM". Tem muito mais ação nos flashbacks do que na corrida pela sobrevivência dentro da nave. Fazendo um contraste com o momento presente, as cenas dos flashbacks são bem coloridas e com tons mais vibrantes do que na nave.


Outro ponto problemático é que muita coisa acontece fora de cena, e isso foi um problema pois quando algumas coisas começam a se encaixar na tentativa de dar algumas poucas explicações, a sensação é de que tudo foi forçado a seguir por um caminho inesperado, porém desconexo, cujo único objetivo era surpreender o espectador. No final você pensa "WTF??". Muita coisa fica em aberto, inclusive o próprio final, então pra quem quiser saber o que diabos vai acontecer, vai mofar um pouquinho na espera da segunda temporada.


No mais, apesar de não ter sido uma série que tenha me surpreendido no quesito ação e suspense, valeu ter assistido só pelas mensagens passadas nas entrelinhas através dos dramas dos personagens, pois elas, sim, me fizeram refletir sobre algumas questões da própria humanidade e seus conflitos pessoais: Como podemos usar a tecnologia e a inteligência artificial a nosso favor, mantendo a moral e a ética? Como seria se tivéssemos uma segunda chance para recomeçar a vida? Até onde somos capazes de ir para reparar nossos piores erros?

Eu não curti a ponto de indicar. Achei que a série teve mais pontos negativos do que positivos, mesmo que tenha alguns méritos. O Youtube disponibilizou os primeiros episódios de graça para "degustação", e acho que dá pra ter noção do que esperar assistindo a esses, e tirando as próprias conclusões.

Na Telinha - Você (1ª temporada)

27 de fevereiro de 2019

Título: Você (You)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Elenco: Penn Badgley, Elizabeth Lail, Ambyr Childers
Gênero: Suspense/Drama
Ano: 2018
Duração: 42min
Classificação: +16
Nota★★
Sinopse: Guinevere Beck (Elizabeth Lail) é uma aspirante a escritora, que vê sua vida mudar completamente ao entrar em uma livraria no East Village, onde conhece o charmoso gerente, Joe Goldberg (Penn Badgley). Assim que a conhece, Joe tem certeza de que ela é a garota dos seus sonhos, e fará de tudo para conquistá-la — usando a internet e as redes sociais para descobrir tudo sobre Beck. O que poderia ser visto como paixão se transforma em uma obsessão perigosa, uma vez que Joe não vai medir esforços para tirar de seu caminho tudo e todos que podem ameaçar seus objetivos.

Você é uma série de suspense/thriller exibida pela Netflix e baseada no livro homônimo de Caroline Kepnes.

Joe é gerente de uma livraria no East Village e, aparentemente, leva uma vida normal. Mas, quando conhece Beck, uma jovem aspirante a escritora, ele fica obcecado por ela, passa a persegui-la, espioná-la, planeja uma aproximação por acaso para conquistá-la e, enfim, firmar um relacionamento que ele tanto quer. E o que deveria ser uma paixão avassaladora, se transforma num jogo perigoso em que Joe não vai medir esforços para afastar, de forma bem sorrateira, qualquer um que esteja em seu caminho ou que possa ameaçar seus objetivos.


A ideia da série ser narrada pelo próprio Joe permite que quem assista tenha acesso aos pensamentos dele e enxergue as coisas pelo seu ponto de vista mui deturpado, diga-se de passagem, e ao mesmo tempo que conseguimos compreender suas motivações, também sentimos repulsa por tudo o que ele tem coragem de fazer da forma mais fria e calculista que já se viu, como um típico psicopata. Assim, tudo o que ele faz no intuito de conquistar Beck acaba sendo tão assustador quanto dinâmico, principalmente quando algo não sai como o esperado e ele precisa improvisar. O suspense se sustenta e mantém o espectador fisgado, ansioso pelo que está por vir.


Talvez o problema maior que a série trouxe foi a ideia de que muita gente romantizou a questão da obsessão, da possessividade e da psicopatia, como se o embuste estivesse fazendo as coisas mais lindas e românticas do mundo em nome do amor, como se ele fosse um bom moço, digno de um final feliz com direito a pombas brancas voando rumo ao horizonte, mas acredito que o brilhantismo da série está aí, nesse terror psicológico, mostrando que alguém como ele é capaz de "ler" e descrever o íntimo das pessoas só de observá-las, consegue chegar de mansinho, usando as palavras e seu jeito amável para manipular e enganar os outros, e quando a pessoa se dá conta (se é que vai se dar conta) que se deixou levar por um completo maníaco, já está num caminho praticamente sem volta, com mínimas condições de se ver livre dessa enorme cilada.


Por outro lado, temos Beck, que é uma personagem um tanto problemática no que diz respeito à própria personalidade. Ela é uma moça bonita e é até compreensível que Joe tenha ficado atraído por ela, mas ela é vazia, egoísta, dependente, precisa constantemente de gente ao seu redor alimentando seu ego para se autoafirmar e, no geral, é totalmente odiosa. Aquele sorriso bonito também esconde muita podridão. Talvez tenha sido por isso que tanta gente gostou muito mais de Joe do que dela, mesmo ela sendo a vítima. E mesmo Joe descobrindo tudo sobre ela, ele se nega a aceitar que ela é um fracasso ambulante e continua insistindo e dando desculpas para todos os erros que ela comete para justificar seu interesse doentio.


No mais, os cenários onde a história se passa dão um ar de aconchego e charme, e funcionam como um convite. Quem poderia imaginar que alguém que trabalha numa livraria, que entende de livros e adore ler, seja um lunático de carteirinha? Tudo é muito convidativo para o perigo, e isso colabora para fisgar o espectador, assim como Beck foi fisgada.

Os personagens coadjuvantes também são bem interessantes e colaboram muito no desenrolar da trama, sejam motivando ou atrapalhando os planos de alguém. Nota especial para Peach, a melhor amiga de Beck, e Paco, o vizinho de Joe. Através de Peach conseguimos ver um outro lado da obsessão, como a manipulação pode vir de onde menos de espera e que nem sempre podemos confiar em quem sempre esteve por perto. E Paco, por ser um garotinho que passa por vários problemas em casa com a mãe e o padrasto, acaba amenizando a personalidade de Joe, pois ele faz com que o lado bom de Joe venha a tona, e talvez por causa dele, o delinquente não seja encarado como alguém inteiramente detestável. Seria algo como "ele ajuda crianças, logo não pode ser tão mau". Parece que tudo está ali colaborando de propósito para que Joe não seja visto como vilão.


A série também toca bastante em questões que envolvem as redes sociais e a forma como as pessoas expõe suas vidas de forma tão gratuita, a ponto de qualquer um saber tudo sobre elas, basta uma rápida pesquisa, e ainda traz reflexões relevantes sobre a geração da atualidade, que sente necessidade de mostrar uma vida de aparências em função de "likes".
O único problema que tive com a série foi com a falta de cuidado com determinadas coisas que envolvem alguns crimes pavorosos, como sequestros e assassinatos. Se alguém morre, basta que o assassino envie uma mensagem pelo celular da vítima avisando que ele estará fora por sabe-se lá quanto tempo e pronto, ninguém se preocupa nunca mais e, de forma bem fácil, lá se foi um obstáculo. Esse tipo de artifício é utilizado com frequência a fim de facilitar a vida de Joe e o desenvolvimento da trama, e por mais que eu tenha ficado presa à ela devido a curiosidade do que estava por vir, não foi algo muito agradável de se acompanhar. No final das contas, muitas coisas ficam sem resposta ou resolução, e espero que na segunda temporada tudo se esclareça, e que haja as devidas punições para quem acha que está impune depois de ter feito tanta merda.


Você é uma série cheia de reviravoltas, que não fala apenas do comportamento doentio de um psicopata/stalker e do que ele é capaz de fazer quando tem alguém na mira, mas se aprofunda com maestria na linha tênue que separa amor de obsessão.

Stalker - Tarryn Fisher

25 de janeiro de 2019

Título: Stalker
Autora: Tarryn Fisher
Editora: Faro Editorial
Gênero: Suspense/Mistério
Ano: 2018
Páginas: 256
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Deprimida após sofrer um aborto espontâneo, Fig Coxbury passa seu tempo em praças observando as crianças que poderiam ser a sua filha. Até que uma menininha brincando com a mãe desperta uma obsessão. Logo, Fig se vê mudando de casa e de bairro não por necessidade, mas porque a casa vizinha oferece tudo o que ela mais deseja: a filha, o marido e a vida que pertence a outra pessoa.

Resenha: Depois de sofrer um aborto, Fig se tornou uma mulher extremamente perturbada que passou a acreditar que sua filha reencarnaria em alguma criança próxima. Assim, ela passa seu tempo em parques e praças observando crianças com intuito de encontrar sua filha em uma delas. Mercy, filha de Jolene, chama a atenção de Fig, que começa observando e tirando algumas fotos da menina, mas logo ela se muda para a casa ao lado da de Jolene para ficar mais próxima de sua família. A aproximação gera uma amizade, e não demora para que Fig copie tudo que Jolene faz na intenção de fazer melhor, pois segundo ela, Jolene é uma Mãe Desnaturada que não merece a vida e a família que tem. Jolene não enxerga o problema e acredita que o comportamento de Fig foi desencadeado pela perda da filha e pela solidão, e que ela só precisa ser compreendida. Até que Darius, psicólogo e marido apaixonado de Jolene, percebe que existe algo de errado: Fig está obcecada não só por sua esposa, mas pela vida que ela construiu.

O livro é dividido em três partes destinadas ao ponto de vista de cada personagem, Fig, Jolene e Darius. Num primeiro momento conhecemos Fig e como ela se tornou tão obsessiva, porém as descrições e seu desenvolvimento se estendem mais do que o necessário, tornando esta parte longa, arrastada e muito repetitiva em alguns pontos.
Jolene é uma mulher que, embora se esforce, é um tanto ingênua por preferir enxergar o lado que ela acredita ser bom nas pessoas. Por mais que ela seja alertada sobre o comportamento questionável e perigoso de Fig, ela sempre encontra justificativas, se nega a enxergar o problema e continua dando a mão para a nova "amiga" sempre que necessário.
Já o ponto de vista de Darius é o mais interessante e esclarecedor, talvez por ele ser psicólogo e ter conseguido identificar melhor as características doentias de Fig. Ela inclusive acredita que ele seja o homem e marido perfeito que Jolene não valoriza, mas pelos olhos de Darius percebemos que ele é um homem que também tem, seus defeitos.

A história foi baseada em acontecimentos reais da vida da própria autora, o que torna tudo ainda mais assustador. A trama em si é interessante e, mesmo que com vários problemas de construção e desenvolvimento, mostra um lado bastante perturbador do que é ser uma sociopata, assim como ser perseguida por uma stalker, porém existem muitos pontos confusos e sem as devidas explicações que só fazem milhões de pontos de interrogação pairar sobre nossas cabeças. Um deles é sobre o marido de Fig, que embora exista, é totalmente esquecido, aparecendo num pequeno momento por questão de conveniência.
A sensação que tive com essa leitura foi a de acompanhar fragmentos de uma situação problemática por três pontos de vista diferentes, como se a história estivesse sendo contada faltando pedaços e a obrigação do leitor é montar esse quebra-cabeças maluco. O final também é totalmente WTF, surreal, e a impressão é de estar ali só pra deixar aquela sensação de amargo na boca.

Enfim, este foi um livro ok, com mais falhas do que méritos, mas ainda assim vale a leitura pelo tema delicado. Stalker é uma história interessante, porém mal executada, sobre o desejo de se ter o que não deveria estar ao alcance, e que consegue mostrar um pouco da fraqueza humana, da sociopatia, da psicopatia, e que a mesma história pode ter a mesma versão, só depende do ponto de vista de quem vê.


O Jardim Esquecido - Kate Morton

10 de dezembro de 2018

Título: O Jardim Esquecido
Autora: Kate Morton
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance/Suspense
Ano: 2018
Páginas: 496
Nota:★★★★☆
Sinopse: Uma criança abandonada, um antigo livro mágico, um jardim secreto, uma família aristocrática, um amor negado. Em mais uma obra-prima, Kate Morton cria uma história fantástica que nos conduz por um labirinto de memórias e encantamento, como um verdadeiro conto de fadas.
Dez anos após um trágico acidente, Cassandra sofre um novo baque com a morte de sua querida avó, Nell. Triste e solitária, ela tem a sensação de que perdeu tudo o que considerava importante. Mas o inesperado testamento deixado pela avó provoca outra reviravolta, desafiando tudo o que pensava que sabia sobre si mesma e sua família.
Ao herdar uma misteriosa casa na Inglaterra, um chalé no penhasco rodeado por um jardim abandonado, Cassandra percebe que Nell guardava uma série de segredos e fica intrigada sobre o passado da avó.
Enchendo-se de coragem, ela decide viajar à Inglaterra em busca de respostas. Suas únicas pistas são uma maleta antiga e um livro de contos de fadas escrito por Eliza Makepeace, autora vitoriana que desapareceu no início do século XX. Mal sabe Cassandra que, nesse processo, vai descobrir uma nova vida para ela própria.

Resenha: Este é mais um livro de Kate Morton que foi publicado inicialmente em 2009 pela Editora Rocco, sob o título de O Jardim Secreto de Elisa. Agora, uma nova edição foi relançada pela Editora Arqueiro como O Jardim Esquecido.

Após um acidente que mudou sua vida dez anos atrás, Cassandra, arrasada e sentindo muito solitária mais uma vez, precisa lidar com a morte recente de sua querida avó, Nell. O que ela não esperava era que o testamento deixado por Nell causasse uma reviravolta tão grande em sua vida. Cassandra herdou uma a mansão Blackhurst, em Londres, que está cercada de mistérios e segredos da avó, e agora ela decidiu partir pra lá, em busca de respostas sobre sua família, tendo um livro de contos de fadas escrito por Eliza Makepeace, e uma maleta, como únicas pistas.
Assim, vamos conhecendo um pouco mais de Cassandra, Nell e Eliza, três mulheres, ligadas pelo sangue ou por empatia, e muito parecidas, tanto em força quando em história de vida. Acompanhar suas vidas, saber o que passaram e o que perderam, e participar da busca individual por algo que foi tirado delas é uma jornada incrível.

A história é dividida em três partes, narrada em terceira pessoa, tem uma escrita bastante descritiva e alterna passado e presente entre a vida das personagens. O ritmo da trama é lento e vai sendo construído de forma gradual, onde os capítulos que fazem parte do passado vão preenchendo as lacunas e dando as devidas respostas no presente. É preciso um pouco de paciência até que as coisas começam a acontecer, de fato, pois a leitura acaba se arrastando em alguns momentos, mas é uma espera que vale a pena, mesmo que inicialmente possamos achar as personagens e suas atitudes tolas.

As personagens são muitíssimos bem construídas, com camadas e pontos de personalidade que as tornam pessoas interessantes, com quem sentimos empatia e podemos nos identificar. Elas são pessoas comuns, não têm nenhum atrativo grandioso que as destaque tanto assim, mas as histórias de vida delas são marcantes.
Eliza é aquela que não pensa nas consequências de suas escolhas, e mesmo que seja uma pessoa encantadora, ela coloca os outros em primeiro lugar e acaba não tomando as melhores decisões para si mesma. Nell não consegue se livrar dos fantasmas de seu passado. E Cassandra, embora tenha sofrido perdas irreparáveis, é a única que tem forças para seguir em frente e buscar po respostas.
Os demais personagens também são importantes para o desenvolvimento da história e das próprias protagonistas, principalmente os familiares que tiveram influência na construção da pessoa que cada uma delas se tornou. Os mistérios que cercam a família são bem intrigantes, e acompanhar o quanto elas foram marcadas por tantos segredos, preconceitos e tragédias faz com que o leitor fique preso na leitura, querendo que tudo se revele, e torcendo para que haja uma recompensa ao final.

Chega a ser complicado falar de um livro que tem histórias dentro da própria história e que funcionam como elo para conectar tudo em seus devidos lugares, onde a própria trama acerca do jardim acaba sendo mais um personagem tão importante quanto as demais, e a medida que a leitura avança, vamos cada vez mais admirando a forma como cada mulher enfrentou o mundo em épocas tão diferentes, e a imersão é tamanha que a sensação final é de vitória.

Leitura mais do que recomendada para quem curte se envolver numa trama complexa, e recheada de mistérios a serem desvendados.

A Garota do Lago - Charlie Donlea

8 de novembro de 2018

Título: A Garota do Lago
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Gênero: Suspense/Policial
Ano: 2017
Páginas: 296
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Alguns lugares parecem belos demais para serem tocados pelo horror...
Summit Lake, uma pequena cidade entre montanhas, é esse tipo de lugar, bucólico e com encantadoras casas dispostas à beira de um longo trecho de água intocada.
Duas semanas atrás, a estudante de direito Becca Eckersley foi brutalmente assassinada em uma dessas casas. Filha de um poderoso advogado, Becca estava no auge de sua vida. Atraída instintivamente pela notícia, a repórter Kelsey Castle vai até a cidade para investigar o caso.
E logo se estabelece uma conexão íntima quando um vivo caminha nas mesmas pegadas dos mortos...
E enquanto descobre sobre as amizades de Becca, sua vida amorosa e os segredos que ela guardava, a repórter fica cada vez mais convencida de que a verdade sobre o que aconteceu com Becca pode ser a chave para superar as marcas sombrias de seu próprio passado...

Resenha: Becca Eckersley é uma estudante de direito, filha de um advogado poderoso, no auge da vida. Ela é jovem, bonita e com um futuro promissor, mas, há algumas semanas, Becca foi assassinada. Embora o crime tenha chocado os moradores da cidadezinha de Summit Lake, a polícia decidiu manter o caso em sigilo, e isso acaba despertando a atenção da jornalista Kesley Castle, que quer descobrir quem matou Becca, e o porquê.
Enquanto Kelsey começa sua investigação, ela, inevitavelmente, se identifica com Becca. As duas sofreram e tiveram momentos dolorosos em comum, e isso serviu como um gatilho para que a jornalista vá a fundo nessa história, sem descanso. Porém, a medida que a investigação de desenrola, várias pessoas se tornam suspeitas, e Kelsey se vê cercada de informações cruciais e segredos sombrios que não só iriam ajudá-la a resolver o caso, mas ajudá-la a superar as cicatrizes de um passado bem parecido com o de Becca.

Assim como nos outros livros do autor, este tem uma narrativa bem fluída, feita em terceira pessoa, carregada de detalhes, e o leitor praticamente participa da investigação feita pela protagonista. Fatos do passado e do presente se alternam de forma dinâmica e intensa, conectando os pontos dentro da investigação.
Os capítulos são curtos e vão mostrando os últimos momentos da vida de Becca, e como eles se encaixam para Kelsey solucionar este caso trágico, e, através disso, podemos perceber o quanto as duas são parecidas e por que Kelsey faz tanta questão de resolver tudo. Ela acredita que resolver o caso ajudaria ela superar um trauma sofrido no passado.

No decorrer da história, é possível que o leitor bole teorias a fim de tentar descobrir quem é o assassino de Becca, e as reviravoltas que a trama oferece acabam nos levando para outro lado várias vezes, porém, desde os primeiros capítulos, eu já desconfiei de um personagem em particular, e por mais que o autor tenha dado voltas e tentando nos fazer pensar que fosse outra pessoa dentre os suspeitos, e inserindo toques de suspense que não me deixaram nada apreensiva, eu não acreditei que o assassino pudesse ser outro. Assim, por mais que a trama prenda e traga situações inesperadas, não foi algo que me surpreendeu tanto como esperei. Não achei que título também tenha muito a ver com a história em si, e talvez fosse melhor que o título original, que é o nome da cidadezinha, fosse mantido, e nem achei que a própria Kelsey teve o devido aprofundamento que merecia para torná-la no mínimo uma personagem interessante. Por mais que ela tenha ficado envolvida emocionalmente com o caso, o que poderia justificar uma suposta fragilidade, Kelsey é uma jornalista experiente e com algum renome, mas o que percebi foi uma enorme falta de tato e percepção. As informações que ela precisava para seguir em frente eram obtidas de forma muito fácil e conveniente, com ajuda dedicada de pessoas improváveis que sequer a viram alguma vez na vida, logo a investigação em si não me soou tão convincente, e nem que ela, como escritora e jornalista, fosse tão competente como fizeram parecer que fosse.

A capa é muito bonita e chamativa, as página amarelas são grossas e de qualidade superior, a diagramação da Faro é ótima, como sempre, e nesta parte só tenho elogios a fazer.

A Garota do Lago, apesar de ter algumas falhas estruturais, é um bom livro policial para quem quer ler de forma despretensiosa e não se liga muito em clichês. Os personagens, embora sem muito aprofundamento, são interessantes e muitas vezes acabam sustentando a trama nas costas, mas não acho que seja um livro totalmente imperdível para os fãs do gênero. É bom, mas esperava mais.


O Clube dos Oito - Daniel Handler

9 de julho de 2018

Título: O Clube dos Oito
Autor: Daniel Handler
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Suspense
Ano: 2018
Páginas: 400
Nota:★★★★★
Sinopse: Como um grupo de jovens estudantes bem-educados acabou se envolvendo num escândalo que chocou um país? Por que tantos especialistas em comportamento juvenil têm algo a dizer quando o assunto é o Clube dos Oito? Até quando inúmeras manchetes de jornal e programas de TV sensacionalistas vão explorar o caso nos mínimos detalhes? Para fazer com que a verdade venha à tona, Flannery Culp, a dita líder do Clube, decide tornar público o diário que manteve ao longo do seu desastroso último ano de ensino médio. Agora que está presa por cometer um assassinato, a garota tem tempo de editar o que escreveu e revisitar a rotina que levava ao lado de seus sete melhores amigos. A narrativa de Flan, permeada de professores da pior índole, um amor não correspondido, aulas complicadas e jantares pomposos, comprova que ela pode até ser uma adolescente criminosa — mas, pelo menos, é uma adolescente criminosa muito inteligente.

Resenha: Flannery Culp é uma adolescente do ensino médio que lidera o "Clube dos Oito", seu grupo de amigos. Tudo parecia muito normal entre esses adolescentes inteligentes e de personalidade forte, até Flannery ser presa acusada de assassinato e todos do grupo foram envolvidos nesse escândalo. Com tantas informações absurdas se espalhando pela mídia, Flannery decide divulgar um de seus bens mais preciosos: seu diário. Ela escrevia diariamente e as informações sobre seu último ano no ensino médio, o que aconteceu estaria registrado lá. Passado e presente se cruzam enquanto o diário está sendo lido, mas, editar alguns trechos antes de entregá-lo à mídia lhe parecia algo bastante conveniente...

A narrativa é feita em primeira pessoa, e desde o começo a protagonista conta que esta é uma versão editada de seu diário onde ela dá detalhes sobre como ela se tornou uma assassina. Durante a leitura, fica bem evidente que Flannery é uma garota muito inteligente e esperta, e a medida que ela dá detalhes sobre o que aconteceu no último ano, sempre ficava me perguntando se aquilo era verdade ou não, já que ela diz claramente que aquilo pode ter sido editado, na maior naturalidade.

As descrições são bem detalhadas, e é bem fácil perceber o personagem que está sendo mencionado. Todos são inteligentes e intelectuais (e bem estereotipados também), e também tem suas diferenças que facilitam na identificação de cada um, mas senti que em alguns pontos a história estava meio confusa, talvez porque a intenção da protagonista fosse nos confundir ou até mesmo pelo toque surreal do enredo.

Em meio a tudo isso, temas como abuso de bebidas alcoólicas, violência sexual e assédio também são abordados, porém de uma forma que não se encaixa muito bem nos dias de hoje. São temas delicados mas sem o devido aprofundamento, e encarados pelos personagens de uma forma nada séria. Dei uma pesquisada e descobri que este foi um dos primeiros livros do autor, e que para a época já foi considerado bem avançado por causa do tema abordado. É claro que há mais de vinte anos atrás as coisas eram encaradas de outra forma, mas acredito que os leitores sejam capazes de entender isso sem condenar o autor por criar personagens com comportamentos questionáveis. Então nem acho justo considerar esses pontos algo negativo na história. Uma coisa legal é que há toda aquela pegada dos anos 90, desde a tecnologia limitada até o convívio social, está presente de um jeito bem forte.

O Clube dos Oito é um suspense para o público mais jovem (mas nada impede que leitores mais velhos leia e gostem também), e eu, particularmente, achei o livro muito inteligente. O suspense, o mistério, e o tom sombrio aumentam a tensão durante a leitura e as reviravoltas são de tirar o fôlego, principalmente porque fazem com que o leitor reflita sobre comportamento, estilo de vida e até a decadência pessoal por causa de escolhas erradas e infelizes.

Rio Vermelho - Amy Lloyd

6 de julho de 2018

Título: Rio Vermelho
Autora: Amy Lloyd
Editora: Faro Editorial
Gênero: Thriller/Suspense
Ano: 2018
Páginas: 276
Nota:★★★★☆
Sinopse: Você acredita nele... então porque está com tanto medo?
Como confrontar quem você ama quando você não tem certeza se quer saber a verdade?
Há vinte anos, Dennis Danson foi preso pelo assassinato brutal de uma jovem no condado de Red River, na Flórida. Agora ele é o assunto de um documentário sobre crimes reais que está lançando um frenesi online para descobrir a verdade e libertar um homem que foi condenado erroneamente. A mil milhas de distância na Inglaterra, Samantha está obcecado com o caso de Dennis. Ela troca cartas com ele e é rapidamente conquistada por seu aparente charme e bondade para ela. Logo ela deixou sua velha vida para se casar com ele e fazer campanha para sua libertação. Mas quando a campanha é bem sucedida e Dennis é libertado, Sam começa a descobrir novos detalhes que sugerem que ele pode não ser tão inocente...

Resenha: Há vinte anos, Dennis Danson foi acusado e condenado a dezoito anos de prisão pelo assassinato de Holly Michaels no condado de Red River, na Flórida. A morte da jovem provocou uma investigação a nível nacional sobre as mortes de várias outras mulheres, o que gerou um impacto enorme na mídia. O caso ficou muito famoso e rendeu um documentário, e Dennis passou a atrair a atenção de políticos, celebridades, influenciadores e de diversas outras pessoas, incluindo Samantha.
Samantha é uma professora britânica que teve contato com o caso de Dennis através de Mark, seu ex namorado, e, desde então, ela ficou obcecada pelo rapaz. Ela não concorda com a condenação dele por não haver provas concretas do crime, passa horas na internet em busca de informações e teorias sobre o rapaz, e sua indignação com tamanha injustiça fez com que ela se tornasse um membro ativo dos seguidores dos fóruns que apoiam e fazem protestos pela liberdade de Dennis. No meio de tudo isso, um novo documentário sobre o caso de Dennis seria feito por Carrie, e novas investigações a fim de reunir mais informações sobre o rapaz seriam necessárias.
Quando Sam decide escrever para Dennis para demonstrar apoio, ela se surpreende por ele responder e parecer ser um cara tão simpático e amável. Pouco tempo depois o relacionamento se intensifica, Sam está cada vez mais apaixonada e acaba largando tudo na Inglaterra para ir pros EUA para continuar apoiando e lutando pela liberdade dele. Quando novas evidências sugerem que Dennis era mesmo inocente, não demora para que os dois se casem, e Samantha não vê a hora de recomeçar sua vida ao lado se seu marido. A ideia de viver um conto de fadas com seu verdadeiro amor era algo irresistível pra ela. Porém, com o passar do tempo, Sam percebe que as coisas não são o que parecem, as novas descobertas sobre o caso começam a vir à tona, e talvez Dennis, cujo comportamento mudou drasticamente, possa ser tudo, menos inocente...

A escrita, de forma geral, é excelente. As descrições acerca de personagens e cenários foram feitas na dose certa. A autora também aproveita pra inserir críticas sociais e trazer discussões relevantes à tona de uma forma inteligente e que se encaixa perfeitamente com questões da atualidade, como por exemplo, alguém ser preso apenas por "parecer suspeito".

Os personagens foram muito bem construídos e são muito próximos da realidade. Por mais absurda que possa parecer a ideia de uma mulher interessada em um cara condenado por assassinato, um suposto maníaco perigoso, isso é algo que realmente existe, e ter acesso ao ponto de vista de uma dessas mulheres que largam suas vidas em nome desse "amor", foi algo tão incômodo quanto interessante, pois praticamente nenhum dos nossos questionamentos, desde os menores pensamentos até a própria sanidade mental, passam despercebidos.

O diferencial aqui é que a história não gira em torno do mistério dos assassinatos, mas sim de um relacionamento - que, veja bem, não significa ser um romance! - incomum e que vai se moldando a partir das descobertas sobre o passado dele, e a partir da reação de Sam ao comportamento do marido. Segredos e desconfianças passam a ser o centro desse casamento, e resta saber se Dennis é ou não inocente. Outro elemento utilizado pela autora que funciona como crítica aos moldes da sociedade é sobre o uso desenfreado das redes sociais e da internet pelas pessoas para espalharem suas convicções, julgando (mitas vezes sem saber), tirando conclusões do além, condenando ou inocentando os outros, muitas vezes sem informações reais e concretas, mas que ainda assim desencadeiam grandes comoções e atingem milhões de pessoas, que passam a seguir ou não aquilo.

Samantha é uma personagem complicada, no mínimo perturbada. Sua insegurança e suas experiências passadas são um prato cheio para alguém manipulador que só está esperando uma oportunidade de se dar bem. O que parece é que ela vive em busca de algo para preencher seu vazio, ou de alguém que não a faça se sentir descartável, mas faz isso de forma insana. Ela não parece bater muito bem da cabeça e suas atitudes são questionáveis. E sabendo que Sam precisava de tão pouco, Dennis, que também passou por maus bocados no passado com a família, logo percebeu o que precisava fazer ou falar para controlar esse relacionamento da forma que lhe fosse conveniente. Ele é bastante complexo. Em frente das câmeras ele se comporta como um bom moço, mas na companhia da esposa ele é misterioso e parece esconder coisas, no mínimo, sombrias. Sendo assim, não espere por exemplos de integridade nesses personagens. Eles tem defeitos, alguns são insuportáveis, outros completos malucos, e com certeza algumas de suas escolhas e atitudes vão deixar os leitores agoniados e aflitos.

A diagramação, como sempre, é muito caprichada. O livro apresenta transcrições de depoimentos fictícios do caso, que colaboram bastante para que o leitor fique imerso e realmente acredite nessa história.
Em certos pontos achei que o ritmo da leitura não se manteve. Há várias reviravoltas e caminhos inesperados que a autora deu aos personagens, mas muito da intriga se diminuía frente a elementos não tão interessantes ao meu ver, e isso acabou não me deixando tão surpreendida quanto eu gostaria, mesmo que eu tenha me envolvido o bastante para não largar o livro enquanto não chegou ao final.
Rio Vermelho é aquele tipo de livro que vai deixar os leitores reflexivos acerca de toda a situação doentia criada pela autora, assim como servirá para avaliarmos a ideia de que nem sempre o que acreditamos como sendo a verdade absoluta, por obsessão ou coisa do tipo, corresponde à realidade...

A Mulher na Janela - A.J. Finn

11 de maio de 2018

Título: A Mulher na Janela
Autor: A.J. Finn
Editora: Arqueiro
Gênero: Suspense
Ano: 2018
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Sinopse: Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e... espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece. "A Mulher Na Janela" é um suspense psicológico engenhoso e comovente que remete ao melhor de Hitchcock.

Resenha: Anna Fox, uma psicóloga de trinta e oito anos, teve alguns problemas bem delicados em sua vida e um trauma bem sério acabou desencadeando nela a agorafobia, um transtorno psicológico que causa ataques de pânico quando o indivíduo se encontra em grandes locais abertos ou lugares públicos. Reclusa em casa há alguns meses por achar que ali é o único lugar seguro que pode ficar, Anna vive sozinha, longe do marido e da filha de oito anos, levando sua vida decadente com filmes antigos, bebida, remédios, fazendo compras ou conversando com estranhos pela internet, e espionando os vizinhos através de sua janela...
Quando os Russells se mudam para a casa ao lado, Anna fica obcecada com a ideia de uma família perfeita, até que algo totalmente inesperado e aterrorizante acontece e sua vida acaba sendo tomada por um caos absoluto. O problema é que seu distúrbio impede que ela possa distinguir se o que viu é real ou não, e cabe a ela provar o que alega ter visto...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Anna, o leitor fica limitado ao que se passa e é impossível não ficar curioso e se surpreender com detalhes que não sabemos se são reais ou se são só alucinações de sua cabeça. A ideia de Anna misturar bebida com remédios também não faz com que ela seja confiável, então é bem comum que em vários pontos haja dúvidas sobre a versão dela dos fatos.
Embora o livro comece com um ritmo bem lento e pareça confuso, ficamos instigados a continuar a leitura para sabermos o que aconteceu com Anna para que ela desenvolvesse tal fobia. Assim, vamos acompanhando sua rotina monótona e algumas de suas lembranças que, gradualmente, vão revelando cada vez mais sobre essa protagonista considerada louca e cheia de segredos e o que, de fato, aconteceu para que ela tenha deixado de sair de casa. Essas informações vão se mesclando com os acontecimentos recentes, com o que ela idealiza e com o que acredita ter visto enquanto bisbilhotava a vida alheia, e um thriller surpreendente e arrebatador nos é entregue. É possível que alguns leitores considerem a forma como a história é desenvolvida bem cansativa, pois em alguns pontos quando ela parece ganhar uma guinada as coisas voltam a estaca zero e a vontade é de esmurrar Anna na cara, mas é possível compreender que se trata de uma personagem problemática, que sofre de um transtorno mental sério e que sua visão de mundo muitas vezes é bem distorcida. O autor acaba nos colocando na pele dela, e por mais incômodo que isso possa ser, acaba sendo importante para uma experiência mais real com a história.
O autor também traça várias direções e é impossível saber o caminho certo pois, devido a situação de Anna, seguimos cheio de dúvidas e desconfianças, e além do mistério acerca do suposto assassinato e sobre o próprio passado da protagonista que movem a trama, ainda há espaço para informações relevantes sobre a agorafobia, a depressão e a solidão de forma bem convincente e realista.

Pra quem gosta de suspenses que nos deixam aflitos e traz bastante tensão, A Mulher na Janela é super indicado.

Branco Como a Neve - Salla Simukka

13 de março de 2018

Título: Branco Como a Neve - Branca de Neve #2
Autora: Salla Simukka
Editora: Novo Conceito
Gênero: Suspense/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 224
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Recuperando-se do terror que vivenciou nas mãos da máfia, Lumikki tem a chance de deixar a Finlândia, se livrando das roupas pesadas, das lembranças sombrias... e do perigo. Ela só quer ser uma garota normal, misturar-se à multidão de turistas e aproveitar as férias. Quando Lumikki conhece Zelenka, uma jovem misteriosa que alega ter o mesmo sangue que ela, as coincidências são inquietantes. Rapidamente ela se vê envolvida no mundo triste daquela mulher, descobrindo peças de um mistério que irá conduzi-la a uma seita secreta e aos mais altos escalões do poder corporativo. Para escapar dessa trama asfixiante, Lumikki não poderá fazer tudo sozinha. Não desta vez.

Resenha: Depois de ter vivido horrores com a máfia russa, Lumikki tem a chance de ir embora da Finlândia e ir para Praga para se recuperar da terrível experiência que teve após ter encontrado todo aquele dinheiro ensanguentado, ficar longe do perigo e voltar a ser a garota invisível que ela costumava ser. Porém, suas tão sonhadas férias não seriam como ela imaginou...
Quando Lumikki, por acaso, conhece a jovem - e enigmática - Zelenka e descobre que elas são irmãs, uma série de coincidências começam a surgir e a garota se vê envolvida num mistério acerca de uma seita secreta e perigosa e, diante disso, vidas poderão estar em risco...

Neste segundo volume da trilogia Branca de Neve, da autora finlandesa Salla Simukka, adentramos mais uma vez numa história com descrições ricas em meio a um cenário super instigante ao mesmo tempo em que acompanhamos uma protagonista um tanto quanto peculiar. Porém, diferente do primeiro volume, Branco Como a Neve evidencia o passado de Lumikki no que diz respeito à sua família, algo que ficou obscuro e mantido em segredo por todo o tempo. Não que a autora tenha dado todas as respostas para as questões levantadas, principalmente porque Lumikki está claramente perdida - e até curiosa - em meio a nova situação em que se encontra, tentando juntar peças de momentos de seu passado a fim de montar um quebra cabeças que mudaria sua vida pra sempre, mesmo que algo pareça estar bem estranho...
Lumikki, depois de tantas decepções e riscos que correu, se esforça para tentar acreditar nas pessoas que se aproximam dela, afinal, não é possível que todos sejam vilões e queiram lhe fazer mal, e dar uma chance a Zelenka não parece algo tão fora de alcance. Mas quanto mais ela se aproxima da meia-irmã, mais próxima fica dos segredos que cercam as ruas da cidade.

Paralelo a esse aprofundamento no que diz respeito a protagonista e os detalhes do seu passado, há a parte investigativa envolvendo um jornalista em busca de provas e maiores informações sobre a existência da dita seita secreta, e tal matéria seria o bastante para alavancar sua carreira de forma bem considerável, e essa investigação acaba fazendo com que ele se aproxime de Lumikki, tornando a vida da garota muito mais complicada ainda.

Enfim, um ponto bacana é que a parte do suspense e do caso é algo fechado. A situação que a protagonista viveu no primeiro livro teve o ciclo fechado, e nesse segundo ela se depara com outra diferente, porém envolvendo riscos a outras pessoas. Talvez o livro possa ser lido sem conhecimento do primeiro sem prejudicar em quase nada o entendimento.
Embora Lumikki tenha amadurecido devido às experiências que teve, não senti que a leitura desse livro tenha sido tão marcante assim, principalmente porque a impressão que tive é que a autora prefere detalhar alguns elementos pontuais do que trabalhar os personagens com profundidade, então não consegui me conectar ou sentir empatia por nenhum deles.

O enredo parece ter seguido por outro caminho e o final da história também foi bastante previsível, e isso acaba estragando qualquer surpresa que o leitor possa vir a ter. Então, assim como o primeiro, penso que seja um livro indicado pra quem quer começar a ler thrillers voltados ao público mais jovem e menos exigente.

A Casa do Lago - Kate Morton

3 de março de 2018

Título: A Casa do Lago
Autora: Kate Morton
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: A casa da família Edevane está pronta para a aguardada festa do solstício de 1933. Alice, uma jovem e promissora escritora, tem ainda mais motivos para comemorar: ela não só criou um desfecho surpreendente para seu primeiro livro como está secretamente apaixonada. Porém, à meia-noite, enquanto os fogos de artifício iluminam o céu, os Edevanes sofrem uma perda devastadora que os leva a deixar a mansão para sempre.
Setenta anos depois, após um caso problemático, a detetive Sadie Sparrow é obrigada a tirar uma licença e se retira para o chalé do avô na Cornualha. Certo dia, ela se depara com uma casa abandonada rodeada por um bosque e descobre a história de um bebê que desapareceu sem deixar rastros.
A investigação fará com que seu caminho se encontre com o de uma famosa escritora policial. Já uma senhora, Alice Edevane trama a vida de forma tão perfeita quanto seus livros, até que a detetive surge para fazer perguntas sobre o seu passado, procurando desencavar uma complexa rede de segredos de que Alice sempre tentou fugir. 

Resenha: O ano é 2003. Sadie Sparrow é uma policial que foi afastada de um caso problemático o qual estava investigando, e foi passar as férias no chalé do avô, na Cornualha. Lá, ela acaba descobrindo a existência de uma casa abandonada que pertenceu à família Edevane, que guarda segredos sobre uma tragédia que aconteceu em 1933. Um bebê desapareceu em meio às comemorações do solstício e nunca foi encontrado, e o caso não resolvido deixa Sadie intrigada e determinada a desvendar este mistério. Ao seguir pistas, Sadie faz algumas descobertas importantes e encontra membros dessa família marcada por traumas. O problema é que o tempo discorrido é um fator que atrapalha as investigações, assim como a falta de provas sobre possíveis suspeitos...

Este é o primeiro livro que leio da autora. A história teve várias cenas desnecessárias e descrições intermináveis que poderiam ter sido resumidas sem prejudicar o enredo a fim de tornar o livro mais envolvente e menos cansativo, principalmente com relação ao início, que pode ser um verdadeiro teste de paciência. Mas basta persistir para que as coisas comecem a melhorar.

A narrativa é feita em terceira pessoa onde passado e presente se alternam para que as histórias possam se encaixar, e o dito mistério, que começou em 1933 envolvendo um desaparecimento, possa ser revelado. As suspeitas e as teorias começam a surgir, e talvez as respostas sejam mais simples do que parecem, independente da complexidade dada à história, o que foi um diferencial bastante positivo nesta leitura. Muitas questões levantadas pela autora ficam sem respostas durante um tempo considerável, e elas só vêm faltando poucas páginas para o livro terminar, e isso pode ser frustrante. A sensação é de que a autora investe em descrições excessivas e minuciosas sobre as coisas, muitas vezes sem tanta importância, em vez de ir direto ao ponto. Se não fosse isso, o livro poderia ter menos páginas e a leitura ser bem mais ágil.

Os personagens são peças fundamentais para o desenvolvimento da história, todos eles são bem reais, trazem uma carga emocional e dramática relevante, tem seus defeitos e virtudes, personalidades distintas e possuem a devida importância em meio a trama.

A capa é muito bonita e chamativa e a edição de forma geral ficou perfeita.
Pra quem gosta de histórias policiais que envolvem segredos familiares, com toques realistas de dor e amor, é livro recomendado. A Casa do Lago é um livro pra ser lido - e absorvido - com calma, tanto pelo excesso de detalhes e descrições quanto pela narrativa demorada, e por mais que a história pareça ser previsível em vários pontos, o final, inesperado, é um daqueles que tardam mas não falham.

Deixada Para Trás - Charlie Donlea

19 de janeiro de 2018

Título: Deixada Para Trás
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Gênero: Policial/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 368
Nota:★★★★★
Sinopse: Nicole Cutty e Megan McDonald são alunas do ensino médio na pequena cidade de Emerson Bay, Carolina do Norte. Quando elas desaparecem de uma festa na praia em uma noite quente de verão, a polícia inicia uma busca maciça. Nenhuma pista é encontrada e a esperança é quase perdida, até Megan milagrosamente aparecer depois de escapar de um bunker no fundo da floresta.
Um ano depois, o best-seller de sua provação transformou Megan de heróina local para celebridade nacional. É uma história triunfante e inspiradora, exceto por um detalhe inconveniente: Nicole ainda está desaparecida.
A irmã mais velha de Nicole, Livia, é uma perita forense e espera que em um breve dia o corpo de Nicole seja encontrado e entregue a alguém como ela para analisar as provas e finalmente determinar o destino que sua irmã teve. Em vez disso, a primeira pista para o desaparecimento de Nicole vem de outro corpo que aparece no necrotério, de um jovem ligado ao passado de Nicole. Livia vai até Megan para pedir ajuda, esperando descobrir mais sobre a noite em que as duas foram levadas. Outras meninas também desapareceram e Livia está cada vez mais certa de que os casos estão conectados.
Mas Megan sabe mais do que ela revelou em seu livro best-seller. Flashes de memória estão se juntando, apontando para algo mais escuro e mais monstruoso do que sua memória descreve. E quanto mais ela e Livia cavam, mais elas percebem que às vezes o verdadeiro terror está em encontrar exatamente o que você está procurando.

Resenha: Nicole Cutty e Megan McDonald são duas adolescentes que estão no ensino médio na pequena cidade de Emerson Bay, na Carolina do Norte. Durante as férias de verão, as duas desapareceram misteriosamente, o que comoveu a cidade e fez com que as autoridades agissem em busca delas. Duas semanas depois, Megan apareceu. Ela conseguiu escapar do cativeiro no meio da floresta e conseguiu ajuda ao chegar na estrada.

Um ano após o ocorrido, Megan continua tentando seguir em frente, levando a vida como pode, e fazendo terapia, e uma das formas que ela e seu psiquiatra encontraram para ajudar na superação do trauma, foi escrever um livro sobre a trágica experiência. Megan acaba se tornando uma celebridade nacional, e é reconhecida por todos como uma verdadeira heroína. Porém, as pessoas parecem ter se esquecido que Nicole ainda continua desaparecida, com exceção de Livia, irmã mais velha da garota, que não perdeu as esperanças de encontrá-la, nem que fosse para determinar a causa de sua morte.

Impulsionada pela tragédia, ela decidiu estudar patologia forense, e um dia acaba se deparando com um corpo de um rapaz com características que não batiam com a sua suposta causa da morte, e durante suas análises ela descobre que se tratava de Casey Delevan, e que ele conhecia sua irmã desaparecida. Livia não hesitou em investigar a vida do rapaz e começa a fazer descobertas tão sinistras quanto importantes, e por mais que as respostas que encontrava possam ser horríveis, ela estava cada vez mais perto de descobrir o que aconteceu com Nicole. Livia procura por Megan e pede sua ajuda para continuar com as investigações, e pensando que seria o mínimo que poderia fazer, principalmente quando está claro que o desaparecimento está ficando de lado, ela decide ajudá-la.

Deixada para Trás é um romance policial com toques de muito suspense e mistério. A narrativa é muito fluída e empolgante e envolve a rotina forense de uma forma muito realista e plausível, o que demonstra que o autor pesquisou exaustivamente para poder construir a trama da forma mais impecável possível. Os detalhes dos procedimentos de Livia durante suas análises e investigações são descritos com maestria, mas sempre com toques de mistério que envolvem o leitor e o convidam a investigar junto com a personagem, descobrindo as coisas junto com ela.

A própria edição já é um convite ao leitor, pois os capítulos se alternam entre presente e flashbacks do passado que antecedem o sequestro, onde a cor da página é acinzentada.
A narrativa é feita de forma a alternar os pontos de vista dos personagens, e ao mesmo tempo em que temos informações vindas de partes cruciais, também temos que nos atentar a pistas deixadas numa tentativa de solucionar o mistério. O livro é dividido em seis partes, e como os capítulos são curtos, a leitura que já tem um ritmo excelente acaba fluindo ainda mais rápido.

O mais interessante é que o quebra-cabeças que o autor propõe é algo totalmente inesperado, e por mais que o leitor tenha suas suspeitas sobre o autor dos crimes, é difícil prever algo e acertar, pois por mais que tudo esteja intrincado, as reviravoltas são constantes, e cada nova descoberta faz com que a gente perca o fôlego, e por isso o livro superou todas as minhas expectativas, seja pela minha aflição ou pela empolgação ao acompanhar o que estava acontecendo.
Pra quem gosta do gênero, o livro é altamente indicado, principalmente por ser viciante. Uma das minhas melhores leituras, sem dúvidas!

Origem - Dan Brown

16 de janeiro de 2018

Título: Origem - Robert Langdon #5
Autor: Dan Brown
Editora: Arqueiro
Gênero: Suspense/Mistério
Ano: 2017
Páginas: 432
Nota:★★★★☆
Sinopse: De onde viemos? Para onde vamos?
Robert Langdon, o famoso professor de Simbologia de Harvard, chega ao ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbao para assistir a uma apresentação sobre uma grande descoberta que promete "mudar para sempre o papel da ciência".
O anfitrião da noite é o futurólogo bilionário Edmond Kirsch, de 40 anos, que se tornou conhecido mundialmente por suas previsões audaciosas e invenções de alta tecnologia. Um dos primeiros alunos de Langdon em Harvard, há 20 anos, agora ele está prestes a revelar uma incrível revolução no conhecimento... algo que vai responder a duas perguntas fundamentais da existência humana.
Os convidados ficam hipnotizados pela apresentação, mas Langdon logo percebe que ela será muito mais controversa do que poderia imaginar. De repente, a noite meticulosamente orquestrada se transforma em um caos, e a preciosa descoberta de Kirsch corre o risco de ser perdida para sempre.
Diante de uma ameaça iminente, Langdon tenta uma fuga desesperada de Bilbao ao lado de Ambra Vidal, a elegante diretora do museu que trabalhou na montagem do evento. Juntos seguem para Barcelona à procura de uma senha que ajudará a desvendar o segredo de Edmond Kirsch.
Em meio a fatos históricos ocultos e extremismo religioso, Robert e Ambra precisam escapar de um inimigo atormentado cujo poder de saber tudo parece emanar do Palácio Real da Espanha. Alguém que não hesitará diante de nada para silenciar o futurólogo.
Numa jornada marcada por obras de arte moderna e símbolos enigmáticos, os dois encontram pistas que vão deixá-los cara a cara com a chocante revelação de Kirsch... e com a verdade espantosa que ignoramos durante tanto tempo.

Resenha: Quando Robert Langdon chega ao Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, o que ele tinha em vista era apenas assistir a uma apresentação de Edmond Kirsch, seu ex-aluno e amigo. Kirsch alegou ter feito uma descoberta tão importante envolvendo ciência e religião que o mundo inteiro ficaria abalado. Respostas para as perguntas "De onde viemos?" e "Pra onde vamos?" seriam, enfim, respondidas na dita apresentação. Porém, em meio a apresentação, alguns acontecimentos inesperados que instalam o caos no museu colocam a descoberta em risco, e, se nada for feito, a descoberta de Kirsch estaria perdida para sempre.
A fim de tornar as informações públicas, Robert se junta a Ambra Vidal, diretora do museu e amiga de Edmond, e eles partem numa jornada cheia de ação, aventura e recheada de elementos históricos e simbologia, em busca da chave para desvendar o segredo de Kirsch, que mudaria a percepção da humanidade sobre o mundo.

Origem é o quinto livro da saga Robert Langdon onde mais uma vez o protagonista se vê em meio a uma corrida frenética em busca da solução de algo de suma importância para o mundo.
Assim como nos livros anteriores (só não posso falar com propriedade sobre O Símbolo Perdido e Inferno pois ainda não li), a trama tem uma estrutura que funciona a base de uma "fórmula", a)  Robert em perigo, b) uma mulher que se torna sua parceira, c) um segredo que vai abalar todas as estruturas envolvendo ciência e religião, d) personagem acima de qualquer suspeita que se revela o vilão, e e) elementos históricos com simbolismo, e por mais que o autor combine esses elementos e construa uma história crível, envolvente e capaz de fazer com que o leitor reflita acerca de várias questões relacionadas ao tema, ela acaba sendo bastante previsível e até arrastada quando toca no ponto da descoberta de Kirsch, que demora uma eternidade para ser revelada e quando as explicações aparecem não é nada tão drástico assim. Sim, o autor é genial e consegue emendar fatos como ninguém, assim como a forma como ele articula essas questões que acabam sendo o grande clímax da trama, trabalhando em cima de questões que não são inéditas, mas dando um ponto de vista bastante criativo e que, de certa forma, funciona como as tão esperadas respostas.

Os capítulos são curtos, a narrativa é feita em terceira pessoa e alterna o ponto de vista entre os personagens, dessa forma a história é contada de uma forma "fragmentada" forçando o leitor a montar um tipo de quebra-cabeças, onde os encaixes vêm a medida que as coisas vão se desenrolando de forma bem gradual.

Claro que não é possível falar de um livro escrito por Dan Brown e não elogiar o homem pelo cuidado com os detalhes sobre fatos históricos e descrições sobre arquitetura, obras de arte e afins, assim como os inúmeros enigmas mirabolantes que os cercam, mas neste livro ele dá um espaço maior para as teorias científicas e na busca de uma senha específica para que o protagonista e sua companheira tenha acesso às informações bombásticas que devem ser reveladas, e as questões dos enigmas e a forma como os demais elementos estão interligados são bastante escassas.

Enfim, Origem é um livro muito bom pra quem é fã de Dan Brown e gosta de um suspense envolvendo questões delicadas e polêmicas das quais muitas pessoas buscam por respostas, e embora não seja meu livro preferido do autor, a leitura é válida pelas referências utilizadas e pela grande quantidade de informações que, querendo ou não, acabam sendo uma notável fonte de conhecimento.