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Boston Boys - Giulia Paim

19 de março de 2017

Título: Boston Boys - Boston Boys #1
Autora: Giulia Paim
Editora: Globo Alt
Gênero: Juvenil/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 360
Nota:★☆☆☆☆
Sinopse: O sonho de toda adolescente se realizou para Ronnie Adams: o maior astro pop da TV foi morar na casa dela. Ela deveria estar vibrando, como qualquer garota normal, mas na verdade está odiando a ideia. Ela não vê a menor graça em Boston Boys, programa sobre a vida de três integrantes de uma boyband, e acha os garotos uns babacas.
De fato, Mason McDougal se acha o máximo e está acostumado a ser recebido sempre por meninas histéricas, por isso não faz o menor esforço para ser simpático. Tendo que lidar com o egocentrismo do garoto, além da perseguição de fãs ciumentas, a vida de Ronnie vira de cabeça para baixo.
Agora ela terá que se acostumar com a stalker nº 1 dos garotos plantada em seu gramado, frequentar festas glamorosas e lidar com paparazzis, resolver uma guerra de fofocas on-line e até fazer uma viagem internacional. Em meio a tantas novas aventuras, Ronnie se envolve cada vez mais com os Boston Boys e percebe aos poucos que, no mundo da fama, nem tudo é o que parece ser...

Resenha: Henry, Ryan e Mason formam o Boston Boys, uma boyband que ganhou um programa de televisão estilo reality show e é o sonho de consumo de várias fãs. Veronica Adams, ou Ronnie, é uma adolescente de quinze anos que odeia boybands, odeia os meninos e acha todos eles uns completos babacas, mesmo que sua irmã, Mary, seja apaixonada por eles.
Até que um belo dia, numa situação mais do que improvável e inusitada, Ronnie vê seu mundo revirado de cabeça pra baixo quando Mason, o "conquistador" do grupo, vira hóspede em sua casa durante as gravações do programa. Além de aturar o garoto, que é super mimado, ela ainda vai se meter em várias confusões.

Pra ser bem sincera, talvez essa resenha possa ser interpretada mais como um desabafo do que como uma crítica, principalmente por eu ainda estar meio abismada, mesmo que tenham se passado nem sei quantos dias depois de ter finalizado a leitura. Então, vamos lá.

A história é narrada em primeira pessoa e a escrita, mesmo que com alguns furos, é bem fluída, mas receio que essa fluidez - assim como o projeto gráfico muito caprichado - seja a única coisa boa do livro.
Ronnie já começa o livro falando que é taurina, e nunca me senti tão mal representada, astrologicamente falando, na minha vida. Generalizando, prefiro ser reconhecida como "esfomeada que come até o chapisco do muro" do que "nascida pra ser feita de trouxa".
Ela está numa situação mega desconfortável, mas em vez de se "rebelar contra o sistema" e pelo menos tentar mostrar o quanto está insatisfeita, só sabe reclamar, dando a impressão de que passa 24hrs de mau humor, gritando, histérica mas, ainda assim, incompreendida por não saber e nem conseguir se expressar. No final das contas, ela se conforma e faz o que foi obrigada a fazer.

Mason é um caso sério. O sujeito parece ser um tipo de discípulo de Justin Bieber. A imbecilidade e falta de bom senso conseguem superar a beleza da criatura. Claro que há motivos e tentativas de se explicar o comportamento odioso desse moleque boçal, mas nada que tenha me convencido...

A confiança é a base da família, mas a própria mãe escondeu que saiu do emprego de analista de sistemas para ser produtora do programa Boston Boys, e só cinco longos meses depois, quando foi conveniente, ela resolveu comunicar as filhas que Mason seria hóspede na casa por "falta de lugar pra ficar". Rico e famoso, mas sem teto. Ok. E, a partir daí, a mãe que sempre foi legal, se transformou numa carrasca sem consideração que obrigava Ronnie a fazer coisas contra a sua vontade e a se submeter às situações mais ridículas que já vi, incluindo envolver um ex namorado idiota na história. E não digo mandar a filha arrumar a cama ou lavar a louça, coisas que os filhos detestam mas são mais do que a obrigação, mas aturar um desconhecido folgado e prepotente que, além de infernizá-la, ainda a faz de empregada e acha que humilhá-la é engraçado.
E isso o que a mãe faz (ou deixa de fazer) é só um pequeno exemplo que mostra que os adultos da história são completamente desprovidos de maturidade e senso, além de serem uns cretinos irresponsáveis. Se houvesse justiça no mundo, o conselho tutelar já teria entrado em ação há séculos.

Mary, a irmã de Ronnie, tem onze anos mas já é uma maníaca em potencial. Ela começa como uma fã engraçadinha e fofa, mas depois se revela uma menina tão desequilibrada e psicótica que não entendi nada. Onze anos!

Ah, e não posso deixar de falar da Piper Longshock, a fã nº 1 e obcecada pelos meninos. Ela sempre fica na espreita e nos arredores de onde eles estiverem e descobre tudo que quer, sabe-se lá Deus como. Ela inclusive se muda de cidade pra seguí-los, e começa a ameaçar Ronnie sem que ninguém perceba, e sem que haja consequências. É algo como "tem uma delinquente a solta por aí tentando me matar, mas ok". A menina é adolescente, e como assim ela se muda de cidade como se estivesse indo na padaria da esquina? E os pais dela? [insira um emoji de facepalm aqui]

Ver o trio super famoso sair andando por aí de boas, frequentando a escola comum do bairro ou dando um rolé no shopping sem terem um pedaço da roupa arrancada, ou sem saírem carregados nas costas das fãs enlouquecidas, não me pareceu muito "natural". É impossível aceitar e entender como eles saem "ilesos" da multidão enfurecida, usufruindo do direito de ir e vir como qualquer cidadão comum.

A ideia de mostrar as confusões e as mudanças na vida de uma adolescente decorrentes de uma convivência forçada com aquilo que ela mais odeia é interessante, eu admito, e poderia servir de reflexão pra várias meninas aprenderem a lidar melhor com pessoas que detestam, mas são obrigadas a aturar, seja pelo motivo que for, mas quando o desenvolvimento da história é absurdo e impossível, sem que o contexto faça qualquer jus à realidade, é um pouco difícil de engolir. Uma coisa é um livro cujo enredo sem nexo e impossível está alí de forma proposital (e eu poderia citar vários livros absurdos envolvendo o universo infantil ou adolescente que li, morri de rir e adorei), outra coisa é quando o impossível é vendido como tentativa de ser crível mas, na verdade, não é. E eu não fui capaz de comprar essa história. Sabem aquele ditado que diz que a primeira impressão é a que fica? Pois serviu direitinho nesse caso. E mesmo quando a história, que não deixou de ser incoerente em momento algum, começou a dar indícios de que melhoraria, eu já estava tão tomada pela antipatia e total falta de credibilidade da trama, que nada mais seria suficiente pra me fazer gostar. Quando li um comentário sobre o livro parecer ser uma fanfic, não imaginei que poderia levar aquilo pelo lado literal da coisa. Parece mesmo uma fanfic, e escrita sem que haja preocupação em fazer parecer verossímil. Talvez, se os personagens fossem mais velhos, muita coisa poderia ser mais aceitável, até o comportamento absurdo e doentio de Piper, mas sendo adolescentes - e dependentes dos pais -, não teve nada a ver.

Penso que houve uma tentativa de fazer dessas situações algo muito cômico e inusitado, mas não funcionou, não pra mim. Não consegui achar nada divertido ou engraçado. É como se o livro fosse feito pra não ser levado a sério, porque não é possível tanta coisa errada e de mau gosto numa história só. Diante de tantos absurdos, não consegui relevar, só consegui achar tudo muito irreal e irritante, e meu envolvimento foi zero. Olhos revirando num looping infinito.
E como se todos esses pontos negativos não fossem o bastante, ainda tem mais: A história se passa nos EUA e, teoricamente, os personagens são americanos, mas nunca vi um grupo tão abrasileirado como esse.

O fato de que não houve um romance propriamente dito me surpreendeu (pelo menos não nesse volume), mas, como esperado desde o início, existe todo aquele clichê de mocinho babaca que acaba tendo uma queda secreta pela mocinha ingênua, e ela, claro, acaba conseguindo enxergar por trás do que ele aparenta ser, e todos vivem felizes para sempre. Se esse é o fim eu não sei, mas, no meio disso tudo, muita confusão - sem cabimento - vai rolar...

Infelizmente, esta não foi uma leitura que eu tenha gostado a ponto de recomendar, mas como gosto é algo bastante subjetivo, e cada um tem o seu, talvez valha a pena investir pra se tirar as próprias conclusões...

Sob Um Milhão de Estrelas - Chris Melo

22 de fevereiro de 2017

Título: Sob Um Milhão de Estrelas
Autora: Chris Melo
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Romance/Drama/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Alma Abreu está prestes a lidar com um inventário e uma série de histórias de um passado tumultuado que pertence mais aos seus pais do que a ela mesma. Mas este parece o menor de seus problemas no momento. Passar alguns dias na pacata Serra de Santa Cecília veio bem a calhar para a jovem médica, após um incidente no hospital que a deixou sem chão. Ela só não esperava se envolver tanto com a pequena cidade – e com o prestativo vizinho da charmosa casa que sua avó lhe deixou, além de um animado grupo de amigas, filhas das melhores amigas de sua mãe –, a ponto de pensar em deixar sua vida em São Paulo para trás. Será que a vontade de ficar é apenas medo de enfrentar seus problemas? Mas como voltar à velha rotina depois de tudo o que descobriu e viveu em Serra? Em seu segundo romance pela coleção

Resenha: Sob Um Milhão de Estrelas é o mais novo romance escrito pela autora nacional Chris Melo, publicado pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.
Alma é uma jovem médica que se encontra numa situação muito delicada após um incidente no hospital em que trabalha. Praticamente inconsolável, ela ainda precisa sair da cidade grande e viajar rumo a cidadezinha de Serra de Santa Cecília, interior de São Paulo, para lidar com um inventário e a herança deixada por sua avó.
O que Alma não sabia era que na simplicidade daquela vidinha no interior, ela iria descobrir coisas que lhe foram escondidas a vida toda sobre o passado de seus pais, além de envolver com a cidade e seus moradores de forma tão intensa, e com Cadu, o vizinho da casa que herdou da avó.
Cadu é professor universitário e ainda carrega mágoas por não ter superado por completo seu último relacionamento, tanto que abandonou sua vida no Rio de Janeiro pra viver no interior, e sendo vizinho da falecida, ficou encarregado de cuidar da casa até que Alma chegasse. E quando ela aparece, claro, as coisas começam a mudar.
A história desses dois se cruza de forma intrigante, singela e bonita, e logo é feita a descoberta de um sentimento que seria responsável por ajudá-los a superar um passado conturbado, mas ainda muio presente em suas vidas.

Narrado em primeira pessoa com pontos de vistas alternados entre Alma e Cadu, a autora desenvolve com muita fluidez uma história doce e leve mostrando as particularidades dos personagens e resgatando bons momentos que promovem uma enorme nostalgia com relação a detalhes de coisas passadas e interioranas, e sentimentos verdadeiros e realistas.
A combinação de assuntos abordados fluiu muito bem, dando um toque natural aos acontecimentos que se desenvolvem gradualmente, fazendo com que os acontecimentos presentes preencham as lacunas das escolhas feitas no passado. Os relacionamentos, tanto o familiar quanto o amoroso, também se desenvolvem aos poucos, sem precipitações e sem que soem forçados. É possível perceber que os personagens, apesar de terem suas diferenças, são bem resolvidos, maduros e que valorizam o amor por compreenderem que é um sentimento que ultrapassa as barreiras, desde que seja verdadeiro.

O que mais me surpreendeu foi a total ausência daquele amor instantâneo e impossível, à primeira vista e cheio de fogo. O interesse entre os protagonistas surge aos poucos, com sutileza, dando um passo decada vez, pois eles ainda estão marcados de forma negativa pelas experiências que tiveram e não se jogam sem pensar para o primeiro que passa como se isso fosse a solução pra todos os problemas. É a rotina do dia-a-dia que os aproxima e é exatamente isso que torna a trama plausível, torna o romance intenso e convence o leitor de que é real. O foco maior fica na forma como eles superam o que os aflige, como encontram apoio um no outro, e como isso faz tudo dar certo.

A capa é uma graça, cheia de pontinhos simulando estrelas com aplicação de verniz. A diagramação é muito bem feita, com estrelas a cada início de capítulo, cujos títulos são citações de Mario Quintana bastante reflexivas e que combinam bem com a história.

Sob Um Milhão de Estrelas é delicado e cheio de encanto, e consegue retratar bem a forma como um casal é capaz de enfrentar os problemas e as adversidades da vida, desde que estejam juntos e preparados para caminhar na mesma direção.

Louca Por Você - A.C. Meyer

23 de janeiro de 2017

Título: Louca Por Você - After Dark #1
Autora: A.C. Meyer
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Literatura Nacional
Ano: 2014
Páginas: 208
Nota:★☆☆☆☆☠
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Julie tem dois grandes sonhos: cantar profissionalmente e fazer com que Daniel a enxergue como mulher. Ele é o charmoso dono do badalado bar After Dark e se diz avesso a compromissos, sempre pronto para noitadas casuais. Em uma noite de muito movimento, o estabelecimento se vê sem um vocalista para dar continuidade à programação musical, e Julie é colocada por um dos sócios de Daniel à frente da banda para resolver o problema.
Mas a voz e a presença de palco da nova cantora encantam o público... e também o atraente garanhão. Descontrolado de ciúmes, Daniel está disposto a usar toda a sua autoridade para tirar Julie dos holofotes e dar uma chance ao seu verdadeiro amor. Ele só não contava com as investidas insistentes de Alan, o sexy guitarrista da banda, que resolveu fazer de tudo para conquistar o coração da nossa mocinha.
Será que o sonho de Julie finalmente vai se concretizar com Daniel ou seu verdadeiro príncipe encantado é o guitarrista sensual?

Resenha: Louca por Você, escrito pela autora brasileira A.C. Meyer, é o primeiro volume da série After Dark, publicada no Brasil pela Universo dos Livros.

Juliette Walsh, ou Julie, é uma mulher de vinte e oito anos que, aos quatorze, depois de ter perdido a família num acidente, foi acolhida e criada pela família vizinha que era muito amiga dos seus pais, os Stewart. Os filhos deles, Johanna e Daniel acabaram se tornando "irmãos" de Julie também. Jo já era sua melhor amiga, e Daniel é o garoto por quem ela era apaixonada desde pequena, mas depois do acidente e da mudança seria mais complicado que ele a enxergasse já que ele sempre cuidava dela e a protegia como uma irmã.
Com o passar dos anos, Julie, que sempre cantou muito bem, tinha o sonho de cantar profissionalmente, mas Daniel nunca permitiu que ela se apresentasse para evitar sua exposição. Só de imaginar que outros caras pudessem cobiçá-la ele já ficava maluco.
Daniel, agora com trinta e um anos, é dono do After Dark, um bar super badalado com atrações musicais. Porém, num certo dia, a banda que iria se apresentar tem um problema com o vocalista que abandona a banda na última hora, e Julie, que trabalhava lá como garçonete, o substitui para resolver o problema sem que Daniel soubesse, já que estava viajando a trabalho e não respondia mensagens nem atendia as ligações de seu sócio, Rafe.
Essa apresentação não resulta apenas em Julie ter atenção do público e fazer o maior sucesso como nova vocalista da banda, mas do próprio Daniel que, ao chegar de viagem e descobrir que ela salvou a noite se apresentando, fica louco da vida e se vê num dilema que mudaria sua vida, e a de Julie também...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Julie e de Daniel de forma alternada e direcionada ao leitor, temos um romance recheado de clichês: a mocinha que acredita não ter atrativos (mas é gostososa) e ama o garotão desde a infância, mas este, mulherengo até não poder mais, a considera como uma irmã, até ela dar um up na aparência e demonstrar interesse - forjado - por outro cara...

Embora a fórmula seja bastante conhecida, quando há um bom desenvolvimento na trama de forma a torná-la interessante, os clichês não são o problema. O problema é quando nada parece fazer sentido, alguns elementos são forçados e não fariam diferença se existissem ou não, e as atitudes dos personagens não condizem com a realidade e com a idade que têm, ou simplesmente soam absurdas demais para que os nossos olhos não entrem num looping infinito, de tanto se revirarem.
E tudo isso pode ser encontrado aqui...

Os personagens já estão beirando os trinta anos mas se comportam como adolescentes que não sabem o que querem da vida e agem no impulso a cada decisão que precisam tomar. Ao final fiquei com a impressão de que li um monte de asneiras pra não chegar em lugar nenhum, como se a história não tivesse conteúdo o bastante ou um propósito relevante.
Também tive alguns problemas com o texto propriamente dito, que é superficial demais, incompleto e nem sempre consegue fazer com que o leitor visualize as cenas. A sexualidade que jorra dos personagens é exagerada e torna as cenas que deveriam ser mais calientes em algo ridículo e doentio, além de cafonas.

Logo que iniciei a leitura já fiquei ressabiada por Julie alegar que "se assusta" todas as noites com gemidos aleatórios vindos da casa vizinha, a casa de Daniel... Mas se os tais gemidos fazem parte da rotina, já que acontecem todas as noites desde sabe-se lá quanto tempo, ela já deveria estar acostumada em vez de se "assustar", não? Não estamos falando de assassinatos ou espiritões agourentos pra deixá-la tão assustada assim, a menos que ela tenha cinco anos de idade pra ser tão ingênua e inocente... Ela ainda acredita que deveria ser ela alí com Daniel e morre de inveja da "vadia" da vez, mas quem, em sã consciência, fica décadas a fio sofrendo iludida por um cara como ele, que está com uma mulher diferente a cada dia, enquanto ela está alí, encalhada como uma tiazona que cria mil gatos e ainda usando pijama do Bob Esponja? Eu, sinceramente, não entendi essa personagem e nem fui capaz de sentir empatia alguma por ela... Muito pelo contrário. As atitudes e os sentimentos dela são contraditórios, ela quer demonstrar ser forte e cheia de garra e coragem quando na verdade está longe disso... Idealizar que o homem de sua vida é um mulherengo de carteirinha ao mesmo tempo que sonha com um "príncipe encantado"? Bitch, please... E outra: trocar o pijama nerd por uma roupa sexy e encher a cara de maquiagem não transforma a personalidade de ninguém e nem é desculpa para um "amadurecimento". Ela só consegue ser infantil e digna de pena, além de se passar por ridícula, vide quote abaixo:
"Meus pais eram um casal irritantemente feliz: eu não acho que um dos dois sobreviveria à perda do outro.
Foi deles que herdei minha crença de que o amor deve mover nossas vidas e que um dia eu também encontrarei um príncipe encantado que me resgatará dos meus problemas, me levará para cavalgar ao pôr do sol e com quem serei feliz para sempre..."
- Pág. 12
Daniel consegue ser ainda pior. Há uma tentativa de explicar o motivo pra ele ser tão protetor e algumas passagens que induzem o leitor a acreditar que, por eles não serem irmãos de sangue, então tudo estaria liberado mais tarde... É tão tosco que nem vale o comentário, mas resumidamente, Daniel é um egoísta, machista e que só consegue pensar com a cabeça de baixo. E tudo é tratado como se fosse perfeitamente normal e bonito agir assim, inclusive pra Julie.

Não fica claro em que lugar a história se passa exatamente, mas pelos nomes estrangeiros penso que sejam americanos ou coisa do tipo. Logo não faz sentido querer "americanizar" uma história - escrita por uma autora nacional, diga-se de passagem - sem incluir a cultura (ou de parte dela, pelo menos) para que as coisas se tornem críveis ou, pelo menos, convincentes. Os diálogos, os termos e até os apelidos utilizados são todos extremamente abrasileirados e, pra mim, foi impossível associar esses personagens a outra nacionalidade.

E por fim, romantizar certos tipos de situações foi o cúmulo do absurdo. Ciúme exagerado, sentimento de posse e controle, assédio constante, complexo de inferioridade ou superioridade de mulher e homem respectivamente, argh... Como assim Daniel, que a vida inteira enxergava Julie como irmã, se interessa por ela quando a vê toda produzida e pronta pra arrasar no palco e começa a imaginar coisas e até partir pra cima dela como se a pobre fosse um objeto? Que sentimento "fraternal" mais doentio é esse?
O livro parece uma fanfic mal desenvolvida e mal escrita sem qualquer elemento que realmente esteja alí pra salvar alguma coisa. É tudo muito, mas muito ruim.

Enfim... Confesso estar meio saturada dessas histórias cujo propósito parece ser fazer o leitor perder a paciência e ter vontade de entrar no livro pra sacudir os personagens idiotas e nada mais. Estou super relutante em dar continuidade ao restante da série depois desse desgosto. Eu só fiquei com vontade de ler depois de julgar pela capa, que é bem bonita por sinal, e ter tido indicações boas (o que prova que gosto é uma coisa particular demais), mas só de pensar em me deparar com algo desse nível mais uma vez já entro numa depressão eterna... Não gostei e, sinto dizer, não recomendo.

PS.: After Dark (Peach Pit After Dark) não é o nome da danceteria que faz parte do cenário do seriado mais famoso dos anos 90, Beverly Hills 90210 (Barrados no Baile aqui no Brasil)?
Pra que originalidade, né?


O Amor nos Tempos do Ouro - Marina Carvalho

18 de janeiro de 2017

Título: O Amor nos Tempos do Ouro - O Amor nos Tempos do Ouro #1
Autora: Marina Carvalho
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance de época
Ano: 2016
Páginas: 328
Nota:★★★★☆
Sinopse: Cécile Lavigne perdeu todos os que amava e agora está sozinha no mundo. Ela, uma franco-portuguesa que ainda não completou vinte anos, está sendo trazida ao Brasil pelo único parente que lhe restou, o ambicioso tio Euzébio, para casar-se com o mais poderoso dono de terras de Minas Gerais, homem por quem Cécile sente profundo desprezo. Após desembarcar no Rio de Janeiro, Cécile ainda precisará fazer mais uma difícil viagem. O trajeto até Minas Gerais lhe reserva provações e surpresas que ela jamais imaginaria. O explorador Fernão, contratado por seu futuro marido para guiá-la na jornada, despertará nela sentimentos contraditórios de repulsa e de desejo. Antes de enfim consolidar o temido casamento, Cécile descobrirá todos os encantos e perigos que existem nessa nova terra, assim como os que habitam o coração de todos nós. Com o passar dos dias, crescerá dentro dela a coragem para confrontar todas as imposições da sociedade e também o seu próprio destino.

Resenha: O Amor nos Tempos do Ouro é um romance de época maravilhoso escrito por Marina Carvalho e publicado pela Editora Globo Alt.
A história é ambientada no Brasil Colonial, uma época difícil e complicada onde as mulheres não tinham voz e os negros nem eram considerados gente. O desrespeito e a desumanização eram evidentes e, mesmo que sejam elementos delicados e difíceis de lidar, a trama foi muito bem conduzida pela autora.

Começamos com Cécile escrevendo uma carta para os pais. Eles e seus irmãos morreram num trágico acidente deixando a menina sozinha. Precisando de um tutor, ela embarca em um navio rumo ao Brasil, onde seu único parente vivo mora. Ele, vendo uma oportunidade de aumentar sua riqueza, negocia o casamento da sobrinha com um fazendeiro velho, oportunista, "temente a Deus" e muito, muito ruim.
Ele mora no Rio de Janeiro e o noivo de Cécile em Minas Gerais. Uma viagem de duas semanas a espera até que Fernão entra em cena, um "bronco" nascido em Portugal que veio para o Brasil na infância. Seus pais faleceram há muito tempo, e o rapaz acabou crescendo sozinho, como dava. Se tornou meio rude e sobreviveu fazendo serviços não muito escusos para vários homens poderosos. Logo, sua reputação era de um homem perigoso.

Foi solicitado que ele fosse buscar Cécile. Era só um trabalho, e aquela dama oportunista que só queria dar o golpe do baú no velho não passava de mercadoria que ele buscaria e entregaria nas mesmas condições que recebeu. A viagem, dentro do possível, transcorreu tranquila, seja a cavalo ou a pé pela mata nativa brasileira.
Fernão começa a imaginar que estava pensando errado da francesa quando viu a maneira carinhosa que ela tratava a todos ao seu redor, inclusive os escravos que estavam viajando com eles. Ela não distinguia os brancos dos negros, para ela todos são seres humanos que devem ser tratados com respeito. Uma amizade meio às avessas começa a surgir, ele já não pensa tão mal dela, e ela já não o acha tão rude. Bem, acha rude mas agora começa a perceber que o cara é lindo... E tinha que ser, né!
Mas como o destino não está sendo nada generoso com Cécile, ela chega à fazenda e conhece seu futuro marido, mas olhaaaa, que homem viu....fiquei com pena dela nas mãos dele. O tal velho é realmente mau, daqueles que fazem as piores coisas e justificam em nome de Deus, maltrata todos a sua volta, inclusive sua futura esposa.

Enfim, o nome do livro é O Amor nos Tempos do Ouro, claro que uma menina de dezenove anos não vai encontrar o amor nos braços de um homem de idade tão avançada, que não gosta de ninguém e maltrata todo mundo, né? Imaginem se o grande amor da vida dela não deveria ser, justamente, o homem que a entregou para o seu noivo? Pois é! A luta deles para poderem ficar juntos e da maneira certa é tão intensa, tem tantas dificuldades como já deveria ter imaginado que seria, e tem pontos tão bonitos, assim como outros tão difíceis, que me surpreenderam.

Mas é claro que eu não vou contar mais nada porque as surpresas que as páginas trazem merecem ser lidas sem saber com antecedência. Um quê de Escrava Isaura estava sempre presente na leitura. Não que a autora tenha copiado ou sequer se baseado na estória de Bernardo Guimarães, não pensem isso porque não é o caso, penso que foi o contexto, a época, e o jeito intrépido de Cécile que me fez lembrar da obra.

Durante a leitura, que aliás fluiu de maneira tão gostosa como a muito não acontecia, não encontrei erros, nenhum. A linguagem formal usada foi algo que eu estranhei bastante pois não costumo ler obras desse gênero, mas fui pesquisar e vi que cabe perfeitamente bem à época tratada. Enfim, uma leitura doce, cativante, fluída e extremamente romântica onde vê-se claramente o trabalho de pesquisa cheio de cuidados da autora.

Jantar Secreto - Raphael Montes

17 de janeiro de 2017

Título: Jantar Secreto
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Thriller/Suspense/Literatura nacional
Ano: 2016
Páginas: 360
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido. Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca. No cardápio: carne humana. A partir daí, eles se envolvem numa espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos, grã-finos excêntricos e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles.

Resenha: Jantar Secreto, do mesmo autor de Dias Perfeitos, conta - com direito a muito sangue e canibalismo - a história de Dante, Miguel, Leitão e Hugo. Os amigos sempre tiveram o sonho de viver numa cidade grande e realizar sonhos, mas a vida não é um conto de fadas. Com frustrações que surgem aos poucos para cada um, vem o desânimo e a vontade de desistir. Um problema inesperado, que exige muito dinheiro para ser resolvido, coloca os jovens num beco sem saída. A solução mais fácil encontrada para levantar a grana é promover jantares de carne humana.

Raphael Montes, jovem autor que teve seu livro Dias Perfeitos traduzido e comercializado no exterior, dá mais um passo na carreira com Jantar Secreto. Classificado no gênero policial, a obra caminha mais para o lado do suspense psicológico do que uma trama investigativa. Aos fãs de investigação, que sempre buscam por um quebra-cabeça complexo para ser resolvido, saibam que a jornada de Dante e seus amigos é mais um drama psicológico recheado a muito sangue.

A narração é feita por Dante, numa espécie de diário, relatando como os fatos se sucederam até chegarem aos jantares secretos. A personalidade do rapaz é moldada a partir dos anseios e medos que um jovem de vinte e poucos anos tem, em uma cidade nova, frustrado com sua carreira profissional e sem uma boa visão do futuro. Em uma prosa simples e direta, o autor desenvolveu em Dante um personagem complexo que tem certa fragilidade. Ele é altos e baixos o tempo todo, e essa personalidade instável é garantia de reviravoltas a qualquer momento. O que faltou foi, com certeza. descobrir mais sobre os seus amigos. Como todos fazem parte de um grande esquema e se envolvem muito nisso, seria esperado ter um ponto de vista deles, mesmo que curto, para entender melhor cada um. Tudo que se sabe dos outros é o que Dante enxergava, mesmo que nem ele mesmo pudesse concluir muito a respeito. Miguel, por exemplo, seria de grande proveito se tivesse tido um espaço maior. Apenas Cora, com suas falas afiadas e humor mordaz, consegue se sobressair no grupo.

Muito da capacidade de desenvolver uma história que se torne dinâmica vem da narrativa, e Raphael Montes sabe como fazer isso. A forma de escrita é muito simples e concisa, com capítulos que passam rapidamente sob os olhos, com um texto polido. Entretanto, essa velocidade. às vezes, atropela um pouco o que poderia ter ganhado mais atenção. Aqui, voltamos ao ponto de que, apesar de ser classificado como policial, o livro passa longe disso. O protagonista é um jovem com problemas psicológicos e fica nítida sua fragilidade emocional. Ele, o Dante, é sim bem explorado em suas nuances. No mais, uma boa parte da história, logo após a metade, é inconclusiva demais. A motivação para o crime não é forte o suficiente, os acontecimentos se desenvolvem de maneira rasa e sem muita argumentação e num epilogo, que serve para dar um desfecho a um mistério um tanto que irrelevante, fica evidente que o autor precisa dar mais atenção em como terminar suas tramas. Inesperado, mas não surpreendente, a conclusão parece ter sido escrita às pressas e sem nenhuma preocupação com seguir o nível que todo o conjunto teve. A leitura é como andar de montanha-russa, e o final parece apenas algumas voltinhas num carrossel.

Jantar Secreto é um prato cheio de muito sangue num submundo do canibalismo ambientado na cidade maravilhosa. O talento do autor é evidente, e isso se mostra mais uma vez com esta obra. Exceto por alguns fatos e pelo final que é caricato demais (parecendo até uma cena de um filme de terror categoria B), a leitura é mais que indicada. Para quem gosta de muita tensão psicológica, vá fundo, mas cuidado: você irá se deparar com muito sangue e corpos mutilados.

A Princesa da Lapa - Danilo Barbosa

7 de janeiro de 2017

Título: A Princesa da Lapa
Autor: Danilo Barbosa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Nacional
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Há tempos, entre os postes brilhantes e solitários da Lapa, houve um castelo feito de amores e ilusões perdidas. Nele, entre cortinas e brocados, existiu uma bela mulher, prisioneira de sentimentos perdidos e marcada pelo desejo dos homens. Uma mulher inesquecível, que foi chamada e ovacionada como a Princesa da Lapa. Jonas é um jovem escritor capaz de escrever as mais belas histórias de amor, mas não de vivenciá-las. Por ter sido abandonado por aquela que considerava a mulher da sua vida, ele não acredita mais em finais felizes. Até que, em uma noite, uma misteriosa senhora o encontra, disposta a lhe contar a sua história... A partir do momento em que a fantástica personagem começa a se revelar ao cético criador de histórias, um novo conto de fadas se revela aos olhos dos leitores, mostrando um mundo de paixões vorazes, sensualidade, poderes supremos e a eterna luta do bem contra o mal. Sejam bem-vindos à incrível e instigante história daquela que ficou conhecida para sempre como A Princesa da Lapa.

Resenha: Andei me surpreendendo bastante com os últimos livros nacionais que li, e com A Princesa da Lapa, do autor Danilo Barbosa, não foi diferente.

Jonas teve o coração partido após ter sido abandonado por quem considerava ser seu amor verdadeiro, e numa noite qualquer, vagando sem destino, encontra uma mulher, Larissa, que transformaria sua vida...
A Princesa da Lapa é uma jovem que, quando criança, aproveitou a infância sendo feliz e sem enxergar maldade em nada ao seu redor, mesmo que tivesse sido criado num bordel. Ela sempre acreditou que o mundo é um lugar bom e cheio de pessoas boas, mas, ao se tornar mulher, começou a perceber o quê, de fato, era a Casa dos Prazeres, e assim descobriu como funciona a vida nos bordéis quando passa a ser assediada. O que ela não esperava era, em meio a um universo cheio de segredos sujos concentrados em um castelo que só lhe trazia sofrimento, encontrar o amor...

Através de uma narrativa poética e bastante fluída, com vislumbres de um Rio de Janeiro no período da Ditadura Militar, o autor aborda temas que se referem não só a autoestima, amor próprio e busca pela felicidade, mas também ao empoderamento feminino que cada vez mais ocupa mais espaço na sociedade e que é algo tão importante a se tratar, e tudo com um toque de misticismo, fazendo com que dor e amor estejam intimamente conectados.
O livro é dividido em três partes e a primeira é destinada a Jonas, um escritor desiludido que deixou de acreditar no amor, até a história de R começar a ser contada por Larissa. Logo a história dela passa a se desenrolar, um conto de fadas que foge totalmente do tradicional já que o "castelo" é a Casa dos Prazeres, um bordel que a moldou conforme cresceu e amadureceu.
R é uma personagem muito determinada, que representa a força para superar os obstáculos que a vida lhe impôs, sem perder seu brilho, preservando seu amor próprio e sendo uma figura a quem se inspirar, e através de sua história de transformação, é possível refletir sobre a ideia de se encontrar luz onde há escuridão.
"Tudo ao meu redor parecia embaçado diante de tal presença, faiscando entre nós uma energia tal que nunca sentira antes, uma força invisível que me prendia a ela. Algo inédito, quem sabe uma centelha daquilo que eu mesma era."
- Pág. 232
A capa, que traz uma combinação de cores super harmônicas e que combina perfeitamente com o conteúdo do livro. É discreta e ao mesmo tempo muito bonita e sugestiva. As páginas são amarelas e a revisão está impecável.

É um livro pra ser apreciado, pra ler a fim de refletirmos sobre aqueles que sempre pensam somente em si mesmos sem se importarem com as outras pessoas ou como elas poderão ser afetadas com suas atitudes e escolhas, que nem sempre são feitas visando o bem...

Novamente Você - Juliana Parrini

22 de dezembro de 2016

Título: Novamente Você
Autora: Juliana Parrini
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 362
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Miah Madsen precisa voltar para o lugar que fez questão de esquecer por doze anos e encarar sua família, seus amigos e, inclusive, seu ex-marido. Tudo o que ela não queria era ser novamente a Maria Rita. Mas, ao colocar os pés naquela ilha, ela percebe que aquele lugar seria o seu maior pesadelo. Porém, essa era a sua única opção.
Leonardo Júnior ou Léo, como é chamado por todos, era um caiçara típico que foi abandonado pela esposa de um dia para o outro. Porém, em vez de se entregar ao sofrimento, ele descontou sua mágoa e sua decepção no trabalho árduo, sendo recompensado com o sucesso. Léo se tornou um empresário bem-sucedido, dono da melhor pousada de Ilha Grande, o lugar onde nasceu. O que ele não imaginava é que Maria Rita, sua ex-esposa, voltaria e faria seus alicerces balançarem novamente.
Será que podemos nos apaixonar novamente pela mesma pessoa após tantos anos? Afinal, uma mágoa pode mesmo durar para sempre?

Resenha: Maria Rita agora é Miah, uma moça do interior do Rio de Janeiro que aos 20 anos, e de forma inesperada, abandonou o marido, as irmãs e seus pais para morar em outro país e fugir da vida simples que o destino lhe reservava. Doze anos depois e da mesma maneira repentina que ela os deixou, ela retornou à Ilha Grande, contudo ali nada permanecera igual como ela imaginou, Leonardo Júnior utilizou a dor da separação para superar Maria Rita através de seu trabalho. Agora, ele não é apenas um simples pescador, mas dono da maior frota pesqueira da região, como proprietário da pousada local.
Por que ela voltou agora, doze anos depois, sem avisar? Como e por que esse abandono despedaçou sua família e seu relacionamento com as irmãs? Essas são algumas das perguntas que o leitor se faz e vê respondidas ao logo da leitura.

Através de uma narrativa simples, leve e despretensiosa, a autora constrói mais uma doce história de amor. Com um começo meio arrastado e uma personagem estremamente irritante, Novamente Você desenvolveu uma trama que discorre de maneira crescente, e capítulo a capítulo o leitor vai se ambientando e se simpatizando mais com os personagens. Minha paixão pelo enredo e pela narrativa não foi instantânea como aconteceu com o livro de estréia da autora, contudo, confesso que um capítulo me levou a outro e esse a mais um e assim por diante até a última página, a qual virei já com saudades.

Se a intenção era transformar Miah no ser humano mais arrogante e no protagonista mais antagonista possível, a missão está completa. Foi difícil para mim me envolver com as dores da personagem, de forma que demorei a acreditar no casal e torcer por eles. Leonardo é tão bom moço, bom tio e bom amigo que me peguei várias vezes desacreditando um pouco já que o rapaz ficou desiludido por ter sido abandonado e quando ela voltou ele já estava balançado outra vez como se nada tivesse ocorrido.

É uma trama cuja história da protagonista vai sendo revelada aos poucos, contando com pontos altos e baixos, recheados de sentimentalismo, abordando os relacionamentos familiares e amorosos e algumas descobertas são de partir o coração, mas em contrapartida também nos deparamos com cenas bem humoradas e torcemos para que todos se entendam no final de tudo.

Pra quem procura por uma história que cativa com o passar das páginas e que encanta não só pelo romance, mas também pelo belo cenário, recomendo!

Sem Pudor - Julianna Costa

12 de dezembro de 2016

Título: Sem Pudor - Sem Vergonha #2
Autora: Julianna Costa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Hot/Nacional
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Na sequência de "Sem Vergonha", Mina Bault e Ryker Strome pensam ter deixado para trás as experiências traumáticas que vivenciaram com a máfia russa. No entanto, depois de receber uma ligação suspeita, Ryker percebe que Mina ainda está em perigo e vai a Paris à sua procura, a fim de protegê-la. Com a ajuda do agente Zahner, da irmã de Ryker - Lexa Strome - e de Sven, seu misterioso e sexy amigo, o casal deverá descobrir uma maneira de livrar-se defitivamente dessa perseguição. Mas, nesse ínterim, a boate Lucky's irá presenciar intensos shows da Tímida - com direito a sexo no palco! - e servirá de esconderijo para traçar os planos de assassinato de aluguel, roubos, jogos de sedução, política e interesses. 

Resenha: Sem Pudor é o segundo volume da duologia Sem Vergonha, escrita pela autora Julianna Costa e publicada pela Universo dos Livros.

Depois do trauma que Mina e Ryker tiveram com a experiência de fugirem da máfia após terem sido testemunhas de um assassinato, Ryker fez um acordo com Zahner, agente da Interpol, para que Mina pudesse voltar a viver sua vida em Paris enquanto ele participava do programa de proteção à testemunhas. Mas, obviamente, a distância não foi capaz de fazer com que eles se esquecessem um do outro e nem dos momentos intensos que viveram, por mais loucos que tenham sido. Porém, Mina passa por alguns percalços que estão dificultando que ela siga adiante além de a colocarem em perigo, e quando Ryker é informado - e chantageado - da situação em que ela se encontra, não pensa duas vezes para ir atrás dela em Paris e garantir sua segurança. Mas talvez isso fizesse parte de um plano forjado por seus inimigos para que se tornassem alvos fáceis e eles fossem capturados juntos e serem silenciados de uma vez por todas... Quando o assunto é a máfia russa, não há nada que possa, de fato, mantê-los em segurança ou vivos, então resta a Mina e Ryker contar com a ajuda de seus amigos da Lucky's, a boate que foi cenário de vários momentos intensos no livro anterior...

Narrado em primeira pessoa, a escrita continua muito envolvente e fluída e é impossível parar de ler.
Apesar de ter sentido que a máfia não estivesse tão presente "fisicamente" falando, e que o plano mirabolante não seria bem sucedido, a ação ainda estava presente para equilibrar o enredo, mesmo que em dose menor, e não manter a história com teor exclusivamente sexual, assim como aconteceu no primeiro livro.

Meu único problema, e isso me fez gostar mais do primeiro livro do que deste, foi que alguns pontos não me soaram tão verdadeiros, como se a inteligência do leitor estivesse sendo subestimada quando os problemas começaram a ser resolvidos de forma fácil em de vez forma convincente, realista e crível, afinal, o perigo extremo de estar na mira da máfia russa não é brincadeira, é algo realmente considerável até onde consigo enxergar.

Ao final, a impressão que tive é que por mais que o casal esteja vivenciando mais uma aventura policial arriscada e perigosa, o que ganha destaque mesmo é o desenvolvimento do relacionamento que eles tem, e o foco maior fica no romance, que vai ficando cada mais mais intenso, forte e até um pouco meloso, e eu até que curti muito a abordagem feita aqui sobre ele. As cenas íntimas não são aleatórias e sempre estão dentro do contexto. Mesmo que Mina já tenha se livrado da sua virgindade, ela continua com a mesma personalidade, porém com um comportamento mais ousado que acaba influenciando suas decisões, e por isso a história ainda ganha toques muito divertidos e bem humorados além de um teor bem mais erótico se comparado ao primeiro livro. E Ryker é aquele cara foda que aprendemos e gostar ao longo da história devido às suas atitudes corajosas e admiráveis quando o assunto e cuidar de Mina.
A inserção de novos personagens deram um up à trama e fizeram com que ela fluísse por caminhos que permitem que o leitor os conheça mais e torça pra que outros livros com suas histórias sejam publicados.

Enfim, a duologia Sem Vergonha mistura elementos distintos mas que combinaram de forma perfeita, e pra quem quer se aventurar por um romance cheio de erotismo, mas que também envolve ação e muitos perigos elevando o gênero a outro nível, é leitura mais do que indicada.

Sem Vergonha - Julianna Costa

11 de dezembro de 2016

Título: Sem Vergonha - Sem Vergonha #1
Autora: Julianna Costa
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Erótico/Nacional
Ano: 2015
Páginas: 368
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Mina é uma jovem bem-sucedida profissional e academicamente. No entanto, nem todos os setores de sua vida possuem tanto êxito, pois sua virgindade continua intacta mesmo após tantas tentativas de perdê-la. Então, Mina contrata um garoto de programa para enfim solucionar esse pequeno "problema". Após alguns incidentes bem inusitados entre quatro paredes, Mina decide voltar para casa. No caminho, ela e Ryker – o garoto de programa – se tornam testemunhas de um crime cometido pela máfia russa em Paris e, consequentemente, se tornam alvos dessa organização. Essa única noite terminará com os dois fugindo para a Holanda a fim de salvarem suas vidas. Contudo, apesar do perigo eminente, ambos se deixam envolver por uma atração avassaladora e talvez a noite de Amsterdã seja muito convidativa para que Mina tente, mais uma vez, entregar-se de corpo e alma a Ryker.

Resenha: Sem Vergonha é o primeiro volume da duologia homônima escrita pela autora Julianna Costa e publicada pela Universo dos Livros.

Mina Bault é uma jovem que obteve sucesso em vários setores de sua vida exceto no que diz respeito à sua vida sexual. Mina ainda é virgem, mesmo depois de ter tentado resolver esse problema por diversas vezes e falhado miseravelmente. Até que sua melhor amiga, Elize, resolve dar um empurrãozinho pra ajudá-la com esse problema e Mina contrata Ryker, um garoto de programa. Tudo estava preparado no hotel em que estava hospedada para que a primeira vez dela finalmente acontecesse, mas depois de um incidente envolvendo Ryker e sua alergia a morango ter atrapalhado as preliminares, Mina resolveu ir embora, morta de vergonha. Mas Ryker não é o tipo de profissional que recebe sem ter feito o serviço pelo qual foi contratado, e quando ele vai atrás dela para fazê-la voltar pro quarto e terminar o que começaram, os dois acabam presenciando um assassinato cometido pela máfia russa e, por serem testemunhas, se tornam alvos dessa organização criminosa. Ryker conhece um pouco da sujeira das ruas, reconhece os criminosos e sabe que se ficarem alí não estarão seguros e nem vão durar por muito tempo. Logo ele se vê obrigado a proteger Mina, já que ela não parece ter a menor noção da gravidade da situação. Procurar a polícia não é uma opção e o que resta aos dois é fugir de Paris, cidade em que estão, rumo a Amsterdã, e em meio aos perigos e descobertas nessa fuga alucinante, talvez a atração que começam a sentir um pelo outro pode acabar resolvendo aquele "probleminha" de Mina de uma vez por todas...

Sem Vergonha, de fato, é um dos poucos livros nacionais dos quais posso encher a boca pra tecer elogios. Eu nunca tinha lido nenhuma outra obra da autora anteriormente, mas já fiquei feliz, alegre, contente, sorridente e saltitante por ter tido o prazer de começar por este (e já quero os outros, por favor). A narrativa é fluída e gostosa de se acompanhar, o enredo é divertido, interessante, sexy e muito bem amarrado, e consegue mesclar temas distintos de uma forma muito convincente e empolgante, principalmente por ter toques de bom humor devido as atitudes reservadas e pensamentos cheios de vergonha de Mina para quebrar o clima tenso dos elementos de ação da trama. Há cenas mais calientes, claro, mas nada escrachado que faça com que o livro seja puro sexo e nada mais. Há uma história por trás de tudo, e uma história muito boa, com personagens bem construidos, com passados conturbados, mas com atitudes e personalidades que os tornam pessoas normais e bem próximas da realidade, independente do contexto em que se encontram. Os receios de Mina e seu comportamento no que diz respeito à sua sexualidade, a sua total falta de experiência e a sua vergonha eterna quando o assunto é sexo fazem da história algo com que as leitoras talvez até possam se identificar. É um pouco frustrante acompanhar as tentativas malsucedidas de Mina, mas também é muito engraçado e divertido. Com o desenrolar da história ela se vê num ambiente em que não tem outra escolha a não ser se deixar levar, e curtir o momento, e esses momentos são descritos com naturalidade, leveza e erotismo na medida certa, sempre inseridos no contexto ideal.
Uma coisa que gostei muito nessa personagem é que seu jeito atrapalhado não a fez menos determinada em seus objetivos. Ela tem as inseguranças normais de qualquer mulher mesmo que seja bem sucedida na vida, o que é completamente normal, mas ela nunca se sente inferior e muito menos diminuída frente a outras pessoas por ainda ter o pobre hímen intacto.
Ryker é um cara lindo, sexy, cheio de atitude e, assim como Mina pensou quando bateu os olhos nele pela primeira vez, é impossível não vê-lo (no caso, ler os detalhes) sem imaginar o que há por debaixo de suas roupas. As descrições físicas desse homem fazem dele um pedaço de mau caminho sem igual. Segurem os seus forninhos, meninas! Ele é meio convencido, indiscreto e acredita piamente que jamais poderia viver um romance por causa de seu trabalho, mas quem sabe Mina possa fazer com que esse garanhão mude de ideia...

Em suma, vamos acompanhando uma verdadeira aventura entre um casal improvável que é o total oposto um do outro, fugindo, se escondendo, tentando se manter seguros e longe das garras da máfia russa, mas, ao mesmo tempo, aprendendo com as próprias experiências que passaram a ter devido a situação em que se encontram, o que faz com que eles não tenham a menor noção do que será do dia de amanhã e aproveitem o hoje como se fosse o último. E são os riscos e as incertezas que, de certa forma, os movem já que o futuro é incerto e imprevisível...

Confesso que depois de ter me deparado com tantas histórias desinteressantes e amadoras eu desanimei total de investir meus esforços em alguns livros nacionais, evitando a grande maioria deles sem pensar duas vezes, com preguiça, revirando os olhos e desacreditada da vida, mas, thanks, Lord, pude me aventurar pelas páginas de Sem Vergonha e me deixar ser surpreendida pela escrita maravilhosa, polida e envovlente que me prendeu como nenhum outro livro nacional foi capaz de fazer há séculos, e pela criatividade ímpar de Julianna Costa.

Azeitona - Bruno Miranda

20 de novembro de 2016

Título: Azeitona
Autor: Bruno Miranda
Editora: Outro Planeta/Planeta de Livros
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ian e Emília não trocaram mais que duas palavras desde que começaram a estudar juntos, mas é o nome dela que vem à mente dele quando precisa de uma parceira para um plano mirabolante: participar de um reality show sobre casais adolescentes que vão ser pais. Isso em troca de um cachê capaz de resolver todos os seus problemas.
Ian tem dezesseis anos e foi criado pela irmã, Iris, que precisou abrir mão de oportunidades na vida para cuidar dele. Agora, quando ela finalmente vai conseguir se formar na faculdade, ele se sente na obrigação de retribuir de alguma maneira.
Emília, aos dezessete anos, não quer retribuir nada a ninguém – pelo contrário, seu sonho é sair de casa o quanto antes para não discutir mais com a mãe, com quem sempre teve uma relação conturbada.
O fato de que eles não são um casal nem têm planos de ter um bebê de verdade parece apenas um detalhe. Mas a vida reserva surpresas, nem sempre boas, para quem acredita que é fácil inventar a própria história.
O romance de estreia de Bruno Miranda, criador do canal Bubarim, no Youtube, é uma história divertida e tocante sobre relacionamentos familiares.

Resenha: Muitas editoras vêm apostando na literatura nacional, mais precisamente em livros de youtubers, que dão lucros e geram certo buzz. Muito das vendas dessas obras se pode não se dar pelo interesse pela literatura em si, mas pelo anseio do público por adquirir um produto que tenha o nome de algum ídolo impresso nele.

Bruno Miranda, Youtuber do canal Bubarim, teve seu primeiro livro publicado pela editora Planeta. O título, Azeitona, pode brevemente lembrar Melancia de Marian Keyes. Enquanto a obra da escritora remete ao tamanho enorme da barriga da protagonista, na história de Ian e Emília, o fruto da oliveira faz uma alusão ao tamanho do pequeno feto que se desenvolve na barriga no início de uma gravidez. No enredo, Ian convida Emília para embarcar numa aventura: participar do reality show Novos Pais. No programa, em que casais adolescentes são mostrados na árdua jornada da gravidez precoce, um bom cachê é dado a cada participante. Visando esse montante de dinheiro, os dois driblam a produção, inventam mil mentiras sobre uma falsa gestão e se metem em muita confusão. Mas mentiras têm pernas curtas.

Este enredo já parece uma bagunça por si só. A ideia de retratar como tema central a gravidez na adolescência pode ser delicado. Atualmente, muitas e muitas jovens engravidam precocemente e é claro que isso não é fácil. Em Azeitona, um livro que aborda um tema feminino escrito por um homem, tudo pareceu perdido demais. No começo da trama, no qual os personagens são "jogados" numa situação, fica evidente que é o enredo não vai caminhar para algo muito crível.

Ian e Emília são personagens que não agradam nem desagradam. Eles estão ali para cumprir um papel, como fica claro desde o início: dar vida à ideia do reality show. Esse programa, que poderia ser considerado a escória da televisão brasileira se existisse de verdade, é o centro de toda bagunça. Catarina, que é uma das produtoras, é caricata demais e parece ter sido retirada de algum filme B americano. Os outros personagens, como o casal protagonista e os demais integrantes do show, não fazem muita diferença no conteúdo. É impossível enxergar Ian e Emília de verdade, por exemplo. Ele, que perdeu os pais cedo e é criado pela irmã, não vive grandes dilemas e a motivação inicial que o leva a fazer parte de Novos Pais é vazia. Emília, que caiu de paraquedas na situação, aceita tudo de bom grado. Num todo, o grande questionamento é: por que tanta exposição numa etapa da vida que é tão delicada para uma mulher?

A narrativa de Bruno Miranda felizmente é algo positivo a respeito de Azeitona. Segundo o próprio, com a ajuda de uma boa editora, o livro saiu do que seria muitos "franzindo o cenho". O texto não traz um traço pessoal muito marcante, mas é bem escrito, apesar de algumas faltas no que diz respeito a estrutura dos diálogos, que se atropelam por vezes. A leitura se assemelhou a de outros YA's internacionais, como se ele tivesse seguido uma estrutura ou se inspirado.

Gravidez na adolescência não é fácil. Azeitona não obteve total êxito em apresentar o tema e suas nuances. Quando um autor se propõe a escrever algo, espera-se que o leitor creia naquilo que será lido e isso é o que não ocorre na estreia de Bruno. Mostrar uma mãe chamando a filha de desgraçada por causa de uma gestação não é nada legal. O tema não foi abordado da maneira mais coerente. Por vezes, a história se mostrou desconexa e sem uma estrutura bem definida. O livro começa com uma trama despretensiosa que, mesmo com falhas, consegue despertar certo interesse por ser inusitado. No desenvolvimento, e próximo do final, dramalhões desnecessários e a tentativa de passar certos ensinamentos através de frases inspiradoras não funcionaram. O desfecho, que tem uma carga de emoção forte, é a evidência de que estava ali somente para seguir algum padrão de lições através de sofrimento. No mais, seria interessante ter mais humor na aventura de Ian e Emília, já que o enredo era um prato cheio para isso.

O Diário Internacional de Babi - Chris Salles

10 de outubro de 2016

Título: O Diário Internacional de Babi
Autora: Chris Salles
Editora: Outro Planeta
Gênero: Romance/Ficção/Literatura nacional
Ano: 2016
Páginas: 270
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Mudar nunca foi a palavra preferida de Bárbara. Porém, depois da separação dos pais, a garota de 15 anos se vê obrigada a migrar com a mãe e os irmãos para Orlando, a cidade americana onde os sonhos ganham vida. E descobre que a fronteira entre o real e o ilusório pode ser mais difícil do que parece. “Como a terra do Mickey, o livro de Chris Salles é cheio de magia, pois nos transporta instantaneamente para a vida da Babi, a protagonista. Com o diário dela nas mãos, nos sentimos íntimos, como se ela fosse uma amiga querida que nos escolheu como confidentes. Através de suas experiências, ela nos mostra que a primeira imagem de uma pessoa pode enganar, que devemos ser mais receptivos, que processos de adaptação podem ser complicados, mas não duram para sempre. Acima de tudo, Babi nos ensina que a vida real também tem seus momentos de contos de fada. Basta a gente permitir que eles aconteçam. E, especialmente, nunca deixar de sonhar” - Paula Pimenta

Resenha: A estreia de Chris Salles, que foi um sucesso no wattpad e elogiado pela escritora Paula Pimenta, mostra vida de uma espevitada menina de quinze anos, Babi, que está preste a se mudar para o lugar dos sonhos de qualquer um: Orlando. Junto da sua família, a garota reencontra seu ex-crush primo, Vini, seus tios e primos, e acaba conhecendo Theo, um rapaz que a encanta desde a viagem para os Estados Unidos. De forma bem irreverente e carregada de dramas típicos adolescentes, Chris Salles faz o leitor embarcar nessa jornada junto com a jovem Babi direto para um mundo de possibilidades e sonhos.

E é nesse mundo de sonhos, em meio a trapalhadas e momentos divertidos, que Theo conhece Babi. O garoto é o tipo clichê de galã teen: olhos azuis, cabelo nos olhos, sardas, alto, fofo e muito atencioso. Ele é o tipo de rapaz que toda garota sonha e toda sogra ama. Mas na vida da garota ainda tem o Vini, seu primo que era um amor de infância. Ele já é bem diferente de Theodore: possessivo, calado e introspectivo, mas não deixa de ser bonito e mostrar algumas poucas qualidades. Esses dois gatinhos, como Frini Georgakopoulos ensina em seu livro, são essenciais para dar aquela pitadinha de romance sessão da tarde na história, e funciona muito bem. Ambos os garotos funcionam como um atrativo, porém não é nessa questões de qual deles escolher que a vida de Babi gira, o que é ótimo.

A protagonista, que é uma jovem com seus recém quinze anos completados, passa a veracidade dos dilemas dessa fase. Babi teve que deixar seus amigos, se adaptar num novo país sem nem ao menos falar inglês muito bem. Numa narrativa que mostra a visão de Babi a partir de textos num diário, a autora empregou uma linguagem que fala muito bem com adolescentes. Ela carrega dilemas que são de possível identificação com quem está nessa fase de descobertas, paixões, medos pelo futuro e aquele sentimento de não pertencer a lugar algum. Com frases engraçadas e muitas expressões que usamos no dia a dia, a protagonista vai passando por perrengues e usando o bom humor para lidar com isso.

Porém, vale ressaltar que muitas motivações que a levam a tomar certas atitudes são, no mínimo, incomuns. Às vezes ela banca a mimada (quem nunca?), e mesmo que haja alguns momentos difíceis e delicados, a personagem, por ser imatura demais, transforma gotas em tempestades. Algumas atitudes, como entrar no carro de um estranho, foram um pouco incompreensíveis. A regra número um da vida ensinada pelas mães não é "não fale, não saia, não dê bola para estranhos"? Então. No mais, é só levar em consideração a idade da protagonista que tudo se torna mais aceitável.

A literatura nacional sempre é vista com olhos tortos por uns, muito apreço por outros e há quem fique em cima do muro quando o assunto é se posicionar sobre a valorização do autor brasileiro. O que na verdade deve ser levado em conta é a obra e sua qualidade, e não a nacionalidade do escritor. O Diário Internacional de Babi é uma estreia com o pé direito para Chris Salles. O livro fala muito bem com seu público alvo e é uma boa pedida para relaxar e se divertir com as confusões da jovem Babi. As recomendações de Paula Pimenta fazem jus ao conteúdo e se você gosta de histórias que divirtam com aquela pitadinha fofa de romance e humor, a louca viagem de Barbara até Orlando é uma pedida certa.

Eu Me Possuo - Stella Florence

22 de setembro de 2016

Título: Eu Me Possuo
Autora: Stella Florence
Editora: Panda Books
Gênero: Romance/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 184
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: É possível abordar com leveza um tema tão duro quanto o estupro sem perder a profundidade? A escritora Stella Florence, que acaba de lançar o romance Eu me possuo, pela Panda Books, garante que sim: “Eu foquei o livro não na violência sexual que a protagonista sofre, mas na superação dela”. Em Eu me possuo acompanhamos a saga de Karina, uma mulher tímida, que decide abandonar a odontologia e abrir um bar. A partir daí, sua vida passa por várias revoluções: profissional, sexual, psicológica, afetiva, familiar. Nessa nova fase, de muito trabalho e muitos homens, Karina reencontra um antigo amor que a estuprou seis anos antes. A tensão que se estabelece entre ambos gera abalos e confrontos. Uma pessoa especialíssima, porém, acompanha Karina todo o tempo: sua moderna e sábia avó, Evelyn.
Resenha: Karina é uma jovem de vinte e poucos anos que mora com os pais e a irmã, Mariana. Ela é estudante de Odontologia e faz estágio em uma clínica. A vida de K é, aparentemente, normal, e a ideia de ajudar Renata, uma antiga amiga, em seu bar, o Quintal da Vizinha, seria uma forma de fugir da rotina, da família apática e da mãe cheia de manias estranhas e inexplicáveis. Sua única fortaleza é Evelyn, sua avó materna.
O que ela não esperava era que, ao mudar sua vida para se dedicar a algo que poderia lhe trazer alguma realização, ela iria se deparar mais uma vez com Gustavo, o cara que a violentou quando ela tinha dezessete anos... Como Karina vai lidar com isso? Por que Gustavo reapareceu? Será que é chegada a hora de Karina enfrentar seus fantasmas confrontando esse homem de uma vez por todas?

O livro é narrado em terceira pessoa e, embora possua um tema delicado a ser tratado, é bastante leve e fluído, sendo possível ler em questão de algumas horas. Apesar de ter sido algo que marcou Karina de forma negativa, a história segue por um outro caminho. O estrupro do qual K foi vítima acaba não sendo o foco principal do enredo, mas sim como ela lidou com isso, como conseguiu vencer essa barreira e retrata a nova e incrível mulher que ela se tornou após ter superado o ocorrido.

Karina é uma mulher tímida, mas que não tem medo de se arriscar, independente do assunto se referir ao seu lado pessoal ou profissional. Ela experimenta coisas novas, não se apega facilmente a alguém e não deixa de aproveitar a vida como quer, abre mão do que não a faz feliz sem pestanejar, mostra que tem o pé no chão, que sua opinião é sólida e bem fundamentada e seu caráter é admirável. E não se trata apenas de sua vida sendo transformada a partir das escolhas que ela toma, mas também uma visão nova e melhor que ela passa a ter sobre amizade, amor, família, trabalho e, acima de tudo, sobre si mesma.
"...ela determinou que nunca mais o sexo seria algo preso ao corpo, que nunca mais ela sentiria vergonha, que ela sempre transbordaria de sua pele, de seus contornos, e que todos os homens que a tocassem sentiriam o quanto é estupidamente excitante estar com uma mulher que se sente livre."
- Pág. 63
Sua avó, também tem grande importância em sua vida, pois diferente de sua mãe e de seu pai, é ela quem apoia a neta com palavras de conforto e sempre está alí para o que der e vier. Ela é uma senhora com o espírito jovem, mas cheia de sabedoria e experiência de vida, e se não fosse por sua ajuda, talvez Karina poderia ter sucumbido à própria angústia. Acredito que Evelyn é a personificação do que alguém que sofreu algum trauma mais precise. Alguém que esteja alí pra apoiar, pra acolher e ajudar, alguém essencial na vida de qualquer um. Ninguém supera nada sozinho, todo mundo precisa de alguma ajuda, de algum incentivo para poder enxergar que a vida não acabou e poder seguir em frente de cabeça erguida. E é isso que K faz.

Alguns personagens aparecem sem uma devida apresentação e por alguns momentos tive um pouco de dificuldade de saber quem era, de onde vieram ou o que faziam até que fosse melhor explicado. Os capítulos são curtos e isso acaba causando uma ansiedade maior sobre o que virá a seguir, porém, não há uma ordem cronológica certa e um capítulo não dá uma sequência linear para o anterior, o que pode acabar tornando os fatos um pouco confusos, fragmentados, como se algumas partes estivessem faltando.

Obviamente um estupro não é algo fácil de se lidar mas, por mais que Karina tenha tentado encontrar justificativas e se culpado pelo que aconteceu, ela, enfim, conseguiu se libertar daquela prisão em que ela mesma se colocou. A forma como ela decide enfrentar seus medos, seguir em frente e se impor como uma mulher forte e corajosa é uma postura libertadora e que tem tudo a ver com empoderamento feminino, tema muito importante na atualidade.
"E quem forjou a chave para abrir meu cativeiro fui eu. A força que hoje me habita é criação minha. Eu me possuo. Ninguém mais."
- Pág. 165
Não temos somente o ponto de vista de Karina sobre o ocorrido, mas também a tentativa falha de Gustavo de se explicar. É como se a autora quisesse mostrar que, muitas vezes, os homens não entendem o que é, de fato, um estupro e, ao cometerem essa atrocidade, ainda continuam com a consciência limpa como se nada demais tivesse acontecido. E através de um email que Karina escreve para ele, sobre tudo o que passou e sobre tudo que aprendeu desde então, fica claro que o que eles podem considerar como uma brincadeira, ou o que não é nada demais, é uma invasão, e pode ser caracterizado como estupro, sim. Não é porque uma mulher gosta e tem atração por um homem que ela quer transar com ele. Um homem não tem o direito de se aproveitar da vulnerabilidade de uma mulher, independente do estado em que ela se encontre. E o mais importante: não são somente desconhecidos que atacam alguém na rua que são estupradores... Qualquer homem, seja ele o pai, o marido, o amigo ou quem quer que seja, pode ser um estuprador em potencial, basta que ele ignore que há uma diferença enorme entre o sim e o não, ou se aproveite da fragilidade, da incapacidade ou do momento em que decide forçar alguém a fazer algo que não se quer... E quem acha isso normal também não fica atrás...

O trabalho gráfico da obra é uma graça. A capa tem tudo a ver com a história, é fosca e tem um tom de turquesa lindo e texturizado, e os detalhes dos ornamentos, das flores e do título possuem uma camada de verniz que deixam tudo muito caprichado. Os capítulos são curtinhos, numerados com ornamento florais e possuem a silhueta do passarinho da capa ao final de cada um deles, a fonte possui um tamanho agradável, assim como as margens que deixam o texto bem distribuído nas páginas (que são amarelas), e a revisão está impecável.

Em suma, é um livro muito bom para trazer reflexões sobre o tema, conscientizando leitores de que a culpa nunca é da vítima e que é possível vencer traumas desde que a pessoa se permita erguer a cabeça e seguir em frente.

Sou fã! E Agora? - Frini Georgakopoulos

20 de setembro de 2016

Título: Sou fã! E agora?
Autora: Frini Georgakopoulos
Editora: Seguinte
Gênero: Interativo/Nacional
Ano: 2016
Páginas: 160
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um livro para fã nenhum botar defeito! Fã que é fã adora conversar, discutir, interagir. Mas nem sempre temos por perto um amigo tão fanático quanto a gente para desabafar. Foi pensando nisso que Frini Georgakopoulos, uma fã de carteirinha, escreveu este livro: um manual de sobrevivência voltado para quem é apaixonado por livros, filmes, séries de TV… Com uma linguagem rápida e divertida, Sou fã! E agora? é uma mistura de artigos breves e atividades interativas que convidam a refletir sobre os motivos para curtirmos tanto as histórias, além de ajudar a descobrir o que fazer com todo esse amor: criar seu próprio cosplay, escrever uma fanfic, organizar um evento, começar um blog ou canal e muito mais!
Resenha: Quem não é fã de nada não vive nesse mundo. Me lembro que em 2006, um tempo que não existia tanta acessibilidade como existe hoje, assisti a um clipe de um famoso grupo feminino e me tornei fã. Seis mulheres, cadeiras, uma barra de ferro, fogo e o Snoop Dogg participando da música. Remete a algo? Foi assim que conheci as Pussycat Dolls, e um amor de fã surgiu ali. E não pensem que era fácil, não! Naquela década o acesso a plataformas como Facebook e interatividade desse modo de hoje não existiam. Passava várias horas no Orkut, na comunidade dedicada ao grupo. Lá tinha aquela interatividade entre quem amava o grupo, formado em 2003 e que encantou pessoas ao redor do mundo todo. E não tinha guerra de fandom, e sim entre os próprios fãs, afinal, sempre tinha aquela coisa de "a minha Doll preferida é a melhor". Até que a Nicole decidiu lançar um álbum solo (Her Name is Nicole, que não deu muito certo e foi arquivado) e uma amiga chegou na escola e me disse: "Lucas, aquela Pussycat Doll lançou uma música". E lá fui eu na caçada até conseguir descobrir o nome da Nicole Scherzinger, tão difícil quanto Georgakopoulos. Google, por favor! Entre muitos trancos, elas lançaram o segundo disco, Doll Domination, e se despediram dos fãs, após alguns desentendimentos internos. O que aconteceu comigo? Fiquei desolado, sem chão, com depressão-pós-fim-de-grupo. Se vocês não são foram fãs de algum grupo como Backstreet Boys, Spice Girls, N'Sync, Destiny Child e afins, não sabem o que a gente sente naquele momento. Ai meu coração! Até que a Nicole lançou um álbum solo e o primeiro single passou em primeiro lugar no Top 10 MTV. Eu s-u-r-t-e-i. Ela até já me respondeu no Twitter. Eu tinha dito pra ela que estava muito chateado por não obter uma resposta dela ali, e toda fofa ela respondeu: no, baby! Happy, happy, happy! Chorei, né?

Surtos de fã à parte, o primeiro livro da Frini Georgakopoulos, que deve ser parente distante da Nicole Prescovia Elikolani Valiente Scherzinger, é um guia divertido e interativo sobre o que é ser fã e como a gente tem alguns surtos - num bom sentido - e lida com isso. Dividido em quatro partes, o leitor encontra textos referentes ao gênero YA, o porquê de amarmos histórias, a teoria dos dois gatinhos (eu adorei isso!), preconceito literário (um grande destaque para esse assunto) e etc.

Cheio de observações muito interessantes e coerentes sobre o mundo de fãs, Frini descreveu em um livro curto tudo que a gente vive nesse mundo, seja literário, cinematográfico, musical e etc. A forma de escrever, leve e descontraída, tornou a leitura muito agradável. Em alguns momentos cheguei a exclamar "É ISSO MESMO!", porque percebi que Georgakopolous é fã de várias séries que eu também sou. Em uma atividade, a autora nos conduz a relembrar os momentos engraçados como fãs, passados juntamente dos amigos, claro, por que ninguém paco mico sozinho. Comecei a lembrar de algo que aconteceu na Bienal do Livro de 2016, bem recente, em que minha amiga protagonizou uma cena bastante memorável com a Audrey Carllan. Até mesmo eu passei um momento super engraçado com a Lucinda Riley.

Mas nem tudo é só diversão, não é mesmo? Além das interatividades, o livro proporciona uma reflexão sobre diversos assuntos, como o preconceito literário. Cinquenta Tons de Cinza gerou muita polêmica na época de seu lançamento e junto com isso vieram muitas críticas às leitoras que amavam a história. Mas por que isso? Pessoalmente, não acrescenta nada a mim o que a E.L James se propôs a escrever, mas e se outras pessoas gostam e se identificam? Por gostar da Valesca Popozuda (sim, sou Popofã!), acabei ouvindo coisas como: "Nossa, mas você? Lê tanto, é tão culto e gosta dela?". É preciso conhecer antes de julgar.

Sou fã! E agora? é uma boa pedida para quem é fã, surta, enlouquece com algo e precisava de um livro que expresse tudo isso com palavras e opiniões. Confesso que não sou adepto de obras interativas, como livros de colorir. A diferença é que Frini Georgakopoulos fez um livro de fã para fã.

***

Abaixo, algumas respostas minhas às perguntas interativas do livro:

Do que você é fã há muitos anos, e esse amor nunca mudou? 
Nicole Scherzinger. Apesar de ela ter mudado muito depois que deixou o grupo The Pussycat Dolls, continuo acompanhando a carreira dela.

Qual temas você gostaria de encontrar na literatura jovem adulta? E quais você sente falta que sejam tratados? 
Gravidez na adolescência é algo que nunca vi nesses livros, e acredito que é uma realidade que deva ser discutida. Nos Estados Unidos existe o programa 16 and Pregnant, que retrata a vida de jovens garotas gravidas na adolescência. Seria bacana ver isso na literatura.

Quais histórias vividas por dois gatinhos que conquistaram (e dividiram) seu coração?
Adrian e Dimitri, da Academia de Vampiros. Confesso que sou #TeamAdrian.

Conte quais os destinos literários que você mais gostaria de conhecer ou que te marcaram mais.
Avalon, da série Fadas, escrita por Aprilynne Pike. Além de ser um local sem muitos perigos (eu não gostaria de morrer morto por um strigoi no universo de VA), é um ambiente cheio de magia e cumplicidade.

Conta aí quais vilões que mais te marcaram.
Neferet, da série House of Night. Desejei que ela matasse todos os bonzinhos da trama, porque ela é o exemplo perfeito de como um vilão pode ser mais interessante que os mocinhos.


Mentira Perfeita - Carina Rissi

5 de maio de 2016

Título: Mentira Perfeita (Spin-off de Procura-se um Marido)
Autora: Carina Rissi
Editora: Verus
Gênero: Romance/Chick-lit/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 462
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | FNAC
Sinopse: Júlia não tem tempo para distrações. Ela é brilhante e sempre se esforça para ser a melhor naquilo que faz; por essa razão, sua vida pessoal acabou ficando de lado. Algo que sempre preocupou sua tia Berenice. Gravemente doente, a mulher teme que Júlia acabe completamente sozinha quando ela se for. Júlia faria qualquer coisa qualquer coisa mesmo! por tia Berê e, em seu desespero para agradar a única mãe que já conheceu, inventa um noivo enquanto torce por um milagre... E então o milagre acontece: Berenice se recupera e, assim que deixa o hospital, gasta todas as suas economias com o casamento dos sonhos para a sobrinha. Como Júlia pode contar a ela que mentiu, com a saúde da tia ainda tão frágil? É quando Júlia conhece Marcus Cassani. Ele é irritantemente cínico, mulherengo e lindo de um jeito que a deixa desconfortável. Marcus também está enfrentando problemas, e um acordo entre eles parece ser a solução. Tudo o que Júlia sabe é que deveria se afastar de Marcus. Mas seu coração tem uma ideia muito diferente... Mentira Perfeita é um spin-off de Procura-se Um Marido, uma história que se passa no mesmo universo da primeira. Aqui você vai conhecer novos personagens inesquecíveis, além de rever aqueles que já moram no seu coração.

Resenha: Mentira Perfeita, escrito pela autora nacional Carina Rissi e publicado pela Verus, é um spin-off do livro Procura-se um Marido. Embora não seja necessário a leitura prévia do livro anterior, eu, particularmente, recomendo que seja lido devido aos personagens marcarem presença neste volume e terem alguma influência ou relação com os personagens novos.

Julia é um jovem que trabalha com programação de computadores e que se dedica e se esforça muito ao que faz. Por viver pra trabalhar, sua vida pessoal sempre fica em segundo plano, o que preocupa muito sua tia Berenice, que não esta bem de saúde e tem muito receio de que quando morrer vá deixar Júlia sozinha. Mas o sonho de tia Berê é ver Júlia se casando antes de partir, e pra não contrariar a tia que estava praticamente no leito de morte, Júlia diz que ela poderia morrer em paz pois tinha arranjado um compromisso sério. Mas indo contra as espectativas, tia Berê se recupera e começa a gastar todas as suas economias nos preparativos do casamento da sobrinha. Mas como Júlia vai dizer a verdade sabendo que o estado da tia ainda é frágil?

Marcus é um cara bonito, inteligente e há alguns anos sofreu um acidente que lhe causou uma lesão na medula. Ele perdeu o movimento das pernas e ficou numa cadeira de rodas. Marcus não perdeu as esperanças de que um dia ainda poderá voltar a andar, então além de se dedicar a fisioterapia e ter voltado a trabalhar, ele se viu num momento de sua vida em que precisa provar pra si mesmo de que consegue se virar sozinho. Ele já havia saído da casa dos pais pra ir morar com Max, seu irmão mais velho, mas queria ter seu próprio canto. O problema é que sua família não permite que ele saia de casa sozinho e Marcus teria que dar um jeito de convencê-los...

Então quando Júlia e Marcus se encontram e percebem que podem usar um ao outro em seus propósitos malucos, ela, desesperada por arrumar um noivo para apresentar à tia, e ele, precisando de uma cuidadora para apresentar à família pra poder morar sozinho sem que a mãe caia dura de preocupação, eles entram em acordo para levar a mentira perfeita adiante. Pronto, temos a premissa e a partir daí a história se desenvolve.

Claro que, assim como todos os livros da autora, à primeira vista fui fisgada pela capa. O vestido de noiva característico dá um charme à modelo ruiva com os cabelos soltos e bem despojada segurando a foto da tia enquanto parece tão reflexiva. Os capítulos são curtos, as páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho padrão. Os capítulos se iniciam com o nome do personagem ao qual se destina o ponto de vista da vez, Júlia ou Marcus. A revisão está impecável e de forma geral, o trabalho gráfico está de arrasar.

A narrativa é feita em primeira pessoa e se alterna entre os pontos de vista de Júlia e Marcus.
Vamos conhecendo os personagens mais a fundo, seus desejos e seus medos, além de acompanharmos os dois precisando lidar com o fato de que a mentira em que se meteram irá mudar suas vidas.
A escrita da autora é muito fácil e envolvente e apresenta personagens humanos e bastante reais quando o assunto é personalidade e escolhas que fazem.
O fato de Marcus ser portador de necessidades especiais (termo que ele odeia) não o faz de vítima e nem o inclui em estereótipos que a sociedade impõe às pessoas que são cadeirantes em momento algum. Ele não anda, mas isso não o faz ser menor que ninguém e muito menos incapaz, e por sair do padrão das características mais comuns dos personagens de chick-lits que vemos por aí, este foi um ponto super positivo na trama, pois além de essa característica ser fundamental para o desenrolar da história, a forma como a vida de Marcus é exposta é uma forma bastante eficaz para desmistificar preconceitos sem nexo que alguns possam vir a ter sobre quem tem algum tipo de limitação física, mesmo que a dependência não o impeça de fazer o que tem vontade. Foi super legal ver que Marcus quer viver a vida da forma mais intensa possível, procurando aproveitar cada momento.

Confesso que a história, embora seja bem desenvolvida, muito bem escrita e ser recheada de momentos ótimos, não me surpreendeu como imaginei e alguns pontos me fizeram pensar na boa e velha fórmula tão presente nos demais livros e que os tornam previsíveis. Por que os parentes mais velhos das protagonistas sempre estão com o pé na cova e forçam a barra quando o assunto é compromisso e casamento? Ficar sozinha é algo tão trágico e terrível assim a ponto de alguém precisar forjar namoros, arranjar noivos de mentira (que convenientemente são a desculpa e a solução pra um problema qualquer), e coisas do tipo só pra agradar ou ficar a mercê dos sonhos que não lhes pertencem para superar as expectativas alheias? A vida segue e as pessoas dão um jeito de se virarem na falta de outras, isso é fato. É possível, sim, ir muito longe em nome do amor, da gratidão e da consideração que sentimos por um ente querido, mas a abordagem poderia ser mais original, deixando a questão das farsas amorosas de lado já que são tão manjadas. Dar características pouco usuais aos personagens, como é o caso de Marcus ser cadeirante, ou variar um pouco suas personalidades não torna a história "inédita". Talvez eu teria gostado infinitamente mais se a abordagem fosse outra (ou se eu nunca tivesse lido os outros livros e não estivesse familiarizada com a "receita").
Eu gostei do livro ser um spin-off. Mesmo que eu não tenha adorado Procura-se um Marido confesso ter sido bem legal rever Alicia e Max (que continua lindo de morrer) e sabendo que eles estão dando um passo super importante no relacionamento que cultivam.
A história não se foca exclusivamente na farsa do casal. Há sub-tramas interessantes e divertidas que tornam a história dinâmica e flexível, sem que fique parada numa coisa só, principamente por Júlia ter que lidar com problemas na empresa enquanto precisa cuidar da vida fora da área profissional, coisa que ela não estava tão habituada assim...

Mentira Perfeita é um bom livro, tanto por abordar questões sociais importantes de forma leve e realista, quanto por trazer personagens cativantes e que dão vida à história. Um livro com toques de drama leve e divertido, mas com um romance que com certeza vai emocionar.



Reencontro - Leila Krüger

9 de abril de 2016

Título: Reencontro
Autora: Leila Krüger
Editora: Novo Século/Novos Talentos
Gênero: Romance/Literatura Nacional
Ano: 2011
Páginas: 496
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Submarino | Americanas
Sinopse: "Está bem no fundo. Não se pode alcançar... aos poucos, vai roubando o ar.” Ana Luiza vai perdendo seu fôlego: o fim de (mais) um grande amor, um pai distante, uma mãe fútil, uma amizade complexa e "pessoas que sempre vão embora". Com suas músicas de rock, seus livros e seus cigarros, Ana Luiza vê sua vida desmoronar.
"O amor é uma ferida”, ela sentencia. Mas a “garota de olhar longínquo” tem um encontro inesperado com um alguém aparentemente muito diferente dela: os “olhos imensos”, que tudo veem... Presa em seu próprio mundo e rendida ao álcool e às drogas, Ana Luiza tenta fugir. Principalmente do temido amor, que tanto a feriu...
Como encontrar, ou reencontrar o próprio destino?
Até onde o amor pode ir, até quando pode esperar? O que há além das baladas de rock e dos poemas românticos? Poderá o amor salvar alguém de sua própria escuridão?
Às vezes, é necessário perder quase tudo para reencontrar... e finalmente poder amar.

Resenha: Ana Luiza é uma jovem de vinte e dois anos, fã de Guns 'n Roses e que mora em Porto Alegre. Ela é estudante de odontologia mas não se sente nada feliz com o curso. Na verdade, Ana Luiza não se sente feliz com coisa alguma já que ter pais relapsos e perder alguém que ela amava tanto a fizeram desmoronar. Nem Nana, sua fiel e melhor amiga, sabe de tudo o que ela passa pois Ana Luiza não se abre completamente com ninguém. Ela acredita que nunca vai encontrar o amor, que nem ao menos merece ser amada e, por estar tão desacreditada na vida, ela encontra nas drogas e no álcool um tipo de refúgio a fim de fugir da realidade em que se encontra, se entregando a depressão.
Na faculdade, Ana Luiza e Nana conhecem Rafael, e ele logo se torna amigo das duas também, mas apesar dessa proximidade, Ana ainda fica na defensiva vivendo em seu próprio mundo, guardando seus segredos e enfrentando várias barreiras sozinha sem deixar que ninguém tenha participação nisso.
A medida que o tempo passa, Ana se afunda cada vez mais e, sem conseguir enxergar o que há de bom na vida, ela se prende a todo e qualquer ponto negativo que apareça. Ela perdeu a fé, perdeu a coragem mas ainda é capaz de sonhar, e talvez o que ela precise para se reerguer está onde menos esperou...

Narrado em terceira pessoa através de uma escrita bastante poética, mas em muitos pontos amarga devido a tanta angústia, Reencontro é um livro que aborda a depressão mostrando como ela definha as pessoas, como lhes tiram a alegria e como a vida se torna completamente sem cor. É a descrição nua e crua do que isso faz com alguém pois a história consegue transmitir com bastante realidade o que pode levar alguém a se envolver com álcool e drogas a ponto de se viciar, assim como as consequências do uso desenfreado dessas substâncias. É doloroso, é difícil, mas é uma batalha que pode ser vencida desde que exista esperança, apoio e muita luta para suportar e superar as armadilhas que aparecerão no caminho.

Não costumo gostar de capas de livros nacionais, mas esta em especial eu gosto bastante pois é simples, bonita e cheia de significado. A diagramação é simples, os capítulos sempre são iniciados com algum trecho de algum escritor notável, como Cecília Meireles, Clarisse Lispector, Mário Quintana entre outros, ou de alguma letra de música de bandas ou cantores bastante conhecidos, como, Bon Jovi, Lenny Kravitz, Coldplay e etc... As páginas são brancas e a fonte tem um tamanho padrão e agradável para a leitura.

Às vezes, as pessoas não sabem lidar com o sofrimento e buscam meios ainda piores como forma de "ajuda" para enfrentar o que passam, mas não pensam que só estão piorando as coisas já que são impedidas de pensar com clareza devido a situação em que se encontram. E a história de Ana Luiza mostra que às vezes nos perdemos, às vezes deixamos de sonhar e acreditar que as coisas vão dar certo, e, às vezes vivemos de mentiras, iludindo a nós mesmos, mas é através de decepções e perdas que encontramos forças e, no caso de Ana, ela começou a acreditar em si mesma e encontrou forças num sentimento que ela havia enterrado: o amor. E, muitas vezes, as pessoas, por não conseguirem ser impulsionadas por elas mesmas, encontram o que precisam nesse sentimento, na ideia de serem queridas, amadas e se sentindo importantes de alguma forma. Mas, até lá, a dor será inevitável para que haja uma transformação interna e uma libertação, e é isso que Ana Luiza mostra, que para poder se reencontrar, ela precisou, primeiro, se perder.