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Maus - Art Spiegelman

2 de abril de 2021

Título: Maus
Autora: Art Spiegelman
Editora: Quadrinhos na Cia
Gênero: HQ/Graphic Novel
Ano: 2005
Páginas: 296
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Maus, rato em alemão, é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu aos campos de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art Spiegelman. O livro é considerado um clássico moderno das histórias em quadrinhos. Foi publicado em 2 partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de Literatura. A obra é um sucesso estrondoso de crítica e público. Desde que foi lançada, tem sido objeto de análises e estudos de especialistas em diversas áreas, como artes, história, literatura e psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as 2 partes reunidas num só volume. Nos quadrinhos, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas como gatos, e, americanos como cachorros e poloneses como porcos. Esse recurso, aliado à ausência de cor nos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto. Art, porém, evita o sentimentalismo e interrompe algumas vezes a narrativa para espaçar a dúvidas e inquietações. É implacável com o personagem principal, seu próprio pai, retratado como destemido e valoroso, mas também como mesquinho e racista. De vários pontos de vista, uma obra sem equivalente no universo dos quadrinhos e um relato histórico de valor inestimável.

Resenha: Na década de 80, o sueco Art Spiegelman iniciou algumas entrevistas com seu pai sobre as experiências vividas por ele na Segunda Guerra Mundial, e criou vários quadrinhos baseados nessas conversas. O resultado foi o lançamento do clássico moderno Maus (rato em alemão), que ganhou o prêmio Eisner em 1991 e o Pulitzer de Literatura em 1992. No Brasil ele foi publicado num em 2005 pelo selo Quadrinhos na Cia da Editora Companhia das Letras.
Confesso que apesar de ter lido Maus em 2012, eu ainda não sabia exatamente o que e como escrever sobre essa obra prima devido ao impacto que causou em mim, fui adiando a resenha até que esqueci, e agora, por ter sido convidada pela mybest Brasil para falar um pouquinho da minha Graphic Novel favorita, nada mais justo do que escolher essa obra clássica e super importante.

Quer conferir mais dicas e resenhas sobre HQ's, Mangás e Graphics Novels feitas por outros influenciadores literários? Espia aqui: https://mybest-brazil.com.br/19524

Maus vai mostrar o ponto de vista de Vladek Spiegelman, um sobrevivente polonês de Auschwitz e de Dechau, famosos campos de concentração onde os judeus tiveram seus destinos marcados pra sempre. Vladek dá seu relato de quando era jovem e se casou com Anja, até ter sido confinado nos campos de concentração, onde presenciou e foi submetido às mais terríveis atrocidades cometidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O próprio autor da obra, filho de Vladek, vai descobrindo aos poucos a história trágica do passado do pai; da mãe; e do irmão, Richieu. O interesse de Artie pela história e a profundidade do relato de Vladek constroem um retrato verídico, dramático e muito cruel acerca do sofrimento vivido em meio aos horrores do Holocausto. Também é possível notar características estereotipadas de um típico judeu em Vladek enquanto ele narra sua história: além de ranzinza e birrento, percebemos que sua experiência da guerra deixaram marcas indeléveis que acabaram mudando sua personalidade, sua visão de mundo e o transformou numa pessoa diferente do que fora antes do ocorrido.
(pág. 61)
Ilustrado em preto e branco e com figuras metafóricas onde os judeus são apresentados como ratos, os nazistas como gatos, os americanos como cães, dentre outras comparações do tipo onde cada país é representado por um animal diferente, acompanhamos uma história de luta e sobrevivência contada de forma tão inteligente quanto triste. Os quadrinhos e os pequenos diálogos retratam fatos históricos fortes e pesados de uma maneira que, ao mesmo tempo que incomoda, instiga o leitor e o faz questionar sobre liberdade, igualdade e moralidade. Algumas cenas são tão fortes que é impossível não ficar com os olhos cheios de lágrimas.
Existe alguns erros de concordância propositais nas frases, visto que se tratam da representação dos sotaques estrangeiros dos personagens.

Para quem quer saber mais sobre o Holocausto e procura por algo diferente do encontrado em livros com textos maçantes, vai encontrar em Maus uma história baseada em relatos reais de alguém que sobreviveu à Segunda Guerra, com trechos tocantes e ilustrações intensas o bastante para mexer com nossos sentidos, nos fazendo questionar sobre a humanidade ter falhado e ter ido tão longe de si mesmos. Esse é o tipo de leitura que deveria ser obrigatória, seja para fins de estudo, ou para tentarmos entender até onde alguém pode chegar em busca de poder.

1984 (HQ) - George Orwell e Fido Nesti

14 de janeiro de 2021

Título:
 1984 - Edição em Quadrinhos
Autor: George Orwell
Ilustrador: Fido Nesti
Editora: Quadrinhos na Cia
Gênero: Distopia/HQ
Ano: 2020
Páginas: 224
Nota:★★★★★
Sinopse: No traço magistral do artista paulistano Fido Nesti, a obra mais poderosa de George Orwell ganha sua primeira adaptação para os quadrinhos. 1984 conta a história do angustiado Winston Smith, refém de um mundo feito de opressão absoluta. Em Oceânia, ter uma mente livre é considerado crime gravíssimo. Numa sociedade em que a mentira foi institucionalizada, Winston se rebela e, em seu anseio por verdade e liberdade, arrisca a vida ao se apaixonar por uma colega, a bela Julia, e se voltar contra o poder vigente. Publicada originalmente em 1949, a profecia de Orwell encontra seu rosto neste romance gráfico extraordinário.

Resenha: Depois das resenhas que publiquei de duas edições da obra clássica de George Orwell, venho com mais esta versão em HQ, que é de um dos últimos lançamentos do selo Quadrinhos na Cia, da Companhia das Letras. Esta resenha é um resumo da resenha anterior juntamente com uma análise das ilustrações, considerando o que essa edição adicionou a experiência tão fantástica quanto perturbadora que é ler 1984.


Assim como no original, acompanhamos o mundo opressor onde o livre arbítrio é considerado crime. Qualquer coisa que vá contra os ideias do Partido, o governo totalitário instaurado em Oceânia, é severamente punido, e todos devem seguir suas regras, se privando de liberdade e até de pensamentos, afinal, tudo é controlado, todos estão sendo observados, e nada escapa dos olhos do Grande Irmão, o ditador "invisível", reverenciado e amado pelo povo.


E nesse contexto, Winston Smith, mais um refém desse poder, ansiando por liberdade, não só arrisca sua vida quando se apaixona por Julia, como se volta contra esse sistema.


Os traços do ilustrador e a diagramação em si atribuem uma característica ainda mais sombria à história, e várias páginas podem ser resumidas em uma única imagem. A HQ é super fiel ao livro, as ilustrações são coloridas mas sempre destacando os tons cinza e vermelho pra dar um ar tristeza, morbidez e confinamento.


A edição é deslumbrante, e só veio pra acrescentar ainda mais. Pra quem gosta de quadrinhos e procura por uma leitura direta da história, é super recomendado, e pra quem já é um grande admirador, é aquela edição que vale a pena se ter na estante.



Minha Coisa Favorita é Monstro - Emil Ferris

4 de julho de 2019

Título: Minha Coisa Favorita é Monstro - Livro 1
Autora e Ilustradora: Emil Ferris
Editora: Quadrinhos na Cia
Gênero: Fantasia/Drama/Thriller/HQ
Ano: 2019
Páginas: 416
Nota:★★★★★
Sinopse: Com o tumultuado cenário político da Chicago dos anos 1960 como pano de fundo, Minha Coisa Favorita é Monstro é narrado por Karen Reyes, uma garota de dez anos completamente alucinada por histórias de terror. No seu diário, todo feito em esferográfica, ela se desenha como uma jovem lobismoça e leva o leitor a uma incrível jornada pela iconografia dos filmes B de horror e das revistinhas de monstro.
Quando Karen tenta desvendar o assassinato de sua bela e enigmática vizinha do andar de cima — Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto — assistimos ao desenrolar de histórias fascinantes de um elenco bizarro e sombrio de personagens: seu irmão Dezê, convocado a servir nas forças armadas e assombrado por um segredo do passado; o marido de Anka, Sam Silverberg, também conhecido como o jazzman “Hotstep”; o mafioso Sr. Gronan; a drag queen Franklin; e Sr. Chugg, o ventríloquo.
Num estilo caleidoscópico e de virtuosismo estonteante, Minha Coisa Favorita é Monstro é uma obra magistral e de originalidade ímpar.

Resenha: Karen Reyes é uma garotinha de dez anos bem diferente das outras meninas da sua idade. Em vez de bonecas, Karen é alucinada por histórias de terror, com direito a todo tipo de monstro, afinal, os monstros são fortes, ferozes, e capazes de se proteger. Assim, ela mantém um diário onde faz várias ilustrações, inclui seu relatos e faz observações do que está à sua volta. Nesse diário ela reproduz a si mesma como uma "lobismoça", fazendo referências aos filmes B de terror e das HQ's de monstro que ela tanto adora. Karen acredita que ser um monstro lhe dá coragem para lidar com as crianças cruéis da escola e outros infortúnios da vida. Um dia, Anka Silverber, a bela vizinha do andar de cima - que inclusive sobreviveu ao Holocausto -, é encontrada morta em seu apartamento em circunstâncias muito misteriosas. Aparentemente, trata-se de um suicídio, mas Karen suspeita de alguns detalhes e acredita que a Anka foi assassinada. Assim, em meio a personagens bizarros e um cenário tumultuado e sombrio que se mescla às paisagens urbanas de Chicago dos anos 60, acompanhamos a tentativa da garota de investigar e desvendar esse mistério.


O projeto gráfico do livro é um dos mais bonitos que já vi numa obra literária. Ele simula o diário de Karen, um enorme caderno pautado e todo ilustrado com canetas esferográficas, cujas cores se misturam para que vários tons, camadas, sombreados e efeitos enriqueçam ainda mais a história e encham nossos olhos. Há várias anotações nos cantos das páginas junto com os relatos da protagonista, com observações, informações e afins. A riqueza dos detalhes, assim como a forma como a história é contada, é surpreendente.


Assim, a narrativa é feita pela protagonista e mostra a forma como ela precisa lidar com as coisas, geralmente do modo mais difícil, e tudo que ela desenha e escreve se refere aos seus pensamentos e as próprias experiências durante essa jornada. Acompanhamos também alguns dramas pessoais e familiares bastante comoventes, alguns abordam temáticas mais delicadas e outras mais pesadas (como preconceito, homofobia, intolerância, solidão, abusos, sexualidade e afins), com uma boa e necessária dose de crítica social, ao mesmo tempo em que a garotinha faz suas investigações, todas sempre regadas a suspense, mistério, horror e um toque impressionante de inocência em meio ao cenário político, caótico e cheio de brutalidade da época, ou das décadas passadas onde muitos sofreram com a Guerra. É de partir o coração quando a história de Anka vem á tona, pois aborda os horrores que os judeus sofreram durante a Segunda Guerra, mas Karen, que está narrando e ilustrando o que ouviu, não entende muito bem o que tudo aquilo significou.


A história é um pouco complexa e é o tipo de leitura que deve ser feita com calma até engatar e se acostumar com o estilo, apreciando os detalhes das ilustrações e sempre atenta às observações da menina e às metáforas que se fazem presentes. Como se trata de um diário, a diagramação remete ao mesmo com perfeição, logo as páginas simulam colagens, papéis presos com clipes, rabiscos aleatórios, anotações em todos os cantos, fora as ilustrações maravilhosas cujos traços são únicos, e é preciso uma interação maior com o livro. Como é um livrão enorme e pesado, pode ser um pouco desconfortável no começo girar o livro ou ficar virando a cabeça para ler as laterais, mas acho que faz parte da experiência de ter esse "diário" em mãos, e achei o máximo.


O livro foi dividido em duas partes, a segunda ainda não foi lançada, então não esperem por um desfecho que encerra essa jornada. Pra quem gosta de obras emocionantes com foco no visual, que trazem personagens sólidos e bem construídos, com toques de mistérios, sensibilidade, e com uma abordagem cirúrgica e emocionante sobre questões relevantes para a sociedade e para nós mesmos, é leitura mais do que indicada.


Mulheres na Luta - Marta Breen e Jenny Jordahl

17 de março de 2019

Título: Mulheres na Luta - 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade
Autoras: Marta Breen e Jenny Jordahl
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Não Ficção
Ano: 2019
Páginas: 130
Nota:★★★★★
Sinopse: O movimento feminista em quadrinhos, para jovens e adultos. Há 150 anos, a vida das mulheres era muito diferente: elas não podiam tomar decisões sobre seu corpo, votar ou ganhar o próprio dinheiro. Quando nasciam, os pais estavam no comando; depois, os maridos. O cenário só começou a mudar quando elas passaram a se organizar e a lutar por liberdade e igualdade. Neste livro, Marta Breen e Jenny Jordahl destacam batalhas históricas das mulheres ― pelo direito à educação, pela participação na política, pelo uso de contraceptivos, por igualdade no mercado de trabalho, entre várias outras ―, relacionando-as a diversos movimentos sociais. O resultado é um rico panorama da luta feminista, que mostra o avanço que já foi feito ― e tudo o que ainda precisamos conquistar.

Resenha:  Trazendo um assunto tão importante nos dias de hoje, Mulheres na Luta, publicado pela Editora Seguinte, é um compilado de informações acerca do movimento feminista e da luta das mulheres que começaram há somente cento e cinquenta anos e marcaram o início de mudanças muito importantes para adquirirem direitos numa sociedade completamente machista. Ter direito aos estudos, ao trabalho remunerado, a votar nas eleições, e de decidir sobre o próprio corpo são algumas das lutas desse movimento que mostra que houve bastante progresso, mas que ainda assim é preciso muito mais.


O livro é dividido em partes que abordam diferentes tipos de lutas, apontando alguns fatos que foram decisivos para várias conquistas e mostrando que as mulheres são capazes de muito mais coisas do que ficarem confinadas em casa cuidando dos afazeres domésticos, de uma penca de filhos e servindo obedientemente ao seu marido. Se por um lado existiam homens que defendiam que "o homem é ativo e forte, enquanto a mulher é passiva e fraca", ou que "as mulheres devem ficar em casa com a família, em vez de ocupar a cabeça com outras coisas", existiam mulheres que refutavam essas ideias absurdas e começaram a lutar pelos mesmos direitos.


Embora os eventos tenham uma abordagem histórica, se concentrem principalmente em lutas de mulheres americanas e europeias, e sejam explorados de uma forma bastante enxuta e sem muitos detalhes, fica bem claro que muito se perdeu para que houvesse conquistas. Mulheres foram torturadas e mortas enquanto questionavam homens e lutavam por seus direitos, e é incrível perceber que hoje, em pleno século 21, isso ainda acontece no mundo inteiro.



Outras questões são trabalhadas além dos direitos conquistados gradualmente, como sexualidade, métodos contraceptivos e aborto, porém focando no corpo feminino como uma propriedade controlada por qualquer um, exceto pela mulher, e embora em alguns países as mulheres tenham direitos e sejam donas dos próprios corpos, ainda há lugares em que isso não acontece, o que gera reflexões sobre o quanto é preciso evoluir e rever não só conceitos, mas as leis também.


A edição gráfica do livro é muito bonita e caprichada, com capa dura, folhas mais grossas, ilustrações com traços simples, porém bastante expressivos, e cores monocromáticas em tons pastéis que se contrastam com o preto distribuídas ao longo do livro de acordo com o tema abordado no determinado capítulo. O visual é limpo e ajuda a transmitir a história de uma forma bastante clara, objetiva e funcional.


Assim, pra quem busca por livros que abordam a opressão do patriarcado e a temática feminista de uma forma didática, que citam nomes de mulheres que foram responsáveis por mudanças importante para a vida de todas as outras mulheres na sociedade e seus feitos, Mulheres na Luta é uma excelente porta de entrada para se ter noção do que é o feminismo e o quanto é necessário, de onde surgiu, o que as mulheres precisaram (e ainda precisam) enfrentar para conquistar espaço, e porquê a igualdade precisa ser alcançada tão urgentemente.

A Origem do Mundo - Liv Strömquist

6 de setembro de 2018

Título: A Origem do Mundo - Uma História Cultural da Vagina ou A Vulva vs. O Patriarcado
Autora: Liv Strömquist
Editora: Quadrinhos na Cia.
Gênero: HQ/Não Ficção
Ano: 2018
Páginas: 144
Nota:★★★★★
Sinopse: Por que as sociedades alimentaram uma relação tão esquizofrênica com a vagina ao longo dos séculos? Por que a menstruação é um tema apagado de nossa cultura quando costumava ser algo sagrado para os povos ancestrais? A origem do mundo escancara interditos e desafia mitos e tabus. Um livro genial, catártico e absolutamente necessário.
Se “o pessoal é político”, como dizia o slogan da segunda onda feminista, iniciada nos anos 1960, Liv Strömquist criou um livro radical. Com humor afiado, a artista sueca expõe as mais diversas tentativas de domar, castrar e padronizar o sexo feminino ao longo da história. Dos gregos antigos a Stieg Larsson, das mulheres da Idade da Pedra a Sigmund Freud, de Jean-Paul Sartre a John Harvey Kellogg (o inventor dos sucrilhos), da fábula da bela adormecida a deusas hindus, de livros de biologia ao rapper Dogge Doggelito, A origem do mundo esquadrinha nossa cultura e vai até o epicentro da construção social do sexo. Para Liv, culpabilizar o prazer é um dos mais efetivos instrumentos de dominação — graças à culpa, a maçã é venenosa e o paraíso mantém seus portões fechados. Uma crítica hilária, libertadora e instrutiva sobre o sexo feminino.

Resenha: A Origem do Mundo, da artista sueca Liv Strömquist, traz informações super relevantes acerca do universo feminino que até hoje sofre o impacto causado pelo machismo na sociedade. O interesse fora do comum do homem pelo corpo da mulher e sua forma absurda de estudá-lo, assim como as ideias completamente descabidas que eles tiveram para tentar dominar, impor padrões e justificar comportamentos ou características femininas, são expostos -  e criticados - com um humor ácido e até de forma bastante radical. Embora a personagem criada para apresentar as questões levantadas seja irônica e até bem revoltada com tantos absurdos e atrocidades cometidas por "homens ilustríssimos" que eram considerados importantes em suas épocas, é impossível não se indignar junto com ela, pois justamente devido a esses verdadeiros embustes que meteram o bedelho onde não foram chamados, hoje o mundo gira em torno do pinto, que sempre é visto como um troféu, enquanto a vulva, que antigamente era visto como algo sagrado, passou a ser algo considerado sujo e digno de vergonha.



"A menstruação é nojenta e imunda, e por isso deve ser escondida" (absorvente sempre deve dar segurança e "frescor"). "A mulher que tem TPM é histérica, e por isso não pode conviver socialmente". "O sangue da menstruação drena a inteligência da mulher, e isso impede que elas se concentrem nos estudos". "Mulheres não deveriam trabalhar se tiverem que ser remuneradas, pois a menstruação causa oscilações no humor que interferem em seus rendimentos" (mas incrivelmente não interferem em nada pra cuidarem dos filhos e da casa em tempo integral, enquanto se atura um marido imbecil). "A cólica menstrual está diretamente ligada ao nariz, logo uma rinoplastia deveria resolver o problema com a dor". "Mulheres que só atingem orgasmo via clitóris, são frígidas". "Vaginas com protuberâncias 'estranhas' eram bruxas, e por isso deveriam ser queimadas na fogueira". "A clitoridectomia (a remoção cirúrgica do clitóris) é a cura para a depressão, dor de cabeça, histeria e 'desobediência', e medida importante e necessária a se tomar em caso de divórcio ou masturbação"! "É pecado a mulher sentir prazer". "A vagina não passa de um buraco oco a ser preenchido por um pênis". Essas são somente algumas das "sábias" afirmações despejadas na sociedade por, claro, homens, e que foram levadas a sério o bastante para impactar no comportamento humano dos dias atuais.
Nem no esgoto tais barbaridades deveriam ser despejadas... É pra matar qualquer mulher de desgosto...


O livro tem várias curiosidades e imagens históricas de várias épocas, e levanta questões que envolvem ciência e religião, mas sempre sob a perspectiva distorcida de homens, com intuito de construírem a base da sociedade às suas conveniências, ao mesmo tempo que inferiorizavam as mulheres, só por serem mulheres.
Assim, diante desta leitura rápida, cheia de ironias certeiras e bastante esclarecedora, podemos entender que o comportamento da sociedade atual não veio do nada. Esse comportamento teve uma origem criada por homens e para homens, e isso acabou fazendo parte da cultura por séculos a fio, e faz até hoje. São fatores que elevam o machismo e o patriarcado, e nunca favorecem as mulheres.


Posso dizer que só tenho que agradecer pelo feminismo estar cada vez ganhando mais forças e fazendo com que as mulheres se empoderem, se orientem mais buscando por informações de todo tipo, se aceitem como são (incluindo seus corpos), e o mais importante de tudo: lutando por igualdade de forma a impedir que homens continuem ditando todas as regras com sua "infinita sabedoria". Os tempos mudam, as pessoas evoluem, e graças a isso muita coisa mudou, mas muitos homens parecem estar presos no século IV até hoje. A Origem do Mundo é um livro, no mínimo, necessário.



O Livro do Cemitério - Neil Gaiman

11 de dezembro de 2017

Título: O Livro do Cemitério - O Livro do Cemitério #1
Autor: Neil Gaiman
Ilustrador: P. Craig Russell
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: HQ/Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 192
Nota:★★★★★
Sinopse: Bestseller do The New York Times e premiado com as medalhas Newberry (EUA) e Carnegie (Reino Unido), o romance O livro do cemitério, do cultuado escritor Neil Gaiman, ganha versão em quadrinhos adaptada por P. Craig Russell. O livro é o primeiro de dois volumes que acompanham a trajetória de Ninguém Owens, ou Nin, um garoto como outro qualquer, exceto pelo fato de morar em um cemitério e ser criado por fantasmas. Cada capítulo nesta adaptação de Russell acompanha dois anos da vida do menino e é ilustrado por um artista diferente, apresentando uma variedade fascinante de estilos que dão ainda mais vida à atmosfera ao mesmo tempo afetuosa e sombria da história.

Resenha: O Livro do Cemitério, de Neil Gaiman, foi publicado em 2010, mas, agora no final de 2017, foi lançado numa adaptação em quadrinhos. A história foi dividida em dois volumes e, neste primeiro, conhecemos a história de Ninguém Owens, ou Nin, um bebê que conseguiu fugir de casa enquanto sua família foi assassinada por um homem frio e cruel chamado Jack.
Nin engatinhou até chegar ao cemitério próximo e lá passou a ser criado por um casal de fantasmas e protegido por Silas, um guardião misterioso e de aparência sombria, que persuadiu Jack a ir por outro caminho após seguir os rastros do menino.
O tempo passa e Nin cresce protegido pelo cemitério e pelos seres que lá habitam. Ele recebe a Liberdade do Cemitério, podendo transitar por onde quiser dentro dos limites do lugar, aprende a ler através das inscrições nas lápides, aprende que os mortos têm poderes especiais e faz alguns amigos improváveis que não se restringem a apenas fantasmas, mas viver confinado sem poder conhecer o que existe lá fora, devido aos perigos que o aguardam caso ele saia, causa muita tristeza no garoto.
Mas quando ele, enfim, consegue sair, percebe que o mundo dos vivos não é nada do que ele pensou... As pessoas não parecem ser gentis, sempre estão tentando levar vantagem ou sendo maldosas com os outros por que sim.

Embora a história comece de forma trágica e tenha o cemitério como cenário, o que ganha destaque é a ideia de que Nin está vivo num ambiente que simboliza o fim, e por ter se escondido de Jack e do perigo que ele representa, acabou se tornando uma sombra do que ele gostaria de ter sido. Embora ele viva muitas aventuras ao explorar o cemitério, pra Nin, o mundo exterior é um mistério que ele gostaria de desvendar, mas suas expectativas não são superadas como ele imaginou...

E tudo isso nos leva a refletir sobre o significado daquilo que chamamos de lar, o que a família representa e o que a vida e a morte tem a nos ensinar.

Cada capítulo corresponde a dois anos da vida de Nin e é ilustrado por um artista diferente, e por esse motivo é possível perceber a diferença dos traços de cada um, mesmo que alguns sejam bem sutis. O que importa é que a essência da história foi mantida, e cada ilustração representa o momento e as emoções dos personagens com muita fidelidade.

Enfim, pra quem gosta de histórias contadas em quadrinhos com ilustrações muito ricas de um garotinho curioso, corajoso e determinado em seu mundo tão peculiar, não pode perder. A história e a forma como ela é contada envolve, diverte, faz refletir e faz o coração ficar quentinho com a pureza, com a inocência e com a mente aberta para as mais diversas fantasias infantis que se pode imaginar.

Persépolis - Marjane Satrapi

26 de setembro de 2015

Título: Persépolis
Autora: Marjane Satrapi
Editora: Companhia das Letras
Gênero: HQ/Biografia
Ano: 2007
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

Resenha: Aqui no LC venho tentando sair da minha zona de conforto, e com Persépolis não foi diferente. Não costumo ler biografia, não entendo muito de HQ, costumo não me interessar por assuntos políticos... Mas depois de ler algumas resenhas positivas sobre esse livro, a curiosidade bateu e ficou.
Confesso que minha primeira impressão foi totalmente desconstruída. Quando vi a capa, sem ler a sinopse, juro que enxerguei algo como uma Batgirl. shame on me Mas o conteúdo se revelou algo muito mais profundo.
Uma mulher, já formada, politicamente engajada, visita o seu passado e nos mostra como é viver a infância no Irã, se mudar na adolescência para a Europa e retornar para o país de origem já como adulta. Tratar de choque cultural, repressão e liberdade seria bem mais complicado se ela não soubesse incluir o humor com maestria em sua narrativa.


Contar a história em forma de quadrinhos foi uma ótima estratégia para nos aproximar da realidade de Marjane. O que inicialmente era algo tão complexo e forte foi abordado com leveza, levantando reflexões sobre política, identidade, família, cultura, religião. Foi totalmente diferente de quando vejo notícias pela internet ou televisão, imagens tão distantes que parecem ser apenas ficção ou algo do tipo “é longe demais pra me afetar”. Fui absorvida pelo choque de realidade, um tapa na minha cara.
Creio que se a autora optasse por narrar sua história como texto corrido, muitos leitores que pensam como eu - um certo "preconceito" com biografias - sequer teriam se interessado na leitura, mas a proposta lúdica atraiu, distraiu e conquistou.

Não sou referência pra falar de HQ, mas gostei das ilustrações. São todas em preto e branco, com traços simples, mas significativos. O livro é grossinho, mas dá pra ser lido bem rápido não só por ser em quadrinhos, mas porque envolve o leitor.
Se você é daqueles que prefere a telona, que tal conferir a adaptação? O longa de animação é de 2007 e, assim como o livro, é todo em preto e branco. Chegou a concorrer ao Oscar de Melhor Animação (perdeu pra Ratatouille), então já sabe que é legal.

Valeu muito a pena ter saído da caixinha e me arriscado nesse livro. Leitura recomendada pra qualquer tipo de leitor pela mensagem linda de igualdade e coragem que traz.

Charlie Brown e a Grande Abóbora de Halloween - Charles M. Schulz

25 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Charlie Brown e a Grande Abóbora de Halloween
Autor: Charles M. Schulz
Ilustrações: Paige Braddock
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: História em Quadrinhos
Ano: 2014
Páginas: 32
Nota: ★★★★★
Sinopse: É Halloween! Tempo de bruxas, fantasmas, almas penadas e... da Grande Abóbora! Linus tem certeza de que este ano ela finalmente vai aparecer e, como de costume, se esconde no pé de abóbora mais autêntico que encontra, à espera do misterioso ser.
Mas o tempo passa e, além do resto da tuma - que anda de um lado para o outro em busca de travessuras e gostosuras -, ninguém mais parece estar por alí. Ou melhor: quase ninguém...

Resenha: Em Charlie Brown e a Grande Abóbora de Halloween, as crianças se preparam para comemorar o tradicional Dia das Bruxas fantasiados de fantasmas enquanto batem de porta em porta brincando de Travessuras ou Gostosuras. Snoopy não parece estar interessado na brincadeira por ter achado outra muito mais legal, e Linus resolve se esconder num pé de abóbora à espera da Grande Abóbora.


Das tirinhas pra animação, e agora uma adaptação em forma de livrinho infantil, de um lado os adultos têm a oportunidade única de relembrar as aventuras de uma das turminhas mais famosas do mundo, enquanto do outro ladoas crianças poderão conhecer um pouquinho desses personagens tão queridos.


Assim como as crianças esperam pelo Papai Noel no Natal, ou como esperam pelo Coelhinho da Páscoa, a ideia aqui foi criar a Grande Abóbora, uma figura que representasse o Halloween e mexesse com a cabecinha delas dando a ilusão de que há algo de mágico nesses eventos comemorativos que só aparecem num determinado período da noite em que elas não podem ver. E é mais do que comum que as crianças queiram ficar acordadas esperando a visita especial, que claro, não existe, mas que por terem esperanças e acreditar, continuam esperando e mantendo a fé de que um dia conseguirão ver.

O autor também não deixa de fazer referência à Primeira Guerra Mundial, da qual participou, colocando Snoopy fantasiado de às e brincando de algo que considera ser mais interessante do que pedir doces de porta em porta.


É uma historinha curta mas que provoca uma enorme nostalgia e com certeza vale a pena conferir independente da idade do leitor!

Feliz Dia dos Namorados, Charlie Brown - Charles M. Schulz

24 de junho de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: Feliz Dia dos Namorados, Charlie Brown
Autor: Charles M. Schulz
Ilustrações: Paige Braddock
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: História em Quadrinhos
Ano: 2014
Páginas: 32
Nota: ★★★★★
Sinopse: O Dia dos Namoraos está chegando e Charlie Brown tem muitas pretendentes. Mas mesmo com a Patty Pimentinha e a Marcie no pé dele, Charlie Brown não vai perder a chance de se declarar para o seu eterno e platônico amor: a Menininha Ruiva.
Será que o melhor é mandar uma caixa de bombons para ela? Ou entregar um cartão pessoalmente? ele também pode tentar um telefonema, uma piscadinha na escola, ou até investir num abraço... Não. Pensando bem, a melhor solução é chamá-la para dançar no Baile do Dia dos Namorados!
Agora é só criar coragem...

Resenha: Essa capa romântica passa uma imagem fofa, mas o conteúdo não é tão meigo assim. Charlie Brown, nosso protagonista inseguro e medroso, poderia ter várias acompanhantes pro baile, menos a única que ele quer: a Garotinha Ruiva. Chegando o Dia dos Namorados, começa aquele burburinho de escrever cartões pra paquera.
Muitas meninas da turma de Charlie escrevem e entregam bilhetes pra ele, mas não adianta, o coração dele bate mais forte pela menina que sequer sabe quem ele é. E aí, mandar a carta pelo correio? Comprar bombom e entregar? Convidar pra dançar? Leia e confira o que ele vai aprontar dessa vez.


Histórias com Charlie Brown como protagonista tendem a ser um balde de água fria nas expectativas. O menino treme, engasga, vacila, se esconde... como vai arranjar namorada assim? Mas também, quem nunca passou pela situação de estar prestes a falar com a paixonite? Dá nervoso mesmo!


O legal dessa história é que vemos todos os personagens da turma, com suas personalidades bem distintas. Vale a pena ler, mas deixe o romantismo em casa.

É hora da escola, Charlie Brown - Charles M. Schulz

23 de junho de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: É hora da escola, Charlie Brown
Autor: Charles M. Schulz
Ilustrações: Nick e Peter  Lobianco
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: História em Quadrinhos
Ano: 2014
Páginas: 32
Nota: ★★★★★
Sinopse: Charlie Brown está preocupado: as férias estão acabando e a volta às aulas é inevitável.
Mas com a ajuda de Lucy, sua psiquiatra de plantão, de repente ele se sente muito seguro - tanto que logo no primeiro dia de escola se candidata para um concurso de soletrar. Afinal, por que ele não seria capaz? É claro que pode ganhar! Ele só precisa se lembrar: é o N que vem antes do P e do B?   Ou o M? "Casa" se escreve com Z ou com S?
Pobre Charlie Brown!...

Resenha: Quem nunca se preocupou com a volta às aulas? Por medo ou ansiedade, todos nós já vivemos isso um dia. E pra Charlie Brown o fim das férias é um grande problema. Ele é um menino muito, muito inseguro, principalmente porque é péssimo em esportes. Pensando em melhorar sua confiança, Charlie se inscreve pra um concurso de soletrar. E se você já conhece esse garotinho, já imagina no que deu, né?


Não sei se é porque eu tô com olhar da pedagogia politicamente correta, mas achei o final meio pra baixo. Se eu terminei o livro sem entender o que a história queria passar, imagina um leitor mirim. A história só faz sentido se você já está ambientado ao universo do Snoopy, sabendo que cada personagem tem características próprias e marcantes (pra saber um pouco mais, leia este post). Mas, se você não sabe que Charlie Brown é medroso e Lucy é azeda, além de não entender nada pode até se confundir e tirar uma lição errada. Então não recomendo entregar esse livro nas mãos de uma criança que não conheça a turminha.



A editora teve a preocupação em adaptar o original para a realidade brasileira. No desenho que mostra o calendário fazendo referência ao fim das férias, aparece 29 de janeiro com uma imagem de praia. E na parte em que Charlie estuda para o concurso, aparecem questões como M antes P e B e casa com S ou Z.

O livro pode ser um bom retorno ao passado, mas não é uma boa opção pra quem está começando a ler Peanuts.

Amigos para Sempre - Charles M. Schulz

22 de junho de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: Amigos para Sempre
Autor: Charles M. Schulz
Ilustrações: Nick e Peter Lobianco
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: História em Quadrinhos/Infantil
Ano: 2014
Páginas: 32
Nota: ★★★★★
Sinopse: Além de muito inteligente, Snoopy é um companheiro exemplar. Parceiro, compreensivo, leal... E não era para menos: ao lado de um dono tão carinhoso, não é muito difícil ser o melhor amigo do homem.
Nestas pequenas histórias inspiradas nas mais clássicas tirinhas de Schulz, você vai se divertir com as lições de camaradagem dadas por Snoopy e toda a turma - e descobrir por que Charlie Brown e seu cachorro serão amigos para sempre.

Resenha: Esse senhor de meia idade é amado por muita gente ao redor do mundo. Snoopy atravessou gerações e agora veste uma roupagem nova nessa edição da Companhia das Letrinhas.


Amigos para sempre contém tirinhas em um formato adaptado, com desenhos em alta qualidade e frases soltas no meio da página. A fonte usada chega a descombinar do estilo do desenho, mas torna-se a melhor opção considerando o público-alvo e a necessidade de utilização de letra de imprensa "normal" na fase de alfabetização.

O texto é bem simples, de fácil entendimento para crianças, mas tocante para todas as idades. Com narrativas e diálogos curtos, cada pequena história traz uma situação de amizade vivida por nós no dia a dia. Medo, insegurança, proteção, zoação, tudo isso é retratado. E o título encerra a lição do texto, um resumo bem claro do que será encontrado nas próximas páginas.


Vontade de pegar o Snoopy e o Woodstock e levar pra casa! ♥

O Fantasma de Anya - Vera Brosgol

13 de fevereiro de 2014

Lido em: Fevereiro de 2014
Título: O Fantasma de Anya
Autora: Vera Brosgol
Editora: Jangada
Gênero: Juvenil/Fantasia/HQ
Ano: 2013
Páginas: 224
Nota: ★★★★★
Sinopse: A vida de Anya dá uma guinada quando ela cai num buraco na floresta e encontra o fantasma de uma garota morta há muito tempo, Emily. Por ter sido privada da vida de uma adolescente normal - e com a personalidade parecida com a da Murta que Geme -, Emily é um fantasma ressentido. Quando consegue seguir Anya até em casa, procura maneiras de ser útil e convencer Anya a deixá-la ficar. E Anya começa a desfrutar dos benefícios de uma amiga invisível, que pode ajudá-la a viver no mundo às vezes complicado de uma escola secundária. Naturalmente, os problemas não tardam a surgir. E, como dá para adivinhar, o resultado dessa amizade pode causar situações desastrosas e assustadoras...

Resenha: O Fantasma de Anya, escrito pela autora Vera Brosgol e lançado no Brasil em 2013 pelo selo editorial Jangada, é um livro em forma de História em Quadrinhos que conta a história de Anya, uma jovem russa que após imigrar com a família para os EUA tenta se adaptar fazendo de tudo para esconder suas raízes e ser aceita na escola em que estuda. Anya, assim como a maioria dos adolescentes, tem seus dramas e conflitos: ela fuma, evita ir à igreja, sofre de um amor platônico pelo garoto mais popular  e lindo da escola (que tem namorada), tem um tipo de complexo de inferioridade pois já foi gorda quando criança e humilhada por outras crianças "malvadas", tem vergonha de sua mãe, se preocupa com o corpo e morre de medo de engordar, não tem paciência com Sasha, seu irmão mais novo que vive aprontando, mata aula, vai mal na escola e lá é ignorada por todos, exceto por Siobhan, sua única amiga. Anya quer passar a imagem de uma garota bacana e que se encaixa nos padrões da sociedade americana, até seu sotaque russo ela perdeu, mas fica frustrada porque o que acontece é exatamente o contrário do que ela quer. Até que um dia, voltando para casa, Anya, distraída, cai e fica presa num buraco no meio da floresta e lá dentro se depara com o esqueleto de Emily, e junto com ele, o fantasma da garota que mora alí há uns 90 anos! Anya consegue sair do buraco com a ajuda de um garoto que passava alí por perto mas não esperava que Emily iria acompanhá-la com a intenção de ajudá-la e lhe ser útil de alguma forma. A princípio, ter uma amiga fantasma que a ajuda na escola trapaceando e melhorando suas notas parece ser algo ótimo e muito  útil, mas com o passar dos dias, Anya percebe que Emily esconde alguma coisa e tem um plano, e não é muito agradável...

pág. 18

Por ser super fã de HQ's, logo quando soube que O Fantasma de Anya seguia esse estilo já fiquei interessada na leitura, e unindo a sinopse que me chamou atenção, comecei a ler com bastante expectativas. E posso afirmar que a leitura foi uma grande surpresa, pois a história além de muito boa, traz uma mensagem sobre autoaceitação muito bacana em que Anya só conseguiu enxergar que nem sempre se destacar em meio a multidão é algo positivo depois de passar a conviver com o fantasma de Emily e conhecê-la melhor, afinal, nem sempre a primeira impressão é a que fica.
Apesar de ser insegura e muito antisocial, Anya é sarcástica e bem humorada, e me identifiquei com essas características. Acho que o tema da história não é lá tão original, pois existem outras histórias que falam sobre o medo do desconhecido, os problemas com a adaptação quando se recomeça a vida num lugar totalmente diferente no que diz respeito ao estilo de vida, cultura e afins, e a vontade de ser popular, mas o diferencial é exatamente a personalidade única da protagonista e a forma como a história é contada em forma de diálogos curtos e ilustrações com um ar de frieza destacando feições e emoções, que levam o leitor a imaginar exatamente como Anya enxerga o mundo a sua volta, e claro, incluindo o elemento sobrenatural e a ideia de que julgar as pessoas sem um conhecimento prévio é algo comum, apesar de impróprio.
Eu adorei o livro, desde a história em si, a mensagem nas entrelinhas, as ilustrações bastante ricas em detalhes, a capa, tudo... É de encher os olhos!

É uma leitura bastante fluída e rápida e recomendo para todos aqueles que curtem personagens sarcásticas e bastante realistas, que possuem falhas mas ainda assim conseguem ser super cativantes!