Quando Tudo Faz Sentido - Amy Zhang

14 de junho de 2017

Título: Quando Tudo Faz Sentido
Autora: Amy Zhang
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Drama/YA
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Liz Emerson é uma garota popular no colégio e tem uma vida aparentemente invejável. Por que ela tentaria tirar a própria vida, simulando um acidente de carro depois de assistir a uma aula sobre as Leis de Newton? Neste surpreendente romance de estreia, Amy Zhang aborda temas como abandono, bullying, depressão e suicídio com uma narrativa crua e pungente. Na trama, Liz é resgatada por Liam, um garoto que ela sempre desprezou, mas talvez uma das poucas pessoas ao seu redor capaz de enxergá-la além das aparências. Envolvente e emocionante, o livro mostra a fragilidade, a solidão e os dilemas dos jovens de forma sensível e sincera.

Resenha: Liz Emerson é uma das jovens mais populares do colégio Meridian High. Sua vida no colégio se resume a ter boas notas, exceto em física, andar com suas amigas tão populares quanto ela, e manter um namoro complicado com um jogador de futebol americano. Liz é conhecida e sempre notada por onde vai. Ela é o que a maioria das garotas americanas sonham ser, mas no fundo ela esconde algumas verdades que indicam que essa vida não é tão perfeita quanto parece.
Órfã de pai e com uma mãe ausente que vive viajando a trabalho, Liz é uma garota muito sozinha. Além de sofrer de bulimia, ela trái o namorado e bebe frequentemente, tanto para compensar essa solidão, ou como forma de diminuir seu sentimento de tristeza e culpa por acreditar ter destruído a vida de algumas pessoas a partir de alguma atitude que tenha tido com relação a elas.
Ela é incompreendida por aqueles que poderiam ajudá-la porque não consegue expressar seus reais sentimentos, e tudo isso a está levando cada vez mais para baixo.
Pra ela, a única forma de resolver todos esses problemas é acabar de vez com sua vida, e Liz planeja um acidente de carro para que sua morte não pareça um suicídio. Mas as coisas não saem exatamente conforme o planejado...
Liam é um garoto que se apaixonou por Liz, mas manteve isso em segredo já que sempre foi desprezado por ela. Foi ele quem encontrou o carro, chamou a emergência para resgatá-la e lhe fez companhia no hospital até que todos ficassem sabendo do ocorrido. Liam não é um rapaz admirável só por sua atitude heróica, mas por ser alguém que consegue enxergar além da fachada que Liz mantém sobre si.

A história é narrada em primeira pessoa por uma personagem misteriosa, que sabe de todas as coisas, sobre todo mundo, e que faz com que a narrativa pareça ser feita em terceira pessoa por ela sempre falar das questões dos outros em vez das próprias, abordando cada detalhe e aspecto da vida de cada um, seus segredos e pensamentos, assim como todas as ligações que eles fazem com Liz e seu destino. É como se alguém, que ainda não sabemos quem é, estivesse nos contando a história de outras pessoas a partir do que presenciou, e esse mistério sobre a identidade dessa personagem acaba sustentando boa parte do interesse pela história. Os capítulos são desordenados, mesclando presente e passado para que a história seja melhor compreendida, assim como as motivações de cada um.

Ao longo da trama, o leitor acompanha os momentos de Liz no hospital enquanto outras situações que envolvem os demais personagens vêm à tona, além dos acontecimentos que são abordados para que o motivo que a levou a tomar uma atitude tão drástica dessas possa ser revelado. Então, o leitor não se mantém curioso apenas por querer saber quem conta a história, mas também se Liz vai sobreviver ou não.
E, durante essa jornada, a autora levanta temas delicados que permeiam a adolescência, mostrando o que acontece com os jovens que lidam com a depressão, bullying, vícios, culpa, perda e afins, e embora tenham sido tratados de forma leve, não deixam de ter importância.
Liz é uma personagem difícil, e talvez a intenção da autora ao criá-la com tantas imperfeições tenha sido exatamente fazer com que o leitor reflita sobre o comportamento dela e as consequências para cada escolha que ela fez. Ela é odiosa por insistir em manter as aparências e, em nome disso, magoar os outros ou piorar a situação deles. Ela sabe que faz escolhas erradas mas ainda assim continua errando pra não ter que sair de sua zona de conforto. É horrível, sim, mas tentei entender seu lado, que sua vida está uma bagunça, que ela sofreu e ainda sofre, e a forma de lidar com isso é sendo uma cretina. Então, não parei de pensar que ela não ter morrido no acidente, talvez tenha sido uma forma de ela se redimir, como se estivesse tendo uma segunda chance.

A capa é bastante minimalista mas ainda assim tem todo um significado que representa bem o conteúdo do livro. As páginas são amarelas, os capítulos são bem curtinhos, numerados e possuem títulos.

No mais, considerei a leitura bastante reflexiva, mostrando que é preciso que algo aconteça em decorrência de alguma atitude para que as pessoas tenham algum propósito, vejam algum sentido nas coisas, e se atentem aos pequenos detalhes ao seu redor, sejam eles positivos ou não. A única coisa sem volta nessa vida é a morte, e enquanto ela não vem, é preciso encarar a realidade e buscar por outras soluções.

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